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Artrites infecciosas

Dr. Marcus Vinicius de J. da Silva

Reumatologista HUCFF
Dermatologista HUCFF
Prof. Colaborador UNIGRANRIO
Médico Reumatologista RIOSAUDE – RJ
Médico Reumato-Dermatologista Grupo CID-CREB-Orthoberg
• Adolescente de 18 anos , vida sexual ativa,
múltiplos parceiros, apresenta dor no
joelho direito. Ao exame físico, há sinais francos
de artrite ( calor, rubor, edema, restrição
à mobilidade articular, restrição à amplitude do
movimento)
A) Cite a sua principal hipótese diagnóstica.
B) Cite diagnósticos diferenciais pertinentes.
C) Cite a melhor conduta à ser tomada de imediato.
D) Cite exames complementares que lhe
auxiliariam nesse diagnóstico.
E) Cite o melhor tratamento à ser instituído.
• Conceito: Artrite infecciosa X Artrite
Reativa;
• Fatores de risco:
- Imunossupressão;
- Infecções adjacentes à articulação;
- Articulações previamente lesadas;
- Uso de drogas IV; HD;
- Idosos;
- Baixo nível socioeconômico;
• Incidência: 2-10 casos por 100.000;

• Mecanismos de invasão articular:


- Hematogênica;

- Inoculação direta;

- Contiguidade;
• Etiologia:
Não gonocócica:
- S. Aureus (60%);
- Estreptococo beta-hemolítico (15%);
- outros: anaeróbios, hemófilos, micobactérias;

Gonocócica:
- Neisseria gonorrheae;
• Manifestações clínicas:
- Processo agressivo e rapidamente destrutivo;

- Toxemia: febre, calafrios, prostração, mal estar;

- Monoartrite com característica impotência funcional ( 80-


90%);
Principal articulação: joelhos ( 40-50%)!

- Por contiguidade pode levar à osteomielite e infecção de


partes moles adjacentes;
• Manifestações clínicas:
- Processo agressivo e rapidamente
destrutivo;

- Toxemia: febre, calafrios, prostração,


mal estar;

- Monoartrite com característica


impotência funcional ( 80-90%);
Principal articulação: joelhos ( 40-50%)!

- Por contiguidade pode levar à


osteomielite e infecção de partes moles
adjacentes;
• Artrite não gonocócica - Highlights:
- Principal agente: S. Aureus;
- Clínica: monoartrite + toxemia;
Tenossinovite rara;
- Principal articulação: joelhos;
- Particularidades:
i. Usuário de drogas e HD: costocondral e
sacro ilíacas.
ii. LES/AR: oligoarticular próximas;
iii. Crianças: clínica inespecífica;
iv. Imunossuprimidos: clínica frusta;
• Artrite não gonocócica - Highlights:
Diagnóstico:
1. Exames laboratoriais ( hemograma,
VHS, PCR, procalcitonina,
hemocultura);
2. Exames de imagem ( Rx, USG, TC ,
cintilografia, RMN)
3. Artrocentese ( aspecto, celularidade,
glicose, microscopia de luz polarizada,
GRAM, cultura, PCR bacteriano)
• Artrite gonocócica - Highlights:
- Agente: Neisseria gonorrheae;
- Epidemiologia: Idade sexual ativa;
- DST;
- Fases :
i. Poliarticular: secundário à bacteremia - "reatividade" ;
ii. Monoarticular: infecção articular pelo gonococo;
• Artrite gonocócica - Highlights:
- Fases :
✓ Poliarticular: secundário à
bacteremia - "reatividade";

