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Copyright © 2020, por Melanie Roberts

Capa: E.S Designer

Diagramação: Melanie Roberts

Revisão: Melanie Roberts

Dados internacionais de catalogação (CIP)

Roberts, Melanie

A Fazenda

1ª Ed

Portugal , Braga 2020.

1 .Literatura Brasileira. 1. Titulo.

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por


qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos
xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor (Lei
9.610 de 19/02/1998). Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor, qualquer
semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. Todos os direitos
desta edição reservados pela autora.
Índice

Capítulo Um 6

Capítulo Dois 8

Capítulo Três 11

Capítulo Quatro 14

Capítulo Cinco 17

Capítulo Seis 20
Capítulo Sete 23

Capítulo Oito 27

Capítulo Nove 30

Capítulo Dez 34

Capítulo Onze 37

Capítulo Doze 40

Capítulo Treze 43

Capítulo Quatorze 46

Capítulo Quinze 49

Capítulo Dezesseis 52

Capítulo Dezessete 55

Capítulo Dezoito 59

Capítulo Dezenove 62

Capítulo Vinte 65

Capítulo Vinte e Um 68

Capítulo Vinte e Dois 71

Capítulo Vinte e Três 74

Capítulo Vinte e Quatro 77

Capítulo Vinte e Cinco 80

Capítulo Vinte e Seis 82

Capítulo Vinte e Sete 85


Capítulo Vinte e Oito 88

Capítulo Vinte e Nove 92

Capítulo Trinta 95

Capítulo Trinta e Um 98

Capítulo Trinta e Dois 102

Capítulo Trinta e Três 105

Capítulo Trinta e Quatro 108

Capítulo Trinta e Cinco 111

Capítulo Trinta e Seis 117

Capítulo Trinta e Sete 120

Capítulo Trinta e Oito 125

Capítulo Trinta e Nove 128

Capítulo Quarenta 131

Capítulo Quarenta e Um 134

Capítulo Quarenta e Dois 137

Capítulo Quarenta e Três 140

Capítulo Quarenta e Quatro 143

Capítulo Quarenta e Cinco 146

Capítulo Quarenta e Seis 149

Capítulo Quarenta e Sete 152

Capítulo Quarenta e Oito 155


Capítulo Quarenta e Nove 158

Capítulo Cinquenta 161

Capítulo Cinquenta e Um 164

Capítulo Cinquenta e Dois 167

Capítulo Cinquenta e Três 170

Capítulo Cinquenta e Quatro 173

Capítulo Cinquenta e Cinco 176

Capítulo Cinquenta e Seis 179

Capítulo Cinquenta e Sete 183

Capítulo Cinquenta e Oito 187

Capítulo Cinquenta e Nove 190

Epílogo 193
Capítulo Um

Prensada contra a parede de madeira do estábulo, Melanie, arfava com as


palavras obscenas que lhe sussurrava ao ouvido. Eu adorava provocá-la, sentir
sua excitação reprimida, ainda me dava mais tesão. O calor do seu corpo, seus
olhos tímidos, o cheiro de sua excitação como uma gata no cio, me deixavam
louco. Sabia que também me desejava, mas sua virgindade a retraía.

— Sente isso Melanie? Veja como me deixa. Seja minha. — beijei sua boca,
com nossos corpos colados.

— Gael, tenho que voltar...— sua voz saiu entrecortada ofegante, excitada.

— Porque me rejeita, se me deseja? Eu sonho com você todas as noites.

Sonho que geme gostoso, enquanto eu monto em você e enfio o meu pau, bem
fundo nessa bocetinha apertada. Sonho em descobrir que feições fará ao gozar, e
como reagirá seu corpo nu debaixo do meu, enquanto lhe dou prazer.

— Acaricio um dos seus seios, sentindo seu mamilo duro e excitado.

Seu peito enchia bem a minha mão. Me curvo sobre seu pescoço e o beijo,
retirando a alça do vestido do meu caminho, beijando agora seu ombro desnudo.

— Te desejo tanto! — sussurrei, afastando um pouco mais o tecido de seu


vestidinho.

Minha boca alcançou o que tanto ansiava, e chupei delicadamente seu bico duro
e rosado, tal como eu imaginava. Era lindo, perfeito. A chupei com volúpia.
Melanie gemeu, baixinho, envergonhada por tê-lo feito. Seus olhos
semicerramos evitavam os meus. Sei que estava nervosa. Melanie, ainda é

virgem, e provavelmente nunca esteve tão próxima de um homem, como está


neste momento. Seu corpo arde de desejo reprimido, pois seu receio de se
entregar a mim ainda falava mais alto. Com os dentes em volta do seu mamilo, o
puxo delicadamente, sugando-o ao mesmo tempo. Ela se contorce com as
sensações provocadas.

— Devem estar me procurando na casa, me deixe ir, por favor. — pediu.


Deixo seu mamilo, e procuro seus olhos, que se fecham tímidos ao encontrarem
os meus flamejando de tesão por ela. Eu já tinha judiado o bastante dela. Eu a
desejava, mas a queria entregue completamente, e não sentindo qualquer receio
de se entregar a mim. Teria que ser paciente e ir conquistando sua confiança.
Afasto uma madeixa de cabelo, do seu rosto que estava grudada com o suor.
Nossas respirações ainda estão aceleradas.

— Tudo bem. — respiro fundo, inalando seu cheiro de frutos silvestres, tentando
restabelecer minha respiração. Era um cheiro único e muito bom, delicado, assim
como ela.

Coloco o tecido descaído do vestido no seu lugar, e me afasto do seu corpo


febril. — Sentirei sua falta. Quem sabe, quando eu voltar, você não tenha
mudado de ideias.

Seu peito respirava descompassado, ansiosa, excitada, tímida, inocente.

— Eu não posso. — sussurrou envergonhada.

— Eu serei cuidadoso e até romântico, se é isso que deseja para a primeira vez.
— falo rouco, sentindo meu sexo ainda apertado dentro das calças, latejando,
babando, doendo.

— Me deixe ir agora, Gael.

Me afastei dando espaço total a ela. Tal como eu previ ela correu, o mais rápido
que pode do estábulo. Fiquei parado observando seus cabelos negros,
balançarem em suas costas, e ao mesmo tempo seu vestinho um pouco acima dos
joelhos, que balançava junto, mostrando um pouco mais de suas lindas coxas. Eu
a desejava e sabia que ela também. Só precisava de ter paciência.

Sabia que minha fama, também não ajudava. Provavelmente já teria os ouvidos
cheios de alertas para se manter longe de mim.

Para o bem dela, era melhor que fizesse caso.

Melanie, parecia ser do tipo de mulher que sonhava com romance, com um

homem doce e delicado.


Eu até podia sê-lo, em certas ocasiões, quando queria conquistar o que desejava.
Mas não era algo que eu fosse por espontaneidade. Amor e romance, não faziam
parte da minha vida. Eu vivia de desejo, tesão e sexo, muito sexo. Melanie sabia
que desde que cedesse e caísse na minha cama, seria igual a muitas outras
mulheres com quem já deitei antes.

Talvez esse fosse o principal motivo de sua rejeição, do seu medo em perder a
virgindade comigo.

Pois desejo por mim, ela tinha, e muito. Eu o sentia a cada suspiro, a cada olhar
fugitivo do meu, a cada aproximação de mim a ela. Desde que ela veio trabalhar
na minha fazenda, não penso em outra coisa, senão tê-la em meus lençóis. Meus
desejos foram aumentando, ao perceber que eu não lhe era indiferente, embora
ela tente disfarçar bem e me evitar a todo o custo. Ao início era por
divertimento, agora a tomo com um desafio. Quanto mais ela reluta por esse
desejo, mais certo eu estou que a terei em minha cama por livre e espontânea
vontade.

Respirei fundo algumas vezes. Arrumei meu cabelo com os dedos, e ajeitei
minha camisa. Acariciei meu fiel companheiro, antes de caminhar para fora do
estábulo e seguir até à minha caminhonete. Eu já tinha me atrasado bastante,
para o compromisso que tinha naquela manhã.
Capítulo Dois

Estacionei a caminhonete bem em frente do casarão de Frederico, meu pau ainda


meio enrijecido e doendo do tesão reprimido. Aquela garota ainda ia acabar
comigo. Olhei o relógio e estava atrasado 30 minutos. Desci da caminhonete e
subi os degraus até à porta do casarão, Camila, já me aguardava na entrada.
Sorriu sedutoramente, de batom vermelho e seus perfeitos dentes brancos. Os
cabelos loiros amarrados num coque despojado.

Camila tem 24 anos, é veterinária, filha de Frederico, e minha amiga desde


muito jovens. Já em adultos, nossa amizade ficou mais íntima.

— Oi Gael. Como vai?

— Estaria melhor com seus lábios, em torno de mim. — ela sorriu com certa
malícia, me beijando no rosto. Retribui, sentindo seu perfume caro Channel. —
E você como está? — perguntei polido.

— Estou bem, entre. Meu pai está no escritório.

Adentrei e não esperei que Camila me acompanhasse. Eu sabia bem o caminho


até lá. Frederico, seu pai é um homem de 54 anos, tal como eu um amante por
cavalos. Ambos fazíamos criação de cavalos Mangalarga, há 4

anos formamos uma pequena sociedade, com o intuito de reprodução da espécie,


juntando os machos e fêmeas de cada uma das fazendas.

Infelizmente, há 2 anos, Frederico caiu de forma brusca do cavalo, enquanto


participava num torneio de corrida de cavalos, deixando-o paraplégico da cintura
para baixo. Depois disso, passei a viajar sozinho, para cuidar dos interesses de
ambas as fazendas. Hoje mesmo voaria até São Paulo, onde assistiria uma
palestra sobre inseminação in vitro para a reprodução dos animais. Queríamos
expandir o negócio de criar cavalos com melhores

genéticas.

Bati de leve na porta e fui convidado a entrar.

— Pontualíssimo! — Frederico ironizou com um discreto sorriso no rosto,


impulsionando sua cadeira rolante até mim, me dando um forte aperto de mão.
— Bom dia, Gael!

— Bom dia, Frederico! Desculpe, tive um pequeno imprevisto. — meu pau


latejou, lembrando do seio de Melanie exposto. E de como foi bom sugá-

lo, enquanto ela gemia baixinho, envergonhada. — Tem a documentação pronta?

— Claro, aqui está! — Meu sócio estende uma pasta preta, com uma etiqueta
onde havia escrito Mangalarga e um carimbo com o logo da sua fazenda, Águas
Claras. — Está aí a documentação dos 4 machos.

— Muito bem. Eu disponibilizarei 2 fêmeas. Se a técnica me convencer poderei


expandir a oferta.

— Me conte tudo no final da palestra, quero ficar por dentro dos novos métodos
e técnicas de reprodução.

— Pode deixar. Até mais Frederico.

— Ah outra coisa. Camila vai junto. Ela precisa de resolver umas coisas em São
Paulo, e aproveitará a viagem junto com você.

— Tudo bem, será agradável ter a sua companhia. — Respondo tentando


disfarçar demais meu contentamento. Pois com Camila junto, a minha viagem
seria bem mais animada. Juntando negócios durante o dia com prazer à noite. E
depois do que se passou com Melanie essa manhã, eu estava louco para aplacar
meu tesão com alguém.

— Até mais Gael. Boa viagem!

— Obrigado!

Saí do seu escritório, já olhando o relógio. Eu deveria me apressar para não me


atrasar ainda mais. O piloto do jatinho privado de Frederico, já me esperava,
para voarmos até São Paulo. Camila surge no fim do corredor, com uma pequena
bagagem, que lhe tomei das mãos e a carreguei até minha caminhonete. Me
seguiu silenciosa. Essa era uma das qualidades que eu mais gostava nela. Era
uma mulher comedida, sem forçar conversas ocas ou fúteis, me dava prazer, e
não fazia qualquer cobrança fora da cama. Era troca por
troca, de sexo e prazer. E nesse quesito ela era realmente muito boa também.

Nossas fodas eram sempre intensas e por vezes insanas. Seguimos até o jatinho.
Esperei levantar voo e observei Camila, sentada do meu lado, distraída, lendo
uma revista.

— Te espero no banheiro. — sussurrei em seu ouvido me levantando. Seus olhos


flamejaram de desejo.

Obediente, uns segundos depois entrou na estreita cabine do banheiro. Não


esperei que dissesse uma única palavra, abri o zíper da calça e coloquei meu pau
duro para fora da cueca boxer.

— Me chupe.

Camila se ajoelhou e se debruçou sobre ele, os seus lábios gulosos o


envolveram. O calor e a umidade de sua boca, me fizeram gemer. Deixei ela me
chupar um pouco, num vaivém sensual, sem pressa, me sugando, seus olhos
azuis me fitando com luxúria. Eu tava louco para me aliviar e foder aquela boca
carnuda de batom vermelho. Com ela eu não precisava de delicadeza, ambos
gostávamos de sexo puro e duro. Necessitado demais, com uma mão segurei sua
nuca, e com a outra o coque dos seus cabelos, comecei a socar na boca dela, indo
mais fundo do que ela poderia aguentar, engasgando e babando meu pénis.

— Isso... aguenta, Camila. Você faz tão bem... abre a boca, abre.

Camila abria bem sua boca, as estocadas eram firmes e fortes. Meu pau
preenchida cada pedaço dela. Os sons de engasgo me excitavam cada vez mais e
meu pau parecia triplicar de tamanho. Eu sentia-o tocar bem fundo na sua
garganta, seus olhos lacrimejavam, sua máscara de cílios se derretia deixando
traços negros por onde passavam as lágrimas em seu rosto. Em alguns minutos
eu ejaculei, dentro da boca dela, e tal como nas outras vezes, ela engoliu sem
nem fazer cara feia. Como se se deliciasse com meu esperma.

— Vem cá. — a ajudei a levantar. Peguei num pouco do papel higiênico e limpei
seu rosto, por onde haviam marcas negras e úmidas da máscara de cílios. A
beijei de seguida, ainda sentido meu gosto em sua boca. —

Desculpe, eu acho que me excedi um pouco. Mais tarde te recompensarei, agora


temos que voltar aos nossos lugares pois em breve pousaremos. — me desculpei,
mesmo sabendo que com Camila não havia esse lance de delicadeza e
romantismo. Mas o fato de ter sido algo apenas para minha satisfação pessoal,
sem me importar em satisfazê-la também, me deixou

incomodado. Eu não era o tipo de homem que deixava uma mulher na mão.

Mas as últimas semanas tinham sido corridas na fazenda, e o episódio mais cedo
com Melanie, me deixou tenso, faminto, desejoso por alívio. Não perdi tempo
com rodeios, sabendo da receptividade de Camila. Enfiei meu pau de volta para
dentro e fechei a calça. Me recompus.

— Tudo bem, Gael. Nossa, você estava desesperado. — ela sorriu descontraída.
— Estava fazendo castidade de sexo? — se olhou no espelho e ajeitou seus
cabelos.

— Quase isso.— Sorri e saí antes dela do banheiro, voltando ao meu lugar.

Deixando-a lavar o rosto e retocar o batom que trazia no bolso da mini saia.

Assim que aterramos em São Paulo, nos dirigimos diretamente ao hotel onde
ficaríamos hospedados a palestra seria lá também. Ambos demos nossa
identificação à chegada, para atribuição dos respetivos quartos que ficavam no
mesmo andar. Me despedi de Camila, deixando minha mala no quarto, antes de
seguir para a sala de palestras.
Capítulo Três

— Fale meu sócio. Como foi a palestra? — Frederico perguntava curioso, do


outro lado da linha.

— Sinceramente, os métodos de reprodução artificial me convenceram.

Além de podermos buscar melhoramento genético da raça, eles dispõem também


da fertilização in vitro e clonagem. Usando essas técnicas, inseminação artificial
e a transferência de embriões é possível aumentar a reprodução em 70%.

— Interessante, isso é tudo o que precisamos. Os nossos cavalos são de alta


linhagem, se conseguirmos expandir o negócio com um bom aumento e melhoria
genética, nos tornaremos nos maiores criadores de mangalarga do país.

— Sem dúvida amigo, isso seria ótimo para nosso negócio. Já entreguei a
documentação dos garanhões e das éguas, em breve teremos técnicos visitando
as fazendas para os procedimentos seguintes.

— Muito bem, isso são ótimas notícias.

Eu e Frederico, discutimos mais alguns pontos sobre a palestra dessa tarde, e uns
minutos depois desliguei a chamada, indo para o banheiro. Saia do duche,
quando umas batidas na porta do quarto se fizeram ouvir. Enrolei uma das
toalhas na cintura e fui abrir, sabendo ser Camila.

— Oi! Pensei que já te encontraria pronto. — ela sorriu, admirando o que via
sem nem disfarçar. — Quer que eu volte em alguns minutos?

— Entre, Camila. — me afastei um pouco lhe dando acesso ao interior.

Reparei como estava linda e elegante num vestido vermelho e saltos altos pretos.
Bem maquiada como sempre. — O telefonema com seu pai, demorou

um pouco mais do que eu previ.

— Tudo bem.

— A que horas temos a mesa reservada no restaurante?


Ela olhou o relógio para verificar.

— Daqui a 25 minutos.

Sem pudores joguei a toalha no chão, e puxei seu corpo contra o meu.

Beijei sua boca com volúpia. Camila agarrou meus cabelos, retribuindo o beijo
de forma ardente. Nossas línguas se moviam dentro da boca um do outro. A
direcionei para a cama, enquanto subi a saia do seu vestido.

— Se debruce de barriga na ponta cama, Camila. — sussurrei entre os beijos.

Camila me deu as costas, e se voltou para a cama se debruçando sobre ela.

O colchão estava na altura perfeita, para o que eu queria. Subi mais a saia de seu
vestido até às costas, afastei suas pernas. Camila respirava de forma pesada,
excitada, ansiosa. Acariciei delicadamente suas perfeitas e generosas nádegas
empinadas para mim, me ajoelhei e com uma mão afastei um pouco a calcinha
colocando-a de lado. Com as duas mãos a arreganhei bem, juntei um pouco de
saliva na ponta da língua e lambi seu clítoris. Camila gemeu alto ao primeiro
contato com a minha língua.

— Ah Gael...

Me concentrei em seu clítoris, chupei-o sem pressa, delicado até, enquanto a


penetrava com um dedo, depois outro. Senti a parte rugosa de sua vagina, e
enfiei mais fundo meus dedos para chegar no ponto G.

Camila gemia, se contorcia e empinava ainda mais seu corpo com as investidas
dos meus dedos dentro dela. Sua buceta se contraía molhada, excitada e prestes a
gozar.

— Isso gata, se delicie. — mordisquei uma das nádegas, enquanto a dedava,


voltando novamente a chupar seu botãozinho inchado de excitação.

— Eu vou gozar, Gael...

Camila gemeu, sua boceta engoliu meus dedos numa explosão de prazer.

Deixei ela se recompor e retirei meus dedos.


— Você acabou comigo, Gael. — ela sussurrou ainda trêmula. Se virou e

sentou na beirada da cama me beijando.

— Pelo menos dessa vez não borrei sua maquiagem. — esbocei um sorriso e me
levantei.—Precisamos ir, temos apenas 10 minutos.

Camila foi até o banheiro se recompor, enquanto eu me vesti. O jantar seria num
restaurante muito próximo do hotel. Chegamos haviam passado 2

minutos da hora marcada. A hostess verificou nossa reserva, e de forma cordial e


simpática nos acompanhou até à nossa mesa.

Durante o jantar falamos de vários assuntos, mas sobretudo dos negócios da


criação de cavalos, e sobre as técnicas de reprodução faladas na palestra.

— Porque não assistiu a palestra, Camila? Como veterinária, é do seu interesse


também.

— Eu tentei anular um compromisso importante que tinha marcado, antes de


saber da palestra. Mas não consegui, e não podia faltar, como soube que iam
haver novas palestras, me inscrevi numa outra data.

— Entendi. —respondi sucinto, não querendo me intrometer nos seus


compromissos.

— Gael, posso lhe fazer uma pergunta?

— Claro.

— Esses dias quando eu estava na sua fazenda, cuidando do Chocolate, eu


percebi sua atração por aquela moça, Melanie. Já levou ela para a cama?

Pousei meus talheres e olhei seu rosto. Não entendia como ela tinha percebido
minha atração por Melanie, pois eu só me aproximava dela quando estávamos
sozinhos, e muito menos por que perguntava tão diretamente se já transamos.

— Como você chegou nessa conclusão, e porquê essa pergunta?

— É palpável seu desejo quando ela está por perto. Sei lá, curiosidade apenas.
— Camila deu aos ombros de forma descontraida.

— Melanie é virgem, ela foge de mim como o diabo da cruz. E sim, sua
inocência me atrai muito. — falei direto, sem rodeios.

— Eu notei que você também não é indiferente a ela.

— Sim, ela não fica indiferente. Mas parece ser do tipo de mulher romântica,
que só se entregará ao homem da sua vida.

— Digamos que você não faz parte desse tipo de homens. — declarou irônica.

— Não mesmo! Embora possam haver exceções, se for para conseguir o que eu
desejo.

— Você não se prestaria ao papel de namorado apaixonado.

— Não tenha tanta certeza.

— Gael, ia ser muito engraçado assistir a esse seu lado romântico, que eu ainda
não conheço. Mas não se esqueça, que você pode deixar marcas nessa menina
para sempre. Eu te aconselho a repensar bem sobre isso. Há tanta mulher dando
sopa por aí, para você se divertir.

— Camila, eu não lembro de ter pedido sua opinião. E eu sei muito bem que o
que não falta, são mulheres dando sopa por aí, e essas eu tenho a hora que eu
quiser. Melanie, está noutro patamar. — a encarei sério, não gostando do rumo
da conversa. Ela baixou o olhar, se concentrando em seu prato, aborrecida com
meu tom, e talvez até ofendida, pois ela estava incluída nesse tipo de mulheres.
Capítulo Quatro

— Camila, o que há? Você nunca foi de se intrometer na minha vida. — a


questionei depois de vários minutos de silêncio. Camila simplesmente comia
sem nem me olhar.

— Eu só percebi que essa menina é inocente demais para lidar com você.

— Você está com ciúmes?

— Não seja idiota, Gael. Claro que não!

— Então me fale, por quê isso agora?

— Porque eu já fui como essa menina, inocente. E sei bem as marcas que ficam,
quando nos entregamos por amor, a alguém que não está na mesma sintonia que
a gente. Sei o que ela vai sofrer com isso. — seus olhos ficaram molhados,
Camila pestanejou várias vezes tentando conter as lágrimas.

— Sinceramente Camila, não entendo o motivo de sua preocupação com


Melanie. Se essa menina se deitar comigo, vai ser porque ela quis também.

Eu nunca iludi nenhuma das mulheres que levei para cama. Se um dia isso
acontecer, ela saberá bem onde ela estará se metendo. Eu não sou como o
homem, a quem você se entregou a primeira vez. Não prometo romance nem
qualquer compromisso.

— Tudo bem, não me meterei mais nisso. Só achei por bem te dar um toque,
para que repense bem no mal que pode causar. — Camila pegou no guardanapo
e secou os cantos dos olhos.

— O único mal que eu lhe causarei é fazê-la gemer de prazer.

Terminamos o jantar, e voltamos para o hotel ainda aborrecidos um com o outro.


As palavras de Camila não caíram em saco roto. Muito pelo contrário, fiquei
refletindo em tudo o que disse.

— Entre um pouco.— pedi, quando chegamos ao andar dos nossos quartos.


Camila entrou na minha frente, pelo seu semblante parecia abatida, até triste.
— Camila, eu sei que fui grosso durante a nossa conversa ao jantar. Eu peço
desculpa.

— Tudo bem, Gael.

— Ele te iludiu, mas eu não vou fazer o mesmo com ela.

— Você está obcecado por ela, vai sim. Eu te conheço melhor que você mesmo.
— sua frontalidade foi como um soco no rosto.

Sim, Camila me conhece muito bem. E eu a conheço também. Somos amigos


desde escola, faculdade, nos tornamos mais íntimos e amantes um ano depois
que Camila, foi iludida pelo primeiro e único homem que amou e com quem
perdeu a virgindade. O choque de perceber, que tinha sido usada e descartada em
apenas uma noite, foi grande para ela, chegando até a ficar com uma depressão.
Nos aproximamos na época e sem darmos conta já estávamos íntimos demais.
Sempre houve sinceridade da minha parte para com ela, nunca escondi que a
única coisa que poderia haver entre a gente seria amizade e sexo, sem amor nem
compromisso. Camila tinha o coração ferido demais, para amar novamente, e
como havia química entre a gente, a usamos para nosso prazer sem compromisso
nem cobranças. Apenas sexo.

Pensei que suas feridas haviam cicatrizado fazia tempo, mas hoje eu percebi que
elas ainda estavam bem abertas.

— Vem cá. — a puxei delicado pelo pulso. Nossos corpos encostaram um no


outro. Senti o calor que emanava do seu, me deixando quente, aceso. A beijei na
boca com fome e pedindo tréguas. Ela correspondeu, faminta também.

Despi seu vestido que caiu a seus pés, e ela me ajudou a tirar minha roupa.

Beijei seu pescoço, desci minha boca até seus peitos, sugando um dos mamilos
duros, enquanto acariciava e dedava sua boceta já úmida, excitada.

— Já está meladinha.

— Você me deixa assim, toda a vez que encosta em mim. — sussurrou.

Peguei Camila no colo, suas pernas encaixaram em mim, como se nosso corpo
fizesse parte um do outro, a levei até à cama. Deitamos ainda na mesma posição.
Meu pau roçava na entrada molhada dela, latejando. Lembrei

da camisinha. Me estiquei para pegar uma da mesinha de cabeceira e a coloquei


rápido. A penetrei de uma vez, Camila gemeu alto, cobri sua boca com a minha,
abafando outros gemidos, enquanto estocava forte nela. Ela rebolava debaixo de
mim, pedinte por mais e mais forte. Era como se estivéssemos num ringue, numa
luta, ao qual mediamos forças. Minhas investidas se tornaram mais fortes e
rápidas, minha boca invadia a dela com voracidade, mordendo por vezes seus
lábios macios e inchados. Camila gozou primeiro, seu corpo se contorceu com o
êxtase, de seguida gozei eu.

Me deixei cair do seu lado ainda de corpo trêmulo e sedado pelo prazer. Com a
respiração mais controlada, olhei Camila, e me assustei quando vi lágrimas em
seus olhos.

— Camila, o que...

Ela não me deixou completar a pergunta, se levantou limpando as lágrimas com


a palma das mãos, pegou suas roupas jogadas no chão e saiu do quarto.

Fiquei parado, bloqueado, pelo que acabava de acontecer. Eu nunca tinha visto
Camila vulnerável desse jeito. Me perguntei o que eu havia feito de mal.

Hesitei entre ir atrás dela em seu quarto, tentar perceber o que houve, ou lhe dar
espaço para o que quer que estivesse passando em sua cabeça, amanhã de mente
mais fria me pudesse explicar. Me levantei estranho, me sentindo culpado por
algo que eu não sabia exatamente o quê, entrei no duche e tomei banho de água
gelada para esfriar meus pensamentos.

****

Acordei bem cedo, depois de uma noite muito mal dormida. Eu tinha ficado
muito agitado sem entender o que houve com Camila. Me vesti e saí para tomar
o café da manhã do hotel. Ao passar pelo quarto dela, quase bati em sua porta
para que me acompanhasse no café da manhã, mas ainda era bem cedo, não ouvi
barulho, e provavelmente ainda dormia. Então, segui até o elevador e desci
sozinho.

Fiquei lendo um jornal durante o café da manhã, aguardando que Camila


aparecesse em algum momento, mas ela não desceu. Olhei o relógio e estava
próximo da hora do voo. Pensei se Camila ainda estaria dormindo, ou apenas me
evitando. Fechei o jornal e me dirigi até ao andar dos quartos, batendo na sua
porta. Uns segundos depois Camila, abre a porta já vestida, maquiada.

Pude perceber sua mala pronta também.

— Bom dia! Esperei que descesse para tomar o café da manhã comigo. —

observei melhor seu rosto e notei seus olhos inchados, embora a maquiagem
disfarçasse muito bem.

— Bom dia! Eu dormi um pouco mais, também acordei sem fome. —

Camila desviou o olhar, incomodada pelo que quer que fosse.

— Temos o voo daqui a pouco.

— Eu sei, já estou pronta. Podemos ir se quiser.

— Camila, o que houve ontem, para sair daquele jeito do meu quarto? Eu te
magoei, fiz algo que não gostou? — perguntei realmente preocupado e até
apreensivo.

— Não Gael, eu só estava sensível ontem. Mas já estou bem agora.

Podemos ir?

A observei por mais alguns segundos, ela parecia abatida mas abriu um sorriso,
que nem por isso me deixou mais tranquilo.

— Me desculpe se foi algo que eu fiz, ou disse.— olhei em seus olhos.

— Está tudo bem. — ela ainda evitava meu olhar.

— Sei que não está. Eu pensei que você já tivesse ultrapassado isso...

— Eu te falei que haviam marcas, que ficavam para sempre. — seus olhos dessa
vez focaram os meus bem fundo. Não sendo capaz de dizer nada, que pudesse
reconfortar o seu coração, e as malditas lembranças do passado, apenas a abracei
e beijei o alto de sua cabeça.
Capítulo Cinco

Entramos no jatinho silenciosos e durante a viagem pouco conversamos.

Camila é mulher de poucas palavras, mas dessa vez seu silêncio me incomodava
um pouco. Apesar de tudo, eu tinha um certo carinho por ela, e saber que algo a
incomodava e que lembranças do passado ainda a feriam me inquietou bastante.
Ela concentrou sua atenção numa revista e eu peguei num jornal. Assim que
aterrissamos, o motorista nos deixou na fazenda de Frederico. Entrei e almocei
com meu sócio. Camila se despediu de mim com um beijo no rosto, e
desapareceu em direção ao seu quarto. Voltei para casa no final do almoço,
estacionei minha caminhonete e fui direto ao estábulo.

Precisava montar Chocolate, treiná-lo mais um pouco, pois o dia do campeonato


de Caxambu se aproximava.

Ao me aproximar da entrada do estábulo, percebi que Melanie o escovava,


parando algumas vezes para o acariciar. Vestia um vestido florido, azul turquesa
que realçava sua pele bronzeada, torneava seu quadril, e sua bunda generosa.
Estava tão concentrada em sua tarefa que não percebeu que eu me aproximava.
Escutei o que ela falava com ele:

— Vai ficar ainda mais lindão, Chocolate. Como se isso fosse possível, de tão
lindo que já é.

O bichinho parecia apreciar seus cuidados. Mexendo a cabeça, como se buscasse


por mais carícias de suas mãos delicadas. Melanie, sorria descontraidamente, sua
voz era doce, meiga. Eu parei a alguns metros só para ter o prazer de a observar,
assim tão feliz, leve e solta. Algo que ela não mostrava quando me sentia por
perto.

— Você gosta de carinho, não é, seu bonitão?

— Quem não gosta de um carinho? Ainda mais vindo de suas mãos. —

interrompi o momento de ternura, me aproximando deles.

Sua postura mudou instantaneamente, ela ficou rígida, seu sorriso se desfez, e
suas mãos saíram de Chocolate.
— Pode continuar o que estava fazendo, ele estava gostando. — apontei para o
meu cavalo.

— Oi. Eu não percebi você chegar. Estava escovando, Chocolate.

— Eu percebi. Obrigado, pelo carinho que tem por ele. — falei sincero, olhando
em seus olhos. Melanie evitava os meus, como sempre, tímida.

Suas mãos esfregavam uma na outra, me indicando seu nervosismo. Por


momentos ponderei se o que ela sentia, era nervosismo por me desejar e querer
rejeitar esse sentimento, ou medo. Imaginar que pudesse ser medo, me deixou
um pouco frustrado. Eu não escondia que a desejava, mas eu não a forçaria nem
faria qualquer mal a ela. E as palavras de Camila, azucrinavam minha cabeça.

— Não tem de quê. — olhou suas mãos, recuando um passo quando cheguei
mais perto.

— Melanie, não haja como se eu fosse uma fera, pronto a te atacar, como se
você fosse um animal indefeso. Eu não lhe farei mal algum, nunca, ouviu?

Sua cabeça balançou afirmativamente. Dei mais um passo para perto dela.

Dessa vez ela não se moveu, seus olhos me olhavam atentos e cautelosos.

Percebi o seu peito subir e descer com a respiração acelerada. Como se ela
lutasse contra algo interno. Dei mais um passo, nossos corpos quase colados.

Nossas respirações alteradas. Meu pau latejava inchado dentro da calça, minha
vontade era deitá-la ali mesmo no meio do feno e fodê-la bem gostoso.

Levei minha mão detrás de sua nuca e a puxei contra minha boca, fazendo-a
soltar um pequeno grito de susto. Chocolate também parece ter se assustado com
o movimento, pois relinchou. Minha língua invadiu a dela sem pedir licença.
Senti seu sabor, a suavidade de seus lábios. Melanie, de início resistiu ao beijo,
mas logo se entregou, sua língua também explorava minha boca. Suas mãos
pousaram sobre o meu peito, de respiração ofegante, excitado.

— Você também me deseja, eu sinto isso, por mais que rejeite. Porque não deixa
eu tentar te mostrar que eu não sou nenhum badboy? Que apesar de tudo eu
também tenho meus valores. — meus dedos percorreram seus
cabelos sedosos e seu rosto delicadamente.

— Você se divertiria comigo e me descartaria assim que conseguisse o que quer.


— seus olhos se fechavam com minhas carícias em seu rosto.

— Você não se sentirá usada, se ambos formos honestos um com o outro desde o
início. Eu nunca escondi o que eu quero. Já você luta contra suas vontades. Que
mal tem a gente se divertir um pouco? Passarmos momentos de prazer juntos?
— beijei seu pescoço de leve.

— Esse é o problema. Eu não quero ser mais uma na sua cama. Eu não sou como
essas mulheres. Não estou julgando ninguém, mas eu não quero esse tipo de
relacionamento. Eu busco amor, lealdade, fidelidade. Busco um homem que eu
saiba que está do meu lado, que me ame, que seja um companheiro para a vida, a
todos os níveis. Não apenas para sexo.

— Você procura o príncipe encantado. — sorri irônico.

— Eu só procuro alguém que sonhe o mesmo que eu. — retrucou me olhando


nos olhos dessa vez. Entendi o seu recado. Eu teria que ser dela por inteiro, ou
ela nunca seria minha.

— Espero que você o encontre.— sussurrei terminando com um leve beijo em


seus lábios, me afastando de seguida.

Melanie me olhou desnorteada. Ela parecia não entender por que não levei meus
impulsos mais longe, porque a soltei tão rápido e prontamente e me afastei. Não
era algo que ela esperasse vindo de mim.

— Tem razão. Você não é como as mulheres com quem eu me envolvo.

Seu olhar me indagava. Continuei:

— Tal como você, eu também busco mulheres que tenham os mesmos objetivos
que eu. Que não sejam bobas, ao ponto de cair na cantiga do primeiro cara
romântico que lhes coloque um anel de noivado no dedo, que lhes prometa
fidelidade, lealdade, um monte de filhos, e casa para cuidar e um par de cornos
ao longo dos anos, quando o casamento se tornar monótono e sem interesse para
ambos. Eu nunca serei esse homem que procura.
— Não é porque você não acredita no amor, na lealdade e no respeito entre duas
pessoas, que não existam casamentos perfeitos e felizes. Existem sim.

— Assim como o do seus pais? — seus olhos agora magoados focaram os meus.

Eu sabia que havia tocado na ferida. Através de boatos soube que seu pai noivou
sua mãe, mas mantinha várias amantes, e ele simplesmente sumiu no mundo a
deixando sozinha, já grávida de Melanie.

— Como sabe disso? — Melanie perguntou num tom de voz triste.

— Os boatos correm ...

— Não tem o direito de falar da minha vida. — se desviou de mim, querendo ir


embora.

Segurei seu braço.

— Desculpe. Eu não queria te deixar assim. — estava arrependido do que havia


dito.

— Meu pai era como você, ele só queria diversão, traiu e enganou minha mãe
direitinho.

— Não, você está enganada. Eu não sou como o seu pai. Porque eu não estou te
iludindo. Estou sendo honesto.

— Eu não quero o que você me propõe! Quando você vai entender isso, e me
deixar em paz, Gael? Não é porque meu corpo reage a você, que eu vou cair na
sua cama. De homens como você eu quero distância.

— Tudo bem. Vai lá, corre, como você sempre faz! — gritei apontando a saída
do estábulo.

Melanie estremeceu assustada com meu tom, paralisada diante de mim. Eu


nunca havia gritado com ela. Meu maxilar estava cerrado, tenso. Eu mesmo não
estava me reconhecendo, mas suas palavras me ofenderam. Que tipo de homem
ela achava que eu era?

— Não lhe importunarei mais, pode ter certeza. — falei entre dentes.
Melanie não se moveu nem um centímetro. Peguei nas rédeas de Chocolate e o
puxei para fora do estábulo, ela recuou dando passagem a ele.

Até o bichinho estava agitado. Sabia que ela me encarava mas eu não voltei a
olhar seu rosto. Montei Chocolate e desapareci pelas terras, frustrado, enervado e
com uma coisa em mente. Eu não quebraria minha promessa.

Nunca mais eu encostaria nela.


Capítulo Seis

Dias se passaram desde a discussão que eu e Gael tivemos no estábulo. Tal como
prometido, ele nunca mais se aproximou de mim. No início eu pensei que ele
tinha dito isso apenas da boca para fora, irritado por ter sido rejeitado mais uma
vez. Mas ele de fato estava cumprindo. Quando ele chegava em casa no final do
dia eu simplesmente me recolhia na cozinha, e só saía de lá quando era hora de
servi-lo. E as vezes que nos cruzávamos no estábulo, ele pigarreava da entrada
ou fazia algum tipo de barulho, para que eu percebesse sua presença e saísse.
Confesso que me senti estranha, com esse afastamento e indiferença que ele
agora demostrava por mim, embora ficasse aliviada por não ter mais que me
preocupar em me manter afastada dele, e em não ter a tentação de cair nos seus
braços. Gael é um homem muito atraente e bonito.

Seus cabelos médios rebeldes, assim como seu olhar verde de predador. O

maxilar bem marcado, sustenta a barba bem aparada, que lhe confere um aspeto
mais maduro, poderoso e ainda mais atraente.

Estava colocando a mesa quando ele chegou, e entrou na sala analisando uns
papéis. Minha respiração acelerou alguns batimentos. Ele estava transpirado.

Com certeza esteve treinando Chocolate, para o campeonato ao qual participaria.

— Coloque dois lugares na mesa, por favor. — seu olhar em mim foi breve,
continuando o caminho em direção à escada que dava para os quartos.

— Sim, senhor. — enquanto ele caminhava, observei como sua bunda ficava
ainda mais definida com a calça jeans que vestia. Sua camiseta negra justa
torneava suas costas largas, e seu braços musculosos e fortes.

Subia o primeiro degrau quando se virou para trás. Meu peito disparou,

agitado, envergonhado, nervoso.

— Se Camila chegar, diga a ela que eu fui tomar um duche mas já desço.

— seu olhar pareceu brilhar ao me pegar observando-o. Assenti embaraçada.


Ele se voltou para a escada sem qualquer mudança de feição, e continuou a subir.

Respirei fundo algumas vezes, até me sentir mais calma. Gael mexia muito
comigo. Meu corpo reagia ao olhar dele como se fosse um íman, e se não fosse
minha consciência me advertindo dos perigos que eu correria me envolvendo
com ele, eu já teria cedido ao seu charme. Senti um certo incômodo em saber
que sua visita seria Camila. Eu já tinha percebido que havia um clima entre eles,
embora eu nunca tivesse presenciado nada.

Camila chegou uns minutos depois, e tal como Gael pediu, eu a convidei a entrar
e avisei que ele desceria em breve. Ela sorriu agradecendo, ajeitou seu vestido
negro e se sentou num dos sofás o aguardando.

— Quer tomar algo enquanto Gael não chega?

— Não, obrigada, Melanie, eu esperarei por Gael. — de forma simpática ela


sorriu novamente, e eu me dirigi até à cozinha buscar o pão para colocar na
mesa.

Gael desceu nesse meio tempo, de cabelo ainda molhado. Seu perfume depois do
banho percorreu a casa, me fazendo fechar os olhos ao senti-lo.

— Gael, que cheiroso. — Camila se levantou para cumprimentá-lo.

— Camila, você está muito elegante. — a cumprimentou com um beijo na boca.


Camila pareceu não esperar, mas retribuiu, me olhando rápido como que
envergonhada pelo acontecido.

Minhas suspeitas se confirmavam, e eu me sentia aliviada por não ter caído na


sua lábia e ter perdido a virgindade com ele. Ou eu estaria sendo humilhada
neste momento ao vê-lo beijar outra mulher diante de mim.

— O jantar está pronto a ser servido? — Gael me encarou sério.

— Sim. — fixei meu olhar nele, não querendo demostrar meu nervosismo.

— Então pode servir, por favor. — ele também não desviou o olhar, como se
estivesse me provocando silenciosamente até eu desaparecer da sala.

Durante o serviço do jantar, eu escutei um pouco suas conversas. Eram todas


sobre os cavalos, sobre um novo método que Gael adotaria para a

reprodução dos mesmos, e sobre o campeonato que iria participar. Senti um certo
conforto, por não ter assistido gestos de carinho ou toques ousados como eu
esperaria de Gael perto de uma mulher. Sobretudo uma tão linda quanto Camila.
Suas conversas eram focadas nos negócios e no trabalho de Camila, como
veterinária da fazenda.

Fui dispensada logo após o jantar. E deixando-os a sós na sala, fui ajudar Maria,
a senhora que trabalha há muitos anos na fazenda, a organizar e limpar a
cozinha. Uma hora havia se passado e não ouvindo suas vozes na sala, imaginei
que tivessem saído. Segui minha rotina habitual, peguei um jarro de água fresca,
um copo e subi para deixar no quarto de Gael, como todas as noites. Onde
abriria sua cama, e fecharia as janelas do quarto antes que ele subisse para se
deitar.

Subi as escadas com meus pensamentos longe, imaginando se eles estariam


tendo um caso como o que Gael me propunha, em que haveria apenas sexo. Eu
já conhecia Camila há alguns meses, a achava linda, inteligente, simpática,
nunca imaginei que ela fosse do tipo de mulher que buscava também o prazer
sem se importar com sentimentos, sem se importar com compromisso.

Um barulho me tirou dos meus devaneios. Parei tentando perceber de onde veio,
mas estava tudo em silêncio. A porta do quarto de Gael estava entreaberta, e eu
me aproximei mais. Apenas a luz da lua iluminava o quarto.

Um gemido de Gael me deixou alerta, ao mesmo tempo que meus olhos se


acostumaram à luz fraca do quarto, podendo agora reconhecer a silhueta de Gael
deitado na cama e a de Camila debruçada sobre o meio das pernas dele.

Gael tinha seus olhos fechados, seu rosto se contorcia de prazer, enquanto suas
mãos seguravam o cabelo de Camila num rabo de cavalo, acompanhado o
movimento de vaivém de sua cabeça. Fiquei estática ao perceber o que faziam,
não consegui me mover hipnotizada pelo que assistia, vendo o rosto de Gael
visivelmente se deliciando a cada movimento de Camila, e também pelo medo
de ser ouvida. Ele soltava alguns gemidos e por vezes forçava a cabeça de
Camila, contra si, fazendo-a se engasgar repetidas vezes. Me senti perversa, e
estranha assistindo aquilo. Meu corpo parecia até que havia esquecido de como
respirar. Até que os olhos de Gael se abriram e ele olhou na minha direção, como
se soubesse que eu sempre estive ali, observando-o.

Camila não se dando conta de nada, continuava dando lhe prazer, enquanto os
olhos de Gael me observavam. Dei uns passos rápidos para trás, quase

derramando a água no chão. Puxei ar para os meus pulmões e desci a escada


correndo, não me importando mais com o barulho que pudesse causar. Deixei a
água na cozinha e me fechei em meu quartinho, nervosa, e principalmente me
sentido traída. Não sei por que me sentia assim, pois Gael nunca me falou de
amor, nem paixão. Ele só demonstrou atração sexual por mim. E se eu tivesse
aceite suas condições, poderia ser eu naquele quarto, no lugar de Camila.
Poderia ser nós dois naquele momento. Só que eu não era vivida como ela já era,
e isso me assustava. Eu cresci com os valores que uma mulher só deve se
entregar ao homem da vida dela, e Gael nunca seria o homem da minha vida.
Dei por mim de lágrimas nos olhos. As limpei rápido, envergonhada por estar
sendo boba. Me deitei na cama e caí no sono já tarde da noite.
Capítulo Sete

Me recostei nas almofadas da cama, ainda com a imagem do rosto de Melanie na


mente. Pela luz ténue pude perceber o seu incômodo enquanto assistia Camila
me chupar. Seus olhar era de choque, sobretudo quando decidi encara-la,
sabendo que ela estava ali. De início não foi premeditado, quando convidei
Camila para subir até meu quarto, que ela nos visse num momento tão íntimo,
mas quando reparei na porta mal fechada, a deixei deliberadamente do mesmo
jeito. Sabia que Melanie em algum momento subiria para preparar meu quarto, e
se nos encontrasse assim, eu me divertiria assistindo sua reação. Ela que
assistisse ao que estava perdendo. Quem me chupava era Camila, mas eu queria
que fosse ela, pensei, enquanto a olhava ali paralisada diante do que via. Seus
olhos se assustaram ao contato com os meus, recuando e fugindo. Tive vontade
de ir procurá-la assim que Camila foi embora, mas me contive. Eu prometi
nunca mais chegar perto, e eu ia cumprir, por mais que meu corpo desejasse o
dela com todas as forças.

***

Desci para o café da manhã. A mesa já estava posta, mas não vi Melanie no
cômodo. Provavelmente hoje ela me evitaria, ainda incomodada com o episódio
de ontem. Mas qual não foi o meu espanto quando ela entrou na sala, com uma
caneca de café fumegante em mãos.

— Bom dia! — não olhou meus olhos, mas se aproximou para me servir o café.

— Bom dia! — respondi, observando suas mãos trêmulas.

— Vai desejar ovos mexidos? — dessa vez me olhou tentando mostrar a


serenidade que não sentia.

— Não, obrigado.

— Com licença.

— Espere! Me sirva água também, por favor.

— Claro. — pegou no jarro da água e me serviu.


Bebi um pouco da água gelada. Melanie esperava nervosa que eu a dispensasse,
seu olhar voltado para a mesa evitando o meu.

— Estava com sede. Ontem você esqueceu de deixar água no meu quarto.

— a provoquei.

— Eu não esqueci, apenas não quis interromper o que estavam fazendo. —

respondeu, me fazendo esboçar um sorriso por ter sido tão direta. Pelo menos
não tentou se fazer de boba, fingindo nada ter visto.

— Não precisava ter fugido. Eu não ia comer você. — suas mãos esfregaram
nervosas uma na outra. Dei uma golada de café, me levantei da mesa e me
aproximando dela, continuei. — Embora eu tivesse muita vontade.

Queria muito que tivesse sido você ontem. Ia adorar ver essa boquinha bem
aberta para me receber bem fundo, Mel. — sussurrei perto do seu ouvido sem
encostar nela, cumprindo a maldita promessa que fiz. — E não só a boca, para
falar a verdade.

— Nunca acontecerá, por que você trata as mulheres como se fossem um objeto
de satisfação sexual.

— Eu? Você viu Camila sendo obrigada a algo?— ficou em silêncio. —

Você poderia ter assistido até ao final, e saberia que ela apreciou tanto quanto eu.
Ambos fomos usados para satisfação sexual naquele quarto.

— Ela sabia que você deixou a porta aberta, de propósito, para eu assistir o que
estavam fazendo?

— Não. E eu não deixei a porta aberta de propósito, só não a fechei quando a


percebi entreaberta.

— Você não respeitou Camila, querendo me atingir.

— Eu nunca usaria Camila para isso, até porque ela sabe da minha atração por
você. Assim como sabe da sua por mim.
— O quê? — me olhou incrédula.

— Só você é que continua negando a si mesma, Mel. Está à vista de todo o

mundo. Tenha um bom dia. — me afastei antes que quebrasse minhas próprias
imposições. Bebi o resto do meu café e saí.

Odiava o jeito que essa menina mexia comigo. Do tesão que me causava.

De todas as vezes eu me afastava dela com meu pau duro e doendo, como se
fosse um maldito adolescente.

Por quanto tempo mais ela ia resistir?

Me sentia um verdadeiro idiota, por deixar que uma virgenzinha me deixasse tão
puto. Quanto mais ela resistia, mais eu a queria e fantasiava com ela. Resolvi
afastar meus pensamentos de Melanie, e me concentrar no trabalho com
Chocolate. Precisava de focar no meu treino com ele, pois eu queria muito estar
entre os melhores desse campeonato de marcha batida. No ano passado,
Chocolate, venceu o concurso na categoria de jovem de marcha, esse ano eu
queria ele vencedor como o melhor adulto de marcha. Esses prêmios o tornam
um dos melhores da raça, e ofarão ter destaque nas vendas dos potros da sua
linhagem.

— Vem campeão. — o acariciei.— Você precisa mostrar o que vale.

