Você está na página 1de 4

Maria Beatriz Machado

FISIOLOGIA – AULA 06 – SONO E VIGÍLIA

 Ritmos da vida
 Circadiano: Ocorre 1x ao dia (sono)
 Infradiano: Ocorre 1x ao mês, a cada 2 meses  EX: Menstruação
 Ultradiano: Várias repetições em 1 dia  EX: Liberação de alguns hormônios

 Antigamente era pensado que dormiríamos porque estava escuro, e acordávamos porque estava claro, sendo claro e
escuro a maior influência.

 Porém Jean Jacques de Mairan fez esse pensamento se modificar, porque pegou uma planta e colocou dentro de um
baú sem luz, e observou que quando era dia fora do baú, a planta tinha suas flores abertas sem receber luz, e quando
era noite, suas flores fechavam, assim foi percebido que não era o claro ou escuro que controlavam o ciclo.

 “A persistência da ritmicidade cicardiana em um ambiente sem pistas externas sugere a existência de um sistema que
mantém a organização temporal interna, chamado de oscilador interno”.

 SONO: Estado de inconsciência do qual uma pessoa pode ser despertada por estímulo sensorial ou outro estímulo

 VIGÍLIA: Estado de alerta ou estar desperto


1. TIPOS DE SONO

 Sono de ondas lentas ou NÃO REM (NREM)

 Sono com movimentos rápidos dos olhos (REM)


1.1. SONO DE ONDAS LENTAS (NÃO REM)

 Na maior parte do tempo estamos neste sono NÃO REM, e ele se alterna com o sono REM.

 É um sono profundo

 Se inicia durante a primeira gora após irmos dormir

 É relaxante

 Diminui tônus vascular periférico

 Diminui a PA

 Diminui a frequência respiratória

 Diminui a taxa metabólica

 Esse sono possui estágios I a IV


1.2. SONO REM (sono paradoxal, sono desincronizado)

 Sono com movimento rápido dos olhos

 Episódios que ocupam apenas 20 a 25% do tempo do sono

 Ocorre a cada 90 minutos de sono e duram de 20 a 30 minutos

 Está associado a sonhos ativos e a movimentos musculares corporais ativos

 O tempo de sono REM aumenta gradativamente, podendo chegar em média a 30 minutos

 Normalmente nos lembramos dos sonhos deste sono REM, porém é mais difícil lembrar de sonhos do sono NÃO REM.

 O encéfalo está altamente ativo durante esse sono.


1.3. TEORIAS BÁSICAS DO SONO

 Quando dormimos estamos consolidando memórias de coisas vividas e aprendidas durante o dia.
Maria Beatriz Machado

1.3.1. TEORIA PASSIVA DO SONO

 Pensava-se que dormíamos porque havia um sistema ativador reticular que entrava em fadiga durante o dia, e
quando fatigava muito, dormíamos.

 Durante o dia a formação reticular (no mesencéfalo) ficava estimulando e ativando o córtex e quando esse sistema se
fatigava, dormíamos.

 Essa teoria foi questionada porque não dormimos todos os dias no mesmo horário, ou seja, nosso sistema não se
fatigava no mesmo horário todos os dias, porque se isso acontecesse “desmaiaríamos” na mesma hora sempre.
1.3.2. PROCESSO INIBITÓRIO ATIVO

 Pesquisadores pegaram gatos e fizeram secções entre encéfalo e medula, e os gatos dormiam e acordavam na mesma
hora de sempre, mostrando que a medula não tem muita participação nesse processo de sono x vigília.

 Pegaram outros gatos e seccionaram entre cérebro (telencéfalo e diencéfalo) e mesencéfalo, e depois disso os gatos
dormiram e morreram.

 Por fim, seccionavam no meio da ponte, causando vigília constante e ininterrupta até que os gatos morreram de
exaustão.

 Com estes cortes chegaram a conclusão de que estruturas do mesencéfalo e ponte (formações reticulares) estimulam
o córtex para que fiquemos acordados, e que algo abaixo das formações reticulares controla para que não fiquemos
acordados “para sempre”, esse algo sendo os núcleos dorsais da Rafe.

 Núcleos dorsais da Rafe liberam serotonina nos núcleos da formação reticular para que haja inibição, fazendo com
que a formação reticular estimule menos o córtex, e assim possamos dormir.
1.3.3. SISTEMA RETICULAR ATIVADOR ASCENDENTE

 Núcleos das formações reticulares do mesencéfalo, parte superior da ponte, e do diencéfalo (hipotálamo lateral e
posterior).

 Quem inibe esse sistema reticular ativador ascendente são os núcleos dorsais da Rafe através da serotonina.

 Menor estímulo ao córtex = Dormimos

 A palavra-chave é DIMINUIÇÃO de estímulo da formação reticular sobre o córtex  Não pode inibir totalmente o
estímulo sobre o córtex se não morreríamos.
 E como o sistema reticular ativador ascendente (SRAA) é ativado?
 É ativado através de outros núcleos que liberam neurotransmissores para o sistema reticular ativador
ascendente, fazendo com que ele fique ativo estimulando o córtex, e assim fiquemos em vigília.
 Núcleo dorsal lateral: Acetilcolina
 Núcleo Locus ceruleus: Norepinefrina
 Núcleo túbero mamilar: Histamina
 E como estes núcleos são ativados?
 São ativados através do neurotransmissor hipocretina, produzindo no hipotálamo lateral
 Portanto:

 Ativação do SRAA
1. Hipotálamo lateral (hipocretina)
2. Núcleo dorsal lateral (acetilcolina) e Núcleo Locus ceruleus (norepinefrina)
3. Núcleo túbero mamilar (histamina)
4. SRAA
5. Córtex (vigília).
Maria Beatriz Machado

 Inibição do SRAA
1. Núcleos dorsais da Rafe (serotonina)
2. SRAA
3. Estimula menos
4. Córtex
5. Sono
 OBS: Narcolepsia  Pessoas com deficiência na liberação de hipocretina sofrem desta doença tendo sono excessivo e
repentino porque sem a hipocretina os núcleos que ativam o SRAA não se ativam e ele também não, assim não há
estimulação do córtex e causa sono.
 Como a luz interfere no ciclo?
1. Luz
2. Retina
3. Tracto retino hipotalâmico
4. Núcleo supra-quiasmático
5. Desativa o núcleo paraventricular e ativa o núcleos do hipotálamo lateral e posterior (liberam hipocretina)
6. Ativa núcleos que ativam o SRAA e estimulam o córtex
7. O córtex ativado faz com estejamos em vigília.

 Receptores na retina captam a luz, e essa informação passa através do tracto retino hipotalâmico, chegando ao
hipotálamo (núcleo supra-quiasmático) e assim ele estimula o núcleos laterais e posteriores do hipotálamo que vão
liberar hipocretina.

 Ela age em núcleos que irão ativar o SRAA e ele estimula o córtex, nos mantendo em vigília.

 Quando o núcleo supra-quiasmático se ativa, ele desativa o núcleo praventricular.

 O sono está principalmente relacionado ao núcleo paraventricular.


 Como a ausência de luz interfere no ciclo?
1. Ausência de luz
2. Não estimula a retina
3. Tracto retino hipotalâmico fica desativado
4. Núcleo supra-quiasmático fica desativado
5. Núcleo paraventricular fica ativado
6. Estimulação do sistema nervoso simpático (medula)
7. Gânglios chegam até a glândula pineal
8. Produção de melatonina
9. A melatonina age no hipotálamo e núcleos da rafe (1/3 inferior da ponte e bulbo)
10. Inibição do SRAA
11. Sono.

 Quando se pensa assim, há uma contradição, porque não dormimos apenas na ausência de luz, conseguimos dormir
em ambientes claros, e ainda não há uma explicação concreta para isso, apesar de haver hipóteses.

 Uma das hipóteses é que desde criança os neurônios vão memorizando o ciclo de dormir e acordar em determinada
hora, e depois que eles memorizam, a melatonina é produzida de qualquer forma, mesmo na luz.

 Hoje é utilizada muita melatonina para regulação do sono e reprodução porque com o passar dos anos a produção de
melatonina diminui, e sua ausência faz com que as pessoas durmam menos, tenham menos eficácia na reprodução,
etc.
Maria Beatriz Machado

 Prováveis substâncias relacionadas ao sono:


 Serotonina
 Melatonina

 Prováveis substâncias relacionadas à vigília:


 Dopamina
 Noradrenalina
 Histamina
 Acetilcolina
2. CICLAGEM ENTRE SONO E VIGÍLIA

 O núcleo supra-quiasmático é o marca-passo do ciclo entre sono e vigília, porque se ele for ativado, ele ativa os
demais núcleos responsáveis pela ativação do córtex (vigília), e se ele não for ativado, o núcleo paraventricular se
ativa, causando produção de melatonina que estimula os núcleos da Rafe fazendo com que eles inibam parcialmente
o SRAA, e o córtex é menos estimulado causando sono.
3. EFEITOS FISIOLÓGICOS DO SONO
3.1. SISTEMA NERVOSO

 Reposição de glicose para o encéfalo


 Diminuição das atividades cerebrais
 Consolidação da memória
 Manutenção celular
3.2. NOS SISTEMAS FUNCIONAIS DO CORPO

 Liberação de hormônios (melatonina, hormônios sexuais, GH, TSH)


 Sistema imunológico
3.3. EFEITOS CAUSADOS PELA AUSÊNCIA DE SONO

 Lentidão de pensamentos
 Irritação
 Problemas com atenção e memória
 Diminuição da consolidação da memória
 Obesidade
 Diminuição da imunidade
4. OBESIDADE X FALTA DE SONO

 Quando estamos em jejum (período da noite), mas estamos acordados, a grelina age no hipotálamo causando
sensação de fome.

 Durante o sono, a leptina é liberada pelo tecido adiposo e vai até o hipotálamo para inibir a fome  Quanto mais
tecido adiposo tivermos, mais leptina será liberada, e mais resistentes se tornam os neurônios hipotalâmicos a ela,
dando a sensação de nunca estarmos saciados.
5. ESTÁGIOS DO SONO NÃO REM

 Estágio I: Já começa entre 5 a 15 minutos  É o estágio entre a vigília e o sono


 Estágio II: É o sono leve. Diminui a frequência cardíaca, diminui a frequência respiratória e diminui a atividade dos
neurônios corticais.
 Estágios III e IV: É o sono profundo. O tônus muscular diminui e não há movimento dos olhos.
 Curiosidade: O sono NÃO REM é chamado de paradoxal porque quando se realiza um encefalograma durante esse
período, é verificado que ele é parecido com o encefalograma do estágio de vigília (quando estamos acordados). Isso
ocorre porque apesar de estarmos dormindo, o cérebro está trabalhando.

Você também pode gostar