Síndrome Artrite-Dermatite
Toxemia;
Artralgias/Artrite;
Entesites;
Pústulas palmo-plantares;
Hemoculturas positivas;
Liquido sinovial negativo;
Gonococo identificado em secreções
sexuais;
• Artrite gonocócica - Highlights:
- Fases :
✓ Monoarticular: infecção articular pelo
gonococo;
Artrite supurativa:
Monoartrite;
Hemoculturas negativas;
Liquido sinovial positivo;
• Artrite gonocócica - Highlights:
Diagnóstico:
1. Exames laboratoriais ( hemograma, VHS, PCR, procalcitonina,
hemocultura);
2. Cultura de secreções sexuais ( orofaringe, uretra, colo uterino, retal);
3. Exames de imagem ( Rx, USG, TC , cintilografia, RMN)
4. Artrocentese ( aspecto, celularidade, glicose, proteína, microscopia
de luz polarizada, GRAM, cultura, PCR bacteriano)
• Tratamento:
i. Abordagem articular ( artrocentese seriada,
artroscopia, cirúrgica);
ii. Analgesia potente;
iii. Antibioticoterapia : 3 – 4 semanas
- S. Aureus: Oxacilina; Se risco de MRSA:
Vancomicina ou teicoplanina;
- Gonocócica: Ceftriaxona;
• Epidemiologia: jovens e mulheres;

• Fisiopatologia:
- Infecção direta;

- Reatividade : produção de citocinas, depósito


de imunocomplexos, mimetismo molecular e
desenvolvimento de auto-anticorpos;
• Clínica:
✓ Síndrome reumatoide autolimitada com
duração de até 6 semanas;

✓ Sintomas virais associados;

✓ Raramente, cursam com deformidades;


• Etiologia:
✓ Arboviroses: Dengue, Zica, Chikungunya,
Mayaro.
✓ Retrovírus: HIV e HTLV;
✓ Hepadnavírus: HAV, HBV e HCV;
✓ Parvovírus B19;
✓ Rubéola;
✓ Caxumba;
✓ Herpes vírus: EBV, CMV, HSV, Varicela Zoster,
Varicela;
✓ Coronavírus - covid 19;
• HIV - Highlights :
i. Secundário à infecção viral;
ii. Secundária à restituição imune pela
TARV;
iii. Secundária ao maior risco de artrite
infecciosa pela imunodepressão;
iv. Secundário à maior associação com
outras doenças que cursam com artralgia
(mielo proliferativas, artrite
psoriásica / Pso, síndrome metabólica -
gota, sobreposição com doenças do
tecido conjuntivo propriamente dito ou
símiles;
• HTLV - Highlights :
- Pode gerar um quadro clínico e
laboratorial indistinguível da artrite
reumatoide:
i. Poliartrite simétrica deformante
de pequenas e médias
articulações;
ii. Aumento de marcadores
inflamatórios ( VHS e PCR);
iii. Positividade do Fator
reumatoide;
iv. Resposta aos AINES e DMARDS;
• HBV - Highlights :
- Pode gerar um quadro clínico e
laboratorial indistinguível da artrite
reumatoide:
i. Poliartrite simétrica de pequenas e
médias articulações;
ii. Aumento de marcadores inflamatórios
( VHS e PCR);
iii. Positividade do Fator reumatoide;

- Consumo de complemento chama à


atenção -

- Atenção: PAN
• HCV - Highlights :
- Pode gerar um quadro clínico e
laboratorial indistinguível da artrite
reumatoide:
i. Poliartrite simétrica de pequenas e
médias articulações;
ii. Aumento de marcadores
inflamatórios ( VHS e PCR);
iii. Positividade do Fator reumatoide;

- Atenção: Vasculite crioglobulinêmica;


• Epidemiologia:
- Problema de saúde pública;
- Endêmica no Brasil;
- Predominante nas camadas
socioeconômicas menos favorecidas;
- 50% dos casos está associado à doença
pulmonar ativa;
- 10 % casos de doença extrapulmonar;