O montei e iniciei o treino, Chocolate, parecia nem precisar dos meus comandos,
ele marchava que era uma beleza para quem assistia. As horas voaram e nem dei
conta quando Camila chegou.

— Nossa, que lindo! Esse garanhão tem uma marcha picada perfeita! Belo
desempenho. — Camila gritou se sentando na cerca do redondel onde eu
treinava.

— Chocolate será campeão esse ano também. — afirmo convicto e orgulhoso.

— Estão treinando muito?

— Quase todos os dias, tem descansado um dia na semana.


— Só não puxe demais por ele, nos dias antes da prova, ele precisa de estar em
forma para o dia da exposição.

— Sim, estou seguindo todas as recomendações.

— Ele é bem estiloso. Vocês fazem uma bela dupla. São muito cúmplices.

— Obrigado! Ele tem atitude.

— Assim como você. — Camila me lançou um sorriso perfeito. — Me

deixa montar um pouco?

— Em mim ou nele? — a provoquei.

— Nele claro. Não seria louca de te montar aqui.

— Por que não? Eu adoraria. — gargalhei e num pulo desci da garupa.

Camila saltou da cerca e se aproximou. Depois de uma carícia em Chocolate, ela


o montou.

— Começo a ficar ciumento com esse cavalo. Todo o mundo acaricia ele, mas
deixam o dono no vácuo.

Camila gargalhou, acenando a cabeça negativamante.

— Me perdoe, eu fiquei fascinada por ele.

— Você também está fascinada por mim.

Camila me fitou, seu semblante ficou mais sério, como se ela não tivesse achado
graça, voltando novamente sua atenção a Chocolate.

Assisti sua cavalgada, como se fosse um espetáculo. Camila tinha pose, e


elegância sobre o cavalo. Cavalgava muito bem e sobretudo, Chocolate, parecia
estar apreciando muito ter uma mulher montada nele.

— Você se sentiu vaidoso, não é amigão, com Camila montando você? —

segurei a cintura de Camila, ajudando-a a descer.


— E você ciumento, por ele ter gostado. — me deu um sorriso, enquanto prendia
o cabelo loiro num coque. — Chocolate é bastante confortável, é muito gostoso
montar nele.

— Eu também penso o mesmo de você. — segurei as rédeas de Chocolate e o


puxei até ao estábulo. Camila me seguiu.

— Não acredito que está me comparando a um cavalo, Gael! — exclamou


incrédula.

Terminei de amarrar Chocolate, e me voltei novamente para ela.

— Considere um elogio, pois você sabe que eu amo cavalos. — puxei sua
cintura e a beijei roçando meu corpo suado no dela, limpo e perfumado.

— Você ama cavalos e só pensa em transar. — falou entre os beijos e amassos.—


Aqui não Gael. Alguém pode chegar.

— Não virá ninguém, serei rápido. — sussurrei em seu ouvido, enquanto

desabotoava os primeiros botões de sua camisa xadrez. Baixei seu soutian, e seus
seios saltaram livres. Beijei cada um deles, sugando seus bicos com volúpia.
Camila gemia baixinho com medo de ser ouvida. A possibilidade de sermos
pegos ainda me dava mais tesão. Abri sua calça enquanto ela fazia o mesmo com
a minha. Baixei sua calcinha e acariciei sua boceta já úmida.

Meti um dedo nela só para garantir que estava bem lubrificada. Sorri ao sentir
sua excitação.

— Já está tão pronta. Que tesao do caralho, Camila.

Busquei uma camisinha no bolso da calça, e a coloquei em meu pau latejante.


Estávamos os dois de pé, ela prensada contra a porta de madeira do estábulo,
impedindo que alguém a abrisse caso chegasse. Não consegui deixar de lembrar
de Melanie, no dia que encurralei aqui no estábulo. Afastei um pouco suas
pernas, deslizei meu pau entre elas, senti a cabecinha roçar seu clitóris inchado,
para logo de seguida sentir o calor que emanava sua entrada ainda mais apertada
pela posição em si. Posicionei meu pénis na entradinha dela e meti de uma só
vez. Feliz que sou bem abonado, pois mesmo nessa posição a penetração era
profunda. Calei seu gemido com meus lábios. E meti mais uma vez, e mais e
mais e mais... Os gemidos de Camila eram abafados por minha boca e língua, ela
rebolava juntamente com meus movimentos.

— Gostosa, tão quente e apertada. — Camila gemeu mais.

— Eu vou gozar, Gael... ah...

Chupei um dos bicos de seus seios, ao mesmo tempo em que gozava. O

corpo de Camila estremeceu de prazer, mais gemidos, foram calados. Meti nela
com força até o prazer me atingir também. Gozei tanto que tive receio que a
camisinha fosse estourar. Fiquei colado no seu corpo até a respiração normalizar
um pouco. Meu rosto pousado em seu ombro. Fechei os olhos me sentindo um
escroto. Eu acabava de fazer sexo com Camila, mas mais uma vez era Melanie
que ocupava minha mente. Me afastei um pouco, retirei minha camisinha e dei
um nó jogando-a no saco do lixo do estábulo. Camila se vestia calada e eu fiz o
mesmo, esperando que ela não tenha percebido minhas fantasias.
Capítulo Oito

Terminei meus afazeres da casa e me dirigi até meu quartinho para ligar para a
minha mãe, aproveitando minha hora de descanso. Faziam alguns dias que ela
havia piorado, e eu estava ficando muito preocupada com seu estado de saúde.
Ela sofre de uma doença degenerativa rara, chamada síndrome de Machado
Joseph, que causa a perda dos movimentos do corpo, problema na fala, visão e
deglutição. O meu salário aqui na fazenda é alto, comparado com a média e
estava quebrando o galho, para alguns dos tratamentos testados, mas
infelizmente, seu quadro não apresentava melhoras.

— Oi filha. Como você está? — sua voz saiu arrastada, mostrando um dos sinais
da doença quando atendeu.

— Oi mãe. — lágrimas se formaram em meus olhos. Engoli o nó da garganta,


para que ela não percebesse minha angústia. — Estou bem, fazendo minha pausa
agora. E a senhora?

— Estou bem meu amor. — sua mentira saiu num tom de voz doce.

Sempre tentava me esconder as coisas, para que eu não me preocupasse demais


com ela.

— Mãe, como foi a consulta? — perguntei não querendo mais perder tempo com
rodeios. Afinal era por isso que eu havia ligado. Eu queria saber o que o médico
especialista que ela tinha visitado, tinha falado, e se havia mais algum tratamento
disponível que pelo menos abrandasse o desenvolvimento da doença. Todas as
minhas esperanças estavam nele. Visto até então, nenhum dos outros médicos
nos ter dado a conhecer qualquer tratamento que melhorasse sua patologia.

Ela suspirou antes de responder, e isso fez minhas lágrimas cativas rolarem
soltas pelo rosto. Seu suspiro era um mau indício.

— Mel, ele me falou num tratamento inovador, que está tendo bons

resultados em alguns pacientes com a mesma doença.

Limpei rápido minhas lágrimas e sorri. Havia me enganado, afinal as notícias


eram boas. Por que ela não demonstrava felicidade? Sua voz soava triste e
pesada.

— Mãe, isso são ótimas notícias, não são? Por que não parece animada?

— Esse tratamento é feito numa clínica especializada, na Flórida...

Caiu a ficha. Nós não tínhamos meios, para que ela viajasse para a Flórida e
pudesse fazer seu tratamento por lá. Meu salário, apesar de bom, já cobria
dificilmente os tratamentos feitos no Brasil que dirá fora.

— Entendi.— tentei não soar muito preocupada. Tudo o que ela menos
precisava, era sentir minha inquietação também. — Qual o valor necessário?

— perguntei na esperança que talvez fosse algo, que pedindo um crédito no


banco eu pudesse pagar.

— É muito alto filha, nem coagito essa hipótese.

— Quanto mãe? — estava impaciente.

— Mais de 250 mil reais, para cobrir passagens, estadia e os

tratamentos. Sem falar que ainda estão numa fase inicial de testes, então

nada é garantido.

Engoli em seco. Era muito mais do que eu imaginei.

— Eu irei no banco amanhã, pedirei um empréstimo. — nunca que um banco


iria me fazer tal empréstimo, apenas com meu salário para cobrir. Eu levaria toda
a minha vida para conseguir pagar. Novas lágrimas se formaram, pisquei várias
vezes tentando secá-las.

— Filha, é muito dinheiro. Nunca vão emprestar esse valor para a gente.

— Mãe, eu vou tentar. Depois eu te ligo, agora descanse. Eu tenho que voltar pro
meu serviço. — menti. Eu ainda tinha alguns minutos, mas estava difícil demais
segurar meu desespero.

— Tudo bem meu amor, beijo. Te amo.


— Eu também te amo, muito. Se cuide.

Desliguei a chamada, e me deixei cair na cama num choro compulsivo, tentando


aliviar minha angústia. Eu não podia perder a única pessoa da minha

vida, para essa doença. Não suportaria ver minha mãe definhar a cada semana,
perdendo total controle sobre seu corpo. Não dei conta do tempo que passou,
acho que acabei caindo no sono sem forças de tanto que chorei. Me levantei e fui
no banheiro me arrumar. Meus olhos estavam um pouco inchados e muito
vermelhos.

Lavei bem o rosto com água gelada para tentar acalmar. Não queria me
apresentar ao serviço, com aquela cara de quem se acabou chorando. Passei um
pouco de corrector de olheiras na zona dos olhos, só para disfarçar meu olhar
fundo e saí do quartinho para encarar o resto do dia.

Há dias difíceis, e parece que o universo, por vezes faz questão de esfregar isso
bem na minha cara. No mesmo momento que eu me dirigia para a cozinha, Gael
entra em casa seguido de Camila. Não precisava ser advinha para saber o que os
dois estiveram fazendo. Camila me olhou comprometida, ainda ajeitando seu
coque de cabelo todo bagunçado, seu rosto estava transpirado e seu baton
desbotado em sua boca. Gael ainda mantinha alguns dos botões da camisa
abertos, ele ainda transpirava mais que ela, gotículas de suor escorriam de seu
rosto. Eram bem visíveis também as rodelas de suor da camiseta debaixo dos
seus braços, em sua boca haviam resquícios de batom no mesmo tom do de
Camila. O olhar dele parecia carregar culpa, quando nossos olhos se cruzaram,
me fazendo sentir uma pontada em meu peito.

Porque ele mexia tanto comigo?

Logo depois um vislumbre de preocupação, passou por seu rosto quanto me


observou melhor. Camila esboçou um sorriso singelo, simpático, incomodada, e
também percebendo algo errado em mim.

— Você está bem? — ela perguntou antes de Gael, mostrando-se genuinamente


preocupada.

— Sim, obrigada. — tentei me mostrar mais forte do que eu me sentia, já que


meu corretor de olheiras não fez o trabalho dele.
— Tem certeza? — dessa vez foi Gael que perguntou já se aproximando.

Recuei dois passos, eu podia sentir o cheiro do sexo que eles haviam feito.

Aquilo me deu mais repulsa dele, e de qualquer consolo que ele me pudesse dar
naquele momento.

Ele percebeu e se afastou. Camila ficou me olhando sem jeito.

— Se você precisar de um tempo de descanso, eu te dispenso pelo resto do

dia. — Gael falou me analisando, ainda confuso.

— Não é preciso, eu estou bem. Tive apenas um mau estar. Enxaquecas.

— declarei para que justificasse meu estado, e que suas atenções se desviassem
de meu rosto.

— As melhoras, Melanie. — Camila desejou de forma sincera. Gael


simplesmente me observava indignado.

— Obrigada! Necessitam de algo? — fiz a questão crucial para sair dali o mais
rápido que podia.

— Não, obrigado. — Gael respondeu ainda com os olhos em mim.

— Então, com licença. — me retirei.


Capítulo Nove

Fiquei sem reação diante do estado de Melanie. Seus olhos estavam inchados,
vermelhos, fundos e com uma tristeza, que tocaria até o mais insensível do ser
humano. Deixei que se refugiasse na cozinha, já que recusou ser dispensada, e
mais tarde tentaria descobrir o que a deixou assim.

Dessa vez eu sabia que não tinha nada a ver comigo e com Camila, pois não
tinha havido tempo para ela ficar naquele estado se nos tivesse visto. Embora
tivesse a perfeita noção, de que, chegar em casa no estado em que nos
encontrávamos, não ajudou em nada para tentar saber o que houve com ela.

— Eu acho melhor ir embora, Gael.— Camila me tirou dos pensamentos.

— Não, pode usar o banheiro e se recompor. — apontei para a escada que levava
até os quartos.

Hesitou um pouco, mas acabou por subir e eu a segui.

— Está preocupado com ela, não é? — Perguntou enquanto secava seus cabelos,
me vendo pensativo sentado na cama, depois de ter recusado acompanhá-la para
um banho juntos.

— Um pouco, nunca a vi assim. — admiti.

— Está gostando dela, Gael?

Encarei seu rosto, sem entender o verdadeiro sentido da questão.

— Se sentir tesão por ela é gostar, então eu gosto.

— Eu não estou falando de sexo, Gael, você sabe muito bem.

— Camila, você já me viu apaixonado alguma vez?— a questionei irritado.

— Não.

— Então, nada mudou. — respondi com certa rispidez. — Apenas fiquei


surpreso por vê-la triste daquele jeito.
— Tudo bem. Estou indo. — calçou seus sapatos.

— Não quer jantar comigo?

— Não Gael, eu fiquei de jantar com meu pai. Aliás, ele pediu que você fosse
até lá assim que pudesse.

— Tudo bem, irei amanhã.

— Fique bem. — se despediu me depositando um beijo na boca.

Tomei meu banho, vesti algo descontraído e desci para o jantar. Melanie
terminava de colocar a mesa, absorta em seus pensamentos, não se apercebendo
de que eu chegava.

— Está melhor? — perguntei num tom baixo, para não a assustar. O que foi em
vão, visto que ela deu um pequeno salto se assustando. — Desculpe, não queria
te assustar.

— Sim, já estou melhor.— continuou colocando as coisas na mesa, evitando me


olhar.

— Eu posso te levar no médico amanhã. — sugeri me aproximando mais um


pouco dela.

— Não é necessário, obrigada. Eu vou ficar bem.

— Mel... — toquei seu ombro de forma delicada. Não queria que saísse
correndo, achando que eu ia fazer mais uma das minhas investidas. Mesmo
assim ela se retraiu. — Quer me contar o que houve?

— Eu já falei que sofri enxaqueca. — respondeu sucinta.

Respirei fundo e tirei minha mão dela. Ver sua fragilidade me deixou sem ação, e
sabia que minha presença a estava deixando ainda mais nervosa.

Melanie aproveitou o meu afastamento para ir na cozinha buscar o jantar.

— Obrigado! Pode se recolher, eu mesmo servirei meu jantar. — falei assim que
surgiu com a bandeja na mão. Melanie, pareceu querer recusar, mas olhar meu
rosto se tornava mais penoso. Então apenas assentiu e saiu do cômodo, indo na
direção do seu quarto.

****

— Se importa que eu me ausente algumas horas essa manhã? Preciso ir na


cidade. — pediu enquanto me servia o café.

— Não, esteja à vontade. Eu sairei também, vou na fazenda de Frederico.

— aproveitei o momento para olhar em seus olhos. A noite de descanso, parece


ter feito um milagre nela, já que seus olhos não estavam mais inchados nem
vermelhos. Ainda assim parte da tristeza residia neles. — Está melhor hoje?

— Obrigada. Sim estou.

— Posso te deixar na cidade, se quiser. — bebi um pouco do café, já esperando


sua recusa.

— Vou aceitar, obrigada. — respondeu timidamente, me surpreendendo.

Passei no estábulo para ver Chocolate antes, e depois esperei Melanie na


caminhonete.

Apreciei cada passo que ela dava na minha direção, e embora cabisbaixa, ela
estava linda, vestindo um dos seus vestidinhos floridos que realçavam cada
curva do seu corpo. Sempre se vestia de forma simples e descontraída, mas ainda
assim ficava incrivelmente sexy, o que mexia com todas as minhas estruturas.
Tive vontade de falar o quanto estava linda, enquanto abria a porta da
caminhonete para ela entrar, mas me contive, pois ela ia achar que era mais uma
das minhas investidas, e hoje eu não queria pressiona-la de nenhuma forma,
ainda mais depois de ela ter baixado um pouco a guarda comigo.

Seguíamos a estrada num silêncio constrangedor, até que decidi puxar assunto,
com um tema que eu dominava, sem ser sexo.

— Sabe montar, Melanie?

— Eu montei algumas vezes, enquanto criança. Adorava. Mas penso que já perdi
o jeito.
— Se quiser posso te dar uma aulas.

— Eu não acho boa ideia, Gael.

— É sério, que vai recusar Chocolate? Ele vai ficar ofendido quando souber. —
esbocei um sorriso divertido, e meu olhar se iluminou quando vi o dela.

— Quem sabe um dia. — já era uma esperança. Meu pau até remexeu na

calça, só de imaginar ela montar com um dos seus vestidinhos.

— Sabe que estaremos participando esse ano, para exposição de mangalarga


marchador, não é?

— Sim.

— Eu gostaria que estivesse lá, assistindo. Sei que tem um carinho especial por
Chocolate. — joguei meus trunfos. Sabia que sendo por Chocolate ela não
recusaria.

— Irei sim, com muito prazer.

— Pena que não sinta o mesmo por mim. — ironizei, o que fez ela revirar os
olhos.

— Tudo bem, já parei. — levantei os braços me redimindo. — Onde posso te


deixar? — perguntei já na cidade.

— Perto da igreja está ótimo, eu farei o restante caminho a pé.

— Quanto tempo vai precisar ?

— Eu não demorarei, logo estarei na fazenda. — respondeu aflita, como se eu


tivesse cobrando algo.

— Calma, Mel. Eu só perguntei por que se você demorar o mesmo tempo que eu
preciso para falar com Frederico, eu posso te levar na volta. Assim não precisa
chamar um táxi. Mas pode demorar o tempo que precisar.

— Penso que uma hora, duas no máximo. — me olhou esperando minha


resposta.
— Tudo bem, a gente se encontra aqui no mesmo local. Quem chegar primeiro
espera o outro, pode ser?

— Sim, claro. Eu agradeço. — esboçou um sorriso de agradecimento, pequeno,


mas ainda assim um sorriso que iluminou seu rosto.

Esperei Melanie desaparecer do meu campo de visão, para seguir meu caminho
até à casa de Frederico. Fiquei me perguntando o que ela teria para fazer na
cidade pela manhã, e se teria algo a ver com seu estado de tristeza. Já na fazenda
de Frederico, depois de resolver algumas burocracias dos negócios tomamos
café juntos.

— E então, meu sócio, está pronto para o campeonato?

— Estou me preparando muito. Chocolate tem tudo para vencer esse ano

também.

— É, Camila, me falou que tem treinado bastante. E que ele tem atitude, pose e
estilo.

— Muita, esse cavalo é meu orgulho! Seu porte é perfeito, forte, e sua marcha é
impecável. Pena que você não possa montá-lo.

— É, mas eu ainda vou perder o medo e tentar montar mesmo assim.

Afinal, mais paraplégico que isso eu já não fico.

Seu comentário nos fez gargalhar. Apesar da grave queda de cavalo, que o atirou
para uma cadeira de rodas, Frederico não perdeu o amor pelos cavalos e nem o
sentido de humor.
Capítulo Dez

— Desculpe senhorita, mas analisando suas fichas de salário e não tendo


qualquer bem para uma possível penhora que sirva como garantia de pagamento,
é impossível financiarmos esse valor. É extremamente alto para a sua baixa
condição monetária. — o gerente o banco me olhava com certo descaso, embora
educado. Como se eu fosse louca de ter sequer ousado, fazer tal pedido.

— E a metade do valor?

— Infelizmente também não.

— Eu preciso muito desse dinheiro, é para pagar o tratamento da minha mãe que
tem uma doenç....

— Desculpe, você pode tentar uma angariação de fundos, vendendo rifas e afins.
Eu sinto muito. — me cortou se levantando da cadeira, dando assim por
terminado o assunto.

Tentei me controlar perante a frieza desse homem. Tudo bem que ele estava
fazendo o trabalho dele, mas não precisava ser grosso e me humilhar, fazendo
pouco caso do motivo que me levou até lá.

— Eu quero retirar todo o dinheiro que tenho na minha conta. — não deixaria
minhas economias, por mais míseras que fossem, um dia a mais naquele banco.

— Desculpe senhorita, mas para isso tem que solicitar um di...

— Eu quero minhas economias agora! — praticamente gritei, fazendo o homem


se espantar.

— Tudo bem. Me dê um momento.

Se retirou quase bufando, voltando uns minutos depois com alguns maços de
notas.

Fizemos a contagem do dinheiro juntos e meia hora depois, eu saí do banco de


cabeça erguida e com um pequeno pacote na mão, onde cabiam todas as minhas
poupanças.
Segui na direção da igreja onde fiquei de encontrar Gael. Tinha sido uma
péssima ideia ter aceito sua boleia na volta também, mas eu não podia gastar
meu dinheiro em táxi. Meus passos eram dados com pouca coragem e meu
coração estava apertado demais. Eu poderia tentar ir em outro banco, mas eu
sabia qual seria a resposta.

Já em frente à igreja, vendo que Gael não havia chegado, resolvi entrar um
pouco e me refugiar na minha fé. Assim que ajoelhei no interior da igreja, as
lágrimas que eu contive no banco caíram soltas e rápidas, fazendo arder minha
pele ainda sensível de ter chorado a noite anterior. Rezei e pedi a Deus que me
ajudasse e orientasse nesse momento difícil. Que poupasse e protegesse minha
mãe dessa doença devastadora, pois só ele poderia operar um milagre na vida
dela, e na minha, pois eu não aguentaria perdê-la.

Quando saí da igreja, Gael, me esperava distraído encostado na sua caminhonete.

— Oi, desculpa a demora. — sabia que havia demorado tempo demais na igreja.
Mas quis me recuperar antes de aparecer diante de Gael.

Ele voltou seu olhar para mim, me avaliando.

— Resolveu o que precisava? — observou o pequeno pacote que eu trazia em


mãos.

— Sim. — apertei o embrulho contra o meu peito.

— Está tudo bem com você? Parece abatida...

Por momentos passou pela minha cabeça me abrir com ele, e pedir o dinheiro
emprestado. Mas eu teria que viver duas vidas para pagar minha dívida com ele.
Gael estava expandido muito seu negócio de venda de cavalos, sobretudo desde
que fechou sociedade com o pai de Camila, também ele criador de cavalos
mangalarga, mas eu não sabia se ele poderia me emprestar tanto dinheiro assim.
Também fiquei com receio que ele usasse esse motivo para me manter cativa na
fazenda, e me pressionasse depois com as suas investidas me cobrando a dívida,
não estando nem aí para os meus

problemas pessoais.

— Estou bem, apenas alguns problemas pessoais.


— Posso te ajudar com alguma coisa, Mel? — sua preocupação parecia sincera.

— Não, obrigada. — menti.

— Vamos então?

— Sim.

Seguimos o caminho de volta à fazenda, com Gael me falando entusiasmado do


campeonato, que seria o primeiro que eu iria assistir. Me explicando quantos
cavalos participariam, as suas categorias e quais os critérios que os júris levavam
em consideração para eleger o melhor dentre eles. Foi bom, ver um lado de Gael
que eu não conhecia, pois ele estava leve, sem suas tentativas de sedução, sua
conversa era gostosa, falando dos cavalos, que eram sua grande paixão. Talvez
fosse esse seu único amor verdadeiro, ao qual não trocaria por nada na vida.

— Você ama o que faz, não é?

— Muito! Eu não me vejo fazendo outra coisa, que não envolva cavalos.

— Dá para ver como seus olhos brilham quando você está perto deles.

— Eles não brilham só perto deles. — nesse momento, Gael, desviou a atenção
da estrada focando em mim. — Eles também brilham quando estou perto de
você.

— Gael, por favor...— eu podia jurar que seus olhos lindos, verdes, tentadores,
me enfeitiçavam com um brilho de amor, paixão, desejo. E ele me irritava
quando fazia isso, pois passava a ideia de que suas intenções comigo eram as
melhores, quando no fundo ele só queria me levar para a cama.

— Parei! — esboçou um dos seus sorrisos com uma pitada de malícia, como
sempre fazia, que por mais que eu quisesse odiar, me atraíam como se fosse uma
isca. Ele sabia direitinho como me provocar, e parecia se divertir quando me
deixava sem jeito.

Assim que chegamos na fazenda, pensei ligar para minha mãe, e explicar que
infelizmente o crédito no banco foi recusado, tal como ela previu. Mas decidi
não o fazer, primeiramente por que eu não queria deixá-la triste sem qualquer
réstia de esperança, e depois por que eu ainda acreditava que iria
achar uma solução.

Os dias passaram rápidos, a solução não veio, e com isso minha angústia ficou
maior. Sem puder evitar mais, e para não causar estranheza à minha mãe, peguei
o telefone e liguei para ela.

— Oi mãe, como está?

— Oi filha, estou bem. Que bom te ouvir. Estava com saudades. E você como
está? — pude sentir o sorriso que esboçou do outro lado da linha, o que me fez
sorrir também.

— Eu também mãe, estou bem. O que a senhora está fazendo? —

perguntei sem coragem para falar sobre o crédito recusado.

— Sua tia está aqui comigo, trouxe bolo de fubá e estamos tomando um chá.

— Que maravilha, eu gostaria de estar aí com vocês.

— Estranhei não ter ligado antes...

Fez-se silêncio. Fechei os olhos, sabendo o que ela queria perguntar.

— O banco recusou o pedido, não foi, filha? Foi por isso que não ligou ?

Eu não queria mentir para ela, mas foi a única coisa que consegui fazer.

— Desculpa mãe, eu queria ter ligado antes, mas tenho tido muito trabalho esses
dias, o meu patrão vai participar de um campeonato, então tem sido uma correria
danada aqui na fazenda. Só pude ir no banco ontem. Estão analisando meu
pedido, e ainda estou esperando uma resposta. Mas vai dar certo.

— Tudo bem filha. Só te peço que não se preocupe demais com isso, tá bom? A
sua tia fez uma vaquinha na igreja, angariaram 5 mil reais.

— Que bom, eu fico muito feliz que as pessoas estão ajudando. A gente vai
conseguir o dinheiro.Te amo, mãe. Um beijo para você e outro para a tia.

— Obrigada, Mel, ela também tá mandando. Se cuida filha, também te amo.


Beijo.
Meu coração ficou apertadinho, comovida, por saber que ainda existiam pessoas
generosas e boas no mundo, mas também por saber que esse valor não chegava
nem perto do necessário.
Capítulo Onze

Entrei no duche, e pela terceira vez hoje eu batia uma punheta, depois de estar
perto de Melanie. Para ajudar à festa, Camila, viajou até São Paulo, o que me
impedia também, de me refugiar em seu corpo para acalmar meu tesão. Mel vai
me deixar louco, se continuar a me resistir. Além de parecer um adolescente,
sempre de pau feito, cada vez que ela estava por perto, agora, eu também me
estava tornando num punheteiro.

— Puta que pariu.— gemi, enquanto massageava de leve a cabecinha do meu


pau. Estava sensível e dolorido.

Minha mente fantasiava, com a boca de Melanie, me envolvendo lentamente.


Ficava imaginando se ela engasgaria, quando meu pau explorasse sua boca. Um
pouco sádico, mas eu adorava quando isso acontecia. Era algo que me levava a
um outro nível de prazer. Minhas mãos tornaram-se mais rápidas, vendo o rosto
dela, de boca toda preenchida, imaginado os sons que faria, com seus olhos
lacrimejantes ao contato do meu pau na úvula da garganta. Imaginando se ela
engoliria meu esperma, ou se acharia repugnante.

Urrei quando o orgasmo veio, forte, intenso e espesso, mesmo sendo a terceira
vez que eu ejaculava hoje.

****

Meus dias na fazenda tem sido corridos. Nas últimas semanas, recebi várias
visitas de veterinários dos laboratórios de inseminação artificial, para a indução
da ovulação de algumas fêmeas, a recolha de sémen dos garanhões e
posteriormente a introdução do sémen nas dadoras. Tratar também de toda a
parte burocrática das vendas, tanto da minha fazenda como da de Frederico,

tem me mantido bastante ocupado, o que me deixava feliz, pelo negócio das
vendas de cavalos estar em ascensão. Meus treinos com Chocolate, também
eram intensos, treinávamos por várias horas ao dia, e eu estava orgulhoso demais
dos resultados. Tendo absoluta certeza, que esse ano ele também seria vencedor.

Fui até ao estábulo para buscá-lo, pois faríamos o nosso último treino antes do
grande dia. Como eu já previa, Melanie, estava com ele. Ela o adorava, eu
percebia isso de cada vez que eu a observava perto dele. Embora houvessem
muitos outros cavalos, ela sempre se aproximava de Chocolate, e ele parecia
apreciar demais sua presença e suas carícias também.

Melanie, se concentrava em massageá-lo devagar, falando algo que eu não


percebi ao chegar. Apercebendo-se de minha presença, ela se afastou dele,
fazendo com que Chocolate se mexesse, como se buscasse novamente a atenção
de suas mãos.

— Porque para o que está fazendo, de cada vez que eu chego, Mel? O

bichinho estava amando.

— Eu não sabia se você gostava que eu viesse aqui vê-lo.

— Porque eu não gostaria, Mel?

— Não sei, bobagem...

Cheguei mais perto, percebendo algo diferente na crina dele. Era uma linda
trança embutida. Passei a mão sentido a textura dela.

— Desculpe, tê-la feito sem pedir permissão. Eu posso desfazer agora mesmo se
não gostou. — parecia nervosa, esperando minha reação.

— Está linda. — falei sincero. Eu realmente tinha gostado do novo penteado de


Chocolate. Ainda mais percebendo o carinho, cuidado e amor que ela
demonstrava por ele. Senti até um pontada de ciúmes dele.—

Obrigado! Eu amei, de verdade.

— Ficou elegante para a prova.

— Ficou sim, Mel. — esbocei um sorriso, vendo-a agora mais descontraída.

— Eu vinha buscar ele para treinar. Quer montar ele, um pouco?

— Não penso que seja boa ideia. — olhou seu vestido. — Não estou vestida de
forma adequada para isso.

— Se preferir trocar de roupa, vá.— ao contrário dela eu achava a ideia ótima,


mas eu a queria perto de mim, independentemente do que tivesse vestindo. Pois
minha vontade era arrancar qualquer tecido que pudesse cobrir seu corpo.

Vi hesitação em seu rosto.

— Te espero no redondel. Eu não vou comer você, Mel. É apenas um convite


para montar. — peguei na sela para colocar em Chocolate, sem querer parecer
ansioso com a sua possível recusa.

— Te encontro em 10 minutos. — declarou. Apenas assenti, sorrindo para mim


mesmo assim que saiu do estábulo.

Melanie ficava linda de vestido, mas quando surgiu diante de mim de calça de
montar, bota e camiseta branca, eu fiquei encantado. Ela ficava incrivelmente
sexy e atraente, com as roupas de hipismo.

Mais uma vez, guardei meus pensamentos para mim, pois se eu falasse o que
achava era bem capaz dela fugir de mim.

— Coloque o pé esquerdo no estribo, e segure as rédeas com a mão esquerda


também para que ele não se mexa, ou para o controlar caso isso aconteça.

— Gael, eu estou com um pouco de medo. Vendo assim, ele parece tão alto. —
falou receosa.

— Não sinta medo, eu não te deixarei cair. Vem cá. — estiquei uma mão na sua
direção e ela me deu a sua trêmula. Meu coração bateu forte, como se tivesse
levado uma dose de adrenalina. Que porra é essa? — Faça como te falei,
coloque o pé esquerdo no estribo, com uma mão segure a sela, que eu te darei
um impulso para que consiga alçar a perna para o outro lado.

Assim o fez e numa única vez ela conseguiu subir e sentar na sela.

— Caramba! Tá vendo? Conseguiu à primeira.— Sorriu, animada. Mas ainda


assim com algum medo.

— Quer tentar andar livremente, ou prefere que eu o guie pelo redondel até se
sentir confiante ?

— Talvez seja melhor você nos guiar primeiro.


— Tudo bem. Apenas relaxe. Chocolate, é meigo e manso, ele não vai fazer nada
que te coloque em perigo. Muito menos sendo você.

— Vou tentar.

As primeiras voltas, eu guiei chocolate segurando as rédeas dele. Quando


percebi que Melanie, já estava mais relaxada e à vontade, entreguei as rédeas a
ela.

— Tente sozinha. Eu estarei aqui perto, qualquer coisa eu te ajudo.

Coloque as costas direitas. Você precisa manter a postura correta, para ter
estabilidade, e ao mesmo tempo tentar acompanhar o movimento do trote ou
marcha.

Em pouco tempo Melanie, maneava as rédeas de Chocolate, como se fosse algo


que fizesse com frequência. Me deliciei vendo a felicidade dela, os seus peitos
saltitantes, e o seu à vontade montando, mesmo comigo estando por perto. Seus
olhos brilhavam, afastando a tristeza do que quer que a perturbasse, nessas
últimas semanas.

— Acho que já roubei muito tempo, do treino de Chocolate, com você. Por hoje
tá bom. Pode me ajudar a descer, por favor?

— Claro. — me aproximei, segurando seu quadril enquanto deu o impulso para


descer.

Seus pés tocaram o chão, minhas mãos ainda em seu quadril, seus seios roçaram
no meu peito, deixando seus mamilos ficarem mais salientes no fino tecido que
os cobria, e fazendo meu pénis ficar duro na hora, chegando até a doer. Seus
olhos tocaram os meus, havia prudência nos dela, e excitação em ambos.

— Não fuja de mim. — sussurrei, acariciando seus lábios com meu polegar.

Melanie fechou os olhos, sentindo a carícia. Me curvei um pouco e a beijei


docemente. Sem pressa, e sem querer assustá-la com minha vontade de devorar
cada pedacinho dela. Melanie, se rendeu me beijando também. Seu beijo era
quente, doce, meigo, carente.

— Você me deixa louco, sabia? — eu podia ouvir o peito dela, batendo tão
descompassado e excitado quanto o meu.

— Gael... — sussurrou de olhos ainda fechados, sentido meus beijos no pescoço


em direção à orelha.
Capítulo Doze

As mãos grandes e fortes de Gael, me tocavam de forma delicada, contrastando


com o olhar de desejo que queimava o meu. Cedi ao seu beijo, pois o meu corpo
pedia uma trégua, da batalha que eu vinha travando, ao evitar qualquer contato
com ele. Eu estava triste, preocupada, carente, precisando de um afeto, de um
carinho, e me deixei envolver pelo homem, que eu tinha diante de mim. O que
me ajudou a montar, e que conversou comigo despretensiosamente, sem me
fazer sentir um pedaço de carne pronta a ser devorada.

Meu corpo ardia de desejo perto do dele, seus beijos e suas carícias eram uma
tentação. Eu queria o seu contato, por mais que minha mente me alertasse para
me afastar. Uma coisa eu não podia negar, Gael, era um verdadeiro sedutor, e ele
estava conseguindo me atrair para a sua teia, me envolvendo direitinho, com
cuidado, subtileza, de forma ludibriante. O pior é que eu estava gostando e
necessitando de me sentir desejada, acarinhada, amada. Minha calcinha, ficou
úmida, com o simples sussurrar de sua voz rouca em meu ouvido.

— Gael... — seus beijos em meu pescoço, me dominavam, como se fosse um


feitiço.

— Eu sei que você também me quer.

Enquanto me beijava, seus dedos acariciaram por cima da camiseta meus


mamilos. Eu senti minha calcinha umedecer mais ainda, quando notei o volume
do seu pau ereto contra o meu corpo, e as carícias nos mamilos duros, me
deixarem tão excitada a ponto de sentir pequenos espasmos em minha
intimidade. Um pequeno gemido saiu de minha boca, fazendo Gael, dar um

meio sorriso vitorioso, sem tirar seus lábios dos meus.

— Deixa eu te mostrar o quanto pode ser bom, Mel.

Meu Deus, eu queria. Mesmo sabendo o quão ferrada eu ficaria, eu o queria, eu


o desejava, e ele sabia disso. Meu corpo traiçoeiro, me entregava direitinho por
mais que eu quisesse negar.

O som de uma caminhonete se aproximando, nos tirou daquele transe.


— Tá vindo alguém, Gael. — me afastei rapidamente dele e ajeitei minha
postura. Meu peito batia bem acelerado. Agradeci mentalmente, alguém ter
aparecido para interromper meu devaneio.

— Porra. — Murmurou frustrado.

Quando a caminhonete de Camila, apareceu no nosso campo de visão, já


estávamos longe um do outro, o que tornava impossível ela nos ter visto.

— Oi. Estão paparicando Chocolate?— saiu da caminhonete, sorrindo


desconfiada.

— Oi. Gael, estava me ensinando a montar. —Esperava não estar estampado na


minha cara, o que estávamos fazendo. Eu estava me sentindo péssima, por estar
agora numa troca de papéis.

— Não sabia que vinha. — Gael, respondeu de cara fechada.

Provavelmente puto, por ela ter aparecido justo nesse momento.

Ela se aproximou dele, querendo-o cumprimentar com um beijo na boca.

Mas Gael, desviou o rosto, fazendo com que seus lábios tocassem apenas sua
bochecha, deixando-a sem jeito e aparentemente confusa. Baixei meu olhar
incomodada, quando o de Gael buscou o meu. Seu maxilar estava tenso.

— Cheguei numa má hora, então? — observou Gael atentamente.

— Não, eu ia treiná-lo agora. — Gael respondeu mais descontraído.

— E essa linda trança? — acariciou a crina de Chocolate, tentando quebrar o


clima que pairava no ar.

— Foi a Mel, que fez nele.

— Ficou muito lindo, Melanie. Esse menino, vai arrasar. — sorriu.

— Obrigada. Eu tenho certeza que sim. — sorri de volta. Eu senti que Camila,
percebeu o que havia ali, e, ou estava tentando disfarçar muito bem, ou ela
realmente não se importava. Tal como Gael, falou inúmeras vezes, era
só sexo consensual entre ambos, sem cobranças de nenhuma das partes. —

Com licença, vou tratar dos meus afazeres. Até mais. — me despedi, não
querendo mais ter que ver Gael, agindo friamente com Camila. Eu estava me
sentindo ainda mais boba, por ter deixado me envolver, pois assim que ele
conseguisse o que queria, estaria agindo igual comigo.

— Até mais. — ambos responderam.

Me refuguei em meu quartinho e não saí mais de lá pelo resto do dia. Não queria
voltar a cruzar com Gael, para que não tentasse continuar o que havíamos
começado.

Me peguei pensando, se nesse momento, eles estariam transando. Era provável


que sim. Gael era fogo, e Camila, correspondia sexualmente, parecendo não
estar nem aí, se ele dava em cima de outras mulheres. De certa forma a invejei.
Pelo menos ela não sofria se envolvendo com sentimentos.

Talvez fosse possível sim, manter esse tipo de relacionamentos


descomprometidos de forma saudável, apenas por puro prazer. Senti uma
pontada de ciúmes, em imaginar Gael, transando com ela, depois da forma como
me beijou e aliciou no redondel.

Eu precisava ter cuidado, separar as águas, ele sentia tesão por mim e nada mais
que isso. Saber disso, não deveria me afetar da forma como eu me estava
sentindo. Afinal, ele sempre foi sincero, não escondendo que o que sentia por
mim era apenas carnal, desejo sexual, que eu imaginava ser ampliando pelo fato
de eu ainda ser virgem. Minha inocência o excitava ainda mais, e ele não fazia
questão de esconder.

Algumas batidas na porta me deixaram alerta, e se fosse Gael eu o expulsaria


rapidamente, não dando hipótese sequer de se aproximar. Eu estava carente
demais esses dias, e meu medo de cair na ilusão era muita.

Abri com certo receio, mas me surpreendi ao ver que era Camila.

— Camila?! Precisa de algo? — estava me preparando para sair do quarto, e


cuidar do que precisasse.

— Não, Mel. Posso entrar um pouco? — senti meu peito bater forte, com um
pressentimento ruim.

— Claro, entra. — dei passagem a ela.

— Você o ama? — perguntou assim que fechei a porta, me deixando estupefacta


diante dela.

Como assim, ela me lança essa pergunta tão diretamente?

— Do que está falando, Camila? — me fingi de desentendida, sabendo


perfeitamente que eu era péssima atriz.

— O Gael, você o ama, Mel? — seus olhos azuis transmitiram angústia.

— Por que está me perguntado isso? — saiu quase num sussurro.

— Eu preciso saber. — seus olhos não saíam dos meus, querendo uma resposta.

— Não. — respondi rápido. — Olha Camila, se foi algo que o Gael falou, não
houve nada entre a gente.

— Eu sei. — a olhei confusa. — Mel, não se iluda com Gael. Ele nunca será o
homem que você idealiza. Gael só busca pelo prazer, nada mais.

— Camila, eu não sei por...

— Por que eu já fui tão inocente como você.

— E você o ama? — retruquei. Camila sabia melhor que ninguém como Gael
era, ela não seria tão imprudente assim.

— Infelizmente, sim. — lágrimas surgiram em seus olhos.

— Camila, eu pensei que você era como ele.

— Eu tenho que fingir ser, pois é a única coisa que terei de Gael. —

admitiu, se mostrando abatida. — Sempre foi o que tive ao longo desses anos, e
eu aceito assim.

Fiz a pergunta que mais perturbava minha mente.


— Gael sabe? — ele seria um cafajeste, se tirasse partido dos sentimentos de
Camila, para seu prazer.

— Não, ele não sabe. Ele nem sequer pode imaginar isso, ou ele me afastaria
dele. — senti um certo alívio. Pelo menos Gael,não estava sendo um escroto
com ela. — Mel, eu tenho que voltar, ele deve estar terminando seu treino, e eu
preciso examinar Chocolate. Eu só vim te precaver, sei que ele tem assediado
você.

— Não se preocupe. — foi tudo o que consegui falar.

Camila saiu limpando as lágrimas, e eu fiquei com as minhas rolando em meu


rosto assim que a porta bateu.
Capítulo Treze

— Acho melhor você parar agora, Gael. Chocolate precisa descansar para
amanhã. — Camila se aproximou do redondel.

— Sim, você tem razão. Esse garanhão já fez muito por hoje. — saltei para o
chão e o encaminhei até ao estábulo.

— Está nervoso para amanhã? — Camila questionou enquanto me seguia.

— Um pouco. — confessei.

— Vocês vão ganhar, Gael.

— Estou confiante que sim. — dei um sorriso animado.

— Eu interrompi algo mais cedo, não foi?

Prendi Chocolate, encarando Camila de seguida.

— Do que está falando?

— Quando cheguei, você estava com a Melanie. Eu senti um clima. —

Camila falava de forma despretensiosa, acarinhando Chocolate.

— Sim, você chegou bem na hora que eu estava quebrando algumas barreiras
com a Mel. — Admiti.

— Gael, essa menina quer romance. Ela só se entregará ao homem da vida dela.
Alguém que ela ame e que a ame também. E ambos sabemos que você só sente
tesão por ela, não é?

— Camila, qual é a sua? Você está ficando chata.

— Eu só acho que você está perdendo tempo. — suas mãos se voltaram para
mim, acariciando meus ombros, como se tentasse me relaxar.

— O tempo que eu perca, será problema meu. — me afastei de suas mãos


irritado com o rumo da conversa.— Eu não preciso que se preocupe comigo, e
você está parecendo minha mãe. Não estou gostando disso, Camila.

— Tudo bem, desculpe. Entramos? Eu posso jantar com você.

— Não leve a mal, Camila, mas não acho boa ideia. Hoje eu também preciso
descansar para o dia de amanhã. — seu rosto demonstrou certa decepção.

— Se prefere assim, então eu vou indo. Até amanhã. — se despediu com um


beijo no rosto.

— Até amanhã.

Na verdade o problema, não era não querer jantar com Camila, mas sim depois
dele. Com certeza ela esperaria por uma noite de sexo, e hoje eu não estava no
clima. Não depois de ter sentido Melanie tão próxima e entregue.

Eu ainda tinha em meu corpo e roupas o seu cheiro a frutos silvestres. Meu
corpo inteiro pedia pelo de Melanie, e sabia que hoje ele não se contentaria com
o de Camila, por melhor que ela fosse de cama. Também confesso que
ultimamente tenho me sentido estranho com Camila, como se algo entre nós
tivesse mudado. Ela anda estranha e intrometida demais na minha vida, coisa
que ela nunca foi.

Entrei em casa e busquei por Melanie, em vão. Não estava na sala nem na
cozinha. Com certeza se refugiu em seu quarto, assustada com o que aconteceu
mais cedo. Tive vontade de bater na porta de seu quarto, mas não queria
pressioná-la. Eu teria que ser paciente, dar seu tempo. Ela estava pouco a pouco,
se permitindo e me permitindo chegar mais perto, e isso já era uma vitória para
mim. Decidi subir até meu quarto e descansar para o dia seguinte.

****

Acordei cedo, o sol ainda não tinha nascido. Me sentia muito ansioso, pois o dia
do campeonato havia finalmente chegado. Entrei no duche, e me aliviei
pensando em Melanie. Só de lembrar dos gemidos dela enquanto a acariciava no
redondel, me fizeram gozar muito. Tinha quase a certeza que ontem, se não fosse
o fato de Camila ter aparecido bem naquela hora, Mel, teria cedido aos seus
desejos. E provavelmente o que começamos no redondel, teria terminado em
minha cama. Pelo menos, algumas barreiras tinham sido
quebradas e isso facilitaria de agora em diante. Ela me desejava tanto, quanto eu.
Seu corpo a denunciava, por mais que ela tentasse contrariá-lo. E talvez tenha
sido essa a razão, pela qual eu não a vi mais ontem.

Desci do quarto, e não esperei propositadamente pela hora do café da manhã.


Hoje quem a evitaria seria eu, até ao final da prova. Precisava de concentração,
ver e estar perto da Mel, ia me destabilizar pelo resto do dia.

Eu precisava de foco, para a apresentação.

Segui até ao estábulo. Acariciei Chocolate, que se agitou assim que sentiu minha
presença.

— Calma amigão! Você também está nervoso, né? — o bichinho parecia tão
ansioso quanto eu. — Vamos arrasar, hoje. Confio em você. — o acariciei mais
um pouco, e Chocolate parecia relaxar com minhas palavras.

Montei nele e dei apenas uma volta no redondel, só para ter certeza que
estávamos prontos.

Camila e Frederico, viriam buscar Melanie e mais alguns dos funcionários da


Fazenda, para os levar até ao local onde seria o campeonato.

Peguei meu saco onde levava minha roupa para montar, alguns documentos
necessários para participação no campeonato, e os coloquei na caminhonete,
enquanto um dos meus empregados da fazenda, atrelava o trailer no qual
Chocolate, seria transportado até ao evento que seria no parque de exposições de
Caxambu. Alguns minutos depois já estava na estrada, coloquei uma música
para relaxar.

À chegada ao local, observei todos os outros participantes e analisei seus


cavalos. Haviam cavalos muito bons no campo, o que tornaria a disputa renhida.
A prova ia ser fogo.

Retirei Chocolate do trailer e o levei até ao local de repouso, onde esperaria até
ao momento da apresentação.

Música sertaneja soava no recinto, e os espetadores que iam chegando aos


poucos, se mostravam animados, se juntando aos demais nas bancadas. Me
juntei aos outros criadores. A maior parte eu já conhecia do ano passado.
Durante o tempo de espera , conversamos sobre o que mais amávamos na vida.
Cavalos. Até ao momento, em que a música parou, e um dos júris anunciou que
o início da exposição começaria em alguns minutos. Observei as bancadas por
breves segundos, na tentativa de encontrar Camila, Frederico, Melanie e os
outros ajudantes da fazenda, mas havia tanta gente

que não consegui localizá-los. A hora chegou. Os júris pediam pelo microfone,
para que os criadores se preparassem, e então, com o coração a mil caminhei até
meu parceiro. Montei Chocolate, observei mais uma vez as bancadas, e dessa
vez vi Camila empurrando a cadeira de Frederico, tentando contornar o
emaranhado de gente que havia no local para alcançar seus lugares. Melanie os
seguia. E como de costume, sua presença mexeu comigo.

A observei por mais alguns instantes, e pude perceber que já sentada em seu
lugar, ela nos procurava. Meus olhos ficaram hipnotizados, quando os dela
encontraram os meus. Mesmo de longe era palpável a atração que havia entre
nós. Incomodada ela baixou o olhar. O aceno de braços de Camila e Frederico,
me fizeram desviar o olhar dela, para lhes dar um pequeno aceno de volta.
Desviei o olhar deles, e me concentrei em Chocolate. Em breve entraríamos na
pista.
Capítulo Quatorze

Depois que Camila saiu do meu quarto, deitei na cama e refleti em tudo o que
ela falou. De certa forma eu sentia que ela não estava me alertando, apenas por
se preocupar comigo, ela estava com ciúmes do interesse que Gael demonstrava
por mim, e queria deixar bem claro seus sentimentos por ele.

Mesmo assim, foi um abre olhos, eu precisava desse abanão, para deixar de ser
boba e não cair na ilusão de que Gael poderia ser diferente comigo. Ele só queria
me levar para a cama, uma noite de sexo e ponto. Depois disso eu seria mais
uma, como todas as outras, como Camila. Eu estava me deixando envolver
demais, e agora eu entendia que o que eu estava sentindo por Gael, não era só
atração física. Eu estava me apaixonando, mesmo sabendo o quão errado era. E
eu precisava parar isso agora.

****

Acordei com os raios do sol nascendo e iluminando meu quarto. Fiz minha
higiene e me vesti rápida. Eu precisava servir o café da manhã para Gael.

Hoje é o dia da prova e ele sairia cedo com Chocolate, para o recinto onde será o
campeonato. Não o encontrei na sala como de costume, e quando cheguei na
cozinha me avisaram que ele já havia saído há muito tempo.

Voltei para o meu quarto, enquanto esperava por Camila, que me daria uma
carona. Peguei em meu celular e liguei para minha mãe. Estranhei não ter
atendido nenhuma das três chamadas que fiz durante a manhã, mas lembrei que
provavelmente estaria na casa de minha tia, e talvez tivesse esquecido o celular.
Entretanto Camila chegou, guardei meu celular na bolsa, caso minha mãe
retornasse as chamadas e fui ao seu encontro.

Já na estrada ela e seu pai, falavam sobre a prova animados. Pude perceber o
quanto Chocolate, se tornaria num dos garanhões mais cobiçados e

procurados para reprodução, caso vencesse hoje. Os prêmios davam aos cavalos
uma maior visibilidade e procura, da parte de outros criadores para a reprodução
da raça com a mesma genética que os cavalos e éguas vencedores.

— É a primeira vez que vai assistir não é, Mel? —Frederico questionou.


— É sim, estou ansiosa.

— Você vai adorar. Tenho certeza que meu sócio, vai vencer. Esse cavalo dele,
Chocolate, é um diamante bruto, que está sendo lapidado e valerá uma fortuna
depois de conquistar os prêmios.

Não comentei nada, apenas assenti com um sorriso. De negócios de cavalos eu


pouco entendia, mas sabia o quanto Chocolate era importante para Gael. Ele
amava aquele cavalo, mais do que qualquer coisa na vida. E sabia que esse
prêmio era algo que ele desejava muito e que trabalhou arduamente para o
merecer. Eu mesma tinha um carinho por ele, me refugiando no estábulo cada
vez que eu me sentia em baixo. Acarinhá-lo me deixava relaxada, como se ele
me passasse uma boa energia, agindo como uma terapia para os meus tormentos.

Na chegada ao recinto, rapidamente achamos nossos lugares. Segui Camila e


Frederico até uma das bancadas onde havia acesso a cadeirantes. Procurei por
Gael logo de seguida, o encontrando já com seus olhos em mim. Seu olhar
flamejava. Senti um aperto em meu peito, não com uma sensação ruim, mas
como se Gael fosse algo inalcançável para mim. Ele estava tão lindo, parecia tão
seguro montado em Chocolate. Sua pose era sério e de quem poderia vencer
qualquer coisa na vida. Baixei meu olhar, não conseguindo mais manter o
contato, ele sempre mexia comigo e eu começava a ficar realmente preocupada.

Os árbitros anunciaram o início da prova, e um nervoso miudinho ocupou meu


coração. Eu estava torcendo muito por ele.

Ao todo haviam 200 cavalos para serem apresentados. Ver todos eles desfilando
com seus criadores, se tornou num espetáculo lindo. Cada um deles tinham suas
características e seus próprios estilos na marcha. Meu coração se encheu de
emoção quando Gael e Chocolate, entraram na pista, com mais onze outros, e
tive que piscar algumas vezes para não deixar que alguma lágrima escapasse.
Tentei observar os outros concorrentes, mas era impossível tirar os olhos de
Gael. A sua atitude montando, seu porte, sua

pose, faziam dele ainda mais charmoso, rebelde, imponente, e incrivelmente


sedutor.

Os três árbitros, iam fazendo seus comentários em relação a cada um deles.

Observando o gesto da marcha, adestramento, temperamento, rendimento e


regularidade, comodidade, sobre a forma como mantinham a cabeça e cauda, o
estilo e a morfologia de cada animal.

Ainda bem que não era eu quem julgaria nenhum dos participantes. Pois eu só
tinha observado Gael, e quase nem reparei em Chocolate. Meus Deus, eu estava
ficando louca.

Camila e Frederico, assobiavam e aplaudiam entusiasmados a cada passagem de


Gael na nossa frente. Mas Gael, estava tão concentrado na sua apresentação, que
parecia que estava fechado numa bolha de vidro, onde só existia ele e Chocolate,
não se permitindo sequer a voltar o rosto na nossa direção.

No final da exposição, os criadores formaram uma fileira aguardando o resultado


do campeonato, sendo chamados pelas respetivas categorias. Nesse momento, os
olhos de Gael se voltaram para a nossa bancada, esboçando um pequeno sorriso
parecendo agora mais relaxado. Camila lhe enviou um beijo no ar, e Frederico
aplaudia entusiasmado.

" Terceiro lugar, garanhão marcha picada vai para Flash, da fazenda

Boavista, de seu criador Luís Dias."

O sons dos aplausos preencheram o recinto, e o vencedor festejou junto.

" O Segundo lugar, do melhor garanhão marcha picada, vai para

Temor, do Haras Marnei, seu criador Antônio Fonseca. "

Novos e frenéticos aplausos se fizeram ouvir. Gael acariciou Chocolate, agora


ele se mostrava nervoso, fechando os olhos. Camila e Frederico ficaram quietos
e em silêncio, esperando o anúncio do primeiro lugar.

" Agora saberemos, quem é o vencedor do tão desejado primeiro lugar. "

Os espectadores observavam ansiosos, esperando pelo anúncio dos árbitros. A


tensão da expectativa era grande e palpável, entre os criadores.

" Então, o vencedor do primeiro lugar, do melhor garanhão marcha

picada, é…" — uma pausa propositada foi feita, para criar mais suspense no
anúncio. — " Chocolate, da fazenda Santa Clara, do criador Gael Borges"

O público se levantou, saltou, gritou e aplaudiu o vencedor de forma

frenética e explosiva.

Gael, abraçou e beijou o pescoço de Chocolate, se ajoelhando de seguida no


chão, com as mãos no rosto chorando. Ver ele tão emotivo me emocionou
também. Eu estava muito feliz, que ele conseguiu o que ele tanto almejava.

Ele tinha se dedicado muito, era muito merecido.

De seguida ele era puxado, pelos outros criadores e algumas pessoas do público,
para abraços de felicitação. Gael abraçava de volta todos eles, sorrindo e
chorando de alegria. Camila correu até ele, e num pulo envolveu suas pernas em
seu quadril, o abraçando intensamente. Gael a envolveu com seus braços fortes,
ajudando a sustentar seu peso sobre seu corpo, aceitando o beijo rápido que
Camila lhe deu na boca. A maioria das pessoas nem percebeu, mas ter assistido
aquilo me deixou esmorecida.
Capítulo Quinze

Depois de colocada a faixa em todos os cavalos vencedores, da entrega dos


respetivos prêmios, e de algumas fotos, Gael, veio até mim e Frederico. A
felicidade estava estampada em seu rosto, seus olhos brilhavam e um sorriso
perfeito iluminava seus traços.

— Parabéns, meu amigo! Eu sabia que vocês sairiam vencedores. — Gael se


debruçou para abraçar seu sócio. De seguida se voltou para mim.

— Parabéns, vocês arrasaram. — o felicitei. Gael deu mais um passo na minha


direção.

— Obrigado! Não vai me dar nem um abraço? — sorriu provocador. Me


aproximei e o abracei. Seus braços me envolveram, me fazendo sentir o calor
que emanava do seu corpo, mesclado com o cheiro de cavalo e um pouco de
transpiração. Não era um cheiro incômodo, mas sim másculo e até excitante.

— Tem algo aqui latejando, só de sentir seu calor. — sussurrou em meu ouvido.

— Gael, para. — sussurrei de volta, com medo que alguém tivesse ouvido.

Nos soltamos e fiquei aliviada que Camila e Frederico, estavam distraídos


conversando com outros criadores de mangalarga. Senti meu celular vibrar na
bolsa. Pedi licença e segui até ao banheiro, me afastando dos ruídos para poder
atender. Era o número de minha mãe.

— Alô, mãe.

— Oi Mel, sou eu sua tia. — um pensamento ruim passou por minha cabeça.

— Oi tia! Onde está minha mãe? Aconteceu alguma coisa?

— Sim, Mel. Infelizmente sua mãe caiu, bateu a cabeça num móvel, e teve que ir
pro hospital levar três pontos.

— Meu Deus, tia. Como ela está? — meu coração só faltava sair pela boca.

— Agora ela está bem, querida. Já estamos em casa e ela descansando.


Eu vi suas chamadas e resolvi ligar para te avisar, pois na hora que tudo
aconteceu não deu tempo.

— Eu entendo. Vou agora mesmo para aí, vou tentar arrumar um ônibus...

— Mel, sua mãe está bem. Não precisa de vir, foi só um susto. Pode ficar
descansada. Você sabe que com o avanço da doença, seus músculos vão
perdendo a força. Eu ficarei aqui em casa com ela. Você precisa trabalhar, Mel,
para dar conta de todas as despesas.

— Tia, já conseguiram mais algum dinheiro com a vaquinha que estão fazendo
na igreja?

— Não querida. — respondeu depois de um suspiro. — O banco já te deu


alguma resposta?

— Foi recusado tia, estou desesperada. — confessei de lágrimas nos olhos.

Minha tia ficou em silêncio por alguns segundos. A minha angústia, era também
a dela.

— Minha filha, a gente vai dar um jeito.

— Sim, tia. Eu vou arrumar o dinheiro para esse tratamento. Cuide dela, por
favor. Beijo.

— Sim, pode deixar. Fique descansada. Beijo.

Me juntei novamente a eles, disfarçando minha angústia. De nada serviria


saberem de meus dramas familiares.

Os festejos cessaram, e quando o recinto começou a ficar vazio, já começava a


anoitecer.

Camila se aproximou me oferencendo carona para a fazenda, mas Gael interveio.

— Não precisa levá-la, Camila, obrigado. Mel pode voltar comigo.

Camila assentiu e se despediu dele, dessa vez com um beijo no rosto. Gael
apertou a mão de Frederico, e eu acenei para ambos me despedindo. O segui até
sua caminhonete.

— Chocolate não vem? — perguntei, não vendo o atrelado na caminhonete.

— Ele já foi. Os outros funcionários da fazenda o levaram. — respondeu abrindo


a porta para mim.

— Está com fome? — perguntou enquanto suas mãos grandes, seguravam o


volante fazendo a manobra para sair do parque de estacionamento.

— Um pouco. — admiti, lembrando que eu não tinha comido quase nada


durante o dia. — E você?

— Estou faminto. Não comi nada o dia inteiro, por causa do nervosismo do
campeonato.

— Eu imagino. Você saiu cedo, nem tomou o café da manhã.

— Na verdade, esse eu saltei deliberadamente, para não te ver pela manhã.

Fitei seu rosto, esperando uma explicação. Gael me lançou um olhar rápido,
abrindo um sorriso divertido, enquanto se concentrava na estrada.

— Se eu te visse pela manhã, eu ia andar de pau feito pelo resto do dia. Eu


precisava me concentrar para a prova.

— Você é um tarado, Gael. — declarei.

— Gostou de ter assistido a prova? — mudou de assunto, me deixando mais à


vontade.

— Muito. Não tinha a ideia, de que seriam assim tantos participantes.

— Sim, a cada ano, tem mais ainda. Chocolate se comportou muito bem, não é?
Esse garanhão é meu orgulho.

— Sim, vocês formam uma bela dupla.

Em alguns minutos chegamos na fazenda. Gael subiu tomar um banho, enquanto


eu fui preparar algo para ele jantar.
— Sente-se à mesa comigo, Mel. Você também não comeu, e é mais agradável
ter companhia. — convidou assim que desceu. O perfume dele depois do banho
sempre me inebriava. Gael trazia vestido uma calça de moletom preta, e uma
camiseta cinza, que fazia relançar o tom de seus olhos.

Fui buscar mais um prato e me sentei de frente a ele. Falamos sobre coisas
aleatórias e descontraídas, e no final do jantar me levantei para recolher as
louças. Gael me ajudou levando as coisas até à cozinha. Estávamos sozinhos

na casa, o resto do pessoal já havia se recolhido.

— Deixe a louça, para amanhã. Você está cansada, agora. — fechou a torneira da
água, quando eu comecei a lavar os pratos.

— Eu lavo rápido, e irei descansar de seguida. — respondi rápido, abrindo de


novo a água na esperança que ele se afastasse de mim, ao perceber que eu não ia
deixar meu serviço por fazer.

— Você deve cumprir as ordens do seu patrão, Mel. — se posicionou por trás de
mim. Seus braços longos, alcançaram novamente a torneira fechando-a. Eu
sentia sua respiração pesada em meu ouvido, e seu volume entre meu bumbum.

— Gael, o que está fazendo? — fechei os olhos, sentindo seus dedos roçarem o
tecido por cima dos meus seios já arrepiados.

— Terminando o que começamos ontem. — sussurrou em meu ouvido, e


mordiscando o lóbulo da minha orelha com os lábios.

Gael me prensava de costas para ele contra a pia. Uma de suas mãos deixou meu
seio, e desceu até minha coxa. Arrepios percorriam o meu corpo, a cada toque
dele em meu corpo, a cada respiração em meu ouvido, enquanto me beijava o
pescoço. Minha cabeça tombou para trás se apoiando em seu corpo. Ele estava
me hipnotizando mais uma vez, com suas carícias, com seu corpo colado no
meu. Lentamente Gael, começou a subir meu vestido, nunca deixando de me
beijar. Com o tecido do vestido puxado para cima, sua mão acariciou minha coxa
até à virilha.

Soltei um gemido, quando senti seus dedos entrarem dentro da calcinha.

— Vai ser bom, Mel... — buscou meu ponto mais sensível e o tocou com
cuidado. Soltei outro gemido. Eu estava tão excitada que era capaz de gozar só
com um único toque.

— Gael... — Gemi, com seus dedos massageando meu clítoris, e depois


descendo até à entrada da minha boceta. Me senti envergonhada, pois já estava
toda melada.

— Você me deixa louco, Mel. Já está tão pronta.— dessa vez o gemido saiu dele,
enquanto a pontinha do dedo massageava de leve minha vulva. —

Por favor, não me deixe mais sofrer de tesão. Meu pau tá doendo demais.

Um pensamento doido, começou a ocupar minha mente. Eu precisava do

dinheiro para o tratamento da minha mãe, a soma era alta e eu jamais


conseguiria pagar um empréstimo desse valor a quem quer que fosse.

Lembrei do que Gael me falou uma vez, que o sexo era uma troca entre duas
pessoas. Ele me queria, estava obcecado por minha virgindade, e eu precisava do
dinheiro.

Lágrimas se formaram em meus olhos, só em pensar me vender dessa forma,


mas eu estava desesperada e a vida da minha mãe, era mais importante que a
minha dignidade. Respirei fundo, ganhando coragem para falar.
Capítulo Dezesseis

A mão esquerda que ainda acariciava meu peito, subiu até minha garganta, onde
Gael, segurou delicadamente, me fazendo tombar mais a cabeça para trás contra
seu peito. Sua boca me beijava desde o ombro esquerdo até ao pescoço, dando
pequenos chupões em minha pele. Sua mão direita acariciava meu clitoris, seus
dedos minha vulva, de forma meiga, como se fosse uma peça frágil. Gael estava
me deixando louca, apenas com seus toques. Minha intimidade chegava a doer,
como se precisasse de algo mais, que eu ainda não havia experimentado, para
saciar e acalmar.

No meio daquele transe, mais uma vez minha mãe veio em minha mente.

Ela tinha caído, sua doença estava avançando a olhos vistos, roubando pouco a
pouco suas capacidades. E eu estava ali, gemendo baixinho, desarmada, carente,
entregue a Gael e a todas as sensações que ele me provocava. Uma sensação de
culpa bateu em meu peito.

— Por favor, Mel, me deixa te fazer gozar muito. Eu serei delicado, vai gostar.
Você me deseja, seu corpo diz isso. — seu polegar acariciou meu lábio, enquanto
depositou um beijo perto da orelha. — Sinta só o quanto está molhadinha.
Imagine minha língua passando aqui. — seu dedo roçou meu clitoris mais uma
vez me fazendo gemer de novo.

Engoli o nó que se formou em minha garganta, e aproveitei o momento de


adrenalina para falar o que tanto me estava custando. Eu precisava tentar, era a
única solução que eu tinha no momento. E acreditava que, depois que Gael
tivesse o que queria, ele me deixaria em paz.

— Não aqui na Fazenda, Gael. — eu não queria fazer nada ali, que me trouxesse
memórias futuras. Eu estava entrando num terreno bem perigoso e

eu queria criar limites. Seria apenas uma vez, e eu não iria me permitir envolver
como Camila.

A respiração de Gael acelerou cheio de expectativa.

— Tudo bem, procurarei um hotel. — falou retirando as mão da minha calcinha


e me voltando para ele. Seus olhos eram puro desejo, e chegavam a queimar os
meus. Meu corpo ardia de desejo, enquanto minha alma doía.

Gael, segurou meu rosto e me beijou na boca, de uma forma tão intensa, que se
eu não o conhecesse, poderia dizer que estava apaixonado. Senti uma vontade
enorme de chorar, mas me mantive firme. Pressentido algo estranho, Gael,
deixou meus lábios, abriu seus olhos e focou nos meus, parecendo ver até minha
alma.

— O que foi, Mel? —Suas mãos ainda sustentavam meu rosto de forma
delicada. — Você está com medo?

— Eu tenho uma condição. — Seus olhos me olhavam atentos, esperando o que


diria. Minha vontade era fechar os meus envergonhada, mas nem pestanejei
mostrando uma força que eu não sentia. — Eu serei sua por 250

mil reais. — soltei não querendo mais prolongar a tortura.

As mãos de Gael saíram instantemente de mim, recuando um passo, como se


fosse tomado por um choque. Seus olhos passaram de meigos e preocupados,
para frios e distantes.

— O que disse? Você está botando um preço na sua virgindade, no seu corpo? —
seu tom incrédulo, saiu num fio de voz.

Deus, como estava me custando repetir as palavras, mesmo se ele as tinha


entendido muito bem.

— É isso mesmo que você ouviu, Gael. — baixei meu olhar, não conseguindo
mais encarar seus olhos verdes, sem o brilho de antes. — Eu deito com você, por
esse valor.

Gael voltou as costas para mim, em silêncio. Esfregou o rosto algumas vezes,
antes de voltar a me encarar.

— Eu nunca paguei mulher alguma, para levar para a minha cama. Todas com
quem deitei, foram por puro prazer e atração sexual de ambas as partes.

O que te leva a crer, que eu pagaria essa fortuna para te ter? — seu olhar era
puro desprezo.
Fiquei em silêncio. Meus olhos marejaram, eu não me sentia forte o suficiente
para aguentar sua frontalidade. Talvez tenha sido ingénua, achando que Gael,
pagaria por algo que ele tinha certeza que teria de mão beijada. Ele que se
achava o fodão, sentia agora seu ego ferido.

— Você me acha assim tão desesperado por você, a ponto de pagar qualquer
quantia que você queira me extorquir? — continuou.

— Gael, eu...

— Paga de inocente, puritana, que só se entregará ao amor da sua vida, e no


fundo não passa de uma falsa e usurpadora. — me interrompeu.

Tentei mais uma vez, explicar para ele o real motivo dessa condição.

Afinal, era o que eu devia ter feito desde o início.

— Eu preciso do dinheiro para...

— Pois fique sabendo, que se eu soubesse que você era assim, eu não tinha nem
chegado perto. Nem de graça eu te quero mais. Se bobear, nem virgem você é.

Suas palavras foram como punhais em meu peito. As lágrimas que eu sustentava,
rolaram em meu rosto. Baixei o olhar mais uma vez, não conseguindo mais
encarar seus olhos irados. Não havia nada que eu pudesse explicar, pelo menos,
não nesse momento, em que Gael não me ouviria de tão nervoso que estava.

— Minha vontade é te despedir. — vociferou.

— Enquanto me assediou, estava tudo bem, né? — limpei meu rosto com o
dorso da mão.

— Eu te assediei, mas você me queria também. Ou eu achava que queria.

No fundo você só estava fazendo jogo comigo.

— Você me disse que sexo era uma troca, eu te fiz uma proposta. Não precisava
me ofender. Bastava ter recusado. — retruquei, com a voz trêmula.

— Saia daqui! — me deu as costas de novo. Sua cabeça estava baixa e ele
esfregava o rosto exasperado.

Novas lágrimas vieram, caminhei até meu quarto. Deixando meu corpo deslizar
pela porta, assim que a tranquei, caindo de seguida num choro compulsivo. Meu
ar chegava a faltar. Eu me sentia baixa, vulgar, humilhada, desprezada e
desesperada. Mais uma vez, eu não tinha solução para o meu

real problema. E agora, correndo até o risco de ser despedida. Pior que o que
estava minha vida, não podia ficar.
Capítulo Dezessete

Ainda atordoado pelo que acabava de acontecer, me dirigi até ao estábulo.

Eu precisava de Chocolate, para acalmar os sentimentos que invadiram meu


peito. Ele logo se agitou, sentido minha presença no escuro.

— Vem cá campeão. Preciso de você amigo. — o retirei da baia.

Já no exterior do estábulo, o montei e cavalgamos livremente pela fazenda.

O ar fresco da noite, e o vento que batia em meu rosto, tinha um efeito


anestésico em mim. Eu tentava não pensar em nada, apenas sentir a energia da
natureza, e os movimentos do seu trote. Tentei controlar também minha
respiração, eu estava alterado demais. Chocolate, parecia tenso, eu não tinha
colocado a sela nele, e sentia o quão reteso seu dorso estava, como se meu mal
estar passasse também para ele.

— Desculpe, eu estou frustrado. — acariciei sua crina, como se ele pudesse me


entender.

As palavras de Melanie, vinham novamente aos meus pensamentos. Minha


cabeça martelava, a ponto de parecer explodir. Ela tinha me pego de surpresa,
com sua proposta. Eu estava puto, por ter permitido que ela se sentisse tão
desejada, ao ponto de me fazer uma proposta tão absurda.

Ela acreditaria mesmo que me tinha na mão?

Revolta fez meu peito bater mais forte e descompassado. Ao mesmo tempo,
flashes em minha mente, me recordavam do seu olhar triste, pungente, aflito,
envergonhado, que não combinava em nada com a sua prepotência e ousadia. Eu
andava tão cego, com o tesão que eu sentia por ela, que me deixei cair num jogo,
ao qual eu seria explorado. Não sei se o que mexia mais

comigo, era a decepção de perceber que ela não era a inocente que eu acreditava,
ao ponto de vender seu corpo, ou o fato de ela acreditar que eu pagaria para ter
sexo com ela.

Duas horas se passaram sem que eu desse conta. Chocolate, já demonstrava


cansaço. O dia tinha sido tão intenso para ele, quanto para mim.

O devolvi ao estábulo.

— Descanse garanhão. Eu também ficarei bem. — acariciei seu dorso, tentando


relaxá-lo um pouco antes de voltar para casa.

Era bem tarde quando deitei em minha cama. Eu me sentia abatido, chocado,
frustrado. O turbilhão de emoções e pensamentos que invadiam minha cabeça,
não me deixaram pregar olho a noite inteira.

****

Levantei bem cedo e me enfiei no duche. Água morna deslizava por meu corpo.
Escorei meus braços contra a parede, deixei a cabeça tombar para a frente,
enquanto deixava o jato de água, cair sobre os músculos tensos de minhas costas,
esperando relaxar um pouco. Desci para o café da manhã, sem apetite algum.
Mas eu não ia ficar evitando aquela ninfetinha do capeta.

Sentei na mesa e esperei alguns minutos, até Melanie surgir no cômodo trazendo
café e pão em uma bandeja. Seu olhar vinha baixo, mas o meu focou nela, não
querendo mostrar meu incômodo depois de ontem.

— Bom dia!— falou baixo polida, enquanto colocava as coisas na mesa.

— Bom dia! — respondi, percebendo suas mãos trêmulas me servindo.

— Vai desejar algo mais? — viu-se obrigada a encarar meu rosto.

Percebi seus olhos inchados, vermelhos, perdidos. Parecia abatida, triste,


atormentada. Provavelmente estava constrangida por ontem. Senti um aperto no
peito sem saber ao certo por que motivo.

Lembrei que já a tinha visto assim antes. No dia que me pediu carona para a
cidade. Ela tinha o mesmo olhar perdido de agora.

— Não. Pode ir. — falei seco.

— Gael, eu...
— Bom dia campeão! — Camila entrou na sala, animada, interrompendo
Melanie, que provavelmente se iria desculpar por ontem.

— Bom dia! — respondi sem emoção, depois de receber um beijo no rosto.

Camila sorriu para Melanie, ficando perplexa diante do semblante abatido que
nem tentou disfarçar.

— Vocês estão a cara da derrota. — nos olhou com atenção. — Aconteceu


alguma coisa?

Melanie baixou o olhar. Eu podia sentir a tensão que exalava dela.

— Já tomou café da manhã? — ignorei a pergunta.

— Ainda não. — seu olhar passeava entre mim e Melanie confusa. — Vim mais
cedo para tomar junto com você.

— Então sente, por favor. — apontei a cadeira em frente a mim. Camila se


sentou.

— Traga mais uma xícara de café e uns pães, por favor. — pedi sem encarar
Melanie. Rapidamente ela saiu em direção à cozinha.

— Era para você estar feliz com a vitória de ontem. — Camila sondou.

— Não preguei olho a noite toda. — beberiquei meu café.

— O que houve, Gael?

— Nada que eu queira falar. — Camila acatou e permaneceu em silêncio.

Melanie chegou com mais café e a serviu se retirando depois de ser dispensada.

— Meu pai, quer convidar você para uma festa, onde festejaremos sua vitória. Se
tiver tudo bem para você, será na nossa fazenda.

— Sim, será um prazer.

Camila me explicou que seriam chamados outros criadores, onde fariam um


churrasco, haveria música ao vivo e passaríamos um bom bocado festejando a
vitória de Chocolate. Sua vitória era algo benéfico para ambas as fazendas, pois
cada dose do seu sémen, sendo ele um dos melhores garanhões de marcha
picada, seria vendida a um valor bem remunerado. Frederico tinha uma das
melhores éguas, e a procura de potros com a genética de ambos aumentaria, o
que faria as duas fazendas aumentarem as vendas e os lucros da criação da raça
com as doações de esperma e óvulos. Sem falar que Chocolate, passou a ser
muito mais valorizado pelos prêmios obtidos, graças

à sua excelente morfologia.

Passei o restante dia ocupado na fazenda, verificando e limpando os cascos do


cavalos, trocando suas ferraduras e escovando suas pelagens. Alguns deles
tiverem direito até a um banho. As baias foram limpas e novo feno foi colocado
no lugar. Verifiquei a água e a comida, antes de voltar para casa para um
merecido duche. Eu estava fedendo a transpiração e pingado suor.

Fazia um calor abrasador. Também me sentia exausto, por não ter dormido e
pelos pensamentos que atormentavam minha mente.

Subi no quarto e tomei meu banho. Desci algum tempo depois para tomar algo
fresco.

Estranhei não ver ninguém na cozinha, me servi da água que havia na geladeira.

Maria entrou na cozinha, com um copo vazio na mão parecendo preocupada.

— Aconteceu alguma coisa? — questionei vendo sua agitação.

— É a Mel, Gael. Ela tava passando mal.

— O que ela teve? — perguntei preocupado.

— Eu não sei ao certo, acho que quebra de tensão. Já levei uma água com açúcar
para ela. Está descansando agora.

Bebi minha água e fui em direção ao seu quarto. Parei diante da porta ao ouvir
que estava falando com alguém no celular. Esperei que terminasse o telefonema
para bater em sua porta.

" Vou procurar um agiota ..."


Fez-se uma pausa. Percebi pequenos soluços de choro.

" Eu sei tia, mas não tenho outra solução para conseguir esse dinheiro."

Silêncio .

"Só se a senhora contar para ela. Por favor, não faça isso, tia. Eu não quero
preocupá-la."

Mais soluços abafados.

A angústia sentida em sua voz era palpável. Pensei em seus olhos na noite
anterior e na mesma angústia que existia neles.

Qual seria o motivo pela qual estava tão desesperada por dinheiro? Seria essa a
razão pela qual me fez a proposta? O que a atormentava tanto?

Passei os dedos nos cabelos, perdido em meus pensamentos, tentando encontrar


uma resposta para todas as minhas dúvidas. Dei alguns minutos depois de ter
desligado a chamada, para bater em sua porta.

Melanie a abriu, com seus olhos ainda úmidos e bastante inchados. Percebi que
não esperava que fosse eu, mas se afastou um pouco me dando passagem.

Dei um passo em frente e a olhei em seus olhos.

— Sua proposta ainda está de pé ? —perguntei direto.

Seu olhar desolado focou o meu. Uma lágrima escorreu de seu olho direito, com
o dorso da mão a limpou rapidamente. Segundos de um silêncio gritante se
passaram, até que Melanie, simplesmente acenou positivamente com a cabeça.
Capítulo Dezoito

Apesar de sua resposta, ainda que silenciosa, ter sido positiva, seu olhar triste e
angustiado negava.

Se ela estava fazendo isso por necessidade, e sentindo atração por mim, ela
deveria mostrar alívio e não desespero.

— Amanhã à noite, virá um táxi, para a levar até ao hotel onde me encontrará.

Melanie, mais uma vez, sem dizer uma palavra, balançou a cabeça
positivamente. Seus olhos marejados não saiam dos meus, mas eu tinha a
sensação de que ela não estava realmente me vendo. Um arrepio passou por meu
corpo.

— Tem mais alguma condição?

— Que não me machuque. — murmurou.

Dessa vez quem não teve palavras fui eu, mantive-me em silêncio, buscando em
seus olhos, o porquê de tudo isso.

Acreditaria ela que eu seria capaz disso?

Por fim, sem repostas, assenti e saí do seu quarto. Se minha cabeça já estava
cheia de dúvidas, agora ainda mais. Nessa noite, o cansaço venceu a minha
mente inquieta.

****

Saí de casa bem cedo, evitando me cruzar com Melanie. Eu precisava passar na
casa de Frederico, e justificar a grande quantia que iria retirar da conta da
sociedade. Os meus bens, eram essencialmente os meus cavalos, a Fazenda, e o
dinheiro que eu ia ganhando com as vendas. Que era igualmente investido em
reformas para melhorar as condições da fazenda, aumentar os

recursos para a criação de equinos, e agora nos métodos de reprodução artificial.


Tinha um pé de meia, mas que não chegava nem de perto ao valor exigido por
Melanie, e daí ser obrigado a mexer na conta da sociedade.
— Duzentos e cinquenta mil reais, Gael? Vai fazer obras na fazenda? —

Frederico mostrava-se chocado com o valor anunciado.

— Sim, Frederico. Eu pegarei da conta da sociedade, e vou repondo com o


dinheiro das minhas vendas. Não, não será para nenhuma obra.

— Desculpe Gael, mas eu preciso saber onde você vai investir meu dinheiro. —
ele me encarava sério.

— É algo confidencial. — eu não ia contar que tinha recebido tal proposta.

— Então sem jeito, Gael. Eu te faço confiança, mas esse valor não é pouca coisa.
Sem saber qual será o seu destino, eu não estou de acordo que você mexa na
conta.

Sem a autorização de Frederico, não havia nada que eu pudesse fazer.

— Eu vou emprestar para a Melanie. — contei meia verdade.

— O quê? — perguntou surpreso. — Para que ela precisa de tanta grana?

E a pergunta mais importante, de que forma ela te pagará essa fortuna?

Frederico estava me deixando nervoso. Eu não queria dar mais satisfações,


embora eu entendesse o lado dele. Era bastante dinheiro em jogo. Eu faria
exatamente as mesmas questões, no seu lugar.

— Por favor, Frederico. É algo importante. Eu assino o que precisar, assumindo


essa dívida e pagarei com todos os lucros que eu tiver das doações. Também
posso te dar alguns cavalos como forma de pagamento adiantado.

— Vocês estão tendo um caso?

— Não! — respondi nervoso.

— Meu amigo, eu não sei onde você está se metendo, mas, eu espero que você
tenha certeza do que faz. Nosso combinado, foi que o dinheiro da sociedade era
para investimentos nas duas fazendas.

— Eu sei, e eu te pagarei cada centavo o mais breve possível.


Frederico deu meia volta com a cadeira de rodas encarando a janela panorâmica
do seu escritório, de onde tinha acesso a toda a vista sobre as

terras e seus cavalos.

— Tudo bem. Mas faremos esse documento, para deixar bem claro a quantia
retirada e um prazo estipulado para repor o dinheiro. Não posso correr o risco de
ficar descalço, Gael. Esse dinheiro me faz falta também.

— Sim, eu entendo. Trate do que for preciso.

Ele ficou me encarando por mais alguns segundos.

— Você não está perdendo a cabeça, por um rabo de saias, não é Gael?

— Porque está me dizendo isso?

— Essa quantia, para uma empregada da fazenda, que não deve ter grandes
meios para te pagar...

— Não se preocupe, Melanie vai pagar sim. Eu assumo a responsabilidade,


quanto ao dinheiro retirado da conta.

— Tudo bem, se você está tão certo. Que assim seja. Assim que tiver os
documentos te darei para que os assine.

— Tudo bem.

— Você parece abatido, está tudo bem? Pensei que ia encontrá-lo em êxtase pelo
prêmio do campeonato.

— Sim, está tudo bem. Apenas cansaço.

— Camila lhe falou sobre a festa?

— Falou sim. Te agradeço Frederico, por ter pensado.

— Acho que temos que comemorar como deve ser essa vitória. — falou com um
entusiasmo, que eu também deveria sentir. Afinal, eu consegui o que tanto
desejava, o primeiro lugar. Mas a noite que deveria ter sido de alegria, terminou
de forma péssima, e o que se estava a passar, me tirou qualquer alegria e vontade
de festejar.

— Sim, tem razão.— respondi sucinto.

Frederico, me anunciou que a festa seria no final de semana. Agradeci mais uma
vez, ter aceite o meu pedido de empréstimo, e pela festa que organizaria para
mim. Me despedi e fui direto no banco cuidar da transferência.

Uma angústia começava a tomar conta de mim. Eu estava preocupado,

sem saber exatamente o que fazer ou dizer, assim que estivesse diante da Mel.
Havia reservado o hotel para essa noite, e pedido um táxi para buscá-la na
fazenda. Olhei o relógio e faltavam apenas duas horas para a hora marcada.
Decidi ir direto para o hotel, onde tomaria meu banho e aguardaria por ela.

Na chegada ao hotel, verificaram minha reserva, e me entregaram a chave do


quarto. O recepcionista, tomou nota do nome de Melanie, e a indicaria até ao
quarto assim que chegasse.

Depois do banho, me servi de uma dose de whisky, estava tenso e necessitava


relaxar. Fui sentar na varanda, onde podia admirar a vista sobre um grande
jardim, iluminado por pequenas tochas. O céu estava bastante estrelado. Tinha
tudo para ser uma noite perfeita, não fosse esse aperto que sentia em meu peito.

Batidas leves na porta, me fizeram levantar para abri-la, sabendo que era ela.
Capítulo Dezenove

Quando abri a porta do quarto, não esperava ver Gael. Ele se mostrava
impassível. Na minha mente ele veio para me demitir, depois de tudo o que se
passou na noite anterior. Ele tinha ficado com uma ideia muito errada de mim, e
eu não o julgo por isso. Afinal, eu deveria ter me explicado logo.

Mesmo assim a atitude dele me apanhou de surpresa, e suas palavras doeram. Eu


já estava me sentindo péssima e elas ainda me atingiram mais.

Teria me explicado pela manhã, não fosse Camila, ter chegado na mesma hora.
Dentro do meu peito havia um misto de emoções. Desespero, por não conseguir
ajudar minha mãe, e alívio, por Gael ter recusado a minha proposta. Teria sido
uma solução rápida, mas que custaria minha dignidade e princípios. E que
atropelaria todos os meus sentimentos.

Recuei para que pudesse entrar. Deu um passo ficando diante de mim. Sua
pergunta, foi direta. Me perdi nos seus olhos, com mil pensamentos passando em
minha mente. Eu deveria me explicar, mas agora ele estava diante de mim,
pronto a aceitar a proposta, e em nada ia mudar.

Pensei apenas em minha mãe, sem forças e sentindo meu peito rasgado, assenti.

Ele me via agora como uma garota de programa, e pensando em suas palavras na
noite anterior, talvez ele acreditasse mesmo que eu já não era virgem.

****

Gael não tomou café da manhã em casa, e esteve o dia todo fora da fazenda, o
que me deixou um pouco mais aliviada. Eu precisava me preparar
psicologicamente para essa noite, em que mudaria tudo na minha vida.

Mantive-me em meu quarto, não conseguindo comer nada durante todo o dia,

sentindo ânsias de vômito e chorando. Eu estava nervosa demais, e a ansiedade


só aumentava ao longo que as horas passavam.

Perto da hora que o táxi viria, tomei banho e olhei meu guarda roupa. Não
fazendo ideia do que vestir, para o que eu ia fazer. O aperto no peito só
aumentava e o medo também. Peguei uma lingerie preta rendada, e um dos
vestidos que tinha também preto. Sequei meu cabelo e disfarcei minhas olheiras
com um pouco de base. O taxista conversou comigo o caminho todo até ao hotel,
mas eu não prestei atenção em nada do que falou.

Já na recepção do hotel, e depois de identificada, o recepcionista, bastante


prestativo e cordial me acompanhou até ao elevador me indicando o andar e
número do quarto em que encontraria Gael.

Meu peito batia descompassado, me fazendo parar um pouco antes da porta para
me acalmar. Minha vontade era fugir, de tão angustiada e envergonhada que
estava. Inspirei profundamente algumas vezes até ganhar coragem e bater na
porta.

Gael a abriu em alguns segundos, e num silêncio constrangedor fez sinal para
que eu entrasse. Meu peito apertou, eu estava me sentido a mulher mais vulgar e
vazia do mundo. Entrei e esperei que ele me instruísse o que fazer.

As luzes do quarto eram tênues, e havia uma enorme varanda com vista sobre o
jardim. Gael passou por mim e se dirigiu até ao barzinho do quarto.

— Quer tomar algo? — perguntou concentrado na dose de whisky que servia.

— Não, eu não tenho hábito de beber.

Seus olhos, com uma expressão indecifrável se voltaram de novo para mim.
Bebeu um gole da bebida, pousando o copo de seguida. Pegou um envelope que
havia sobre a mesinha do quarto, e veio em minha direção.

— Seu cheque. — se colocou diante de mim, olhando bem no fundo dos meus
olhos, com o envelope na mão, esperando que eu o pegasse. Pisquei algumas
vezes, eu não podia chorar, não agora. A salvação da minha mãe estava ali
naquele envelope, e junto a minha desonra.

Quando minhas mãos trêmulas o pegaram, Gael ficou me encarando de forma


intensa. Ele parecia me provocar, mas não da mesma forma que das outras vezes.
Esse não era o Gael, de antes, ele estava agindo friamente. Eu não via mais
aquele ardor em seu olhar. Baixei o olhar, não aguentando mais

encará-lo.
— Gael, faça logo o que tem que fazer, por favor...— pedi, não aguentando mais
o clima pesado em que nos encontrávamos.

Minhas palavras o fizeram desviar seus olhos dos meus e caminhar até o copo da
bebida, dando mais um gole.

— Como eu te falei antes, eu não pago para ter sexo.

Fiquei em silêncio. Meu coração batia forte, de medo, de vergonha e


humilhação.

— Eu tenho duas perguntas para você.

Não desviei meus olhos dele, esperando.

— A primeira... você acha que eu realmente seria capaz de te machucar?

— sim, ele já me machucava sem saber.

— Você ficou com uma ideia errada de mim, eu não sei o que esperar...

Gael continuou:

— A segunda, é... em que merda você está envolvida, a ponto de ter que vender
seu corpo?

Toda a pressão que eu estava sentindo, veio com força junto com as lágrimas.

— Eu devia ter explicado antes... — limpei meu rosto, e me acalmei um pouco


antes de continuar.

— Vamos Melanie. — falou sem demonstrar muita paciência.

— Minha mãe. Esse dinheiro é para ajudar minha mãe.—consegui falar entre
soluços.

— E para ajudar sua mãe, você se vende?

— Gael, não é o que está pensando. Minha mãe tem uma doença degenerativa
rara, de nome Machado-Joseph, que faz com que ela vá perdendo o controle
muscular e a coordenação motora. Ao longo do tempo, a doença vai fazer com
que ela tenha dificuldade em falar, engolir, vai perdendo suas capacidades. Na
última consulta com um especialista, foi-lhe dado a conhecer um novo
tratamento, que está a ter bons resultados, em pacientes com a mesma doença. É
numa clínica da Flórida, daí os custos serem elevados.

— E porque não pediu o dinheiro emprestado, em vez, dessa maldita proposta?


— Gael parecia revoltado, chateado e eu não tirava a razão dele.

— Eu pedi no banco mas foi recusado. Sabe que nem que eu trabalhe a vida toda
para você, eu consigo pagar essa dívida.

— Mel, você ia se vender! — esfregou o rosto nervoso. — Se não fosse eu, você
ia se vender para outro? — sua pergunta, soou a acusação.

— Não pensei nisso, mas se tivesse que o fazer, eu faria... — admiti num fio de
voz.

— Meu Deus, Mel...— me deu as costas, bebendo o whisky que restava no copo
de uma vez.

— Você não sabe o que é ver minha mãe definhando de dia para dia, Gael.

Eu sinto muito, pela forma como o fiz, mas foi a única saída que eu encontrei.
Eu não posso perder, a única pessoa que eu tenho na vida. Minha mãe sempre foi
meu pilar, foi mãe e pai ao mesmo tempo. Sempre foi uma batalhadora e agora
essa maldita doença quer tirar ela de mim, de uma forma tão lenta e dolorosa. —
solucei.

Nesse momento, Gael veio até mim e me envolveu em seus braços, de uma
forma meiga e protetora. Chorei encostada em seu peito.

— Eu te desejo, mas nunca te tocaria nessas condições.

— Eu não tenho como te pagar, Gael.

— Não se preocupe com isso agora. Desculpe, pela forma como agi. Sinto muito
por sua mãe. — suas mãos pousaram em minha cabeça, acariciando meus
cabelos. — Shhhh... não chore Mel, tá tudo bem agora.
Capítulo Vinte

Saber o motivo de tal proposta, deixou-me impactado. Várias coisas passaram


pela minha cabeça, mas não esperava nada tão forte. Agora sim, fazia sentido
todos os momentos que a percebi estranha e abatida. Sem saber ao certo o que
dizer ou fazer, a única coisa que me ocorreu, quando a vi lavada em lágrimas foi
lhe dar um abraço, e dizer que tudo ficaria bem, acariciando seus cabelos.

Seu choro abafado me apertava o peito. Sabia que parte dessa tensão acumulada,
era também causada pela pressão que sentia a ter que se forçar a deitar comigo
para cumprir o acordo. Percebi seu nervosismo assim que entrou no quarto,
pálida e trêmula. Seu corpo estava lá, mas sua alma não. E

os seus olhos pediam socorro. Confesso que saber e sentir isso, me deixou
abatido, não que eu tivesse intenção de cobrar minha parte da proposta nesses
termos. Mas sim, por perceber que ela ainda reluta a mim, e que talvez o que eu
achei que seria desejo de sua parte, afinal, não passou de uma ilusão minha. A
deixei chorar em meu peito até se acalmar, massageando sua cabeça. Perdido
também em meus pensamentos.

— Se sente melhor? — perguntei, recuperando o copo de água que tomou.

— Sim, obrigada. — seus olhos estavam muito vermelhos. Senti por isso, pois
seu olhar era lindo, mas não com essa tristeza que ultimamente residia neles.

— Você está muito pálida. Comeu alguma coisa hoje?

— Não.

— Mel, sinceramente... você deveria ter comido. Teve sorte que não lhe

cobrei minha parte da proposta.

O olhar dela me indagou. Esbocei um sorriso humorado, percebendo sua


ingenuidade.

— Você não ia aguentar nem o primeiro tempo. — finalizei, pegando o telefone,


para encomendar nosso jantar no quarto.
Percebendo onde eu queria chegar, Mel baixou o olhar corada e constrangida.

— Quer admirar um pouco a vista sobre o jardim, enquanto o jantar não chega?

— Sim.

A deixei passar na minha frente, e fiquei admirando como o vestido preto que
portava, a deixava elegante contornando cada curva de seu corpo.

— Eu te levaria a jantar num restaurante, mas penso que você não está no clima
e parece exausta com tudo isso. — sentei em uma das cadeiras que havia na
varanda, do lado dela. Ambos admirávamos a vista.

— Sim, e meu rosto assustaria os demais clientes do restaurante.

— Mesmo assim seu rosto é lindo. Mas é bem mais lindo, sem a tristeza e
preocupação nos seus olhos. — seu olhar se voltou para mim.

— Obrigada, por ter sido compreensivo. Eu não sei como, nem por quanto
tempo, mas tentarei te pagar cada centavo.— Seu queixo tremeu, indicando que
choraria de novo.

— Shhh...— me voltei para ela, segurando seu rosto. — Eu não quero te ver
chorando mais. Você me paga como e quando puder, não pense mais nisso.

Melanie respirou fundo e segurou o choro.

O nosso jantar chegou e jantamos falando de coisas aleatórias.

— Então você terá que viajar com sua mãe?

— Talvez na primeira semana, para ver como funciona o acompanhamento do


tratamento. Mas nas seguintes, minha tia poderá acompanhá-la. Afinal eu
preciso continuar trabalhando.

— Seu pai nunca procurou vocês? — não sabia se deveria tocar no assunto, mas
quando dei por mim a pergunta já estava feita.

— Não. Nem faço ideia de quem ele seja. Minha mãe simplesmente ignorou que
ele existiu um dia, nunca me falou muito sobre ele. Só o necessário para que eu
entendesse o que aconteceu.

— Humm.

— E você Gael? — a garfada de risoto que ia levar à boca, voltou para o prato.
— Sua família, nunca vem te visitar? — a encarei. Eu não gostava muito de falar
nesse assunto, mas já que Mel, parecia não saber e tinha contado sobre sua mãe,
decidi sanar sua curiosidade.

— Meu pai, faleceu de ataque cardíaco há 5 anos.

— Desculpe, eu não sabia.

— Isso porque não é fofoqueira, qualquer pessoa da fazenda teria te contado. —


continuei — Minha mãe, sumiu com um empresário com quem se envolveu.
Acho que meu pai teve o ataque por conta do desgosto.

— Sinto muito.

— Vai desejar sobremesa? — mudei intencionalmente de assunto. — Eles fazem


um bolo chamado fondant au chocolat, que é delicioso.

— Nesse caso vou querer sim, nunca provei. — me levantei para fazer o pedido
pelo telefone.

Melanie parecia descontrair ao longo da noite, o que consequentemente, me


deixou mais relaxado também depois de toda a tensão. Bebi mais um pouco do
vinho, admirando a forma como ela bebia o seu. Ao início recusou, por não estar
habituada, mas insisti para que provasse um pouco, por fim pareceu apreciar.
Enquanto seus lábios tocavam delicadamente o copo, saboreando o vinho, eu só
imaginava eles tocando em mim, talvez de uma forma não tão delicada assim.

Ignorei meus pensamentos devassos, pois meu sexo já estava ganhando volume
dentro da calça. E não queria deixar a Mel desconfortável, se se apercebesse.
Hoje eu hastearia a bandeira branca, com pena de não poder usar o meu mastro.

— Já que a gente está aqui. Pensei em passarmos a noite, podemos aproveitar


dessa vista mais um pouco. O que me diz?

Melanie me olhou inquieta.


— Mel, é só conversar e dormir. Eu ficarei com o sofá e você com a cama.

— assegurei antes que pensasse algo errado.

— Tudo bem. — respondeu ainda hesitante.

— Se eu quisesse fazer algo com você hoje, a essa hora a gente já estava
fazendo. Confie na minha palavra.

— Eu confio. — respondeu me olhando nos olhos.

— O que não quer dizer que, pelo fato de eu não te cobrar minha parte da
proposta, eu tenha desistido. Eu te quero. — fui direto. Nada ia mudar, eu ia
investir nela, até ceder aos meus avanços e cair na minha cama.

— Gael, você e eu somos opostos. Você quer libertinagem, eu quero amor, um


relacionamento sólido.

— Você pode provar os dois lados, e depois decidir o quer na sua vida.

Sua inocência faz você sonhar com um conto de fadas, mas ao longo da vida,
você vai percebendo que nem tudo são rosas.

— Eu não sou tão tapada assim, Gael. Nem vivo num mundo encantado.

Eu só não quero dessa forma.

— Tudo bem. — dei tréguas.