• Fisiopatologia: disseminação hematogênica de


focos primários à distância ( pulmões,
linfonodos e vísceras);
• Clínica:
- Sintomas B ( perda de peso, sudorese noturna,
febre noturna);
- Formas clínicas:
i. Mal de Pott ( 50%);
ii. Artrite periférica;
iii. Osteomielite-dactilite;
iv. Doença de Poncet;
v. Entesite;
• Formas clínicas:
➢ Mal de Pott ( 50%);
- Espondilite x Espondilodiscite;
- Crianças X Adultos;
- Principal sítio de
acometimento: vértebras
toracolombares;
- Clínica:
i. Dor;
ii. Abscesso frio; Fistulização;
iii. Compressão neurológica;
• Formas clínicas:
➢ Artrite periférica:
- Monoartrite crônica e insidiosa;
- Tríade de Phemister;
➢ Osteomielite-dactilite;
➢ Doença de Poncet:
- Artrite reativa à infecção tuberculosa à distância; Principal
sítio : linfonodal;
➢ Entesite;
• Diagnóstico:
1. Exames laboratoriais ( hemograma,
VHS, PCR, procalcitonina, hemocultura);
2. PPD;
3. Imagem pulmonar ( RX, TC de tórax)
4. Exames de imagem ( Rx, TC , RM, cintilografia)
5. Artrocentese ( aspecto, celularidade, glicose, proteína,
microscopia de luz polarizada, BAAR, cultura, PCR para
micobactéria)
6. Bx óssea-articular (padrão ouro)
• Tratamento:
i. Abordagem articular caso ausência de
resposta ao tratamento RIPE ou compressão
neurológica;
ii. Analgesia potente;
iii. Antibioticoterapia : RIPE por 6 meses;
• Epidemiologia:
- Problema de saúde pública;
- Endêmica no Brasil;
- Predominante nas camadas socioeconômicas menos
favorecidas;

• Etiologia: Mycobacterium leprae;

• Tropismo característico: acometimento cutâneo-neural;


Tuberculóide: Virchoviana:

Resposta eficaz Resposta


Celular ineficaz
TH1 Humoral
TH2
Formas clínicas: Baciloscopia Baciloscopia
Tuberculóide Dimorfa Virchoviana negativa; positiva;

Mitsuda Mitsuda
positivo; negativo;
• Reações hansênicas:
- Secundário à resposta imune x bacilo;

Tipo I – RR Tipo II – ENH


TH1 TH2
TB VSH
- Sem sintomas sistêmicos; - Sintomas sistêmicos;
- Piora/ Novas lesões de pele; - ENH;
- Edema de extremidades; - Lesão de órgão alvo;
- Neurite; - Marcadores inflamatórios;
- TTO: PDN; - TTO: Talidomida
• Reações hansênicas:
- Secundário à resposta imune x bacilo;

Tipo I – RR Tipo II – ENH


TH1 TH2
TB VSH
- Sem sintomas sistêmicos; - Sintomas sistêmicos;
- Piora/ Novas lesões de pele; - ENH;
- Edema de extremidades; - Lesão de órgão alvo;
- Neurite; - Marcadores inflamatórios;
- TTO: PDN; - TTO: Talidomida
• Reações hansênicas:

Fenômeno de Lúcio:

- Rara;
- Forma Virchoviana;
- Vasculite necrotizante do subcutâneo;
• Formas articulares:
➢ Reacional ( 50-70%);
- AR like;
- Spa periférica e axial – like;
- 2 ª à reação tipo II – ENH;

➢ Infecciosa ( 1-5%);
- Artrite crônica deformante;
• Formas clínicas:
➢ Secundária à neuropatia;
- Artropatia de Charcot (10%);

➢ Vasculite-Fenômeno de Lúcio;
• Etiologia:

✓ Paracoccidiomicose;
✓ Coccidiomicose;
✓ Esporotricose;
✓ Histoplasmose;
✓ Criptococose;
✓ Candidíase;
• Epidemiologia:
- Raro ( 5-10%);
- Principal etiologia: esporotricose;

• Fisiopatologia:
- Inalatório;
- Inoculação direta;
• Clínica:
- Monoartrite crônica de curso insidioso;
- Entesopatia;
- Osteomielite;

• Diagnóstico: artrocentese com análise do líquido


sinovial, cultura do líquido sinovial e biópsia sinovial e
óssea;

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