Capítulo Vinte e Um

Aos poucos o peso que sentia em meu peito, foi-se dissipando. Me sentia
aliviada por ter o dinheiro para ajudar minha mãe, e por Gael não ter cobrado sua
parte do acordo.

Gael estava sendo um cavalheiro, e eu me senti segura. Daí ter aceite ficar essa
noite, mesmo sabendo que provavelmente tentaria algo. Mas pelo menos eu
sabia que não seria como cobrança dele, não seria forçado ou como obrigação
minha. E se ele tentasse eu daria um jeito de fugir dos seus intentos, como de
todas as outras vezes.

Ficamos observando a vista sobre o jardim e conversando depois do jantar.

Já tarde me sentei na beirada da cama e vasculhei minha bolsa buscando a


camisola de dormir. Com ela em mãos, olhei Gael que se despia. Era impossível
não reparar em seu corpo, vendo-o apenas com uma cueca boxer branca.

Seu físico forte, com todos os seus músculos bem evidentes nos braços e costas,
fruto do trabalho árduo que fazia na fazenda e provavelmente por montar
também. Sua pele em um tom bronzeado lindo, seu peito depilado, abdômen
bem definido e suas pernas bem musculosas. Ele possuia uma tatuagem no
ombro direito, de um cavalo e uma rosa dos ventos. Eu já o tinha visto sem
camiseta algumas vezes, mas nunca em trajes menores. A única vez que o vi nu,
ele estava com Camila, e estava tão escuro que eu só consegui ver seu rosto se
contorcendo de prazer com ela.

— Quer tocar, Mel? — perguntou de forma convidativa.

— O quê? — saí do meu transe sem ter ouvido o que falava.

— Estava perguntando, se você quer tocar?

— Não, desculpe, eu estava distraída.

— Eu percebi. — sorriu de forma sensual.

— Vou-me trocar. — desviei meus olhos dele e fui para o banheiro.


Eu não podia negar, que Gael me enchia as vistas e alterava os meus batimentos.
Ele era o pecado em carne e osso.

Troquei minha roupa, e me olhei no espelho do banheiro. Apesar da camisola


que tinha vestida, não ser demasiado ousada, eu me sentia despida demais, para
encarar os olhos de Gael sobre mim, assim que voltasse para o quarto. Lembrei
da luz tênue do quarto e ganhei coragem para sair. Gael já estava deitado, e pude
perceber que ele grande demais para o pequeno sofá que o acolheria essa noite.
Seus olhos passearam por mim, de uma forma apreciadora. Eu praticamente me
joguei na cama, me refugiando debaixo dos lençóis.

— Algo me diz que essa noite vai ser péssima. — sua mão direita pousou sobre
a cueca boxer, como se tentasse conter um animal enjaulado.

— Se quiser voltar para a fazenda, podemos. — sugeri.

— Não, eu não perderia essa oportunidade de te ver em camisola, bem diante de


mim, mesmo sendo uma perfeita tortura, por nada dessa vida.

Sorri sem jeito. Mas ele que quis assim, então agora que aguente.

— Durma bem Gael. — seu olhos pareciam fogo sobre os meus. Esfregou o
rosto rapidamente e me desejou boa noite, desligando as poucas luzes que
haviam.

Demorei muito tempo para dormir. Eu ouvia a respiração alterada de Gael, ele se
remexia bastante no sofá, parecendo sem sono também. Acordei na madrugada
sentindo sede. O quarto estava numa escuridão total. Não acendi nenhuma luz
para não acordar Gael, e caminhei até ao barzinho pegar uma água. Quase tomei
um susto quando percebi a porta da varanda aberta, e o encontrei sentado numa
das cadeiras. A lua o iluminava, e ele estava tão quieto que me pareceu
dormindo.

Caminhei até ele, hesitante, para perceber se ele estava bem.

— Também não está conseguindo dormir, Mel? — sua voz rouca, me fez dar um
pulo de susto.

— Acordei com sede. E você porque não dorme? — me olhou.


— O sofá é super desconfortável. E também estou com fome. — suas

palavras pareceram ter duplo sentido.

— Quer dormir na cama, que eu fico com o sofá?

— Sinceramente, dormir, é o que menos me apetece.

Se levantou e caminhou em minha direção, me pegando de surpresa quando


colocou suas mãos sobre minha cintura e me fez recuar. Sua boca invadiu a
minha, assim que me sentiu prensada contra a porta de vidro da varanda. Seu
beijo era necessitado, faminto, excitado. Sua respiração parecia de alguém que
acabava de fazer uma maratona. Seu corpo parecia fogo sobre o meu.

— Eu prometi não te tocar, eu sei... — sussurrou entre o beijo. — mas é mais


forte do que eu. — Sua mão pegou a minha, e a levou até bem no meio de suas
pernas. Me fazendo sentir o grande volume que havia dentro da cueca boxer. —
Toque, sinta, como você me deixa. O que você faz comigo. Eu não consigo
dormir, porque ele ainda não baixou desde que você saiu do banheiro com essa
maldita camisola.

— Gael, você está alterado. — respondi ofegante, com seus lábios nos meus.
Minha mão era segurada pela dele tocando sua excitação pura e dura.

— Estou doido por você. Não me faça sofrer mais, Mel... — pediu rouco em
meu ouvido, enquanto fazia com que minha mão o acariciasse por cima da
cueca. — Não faremos nada, mas me alivia um pouco, por favor.

— Eu não sei fazer isso Gael. — meu Deus, eu deveria ter dito que não queria, e
não que eu não sabia. Mas eu me sentia muito excitada, com seu corpo colado no
meu, como se eu também buscasse por alívio.

Seu olhar buscou o meu, e apesar da pouca iluminação eu vi um brilho intenso


neles. Segurou meu rosto com as duas mãos, me beijando e conduzindo ao
interior do quarto.

Senti o colchão tocando minhas pernas, e Gael me fez deitar nele, debruçando-se
sobre mim ainda com sua boca na minha.

— Me deixa te dar um pouco de prazer primeiro. Não passarei dos limites, eu


juro. — sua boca, percorria agora meu pescoço em direção aos meus seios.

Me mantive em silêncio, permitindo, completamente arrebatada e rendida aos


seus beijos e toques em meu corpo.

Suas mãos baixaram as alças da camisola, deixando meus seios desnudos.

Sua língua deu atenção a um deles, sugando o mamilo com delicadeza.

Pequenas contrações eram sentidas em minha intimidade, como se meu mamilo


estivesse interligado a ela, a cada sugada de sua boca.

Fez o mesmo com o outro, enquanto sua mão esquerda, acariciava o interior de
minhas coxas. Minha respiração estava pesada e excitada. Eu me controlava para
não gemer tão facilmente, mas era quase impossível. Cada gesto de Gael, era
como uma tortura de prazer, que me fazia querer exprimir o que sentia.

— Não sinta vergonha de sentir prazer, Mel. Gema o quanto quiser. —

murmurou em meu ouvido. Fechei meus olhos, me contorcendo aos seus toques
sobre a minha calcinha.

Ele continuou;

— Não sabe o quão excitante é para um homem, ouvir uma mulher gemer de
prazer. — Nesse momento ele se aninhou no meio de minhas pernas e passou a
língua sobre o tecido da calcinha.

Sentir o toque da sua língua, e o calor da sua boca, apenas com o fino tecido nos
separando, me deixou molhada instantaneamente, arrancando um grande gemido
de mim.

— Isso Mel, se libere. Você geme muito gostoso. Não vejo a hora de te ver
gemendo, comigo dentro de você.

Abri meus olhos encarando-o, me sentindo agora um pouco tensa com suas
palavras.

— Relaxa, não será hoje. Isso só acontecerá quando você se sentir preparada. —
beijou minha boca, me acalmando.
Me sentindo relaxada novamente, deixou minha boca se aninhando entre minhas
pernas.

— Eu só vou brincar um pouquinho. Se você não gostar de algo, me diga que eu


paro na hora. — seu olhar esperava uma resposta.

Acenei positivamente. Não me sentia preparada para perder minha virgindade


com Gael, mas também não queria deixar de ter suas mãos em mim, e deixar de
sentir as sensações que me provocava. Era um misto de emoções em meu peito e
meu corpo.

Gael tirou minha calcinha, me deixando exposta como nunca tinha visto

antes.

— Você é linda. — sussurrou, admirando meu corpo.

Fechei meus olhos, e me deixei levar pelas sensações assim que sua língua
alcançou meu clitóris.
Capítulo Vinte e Dois

O seu olhar cheio de expectativa sobre o meu, enquanto eu tirava a calcinha dela,
me deixou ainda mais excitado. Meu pau parecia a ponto de explodir de tanto
tesão, admirando seu corpo nu e sua buceta toda depilada.

Era linda, delicada, intocada, ainda. Mel estava tão excitada quanto eu, embora
com alguma timidez e receio. Eu não passaria dos limites, mas a faria sentir
tanto prazer, que ela não esqueceria nunca essa noite, nem ia conseguir guardar
sua virgindade por muito mais tempo.

Me debrucei no meio de suas pernas, e lambi de leve seu clitóris. Apesar de


ainda sentir um pouco de receio, Mel, fechou os olhos se deixando levar pelas
sensações ao sentir minha língua quente e úmida nela. Um gemido saiu de sua
boca. Continuei chupando delicado, enquanto massageava com um dedo a
entrada da sua boceta já molhadinha, fazendo-a relaxar.

Chupei, lambi e mordisquei de leve com meus lábios, seu pontinho mais
sensível. Fleti suas pernas, e as abri mais um pouco, a queria bem exposta para
mim. Beijei o interior de suas coxas.

Mel gemia baixinho, seu corpo se contraia em alguns momentos. Senti seu gosto
agridoce, quando minha língua explorou sua entradinha apertada. Um gemido
mais alto saiu de sua boca.

— Você é deliciosa, Mel. — Acariciei seus seios, enquanto minha língua,


explorava cada centímetro de sua intimidade.

Sua respiração ficou mais alterada, Mel se contorcia cada vez mais. Suas mãos
apertavam o lençol com força, de cada vez que chupava seus pequenos lábios
genitais e o clitóris. Com uma mão, rocei meu dedo na sua entradinha,
aproveitando sua própria lubrificação para lubrificar seu clitóris e estimula-lo
com os dedos. Enquanto minha boca a chupava com mais força agora,

sugando todo o seu mel.

— Vou ficar louco, com tanto tesão que você me provoca. — sussurrei,
observando Melanie quase gozando. Ela tentava abafar seus gemidos, mas eles
saiam sem permissão, assim como seu corpo correspondia com pequenos
espasmos. Suas pernas começaram a tremer. — Isso Mel, goze. Goze muito.

Quero te lamber todinha. — chupei novamente seu clitóris e a penetrei só com a


pontinha do dedo.

Meu pau estava tão excitado, dolorido e babado dentro da cueca, que senti medo
pela primeira vez, de gozar apenas vendo uma mulher gozando.

Mel gritou se contorcendo em minha boca, suas costas arquearam e suas mãos
pegaram firmes meus cabelos. Como se tentasse me impedir de tirar minha boca
dela, enquanto gozava. Não parei de a chupar, até seu corpo cair sem forças e
amolecido na cama. Seus olhos mal conseguiam abrir. Seu rosto e corpo suavam.

— Você fica linda gozando. Ainda mais do que eu imaginei. Ouvir seus gemidos
me deixaram de pau babando.— beijei seus lábios. — Se você não mudou de
ideia, eu preciso que você me alivie agora, Mel... — beijei seu pescoço. Seus
olhos se abriram.

— Gael, você tem que me ajudar. Eu nunca fiz isso antes. — sua voz saiu num
sussurro.

— Pode deixar. — peguei ela no colo e a levei até o banheiro.

Coloquei Mel dentro no enorme box, e abri a água do duche até ela cair morna.
Mel, ficou me observando tirar a cueca boxer, enquanto a água escorria por seus
cabelos, lavando seu corpo. Seu olhar se expandiu, quando me viu totalmente nu
e excitado. Eu tinha a impressão de que meu pénis, estava ainda mais inchado e
maior que o habitual. Fixei em seu olhar, que desviou do meu assim que entrei
no box. Sabia que ela estava se sentindo perdida, sem saber o que fazer ou como
reagir. Sua timidez a refreava, e talvez meu tamanho também.

— Tá vendo como me deixa? — segurei sua nuca enquanto a beijei


intensamente. Propositalmente fiz meu pau roçar nu entre suas pernas.

Mel gemeu em meus lábios. Seu corpo encostou na parede enquanto eu beijava e
roçava nela. A água continuava escorrendo sobre nossos corpos excitados.

— Toque nele, Mel. — peguei sua mão e a levei até meu pau. Seus dedos o
circundaram. Esse pequeno gesto me fez fechar os olhos de tanto tesão.
— Comece devagar, fazendo movimentos de vaivém. Assim. — minha mão
acompanhou a dela, e Mel começou a fazer o movimento de forma delicada. —
Isso, Mel. Está vendo como estou por sua causa? Fico assim, de todas as vezes
que meu corpo está perto do seu.

— Você é um tarado, Gael. — sussurrou, continuando os movimentos.

Eu gozaria apenas com o calor das suas mãos suaves em mim, me masturbando.
Mas eu queria mais.

— Me deixa sentir um pouco sua boca, Mel.— pedi, certo que negaria, mas me
surpreendendo, ela se aninhou diante de mim.

— Gael, não goze em minha boca, por favor. — pediu timidamente.

— Não se preocupe, não farei nada que não sinta vontade. — compreendi, pois
sabia que nem todas as mulheres se sentem à vontade para receber e engolir o
esperma do parceiro sexual. Ainda mais sendo a Mel, totalmente inexperiente e
em sua primeira descoberta no mundo sexual.

Não perdi tempo, e segurei com as duas mãos seus cabelos num rabo de cavalo,
já não aguentando mais, doido para meter na boca dela. Mel abriu a boca, e meu
pau entrou bem devagar nela. Só com a visão, de ver meu pau enchendo sua
boca, e sentido sua língua acariciar a pele sensível da cabecinha eu quase gozei,
parecendo um adolescente fodendo pela primeira vez.

— Meus Deus Mel, não imagina o quão gostoso é ter sua boca em mim. —

gemi.

Tirei meu pau que tinha colocado apenas pela metade, e voltei a penetrar sua
boca devagar, dessa vez metendo um pouco mais fundo. Mel, se engasgou e seus
olhos lacrimejaram. Com uma mão, sequei suas lágrimas. E

saí de novo de dentro da sua boca, para ela se acostumar com grossura e
comprimento.

— Você é muito grande, Gael. — Engoliu a saliva, e seus lábios se abriram


novamente. Enfiei devagar, mas tentando ir mais fundo.
— Aos poucos se acostumará ao tamanho. Respire pelo nariz. — fechei meus
olhos, delirando com as sensações que sua boca me causava.

Mel, engasgou novamente. Tirei meu pau de novo e me debrucei beijando

seus lábios.

— Você é um tesão Mel. — enfiei de novo em sua boca. — Isso, Mel, abre bem
a boquinha. Você consegue receber ele todo. — meu pau entrava pouco a pouco,
um pouco mais dentro dela.

Mel se engasgava, lacrimejava e tossia quando eu tirava meu pau. Suas mãos
seguravam minhas coxas, me fazendo maneirar meus movimentos.

Minhas mãos pegavam seus cabelos, maneando sua cabeça num vaivem um
pouco mais rápido.

— Eu estou quase gozando Mel, preciso de fazer com um pouco mais de força.
— Gemi. Meu peito batia cada vez mais forte, sentindo que estava chegando no
meu limite. — Mas não vou enfiar tudo em sua boca, nem gozarei dentro dela.
Relaxa. — seus olhos focaram nos meus, neles havia um brilho diferente. Mel
estava gostando das sensações que me estava provocando, tanto quanto eu gostei
das que provoquei nela até fazê-la gozar.

— Isso, não tire os olhos dos meus. Quero ver bem seu rosto enquanto gozo. —
Segurei forte seus cabelos e penetrei sua boca com força, com estocadas não tão
profundas mas rápidas.

Mel, continuou engasgando em algumas estocadas. Uma das mãos deixou seus
cabelos, para segurar seu queixo quando quis baixar o olhar.

— Não baixe o olhar. — pedi com a voz entrecortada. Eu estava a ponto de


explodir e queria ver seu rosto. — Você ainda vai acabar comigo, Mel.

Meti uma vez mais, e antes que o líquido branco jorrasse de dentro de mim, tirei
meu pau gozando no chão do duche. Fazendo com que a água levasse a prova do
prazer que Mel, havia me dado. Meu corpo inteiro estava em êxtase, trêmulo,
excitado e pronto para mais.
Capítulo Vinte e Três

Assustei com seu tamanho, seu pénis era grande e grosso, e com algumas veias
salientes de tão excitado que estava. Sem experiência, segui seus comandos, me
sentindo despreparada para o que ele estaria acostumado. Era tudo novo para
mim, eu nunca tinha tido algo tão íntimo com nenhum homem. O máximo que
aconteceu foram uns beijinhos durante a minha adolescência. Mas quando Gael
começou a gemer, e as feições do seu rosto deixaram transparecer todo o prazer
que também estava sentido, me deixou mais confiante.

Vê-lo com uma mão escorada na parede do box do duche, enquanto gozava
depois de eu ter feito oral nele, me fez pensar que talvez eu estivesse perdendo a
cabeça, mas essa noite eu me sentia tão envolvida com Gael, que não neguei
meus sentimentos e minhas vontades. Gael me fez sentir sensações que eu nunca
tinha experimentado. Ele sabia direitinho como fazer uma mulher sentir muito
prazer e seu poder de sedução era enorme, para com meu coração já rendido a
ele. Queria proporcionar a ele um pouco de prazer também.

Deixou que a água lavasse seu corpo, e voltou seu olhar de novo para mim me
fazendo levantar. Seu olhar era como o de um leão, sobre sua fêmea. Sua boca
atacou a minha, me beijando intensamente contra a parede do box.

— Não sabe o quanto desejei por isso... — Falou contra meus lábios.

Sentia seu sexo ainda rijo roçando em mim.

— Eu fico feliz que você tenha gostado. — falei sem saber direito o que dizer.

Gael se ajoelhou diante de mim. O olhei sem entender o que fazia. Afastou um
pouco minhas pernas, suas mãos afastaram os lábios da minha intimidade,

e sua língua acariciou novamente meu clitóris.

Era uma sensação tão prazerosa que meus gemidos, escapavam de mim, por
mais que eu tentasse contê-los. Sentia meu corpo tão excitado, não querendo que
ele deixasse de me proporcionar o prazer que me provocava.

Sua língua passeava entre minha entrada e meu clitóris, ele o chupava, e
massageava alternadamente. Minhas pernas começaram a ficar novamente
bambas, minha vagina contraia de prazer pronta a explodir em êxtase.

Segurei seus cabelos delirando de prazer.

— Goze de novo, minha linda...

Meu corpo trêmulo e meus gemidos o fizeram chupar meu clitóris com mais
afinco até eu gozar.

Gael se levantou e me beijou novamente.

— Eu ficaria a noite toda te chupando, Mel. Você é muito gostosa. —

envolvi meus braços em seu pescoço me sentindo sem força e espirando de


forma pesada. — Está gostando Mel? — balancei a cabeça positivamente, não
conseguindo falar, e sentindo novamente sua ereção contra meu corpo.

— Preciso pegar uma camisinha. — levantei meu rosto para olhá-lo.

Tensa, pois eu não queria ir tão longe essa noite. — Calma! — pareceu ler meus
pensamentos. — Eu falei que não passaria dos limites e por mais que eu deseje
muito, eu vou respeitá-los.

Beijou meus lábios novamente e saiu do box, voltando alguns segundos depois
com um pacotinho em mãos. Antes de entrar no box, o rasgou e colocou a
camisinha, jogando o papel prateado no lixo.

Sentia a minha respiração acelerar novamente, quando ele se aproximou.

Seu olhar se prendia no meu, desejo e tesão extravasava dele. Pegou meus
braços e os segurou no alto contra a parede do box, com uma das mãos.

Se inclinou e chupou um dos meus mamilos, me deixando imóvel ainda


prendendo meus braços, seu pénis roçou entre minhas pernas.

— Gael, eu não...— sua boca calou a minha, com mais um beijo.

— Eu não vou te penetrar, Mel. Só vou brincar um pouco, relaxa.

— Porque colocou a camisinha então?


— Porque ambos sabemos que mesmo sem penetração, se eu gozar em você,
poderá correr o risco de engravidar. Confia em mim?

— Confio. — admiti.

Gael se posicionou novamente entre minhas pernas, que se mantinham fechadas,


apenas fazendo seu pénis roçar no meio delas, num vaivem lento.

Meu clitóris era ao mesmo tempo acariciado, por seu pénis me deixando
novamente excitada. Sua mão ainda segurava meus braços, enquanto sua boca
chupava meus seios alternadamente. Seu corpo se movimentava contra o meu,
cada vez mais rápido e necessitado.

— Não vejo a hora de você me deixar entrar em você. — gemeu. Não falei nada,
fechando meus olhos sentindo o prazer me vencer novamente. —

Mesmo assim, você já me deixa louco.

Soltou meus braços e segurou meu quadril, se movimentando mais rápido entre
minhas pernas. Sentia sua cabecinha roçar em cada parte externa da minha
intimidade. Sua respiração ficou mais forte e pesada. Segurei seus ombros
excitada com o que fazia.

— Puta que pariu, eu vou gozar. — Sua cabeça tombou sobre meu pescoço
grunhindo em meu ouvido e dando umas estocadas mais rápidas até gozar.

Terminamos nosso banho, e enrolados nas toalhas de banho voltamos para o


quarto, nos dando conta de que o sol já estava nascendo.

— Já está amanhecendo. — falei admirando o nascer do sol pela janela.

— Deixa amanhecer. — veio por trás de mim beijando meu ombro direito.

— Agora a gente precisa descansar um pouco. — fechou as cortinas e me puxou


para a cama.

Sua toalha foi atirada para uma das cadeiras que havia no quarto, se deitando nu.

— Vai dormir enrolada na toalha? — ficou me olhando com um braço debaixo


da nuca, relaxado tombado sobre as almofadas e parecendo se divertir.
— Não. — coloquei a minha também numa cadeira e procurei minha camisola.

— Qual é Mel, depois de tudo o que fizemos, acho que não precisa usar nada.
Dessa vez a gente vai dormir de verdade. Você acabou comigo, pelo menos por
algumas horas. Vem. — me puxou para a cama.

Deitei do lado dele, me cobrindo com o lençol. Gael sorriu sedutoramente,

percebendo o espaço que havia entre nós. Seus braços longos e fortes me
puxaram para ele.

— Deite mais perto de mim, que eu não vou morder você. — minha cabeça
deitou em seu peito. — Durma um pouco, você precisa descansar. —

acariciou meus cabelos.

Fechei meus olhos, totalmente relaxada, sentindo o calor do seu corpo, o seu
cheiro e o seu abraço forte.
Capítulo Vinte e Quatro

Acordei com a sensação de que havia sonhado. Senti o peso de Melanie em meu
peito, abri os olhos e acariciando seus cabelos me inebriei com seu perfume. Mel
tem um cheiro tão característico que eu o reconheceria, de olhos fechados no
meio de uma multidão. Era bom senti-la tão próxima de mim, relaxada,
dormindo profundamente que nem um bebê em meus braços.

Acariciei suas costas nuas, sua pele era delicada e suave como a seda.

Fechei meus olhos já sentindo, meu desejo por essa mulher, dar sinais debaixo
do lençol que me cobria. Precisava parar de me sentir assim de todas as vezes
que estava perto dela, parecendo um adolescente ainda à descoberta da vida
sexual. Eu já tinha dormido com muitas mulheres e apesar de ser bem ativo na
cama, Mel, faz com que eu me excite apenas com sua presença ou com um
simples pensamento sobre ela.

Algo que eu acredito ser pelo fato de ser virgem, sua inocência me atrai,
querendo provar dela e dar a conhecer todos os prazeres possíveis dentro de
quatro paredes.

Com cuidado deitei sua cabeça sobre uma almofada e saí da cama. Fui direto no
banheiro e tomei um duche de água fria. Eu precisava acalmar esse fogo que não
parecia cessar nunca. Essa noite foi incrível, mesmo não tendo chegado às vias
de fato. Mas só de lembrar dela tão recíproca e entregue, me deixava ainda mais
louco por ela. Apesar de sua inexperiência, Mel, foi capaz de me dar prazer de
uma forma, que eu já não sentia há muito tempo. Como se algo dentro de mim
tamborilasse forte a cada gemido seu, a cada toque seu. Havia uma energia
diferente no ar e a química entre nós era muito boa.

Finalizei meu banho, me sequei e voltei para o quarto. Sentei no sofá admirando
ela dormir. Eu deveria deixá-la descansar mais um pouco, haviam

se passado apenas 3 horas desde que deitamos, mas meu corpo estava em
chamas apesar do banho gelado, não aguentando mais estar longe dela.

Levantei e caminhei até ela. Seus cabelos longos estavam bagunçados e


rebeldes, mas seu rosto era sereno e delicado enquanto dormia de bruços.
Subi na cama desviei os cabelos que cobriam seu corpo e beijei seu pescoço,
descendo por suas costas. Senti sua pele se arrepiar, Mel, balbuciou algo ainda
sonolenta. Retirei o lençol que a cobria da cintura para baixo, meu pau latejou
vendo sua bunda generosamente perfeita olhando para mim.

A acariciei. Meus lábios também a beijaram, descendo até suas pernas.

— Gael, estou com sono.— resmungou baixinho, se abraçando à almofada.

— Eu estou com tesão. — peguei uma camisinha e a coloquei.

Me deitei sobre ela beijando seu pescoço, enquanto minhas pernas abriram as
dela um pouco.

— Gael... — seus olhos se abriram ainda sonolentos.

— Eu não vou passar das marcas. — beijei a parte de trás de seu pescoço,
passando uma mão por baixo do seu ventre até alcançar seu clitóris estimulando-
o. Meu pau deslizou desde a sua bunda até ao exterior de sua entradinha quente.

Senti sua respiração ficar ofegante.

— Tem certeza que não me quer dentro de você, Mel?

— Sim...— seus olhos fecharam quando a cabeça do meu pau, roçou na entrada
de sua bocetinha.

— Vai me torturar por quanto tempo? — sussurrei em seu ouvido.

— Não estou te torturando. — respondeu num fio de voz, de tão excitada que
estava.

Continuei me esfregando nela e fazendo ela gemer baixinho com minha mão e
meu pau massageando-a.

— Não sabe o que está perdendo. — continuei nos masturbando até gozarmos
juntos.

Tomamos nosso banho e depois o café da manhã.

— Se eu pudesse não sairíamos mais desse quarto. — declarei, enquanto


observava Melanie tomar seu café.

— A vida não é só sexo. — seus olhos encontraram os meus.

— Nunca nenhuma mulher, me deu tanto prazer sem ter havido penetração. —
seu rosto ruborizou. —Você parece um feitiço.

— Você é que só pensa nisso, Gael.

— Eu adorei essa noite, Mel. Penso que você também gostou.

— Sim, eu gostei. — desviou o olhar, comendo um pouco de mamão.

Esbocei um sorriso, pois adorava vê-la sem jeito.

Voltamos para a fazenda já passava da hora do almoço. Estacionei a caminhonete


ao lado da de Camila. Melanie, não esperou eu abrir a porta para ela, saindo e
seguindo na minha frente em direção à casa.

Entrei em casa uns segundos depois dela, me deparando com Camila sentada na
sala.

— Oi. — a cumprimentei.

Camila nos encarava aos dois parecendo surpresa.

— Oi Gael. — se levantou e me deu um beijo no rosto.

— Com licença. — Melanie pediu e seguiu para a cozinha.

— Onde vocês estavam? Vim cedo para tomar café da manhã com você e não
achei nenhum dos dois.

— Fomos na cidade, resolver umas coisas.

— Maria me falou que ambos dormiram fora de casa. Você conseguiu o que
queria dela? Fala Gael. Você a levou para a cama?

— Eu não devo satisfações do que faço, Camila. — a encarei sério.

— Você conseguiu tirar a virgindade dela. — afirmou. — Valeu a pena, pelo


menos?

— Não, não aconteceu nada do que está pensando. E para de me fazer questões a
esse respeito, Camila. Você sabe que eu não gosto.

— Tudo bem, desculpa. Eu só fiquei imaginando que talvez vocês...

— Não tem que ficar imaginando nada. Faça apenas seu trabalho na fazenda e
deixe minha vida.

— Está sendo grosso, Gael. Claro que eu fiz meu trabalho. Acha que eu ia ficar
aqui sentada a manhã toda apenas te esperando, e imaginando o que você estaria
fazendo? Você não merece minha atenção para com você. —

Camila saiu bufando da sala.

— Camila, Camila.— a chamei em vão.

Esfreguei meu rosto sem entender suas atitudes ultimamente e a segui até ao
estábulo.

— Desculpe. — falei assim que a encontrei.

— Você está diferente, Gael. — Seus olhos azuis focaram nos meus.

— Você é que está diferente, Camila. Parece que vive me controlando, querendo
saber o que faço ou deixo de fazer. Sabe que não gosto disso. O

pacto que temos é cada um viver a sua vida como quiser, e se sentirmos tesão a
gente se junta na mesma cama, sem cobranças de ambas as partes, mas apenas
isso, não é? Algo mudou Camila? — olhei bem no fundo dos seus olhos,
esperando uma resposta.

— Não. — baixou a cabeça.

— Está parecendo uma namorada ciumenta. E namoro é algo que não existe em
nosso relacionamento, não é?

— Sim, desculpa. É ciúmes de amiga mesmo. Estou te sentido distante, a gente


tem passado menos tempo juntos também.
— Camila, eu só espero que você não esteja misturando as coisas. Eu sempre fui
bem claro quanto a isso.

— Não, Gael, não se preocupe. — me encarou se mostrando mais calma.

— Venha, esta manhã percebi que uma de suas éguas está prenha. — falou
desviando o foco do assunto.

A segui sentindo que tínhamos colocado os pontos nos is, e que este tipo de
cobranças não existiria mais.
Capítulo Vinte e Cinco

Em sua presença, o ar tornava-se mais pesado, meu corpo mais reteso, suado,
excitado, meus gestos mais comedidos pela minha inexperiência. A cada
respiração de Gael, era palpável o fogo que corria em suas veias, sua lascívia e o
desejo que dominava seu corpo. Mas o fato de não se ter aproveitado da
proposta, para obter o que mais desejava, mostrou-me outro lado dele. Um lado
respeitador, compreensivo, protetor, não fazendo de mim apenas um pedaço de
carne, pronto a ser devorado por mais que ele desejasse.

E foi esse lado que me conquistou mais um pouco, me fez baixar algumas
defesas essa noite, e ignorar alguma da racionalidade que minha mente gritava,
em meio a toda a excitação e desejo que meu corpo exalava pelo do dele.

Seus toques eram firmes, mas sem aspereza, me aturdiam, inebriavam,


incendiavam, atraiam, fascinavam, enfeitiçavam. Em seus braços e com suas
mãos sobre meu corpo, eu me deixei viajar para um mundo de sensações nunca
vividas, senti meu corpo querer tanto do dele que chegava a doer. Gael me fez
delirar e gozar várias vezes essa noite, e de todas as vezes eu sentia uma nova
sensação, pulsando entre minhas pernas, querendo mais e mais dele. Sua língua,
seus lábios, o simples roçar do seu sexo ereto em mim, me deram o prazer mais
insano que alguma vez senti. O timbre de sua voz rouca era perfeito, o toque
firme e dominante, seu cheiro puro e másculo sem qualquer perfume camuflando
sua verdadeira essência.

A atração que ele sentia por mim, era a mesma que eu sentia por ele, e foi
necessário muito autocontrole de ambos para não me entregar totalmente. E

apesar de todo o seu corpo, e suas ações serem movidas pelo desejo sexual, Gael
se mostrou controlado e respeitador, não passando nenhum dos meus limites.
Agradeci mentalmente por isso, pois nem eu mesma confiaria apenas

na minha resiliência esta noite. Ao contrário do que eu imaginei, a noite que eu


pensaria que seria uma das piores da minha vida, foi na verdade uma das
melhores.

Mas foi só chegar na fazenda, e ver a caminhonete de Camila estacionada, para


que as barreiras que eu havia deixado quebrar essa noite, tenham sido reerguidas
e voltassem a vedar a minha mente e o meu coração. Ali, vendo a caminhonete
dela, eu lembrei que o mesmo prazer que Gael, me proporcionou essa noite, ele
já tinha proporcionado muitas vezes a Camila, e continuaria. Com ela, e outras
mais. Eu tinha que enfiar isso em minha mente, e deixar de criar expectativas e
acreditar em finais felizes. Gael nunca seria só meu. E por isso não esperei por
mais nenhum dos seus atos de cavalheirismo e gentileza, e caminhei rápido até
casa.

Camila não escondeu a supresa em seu rosto, ao ver-nos entrar quase ao mesmo
tempo. Também não fiz questão de tentar disfarçar, provavelmente, ele próprio
lhe contaria o que houve entre nós. Pedi licença e escapei para a cozinha.

Quando percebi que saíram, fui até meu quarto e liguei para a minha mãe,
segurando o envelope com o cheque de Gael nas mãos. Me sentia muito feliz, e
eufórica em lhe dar a notícia de que finalmente ela poderia começar seu
tratamento.

— Oi filha! Como está? —minha mãe atendeu animada.

— Oi mãe. Estou bem. — esbocei um sorriso. — E a senhora?

— Também estou bem minha querida. — senti ela esboçar outro sorriso.

— Mãe, eu tenho uma ótima notícia para a senhora. — esperei uns segundos,
para conseguir falar. Minha garganta parecia travada de tanta emoção. Minha
mãe aguardou em silêncio. — Mãe, eu consegui o dinheiro para o tratamento.—
um soluço sufocado foi tudo o que ouvi do outro lado.

Lágrimas de felicidade e esperança lavaram meu rosto, e eu sabia que o mesmo


acontecia com o rosto da pessoa que eu mais amava do outro lado da linha. — A
senhora vai ficar bem, mãe, eu tenho fé que sim.

— Filha, como conseguiu o dinheiro? — perguntou uns minutos depois.

Em sua voz havia esperança e também medo.

—Eu pedi para meu patrão. Ele foi compreensivo, não me impondo nenhum
prazo, eu pagarei com meu salário todos os meses até liquidar a

dívida.
— Que bom filha. Seu patrão é um bom homem. Espero um dia poder lhe
agradecer pessoalmente sua generosidade.

—Sim, ele é mãe.

Pela primeira vez, em muitos meses eu desliguei a chamada com a minha mãe
feliz. Desta vez não houve espaço para medos, angústias, e incertezas.

Guardei o envelope numa das gavetas, que logo iria no banco depositar para
começar a fazer todas as transações necessárias para o tratamento.

Alguém bateu na minha porta, pensei ser Maria que me chamava para ajudar na
cozinha. Mas foi Camila que eu encontrei.

— Camila? Precisa de algo?

— Só vim lhe dizer para colocar mais um prato na mesa. Jantarei com Gael hoje.
— senti uma pontada de provocação em sua voz.

— Tudo bem, ia agora mesmo retomar meu trabalho. — me mostrei indiferente.


— Mais alguma coisa? — perguntei vendo que não se movia, com seus olhos me
avaliando.

— Sabe Mel... eu alertei você para ter cuidado com Gael. Mas no fundo eu estou
arrependida. Pois eu vejo que você não é tão inocente assim, e você está doida
para trepar com ele. — não desviei meus olhos, do olhar frio e provocador dela,
tentando perceber onde queria chegar. — Vai lá Mel, se entrega de uma vez.
Gael é muito bom de cama. Você vai gemer como uma puta, suspirar e ansiar por
mais quando estiver longe dele, como se fosse uma droga ao qual seu corpo é
dependente. Talvez você consiga ignorar seu coração, e ser feliz assim. Se
contentando com as migalhas que terá que dividir, comigo e com quem mais
Gael sinta tesão. Hoje mesmo, depois do jantar, eu estarei gemendo na sua cama,
enquanto você lava nossas louças.

Não falei qualquer palavra, apenas não desviei meu olhar do dela, não
demonstrando qualquer emoção.

Camila me encarou por mais alguns segundos, talvez esperando uma retaliação
antes de me voltar as costas e desaparecer pelo longo corredor da casa. Suas
palavras, embora ditas de forma fria, e carregadas de rancor e raiva, eram a mais
pura verdade. Vê-la assim tão transtornada e insegura, me deu apenas medo,
medo de ter cometido o mesmo erro que ela, me apaixonando por Gael.
Capítulo Vinte e Seis

— Gael, acabei de pedir para Mel colocar mais um prato para o jantar. Se você
não se importar jantarei com você. — Camila fala assim que entro na sala,
depois de ter montado Chocolate por duas horas. Eu estava me sentindo tão bem
e leve hoje, que fui montar só para curtir um pouco do meu bom humor sozinho.

— Tudo bem. — respondi sucinto. Minha vontade não era que Camila ficasse,
mas para que ela parasse com esse negócio de que mudei meu comportamento,
aceitei. Afinal eu não tinha mudado. — Vou tomar um duche. Já volto.

— Ok, eu te espero.

Subi as escadas, até ao quarto pensando em tudo o que houve essa manhã.

Eu estava ansioso para estar a sós com a Mel novamente. Meu duche foi rápido,
pois o jantar seria servido em breve. Saí do banheiro para o quarto, ainda me
limpando.

— Camila? — falei surpreso, em vê-la nua sentada na beirada da minha cama.

— Pensei em te fazer um agrado antes do jantar. Faz tempo que nós não
transamos.

— Eu não te chamei. — falei seco, enrolando a toalha na cintura.

— Não gosta de uma surpresa, Gael? Você sempre apreciou. — Camila abriu
suas pernas, e começou a se tocar.

— Pare Camila. — falei baixo, hipnotizado pela cena.

— Sinto saudades do seu corpo. Me faz gemer muito, por favor.

Camila metia um dedo, depois outro, e os tirava lambendo-os me olhando


convidativa. Seus lábios se abriam para chupar seus dedos gulosamente. Meu
pau se excitou só de assistir seus movimentos depravados.

— Vem Gael... — gemeu, introduzindo novamente os dedos.

Meu corpo reagia aos estímulos do que os meus olhos assistiam, mas algo dentro
de mim me impedia de avançar.

— Camila, se vista. Hoje não.

Virei as costas a ela buscando por uma roupa limpa no armário. Camila veio até
mim, me abraçando por trás.

— O que há Gael? — sussurrou em meu ouvido. — Você nunca negou sexo. —


suas mãos jogaram a minha toalha no chão e foram até meu pau ereto,
começando a masturba-lo.

Fechei meus olhos ao seu toque. Ela sabia muito bem como dar prazer, apenas
com as mãos. Mas Melanie ocupou minha mente, lembranças do que tínhamos
feito e da sua inexperiência comparada com a de Camila também.

— Pare, eu já falei que não estou afim! — falei mais seco, do que queria me
desviando de suas mãos.

Fitei seu rosto. Seus olhos se umedeceram evitando o contato com os meus.

— Desculpe. — pediu pegando suas roupas e se vestindo.

— Eu que peço desculpas, Camila.

Me senti um escroto com ela. Eu nunca a tinha negado para sexo. E o que mais
me assustava era não entender o que estava acontecendo comigo. Pela primeira
vez, mesmo meu pau estando excitado eu não conseguia ir mais longe. Era como
se meu corpo e minha mente não estivessem em acordo.

— Eu deveria ter te perguntado primeiro, desculpe pelo vacilo. Ainda quer


minha companhia para o jantar, ou devo ir embora? — Camila perguntou se
preparando para sair do quarto. Em seu olhar continha mágoa.

— Fique, por favor. — tentei me redimir.

— Tudo bem, te espero lá em baixo. — saiu cabisbaixa.

Esfreguei o rosto com as duas mãos irritado. Ultimamente as coisas tem

estado tão estranhas, e a verdade é que, Camila, tenha razão, quando diz que
estou mudando por mais que eu não queira admitir. Melanie tem ocupado grande
parte da minha concentração, e depois dessa noite, eu tive a certeza que eu
estava completamente fodido.

Peguei numa calça moletom e uma camiseta e me vesti, descendo de seguida.


Encontrei Camila sentada no sofá olhando uma revista, a depositando de lado
quando me ouvir chegar. Seu rosto já não parecia magoado, e até esboçou um
sorriso.

— Estou morrendo de fome. Imagino que você também? — declarou animada se


levantando do sofá e indo em direção à mesa de jantar.

— Sim, também sinto fome. — a segui ainda confuso, com a sua mudança
repentina de humor.

Melanie surgiu na sala, nos trazendo as bebidas.

— Posso servir o jantar? — perguntou me olhando de uma forma distante.

Tão distante, que quem nos visse não diria que tínhamos passado uma noite tão
boa juntos.

— Sim, por favor. — busquei em seus olhos, o calor que eu tinha visto essa
noite, enquanto estava em meus braços. Mas não encontrei. Seu rosto estava
impassível, me dando logo de seguida as costas.

Olhei Camila, que esboçou outro sorriso. Melanie logo retornou, e seus gestos a
denunciaram, percebi nervosismo, enquanto nos servia.

Provavelmente ela não estava se sentido à vontade depois do que fizemos.

Estaria arrependia?

— Já falou para a Mel, sobre a festa, Gael? — Camila me fez desviar a atenção
de Mel, para ela.

— Não, ainda não. — voltei a olhar para Melanie, enquanto ela me servia um
pouco de carne, purê de batata doce e salada.

— Pois então, eu mesma farei o convite. Melanie, meu pai está organizando uma
festa para festejar a vitória de Gael e Chocolate. Todos os empregados da
fazenda estão convidados, faremos gosto que também venha.

— convidou animada.

Melanie deu um breve olhar para Camila, dessa vez a servindo.

— Irei sim, obrigada pelo convite. Gael, precisa de mais alguma coisa?

— Não, obrigado. — meus olhos não saíram dela até sair pela porta, em direção
à cozinha.

— O que ela tem? Não pareceu muito animada. — Camila perguntou levando
um pedaço de carne à boca.

— Não sei. — eu não sabia mesmo, mas iria descobrir assim que terminasse o
jantar e Camila fosse embora.

— Mas me fale então, Gael. Tem alguma previsão para um novo campeonato?

Pensei que depois da recusa de transar com Camila, ela fosse amuar e o clima
ficasse estranho entre nós, mas surpreendentemente ela parecia ter entendido e
conversamos agradavelmente durante o jantar. Pelo menos ela parecia ter
voltado a ser a Camila de antes, sem cobranças.

Logo que terminamos o jantar, acompanhei Camila, até à porta se despedindo


com um beijo no rosto e me desejando uma boa noite. Agradeci e fiz o mesmo.

Melanie recolhia o resto das louças da mesa, evitando meu olhar, quando
retornei à sala.

— Vai me evitar agora, Mel? — perguntei vendo que continuava agindo distante,
mesmo se estávamos a sós agora.

— Eu não estou te evitando, Gael. — continuou colocando as coisas sobre a


bandeja. Me aproximei, impedindo que a pegasse e fugisse para a cozinha.

— O que foi, Mel? — segurei delicadamente seu rosto, para que seu olhar não
fugisse do meu.
— Nada, me deixe fazer meu trabalho, por favor.

— Estou sentido falta do seu toque.

— Deveria ter aproveitado mais quando Camila, subiu em seu quarto.

— Você está chateada por isso? Mel... eu não gosto de ficar me justificando,
sobre as coisas que faço. Mas fique sabendo que não rolou nada.

Pela primeira vez na vida, eu recusei sexo.

— Eu não quero saber. — seu olhar desviou do meu novamente.

— Eu te quero, Mel. Em minha cabeça nesse momento só existe você, meu


corpo pede você. — a beijei.

— Eu queria fazer parte de muito mais que sua cabeça e seu corpo, Gael.

Eu queria ocupar esse espaço aqui também. — sua mão pousou em meu peito.
Dessa vez seu olhar não desviou do meu.

— Você sabe que isso não será possível. Eu não serei o seu príncipe encantado,
Mel. Que te trará flores, pedirá em casamento, e te dará filhos. —

me afastei dela, aborrecido indo para o quarto. Odiava cobranças e com Mel eu
não agiria diferente.
Capítulo Vinte e Sete

Enfiei um dos meus vestidos soltinhos, cor bege, e uma sandália baixinha.

A festa seria na fazenda do senhor Frederico, haveria churrasco e música ao


vivo, então optei por algo descontraído. Pela manhã Gael me informou da hora
da festa, e me ofereceu carona com ele. Nos últimos dias a gente tem se
estranhado um pouco, depois da última conversa em que ele praticamente fugiu
de mim. Tenho me limitado a fazer o meu trabalho, e ele praticamente não tem
parado em casa. Até os jantares ele tem feito fora de casa, o que me levava a
imaginar que tem dado sua atenção a Camila. Talvez se tenha cansado de correr
atrás de alguém tão complicada e cheia de expectativas quanto eu. Desci e o
encontrei na sala, me esperando. Vestia uma calça jeans azul escuro e uma
camiseta branca, que marcava cada músculo do seu corpo.

Seus olhos passearam pelo meu corpo, fazendo acelerar minha respiração. Há
dias que ele me ignorava, e hoje nem disfarçava que estava gostando do que via.
Cafajeste, safado.

— Estou pronta. — falei, tentando não demonstrar o quanto seu olhar mexia
comigo.

— Você está linda! — declarou se aproximando. Um sorriso safado se formou


em seus lábios. Ele sabia que estava me deixando nervosa. — E

cheirosa. — cheirou meu pescoço, me fazendo arrepiar toda.

— Obrigada! Acho melhor a gente ir. — falei fechando os olhos, com a sensação
que a sua proximidade me causava.

— Minha vontade é te deitar sobre essa mesa, levantar seu vestido, colocar

sua calcinha de lado e meter em você até não aguentar mais. — sussurrou no
meu ouvido.

Não respondi.

Minha respiração se tornava pesada, como toda a vez que ele estava tão próximo
de mim. Por mais que eu quisesse ignora-lo ou me afastar, Gael, me hipnotizava
quando perto dele.

— Aposto que já está toda meladinha. — beijou o lóbulo da minha orelha


esquerda, enquanto suas mãos pegaram minha cintura. Seu corpo colado no meu,
me fazendo sentir o calor que o dele imanava, assim como sua ereção dentro das
calças.

— Gael, alguém pode chegar, e a gente precisa ir.

— Com muita pena minha. Desse jeito, você vai me deixar de pau duro pelo
resto da noite. — beijou meu pescoço antes de se afastar.

O segui até sua caminhonete, tentando estabilizar minha respiração.

— Gael, falei com minha mãe hoje. Se estiver tudo bem para você, viajo semana
que vem, por uma semana. Irei acompanhá-la até à clínica, e saber como será a
rotina dos tratamentos. Minha tia ficará com ela depois, para que eu possa voltar
a trabalhar. — falei, cortando o silêncio entre nós, já a caminho da fazenda de
Frederico.

— Como ela está? — me admirei com sua pergunta.

— Está otimista, e muito esperançosa com o tratamento. Ela te agradece muito,


por ter emprestado o dinheiro.

— E você como está?

— Me sinto feliz e aliviada. Também estou otimista que vai tudo dar certo.

— Torço para que sim. — seus olhos me fitaram de forma breve, me dando um
sorriso de alento.

— Obrigada. — sorri de forma agradecida. Eu amava esse lado humano dele, em


que Gael parecia realmente se importar com os sentimentos dos outros.

Rapidamente chegamos na fazenda de Frederico, que nos recebeu com um


aperto de mão, e um sorriso simpático no rosto.

— Você está lindíssima, Melanie. — Frederico elogiou, recuando sua


cadeira depois de nos cumprimentar.

— Obrigada! — sorri.

— Oi. Que bom que chegaram. — Camila se aproximou, beijando Gael no rosto,
e colocando seu braço em torno de sua cintura. Gael pareceu não apreciar, mas
também não a afastou.

— Tudo bem, Melanie? — me olhou sorrindo.

— Sim, obrigada. E você? — agi com o mesmo cinismo, esboçando um sorriso.

— Ótima.

— Muito bem, vou ver se encontro alguém da fazenda. Com licença. —

me afastei deles.

Por sorte encontrei rapidamente Maria, que acabou por ser minha companhia por
grande parte da noite. O churrasco foi servido, juntamente com muita bebida, a
música estava animada fazendo todos dançarem. Gael teve a atenção de vários
fazendeiros, também eles criadores de cavalos, e de Camila que não o deixou só
nem por um minuto. Ainda assim seus olhos me buscaram algumas vezes, e eu
dava um jeito de disfarçar que também o observava mesmo que de longe. Um
ciúme tomou conta de mim, quando o vi seguir Camila, até ao interior da casa. O
tarado fez avanços em mim antes de saírmos de casa, e agora ia transar com ela.
Eu tinha que arrancar esse sentimento do meu peito. Ele doía demais.

— Boa noite! — uma voz rouca chamou minha atenção.

— Boa noite! — respondi, ao moço alto que estava parado do meu lado.

— Faz tempo que te observo, reparei que não dançou nenhuma das músicas. —
se sentou do meu lado, esboçando um sorriso simpático.

— Falta de par. — sorri olhando os outros convidados dançarem.

— Aceita uma dança, com um pé de chumbo? — se levantou novamente,


esticando sua mão como um convite.
A peguei e me levantando, observei melhor seu rosto levemente queimado pelo
sol. Seus cabelos eram castanhos, com cachos largos e rebeldes, que
combinavam com sua barba e ar despojados. Seus olhos verdes escuros, gentis e
atraentes.

— Confesso que também não danço muito bem. — admiti quando pousou uma
mão em minha cintura, e a outra pegou a minha mão. Fazendo com que
dançássemos próximos e eu sentisse seu perfume amadeirado.

— Não se preocupe, se ambos sairmos com os pés ilesos, já será uma vitória. —
suas palavras nos fizeram rir.

Depois da primeira música que dançamos, vieram mais três.

— Eu nem perguntei seu nome. — falou em meu ouvido, por causa do som da
música alta.

— Melanie.

— Lindo nome, assim como você.

— E o seu? — fingi não perceber a paquera.

— Raul. Veio sozinha na festa? Não te vi com mais ninguém, a não ser com
aquela senhora.

— Vim com o meu patrão. Aquela senhora também trabalha na mesma fazenda,
também tem mais alguns trabalhadores aqui na festa, mas estão se divertindo por
aí.

— Quem é o seu patrão?

— Gael Borges.

— Ah é o Gael, a festa é para comemorar sua vitória. Não sabia que trabalhava
para ele. Visitei sua fazenda faz uns meses para comprar alguns potros, mas não
lembro de te ver por lá.

— Eu trabalho para ele faz alguns meses também, talvez eu ainda não estivesse
trabalhando na fazenda.
— Entendi. E por falar em Gael, ele está nos observando e parece impaciente
para falar com você.

Desviei meu olhar na sua direção, e Gael cravou seu olhar em mim irritado.

— Deixe, hoje estou de folga. — voltei minha atenção para Raul. — O que quer
que ele queira, poderá esperar para depois da festa.

— Não estou nem um pouco preocupado, até porque pela primeira vez na vida
estou gostando de dançar. — Raul me aconchegou mais em seu corpo e
dançamos ao som de Luan Santana.

Fechei meus olhos ignorando o sentimento que havia dentro de mim.

Estava em boa companhia, não tinha porque eu ficar pensado em Gael, ou me


sentindo incomodada, por saber que ele estaria furioso por me ver dançando com
alguém. Ele que fosse se divertir com quem esteve até agora.
Capítulo Vinte e Oito

Soube a partir do momento em que vi Melanie, surgir na minha frente com seus
cabelos soltos e vestindo um dos seus vestidinhos, que a noite não seria fácil
para mim. Ela estava linda e atraente, mesmo em sua simplicidade. Essa menina
estava acabando comigo de dia para dia, e por isso esses dias eu tinha evitado
parar muito tempo em casa só para não a ver. Já não aguentava mais bater tanta
punheta, pensando nela. Não sei que feitiço ela fez em mim, que nem em outro
corpo eu tenho sentido vontade de me perder.

Depois da nossa conversa, eu queria deixar bem claro para ela que, se ela
cedesse a mim, ia ser apenas sexo. Não havia essa de sentimentos, coração e sei
lá mais com o que essa mulher sonhava. Melanie, teria que perceber que nunca
teria de mim, todas as coisas que ela fantasiava de uma relação romântica, a não
ser que essas fantasias fossem sexuais, e pudessem ser concretizadas debaixo dos
meus lençóis. Essas sim, eu as realizaria com muito prazer. Pior que eu nem
sabia se era apenas a ela que eu estava tentando convencer, que ela não estava
conquistando e se apoderando de algo dentro de mim, que ia muito além do
desejo sexual.

A provoquei vendo seu peito arfar perto de mim. Se havia algo que me deixava
tranquilo, apesar de ela estar quase me levando à loucura, era saber que tudo não
passava de uma questão de tempo. Eu mexia com ela, e muito.

Em algum momento Mel, teria que ceder ao que o seu corpo também desejava, a
mim.

Seguimos o caminho até à fazenda de Frederico quase em silêncio, eu tentava


focar em outras coisas, para baixar minha ereção até chegar na festa.

Meu pau doía dentro da calça. Desde que ele sentiu um cheirinho do prazer,

que essa mulher provocava nele, naquele noite no hotel, ele parecia mais viciado
ainda nela. Por isso assim que chegamos na fazenda de Frederico, eu preferi
manter uma certa distância dela, sobretudo depois que percebi que estava na boa
companhia de Maria, mesmo mantendo-a debaixo de olho.

Me perdi na conversa com outros fazendeiros, e em um determinado momento


Frederico me informou que tinha prontos os papéis do empréstimo, pedindo a
Camila que me levasse até ao escritório para os assinar.

A segui até ao interior da casa. Camila fechou a porta do escritório assim que
entramos, e se encaminhou até os papéis pousados sobre a mesa do escritório.

— Aqui estão. — estendeu os papéis para mim.

— Obrigado! — os peguei e comecei lendo antes de assinar.

— Gael, posso te fazer uma pergunta?

Desviei meus olhos da papelada e olhei Camila incentivando-a a falar.

— Você sabe que o negócio é do meu pai, mas eu como sua herdeira, sei de tudo
o que envolve essa sociedade. Ele me contou que esse dinheiro que você pediu,
foi para emprestar à Melanie.

A olhei impaciente, já prevendo que viriam novas cobranças.

— Sim, Camila. E daí?

Camila se encostou na mesa e cruzou os braços descontraidamente.

— Estamos falando de uma grande quantia, ambos sabemos que a Mel não terá
recursos para pagar essa fortuna a você.

— Ela pagará aos poucos com seu salário.

— Você está tão diferente. Eu nunca te vi tão obcecado por alguém, quanto você
está por ela.— eu ia responder Camila, mas, ela levantou a mão me pedindo para
esperar ela terminar. — E antes que você me diga que eu estou te fazendo
cobranças, eu te aviso que não é isso não, Gael. Eu estou te falando como amiga.
A gente sempre teve abertura, e sempre fomos sinceros um com o outro. Você
está apaixonado por ela, não está?

— Não Camila, eu não estou. Eu só sinto uma vontade louca de foder ela.

— A ponto de dar esse dinheiro a ela, sem qualquer garantia de retorno?

— Mel precisava desse dinheiro, para ajudar a mãe dela que sofre de uma
doença degenerativa, eu não tinha como negar.

— E como você empresta essa quantia a alguém que não passa de um tesão,
colocando em risco até o seu próprio negócio? — Camila perguntou calma.

— Ela estava pensando se vender, se eu não emprestasse. — desabafei.

— O quê? — seus olhos se abriram espantados.

— A Mel me propôs a virgindade dela em troca desse dinheiro.

Camila pareceu chocada, e levou uns segundos para voltar a falar.

— Então ela te pagou com a virgindade dela, é isso?

— Claro que não, Camila. Você melhor que ninguém sabe que eu não pago por
sexo.

Seu choque parecia ainda maior agora.

— Então quer dizer que você não aceitou a proposta, e ainda deu o dinheiro a ela
mesmo assim?

— Sim. Será um empréstimo.

— Você está doido para transar com ela, e depois de uma oportunidade dessas,
você simplesmente apela aos seus princípios? Eu não acredito nisso.

— Camila me dá as costas levando a mão ao rosto.

— Você queria o quê? Que eu fudesse ela, sabendo que ela só estava fazendo
isso por desespero em ajudar a mãe? Eu nunca faria isso.

— Gael, porque não admite de uma vez que você a ama?

— Camila, não confunda caráter com amor. Uma coisa não tem nada a ver com a
outra. — peguei na caneta e assinei os papéis, sem cabeça para continuar a
conversa. — Tome! Aqui estão. Eu pagarei cada centavo, não precisa se
preocupar com essa dívida. — joguei praticamente os papéis na mesa saindo do
escritório, deixando Camila para trás.
O que mais me irritava era perceber, que Camila estava certa com suas
suposições. Eu não tinha emprestado esse dinheiro a Melanie, nem a poupado da
minha parte da proposta, apenas por princípios. Admitir isso estava me
consumindo demais.

No exterior da casa, busquei pela mulher que ultimamente tem virado meu
mundo do avesso e a encontrei dançando nos braços de outro. Um ciúme me

consumiu.

Meu sangue ferveu na mesma hora, ao ver as mãos do bastardo em sua cintura,
de uma forma tão íntima, falando em seu ouvido parecendo diverti-la.

Seus corpos estavam tão próximos, que só de imaginar aquele filho de papai se
roçando nela, meus punhos coçavam.

Quando Melanie voltou seu rosto em minha direção, meu olhar só faltou faiscar,
como um aviso para que se soltasse de seus braços e viesse até mim.

Mas a ninfetinha do capeta, simplesmente me ignorou.

Eu não iria perder a cabeça. Eu já estava perdendo a linha por ela, fazia muito
tempo e tinha que dar um basta nisso. Ela não ia acabar com a dignidade que
ainda me restava, achando que me dominaria me provocando ciúmes. A ignorei
indo até ao bar, buscando uma cachaça que bebi numa golada só.

Já havia me despedido de Frederico, e agradecido pela festa organizada.

Não voltei a ver Camila pelo resto da noite, e sinceramente também não estava
com cabeça para ela. Busquei por Melanie, que ainda conversava com o mesmo
homem com quem dançou. Me acerquei deles e vendo melhor seu rosto, me
pareceu familiar.

— Boa noite! — os interrompi.

— Boa noite, Gael! — o cara falou.

— Tenho a impressão que conheço você. — fitei seu rosto tentando lembrar.

— Sim, eu estive na sua fazenda há uns meses, comprando uns potros.


— Ah sim, claro. Raul Montenegro. Agora lembrei. — meu olhar se voltou para
Melanie.— Já se conheciam?

— Não, acabamos de nos conhecer. — respondeu.

— Eu tenho certeza que quando fui na sua fazenda, Melanie ainda não
trabalhava para você. Eu não teria esquecido dela. Foi uma companhia muito
agradável essa noite.

Esbocei um sorriso sem o mínimo humor, vendo ele babar seu ovo para cima
dela.

Ah, claro que foi agradável. Eu também diria o mesmo se tivesse passado a
noite toda, roçando meu pau nela.

— Melanie, eu estou indo, se você quiser ir também, te deixo em casa. —

o cara ainda tentou mais um pouco de sua sorte.

— Ela veio comigo, voltará comigo. — respondi rápido, fazendo Melanie me


olhar irritada.

Raul pareceu esperar que Melanie contestasse, mas ela não o fez. O que fez meu
peito bater os tambores festejando.

— A gente vai para a mesma casa, então não tem necessidade, Raul. Mas te
agradeço a gentileza.

— Não tem de quê. Espero te ver em breve.

— Claro, será um prazer. Obrigada pela companhia essa noite.

— O prazer foi todo meu.

— Vamos? — perguntei irritado com tanta babação.

Melanie se despediu de Raul com dois beijos no rosto. E eu apertei sua mão, mas
minha vontade era ter apertado seu pescoço. Nos despedimos e caminhamos até
a caminhonete.
Capítulo Vinte e Nove

— É sério, que você cogitou voltar com aquele cara? — Gael, quebrou o tenso
silêncio que nos acompanhava desde que saímos da fazenda de Frederico.

— Está falando do Raul? — o provoquei.

— Sim, estou falando dele. — sua voz saiu impaciente.

— Que mal teria?

— Você mal o conhece, seria perigoso.

— Obrigada, por se preocupar, mas eu já estou crescidinha para ter um pai me


dando bronca.

Os dedos de Gael apertaram o volante com mais força, deixando os nós dos
dedos brancos.

— Ele roçou em você a noite toda. — rosnou.

— Não, ele dançou comigo e me fez companhia. E mesmo se ele tivesse roçado,
o que você tem a ver com isso?

— Ele estava se aproveitando, isso sim.

— Não é o que você faz também, Gael? Você não vive só se roçando em mim?

No mesmo momento Gael, encostou a caminhonete na beira da estrada. Só a luz


da lua e os faróis da caminhonete iluminavam o breu do local.

— Onde vai? — perguntei assustada, vendo ele sair irritado da caminhonete.

Gael deu a volta na caminhonete, seu rosto estava sério. Abriu a minha

porta, e se debruçando sobre mim destravou meu o cinto de segurança.

— Gael, o que está fazendo? — minha voz saiu num fio. Um arrepio passou por
minha espinha. Ele estava muito bravo. Seus braços fortes me pegaram no colo,
me tirando da caminhonete e me jogando sobre o capô.
— Olhe aqui sua ninfeta do capeta. — Gael se meteu entre minhas pernas e
segurou forte meus pulsos, me fazendo sentir sua erecção sobre minha calcinha.
— Pode ter a certeza, que se pudesse, eu não só roçaria em você, como também
meteria em cada orifício do seu corpo sem dó. — tomou minha boca de forma
dominadora. — Ainda mais com o que você está fazendo comigo, me
provocando desse jeito.

Meu peito batia forte. Gael, parecia fora do controle.

— Está me machucando.— balbuciei.

Seu olhar se voltou para suas mãos apertando meus punhos com força, os
largando imediatamente. Seu olhar de pesar, se voltou para o meu aturdido.

— Me perdoe. — se afastou, esfregando as mãos no rosto. Sua respiração estava


tão alterada, que eu percebia seu peito subir e descer.

Me mantive encostada no capô, meio perdida, sem entender o que tinha acabado
de acontecer. Ajeitei meu vestido, que havia subido quando ele se posicionou
entre minhas pernas, e fitei o chão sem saber o que fazer.

— Me perdoe, Mel. — se aproximou novamente. Suas mãos trêmulas,


levantaram meu rosto me fazendo olhá-lo.

— O que houve? — olhei fundo nos seus olhos arrependidos.

— Eu me descontrolei... Mel, eu não aguento mais. Você vai me enlouquecer. Eu


te desejo tanto. Por favor, me aceite.

— Gael, as coisas não funcionam assim.

— O que você quer mais que eu faça? — seu olhar desesperado não saia do meu.

— Eu só quero que você não me veja como um objeto sexual, e que assuma o
que está sentindo.

— O que eu estou sentindo?

— Você sabe o que sente, só me diga. — não podia ser só imaginação da minha
cabeça. Havia algo mais em seus atos que apenas desejo. E ele estava
com ciúmes.

— Se você espera ouvir que eu estou apaixonado, está muito iludida, Mel.

Esse sentimento não existe no meu vocabulário. — seu olhar se tornou frio.

— O que eu sinto é apenas carnal. Só isso! Entendeu?


— Entendi. — falei decepcionada por sua frieza.— Mas da mesma forma que
você não quer se envolver emocionalmente, eu não quero me envolver apenas
por sexo. Entenda também e respeite. — me desviei dele.

— Se me deseja também, porque se nega?

— Você não entende, não é? Não se trata de negar, se trata de amor próprio, se
trata de proteger meu coração.

— Mel, você está fantasiando coisas.

— Talvez eu esteja sim, e quanto mais argumenta, mais certeza tenho, de que
devo me manter longe de você.

Gael me encarou apreensivo, parecendo não saber que palavras usar.

— Tem sentimentos por mim, Mel ?

Eu tinha, muitos. Mas ele não era merecedor da verdade. O seu jeito frio de lidar
com sentimentos, me amedrontava e desiludia. Por mais que eu sentisse, que ele
também nutrisse algum sentimento que não só desejo sexual, eu tinha certeza
que Gael, jamais, reconheceria e aceitaria isso. E no final da história, quem sairia
sofrendo era eu.

— Não. — seu olhar baixou. Ele parecia perdido e sem saber o que fazer.

Se aproximou novamente, me puxando contra seu corpo. Tanto que eu sentia seu
peito bater forte contra o meu. Sua testa encostou na minha, seus olhos focaram
novamente os meus. Seu olhar era consternado.

— Mel, eu sei que eu tenho forçado a barra. Talvez eu esteja perdendo o


raciocínio, com essa obsessão por você. Mas, eu quero que entenda uma coisa...
se algum dia acontecer alguma coisa entre a gente, será apenas sexo.

Não se iluda, por favor...

Sério que ele falava isso olhando nos meus olhos, segurando meu corpo no dele,
quando eu sentia que havia algo mais que apenas desejo em seu olhar?
Gael não sentia qualquer empatia, ou tinha qualquer noção, do mal que

poderia causar com seu egoísmo perante os sentimentos.

— Por vezes, eu tenho dúvidas, se é só a mim que você tenta convencer disso...
— me afastei dele voltando para a caminhonete.

Talvez fossem mesmo meus olhos e meu coração tolo, que realmente se estavam
iludindo.

Gael entrou na caminhonete exasperado, conduzindo em silêncio até à fazenda.

Já em casa, seus braços me puxaram para um abraço terno.

— Me desculpe. — acariciou meu rosto. — Você merece melhor que eu, Mel.

— Você é tudo o que eu quero. — desabafei, apelando ao seu coração.

— O problema é que você só teria metade de mim. Boa noite, Mel. — seus
lábios beijaram o alto de minha cabeça, e se afastou subindo para o quarto.

Limpei as lágrimas que escaparam de meus olhos.

Dizem que o amor é o sentimento mais lindo e mais puro que existe.

Então, porque ele doía tanto em meu peito?


Capítulo Trinta

Faziam algumas semanas que não via minha mãe e sentia muito a falta dela. Em
um dia viajaríamos para a Flórida, e finalmente, ela começaria o tratamento.
Com tudo pronto fechei a mala e saí do meu quarto indo ao encontro de Gael,
que estava no estábulo com Chocolate. Seus olhos encontraram os meus quando
me ouviu chegar.

— Não é realmente necessário que me leve, Gael. Eu poderei pegar o ónibus. —


o olhei incomodada. Ele se propôs a me levar até à casa de minha mãe, essa
manhã enquanto eu lhe servia o café.

— Eu não tenho nada que fazer. Será um prazer te levar. — caminhou até mim, e
seus olhos se prenderam nos meus por mais tempo que o necessário, tomando a
mala de minhas mãos.

— Tudo bem. Se prefere assim, eu agradeço.

Como sempre, quando a gente tinha alguma briga, Gael, evitava ficar perto de
mim por muito tempo, e me surpreendeu ter se oferecido para me dar carona.
Seguimos o caminho quase todo em silêncio, apenas escutando a música que
tocava no rádio.

— Quer entrar e conhecer minha mãe? — questionei assim que chegamos a casa
dela. Sabia que ela estaria esperando por ele, para lhe agradecer pelo
empréstimo.

— Melhor não, obrigado.

— Tudo bem. Obrigada, pela carona. — não insisti, sabendo que na cabeça dele
isso seria quase como uma apresentação familiar.

— No tempo que estiver fora, se precisar de algo, é só me ligar. — seu

olhar se tornou melancólico.

— Não se preocupe, obrigada. — começava a detestar, esse seu lado preocupado


e atencioso. O lado que me iludia, e me fazia esquecer o verdadeiro Gael.
Aquele que tornaria impossível que algum dia algo desse certo entre nós.
— Mel...— sua mão pegou a minha, quando eu estava para sair da caminhonete.
— Eu torço para que esse tratamento cure sua mãe.

Apenas assenti agradecendo. Sai da caminhonete e Gael saiu também, retirando


minha mala do porta-malas.

A tomei de suas mãos e não esperei vê-lo partir. Segui a direção da porta de casa,
muito ansiosa por ver minha mãe. Assim que entrei em casa, corri até à cozinha,
onde sabia que a encontraria, visto que não estava na sala.

— Mãe? — a chamei.

— Minha filha, até que enfim chegou!— sua voz saiu falha, emocionada, e ela
caminhou com alguma dificuldade até mim para um abraço, de lágrimas nos
olhos.

— Que saudade, mãe. — a envolvi em meus braços com muito carinho, sentindo
seu cheirinho.

— Por que Gael, não entrou? Eu preparei um bolinho. Queria tanto agradecer a
ele, pela sua generosidade. — lamentou.

— Ele tinha algumas coisas na fazenda para cuidar. Não se preocupe, outra hora
você poderá agradecer.

Ela sorriu, segurando meu rosto entre as mãos.

— Você está tão linda, filha. Eu senti muito a sua falta.

— E eu sua, mãe. — beijei sua testa, a envolvendo novamente em meus braços.

No dia seguinte, eu, minha mãe e minha tia, apanhamos um voo de oito horas e
meia, do aeroporto de Guarulhos, até ao aeroporto internacional de Miami, onde
fizemos escala até o aeroporto internacional de Orlando. Na chegada a Orlando
seguimos até ao apartamento onde ficariam alojadas, que se situava a apenas um
quarteirão da clínica, onde seria feito o tratamento.

Era um apartamento pequeno, mas bastante acolhedor. Nesse mesmo dia fiz
umas compras de mercearia, para o apartamento e aproveitei para conhecer
um pouco o bairro, onde a minha mãe viveria por algumas semanas.

Na manhã seguinte a acompanhei até à primeira consulta, ficando bastante


aliviada, pelo médico especialista que a seguiria ser brasileiro. Isso facilitaria a
vida de ambas, visto não falarmos o inglês.

O tratamento passaria pela indução de proteínas de choque térmico. E se tudo


corresse como esperado em algumas semanas ela estaria recuperada.

Os dias voaram, com a correria para a clínica, onde minha mãe ficava por horas,
fazendo uma bateria de exames, fisioterapia, e outros procedimentos necessários,
vindo apenas dormir a casa. Durante toda a semana, aproveitei cada segundo
livre do seu lado, dormindo com ela e sentindo seu cheirinho tão característico,
que tanto conforto me dava.

— Filha, vou sentir saudades suas nessas semanas. Mas se Deus quiser, vai tudo
dar certo e da próxima vez que nos virmos eu estarei apta, com todas as minhas
capacidades recuperadas.

— Com certeza, que sim mãe. A senhora é uma guerreira e vai dar tudo certo. —
esbocei um sorriso animada. Tudo daria certo, e em breve a voz da minha mãe
não sairia mais enrolada, nem ela teria mais dificuldade para caminhar ou fazer
qualquer outra tarefa do seu dia a dia.

Um bip no meu celular me avisou que uma mensagem acabava de entrar.

O peguei e meu coração bateu forte quando vi que era do Gael.

" Como você está? Estou sentindo sua falta. "

" Estou bem, obrigada. Eu volto amanhã. Maria não está dando conta do recado
na fazenda? "

Me fiz de desentendida.

" Maria é ótima com o trabalho. Já você, é péssima em fingir que não

me entendeu. Estou deitado na cama, meu pau está duro só em lembrar

daquela noite no hotel. Minha mente fantasia, com você levando ele até sua
boca de novo, e o chupando com toda essa inexperiência que tanto me

excita. Ansioso por sentir seu cheiro... seu corpo... novamente. "

Fiquei olhando o celular sem saber o que responder. Decidi ignorar, eu não ia
mais dar conversa a Gael, a esse respeito, ele teria que aceitar minhas escolhas e
eu teria que tirar esse sentimento que se apoderou do meu peito.

" Vai me ignorar? " " Estarei te esperando no aeroporto amanhã. Boa

noite! "

A s duas mensagens chegaram uma atrás da outra.

" Não precisa, eu pego um ônibus."

" Eu estarei lá, não quero que pegue o ônibus de jeito nenhum. "

Por vezes, eu não o entendia mesmo. Em algumas situações ele era tão distante e
desligado, e em outras tão presente e atencioso que me confundia.

" Como queira, até amanhã. "

***

Despedidas nunca são fáceis, mas esta foi sem dúvida, a despedida da esperança.
Sabia que da próxima vez que reencontrasse minha mãe, ela estaria recuperada, e
teria um novo recomeço em sua vida sem as limitações que começavam a tomar
posse do seu corpo. Com pensamento positivo e o coração recarregado de amor
com estes dias passados ao seu lado, me deixei adormecer durante o voo.
Capítulo Trinta e Um

Acordei cedo e ansioso, pois hoje a Mel estaria de volta. Nunca pensei que
sentiria tanto a sua ausência pela casa, mesmo se nos últimos tempos a tinha
evitado. Eu gostaria que ela sentisse também a minha falta, e que talvez, esse
afastamento lhe mostrasse o quanto perdia tempo com bobagens.

Dispensei o café da manhã e dirigi até ao aeroporto. Meu coração começou a


bater forte, quando a vi chegar no meio da multidão, com seu lindo rosto
sonolento. Meu peito apertou forte quando os seus olhos encontraram os meus.
Essa mulher mexia mais do que eu gostaria comigo. Dei um sorriso fraco,
quando ela se aproximou de semblante sério.

— Oi.

— Oi. — peguei a mala de suas mãos, e ignorei a vontade de tomar Mel, em


meus braços e beija-la, de tanta saudades que eu sentia dos seus lábios.

— Foi cansativa a viagem? — perguntei enquanto caminhávamos até à


caminhonete.

— Sim, foi um pouco. Mas eu dormi um pouco durante o voo.

— Como sua mãe está?

— Bem, a clínica onde está fazendo os tratamentos nos passou muita confiança,
e o médico dela foi bastante otimista quanto ao caso dela.

— Que bom.

Ficou um silêncio perturbador, que quebrei depois de alguns minutos.

— Eu senti sua falta. Ontem, quando te escrevi, esperava saber que sentiu o
mesmo.

— Eu estive bem ocupada com a minha mãe e minha tia, como deve imaginar.

— Por que você sempre age fria dessa forma comigo?

— Você está falando sério? — perguntou, voltando seu olhar incrédulo para
mim.

— Sim, estou falando sério.

— Frio é você, será que não se toca? Aquela mensagem que enviou, foi um
insulto para mim.

— Insulto? Considere-se sortuda, eu nunca enviei mensagens dizendo que estava


sentindo saudades, para nenhuma outra mulher.

— Seria fofo, se você não tivesse se descrito na cama pensando nas


obscenidades que escreveu. Você age como se eu fosse apenas uma boceta.

— Sabe muito bem, que não te vejo dessa forma. Mas o que eu posso fazer se eu
te desejo e meu corpo reage a você?

— Me respeitar, já seria um bom começo.

— Esse é meu jeito, mas eu te respeito. E você sabe muito bem disso. —

falei seco. Já começava a me irritar essa insistência em romantismo. Por isso eu


nunca ia me envolver dessa forma, as mulheres acabam sempre exigindo dos
homens tolos e apaixonados, quando no final das contas elas só dão valor a uma
boa foda.

Mel sorriu irônica, voltando sua atenção para a janela apreciando a paisagem em
silêncio até à fazenda.

Estranhei ver uma caminhonete que eu não conhecia, parada do lado da de


Camila à chegada. Estacionei do seu lado e logo reconheci quem estava no seu
interior.

O que esse bastardo faz aqui?

Eu tinha uma pequena ideia, e se dependesse de mim, ele iria embora num abrir
e fechar de olhos.

Eu e Mel saímos da caminhonete e Raul saiu da dele. Sorrindo com os dentes


todos, ainda.
Seus olhos se voltam para Melanie. Ele estava praticamente babando para ela,
bem na minha cara.

— Bom dia! — ele disse assim que nos aproximamos.

— Oi Raul. — ver ela sorrir para ele, me deu uma volta no estômago. Ela não
sorriu para mim em nenhum momento essa manhã, mesmo depois de uma
semana sem nos vermos.

Ele se aproximou dela a cumprimentando com dois beijos no rosto.

Percebi quando colocou sua mão sobre sua cintura aproveitando o gesto.

Que intimidade ele achava que tinha com ela, para essas liberdades? Eles só
tinham se visto uma vez. Uma vez, porra!

— Bom dia! O que faz aqui tão cedo? — questionei sem qualquer simpatia na
voz, quando apertou minha mão.

— Estou interessado em comprar alguns potros. E também gostaria de falar com


a Melanie se fosse possível. — Raul, voltou seu olhar para ela como um pedido.

— Desculpe, você veio numa má hora. Não tenho qualquer potro para venda, e
Melanie chegou agora de viagem. Precisa retomar seu trabalho. —

fitei Melanie, para que se despedisse e entrasse em casa. Seus olhos me


enfrentaram e ela não arredou pé, me tirando qualquer autoridade como seu
patrão.

— Enquanto aguardava que chegasse, eu falei com a veterinária da fazenda, a


Camila. Ela me falou que haviam potros para venda. — Raul começou a falar,
fazendo com que eu voltasse novamente meu olhar sobre ele. — Também não
vou ocupar muito o tempo da Melanie, só preciso de um minuto. — tentei
disfarçar minha frustração no momento, em que ele a olhou novamente.

— Então se despache, que eu estarei lhe aguardando no estábulo. Vou verificar


que potros são esses, que não são do meu conhecimento. — me afastei irritado.

Cheguei no estábulo e encontrei Camila examinando uma das éguas prenhas,


caminhei até ela frustrado.
— Que seja a última vez que você se mete nos negócios da fazenda? —

falei não contendo minha irritação.

— O que aconteceu? Por que está me dizendo isso? — Camila me olhou


confusa.

— Não tinha nada que falar para o Raul, que eu tinha potros para venda.

Seu olhar se tornou ainda mais confuso.

— Eu não sabia que não queria vendê-los, me desculpe.

— Eles são para venda, mas não para ele, porra!

— Gael, eu não sabia que você tem algo contra ele. Não me olhe com essa cara
de chateado, eu não tinha como adivinhar.

— Se você se metesse na porra do seu trabalho, e deixasse o meu para mim,


seria ótimo e evitaria esses problemas.

— Está sendo estupido, Gael. Quer saber? Eu não vou ficar aqui aturando seu
mau humor. — Camila, largou seu material e saiu do estábulo nervosa.

— Vai, vai logo. — gritei frustrado, chutando um dos fardos de palha.

Esfreguei as mãos no rosto irritado. Eu percebi na noite da festa, que Raul havia
se interessado pela Mel. Seu olhar sobre ela era de um homem encantado, pela
bela mulher que ela era. Mas chegar ao ponto, de vir até aqui na fazenda para
paquerar ela, com o pretexto da compra de potros era demais, e eu iria deixar
isso bem claro para ele quando o vi se aproximar.

— Então Gael, sempre tem os potros para venda ou não? — perguntou cínico.

— Olhe aqui Raul, eu não vou permitir que você venha até à minha fazenda
paquerar minhas funcionárias. — suas sobrancelhas se ergueram surpreso.

— Não se preocupe quanto a isso. Já consegui o contato da Mel, e da próxima


vez que eu quiser vê-la será fora da fazenda e do horário de trabalho dela.

— Melanie não tem muito tempo livre. O trabalho aqui na fazenda é intenso.
— Qual é, Gael? Desde que cheguei que percebi seu tratamento hostil para
comigo, e agora está inventando uma desculpa atrás da outra para que eu não a
veja. Você está interessado na Melanie?

— Está louco? Eu só não quero que misturem vida pessoal com o trabalho aqui
na fazenda.

— Vai me desculpar, mas Melanie tem o direito de decidir o que fazer fora

do horário de trabalho. A menos que você a mantenha aqui trabalhando como


uma escrava.

— Se mantenha longe dela. — vociferei como um aviso.

— Se ela topar sair comigo eu não vou perder essa oportunidade. — sorriu
irônico.

Não aguentando mais sua provocação o segurei pelo colarinho e fitei bem seus
olhos.

— Olhe aqui filho de uma égua, deixe ela em paz.

— Para quem não está interessado, você se demonstra muito estressado. —

Raul se livra das minhas mãos em sua roupa.

— Ah, e quanto aos potros, pode deixar. Eu já não estou interessado. O

que eu vim fazer aqui, já consegui.

O filho da mãe, ainda sorriu novamente antes de ir embora. Fechei meus punhos
nervoso, confuso com o turbilhão de sentimentos dentro do meu peito,
respirando fundo, para não perder a cabeça por causa de Melanie.

Que porra estava acontecendo comigo?


Capítulo Trinta e Dois

— Desculpe ter vindo até aqui, mas não havia outra forma para entrar em
contato com você. Na noite da festa eu não lembrei de pedir o seu número de
celular. — Raul se desculpou vendo Gael se afastar visivelmente irritado.

— Não se preocupe. E você não veio apenas para me ver, não é?

Raul abriu um sorriso contido, como uma criança quando esconde suas
verdadeiras intenções.

— Para falar a verdade, os potros foram apenas uma desculpa. Eu gostaria de te


convidar para jantar comigo um dia desses. — seu olhar buscava no meu uma
reação ao seu convite. Raul parecia um pouco nervoso até.

Me senti um pouco nervosa também, pois eu senti que estava sendo paquerada.
E embora Raul seja muito bonito, eu não sinto as mesmas sensações perto dele,
como quando estou com Gael. Afastei meus pensamentos de Gael, para bem
longe, assim como afastaria meus sentimentos por ele, e focaria apenas nesse
convite. Era apenas um convite para um jantar, e seria ótimo para conhecer
melhor Raul. Afinal, eu tinha apreciado muito a sua companhia na noite da festa.
Ele tinha sido, bastante simpático, divertido e sobretudo muito cavalheiro.

— Eu aceito. Só terei que falar com Gael, para saber qual dia eu posso pegar de
folga.

O rosto de Raul fechou um pouco, mas logo ele esboçou um novo sorriso.

— Tudo bem, espero que Gael não te arrume trabalho extra para os próximos 6
meses. — ironizou.

— Gael, é um bom patrão. Eu só preciso de avisá-lo, mas não terá qualquer


problema. — e eu estava sendo sincera. Gael como patrão era muito bom,
infelizmente, o mesmo não poderia dizer como homem para se apaixonar.

— Não tomarei mais seu tempo. Não quero lhe criar problemas com Gael.

Aqui tem meu contato, me ligue, por favor, assim que souber qual dia está livre.
— colocou um bilhete na minha mão, deixando que as suas mãos tocassem mais
tempo que o necessário nas minhas. Seus olhos focaram nos meus com um
brilho intenso.

— Tudo bem, te avisarei.— assenti, sentido um nervoso miudinho dentro de


mim.

— Até mais Mel. — se aproximou me beijando o rosto, e se afastou indo na


direção do estábulo.

Voltei para casa. Camila entrou quase de seguida, se mostrando nervosa e


irritada.

— Precisa de algo? — perguntei vendo seu estado.

— Não preciso de nada, sua virgem de Taubaté.

Peguei minha mala indo na direção do meu quartinho ignorando a provocação de


Camila. Frustrada por falta de resposta, continuou:

— Conseguiu outro trouxa para se vender, foi? — perguntou irônica.

Minhas pernas bloquearam e meu peito foi atingido com suas palavras. Só havia
uma forma de ela saber da proposta. Gael tinha contado para ela, justo para ela.
Respirei fundo, decepcionada, e me voltei para ela, fitando bem seus olhos. Não
ia demonstrar que suas palavras me atingiram, embora ela já o tivesse
conseguido.

— Você me vê como uma adversária, não é, Camila?

Seus olhos continham tanta raiva que seu rosto lindo e delicado, agora parecia
quase demoníaco.

— Não me faça rir. — riu sem vontade. —Você acha mesmo que tem vantagem
sobre mim? Melanie, você não é a primeira, que Gael procura estando comigo.
Faz anos que nós nos relacionamos desse jeito. E quando ele se cansar de você,
para quem você acha que ele volta?

— Se você tem tanta certeza assim, porque está aziada desse jeito?

— Eu? Minha querida, estou apenas me divertindo, vendo sua falsa inocência,
esperar por um Gael apaixonado. Pode esperar sentada.

— Eu tenho pena de você, Camila. — seu olhar me indagou. — Você se contenta


com essas migalhas que Gael te dá. E depois vem destilar seu ódio sobre mim,
com essa superioridade arrogante, porque você sabe que no fundo está perdendo
até essas migalhas que ainda tem dele. Talvez você já tenha percebido que algo
está mudando em Gael, não é?

Camila gargalhou nervosa.

— Você só pode estar brincando, ou é muito iludida mesmo. —

respondeu.

— Prefiro ser iludida, do que me contentar com menos do que aquilo que
mereço. — peguei minha mala e lhe dei as costas.

Entrei no meu quarto com meu coração ferido. Gael havia contado a ela sobre a
proposta, o que me leva a pensar que ele tenha contado o que houve no hotel, e
que talvez nem tivesse explicado para ela o motivo. Pelo menos, se era do
conhecimento de Camila, ela não demonstrava qualquer empatia, pelos reais
motivos que me levaram a propor tal coisa.

No fundo, Camila tinha razão, eu era mesmo uma iludida, imaginando que Gael,
poderia agir diferente comigo. Me arrependi de ter cedido a ele naquela noite,
imaginado o que ele deve ter contado para ela. Para ele eu não passava de mais
uma, e ele não teve qualquer respeito por mim com sua falta de sigilo.

Algumas lágrimas vieram, as limpei rapidamente. Esse tapa na minha cara, era
tudo o que eu precisava para deixar de ser besta, me apaixonando pelo cara mais
errado da minha vida. Eu tinha uma dívida com ele, e talvez eu precisasse de
toda a minha vida para pagá-la, mas nunca mais eu deixaria ele se aproximar de
mim com segundas intenções.

Tomei um duche rápido e voltei ao trabalho. Gael estava na sala quando eu


passei. Ele estava claramente me esperando com cara de poucos amigos.

— Se você quiser marcar encontros, da próxima vez, marque fora daqui.

Estamos entendidos? — falou irado, me deixando ainda com mais raiva dele.
Gael sabia perfeitamente, que eu não tinha marcado qualquer encontro com
Raul, muito menos o faria aqui na fazenda.

— Não se preocupe quanto a isso. — respondi apática, não querendo

mostrar a desilusão que havia em meu peito.

— Você só o viu uma vez na festa, e já fica dando moral para ele? — me
questionou de forma fria, tentando me atingir.

— Tem razão, eu deveria fazer mais cuidado quanto a isso. Você, por exemplo,
conheço há mais tempo, e nunca pensei que você fosse do tipo de homem, que se
gaba do que faz com as mulheres. Pensando bem, talvez eu soubesse sim, só que
preferi ignorar minha intuição.

Gael me olhou sério, como se não entendesse do que eu falava.

— Está falando do quê, exatamente? — perguntou se fazendo de bobo.

— Só contou para a Camila, sobre a proposta, ou também relatou tudo o que


fizemos naquela noite no hotel? Imagino que contou cada detalhe com deboche.

Suas feições se tornaram duras, como se ele tivesse levado um choque.

Comecei a caminhar para a cozinha, não conseguindo mais estar no mesmo


ambiente que ele. Meu peito doía muito. Gael segurou firme meu braço, sem
qualquer violência. Apenas me impedindo de prosseguir.

— O que Camila falou para você? — sua pergunta saiu temerosa.

— Pergunte a ela. Me deixe trabalhar. — pedi para que largasse meu braço.

Seu maxilar ficou tenso, ao ver que eu não responderia sua questão.

— O que quer que ela lhe tenha dito, eu não contei o que houve no hotel. E

sobre a proposta, não foi nesse contexto que você está imaginado que eu contei a
ela. — seus olhos me pediam perdão.

— Nunca mais toque em mim. Eu sinto nojo de você. — tentei feri-lo também.
Suas mãos me largaram na hora, seu olhar decepcionado saiu do meu.
Gael esfregou o rosto nervoso e sussurrou algo que eu não entendi, saindo de
casa a passos pesados e rápidos assim como a fúria que ele demonstrava.
Capítulo Trinta e Três

Não podia acreditar que Camila, tinha contado para a Mel que sabia da proposta.
E pela mágoa que eu vi em seus olhos, Camila não mediu as palavras. Caminhei
com o sangue fervendo até ao exterior da casa buscando por ela, não a
encontrando em lugar algum. Sua caminhonete também já não estava mais no
estacionamento. Eu não ia deixar essa conversa para depois, iria procurá-la nem
que fosse até ao fim do mundo. Peguei minha caminhonete e dirigi até sua casa.
À chegada, percebi que sua caminhonete estava lá.

Com algumas batidas na porta, uma das senhoras que trabalha para Frederico,
me recebeu com um sorriso no rosto.

— Onde está Camila? — perguntei sem rodeios, entrando na casa, não querendo
perder mais tempo.

— Penso que ela está no quarto dela.

Sem pedir licença, já avancei na direção do quarto de Camila, que eu sabia muito
bem onde era.

Dei uma batida rápida na porta, tão rápida quanto batia o meu peito nervoso.

Camila abriu a porta. Seu rosto ficou pávido assim que viu que era eu. Sem tirar
meus olhos irados dela entrei em seu quarto, fazendo-a recuar mesmo sem
qualquer contato. Fechei a porta.

— O que você falou para a Mel? — meu tom de voz saiu baixo, mas ele
carregava tanta raiva que Camila parecia tremer.

— Eu não sei do que está falando?

— Não se faça de ingênua, porra! — vociferei, fazendo-a dar um salto

para trás assustada.

— Gael, desculpa... eu estava irritada e acabei falando sobre a proposta a ela. Me


perdoe. — seus olhos se encheram de lágrimas.
— Porque falou a ela sobre isso?

— Não sei, eu te vi tão nervoso com a visita de Raul. Você discutiu comigo por
causa disso, eu fiquei com raiva e joguei na cara dela, que ela tinha arranjado
outro trouxa para se vender.

— O quê?— meu peito estava a ponto de explodir, de tão puto que eu estava. Ao
mesmo tempo, eu me controlava para não avançar nela. —

Camila, eu te contei sobre a maldita proposta, no contexto de você saber o


motivo de tal empréstimo, sabendo que a Mel não tinha como pagar. Não nos
termos que você acusou ela, até porque você sabe muito bem o motivo da
proposta. Era a vida da mãe dela, que estava em causa. E você usou isso para
humilhá-lha? — gritei.

— Me perdoe Gael! Eu pedirei desculpas a Melanie por isso também. Me


perdoe, por favor. — pediu desesperada me agarrando pela camiseta.

— O estrago que você fez é irreversível. Eu não quero que ponha mais os pés na
fazenda, e se mantenha longe de mim também. — a afastei com raiva e nojo.

— Gael, você está tomando uma decisão precipitada. Nós estamos juntos há
mais de dez anos. Não acredito, que você vai me afastar por causa de uma
empregada da fazenda.

— Exatamente por eu acreditar te conhecer que a decepção foi maior.

Você traiu minha confiança, e não tinha o direito de ter falado uma coisa dessas
para a Mel, distorcendo o que aconteceu. Você foi maldosa, e eu não consigo
entender porque fez isso.

— Desde que a Mel chegou na fazenda, que você não é mais o mesmo.

Ultimamente nem para sexo você me procura, e vive me dando desculpas. Eu agi
por ciúmes.

— Ciúmes? Nunca houve isso entre a gente, o que está acontecendo? —

perguntei irritado.
— Eu te amo Gael. — sussurrou. Seu rosto ficou banhado com novas lágrimas.

— Só pode estar brincando comigo, Camila?! — sua declaração foi como uma
pontada no peito.

— Eu sempre te amei. Desde o primeiro dia que você me levou para a cama. —
Camila limpava as lágrimas, mas novas caiam com mais intensidade.

— Camila, eu sempre fui sincero com você quanto a isso. Por que continuou
com essa loucura, sabendo que eu nunca ia corresponder? Quantas vezes eu te
perguntei? Você nunca foi sincera comigo.

— A gente não manda no coração. O que você me dava bastava Gael, eu nunca
te exigi mais que isso, mas agora você está diferente.

— Camila, eu não sabia disso. Se eu tivesse imaginado eu nunca me envolveria


com você, e teria me afastado faz tempo. Você deveria ter parado essa loucura.

— Você a ama.

— Tá vendo? Você faz palpites, cobranças e ainda se mete na porra da minha


vida querendo até adivinhar meus sentimentos. Esse sentimento não existe para
mim, e você que me conhece tão bem, deveria saber disso.

— Se você não a amasse, você teria sim cobrado sua parte da proposta.

Afinal, você está louco para levá-la para a cama. Você a respeita, não quer feri-
la, tem sido até fiel a esse novo sentimento por ela, pois desde essa noite você
não me procura mais.

— Está fantasiando coisas. O que eu fiz pela Mel, faria por qualquer outra
pessoa. — falei sem paciência.

— Então se você não sente nada por ela, vamos esquecer o que aconteceu hoje.
A partir de agora não te farei mais cobranças, juro. Pedirei perdão a Mel, pelo
forma como eu falei. — Camila me olhava esperançosa.

— Você não vê que agora tudo mudou? Não se trata só do que você fez com
Melanie. Se trata de eu e você. Eu não posso ficar com você, sabendo dos seus
sentimentos, e você sabe melhor que ninguém o que penso acerca disso. Nosso
trato sempre foi esse, e eu acreditei que você estava sendo sincera.

— Gael, por favor, não faça isso comigo. Eu não me importo, aceitarei o que
você me der. — Camila se aproximou novamente me tocando.

— Camila, pare de se rebaixar desse jeito. Você até me ofende, ao pensar que eu
aceitaria isso. — a afastei mais delicado dessa vez. Eu estava com muita raiva
dela, pelo que ela fez com a Mel, e também por ter mentido para mim. Foi algo
que sempre conversamos e sempre ficou bem explícito na nossa relação. Eu me
sentia traído. Pois agora ela estava me fazendo parecer um escroto, que a havia
usado durante todos esses anos.

— Eu aguentei esses anos todos, calada, guardando esse sentimento só para


mim. Por favor, Gael não me afaste da sua vida. — pediu desesperada.

— Camila, você é linda, atraente, muito inteligente, tem muitos caras que se
encantam por você. Precisa me esquecer, e dar uma nova chance ao que sente
com outra pessoa. Você sabe que eu nunca corresponderei a esse sentimento, seja
com você ou qualquer outra mulher. — caminhei até à porta do quarto. O choro
de Camila ficou mais intenso e desesperado.

— Gael... — clamou, quando abri a porta.

— Não me procure mais, por favor. — sussurrei de costas para ela, antes de
fechar a porta.
Capítulo Trinta e Quatro

Assim que Gael saiu peguei no meu celular e liguei para Raul. Não sabia se o
que eu estava fazendo era a coisa certa, mas eu precisava tentar.

Precisava me dar uma nova oportunidade, com alguém que correspondesse aos
meus sentimentos.

— Alô!

— Oi Raul!

— Melanie? Que bom te ouvir, não esperava que fosse me ligar tão rápido. —
Raul pareceu sorrir do outro lado.

— É, eu queria te dizer que se der para você, a gente pode sair para jantar no
sábado à noite.

— Claro! Fico feliz que seu patrão a tenha liberado.

— Eu ainda não pedi a ele, mas de qualquer das formas eu tenho direito a
algumas folgas.

— Entendi.Tudo certo então. Eu irei te buscar na fazenda, só não passarei da


porteira para não irritar seu patrão. Hoje tive a impressão que ele não gostou
muito da minha presença por aí. Espero não ter lhe causado problemas.

No fundo eu sentia que Raul, tinha percebido a tensão que havia entre mim e
Gael. Mas eu preferi fingir que não era nada.

— Não, ele só não gosta muito que os empregados percam tempo com visitas,
durante o horário de trabalho.

—Compreendo. Tudo bem então, até sábado. Beijo.

— Até sábado, Raul. Beijo.

Desliguei a chamada com o coração aos pulos. Me sentia muito nervosa, com o
que houve com Camila e com o fato de saber que a partir de agora, meu contato
com Gael, seria apenas por motivos de trabalho. Fiz o trabalho que me competia
na casa, e quando terminei todos os meus afazeres, fui até ao estábulo. Eu
gostava de estar perto de Chocolate, quando me sentia nervosa. De uma forma
que eu não sabia explicar esse bichinho, me passava calma e energia positiva.

— Oi campeão. — o acariciei. Chocolate moveu a cabeça, ao encontro da minha


mão, parecendo buscar mais carícias. — Você é um mimado que só recebe
carinhos.

— Sabia que te encontraria aqui. — a voz de Gael, entrando no estábulo me fez


sobressaltar. Seu semblante estava abatido.

— Estou voltando para casa.— falei, cruzando com ele.

— Espere, por favor, Mel. — pegou meu braço de forma delicada. Seus olhos
fitavam o chão. — Me perdoe pelo que aconteceu com Camila. — seu olhar se
voltou para o meu. Nele eu via verdade, tristeza, decepção e algo mais.— Eu
cometi um erro contando a ela. Mas eu quero que saiba que não foi, nunca, para
te humilhar ou debochar do que aconteceu. Eu contei a ela porque eu não tinha o
dinheiro suficiente para te dar. Eu tive que pedir metade do valor para o pai dela.

— Eu acredito que esteja sendo sincero. — meu peito apertava olhando seus
olhos. Eu sentia que havia algo mais forte que nossos medos e teimosia.

Mas Gael, precisava perceber isso também, ou ambos sairíamos magoados.

— Gael, se você não tinha o suficiente, porque não me falou? Quer dizer que
agora você tem uma dívida com eles?

— Eu te vi desesperada, foi a solução que arranjei na hora. Sim, mas eu pagarei


tudo sem problemas.

— Porque fez isso, Gael? — uma esperança nasceu em meu peito.

— Eu o faria por qualquer outra pessoa, na mesma situação que você. —

suas palavras altruístas, deveriam me deixar orgulhosa dele, mas elas destruíram
mais um pouco da esperança que havia no meu peito.

— Te agradeço mais uma vez, pela sua empatia quanto ao caso da minha mãe.
Tentarei pagar cada centavo. — foi tudo o que consegui dizer.
Realmente eu estava agradecida, mas eu esperava que ele dissesse que o fez por
mim.

— Não se preocupe com isso. — sua mão largou meu pulso e puxou as rédeas de
Chocolate. — Preciso sair para montar um pouco.

— Sábado à noite pegarei folga. Espero que não se importe. — algo dentro de
mim, esperava que Gael, me pedisse para que não fosse. Seus movimentos
pararam, ficando em silêncio por alguns segundos, como se refletisse no que
falar.

— Espero que Raul, seja o príncipe encantado que você procura, e que te faça
feliz. — sussurrou sem me olhar.

— Eu não procuro um príncipe encantado, Gael. Só um homem, que não tenha


medo de dizer e demonstrar o que sente por mim. Eu não estou exigindo
casamento, nem filhos. Eu só desejo entrega e amor.

— Com certeza ele te dará o que procura. — passou por mim, evitando me olhar.
— Não jantarei em casa, hoje. — declarou antes de sair do estábulo.

— Tudo bem. — fiquei vendo-o montar Chocolate, e correr livremente pelas


terras da fazenda.

O amor que batia em meu peito por esse homem, me sufocava e doía de tal
forma, que as lágrimas escorreram dos meus olhos livremente. Sentei no chão
olhando o horizonte. Dessa vez não as sequei, eu precisava livrar o meu coração
desse sentimento dolorido, e esperava que o choro extravasasse tudo o que eu
estava sentindo. Eu tinha tentado de todas as formas, apelar aos sentimentos que
eu acreditava ver no olhar de Gael, quando estava perto de mim, mas ele sempre
arrumava um jeito de me provar que eu estava enganada, e que tudo não passava
de uma ilusão minha.

Talvez o amor me cegasse de tal forma, que eu não queria aceitar a verdade nua
e crua bem diante dos meus olhos. Fiz uma promessa a mim mesma, que nunca
mais eu tentaria nada. A partir desse momento, eu deixaria meu coração livre
para novos sentimentos. Eu não me tornaria numa Camila, sofrendo em silêncio
por amor.

Entrei em casa depois de uma hora chorando no estábulo, Maria se assustou com
meu rosto vermelho e inchado.

— Minha querida, o que houve? — se aproximou colocando suas mãos em meu


rosto abatido.

— Eu me apaixonei, Maria. — novas lágrimas vieram com força. Maria me


envolveu em seus braços ternos.

— Oh minha filha. Eu sinto muito.

— Porque dói tanto? — perguntei sufocada pelo choro.

— Calma querida. O amor não deveria doer, mas sim, por vezes ele machuca.
Tenha calma, vai passar, você só precisa de tempo, para saber lidar com os
sentimentos.

Me deixei ser mimada, nos braços de Maria, por longos minutos. Eu precisava
de um ombro amigo, que me confortasse, e de algumas palavras de alento. Nesse
momento, não poderia preocupar minha mãe, que sempre foi minha melhor
ouvinte para os problemas da minha vida.
Capítulo Trinta e Cinco

Fazia algum tempo que eu olhava meu guarda roupa e não conseguia me decidir
por um dos vestidos.

Não conhecia muito bem Raul, e também não sabia onde ele me levaria para
jantar, então me sentia indecisa quanto ao que vestir. Acabei pegando um vestido
envelope, cor de rosa velho, com mangas compridas e babados fluidos. A saia do
vestido, tinha mesmo detalhe dos babados das mangas, até à barra que ficava um
pouco acima dos joelhos. Deixei meus cabelos soltos, e usei apenas um gloss nos
lábios.

Saí do meu quartinho, sabendo que não cruzaria Gael. Segundo Maria, quando
ele saiu bem cedo essa manhã, ele a avisou que não jantaria em casa.

Durante os últimos dias, ele se manteve ocupado com os cavalos na fazenda, e


praticamente não parava dentro de casa. Raramente jantou, e as vezes que o fez
se recolheu em seu quarto logo de seguida. Também estranhei a visita de alguns
veterinários novos na fazenda, e a ausência de Camila. Maria me disse também,
que ele buscava por um novo veterinário, pois Camila, não trabalharia mais na
fazenda. Não sei exatamente o que ambos conversaram, assim que Gael saiu
furioso à sua procura, mas senti um misto de emoções no momento, em que
soube que Camila não viria mais na fazenda, pois sabia que eu tinha sido a
causadora desse afastamento. E embora a Camila, tivesse sido arrogante para
comigo ultimamente, eu não lhe queria mal algum. Sabia que ela só estava
agindo assim, por causa do seu amor por Gael. Também percebi que Gael,
andava mais apagado e em baixo, o que me levava a pensar que ele também se
sentia triste com a situação, e com a sua ausência. Afinal, eles eram amigos e
mantinham uma relação íntima há mais de dez anos.

Deixei meus pensamentos de lado, quando vi Raul me esperando fora da


porteira. Ele estava encostado na caminhonete dele, com ar descontraído.

Vestia uma calça jeans preta, camisa branca, com os primeiros botões
desabotoados e um blazer preto. Assim que me viu caminhar em sua direção,
esboçou um sorriso simpático, desencostando-se da caminhonete. Ver seu sorriso
tão genuíno e seus olhos nada maliciosos em mim, me acalmou. Pois eu estava
me sentindo pouco à vontade, com esse encontro. Sobretudo quando meu
coração estava em outro lugar.
— Está lindíssima, Melanie. — se aproximou me dando um beijo no rosto.

— Você também está muito bonito. — falei sincera.

Sua pele era mais bronzeada, que a de Gael, ele era mais baixo que ele um
pouco, e seu corpo não era tão musculoso também, mas era um homem atraente
e carismático. Seu olhar era meigo, seu sorriso fácil e charmoso. Ele sabia como
se portar com uma mulher, sendo educado, cavalheiro e muito atencioso.

— Gosta de comida japonesa? — perguntou enquanto abria a porta da


caminhonete, para que eu entrasse.

— Gosto sim, faz muito tempo que não como comida japonesa. Mas adoro.

— Então te levarei ao restaurante japonês, com o melhor sushi que você


provavelmente já comeu. Tenho certeza que vai gostar. — devolvi o sorriso.

À chegada ao restaurante, a atendente nos encaminhou a uma mesa para duas


pessoas, num local mais reservado e intimista. As luzes do espaço eram ténues e
indiretas dando um ar mais aconchegante, mesinhas baixas e almofadas no chão
faziam jus ao ambiente típico de um verdadeiro restaurante japonês. Bonsais,
lanternas de seda, bambus e alguns leques orientais faziam parte da decoração.

Ao sentar na pequena almofada do chão típica da cultura japonesa, me dei conta


de que o vestido que trazia, não era o mais indicado para este tipo de assento.
Então rapidamente, coloquei as pernas de lado, para que minha calcinha não
aparecesse. Raul se sentou confortavelmente de pernas cruzadas, e seus olhos
passaram brevemente por minhas pernas expostas.

— Tome. Use ele, se sentirá mais confortável. — me entregou seu blazer,


percebendo meu desconforto. Mesmo não querendo pensar nele, fiz uma

comparação, com o olhar que Gael, me diria se fosse ele nesse momento.

Com certeza, estaria me dizendo alguma obscenidade, e me comendo só com o


olhar. Enquanto Raul, apesar de eu ter percebido um pouco do seu instinto
normal masculino ao olhar para um par de pernas femininas expostas, foi
educado e cavalheiro, não me deixando constrangida.

— Obrigada. — sorri sem jeito, me cobrindo com o blazer. Me sentindo menos


exposta, fiz o mesmo que ele cruzando as pernas diante do corpo sem a
preocupação que minha calcinha aparecesse.

O servente anotou nosso pedido, e em alguns minutos, um lindo barco de


madeira, com uma grande variedade de sushi, sashimi, e niguiris de salmão e
atum, chegou. Como bebida pedimos sakê.

— De fato, é o melhor sushi que já comi. Obrigada, pelo convite. —

declarei depois de saborear.

— Eu que agradeço ter aceite o meu convite. Estou amando sua companhia. —
Raul prendeu seu olhar por mais tempo que o necessário do meu. Me fazendo
desviar o olhar primeiro. — Me conte um pouco mais sobre você? Naquele dia
da festa, por causa do barulho da música não podemos falar muito. Faz quanto
tempo que trabalha na fazenda, e o que te leva a aturar um patrão tão arrogante,
quanto o Gael?

— Faz quase um ano que trabalho para Gael, e embora ele tenha algumas
atitudes incompreensíveis, ele tem sido um bom patrão. Na verdade eu buscava
por um trabalho, em qualquer área, pois por motivos pessoas, não consegui dar
continuidade na faculdade. Não eram os planos que fiz para a minha vida, mas
fiquei grata quando apareceu esse trabalho para mim.

— Entendi. E quais eram os seu planos?

— Eu queria estudar medicina.

— O que te impediu prosseguir seus objetivos? — Raul colocava as questões,


mostrando verdadeiro interesse na conversa.

— Minha mãe tem uma doença degenerativa, e os custos para os tratamentos que
vinha testando eram altos. Infelizmente, ela também perdeu seu emprego,
quando souberam da sua doença. Se tornou inviável para nós, manter os custos
da faculdade e dos tratamentos. Tive que deixar os estudos e começar a trabalhar,
para ajudá-la a custear seus tratamentos.

O olhar de Raul se tornou de pesar, e isso de certa forma me incomodava.

Eu não pude continuar os estudos, mas se tudo corresse bem, eu teria minha mãe
curada e isso era o que realmente importava na minha vida.

— Qual a doença da sua mãe?

— É a síndrome, Machado-Joseph. — esperei que Raul, me questionasse mais


um pouco sobre a doença, que a maior parte das pessoas não sabia do que se
travava. Mas o que ele disse de seguida, mostrou o quão informado sobre ela, ele
estava.

— Essa doença, é de origem genética e é hereditária. O que significa que, você


também poderá vir a sofrer da mesma?— seu rosto fechou tenso, mas seus olhos
meigos não saíram dos meus.

— Sim. — admiti, sentindo meus olhos umedecerem só em pensar nessa


possibilidade.

Sua mão direita pousou delicadamente sobre a minha, a apertando ligeiramente.

— Não vai acontecer nada com você, Melanie. Há a probabilidade de você não
ter herdado os genes da doença.

Dei apenas um sorriso triste e assenti. Eu queria muito acreditar em suas


palavras, pois eu já tinha um divida para a vida toda, com o tratamento da minha
mãe. Nunca eu iria ter meios de pagar um novo tratamento caso eu também
herdasse a doença dela

— Não vamos falar sobre essas coisas hoje, não te quero ver triste.

— Tudo bem, tudo isso já faz parte da minha vida e tento encarar de forma
positiva.

— Eu te admiro muito por isso.

— Obrigada.

— Me acompanha na sobremesa?

— Claro.

Terminamos o jantar, e Raul me levou até um barzinho onde conversamos por


mais algumas horas. Ele também me contou um pouco sobre a vida dele.

De uma família com três irmãos, ele era o filho mais jovem e o único que seguiu
os mesmos passos do seu pai, fazendo criação de equinos e participando em
rodeios. Todos os seus irmãos, haviam terminado faculdade,

e saído do Brasil em busca de novas oportunidades de trabalho em outros


países.A conversa com Raul, era fluida e bem agradável. Ele tornava tudo tão
leve, sendo uma ótima companhia e me fazendo querer conhecer mais um pouco
sobre ele, e as horas simplesmente voaram.

Já tarde, me deixou em casa.

— Adorei a sua companhia essa noite. Gostaria de ter outras oportunidades, se


você não tiver cansada de mim. — Raul esperou minha reposta, já diante da
porteira da fazenda.

— Sim, será um prazer. Eu também adorei a sua companhia. Obrigada, por essa
noite. — me debrucei sobre ele para um beijo de despedida no rosto.

Suas mãos de maneira delicada pegaram meu rosto, e o olhar de Raul pediu
licença antes de seus lábios tocarem os meus. Foi um beijo singelo, sem força,
nem posse, sendo carinhoso e meigo.

— Você não me passou indiferente naquela noite. — sussurrou, ainda em meus


lábios.

— Precisamos ir com calma, Raul. — falei baixo.

Eu sentia um misto de emoções. Meu íntimo me dizia que Raul, era um homem
de bem, inteligente, interessante, que saberia como tratar uma mulher e que eu
deveria lhe dar uma oportunidade. Mas meu coração não tinha ainda desapegado
de Gael, e eu estava me sentindo hipócrita se não fosse sincera com Raul. Eu
adoraria tentar, e quem sabe até me apaixonar por ele, mas eu também precisava
de ser transparente para com ele, em relação aos meus sentimentos, pois até
agora ele tinha sido um cavalheiro. Seu beijo foi bom, ele beijava muito bem,
mas eu não senti aquele clique, nem aquelas sensações fortes, que faziam meu
peito bater descompassado, que só o beijo e a proximidade de Gael, me faziam
sentir.
— Desculpe, eu acho que me precipitei um pouco.— se afastou.

— Está tudo bem, eu só...

— Eu sei, Melanie. Seu coração está ocupado.

Não neguei, porque era a verdade.

— Desculpe, eu gostaria muito tentar mas também quero ser sincera com você.
— fitei seus olhos buscando sua reação.

Estaria Raul, preparado para esperar meu tempo?

— É o Gael, não é?

— Como sabe?

— Eu te observei por muito tempo, antes de me aproximar de você naquela


noite, e percebi que não tirou sua atenção dele o tempo todo. Mesmo ele te
ignorando por toda a noite.

Raul, não falou com maldade ou acusação, ele foi apenas sincero e direto à
minha questão, e em seu tom de voz havia até um certo cuidado nas palavras
ditas.

— Infelizmente, a gente não manda no coração. — admiti.

— Eu adoraria que você me deixasse entrar na sua vida, te conhecer um pouco


mais. Você é uma mulher linda e fascinante. — Raul acariciou meu rosto. —
Serei paciente. A gente pode ir com calma e deixar ver o que rola.

Isso se você quiser é claro. Se você me falar que não está disposta a isso, eu te
deixarei tranquila.

— Eu gostaria muito de te conhecer melhor também. — falei sincera. —

Eu só preciso de um tempo, para dar outros passos.

— Eu te entendo, e respeitarei sua vontade.

Esbocei um pequeno sorriso perante suas palavras, eu sentia verdade nelas.


Dessa vez fui eu quem buscou por seus lábios. Não foi um beijo cheio de amor,
ou desejo, ainda, mas sim de carinho e sinceridade. Realmente eu queria virar a
página com Gael, e dar uma oportunidade a Raul. E agora que ele me entendia
eu poderia tentar.

Raul me envolveu em seus braços e me beijou de volta. No mesmo momento o


som de trote de cavalo próximo, nos chamou a atenção. Ambos voltamos o olhar
para o lado de fora da caminhonete. Gael acabava de chegar com Chocolate, e
seu semblante estava sério, ele tinha flagrado nosso beijo.

Seu olhar fixou no meu, de uma forma tão indecifrável, que mexeu com meu
interior. Seus olhos pareciam purgar dor, tristeza, desapontamento, raiva.

Amor? Porque eu continuava me iludindo?

Depois do que me pareceram longos segundos, seus olhos se voltaram para Raul.

— Da próxima vez, encoste a caminhonete para não bloquear a passagem.

— falou seco, sem esperar uma resposta de Raul, puxando a rédea de Chocolate,
se desviando da caminhonete e entrando na fazenda.

— É, ele não foi mesmo com a minha cara. — Raul falou, enquanto
observávamos Gael se afastar.

— É o jeito dele, não ligue. — falei ainda com meu coração agitado.

— Não se preocupe, não é a Gael, que eu faço questão de agradar. Te ligo


depois, para saber quando você terá sua próxima folga. — esboçou um sorriso.

— Tudo bem. Boa noite, Raul. — sorri de volta, saindo da caminhonete.

— Boa noite, Melanie.

Entrei na fazenda e caminhei até à porta da casa. Não haviam luzes acesas, então
entrei sem fazer muito barulho, pois não queria incomodar Gael. Fechei e
tranquei a porta, olhei em volta para ter certeza que Gael não estava, a pouca luz
que preenchia os cômodos, era a luz da lua. Ele já tinha subido para o seu quarto.
Caminhei lentamente até à cozinha. Eu precisava pegar um pouco de água, pois
minha garganta tinha ficado seca depois que Gael apareceu.
Bebi um pouco e coloquei o copo na pia. Segui até meu quartinho quase no bico
dos pés, para não fazer qualquer ruído.

— Se divertiu, com aquele filhote?

Dei um grito, com o sussurro seco de Gael, que se encontrava encostado no


batente da porta do meu quartinho.

— O que faz aqui? Você me assustou. — coloquei as mãos no peito, tentando


acalmar minha respiração.

— Vim ter certeza, de que você está feliz. Do jeito que o beijava, parece que
achou seu homem perfeito.

— Eu preciso de muito mais que um beijo, para saber se ele é o homem perfeito.
Mas sim, Raul, sabe como tratar uma mulher, sem fazê-la se sentir um objeto. —
respondi irritada, por sua ousadia em me provocar depois de tudo.

— O problema das pessoas que se apaixonam é esse. Elas idealizam demais,


cobram demais, sonham demais, romantizam demais. Seguem padrões altos
demais. E por mais que alguém demonstre, respeito e amor de

outras formas, nunca será o suficiente para elas, pois não seguem os ditos
padrões.

— Está dizendo que você demonstra amor? — eu queria tanto que ele admitisse
que sim. Mesmo que de uma forma que eu ainda não conseguia entender.

— Não, estou dizendo que você nunca se contentará com a diferença.

Você quer romance. Raul parece ser o cara certo para se prestar a esse papel, de
homem apaixonado, romântico e pai dos seus filhos.

Suas palavras, como sempre soaram irônicas. Gael estava morrendo de ciúmes e
não era capaz de admitir.

— Porque tem tanta aversão a esse sentimento? — perguntei olhando seus olhos
agora vazios.

— Eu não posso rejeitar, o que nunca senti. — sussurrou.


— Por que prefere ser covarde, Gael?

— Se você acha covardia, não iludir alguém, e deixá-la ser feliz com alguém que
lhe dará tudo o que sempre sonhou. Então sim, talvez eu seja um covarde.

— Eu gostaria de te entender, Gael. Mas você só me magoa.

— Desculpe, Mel. A última coisa que eu quero é isso. — beijou meu rosto e se
afastou indo para o seu quarto.

Gael se mantinha como um enigma para mim.


Capítulo Trinta e Seis

Ultimamente a única coisa que acalmava esse furacão que se formou dentro do
meu peito, era montar Chocolate, meu fiel amigo e companheiro.

Aquele que sentia todas as minhas emoções e que só com o ritmo da sua
cavalgada, me trazia a paz e calmaria, que meu interior tanto buscava.

Deitei na cama, tentando lembrar há quanto tempo essas novas emoções, se


apoderaram de mim sem que eu permitisse. Fechei os olhos, e a imagem dela
naquela noite, nos braços de Raul, o beijando foi como uma nova pontada no
peito. Apertei os olhos, frustrado demais, com tudo o que essa lembrança me
fazia sentir. Ela não devia mexer dessa forma comigo.

Há alguns dias que ela tem se encontrado com Raul. Durante as folgas saem
juntos, e por vezes ao fim da noite, ele também vem até à porteira da fazenda só
para vê-la, o que me leva a crer que estão namorando.

A distância que tenho tentado manter dela, me angustia demais. Meu corpo sente
sua falta, sinto falta dos seus lábios macios e tímidos, falta do seu toque terno e
cauteloso, do seu cheiro, que eu reconheceria de olhos fechados em qualquer
parte do mundo, e a juntar a tudo isso a maldita abstinência de sexo.

Estava com um humor de cão. Sim, eu tentei sair para me distrair, beber, e
buscar prazer com outras mulheres, mas as tentativas não passaram de uns
simples beijos e amassos. Por mais que meu corpo estivesse excitado, ele não
desejava qualquer uma outra, senão ela.

Quando minha razão cedia, e eu me aproximava dela, tinha a impressão de que


só lhe levava dor.

Seus olhos tão expressivos e carentes nos meus, seu peito batendo forte e toda a
esperança que ela emanava, juntamente com a decepção no seu olhar após cada
conversa, me davam a certeza de que eu nunca seria para ela, o

suficiente. Eu não era o tipo de homem que a faria feliz, por mais que eu o
desejasse. E não poderia simplesmente me aproveitar do que via em seus olhos,
prometendo algo que nem eu mesmo acreditava ser capaz de lhe dar.
****

Levantei bem cedo, tinha dormido muito pouco. Meu sono tem sido péssimo,
meus dias longos e as noites terríveis, o que me tem deixado esgotado e meio
que depressivo até. Verificar meu celular e ver as duas chamadas perdidas de
Camila, ainda me deixou mais estressado. Já tínhamos dito tudo um ao outro, ela
tinha traído a minha confiança, e não havia agora espaço para mais. Embora eu
lamentasse que as coisas tenham levado esse rumo, Camila, teria que seguir sua
vida e me deixar em paz.

— Bom dia, Maria.— a cumprimentei entrando na cozinha.

— Bom dia, Gael. Levantou cedo. Eu lhe servirei o café da manhã, penso que a
Mel, chegará mais tarde.

— Ela não dormiu em casa? — perguntei com medo de saber a resposta.

— Não sei, não me apercebi quando, ou se chegou. Mas eu mesma o servirei.

— Só preciso de um café, por favor.

— Não anda se alimentando direito, menino. Está abatido e mais magro.

— Maria me olhou visivelmente preocupada.

Se ela soubesse do que eu realmente sentia fome, ficaria corada e talvez até
jogasse alguns pratos em mim, por meus pensamentos impróprios.

— Não se preocupe, estou bem.

— Farei também uns ovos mexidos. — anunciou, voltando sua atenção para os
ovos e o fogão.

Não contestei. Esbocei apenas um sorriso fraco, perante sua imposição, e me


sentei à mesa da cozinha, esperando.

Maria trabalha na fazenda há muitos anos, já desde a época dos meus pais.

É umas das funcionárias mais antigas da casa, então ela me conhece bem
demais. Eu sabia que a preocupação e o afeto existentes em seus olhos eram
genuínos.

— Obrigado! — agradeci, perante o enorme e apetitoso prato de ovos

mexidos que me preparara.

Levei uma garfada à boca. Maria colocou o café na mesa e me serviu uma
xícara. Sentia seus movimentos nervosos e seu olhar agitado sobre mim.

— O que há Maria, que não para de me observar pelo canto do olho?

— Não se feche ao que está sentindo, está sofrendo e fazendo sofrer.

Pousei meus talheres e a fitei, tentado entender do que falava.

— Ela não é como a sua mãe. — sussurrou.

— Maria, eu não quero falar sobre isso. — falei seco, já me levantando irritado.

— Desculpe, trazer lembranças dolorosas. Mas faz tempo que eu trabalho nessa
fazenda, eu te conheço desde menino, Gael. Então me ouça, por favor.

— pediu cautelosa. Me sentei novamente, e a deixei continuar. — Você não deve


se negar ao que está sentindo, por medo de ela fazer com você, o mesmo que sua
mãe fez com seu pai.

— Não tem nada a ver com isso, Maria.

— Tem sim, e você sabe muito bem. Você não era assim, até ver seu pai
decaindo de desgosto de amor por anos, ao ter sido traído e abandonado por sua
mãe. — sua voz era firme, embora seu olhar cuidadoso e melancólico.

— Eu não serei como o tolo do meu pai, me apaixonando. Você melhor do que
ninguém, sabe do amor que ele sentia e demonstrava por ela, ele a venerou toda
a vida. Para no final, ela fazer o quê? Colocar um par de chifres nele e fugir com
outro, deixando-o a morrer de desgosto de amor.— gritei.

— Você não é o seu pai, nem a Mel, é a sua mãe. — seu tom de voz saiu um
pouco mais elevado também. — Não é porque deu errado com eles, que vai dar
errado com vocês também, meu filho.
— Maria, conhece-me bem, e sabe que eu não sou homem de apegos e
sentimentalista, nunca seria para a Mel, o homem que ela merece.

— Você não quer se envolver para não magoá-la, mas não faz outra coisa desde
que se aproximou dela. Sabe que ela tem sentimentos por si, e você passa
simplesmente por cima de todos eles, por causa do seu egoísmo e dos seus
medos. Desse jeito vai acabar perdendo a única mulher que você amou na vida,
Gael.

— Ela já está com outra pessoa, e parecem estar se entendendo muito bem.

Pelo que parece, até já passa a noite fora. — respondi amargo e ciumento.

— Você não tem nada a ver com isso. Faz ela muito bem. Pelo menos aquele
moço, valoriza ela. Se não é capaz de assumir o que sente, deixe-a viver sua vida
em paz, Gael. Você é um cabeça dura. — ralhou.

Maria me encarou com cara de brava por mais alguns segundos. E eu juro que se
não fosse o apreço que eu tinha ganho por ela, ao longo desses anos trabalhando
na fazenda, eu a teria mandado embora na hora, por sua ousadia em me dar
bronca. Comi os ovos mexidos na base do ódio, pois nem consegui sentir o seu
gosto.
Capítulo Trinta e Sete

Bebi meu café. Pelo menos desse eu tinha sentido o gosto amargo passando na
boca. Me preparava para sair, quando Melanie chegou, se espantando por me ver
tomando o café da manhã na cozinha.

— Bom dia. — me olhou brevemente.

— Bom dia. Dormiu bem? — a provoquei, olhando o relógio.

— Desculpe o atraso. — seu rosto lindo me fitou.

Deus, como eu queria voltar a beijar aqueles lábios.

— Ora essa, não tem de quê. Use e abuse da minha boa vontade. — falei irônico.
Seu rosto fechou, e Maria me olhou balançando a cabeça negativamente.

— Maria, você é a chefe dos funcionários da casa. Melhor tomar as rédeas do


serviço, ou os empregados, chegarão na hora que querem para trabalhar, depois
de passarem a noite fora para fazer sei lá o quê, e o trabalho irá sobrar para você.

— Foi a primeira vez que Melanie, chegou atrasada, Gael. Acho que você pode
dar um desconto. Agora com licença, que preciso tratar de outras coisas da casa.
— Maria passou a mão no ombro de Melanie ao sair da cozinha.

— Eu tive que ir na casa da minha mãe, ela precisava de um documento que não
levou para a viagem, como era tarde, acabei dormindo lá. Desculpe não avisar,
mas como ontem não jantou em casa, não tive como. — Melanie, se justificou.

— Os celulares servem para isso mesmo. — me aproximei confrontando-a,

só para sentir um pouco do seu cheiro.

Eu não estava nem aí, para o seu atraso, principalmente agora que sabia a razão,
e que não foi por passar a noite com Raul. Estava aliviado até. Pensar nele
tocando nela, mexia até com minhas entranhas. Mas qualquer desculpa era
válida para ficar um pouco mais próximo dela.

— Não pensei nisso, desculpe.— sua boca se movia, e eu só conseguia pensar


naqueles lábios ao redor do meu pau carente dela.

— Sinto sua falta, Mel. — declarei mais vulnerável do que gostaria de


demonstrar. Dei mais um passo, sentindo seu corpo próximo ao meu. Me alegrei
em perceber, que eu ainda mexia com ela, mesmo se ela estava com Raul. Seus
batimentos aceleraram, suas mãos tocavam uma na outra de forma inquieta, e
seus olhos mal conseguiam segurar nos meus.

— Tenho que trabalhar. — falou tentando fugir. Segurei seu rosto delicadamente
a impedindo de sair e muito menos de desviar o olhar de mim.

— Está feliz com ele? — perguntei, com meu peito apertado, batendo forte.

— Gael, por que faz isso comigo? — sussurrou.

— Ainda estou te esperando, Mel. — meu nariz roçou no dela. Sentia a sua
respiração próxima demais dos meus lábios. Eu queria tanto tocá-los.

Fechei meus olhos, tentando me concentrar, e sem a menor vontade me afastei


dela. — Não respondeu, minha pergunta. — falei de costas para ela, sem
coragem para escutá-la olhando em seus olhos.

— Sim, eu estou feliz com ele. — seu tom de voz saiu baixo e hesitante, mas foi
como um golpe em meu peito.

— Ainda bem, você merece. — falei sincero, saindo da cozinha logo de seguida.

Pensei nas coisas que Maria, me falou, sobre meus pais. Ainda jovem, quando
minha mãe largou meu pai, e me abandonou, eu prometi a mim mesmo, não me
apaixonar nunca por nenhuma mulher. Durante anos eu vi meu pai, adoecer e
morrer de desgosto por causa do amor que ele sentia pela minha mãe, que nunca
voltou. Ele sempre a venerou, mas ela nunca o amou, não verdadeiramente. Isso
ficou claro, quando as economias do meu pai, sofreram uma grande queda, por
causa de um mau investimento que ele fez em ações no banco. Assim que minha
mãe, percebeu que não teria mais a

vida de princesa que levava, arrumou outro trouxa, que bancasse ela e fugiu, me
deixando também para trás, nunca se dando nem ao trabalho de me procurar para
saber de mim, ao longo de todos esses anos. Tive que aprender desde cedo a me
virar sozinho, e a cuidar da fazenda, e do único cavalo que nos restou,
Chocolate, presente do meu pai, depois de perdermos quase tudo para pagar
dívidas. Meu pai, desde a fuga dela, perdeu o controle, começando a beber, e a se
refugiar em sua própria solidão, até ao fatal dia do ataque cardíaco que o levou à
morte. Depois da sua morte, Frederico, que era um de seus amigos, vendo
também minha proximidade com Camila, me propôs sociedade, e foi com a
ajuda dele, que aos poucos fui conseguindo fazer melhorias na fazenda, que
estava praticamente arruinada, e comprando mais cavalos para criação,
aumentando assim meus recursos.

Maria tinha razão, eu não era meu pai, e a Mel, não era como a minha mãe, mas
ter assistido ao sofrimento do meu pai por amor, me revoltou, e assustou, pois
amar não deveria ser tão doloroso, ao ponto de nunca se superar de um desgosto.
E eu não queria, nem sofrer, nem causar esse sofrimento a alguém algum dia.
Além do mais, eu não sabia o que era amar e ser amado. Não pelo menos, até
conhecer Melanie, e perceber que o meu peito bate forte perto dela, que meus
pensamentos são ocupados por ela, que meu corpo só anseia o dela, e que me
preocupo mais com sua felicidade, que com meus próprios desejos.

Via-me mais perdido que cego em tiroteio, com esse novo e avassalador
sentimento em meu peito.

Caminhei até ao estábulo, para montar Chocolate um pouco.

— O que faz aqui Camila? — perguntei, encontrando-a acariciando Chocolate.

— Já que tem ignorado meus telefonemas, resolvi aparecer.

— Diga ao que veio, não tenho muito tempo.— menti.

— Não acha que já chega dessa tortura, Gael? Te dei essas semanas para que
repensasse em tudo. A gente sempre foi amigo e parceiro, para agora acabar com
tudo por causa de uma bobagem. — havia tristeza em sua voz, seus olhos
marejados.

— As coisas mudaram, Camila. — falei calmo. Eu não queria magoá-la, por


mais irritado que eu estivesse com ela. Agora eu entendia, um pouco desse
sentimento também.

— Gael, por favor. Esqueça o que eu te confidenciei. Eu nunca mais tocarei no


assunto, eu prometo. Não haverão ataques de ciúmes, nem cobranças. Se você
não quiser mais deitar comigo, tudo bem também. Mas não me tire da sua vida.
Eu sinto muito sua falta. — lágrimas correram em seu rosto.

Camila pulou em meus braços, me apanhando de surpresa com um abraço.

Ao mesmo tempo ouvi, os passos de alguém nas minhas costas. Desviei Camila
irritado, e me voltei, para perceber quem havia chegado e estava saindo do
estábulo às pressas.

— Melanie! — a chamei. Ela travou, e demorando alguns segundos se voltou


para nós.

— Desculpe, eu não queria atrapalhar. Era só para avisar que o veterinário está
na casa, buscando por você. — em seu rosto eu via desapontamento.

Percebi que ela havia entendido tudo errado. Porra!

— Não atrapalhou absolutamente nada. Camila está indo embora.— fiz questão
de precisar. — Diga a ele que eu já vou, por favor. — fitei seus olhos bem
intensamente. Ela não podia acreditar num abraço forçado e calculado por
Camila.

— Tudo bem. — respondeu nos dando as costas.

— Que teatro foi esse agora? — me voltei para Camila bravo.

— Gael... — ela se aproximou e tocou meu peito.

— Tire suas mãos de mim, e nunca mais me toque! — a afastei brusco.

Minha paciência com Camila tinha esgotado.

— Está sendo bruto. Eu vim me reconciliar com você.

— Não haverá reconciliação, nem mais nada entre a gente. Entendeu, Camila?
Entendeu? — gritei. — Você veio até aqui só para destilar um pouco mais do seu
veneno. Eu não confio mais em você. Vai embora agora, e nunca mais coloque
os pés na fazenda.

— Você me usou por anos, e agora que se interessou pela Mel, você me trata
dessa forma.

— Mentira! — me aproximei frustrado dela, olhando bem nos seus olhos.

— Eu nunca te usei, e ambos sabemos disso. Não tenho culpa que tenha se
apaixonado, sinto muito, se não padeço do mesmo sentimento. Siga sua vida

e me deixe em paz.

— Está tão cego por essa paixão, que prefere esquecer tudo o que tivemos esse
anos juntos.

— Sim, eu estou apaixonado! É isso que você quer ouvir, não é? Eu estou
completamente e fodidamente, apaixonado pela Mel. Camila, não se rebaixe
mais, siga sua vida. Você pode encontrar alguém que corresponda a esse
sentimento.

Camila piscou várias vezes, para conter em vão as lágrimas que escaparam, ao
ouvir eu assumir meu sentimento.

— Vai simplesmente, me descartar desse jeito?

Em seu rosto molhado pelas lágrimas, havia raiva e mágoa.

— Camila, eu sempre senti um carinho por você como amiga, companheira. —


suas lágrimas caíram mais rápidas. — Sinceramente, eu lamento tudo isso, e
desejo que seja feliz. Mas entre nós, não há mais nada, acabou.

Camila limpou as lágrimas e caminhou até à saída do estábulo.

— Você tem uma dívida com meu pai. Como sua herdeira, e sendo eu a partir de
agora, quem cuidará dos negócios dele, tenho o direito de reivindicar esse
dinheiro em dívida.

— Seu pai e eu temos sociedade, um acordo, e eu estou pagando o que devo.

— Meu pai não vai mais manter sociedade com você, depois de ter me
expulsado daqui, como se eu fosse um nada. E você deveria ler antes os
documentos que assina. — suas palavras me deixaram nervoso. Lembrei dos
documentos que assinei na noite da festa. Eu não tinha lido tudo, depois da
conversa com Camila. — Naquele documento, estava escrito que o empréstimo
que você pegou da sociedade, poderia ser cobrado a qualquer momento, que
minha família achasse necessário, e da forma que melhor nos conviesse. Nos
dando o direito de decidir o que cobrar em troca do valor da dívida, caso você
não tivesse o dinheiro vivo para pagar.

— O que vai fazer, Camila?

— Vou fazer o mesmo que você está fazendo comigo. Te tirar o que você mais
ama. — olhou brevemente Chocolate.

Meu peito acelerou, uma angústia forte ocupava ele.

— Pode levar os cavalos todos da fazenda. — tentei não me mostrar abalado. Eu


poderia ficar sem cavalos para reprodução, e ter que recomeçar novamente do
zero, mas pelo menos eu não deveria mais nada para ela.

— Eu quero ele. — apontou para Chocolate. — É a única coisa que me interessa


nessa fazenda.

— Ele não! — respondi firme. Se ela levasse todos os outros, minha dívida
estaria mais que paga.

— Gael, não se esqueça das condições, que eu mencionei. Eu poderei escolher


de que forma quero o pagamento, a menos que você tenha o dinheiro.

Não, eu não tinha, e ela sabia perfeitamente disso.

— Ou então, você esquece tudo isso e a dívida ficará automaticamente paga. —


continuou. Encarei seu rosto, sentindo nojo da sua chantagem.

Camila, sabia que Chocolate, tinha um grande valor para mim, e que não tinha
nada a ver com o fato dele ser campeão e ter conquistado prêmios. Ele era meu
companheiro, a minha calmaria nos dias de tormenta, desde muito jovem. E ela
estava a usar ele para me atingir e magoar, sabendo que ele era o meu calcanhar
de Aquiles.

— Só há uma coisa que quero de você, neste momento. Distância! —

respondi seco. Não ia ceder suas chantagens.


— Tudo bem, você escolheu. — voltou as costas e saiu do estábulo.

Assim que se afastou, sentei no chão quase sem ar nos pulmões, imaginar perder,
Chocolate, me deixava perdido. Recuperei o fôlego, e alguns minutos depois saí
para encontrar o veterinário. Precisava também conversar com a Mel. Esperava
que Camila, refletisse nas bobagens que falou, e que tudo não passasse de um ato
impensado. Eu conhecia ela, e acreditava que ela estava apenas blefando e não
teria coragem para fazer o que disse.

Já na casa, o veterinário, me anunciou que dois dos cavalos estavam com uma
possível anemia infecciosa, acusada por transmissão viral, através de mosquitos,
mutucas e varejeiras. E que teria que agir rapidamente, para evitar que os demais
cavalos fossem também contagiados. Passei o restante dia resolvendo os
problemas, e quando entrei em casa, já o sol se havia posto.

Entrei na cozinha, buscando pela Mel, mas só encontrei Maria preparando o

jantar.

— Sabe onde está Melanie?

— Ela pediu para avisar que pegaria folga hoje à noite. Acho que ia encontrar o
namorado.

A informação que Maria, acabara de me dar, caiu como um balde de água fria
em mim.

Ela estava gostando dele, e depois do que presenciou hoje com Camila, com
certeza, tinha feito um julgamento errado do que realmente aconteceu ali. Eu
acabava de perder ela definitivamente para o Raul.

— Gael, você está bem, meu filho? — Maria se aproximou preocupada.

— Não, eu não estou, Maria. Não precisa ficar para me servir o jantar.

Preciso sair para montar um pouco.

Caminhei apressado até ao local que mais paz me trazia. Acariciei sua crina,
assim que cheguei. Chocolate, como sempre pareceu sentir minha angústia.
Moveu a cabeça repetidas vezes, buscando por minhas mãos.
— Não posso perder você também, meu amigo.

Coloquei a sela nele e o montei com meu coração agoniado. O instiguei a correr,
tão rápido pelas terras quanto as minhas emoções que haviam no meu peito.
Capítulo Trinta e Oito

Encontrar Camila, nos braços de Gael, foi como um baque para mim.

Mesmo que a expressão e o olhar dele, não combinassem com o gesto de


reconciliação que eu presenciei no estábulo. Vendo-os juntos novamente, e a
forma como isso mexeu comigo, me deu mais certeza dos meus sentimentos por
ele, mas também de que Gael jamais seria meu.

Eu me sentia feliz com Raul, estava adorando conhecê-lo, e amando todo o


carinho e paciência que ele demonstrava. Mas eu não o amava. Gael não saia dos
meus pensamentos, em nenhum momento por mais que eu quisesse.

Gael podia não estar destinado para mim, mas eu também não estava destinada
para Raul. Mandei uma mensagem para ele me encontrar essa noite. Hoje
mesmo, eu iria terminar nosso namoro. Ele merecia minha sinceridade, e por
mais que eu desejasse me sentir atraída por ele, ele não era o que meu coração
queria. Não era justo tanto para ele quanto para mim, estar a insistir em algo que
não ia acontecer.

****

Com o coração apertado me aproximei de Raul, que me esperava com um grande


sorriso nos lábios. Eu não queria magoá-lo, mas não havia outra saída.

— Oi. Que carinha é essa? — pegou meu rosto de forma delicada, e beijou meus
lábios.

— Oi Raul, a gente precisa conversar. Eu...

— Espere. Não vamos ter essa conversa aqui na frente da fazenda. Vamos jantar
e você me fala o que está te incomodando, pode ser?— seu olhar perdeu o brilho
de felicidade, provavelmente pressentindo o que viria.

— Tudo bem. — consenti.

Raul dirigiu em silêncio até ao restaurante, e assim que fizemos nosso pedido,
seus olhos se voltaram para mim.
— Não deu certo, não é? — seus lábios formaram um sorriso triste.

— Raul, você é um homem encantador. Tenho certeza que encontrará a mulher


certa. Infelizmente, não sou eu, por mais que eu desejasse me apaixonar por
você.

— Eu sei como é. Infelizmente, alguns sentimentos não podem ser


simplesmente, arrancados do peito e substituídos por outros. E não me olhe com
esses olhos, ou eu vou me sentir um cachorrinho sendo abandonado. —

dessa vez seu sorriso foi divertido, me fazendo sorrir também. Embora eu
soubesse que ele estava apenas querendo quebrar esse clima de ruptura. —

Gael, assumiu seu amor por você?

— Não acho que isso seja possível algum dia. Gael, não é ligado a sentimentos
nem relacionamentos.

— Eu espero que ele perceba a mulher que está perdendo.

— Talvez um dia eu consiga me livrar desse sentimento. Tenho pena que não
tenha mudado por você.

— Vou ser sincero também, eu estava gostando muito de te conhecer, mas desde
o início eu sabia que seu coração já tinha sido ocupado e dificilmente eu entraria
nele. Então não é uma surpresa para mim essa conversa. Não rolou, e está tudo
bem, Melanie. Estarei aqui sempre que precisar. Como um amigo, é claro.

— Obrigada, você é um amor. Te desejo as maiores felicidades, pois você


merece.

— Você também, Melanie.

Ao me deixar na fazenda, Raul me deu um abraço apertado na despedida e me


desejou o melhor. Desejei o mesmo para ele. Durante essas semanas, eu percebi
o quão especial ele era, e que merecia alguém mais entregue do seu lado.

Caminhei até casa e estranhei as luzes acesas, já era tarde. Talvez fosse Gael
para me dar bronca, pela folga que peguei novamente sem avisá-lo com
antecendência, ou talvez ele tivesse visitas. Ou então estava com Camila, pois
tinham se reconciliado. A última hipótese era a que mais me incomodava.

Abri a porta cuidadosa, e me surpreendi ao ver Maria, sentada no sofá com um


lenço nas mãos chorando.

— Maria, o que aconteceu? A senhora, está bem? — me aproximei rápida


preocupada.

— Menina, vieram buscar Chocolate. — soluçou.

— O quê? Para quê? Ele estava doente? — perguntei confusa, lembrando do


veterinário procurando por Gael, para avisar dos cavalos que estavam doentes.

— Não, minha filha. Foi Camila que tirou Chocolate dele, por causa de uma
dívida que ele tem com ela. Não sei ao certo do que se trata. Mas ele saiu para
cavalgar, e quando voltou, já estava uma equipe enviada por Camila, para tomar
Chocolate dele. Gael está arrasado.

Meu peito apertou tanto que o ar me faltou. A dívida só podia ser o dinheiro que
ele pediu para me ajudar. Lembrei dessa manhã, do abraço deles, e do olhar
aborrecido do Gael, nada condizente com o que eu tinha acabado de presenciar.

O que tinha acontecido, afinal?

— Onde ele está? — sussurrei, ainda tentando organizar minhas ideias.

— No estábulo. Eu tentei ir lá falar com ele, mas ele me expulsou querendo ficar
só.

Saí correndo até lá, as lágrimas embaçavam minha visão. Meu peito batia forte,
angustiada, triste e com medo. Ele tinha perdido a coisa mais importante na vida
dele, por minha causa. Devia estar sentindo muita raiva de mim. Senti um
arrepio ao encontrá-lo sentado no chão, no meio dos fardos de palha, com a
cabeça prostrada para a frente, chorando em silêncio. Apenas a luz do luar
iluminava o estábulo. Caminhei devagar até ele, com a certeza que ele iria
explodir de raiva, assim que percebesse que eu estava ali. Justo eu, a causadora
de tudo o que estava acontecendo.

— Gael. — o chamei baixinho.


Seu rosto levantou um pouco ao ouvir minha voz. Seus olhos brilhavam com as
lágrimas, e emanavam uma tristeza tão profunda que atingiu minha alma. A dor
que eu vi neles me gelou.

— O que faz aqui? Me deixe sozinho, por favor. — pediu baixando

novamente a cabeça, não conseguindo olhar nos meus olhos. Sua voz saiu
desolada, mas num tom baixo. Ao contrário da reação esperada.

Me ajoelhei de frente a ele, ainda com medo da reação que pudesse ter.

— Me perdoe, por todo esse caos que causei na sua vida. Por te ter feito perder a
coisa mais importante para você. — minhas lágrimas rolaram ainda mais
intensas, quando Gael não levantou a cabeça, nem para me olhar, nem para falar,
nem mesmo para me expulsar dali. Suas lágrimas também não cessavam. Meu
coração estava dilacerado ao vê-lo tão vulnerável e consternado.

— Chocolate é tudo para mim. — sussurrou uns minutos depois. — Mas hoje,
eu me dei conta, que ele não é a única coisa importante que eu perdi. —

ergueu cabeça, voltando seu olhar para o meu.

Meu coração estava prestes a saltar fora do peito, de amor por esse homem, aflita
em ver todo esse sofrimento em seus olhos, e de medo de estar entendendo tudo
errado de novo.

Me mantive em silêncio, presa em seus olhos. Seu olhar purgava dor, mas ele
não continha raiva para com o meu. Nele havia também… Amor?

O abracei, sem aguentar mais essa distância. Ambos estávamos cansados,


magoados e desolados. Senti seu peito arfar, Gael passou suas mãos pelas
minhas costas me envolvendo em seus braços de uma forma necessitada.

Sentir seu calor e seu cheiro tão característico me acalmou.

— Você nunca me perdeu. — sussurrei.

— Mel, eu tenho tanto medo de não ser para você o homem que deseja.

— Gael, apenas se deixe levar pelo que sente, e não se cobre tanto. Ambos
temos a aprender um com o outro.

— E Raul? — perguntou receoso.

— Terminamos.

Seus braços fortes me deitaram sobre a palha. Gael, se debruçou sobre mim e me
beijou intensamente, carente dos meus lábios, tanto quanto eu dos dele.
Capítulo Trinta e Nove

— Senti tanto a sua falta, Mel. — falei em seu ouvido, cheirando seus cabelos
ainda deitados no chão. Não podia acreditar que a tinha novamente em meus
braços. Ao mesmo tempo, o medo de perdê-la me consumia também.

— E eu a sua. Me perdoe, pelo estrago que causei na sua vida, por Chocolate...
— senti suas lágrimas se juntarem com as minhas. Eu estava arrasado, por
perder meu companheiro, mas o pior caos que Mel, causou em mim, estava
instalado em meu peito.

— Sim, você trouxe um furacão para a minha vida, desde que chegou nessa
fazenda. Principalmente em meu coração. Estou tão confuso ainda com esse
novo sentimento, com medo de não saber lidar com ele. Eu não quero te perder
de novo, você me enfeitiçou. Eu te quero muito bem, e sua felicidade é a minha.
Me ajude, Mel, eu não quero te decepcionar.

— Eu sei, os seus medos são os meus também. Eu também te quero muito bem,
e as suas ações sempre me mostraram o quanto as suas palavras eram
verdadeiras e o quanto mesmo que, do seu jeito, eu sou importante para você.

Desculpa por eu não ter percebido antes, que o amor, nem sempre se manifesta
em palavras. Seus gestos desde aquela noite no hotel, sempre foram de amor e eu
não queria acreditar, pois você sempre arrumava um jeito de me afastar.

— Me perdoe, por ter sido um escroto com você em alguns momentos.

Não te afastarei mais, nunca mais. — limpei suas lágrimas e tomei seus lábios.
Mel me envolveu com seus braços, me beijando tão intensamente e tão entregue
como nunca. Eu não queria passar das marcas, mas meu corpo já estava em
chamas em contato com o dela. Com certeza ela já deveria estar

sentindo minha excitação. — A gente precisa parar, eu não quero estragar o


momento com minhas safadezas. —sussurrei.

— Eu te quero Gael. — seus olhos apaixonados, fixaram nos meus. Eu não


podia acreditar no que ela estava dizendo.

— Mel, está falando sério? Não brinque comigo.— meu peito batia tão forte, que
parecia que explodiria a qualquer momento.

— Nunca tive tanta certeza. — sussurrou.

A beijei desejoso, excitado e sobretudo feliz, por ela me querer também.

Minhas mãos subiram até à barra do vestido, o subindo sem tirar minha boca da
dela.

— Gael, só não esqueça que ainda sou virgem. — falou em minha boca, tímida e
com sua respiração acelerada.

— Você e Raul, nunca...?

— Não.

— Você vai acabar comigo, garota. — sorri em seus lábios, dando mais um
selinho, antes de me levantar e ajudá-la a fazer o mesmo. — Venha, quero que
seja uma noite especial.

Mel pegou minha mão e se levantou.

— Prepare apenas um saco com algumas mudas de roupa. — pedi quando


estávamos entrando em casa.

— A gente vai sair? — me olhou surpresa.

— Sim. — precisava apenas de fazer um telefonema para uma reserva de última


hora, e se tudo corresse como eu esperava, Mel teria uma noite inesquecível.

— Para onde vamos?

— Você verá, quando chegarmos. — vendo seus olhinhos ansiosos a beijei


acalmando-a.

Maria chegou apressada da cozinha, não escondendo a surpresa quando nos


surpreendeu aos beijos na sala. Seu rosto corou, um sorriso contido apareceu em
seus lábios, pedindo logo de seguida desculpas por interromper.

— Não se preocupe, Maria. Eu e a Mel sairemos daqui a pouco, e voltaremos em


1 ou 2 dias. — a informei, dando também um sorriso contido.
O rosto da Mel, estava de todas as cores, envergonhada perante ela. Maria
apenas abriu um novo grande sorriso, acenando a cabeça afirmativamente.

Em uma hora havíamos chegado ao hotel onde passaríamos a noite.

Enquanto caminhávamos em direção ao nosso quarto, me sentia tão nervoso,


quanto um adolescente no seu primeiro encontro amoroso. Nunca fui de pensar
em detalhes quando estava com alguma mulher, muito menos sabia ser
romântico. Mas, Mel, despertava algo em mim que nem eu mesmo sabia que
existia. Seria sua primeira noite e queria muito que fosse tão especial para ela,
quanto seria para mim.

— Espero que goste. — falei abrindo a porta, cedendo sua passagem.

Mel levou as mãos à boca, surpresa. Seus olhos brilharam e vê-la tão encantada
me deixou feliz e aliviado. Ela tinha gostado da surpresa.

— Que lindo Gael. — sussurrou emocionada.

O quarto dispunha de uma cama king size, onde haviam deixado uma garrafa de
champanhe e morangos, uma enorme banheira no mesmo ambiente com algumas
flores e velas flutuantes, conferindo um ar romântico ao quarto.

O som de música ambiente também se fazia ouvir.

— Quero que seja uma noite especial para você.— me aproximei e beijei seus
lábios. Seu nervosismo era palpável, seu peito se movia ao ritmo de sua
respiração alterada.

— Está nervosa? — olhei em seus olhos.

— Um pouco. — admitiu.

— Eu serei cuidadoso. Te quero muito, Mel. — sussurrei. Minhas mãos se


elevaram até à alça do seu vestido, as baixando delicadamente. Minha boca
beijou delicadamente seu pescoço até ao ombro, agora desnudo. Mel, arfou,
quando seu vestido caiu aos seus pés.

— Eu também te quero muito. — gemeu baixinho, quando minhas mãos tocaram


seus seios, e brincaram com seus mamilos enquanto minha boca sugava um
deles.

Me afastei um pouco tirando toda minha roupa. Mel desviou o olhar


embaraçada.

— Não sinta vergonha. Quero seus olhos em mim. — peguei seu rosto olhando
fundo nos seus olhos. — Quero que veja o quanto me excita, o

quanto mexe comigo.

Eu estava muito excitado, faziam semanas que não transava e precisava moderar
meus instintos com ela. A peguei no colo e juntos entramos na banheira, sentei e
coloquei Mel, sentada entre minhas pernas com as costas voltadas para mim. Sua
cabeça tombou para trás, deitando em meu ombro quando beijei seu pescoço.
Minhas mãos passearam desde os seus seios, ao ventre, coxas, chegando até sua
virilha a acariciando de leve.

— Relaxa, Mel. — sussurrei quando senti suas pernas querendo fechar


instintivamente. — Preciso que goze primeiro. Quero você bem molhadinha.

Gemidos baixos saíram de seus lábios, quando meus dedos alcançaram seu
clitóris e o massagearam gentis e cuidadosos.

Seu corpo se contorceu e meus gestos se tornavam mais rápidos e precisos,


brincando com seu ponto de prazer.
Capítulo Quarenta

Eu não podia negar que estava tão excitada, quanto assustada em perder minha
virgindade. Na noite que passamos juntos no hotel, eu vi o quanto Gael, era
grande e insaciável. Seu corpo emanava fogo, e incendiava o meu, nada
experiente quanto o seu. Ainda assim seus gestos era cuidadosos e pensados.
Gael me acariciava de uma forma tão gostosa, que meu corpo reagiu
rapidamente aos estímulos relaxando. Ele sabia onde usar suas mãos, juntamente
com sua boca e as palavras certas sussurradas em meu ouvido.

Esse homem me levava à loucura, e nesse momento eu não pensava em mais


nada a não ser ser feliz em seus braços. Ainda havia tanto a conhecer dele, era
tudo novo para ambos, mas com amor tudo seria possível. Minhas pernas
ficaram bambas, quando senti o orgasmo chegar, com os seus toques em meu
clitóris e os dedos da mão livre brincando na minha entradinha, fazendo
pequenos círculos. Meus gemidos saiam sem qualquer controle. Sentir a
respiração de Gael excitado em meu ouvido, era o melhor dos estímulos. Ele
estava louco só em me ver gozar.

— Preciso da sua boca para acalmar um pouco meu tesão antes, Mel. —

pediu.

Me virei e ajoelhei de frente para ele. Seu olhar era pura luxúria, sobre o meu.
Me senti tímida perante um olhar tão intenso. Gael impulsionou seu corpo para
fora da água, sentando na borda da banheira, me dando livre acesso ao seu pénis
erecto e super inchado. Antes de me debruçar sobre ele, suas mãos pegaram meu
rosto e ele me beijou carinhoso.

— Não sabe o quanto está me fazendo feliz essa noite. Te quero muito, te desejo
tanto. — murmurou em meus lábios.

— Também te quero muito. Você conquistou meu coração. — admiti.

Minhas mãos tocaram o seu membro, e Gael gemeu. Seus olhos fecharam e
apertaram, sentindo meus toques. Me debrucei sobre ele, e o abocanhei. Ele era
grande, mas com cuidado o enfiei o mais possível em minha boca. Eu não tinha
muita experiência, mas ouvir Gael, gemendo e ver seu rosto se contorcer de
prazer me excitava e incitava a continuar. Meus lábios se comprimiam ao redor
dele, minha língua o acariciava em pequenos círculos na glande.

— Porra! Você faz isso tão gostoso. Me deixa louco. — balbuciou.

Suas mãos apanharam meus cabelos num rabo de cavalo, e quando sentiu
necessidade me ajudou com os movimentos e a velocidade certa que precisava
para gozar também. Eu sentia o quanto ele estava se controlando, para não socar
tudo de uma vez em minha boca, tentando não me engasgar.

Afastei minha boca dele, e o encarei. Seus olhos se abriram preocupados, Gael
ficou tenso achando que tinha feito algo errado.

— Seja você Gael. Me ensine como gosta, não me trate como uma boneca de
porcelana, porque eu não vou quebrar. — estava amando, esse seu lado
cuidadoso para comigo, mas eu sabia que Gael era bem mais intenso que isso.

E não queria que ele deixasse de ser ele próprio, por medo de me desagradar.

Seu olhar suavizou aliviado.

— Calma, Mel. Hoje precisamos ir com calma, eu não quero que você se assuste
na nossa primeira noite. — sorriu safado, me fazendo corar. —

Continue, está fazendo isso tão bem. — acariciou meus lábios, de forma lasciva.
Seu olhar faiscava de desejo.

Levei novamente minha boca até ele e o chupei, enquanto com uma mão fazia o
movimento vaivém. Gael colocou uma mão abaixo do meu queixo, segurando
firme meu rosto, enquanto moveu seu quadril, socando um pouco mais fundo em
minha boca entrando em êxtase.

— Vou gozar, Mel. — gemeu, e num gesto rápido, saiu da minha boca gozando
na água.

Pegou em mim no colo e me levou até à cama, depois de um banho entre beijos e
carícias.

Meu coração batia rápido ansioso, quando Gael me deitou e subiu na cama, se
posicionando entre minhas pernas novamente excitado. Se debruçou sobre mim
e sugou um dos mamilos, que de tão duro estava sensível, seu pénis
roçou em mim me provando arrepios por todo corpo.

— Você é linda. — Suas mãos passearam entre minhas coxas, novos arrepios
vieram.

Sua língua explorou cada centímetro do meu corpo, pequenos beijos foram
depositados na virilha esquerda. Um gemido alto escapou de mim, quando a
língua quente passou pelo clitóris, brincando. Seus lábios o envolveram
chupando devagar e deliciosamente, aumentando a intensidade de sucção em
alguns momentos, me fazendo querer fechar as pernas com os espasmos de
prazer. Suas mãos garantiram que eu não as conseguisse fechar, me fazendo
apertar os lençóis sentido as contrações de prazer ao gozar. Gael pegou um
pacotinho prateado o rasgou rápido, colocando a camisinha. Seus dedos
brincaram na minha entradinha, verificando minha lubrificação.

Seus olhos buscaram os meus quando se posicionou sobre mim.

— Serei cuidadoso, mas ainda assim vai doer um pouco. Me fale se achar a dor
insuportável.

— Eu confio em você. — falei com meus olhos hipnotizados nos dele.

Meu coração batia a mil.

Gael, meteu a cabecinha só na entradinha, devagar, me fazendo sentir um pouco


de dor. Parou um pouco me deixando acostumar ao seu tamanho, e me beijou,
sem tirar seus olhos de mim, observando minhas reações. Meteu e tirou devagar
algumas vezes, me fazendo relaxar aos poucos. Apesar de excitada, lubrificada,
e de todo o seu cuidado, a dor ia intensificando, quando metia um pouco mais
fundo chegando à barreira do hímen.

Sua boca tomou a minha, e numa investida seca Gael me penetrou de uma só
vez, me arrancando um grito de dor, ao qual abafou com um beijo carinhoso.
Minhas unhas cravavam suas costas, e uma lágrima escapou com a ardência que
eu sentia entre minhas pernas.

— Relaxa amor, não vai doer mais. Precisava acabar com a tortura de uma vez.
— sussurrou, limpando minha lágrima. Seu olhar era meigo e preocupado. Me
chamar de amor, aqueceu meu coração totalmente entregue a ele. Esperou meu
corpo recuperar o fôlego e se acostumar, completamente a ele dentro de mim.
— Ainda doí? — perguntou, movendo seu quadril me penetrando lentamente.

— Arde um pouco, só.

Gael era enorme e seus movimentos na minha carne sensível me provocavam


novas sensações. Um misto de ardência e quentura dentro de mim, juntamente
com espasmos de prazer ao ser preenchida por ele num vaivém gostoso, ao
mesmo tempo que ele massageava meu clitóris e ia beijando minha boca.

— Tão apertadinha, tão minha. Tão gostosa. Sonhei tanto com esse momento.
Parece que ainda estou sonhando.

— Não está, não. Estou bem aqui, sou sua.— seus olhos brilharam.

Minhas palavras fizeram suas investidas se tornarem mais rápidas, arrancando


vários gemidos de mim.

— Seu gemido é gostoso demais. — sussurrou em meu ouvido quando o


orgasmo chegou com tudo, nos fazendo atingir o êxtase juntos.
Capítulo Quarenta e Um

Bebemos um pouco de champanhe, depois de um banho juntos, e nos deitamos.


Melanie rapidamente caiu no sono em meus braços, enquanto eu acariciava seus
cabelos.

Dormia serena e profundamente, abraçada em mim, com a cabeça sobre o meu


peitoral. A noite tinha sido intensa, tanto para ela, quanto para mim.

Numa mesma noite, eu perdi meu companheiro, e ganhei a mulher que eu tanto
desejava, e por quem o meu coração últimamente batia forte.

Surpreendentemente, eu estava feliz, apesar de tudo. Inclinei um pouco a cabeça,


beijando a sua e cheirando seus cabelos. Eu adorava o cheiro deles e a sua
maciez. Seu corpo relaxado, estava nu sobre o meu, coberto com um fino lençol.
Se o cansaço não me vencesse, passaria a noite só observando Mel dormir, pois
eu não queria perder um único segundo desse momento tão desejado.

Nossa primeira vez foi maravilhosa. Mel se entregou sem reservas, a mim, ao
meu corpo pedinte e em chamas pelo dela. Quis fazer algo especial, para que
essa noite fosse incrível, e para que ela sempre se recordasse dela dessa forma.
Foi a sua primeira vez, mas eu me sentia como se tivesse sido a minha também.
De todas as mulheres que eu estive, e de todas as minhas transas, nada se
comparava ao que senti essa noite com ela. Havia química entre a gente, e havia
algo mais que eu estava a gostar de sentir em meu peito, embora eu tivesse
renegado por tanto tempo. Apesar de não pensar em outra coisa, senão voltar em
tomá-la, toda a noite se eu pudesse, eu me segurei.

Sabia que estava dolorida e que também precisava de descansar.

Acordei pela manhã, com meu pau inchado de tesão. Me remexi tentando que
ele se acalmasse, mas seria uma missão impossível, tendo o que ele tanto
desejava ali bem do seu lado abraçada em mim. As cortinas blackout,

impediam que a luz do dia entrasse no quarto, o que fazia com que Melanie
ainda dormisse. Acariciei seu rosto, fazendo com que se mexesse manhosa. A
outra mão alisou suas costas até à sua bunda. Mel se remexeu novamente,
parecendo acordar aos poucos.
— Como se sente? — perguntei.

— Nos seus braços, me sinto ótima. — respondeu sonolenta, beijando meu peito
e me fazendo sorrir.

— Sente dores? — uma mão passava por seus cabelos, e outra alisava seu corpo.

— Um pouco dolorida, apenas.

— Tem algo aqui acordado faz tempo e com saudades de você. — Peguei a sua
mão pousada sobre meu peito, e a guiei até ao meu membro excitado.

Mel o envolveu com seus dedos e o massageou, me fazendo arrepiar com o


prazer que me causava.

— Chupe ele um pouco para mim... — sussurrei, pegando seu rosto e beijando
intensamente sua boca.

Mel se aninhou sobre mim, me abocanhando.

— Caralho! — sentir sua boca quente em mim era gostoso demais. Apesar de
sua pouca experiência, Mel, me proporcionava prazer de uma forma absurda.
Gemi, quando brincou com a língua, antes de me abocanhar novamente.

— Vem cá. — pedi, a trazendo até mim, antes que me fizesse gozar com as
maravilhas que sua boca me proporcionava. — Segure na cabeceira da cama. —
passei sua perna sobre mim. Agora eu estava deitado, com Mel de joelhos,
pernas abertas sobre meu rosto. Ergui minha cabeça até chegar em sua
intimidade. Mel arqueou sentindo, minha boca nela.

— Ah Gael... — gemeu.

— É bom, não é Mel? — suguei seu clitóris delicadamente, enquanto a


penetrava com um dedo. Mel gemia baixinho, se contorcendo. Segurei suas
pernas e lambi sua entrada, chupando e lambendo. — Você é tão deliciosa,
ficaria te chupando por horas.

Sentia os espasmos de seu corpo, ao mesmo tempo que gozava de uma forma
intensa, fazendo com que sua cabeça tombasse para trás. Chupei todo o
seu mel, já com meu pau babando louco para enfiar nela.

Acendi a pequena luz em minha mesinha de cabeceira e coloquei uma


camisinha.

Mel me olhava ainda com certa timidez. Se ela soubesse o quanto isso me
excitava. A puxei para um beijo, e a fiz deitar de barriga para baixo, com o
quadril sobre uma das almofadas. Me deitei por trás dela, e lentamente a
penetrei. Ela suspirou com a primeira e lenta investida.

— Está doendo? — sussurrei em seu ouvido.

— Não. — sua resposta saiu ofegante. Sabia o quão excitava estava, e isso ainda
me dava mais tesão.

Segurei seus cabelos num rabo de cavalo com uma das mãos, e com a outra
segurei seu queixo a fazendo arquear seu corpo para trás.

— Essa noite, você me disse para eu não te tratar como uma boneca de
porcelana. — lambi o lóbulo de sua orelha direita, a fazendo arfar. — Sente-se
pronta, Mel, para experimentar algo mais intenso? — movi meu quadril, a
penetrando novamente devagar.

— Sim, eu te desejo tal como você é. — balbuciou. Seus olhos fechavam, e sua
boca abria excitada com as penetrações lentas. — Me mostre como você gosta.
— pediu.

— Seus pedidos são ordens. — sussurrei em seu ouvido.

Segurei firme seus cabelos e enfiei tudo de uma vez. Mel gemeu alto.

— É assim que eu gosto, Mel. — enfiei novamente rápido e seco.

Com uma mão cobri sua boca, abafando seus gemidos, agora não tão contidos.
Sabia que estava sendo intenso para ela, e vê-la gemendo tanto, e sentindo o
prazer que ela estava tendo me deixava ainda mais louco de tesão.

Minhas investidas se tornaram mais firmes e rápidas.

Seus gemidos saiam sem permissão. Seus olhos fechavam extasiados.


Beijava seu pescoço por trás, enquanto arremetia mais e mais forte nela.

— Goze, Mel. Goze gostoso para mim. — puxei seu cabelo com alguma força, a
fazendo curvar um pouco mais.

Senti seu corpo estremecer, convulsionando num orgasmo tão intenso que
demorei apenas alguns segundos para gozar tão intensamente quanto ela.

Nossos corpos suados caíram na cama, exauridos e extasiados.

— Você vai acabar comigo, Mel. — falei com meu peito batendo forte.

Mel também tentava recuperar sua respiração. A envolvi em meus braços, e se


dependesse de mim, ela não sairia tão rápido deles.
Capítulo Quarenta e Dois

Tomei um banho, com Gael deitado na cama me admirando. Em breve chegaria


o café da manhã, que ele pedira para servir em nosso quarto. Seus olhos seguiam
cada movimento meu, me deixando um pouco embaraçada.

— Vai ficar me olhando desse jeito? — perguntei o encarando.

— Não tem nada melhor para admirar nesse quarto. — sorriu safado.

Não sei se era eu, que estava vendo Gael, com outros olhos, mas ele estava ainda
mais sexy e atraente que nunca. Vê-lo nu na cama, depois de transarmos, ainda
parecia um sonho, do qual eu não queria acordar. Eu tinha tido uma noite
inesquecível. Gael, soube ter a sensibilidade que eu gostaria para a minha
primeira vez. Ele foi carinhoso, meigo, delicado, intenso, e até inesperadamente,
romântico. Tudo na dose certa, fazendo meu coração se render ainda mais a ele.

Essa manhã nossa transa, nada teve a ver com delicadeza, ele foi intenso,
vigoroso, luxurioso, devasso, e apesar de minha intimidade estar sensível e
ardendo no contato com a água morna, eu tinha adorado e gozado muito gostoso.
Sabia que esse era o verdadeiro Gael, em toda a sua essência. A mesma que tanto
me assustou e afastou dele desde o início.

— Eu amo, te ver assim sem jeito perto de mim. — declarou se levantando da


cama, e caminhando até mim. Seu corpo atlético me hipnotizava, seu pénis
novamente ereto ainda mais. Esse homem, não saciava nunca. — Foi o que mais
me atraiu em você desde o primeiro dia.

Levantei da banheira, me enrolando na toalha, me sentindo uma presa, prestes a


ser atacada. Gael me pegou, fazendo com que eu entrelaçasse as pernas ao redor
do seu quadril, tomando minha boca para um beijo intenso.

Sua língua explorava cada canto da minha boca. Senti seu pau roçando em

mim, enquanto ele nos conduzia até à cama. Sentou na beira da cama, me
deixando sobre ele, e jogando a toalha que me cobria para bem longe. Sugou um
dos meus seios, acariciando o outro, brincando com o mamilo duro e sensível.
Arfei com as carícias. Em pouco tempo ele já havia me deixado completamente
molhadinha, de tão excitada.
— Senta em mim.— pediu se deitando. Colocou uma camisinha, antes de me
posicionar sobre ele.

Coloquei minhas mãos sobre seu peitoral me apoiando, suas mãos pegaram meu
quadril enquanto eu agachava sobre ele devagar. Senti a cabecinha entrar, me
fazendo gemer, depois todo ele, me preenchendo por inteira. Fechei meus olhos,
sentindo Gael dentro de mim, e me concentrando nos movimentos que deveria
fazer. Minhas pernas tremiam com a falta de prática, enquanto eu me movia
sobre ele. Seus olhos me observavam com luxúria. Me beijou algumas vezes,
enquanto eu sentava lentamente.

— Isso. Você está me deixando louco, Mel. Desse jeito, não vou querer sair mais
de dentro de você.

— Safado. — falei, beijando sua boca e me movendo um pouco mais rápida.

— E você não gosta? — me provocou.

— Amo. — minhas palavras tinham duplo sentido.

Suas mãos me seguraram firme, quando percebeu que eu já estava ficando sem
fôlego, e movimentou seu quadril, socando em mim de forma rápida e intensa.
Suas estocadas eram cada vez mais profundas, me fazendo delirar de prazer e
gemer muito. Me remexi sobre ele, tentando acompanhar seus movimentos. Ver
o prazer estampado no rosto dele, e ouvir seus gemidos me excitou mais ainda.
Gozei, perdendo as forças nas pernas de seguida, deixando meu corpo relaxar
sobre o dele, que em algumas estocadas a mais, gozou.

— Desse jeito vai acabar comigo, Gael. — sussurrei, ainda recuperando o


fôlego.

— O que foi, se arrependeu de ter pedido para não te tratar como uma boneca de
porcelana? — beijou meus lábios, acariciando meu rosto.

— Não. De todo.— sorri. Eu gostava dele assim, intenso.

— Me deixou na seca desde aquela noite no hotel, eu vou tirar o atraso a partir
de agora. — falou me surpreendendo.

— Você não deitou com nenhuma outra mulher desde então?


— Não. Quando digo que você me enfeitiçou, eu não estou mentindo.

Seus braços me envolveram, me puxando para ele.

— Mas eu ainda quero mais, muito mais. Tem tanto que eu quero explorar em
você. — sussurrou em meu ouvido.

— Gael... — me retesei, com seus dedos massageando minha bunda.

— Calma, não será hoje. Por agora, você já teve o bastante, precisa recuperar.

Me acalmei. Eu tinha curiosidade de experimentar tudo com Gael, mas precisava


ir com calma, eu já estava sensível demais.

O café da manhã, almoço e jantar, foi entregue no quarto, onde comemos,


dormimos e transamos até ao dia seguinte que voltamos para a fazenda.

A chegada à fazenda me deu um frio na barriga. Ambos voltávamos para a nossa


rotina, e o medo de que, agora que Gael, teve o que tanto queria de mim, fizesse
com que ele mudasse, me ignorasse, ou me tratasse de igual forma como fazia
com Camila, invadia meus pensamentos.

Entramos em casa e estava indo na direção do meu quartinho deixar minhas


coisas, quando Gael pegou meu braço.

— Adoraria se dormisse no meu quarto, a partir de hoje. Também não quero que
me sirva mais, comeremos juntos.

— Tem certeza, Gael? — meu coração bateu forte. — Os empregados vão


perceber, que nós...

— Nunca tive tanta certeza, na minha vida. Não vou deixar você escapar de mim
novamente. — Ele estava assumido um relacionamento comigo.

— Tudo bem. — sorriu de uma forma tão linda que me fez derreter.

— Agora preciso sair para resolver umas coisas. Nos vemos ao jantar. —

seu semblante ficou mais sério, despedindo com um beijo.

Caminhei boba até à cozinha onde encontrei Maria. Precisava de sua ajuda e
conselhos. Seus olhos me avaliaram, quando cheguei corada, esboçando um
sorriso de seguida.

— Maria, você tem Hipoglós aí? — perguntei baixinho, sentindo minhas


bochechas queimarem e fazendo com que Maria arregalasse os olhos perplexa.

— Ele foi bruto, com você Mel? — questionou se aproximando séria.

— Não, não, Maria. Ele foi maravilhoso. Só que estou toda...— fiquei de todas
as cores, envergonhada, por ter que admitir que eu estava naquele estado, pois a
gente não tinha parado de transar desde que entrou naquele quarto do hotel.

— Assada? — Maria completou minha frase, corando também. — Se você usar


Hipoglós, poderá jogar fora sua calcinha de seguida, pois nem esfregando e
lavando por 3 vidas, sairão essas manchas. E boa sorte no banho também, pois
essa droga não desgruda nem a pau da pele. Vem cá, tenho algo que sempre usei
quando era da sua idade. — caminhou até ao armário da cozinha, pegando um
pacotinho de maizena.— Tome! Coloque depois do banho, vai acalmar sua pele.

Peguei o pacotinho, e agradeci ainda com meu rosto queimando.

— Fico feliz que vocês se tenham entendido, minha filha. — Maria me deu um
abraço, me fazendo sentir mais à vontade.
Capítulo Quarenta e Três

Estacionei minha caminhonete ao lado da de Camila. Eu não pretendia olhar na


cara dela, depois do golpe baixo que ela fez comigo, mas com certeza a cruzaria
na casa.

Bati algumas vezes na porta, ouvi os passos de alguém vindo abrir, e tive o
desprazer de ser recebido por ela.

— Gael.— seu olhar surpreso, continha um brilho de felicidade. Ela acreditava


mesmo, que eu vim até aqui por ela?

— Seu pai está? — perguntei seco. Olhar na cara dela estava me dando nojo.

— Sim, entre. — me cedeu a passagem, sem desviar os olhos de mim.

Caminhei na direção do escritório.

— Gael? — me chamou.

Me virei encarando-a impaciente.

— Chocolate está sentindo sua falta. — Senti uma pontada no peito. Eu sabia
que ele deveria sentir, e ela ainda estava sentindo prazer em me alfinetar.

— Me entregue ele, Camila. — apelei.

— Não, sem antes fazer as pazes comigo.

— Vai pro inferno!

— Eu te amo.

— Se amor é isso que você está fazendo, imagine se fosse ódio. —

ironizei, e lhe dei as costas.

Dei uma batida rápida na porta do escritório de Frederico, e entrei sem nem
esperar autorização.
— Você vai apoiar as loucuras de sua filha, Frederico? — levantou a cabeça dos
papéis que lia e me olhou sério, sem alguma surpresa em me ver.

— Boa tarde, para você também sócio.

— Sócio? Não acho que temos mais sociedade, depois desse golpe baixo.

— Se acalme, Gael.

— Então você está ocorrente de tudo que o Camila fez?

— Camila está só zelando pelo seus bens.

— Zelando? — gargalhei sem vontade.

— Sim, zelando. Pelo que ela me contou, você se apaixonou pela sua
empregada, Melanie. Isso sim, me surpreendeu em você. Sobretudo dando essa
fortuna para ela. Está cometendo os mesmo erros de seu pai, e se não tiver
cuidado vai acabar perdendo tudo também.

— Você não tem nada a ver com o que eu faço ou deixo de fazer.

Tínhamos um acordo, e eu estava pagando minha dívida. Se estava com medo de


eu não pagar, poderia ter tomado todos os cavalos de mim, eles cobririam minha
dívida, menos Chocolate.

— Sim, mas você assinou um acordo. E Chocolate, vale mais que todos os
outros cavalos juntos. Você sabe muito bem.

— Você sempre quis ele, não é Frederico?

— É um bom garanhão, com seus prêmios e se bem explorado, poderia fazer


uma fortuna com ele. Mas não o tomaria de você. Somos sócios, e apesar de
achar que está perdendo a cabeça com essa paixão, eu só o estou
salvaguardando. Camila me disse, que Melanie tentou te extorquir, e não
conseguindo o que queria, deu a desculpa da mãe doente. É sempre a mesma
desculpa, que essas interesseiras dão. Você ao menos, foi atrás de saber se é
verdade essa história?

— Eu não lhe admito que fale nesses modos, de Melanie. Eu sei que é verdade.
— eu confiava em Melanie, e não ia deixar me envenenar pelas palavras de
Frederico. — E mais, você não tem moral para falar de gente interesseira, já que
você também sempre foi um. Não é mesmo?

Ambos sabíamos que casou, apenas por interesses monetários, com a mãe de
Camila, que acabou por falecer de câncer, quando a filha, tinha 12 anos.

Pelo menos da filha ele parecia gostar genuinamente.


Antes de ficar paraplégico, Frederico era um mulherengo que atraia várias
mulheres, mas nunca firmou compromisso com alguma, a não ser com a falecida
esposa, da qual herdou toda a fortuna.

— Eu te vejo como um filho, sempre achei que você e Camila, pudessem ser um
casal. Mas vejo que está cego de amores por essa moça. Tudo bem Gael, acho
que minha filha tem razão. Você está perdendo a cabeça igual seu pai, não te
devolverei Chocolate até tirar essa história a limpo.

— Camila fez sua cabeça, porque ela não aceita que eu não possa amá-la.

Eu não esperava isso de você, Frederico. Você me ajudou quando eu não tinha
mais nada, e agora está fazendo uma rasteira em mim, de uma forma covarde.

— Gael, não lhe quero mal algum. Mas como seu sócio tenho direitos.

— Você sabe que Chocolate, não será o mesmo sem mim. Só o está fazendo
sofrer. Mas tudo bem, faça o que quiser. Minha dívida está paga, nesse caso.
Tratarei com meu advogado, para desfazer essa sociedade o quanto antes.

Frederico me chamou quando saí porta fora, mas não lhe dei nem mais um
segundo do meu tempo. Ele tinha sido manipulado pela versão de Camila, e
sinceramente eu não queria mais ouvir suas bobagens. Se ele realmente se
importasse, não me tiraria meu parceiro, e com essa certeza, minha esperança de
reavê-lo se foi.

Após o jantar, já no quarto, contei para a Mel, que iria desfazer a sociedade com
Frederico, e que sua dívida estava paga. Não contei sobre o juízo que ele fez
sobre ela. Me arrependia muito de ter contado sobre a proposta a Camila, pois
por causa da minha indiscrição, Mel estava sendo julgada como alguém que não
era. Então preferia salvaguardá-la de qualquer maldade.

— Mas Gael, por causa da minha dívida você perdeu, Chocolate. Eu não vou me
perdoar por isso, sei o quanto você ama ele.

— Sim, eu amo ele. Mas você chegou na minha vida, e com você sentimentos
que eu também estou amando sentir. — a envolvi em meus

braços. Eu estava triste por perder meu amigo, mas não havia nada que eu
pudesse fazer, para anular os papeis que eu mesmo assinei do acordo.

Também não queria que a Mel, se sentisse culpada por isso, pois a culpa era de
muita gente menos dela.— Você é a coisa mais importante para mim nesse
momento.— a sosseguei.— Quero muito, te fazer feliz. — me debrucei sobre ela
tomando seus lábios. Minhas mãos tocaram suas pernas, subindo até a barra da
camisola preta de seda que vestia. Seu peito arfou antes de me empurrar e fugir
dos meus braços.

— Hoje não, Gael. — ajeitou a camisola rapidamente.

— O que é isso nas suas pernas? — perguntei, estranhando as manchinhas de um


pó branco no tecido da camisola, assim como nas coxas entre pernas.

— É maizena.— respondeu corada.

— Maizena? — comprimi meus lábios, tentando não rir, vendo seu embaraço.

— Sim, Maria que me falou que maizena ajuda a acalmar a pele. Tudo culpa de
você, que parece um cavalo que não cansa nunca. Me deixou toda assada.—
falou amuada.

Meu esforço de não rir foi em vão, pois uma gargalhada vinda do fundo de
minha alma escapou por minha boca.

— Mas Mel... — gargalhei de novo, não aguentando segurar o riso, ainda mais
vendo sua cara de quem não estava achando graça alguma. — Desculpa, eu não
queria rir. — os músculos do meu abdômen já doíam. — Vem cá, minha
ninfetinha linda. — a trouxe contrariada até meu peito, a abraçando e beijando
sua testa. — Amanhã mesmo a gente vai no ginecologista, e ele te dará o que for
necessário para isso. Também poderá prescrever um anticoncepcional para você,
se quiser tomar.

— Promete que essa noite, não me toca.

— Prometo, eu prometo. — a beijei selando nosso acordo.


Capítulo Quarenta e Quatro

Caminhei até ao estábulo, buscando por Gael. Essa manhã ele saiu de casa cedo,
para ajudar uma das éguas a parir. E no almoço não nos cruzamos, pois eu tinha
saído até à cidade, comprar algumas coisas para a fazenda.

— Gael. — o chamei, não o vendo da porta.

Entrei mais um pouco. Meu coração apertou ao ver a baía que Chocolate
ocupava, vazia. Algumas semanas se passaram desde que o tomaram de Gael, e
apesar dele não tocar no assunto, eu sabia o quão ele sentia sua falta e sofria com
isso. Desde então ele não colocou nenhum outro cavalo, ocupando aquele lugar
que era dele. Meus olhos ficaram úmidos, emocionada ao lembrar dele, pois eu
também sentia um carinho especial por aquele cavalo.

Senti seus passos detrás de mim e me voltei para ele.

— Veio me fazer uma visitinha? — esboçou um sorriso pervertido. Me


envolvendo em seus braços, antes de me beijar.

— Ahamm. —confirmei, sem tirar meus lábios dos seus.

— Sabe que eu sempre desejei trepar com você aqui? — sussurrou rouco.

Eu podia sentir sua excitação apenas pelo tom da voz, e pela respiração. Mas seu
corpo colado no meu, me deixou sentir algo mais saliente entre suas pernas.

— Alguém pode chegar. — balbuciei inebriada, pelos seus lábios e pelo seu
cheiro de macho suado.

— Se não fizer barulho, ninguém virá aqui. Só depende de você. — num gesto
rápido, Gael me voltou de costas para ele, seus braços me abraçaram me fazendo
encostar em seu peito. Sua mão esquerda subiu até meu seio, e

baixando o tecido ele o tomou, acariciando o mamilo, enquanto sua mão direita
deslizou até ao meio de minhas pernas. Sentia minha respiração acelerar, com
suas carícias sobre a calcinha que rapidamente ficou úmida.

— Eu amo te sentir assim, molhadinha, excitada. Você me dá muito tesão, Mel.


— seus dedos invadiram o pequeno pedaço de tecido que cobria minha
intimidade, e lentamente ele me penetrou com um dedo. Gemi baixinho,
deixando minha cabeça relaxar sobre seu ombro.

— E eu amo o seu tesão por mim. Você me deixa louca. — sussurrei quase sem
voz, de tão excitada.

Tirou seu dedo molhado de dentro de mim, e circundou meu clitóris lubrificado
pela minha própria excitação. Apertei os lábios, não querendo gemer alto com a
massagem, que provoca pequenos espasmos entre minhas pernas as deixando
bambas.

— Shhhhhh, Mel. — suas palavras, ainda me excitavam mais com a sensação do


perigo de alguém entrar e nos pegar naquele momento íntimo.

Sua língua percorreu meu pescoço, seus lábios o beijaram e seus dentes deram
pequenas mordidas no lóbulo da minha orelha, enquanto dois dedos me
penetravam. Sua respiração excitada em meu ouvido, me extasiava ainda mais. A
mão em meu seio, apertava de leve o mamilo, me fazendo contorcer com as
sensações que seus gestos me provocavam.

— Você gosta assim, não é safada? — a mão que acariciava meu seio, segurou
meus cabelos os puxando para trás. Beijou minha boca. Arfei completamente em
transe com suas carícias. — Quero sua boca agora, e depois sua bocetinha, estou
desejando ela desde que acordei essa manhã.

Gael me virou de frente a ele, abriu o zíper de suas calças, e baixando a cueca
boxer libertou seu pau completamente duro e inchado. Sabia o que ele desejava,
e com prazer me ajoelhei e o abocanhei.

Ouvir seu gemido de prazer, me excitava mais ainda me deixando toda melada.

— Amo te chupar. — sussurrei, brincando com a ponta da língua na sua glande.

— E eu amo, atolar meu pau na sua boca. — murmurou, com sua voz rouca,
pegando meu rosto. Uma mão segurava meu queixo, e a outra meus cabelos.—
Abre a boca para mim, Mel. — pediu lascivo.

Acedi seu pedido, sendo preenchida por uma estocada até ao fundo da garganta.
Engasguei, lacrimejei, respirei, quando o tirou, e engasguei novamente com as
novas investidas. Gael, me dava apenas o tempo de cuspir, a saliva acumulada
em minha boca e tomar novo fôlego para novamente invadir minha boca.

— Ah... Mel... você acaba comigo. — suas estocadas se tornaram mais rápidas.

Antes que gozasse, deixou minha boca e me ergueu, me deitando de barriga para
baixo sobre um dos fardos de palha. Se aninhou afastando minha calcinha para o
lado, lambendo uma vez minha boceta encharcada, me fazendo gemer antes de
meter em mim.

— Vai gemer, Mel? — me provocou, me penetrando.

— Ah... — me esforçava para não gemer, não queria chamar a atenção de


nenhum dos trabalhadores da fazenda. Mas ter Gael dentro de mim, tão intenso,
com a sensação de poder ser pega a qualquer momento ainda me deixava mais
louca. Sentindo isso, Gael, não me poupava, na intensidade das estocadas que
aumentava cada vez mais. Comprimi meus lábios, evitando os sons cativos na
minha garganta.

— Shhhhhh... eu adoro te ouvir gemer muito, mas aqui não pode. A menos que
queira que alguém venha ver o que está acontecendo aqui. — Gael me advertia,
mas suas estocadas não condiziam com seus avisos. Ele estava me provocando
de propósito, sabendo o esforço que eu estava fazendo para não gemer.

Suas mãos tamparam minha boca, quando não consegui mais me conter,
abafando os sons que saiam de mim completamente alucinada de prazer.

Senti minha pernas perderem a força, espasmos, uma pressão muito grande entre
pernas e uma explosão quando o orgasmo me atingiu. Gael, deixou escapar um
pequeno gemido de sua garganta quando seu gozo me invadiu, se deixando cair
sobre mim extasiado.

Seus braços me pegaram, me levando até seu peito, e beijando minha testa.

Nossos corpos suados, faziam com que nossas roupas ficassem grudadas.

— Vou querer mais visitas dessas. — sussurrou.

— Eu farei, com certeza. — o provoquei, olhando seus olhos incendiados de


prazer.
Capítulo Quarenta e Cinco

Batidas rápidas na porta do quarto nos fizeram acordar sobressaltados.

— Gael, venha rápido. Camila está ao telefone, e quer falar contigo. Disse que é
urgente. — Maria gritou, esbaforida do lado de fora. Mel, me olhou preocupada
e se soltou de meus braços, me deixando levantar da cama.

— Avise ela que eu estou indo. — não estava gostando disso. Talvez fosse mais
uma das artimanhas de Camila, mas algo dentro do meu peito me dizia que algo
realmente sério se passava, ainda mais àquela hora da manhã.

Me levantei, enfiei uma calça moletom e olhei Melanie que me observava


apreensiva.

— Eu já volto, não se preocupe. — me aninhei, lhe dando um beijo antes de sair


apressado do quarto.

— Camila. — a chamei do outro lado da linha, sentindo meu peito bater


alarmado.

— Gael... — Camila, respirou fundo. Ela estava me deixando ainda mais


nervoso.

— Diga de uma vez! — exigi.

— Chocolate, ele não está bem. Faz dias que não se alimenta e agora não
levanta.

Apertei com força o telefone na minha mão, quase o fazendo despedaçar em


bocados, tal era a força da raiva e dor que eu estava sentindo ao receber aquela
notícia.

— Se algo acontecer a ele, Camila, eu nunca perdoarei você. — minha voz saiu
baixa, totalmente abalado.

— Venha até aqui, Gael. Ele sente sua falta. — pediu de voz falha, soluçando e
chorando.
— Se isso é mais alguma das suas armações, saiba que não vai resultar.

— Não é, Gael. Eu só quero que você venha rápido, se acontecer algo a ele, eu
não me perdoarei.

Apesar de eu desconfiar muito dela, nesse momento, Camila, parecia estar sendo
sincera.

— Estou indo agora. — desliguei a chamada, e corri até ao quarto para vestir
uma camiseta.

Melanie já estava vestida, e com os braços cruzados diante do corpo, observava


pela janela o sol nascer.

— Preciso ir até lá... É chocolate... — falei sentindo um aperto no peito. Se fosse


verdade o que ela disse, Chocolate, não estava nada bem. E eu sabia que isso
seria possível, pois da mesma forma que eu sentia sua falta, ele também sentiria
falta de mim. Os cavalos são animais bastantes sensíveis, e provavelmente ele
estava depressivo.

— Tudo bem, espero que não seja nada de grave. — Melanie, se voltou para
mim com o olhar preocupado.

— Amor, não fique pensando besteira. — me aproximei acariciando seu rosto.


Sabia que o fato de eu ir encontrar Camila, não era do seu agrado.

— Minha preocupação é pelo estado dele, Gael. Eu confio em você. —

seus lábios beijaram os meus. — Vá agora, não o deixe esperando mais. —

me incitou.

Assenti e corri até minha caminhonete. Em poucos minutos cheguei na fazenda


de Frederico. Nem liguei para a forma como estacionei, deixando a caminhonete
no meio do caminho mesmo.

Corri até ao estábulo, encontrando Camila, de olhos vermelhos e lacrimejantes


me esperando na porta.

— Onde ele está? — ignorei seu olhar arrependido, entrando logo no estábulo.
— Na baía número sete. — respondeu me seguindo.

Apesar de sua baía ser espaçosa, o encontrei deitado virado para a parede de
madeira. Um dos sinais de depressão, era precisamente esse, os cavalos

depressivos poderiam ficar por longos períodos voltados para a parede sem
mostrar algum interesse ou curiosidade pelo que se passava ao redor. Ele estava
visivelmente bem mais magro, eu conseguia perceber suas costelas.

Meu peito apertou, ele não parecia o garanhão que sempre foi, saudável e forte.

— Amigão.— me ajoelhei e acariciei sua crina. Seus olhos não me procuraram,


e a ausência de algum movimento por pequeno que fosse me deixou ainda mais
apreensivo. Ele sempre reagia à minha voz, e às carícias.

— Estou aqui. Me perdoe campeão. — aninhei sobre ele o abraçando.

Inevitavelmente lágrimas rolaram pelo meu rosto, caindo em seus pêlos


castanhos, que até esses haviam perdido o seu brilho tão característico.

— Eu não queria deixá-lo assim. Eu o montei algumas vezes. Ao início ele ainda
reagia aos meus estímulos, mas ao longo das semanas, ele foi se recusando a
caminhar e há alguns dias que não come direito.

Fechei meus olhos com as palavras de Camila, ainda o envolvendo em meus


braços, com meu peito apertado. Eu estava abalado demais em vê-lo em tal
estado, não reconhecendo meu fiel amigo.

— Por quanto tempo mais vai prolongar essa tortura? — a questionei sem a
conseguir encarar, com receio de fazer alguma besteira com ela, tal era a raiva
em meu peito.

— Leve-o. — Camila, sussurrou.

Levantei meu rosto olhando-a, encontrando pesar no seu olhar, e medo também.
Mas eu ainda não confiava nela.

— Se estiver aprontando algu...

— Leve-o, eu estou falando sério. Sei o quanto ele significa para você e sinto
muito, pelo mal que causei tanto a ele quanto a você. Me perdoe, Gael.

— suas lágrimas rolaram rápidas. Parecia haver sinceridade em suas palavras, e


em seu olhar arrependido, mas mesmo assim eu sentia repulsa até de olhar em
seus olhos, quanto mais em perdoá-la. Também não sabia como ficaria a questão
da dívida, ao recuperar Chocolate, mas por mim, eles poderiam tomar tudo de
mim, desde de que me deixassem ele.

Foram necessários mais 5 funcionários da fazenda, para me ajudar a colocar


Chocolate dentro da carruagem de atrelado. Ele estava visivelmente bem
debilitado.

— Percebendo o quanto piorou, essa manhã eu dei uma dose de vitaminas a ele.
Seu veterinário, irá cuidar e fazer o necessário para que ele recupere rápido. Eu
tenho certeza que ele vai recuperar quando estiver no lugar, ao qual ele sempre
pertenceu. Do seu lado.— Camila me lançou um último olhar pesaroso, antes de
se afastar da minha caminhonete.

Dirigi até à fazenda ainda sem conseguir acreditar, que estava levando meu
amigo de volta a casa. Sentia um misto de emoções em meu peito, raiva por
Camila, ter levado sua chantagem até ao extremo, deixando-o num estado tão
irreconhecível, mas ao mesmo tempo eu estava feliz, pois eu acreditava que ele
recuperaria logo estando novamente aos meus cuidados.

Com a ajuda de alguns trabalhadores da fazenda, transportamos Chocolate até à


sua baía, pois ele caminhava com alguma dificuldade. Mandei chamar o
veterinário, o mais rápido que pudesse, queria que fosse examinado e que ele me
orientasse do que deveria fazer para que Chocolate, voltasse a ser o garanhão
forte e saudável que sempre foi.

Melanie correu na nossa direção com as lágrimas nos olhos.

— Você o trouxe? — sorriu me abraçando feliz.

— Sim, ele está debilitado, não está respondendo aos estímulos, mas irá
recuperar. — beijei sua testa, emocionado.

Soltando-se dos meus braços, Melanie, se aproximou dele.

— Nunca mais o vão separar do seu dono. — acariciou sua crina.


Inesperadamente ele mexeu sua cabeça buscando o contato das mãos de
Melanie.

Uma lágrima rolou em meu rosto, e outras no rosto da Mel. Juntamente com um
sorriso carregado de esperança no rosto, ela não lhe negou o que ele buscava, o
acariciando com muito carinho.

— Vai ficar bem, Chocolate. — Mel falou carinhosamente para ele.

Me aproximei e o acariciei também.

— Pensei que sentia minha falta. Mas afinal, era falta dela que você tinha, não é
garanhão? — apesar de haver um pouco de ciúme no meu peito, eu o
compreendia. Mel, sempre estava no estábulo o acariciando, ele adorava o toque
de suas mãos. — Eu te compreendo, amigão. Impossível não se apaixonar por
essa mulher. — sorri, rendido ao momento de cumplicidade que eu assistia entre
ambos.

— Ele vai ficar bem, meu amor. — os braços de Melanie me puxaram para um
beijo.

— Sim, eu tenho certeza que sim.


Capítulo Quarenta e Seis

Tudo estava entrando nos eixos, finalmente, Chocolate estava de volta.

Pouco a pouco ele estava se recuperando, e voltando a ter a garra que sempre
teve. Gael, andava mais animado e feliz. E eu estava feliz em vê-lo desse jeito.
Ele estava superando todas as minhas expectativas, sendo um companheiro em
tudo na minha vida. E apesar de nunca ter saído de sua boca, um eu te amo,
todas as suas ações, demonstravam com muita força esse sentimento por mim. Já
não restavam dúvidas quanto a isso. Aos poucos eu fui percebendo Gael,
entendendo que ele sentia dificuldade em se exprimir quanto aos sentimentos. E
isso deixou de ser um problema para mim, quando eu foquei em todos os outros
modos dele demonstrar, seu amor, seu respeito e sua lealdade para comigo. Cada
dia que passava, eu o amava mais ainda. Eu também ainda não havia dito a ele
que o amava, mas simplesmente porque não queria que ele se sentisse
pressionado a dizer de volta.

Aos poucos ele foi se mostrando mais interessado, e perguntando mais sobre
minha mãe, e minha família. Contei também a ele, a probabilidade de eu também
herdar a mesma doença da minha mãe. Mas me envolvendo em seus braços, ele
me acalmou dizendo que mesmo que isso um dia acontecesse, estaria do meu
lado, e que juntos enfrentaríamos o que fosse necessário.

Aproveitei que ele saiu do quarto para tomar um banho e liguei para minha mãe.

Percebi no timbre da voz ao telefone, o quanto ela estava animada e feliz.

Percebi também, que já não havia aquele arrastar nas palavras, o que me deixava
enormemente feliz. O tratamento tinha feito um milagre nela.

— Então quer dizer que já volta essa semana, mãe? — perguntei eufórica.

— Sim, meu amor e estou ansiosa por te ver. Sinto tantas saudades suas, Mel.
Felizmente, agora eu estou bem. Sem qualquer limitação.

— Não sabe o quanto estou feliz com a notícia, mãe. Não vejo a hora de abraçá-
la, enchê-la de beijos. — meus olhos lacrimejaram. — Teremos que festejar por
isso, logo que a senhora chegue.
— Claro, meu amor.— senti que sorriu do outro lado. — E você como está?

— Estou ótima, e tenho uma novidade para você. — me contive sobre contar o
que era. Não tinha a certeza se Gael, iria querer ser apresentado oficialmente a
ela.

No mesmo momento, Gael, saiu do banheiro com uma toalha enrolada em sua
cintura, se sentando na beirada da cama me observando ao telefone.

— Essa voz... Arrumou um namorando, filha?

Meus olhos se voltaram novamente para ele, sem jeito por não saber o que dizer
à minha mãe, com ele ali me olhando.

— Diga a verdade a ela. — ele sussurrou.

— E qual é a verdade? — sussurrei de volta.

— Que arrumou um namorado. — seu olhar brilhou, sobre o meu


completamente apaixonado. — Diga também, que estou ansioso por conhecer a
sogrinha. — sorriu divertido, achando graça à expressão que fiz.

Meu coração bateu forte, por ele estar admitindo que estávamos em um
relacionamento.

— Sim, eu estou namorando, mãe. E ele quer te conhecer.

— Que bom filha. Eu fico tão feliz por você. Ansiosa por conhecê-lo.

Como ele é?

— Ele é incrível. — me derreti olhando para ele. — Esse homem tem feito de
mim, a mulher mais feliz na face da terra.

— Nossa, já gostei dele. Espero que ele te faça sempre feliz, minha linda.

Você merece o melhor sempre. Quem é ele?

— É o Gael.

— Gael? Seu patrão? — perguntou surpresa.


— Sim, ele mesmo.

— Por essa eu não esperava, minha filha. Gael parece um anjo caído do céu,
para as nossas vidas. Eu devo muito a ele.

— Sim mãe, ele é um anjo. — sorri com certa malícia para ele. Apesar de ele ter
salvo minha mãe, dando o dinheiro para o tratamento, de anjo esse homem tinha
muito pouco. Só que eu não poderia falar essas coisas para mim mãe.

Depois de perguntar como estava minha tia, e de minha mãe me ter contado que
tinham aproveitado, para conhecer um pouco da cidade onde estavam instaladas,
me despedi.

— Então eu sou um anjo? — pergunta se deitando do meu lado.

— Não poderia assustar minha mãe com a realidade. — beijei seus lábios.

— Na verdade eu te prefiro bem diabinho. — Gael sorriu malicioso em meus


lábios.

— Eu criei um monstrinho, pelo que me parece.

— Não sei do que fala. — me fiz de desentendida e olhar se incendiou.

Gael se ajoelhou entre minhas pernas, jogando a toalha para longe. Seu pénis já
ereto, me deixou em brasa. Eu ainda me impressionava com a aptidão e
virilidade dele para sexo. Esse homem estava sempre pronto, e ele sabia me
envolver e contagiar com seu fogo, pois eu estava quase tão viciada quanto ele.
Suas mãos me fizeram rodar na cama, me voltando de barriga para baixo.
Aproveitando o gesto para fazer deslizar minhas calcinhas pelas pernas,
enquanto beijava desde minhas coxas até minha bunda.

— Hoje eu quero isso aqui. — abriu minhas nádegas, me dando um beijo bem
no buraquinho no meio delas.

— Gael, eu tenho medo. Você é grande. — na verdade eu estava com medo sim,
mas também estava muito excitada e cheia de vontade de provar todas as
experiências e prazer que Gael, queria me proporcionar.

— Vai ser como perder a virgindade. No início pode doer um pouco, mas eu te
preparo bem antes. Você sentirá prazer também, e caso não goste eu paro.—
mordiscou de leve minha bunda, com os dentes me fazendo arrepiar inteira. —
Serei cuidadoso...— suas mãos massagearam minha buceta, me deixando
relaxada e ainda mais excitada.

— Vai me levar a loucura, Gael... — gemi com suas mãos em mim.

— Você já me levou...— sussurrou em meu ouvido. Roçando seu pau entre


minhas pernas. — Quer experimentar?

— Sim...— falei num fio de voz. Eu estava seduzida, inebriada, e entregue a ele
de todas as formas.

Pegando num frasco de gel lubrificante, Gael, massageou minha bunda dando
vários beijos em meu corpo. Jogou um pouco de gel, em seus dedos e acariciou a
entrada do meu ânus. Me retesei um pouco com a frescura do gel, embora a
sensação fosse boa.

— Relaxa, amor, serei carinhoso.— eu amava de todas as vezes que ele


pronunciava a palavra, amor. Ele a usava poucas vezes, mas era sempre dita nos
momentos que eu me sentia mais tensa e isso aquecia meu coração.

— Eu confio em você.

Gael colocou uma almofada debaixo de mim, e antes de penetrar meu cuzinho,
com um dedo ele fez um oral bem gostoso em mim. Gemi com seu dedo,
entrando e saindo devagar, me preparando. Quando mais relaxada, ele meteu
dois dedos em mim, enquanto me falava coisas obscenas ao ouvido.

Eu não posso negar que aquilo era lascivo demais, mas eu estava gostando.

Colocou uma camisinha, lubrificando-a um pouco mais e se deitou sobre mim.


Um novo arrepio tomou meu corpo, ao sentir o contraste entre o frio do gel, e o
calor que emanavam nossos corpos excitados.

— Se for demais, me avise. Não quero te machucar. — me penetrou lentamente.

Não posso negar, que doeu um pouco ao início. Mas Gael, foi tão cuidadoso,
calmo, e atento a todas as minhas reações, que aos poucos eu fui relaxando e
sentindo ele me preencher pouco a pouco. Sua mão direita acariciava meu
clitóris, me relaxando, e seus lábios beijavam meu ombro, rosto e chupavam o
lóbulo da minha orelha esquerda. Dessa vez eu não senti total prazer, já que era
uma mistura de sensações. Gael era enorme, para mim que nunca tinha
experimentado anal, e mesmo que bem preparada por ele, eu ainda sentia muita
sensibilidade à dor. Mas ele também não forçou a barra, e assim que percebeu
meu desconforto, parou, tirou a camisinha e fez amor comigo. Sim, ele fez amor,
pois eu senti algo diferente em nós nesse momento. Nossos corpos sempre se
entregavam intensos e cheios de luxúria,

mas hoje eles simplesmente se amaram.

— Desculpe, por não ter consigo ir até ao fim. —olhei seus olhos, que estavam
atentos em mim.

— Na primeira vez é assim mesmo, acontece de a mulher não suportar. E

até nas próximas, também. Há mulheres que não gostam. Eu não quero forçar. Se
você tiver vontade de tentar outra vez, tudo bem. Se não, tudo bem também.
Você não tem que pedir desculpas, Mel. — seus braços me envolveram contra
seu peito. — Você me faz muito feliz, sabia? Eu nunca pensei sentir esse
turbilhão de sentimentos em meu peito, por alguém. Eu estou apaixonado por
você, Mel. Obrigado, por ter trazido sentido à minha vida.

— Não sabe o quanto é importante para mim, te ouvir dizer isso, Gael.

Você é muito importante para mim também, e eu também sou louca por você.

Te quero muito bem.

Nos olhamos, eu de olhos marejados com sua declaração, e Gael esboçando um


sorriso apaixonado. Seus lábios buscaram os meus, me beijando com amor.
Capítulo Quarenta e Sete

Era palpável a ansiedade de Melanie, durante a viagem até ao aeroporto.

Pela manhã ela tinha levantado bem cedo, não conseguindo dormir, com a
alegria de que sua mãe estava chegando ao Brasil.

— Está ansiosa, não é? — apertei sua mão, vendo sua perna balançar nervosa,
enquanto esperávamos sua mãe sair pela porta de desembarque.

— Muito. Esperei tanto por esse dia. — me olhou com os lábios sorrindo, mas
com os olhos marejados.

Poucos minutos depois, Mel, largou da minha mão e correu na direção de duas
senhoras que surgiram a apenas alguns metros da gente. Foi fácil perceber qual
era a mãe dela, pois eram muito parecidas. A mãe da Mel, só era um pouco mais
baixa, mas tinha os mesmos cabelos negros, embora curtos e os olhos castanhos.
E se restassem dúvidas, ao vê-las se abraçarem entre choro e soluços eu ficaria
esclarecido. Não costumo me comover facilmente, mas assistindo esse momento
eu tive que pestanejar várias vezes para não deixar que nenhuma lágrima teimosa
escapasse. A outra senhora, que eu sabia ser sua tia, sorria emocionada olhando
as duas abraçadas, chorando, e dizendo coisas carinhosas uma para a outra,
cheias de saudade.

Algumas vezes ela me olhou ainda com seu sorriso, mas percebi que estava sem
jeito de se aproximar. Tomei a iniciativa e chegando mais perto, estiquei minha
mão a ela num cumprimento.

— Prazer, sou o Gael.

— Muito prazer, te conhecer Gael. Sou a Fernanda, tia da Mel. Você é bonito,
hein? — sorriu de forma simpática.

— Sim, eu imaginei. Obrigado. — sorri também, me sentindo nervoso em


conhecer a família da Mel.

Esperava ser aprovado também por sua mãe, pois se eu não conquistasse
também a sogra, eu teria um vida dos infernos.
Depois de um longo abraço, Mel, se voltou para mim, e sorrindo me apresentou
a sua mãe.

— Mãe, esse é o Gael. — o sorriso que a mãe dela esboçou, me acalmou quando
apertei sua mão.

— Oi Gael. Até que enfim eu te conheço. Muito prazer.

— Olá. O prazer é todo meu, senhora? — eu nunca havia perguntado o nome da


mãe, à Mel.

— Isabel, basta me chamar pelo nome.

— Como preferir então, Isabel. — sorri de volta.

— Muito obrigada, por tudo o que fez por mim, Gael. Nunca saberei como te
agradecer, por ter salvo minha vida, emprestando o dinheiro.

Por falar em empréstimo, hoje mesmo, Frederico viria até à fazenda para
acertarmos a forma de pagamento do valor que lhe devo. Depois que eles me
devolveram Chocolate, eu não coloquei mais os pés na fazenda dele, e me
recusaria a frequentar novamente o mesmo espaço que Camila, depois da
maldade que ela fez em retirá-lo de mim. Nossa sociedade tinha sido desfeita, e
apenas me restava saldar o restante da dívida, que facilmente pagaria na troca de
alguns cavalos e com o dinheiro das doações de esperma do Chocolate, que
atualmente estavam valendo um bom dinheiro.

— Não se preocupe. Eu fico feliz, em saber que você está bem agora. E

ver sua filha feliz, é minha melhor gratificação. — falei sincero, abraçando a
Mel.

A mãe da Mel passaria alguns dias com a gente. Tinha proposto isso à Mel, essa
manhã e ela estava eufórica, em ter a mãe por perto uns dias e poder matar todas
as saudades, pelo tempo que estiveram afastadas. Sabia o quanto isso a deixaria
feliz, e ver seus olhinhos brilhando nessa manhã me aqueceu o coração.
Deixamos primeiramente a tia da Mel, em sua casa, onde aproveitaria também
para rever sua família, e depois seguimos os três para a fazenda.

Depois de instalada, e de apresentar Isabel à Maria, almoçamos juntos, tendo a


mãe da Mel, contado um pouco como tinha sido seu tratamento, todo

o apoio e acompanhamento que teve na clínica e também sobre a experiência de


ter vivido por um tempo na Flórida. Ela era uma mulher jovial, bastante
simpática e amistosa. O que me deixou bastante à vontade na sua presença.

Eu e a Mel, explicamos a ela sobre a rotina de trabalho na fazenda, sobre a venda


e criação dos equinos, e contamos a ela sobre os prêmios que Chocolate já havia
conquistado. No final do almoço, Mel a levou para conhecer toda a fazenda e lhe
apresentar a Chocolate, que de tanto ouvir falar bem dele, ela ficou com enorme
curiosidade para vê-lo.

Tomei um café e olhei o relógio, sabia que Frederico, chegaria em breve.

Ele sempre era pontual. O som da cadeira rolante deslizando me avisou de que
ele havia chegado. Um empregado da fazenda o ajudou a subir uma pequena
rampa nas escadas, e eu fui recebê-lo até à porta o convidando para entrar.
Quanto mais rápido resolvêssemos esse assunto, melhor.

— Como vai, Gael? — perguntou me estendendo a mão.

— Vamos diretos ao assunto. — o cumprimentei mesmo assim. — Já decidiu de


que forma vai exigir o pagamento?

— Gael, eu sei que você está chateado, com o que houve com Chocolate.

Primeiramente eu gostaria de te pedir desculpas por isso, eu não sabia que ele
chegou até àquele estado. Camila só me contou uns dias depois. Eu sinto muito.
Depois eu quero que saiba, que eu nunca o tomaria de você, eu só estava
querendo averiguar se essa história da Melanie era verdadeira.

— Tudo bem Frederico, e chegou a alguma conclusão? — perguntei irônico.

— Na verdade eu tenho algumas dúvidas. —seu semblante se fechou pensativo.

— Olhe aqui, se você acredita ou não, eu não me interesso. De qualquer das


formas, não é da sua conta. Só me diga como devo te pagar, e suma daqui. —
sua conversa já estava me irritando. Eu não ia admitir ele vir até minha casa para
me dizer que ainda duvidava da Mel.
— Eu mandei investigar a família da Mel, e soube da doença da mãe dela.

Me confirmaram que ela tem realmente uma doença rara.

— E daí? Acredita agora que ela falava verdade, e que não estava querendo me
extorquir? — o questionei com raiva.

— Calma, Gael. Não é isso...— Frederico levantou uma mão, e com a

outra esfregou uma das têmporas, parecendo abatido.

O observei impaciente, esperando por uma explicação de sua parte.

Frederico, estava falando por meias palavras, e me deixando confuso com seus
pensamentos. Ouvi os passos da Mel e sua mãe se aproximando da porta, elas
vinham rindo de algo. Aquele não era o momento para Mel chegar, eu não queria
que ela soubesse dos julgamentos de Frederico, para com ela. Mel entrou
primeiro e cumprimentou Frederico com um boa tarde.

Eu ia pedir que saísse para nos dar privacidade, por mais alguns minutos, mas
Frederico falou algo, antes de eu poder dizer qualquer coisa, assim que a mãe da
Mel entrou.

— Isabel? — o choque no olhar de Frederico, diante da mãe da Mel, nos deixou


perplexos.

Eles já se conheciam?
Capítulo Quarenta e Oito

Assim que entrei na sala, percebi que a conversa entre Gael e Frederico em
relação ao pagamento da dívida, estava tensa. Ia me preparar para sair e deixá-
los a sós, quando Frederico, nos encarou e o seu olhar de surpresa sobre minha
mãe, juntamente pelo chamar do seu nome, me deixou surpreendia. Eles se
conhecem?

Encarei minha mãe. Seu semblante pálido e atónito.

— Você o conhece mãe? — me aproximei, vendo o quão transtornada parecia.

— Eu preciso de um copo de água, por favor filha. — baixou o olhar.

Encarei Frederico que teve o mesmo reflexo. Aquilo não era um bom sinal.

— Eu vou buscar. — Gael, falou me olhando tão confuso quanto eu.

Um silêncio atormentador se fazia entre nós. Minha mãe bebia a água, segurando
o copo de mãos trémulas. Estava me dando agonia vendo ela assim, sem
perceber o motivo. Depois de beber sua água, seu olhar se voltou novamente
para o de Frederico.

— Como você chegou até aqui? — perguntou a ele num fio de voz.

— Eu sou, ou melhor, era sócio do Gael. — Frederico respondeu. — Acho que


temos algo a conversar, não é, Isabel? — seu olhar mantinha-se consternado
sobre o dela.

— Vocês querem me explicar o que está acontecendo? — os questionei cada vez


mais nervosa.

Minha mãe se abraçando a mim começou a chorar.

— Me perdoe, filha. Eu tive medo de te perder.

— Do que está falando, mãe? — me afastei dela. Um pensamento veio em


minha mente, mas eu recusava com todas as forças aceitá-lo.

— Frederico, é o seu pai.


Proferidas as palavras, a última coisa de que lembro foi de ver Gael correndo na
minha direção, e de sentir ele me sustentando em seus braços antes de apagar.

— Amor, você está bem? — Meus olhos lutavam contra a luz, sentindo
pequenas batidas em meu rosto, dadas por Gael.

— O que aconteceu?

— Você desmaiou. — seus olhos verdes me encaravam preocupados, quando


consegui abrir os meus.

— Onde está minha mãe? — as lembranças vieram rápidas.

— Está lá em baixo. Eu achei melhor ela te dar um tempo, para que você se
acalmasse.

— Ela falou, que...

— Sim, Mel, ela falou que o Frederico é o seu pai. — Gael pronunciou com
cuidado as palavras que eu contive. Eu ainda não tinha digerido que Frederico
era meu pai, o homem que abandonou minha mãe grávida e que nunca procurou
saber de mim. Logo ele, o pai da Camila. Minha cabeça pesava muito, ainda
abalada com a notícia.

— Eu preciso falar com ela. — tentei me levantar da cama, mas Gael me


impediu.

— Tudo bem. Só fique quietinha aí que eu vou chamá-la. — assenti.

Gael saiu apressado do quarto, voltando com ela logo de seguida.

— Deixarei vocês conversarem tranquilas. — seus olhos me inspecionaram uma


vez mais, garantindo que eu ficaria bem.

Logo que Gael saiu do quarto, minha mãe entrou com os olhos ainda molhados e
seu rosto abatido.

— Perdão, filha. — pediu se aproximando da cama, apreensiva.

— Mãe, porque está me pedindo desculpas? Foi aquele homem que falhou com a
gente, não é a senhora que deve perdão. — novas lágrimas rolaram no rosto dela,
e havia um grande pesar em seu olhar.

— Ele não sabia que eu estava grávida de você. — sussurrou.

Fechei meus olhos, sentindo as lágrimas grossas rolando pelo meu rosto e
pingando no lençol da cama.

— Então quer dizer que você mentiu para mim, para todos, esse tempo todo? —
a questionei ainda de olhos fechados.

Meu peito doía muito, por ela ter escondido algo tão sério de mim. Na escola eu
sempre observava meus amigos sendo buscados por seus pais, e ficava
imaginando como seria se tivesse um. Sempre pensei que ele nunca quis saber de
mim, e isso me magoava, apesar de até sentir uma certa raiva dele, pela versão
que ela me contou de ter sido abandonada. Ela me deixou acreditar que ele
nunca se interessou em saber, como eu era, em quem me tornei depois de
crescida, se estava bem, quando na verdade ele nem sequer sabia da minha
existência. Talvez mesmo que soubesse, ele não o fizesse, mas saber a verdade,
estava sendo muito duro para mim. Ainda mais tendo sido escondida, por ela,
minha mãe, a pessoa que eu mais amava e idolatrava na vida.

Como ela pode ter feito isso comigo?

— Sim... — soluçou. — No dia que eu descobri que estava grávida de você, eu


também descobri que seu pai já era casado e até já tinha uma filha.

Ele sempre foi um galinha, mas eu não quis acreditar até ver com meus olhos.

Eu o expulsei de minha vida, ameaçando-o de contar para a esposa dele, e ele


sumiu. Eu não contei sobre você, porque eu fiquei arrasada quando descobri que
ele já tinha uma família, envergonhada, diante do que todos iriam dizer quando
descobrissem que eu tinha engravidado de um homem casado, e tive medo que
ele te tirasse de mim, filha. Foi por medo. Me perdoe. — sua mão tocou meu
rosto, limpando minhas lágrimas.

— Me deixe sozinha, por favor. — pedi sem forças. — Eu preciso de um tempo


para organizar minhas ideias.

— Tudo bem. Eu vou voltar para casa hoje mesmo. Filha, independentemente se
você conseguir me perdoar ou não, eu quero que você saiba que eu te amo, você
sempre foi a menina dos meus olhos. Eu sinto muito ter mentido para você esse
tempo todo. — trocamos um último olhar, antes de minha mãe sair do quarto aos
prantos. Eu estava magoada, mas eu não conseguia sentir raiva dela. Só que
simplesmente eu não conseguia dizer nada, ainda, que pudesse acalma-la, pois
nem eu mesmo sabia ao certo o que

estava sentindo.

Gael entrou logo de seguida, preocupado e consternado. Se aproximou de mim e


deitou do meu lado, me envolvendo em seus braços. Com o dorso da mão ele
limpou minhas lágrimas.

— Calma, amor. O choque foi grande, mas você é forte.

— Como ela vai embora?

— Eu pedi a um dos empregados para levá-la até à casa da sua tia.

— E ele? — meu peito apertava. Vários questionamentos ocupavam minha


mente. Como ele reagiu, o que faria, e principalmente, como reagiria Camila, ao
descobrir que éramos irmãs.

— Frederico voltou para a fazenda, depois de conversar com sua mãe. Ele achou
melhor, não sobrecarregar mais suas emoções hoje. Pediu para que você o
encontrasse, quando se sentisse preparada.

— Como ela pôde mentir para mim, Gael?

— Conhecendo o Frederico de há uns anos atrás, eu até entendo um pouco o


medo dela. Mas agora se acalme, não pense mais nisso, amor. Com o tempo tudo
se resolve.

Seus braços me envolveram com carinho, me fazendo deitar a cabeça em seu


peito e adormecer sentindo seu calor, e suas carícias em minha nuca.
Capítulo Quarenta e Nove

Dois dias se passaram e enquanto tomava café da manhã com Gael, eu tomei a
decisão de ir essa manhã mesmo, ver minha mãe.

Apesar de magoada com a mentira, eu sabia que ela teve suas razões e tentei
compreendê-las. Ela sempre foi uma boa mãe, eu quase a perdi para uma doença
e agora que ela estava bem eu não ia deixar que um segredo do passado
destruísse o amor que sempre tivemos uma pela outra.

Gael me acompanhou até lá e assim que ela abriu a porta, seus olhos marejaram.

— Filha...

— Mãe, eu entendo a senhora. — me joguei em seus braços. Ela me apertou


forte chorando.

— Me desculpe filha. Eu fui fraca, devia ter dito a verdade a você. —

chorei junto abraçada.

— Eu desculpo sim, mãe. Não se culpe mais, eu percebi suas razões.

— Tudo isso me deixou tão triste filha. Te ver sofrendo... depois disso, eu pensei
que jamais iria conseguir me perdoar.

— Fiquei magoada sim, pela mentira. Mas isso não é o suficiente para eu não
perdoar a senhora. Eu consigo entender os motivos que a levaram esconder isso
de mim. Quero que a senhora volte comigo para fazenda.

— Entrem um pouco. — minha mãe se soltou do meu abraço, nos cedendo a


passagem.

Gael me seguiu e depois de um café, minha mãe nos explicou o motivo de não
voltar com a gente.

— Vocês estão no início do namoro, e ninguém merece uma sogra zanzando pela
casa o tempo todo. — ela sorriu.

— Isabel, você não vai incomodar, de verdade. Eu e a Mel, teremos muito tempo
a sós, e a sua companhia na fazenda, será um prazer para nós.

Sorri vendo Gael, tomar iniciativa em respondê-la, e sobretudo por sentir


sinceridade em suas palavras.

— Eu te agradeço, Gael, você é um querido. Mas não é só por não querer


incomodar vocês, a única razão... — minha mãe parecia refletir antes de falar,
mas continuou.— Na verdade, eu também não pretendo me cruzar com
Frederico. Reencontrá-lo depois de todos esses anos, me fez reabrir feridas que
já estavam fechadas, sabe? Eu prefiro ficar por aqui. Claro que irei visita-los
com frequência, e também esperarei ansiosa por visitas vossas.

— Ele não precisa ir na fazenda, Isabel.

— Eu sei Gael. Mas aí vocês estariam impedindo que a Mel, possa finalmente
ter o contato com o pai dela. Eu já atrapalhei demais isso, durante esses anos.
Agora que ela sabe quem ele é, eu só quero que os dois se entendam. Ele foi
pego de surpresa, tal como a Mel, mas ele ficou feliz. Eu sei que ele ficou.
Acredito que ele queira muito te conhecer melhor, filha, se você lhe der essa
oportunidade. E eu espero que vocês possam também criar laços, mesmo tantos
anos depois.

Fiquei em silêncio, sem saber exatamente o que dizer. Sim, eu pretendia procurá-
lo, mas era tão estranho saber que ele era o meu pai, que Camila era minha irmã,
eu estava com medo da sua reacção também.

— Frederico pode ter muitos defeitos, mas ele sempre foi um pai presente com
Camila. Eu até o considerava como um, até terem tirado Chocolate de mim. Mas
eu sei que da sua parte não foi por mal, embora ele tenha agido errado. Tenho
certeza que ele se acertará com a Mel. — Gael pousou sua mão sobre a minha, e
me deu um sorriso de alento.

— Sim, eu espero que ele seja um bom pai para a Mel.

— Tem certeza que não quer vir com a gente, mãe?

— Tenho filha. Irei um outro momento passar uns dias na fazenda, mas

não agora.— esboçou um novo sorriso. — Obrigada por tudo, viu? Eu te amo,
minha menina. — novamente nos abraçamos emotivas.
Nos despedimos e seguimos até à fazenda.

— Quer passar na fazenda dele? — Gael me tirou dos pensamentos.

— Não, ainda não estou preparada para estar com ele e nem ver Camila.

— Tudo bem então. — sua mão posou sobre minha coxa carinhosamente.

— Você tem sido um amor, eu estou amando esse teu lado. — coloquei a minha
mão sobre a dele, fazendo pequenas carícias em seus dedos.

— Está me chamando de amor? — Gael tirou os olhos da estrada, me fitando


rapidamente com um brilho no olhar.

— Sim, você é o meu amor! Cada dia, me sinto mais apaixonada por você.

— meu lábios sorriram.

— Olhe que você está despertando em mim a fera, me chamando de amor, com
esse sorriso lindo e acariciando minha mão. Tenho vontade de parar a
caminhonete e te tomar aqui mesmo.

— Gael, você não muda. — ri com suas palavras maliciosas.

— Eu pensei que você gostasse desse meu lado também. — me provocou.

— E eu gosto, muito. — admiti.

Na hora Gael encostou a caminhonete no meio de uns terrenos de milho, onde


não passava quase ninguém.

— Ah não, Gael, você não vai fazer o que...— suas mãos grandes envolveram
meu rosto, e seus lábios necessitados cobriram os meus, de uma forma febril me
calando.

Me deixei levar pelo seu beijo quente, e pelo seu gosto, esquecendo o medo de
sermos vistos.

Sua língua preenchia minha boca, e por vezes seus dentes mordiscavam
levemente meus lábios. Suas mãos desceram até minhas coxas, e as acariciavam
levemente. Gael me fez arrepiar, quando uma mão entrou dentro da minha
calcinha, acariciando meu ponto de prazer e logo de seguida meter um dedo em
mim sentindo minha excitação.

— Eu amo te sentir tão pronta. — sussurrou em minha boca.

— O culpado é você, que me excita demais.— gemi contra seus lábios.

Num impulso Gael, destravou meu cinto e me fez sentar no colo dele, de pernas
abertas.

— Você vai me enlouquecer. — murmurou abrindo o zíper da calça, e expondo


seu pau já inchado. Com uma mão ele afastou minha calcinha, e com a outra
direcionou seu pau até minha entradinha. — Me chame de amor.

— pediu com sua boca na minha.

— Amor, você é o meu amor. — sussurrei.

Seu olhar incendiou e suas mãos seguraram meu quadril me fazendo sentar nele,
e sentir sua excitação me preencher.

— Você é o meu amor também. — seu olhar excitado me penetrava tanto como
seu corpo.

Rebolei nele do jeitinho que eu sabia que ele gostava. Uma mão acompanhava os
movimentos do meu quadril e a outra segurava o peito que ele sugava enquanto
metia em mim.

— Minha gostosa, linda.

Estávamos suados, excitados, nossas respirações pesadas. Gemidos saíram de


nossas bocas, gozando juntos, nos deixando nos braços um do outro até
recuperarmos as forças. Nos recompusemos alguns minutos depois, e pegamos
novamente o caminho para a fazenda.
Capítulo Cinquenta

Chocolate corria livremente pelo redondel, enquanto eu apreciava orgulhoso seu


trote. Ao longo dessas semanas, seu desempenho voltou ao que era, e ele estava
novamente forte e saudável.

O barulho de uma caminhonete chegando desviou meu olhar dele, para ver quem
chegava na fazenda. Meu peito bateu nervoso, percebendo ser Camila, que parou
sua caminhonete assim que me viu no redondel, vindo até mim.

— O que faz aqui? Eu te avisei que não te queria mais na minha fazenda.

— a encarei de forma rude. Seus passos abrandaram e em seu rosto percebi o


desconforto pela forma como foi recebida.

— Gael, me dê apenas uns minutos, por favor. — pediu não se aproximando,


observando melhor seu semblante, ela parecia abatida. Seus olhos se voltaram
para Chocolate que ainda corria livremente.

— O que quer?

— Fico feliz em vê-lo, bem e recuperado.

— Sim, felizmente ele recuperou do estado lastimável, em que você o deixou. —


vociferei. Seu olhar baixou perante minha raiva. — Fale logo de uma vez, o que
veio fazer?

— Eu vim te pedir perdão.— seus olhos agora marejados, voltaram a fitar os


meus.

— Olha Camila, eu já começo a ficar sem saco para as suas humilhações.

Pode voltar por onde veio. — apontei na direção da sua caminhonete.

— Eu sinto muito pelo mal que causei...

— Camila, esse jogo comigo não vai funcionar.

— Por favor, me deixe falar e eu vou embora depois.


Me calei esperando que continuasse. Eu não estava confiando em suas intenções.

— Eu só percebi o quão errada estava agindo, quando minhas ações estavam


prejudicando a coisa que eu mais amo fazer na vida. Cuidar dos animais. Eu
sinto por Chocolate, de verdade. Eu fiquei muito mal depois disso e fui atrás de
ajuda. Estou fazendo terapia com um psicólogo há algumas semanas.

Me mantive em silêncio. Eu gostaria de acreditar nela, mas ela já tinha agido tão
errado comigo, que estava difícil.

— Eu te amei, Gael, de verdade. Perceber que você se apaixonou por outra, me


cegou, quando eu entendi que ia te perder. — lágrimas rolaram em seu rosto. —
Embora você tenha sido sempre sincero comigo a esse respeito, eu não pude
evitar que isso acontecesse. Se eu pudesse arrancaria esse sentimento do meu
peito, mas não está ao meu alcance. E isso dói demais. —

Me mantive impassível deixando-a continuar. — Eu só vim até aqui, para me


desculpar por tudo o que fiz de errado. Eu sinto muito. — Camila começou a
chorar aos prantos.

Eu não sabia o que dizer, nem se devia me aproximar. Ela estava pálida e parecia
que desmaiaria a qualquer momento. Decidi fazer o que o meu instinto mandou e
a abracei, seu desespero parecia sincero.

— O que eu tenho de errado, que não sou capaz de fazer com que ninguém me
ame? — soluçou trêmula em meu peito.

— Camila, você não tem nada de errado, só precisa se valorizar e se amar em


primeiro lugar. Eu sinto muito pelo que aconteceu, eu não queria que as coisas
tivessem tomado essa proporção.

— Eu sei, eu vou sair dessa com a ajuda da terapia. — Camila se afastou dos
meus braços e limpou suas lágrimas. — Eu também decidi sair da cidade.

— novas lágrimas escaparam de seus olhos azuis. — Arrumei um trabalho em


São Paulo e me mudarei para lá. Acho que é o que eu preciso para virar a página,
e seguir em frente. Por isso eu vim até aqui, precisava me desculpar pelos meus
erros.

— Seu pai, já te falou sobre a Mel? — a questionei com algum receio.


— Já. E eu não gostei de saber, que ele andou traindo minha mãe, e tendo filhos
fora do casamento. Ainda estou digerindo essa história. Aceitar uma irmã agora
não está sendo fácil, ainda mais sendo ela, a mulher que ganhou seu coração.
Apesar de tudo, eu preciso me desculpar também com a Mel.

Minha cegueira me fez agir de forma errada com ela também. Ela está aí?

— Sim, está lá em casa.

— Posso vê-la? — Camila limpou novamente suas lágrimas.

— Tem certeza Camila? Eu não acho que você já esteja preparada para falar com
ela.

— Preparada eu não estou. Acredito que ela também não. Mas eu preciso, ou um
peso vai ficar sempre em minha consciência, e eu não vou conseguir seguir em
frente sabendo que não fiz o meu dever. Independentemente do que o futuro nos
reserve, eu lhe devo um pedido de desculpas primeiro.

Acompanhei Camila até dentro de casa. Melanie desceu rápido as escadas me


ouvindo chegar, ficando estática quando viu Camila do meu lado no meio da
sala. Seu olhar confuso buscou o meu.

— Mel, Camila, quer conversar com você.

Melanie deu mais uns passos, voltando seu olhar para o de Camila.

— Eu vim até aqui me desculpar com você. — Camila falou mal conseguindo
segurar novas lágrimas. — Me perdoe pelas ofensas que eu te fiz.

— Camila, eu sinto muito também por tudo o que aconteceu. Eu nunca quis te
tirar Gael, mas eu também me apaixonei. — Melanie não tirava os olhos dela
chorando também.

— Eu sei, ninguém tem culpa de nada do aconteceu. Tirando minhas atitudes, e a


forma como reagi. Eu estou me tratando agora, e irei embora da cidade.

— Eu perdoo, sim, Camila. Eu espero que você siga em frente e seja muito feliz.
Eu nunca te desejei qualquer mal, muito menos agora, que...
— Eu preciso de tempo, Melanie. Ainda não consegui aceitar muito bem esse
fato. Mas ele é um bom pai. Tenho certeza que vocês vão se dar bem.

Agora eu preciso ir. — Camila voltou seu olhar para mim uma última vez antes
de caminhar até à porta.

— Camila.— ela se voltou quando a chamei. — Eu também te perdoo. —

Ela tinha errado sim, e muito, principalmente com Chocolate, mas ela estava ali
se redimindo, e agora eu sentia verdade nos seus atos. Com todas as minhas
forças, desejei que ela ultrapassasse essa fase novamente e conseguisse ser feliz.
Uma lágrima solitária, escorreu em seu rosto e ela esboçou um sorriso triste
antes de sair.

Abracei a Mel, ainda em lágrimas pelo que acabava de acontecer.

— Eu me sinto mal por ela, Gael.

— Não se sinta, Mel. Camila é forte, ela vai sair dessa.

— Eu espero que sim.

— Venha, vamos montar um pouco Chocolate. Depois disso precisamos


espairecer um pouco. — beijei seus lábios.
Capítulo Cinquenta e Um

Acordei sentindo Gael ainda na cama, estiquei o braço para sentir seu corpo. Nos
últimos dias ele tem tido muito trabalho na fazenda, pois várias éguas tinham
parido. Cuidar para que os partos corressem bem e dos pequenos potros,
exigiram dele um cuidado e tempo extra quer de dia quer de noite, e ele andava
exausto. Remexeu-se um pouco ao sentir meu toque, mas não acordou. Me
acerquei mais dele, deitando minha cabeça em seu peito nu.

Eu amava ficar assim abraçada nele, enquanto ele dormia descansado. Minha
mão desceu por seu peito numa carícia leve, até chegar em sua cueca boxer.

Enfiei meus dedos por baixo do tecido e peguei seu pau amolecido o
massageando devagar. Gael se remexeu novamente acordando, senti seu peito
bater mais forte e sua respiração ficar mais pesada à medida que seu membro
ficava ereto, respondendo às minhas carícias.

— Tá querendo brincar safadinha? — sua voz rouca me excitou mais ainda.

— Aham. — sussurrei beijando seu peito, enquanto minha mão o continuava a


masturbar.

Seus braços me apertaram. Eu podia sentir seu abdómen estremecer com o


prazer que ele estava sentindo. Meus lábios percorreram cada centímetro do seu
peito, suguei um dos seus mamilos, lambi e o puxei levemente com meus dentes.
Com beijos e pequenos chupões desci até ao fundo do seu abdómen, Gael
respirava cada vez mais forte, excitado com a proximidade de minha boca.

Baixei sua cueca, libertando seu pau já rijo e o lambi desde a base até à

glande sem pressa.

— Deus, você acaba comigo garota. —murmurou com a voz entrecortada.

O abocanhei, sentido toda a sua textura na boca, minha língua dançou


acariciando sua pele sensível. Com uma mão acariciei seus testículos, enquanto
sugava e envolvia seu pau novamente com meus lábios indo um pouco mais
fundo.
— Está me deixando louco, Mel.

Eu sentia pequenas secreções saindo do seu pau se juntarem com minha saliva,
de tão excitado que ele estava.

— Não vai me ajudar? — o provoquei, pegando suas mãos e as colocando em


minha nuca para que pegasse meus cabelos.

— Se continuar me provocando desse jeito, vou fazer você engasgar... —

gemeu.

— Faça o que você quiser. — brinquei com a língua na pontinha da sua


cabecinha babada.

Minhas palavras foram como combustível para a chama que eu já havia acendido
nele. Suas mãos grandes prenderam meu cabelo num rabo de cavalo.

— Abra a boca.

Fiz o que pediu, e na primeira estocada eu lacrimejei engasgando.

— Isso não é nada, amor. Você me provocou, vai ter que aguentar mais um
pouco.

— Eu não estou me queixando.

— Danada! — Gael sorriu, eu não podia ver seu rosto mas eu senti que ele
sorriu. — Abre a boca para receber ele de novo. — pediu mais firme.

A nova estocada foi bem funda, me fazendo engasgar novamente. Engoli a saliva
e me preparei para a próxima.

— Gosta assim, não é, Mel?

Não respondi, pois não tinha como, com minha boca sendo preenchida
novamente por sua excitação. Uma mão segurou meu queixo e a outra apertou
mais meus cabelos de forma firme, me fazendo ficar completamente submissa às
suas investidas. Seu quadril se moveu e seu pau invadiu minha

boca várias vezes, me fazendo engasgar em todas elas, pois Gael tocava bem no
fundo de minha garganta, me fazendo lacrimejar. Meus engasgos o excitavam
mais ainda aumentando sua velocidade nas investidas.

— Estou quase gozando. — urrou. Ele sempre me avisava, para que tirasse seu
pau antes de gozar da minha boca.

— Quero sentir seu gosto. — pedi pela primeira vez.

Gael não precisou de dizer o quanto meu pedido o agradou, pois os seus
gemidos, a respiração pesada, e a virilidade das investidas seguintes me
mostraram o quanto isso o excitou. Abri bem a boca, me concentrando na
respiração, enquanto seu pau me preenchia vezes sem conta, até sentir os
espasmos em seu corpo do êxtase que chegaria em segundos. O líquido grosso e
quente chegou lambuzando e aquecendo minha boca, o engoli sem pensar muito.
A textura era estranha mas o gosto até não era ruim. Gael tinha um sabor
salgado. Senti suas mãos afrouxarem o aperto em meus cabelos, agora relaxado
depois de gozar. O chupei mais um pouco, limpando qualquer resquício que
ainda sobrasse sobre ele.

— Porra! Você me excita demais, sua ninfetinha do capeta. Vem cá! —

suas mãos fortes me puxaram para cima e num impulso ele nos tirou para fora da
cama. Sua boca tomou a minha, enquanto ele me fez envolver minhas pernas em
torno do seu quadril indo na direção do banheiro.

Entramos no box e Gael pediu que eu abrisse a água entre os beijos. Me


encostando contra a parede, eu podia sentir novamente o quanto ele já estava
pronto para outra. Com uma mão afastou minha calcinha para o lado e
posicionou seu pau já ereto o esfregando na minha entradinha já toda melada de
tão excitada que eu me sentia, enquanto a outra mão segurava minha nuca
enquanto me beijava intensamente.

Sua boca buscava pela minha com avidez, quente, lascivo. Meu corpo febril,
necessitava do dele.

— Não deixarei você gemer. E posso te garantir que você vai querer muito. —
sussurrou entre os beijos. Suas palavras lascivas tinham o poder de ainda me
excitar mais, me fazendo gemer em sua boca, enquanto minha boceta piscava de
tão excitada.
Com uma investida Gael me penetrou fundo, me arrancando um grande gemido
que foi abafado com seus lábios. Minha respiração se tornou cada vez mais
irregular, com suas fortes investidas e com seus beijos abafadores de

qualquer som que saísse de mim. Sua penetração era tão intensa, que eu não
conseguia conter os gemidos que saiam do fundo do meu ser. Me sentia
completamente em transe, sendo tomada pelo prazer que estremecia toda a
minha intimidade e provocava choques de adrenalina em todo o meu corpo,
enquanto a água escorria pelos nossos corpos inflamados. Gozei primeiro, Gael
logo de seguida, segurando firme em seus braços meu corpo completamente
mole e relaxado depois do êxtase.

— Gostou do meu bom dia? — sussurrei quase sem forças.

— Amei, espero que você repita.

Seus lábios me beijaram com delicadeza dessa vez. E seus olhos me olharam
com doçura e amor. Sorri vendo seu olhar bobo, certamente o mesmo que eu
tinha com ele por perto.
Capítulo Cinquenta e Dois

Depois do banho e enquanto nos vestíamos, pedi para Gael me acompanhar até à
fazenda de Frederico. Seus olhos buscaram os meus me avaliando.

— Está nervosa, não é?

— Um pouco. Mas acho que é melhor eu resolver isso o quanto antes.

— Frederico sempre foi um bom pai. Tenho a certeza que ele está muito feliz,
em saber que você é sua filha, mesmo tendo sido apanhado de surpresa.

— É estranho para mim pensar que é ele, justo ele.

— Vem cá, me dê um abraço antes de sairmos. Isso logo passará assim que
conversarem. Com Camila, acredito que as coisas se ajeitem também. Eu
conheço ela, e ela não é alguém de má índole. Ela só precisa de tempo para
cuidar dos seus sentimentos, aceitar que estamos juntos, e quem sabe vocês
possam até ter uma boa relação no futuro.

— Eu sei. Eu espero que sim, sinceramente, não queria esse mau estar dentro do
meu peito.

Me deixei envolver por ele, um beijo foi depositado em minha cabeça.

Seus abraços sempre me acalmavam.

Pelo caminho Gael, me falou que Frederico tinha dito a ele que Camila já tinha
se mudado, e por isso não cruzaríamos com ela na fazenda. Não que eu tivesse
algum problema com isso, sobretudo depois que ela se desculpou

comigo. Mas não deixaria de ser algo estranho também para ela, ver alguém
chegar, sendo sua irmã, e tendo a atenção do seu pai, do qual ela sempre
acreditou ser única filha.

Gael segurou minha mão desde o estacionamento até ao interior da casa de


Frederico, que já tinha sido avisado da nossa visita. Uma das empregadas, nos
convidou a entrar e me acompanharia até seu escritório.
— Melhor você ir sozinha agora. Vocês precisam conversar a sós. — Gael me
deu um beijo tranquilizador.

— Tudo bem. — suspirei fundo. Meu peito batia forte, de tão ansiosa que eu me
sentia.

A senhora me indicou o caminho para o escritório e eu a segui. Duas batidas


rápidas na porta, o convite para entrar, e lá estava eu, diante de Frederico. Meu
pai.

Seu olhar me encarou, ele parecia tão nervoso quanto eu. Sua expressão estava
séria, mas não de forma rude, e sim sem jeito, tal como eu me sentia.

Suas mãos foram até às rodas da cadeira, e dando um impulso ele a fez deslizar
para mais próximo de mim.

— Estou feliz que tenha vindo. — falou.

— Não podíamos adiar mais essa conversa. — respondi.

— Eu sei que foi apanhada de surpresa tanto quanto eu, Melanie. Ainda é
estranho para mim também.

— Frederico, nada precisa de mudar. Você não precisa assumir seu papel de pai
como se tivesse sido algo desejado. Eu já estou bem crescidinha, não é como se
ainda fosse uma criança que precisa de um.— falei.

Eu estava nervosa, não queria que ele se sentisse forçado a criar uma ligação,
que nem saberíamos se algum dia seria possível, só pelo fato de sabermos o que
somos um do outro agora.

— Eu realmente não sabia de você, ou isso não estaria acontecendo agora.

Mas sua mãe preferiu esconder você de mim.

— Minha mãe teve as razões dela, eu não a julgo por isso.

— Eu sei. — Frederico baixou a cabeça incomodado. — Eu fui um idiota com


ela naquela época. — seu olhar voltou para o meu.
Não falei nada. Ele tinha sido sim, mas isso não cabia também a mim

julgar, até porque haviam pessoas mais afetadas que eu por suas atitudes erradas
no passado.

— Sente um pouco. — me indicou um lugar no sofá que estava ao meu lado e eu


sentei. — Eu acredito que seja difícil e até estranho para você, mas eu gostaria
que a gente pudesse se conhecer a partir de agora, eu gostaria de fazer parte da
sua vida. Óbvio que primeiro teremos que criar ligações, afinal somos como dois
desconhecidos ainda. Mas eu não estou me sentindo obrigado a nada. Não
esperava, mas estou feliz.

— Tudo bem, a gente pode ir com calma. É estranho sim para mim, e tem
também a Camila.

— Camila, vai entender e aceitar isso tudo com o tempo. Tal como você, ela
também ficou em choque, e sobretudo muito revoltada contra mim por saber que
eu traí a mãe dela. Não tiro a razão dela também. Eu fui um escroto tanto com a
sua mãe, quanto com a dela. E eu não me orgulho disso hoje.

— Como ela está?

— Ela está gostando de viver em São Paulo, está trabalhando numa clínica
veterinária e continua com a terapia.

— Que bom, espero que ela fique bem.

— Ela vai ficar sim.— Frederico respirou fundo e apontou para um envelope que
estava na mesinha ao lado do sofá. — Pegue ele, por favor.

O peguei reparando no símbolo da sua fazenda estampado no papel. Voltei meu


olhar para ele.

— Aí dentro, estão todos os documentos que anulam a dívida de Gael, para


comigo. Eu gostaria que você aceitasse meu dinheiro para pagar os tratamentos
da sua mãe.

— Minha mãe não vai aceitar isso.

— Ela não precisa saber que o dinheiro é meu, ou que foi te dado para esse
propósito. Além do mais, eu devo pelo menos um pedido de desculpas a ela, e a
você que eu devo esse dinheiro. Não é justo você ter que arcar sozinha com essa
despesa. Você é jovem, eu nunca pude participar em nada da sua vida até aqui.
Então, por favor, não se faça de orgulhosa e aceite.

Meus olhos ficaram úmidos, eu não queria que nossa relação começasse em
torno do dinheiro que ele tinha, embora ele me fizesse falta.

— Melanie, eu sou seu pai. Tudo isso que eu tenho, um dia também será seu.
Não fique se sentindo assim. Eu não estou fazendo mais do que a minha
obrigação. Não estou querendo comprar os anos perdidos, muito menos o seu
amor, com dinheiro. Isso é apenas uma parte, do que você não teve direito
durante todos esses anos.

— Tudo bem, obrigada. — com o dorso da mão limpei meus olhos.

— Não quero pressionar você a nada, mas gostaria que ficasse para almoçar
comigo hoje. Gostaria de te levar a visitar a fazenda, e de passar um pouco mais
de tempo juntos. Sei que Gael veio te acompanhar, eu também preciso falar com
ele, e claro que ele também está convidado. Gael é como um filho para mim, e
eu quero me resolver com ele.

As coisas ainda eram estranhas e distantes entre a gente, mas eu sentia a


sinceridade nas palavras de Frederico, e os seus esforços para que pudéssemos
ter pelo menos uma relação amigável.

— Eu aceito, sim. — Frederico esboçou um sorriso e impulsionou a cadeira até à


porta.

— Então venha! Vamos começar pela visita na fazenda. — falou animado.

Me levantei, e o segui até à sala onde Gael nos aguardava nos observando atento,
assim que chegamos.

— Mel aceitou meu convite para que ficassem para o almoço e conhecer a
fazenda. Espero que você não tenha nada para fazer, Gael. — Frederico apertou
sua mão num cumprimento. Os olhos de Gael me fitaram e eu esbocei um
sorriso contido, confirmando que tinha aceite o convite e que a conversa tinha
sido positiva.
— Tudo bem, será um prazer. — ele se aproximou de mim e beijou meus lábios,
me envolvendo em seus braços de forma carinhosa.

Frederico nos olhou sério, antes de exclamar;

— Não é porque somos amigos há anos, que você não terá que ter respeito diante
do seu sogro! — Gael o encarou. Frederico deixou escapar um sorriso trocista, e
os três rimos juntos de sua própria ironia.

Frederico me levou a conhecer toda a fazenda, que tinha muitos mais hectares
que a de Gael, e muitos mais equinos também. O casarão era enorme, e ele fez
questão de me mostrar cada um dos cômodos. Apesar de

ainda nos estranharmos, ele foi agradável, e me deixou bem à vontade.

Percebi que tal como eu ele ainda se sentia nervoso, mas estava dando o seu
melhor para comigo. Durante o almoço, ele contou como ocorreu seu acidente
durante o campeonato de hipismo há 3 anos, como foi a recuperação, e como
teve que aprender a viver com algumas limitações.

Segundo ele, de tudo o que mais sentia saudades, era de não poder montar como
antes. Gael e eu voltamos ao final do dia para a fazenda. Hoje eu tinha dado
outro passo na minha vida. Decidi colocar de lado certas neuras da minha
cabeça, e deixar minha mente aberta para conhecer Frederico, e quem sabe um
dia a gente se pudesse sentir numa relação de pai e filha.
Capítulo Cinquenta e Três

Observava a Mel, caminhar de um lado para o outro ansiosa esperando pelo


resultado do exame neurológico. Eu sabia como ela se sentia, pois eu estava me
sentindo igual.

— Amor, vem cá. — estiquei minha mão pegando na dela. — Se acalme, você
não vai ter herdado essa doença. E se for o caso você poderá tentar o mesmo
tratamento da sua mãe. — a puxei para mais perto a envolvendo em meus
braços.

— Estou com tanto medo, Gael.

— Eu sei, eu também tenho. Mas vai tudo dar certo.

Mais meia hora passou, até o médico entrar na sala de espera, segurando os
exames na mão. O encaramos nervosos, mas ele rapidamente nos sossegou com
um sorriso.

— Está tudo bem, Melanie. Pode respirar tranquila, que não herdou a doença da
sua mãe. Aqui estão seus exames, o diagnóstico deu negativo. —

Melanie suspirou fundo, e pegou o envelope de suas mãos, com um sorriso de


alívio no rosto olhando os papéis.

Respirei fundo também. O aperto que ocupava meu peito passou nesse
momento. Era um grande alívio para nós, pois fazia tempo que a Mel, adiava
esse exame, e agora finalmente poderíamos descontrair.

Independentemente de qual fosse o resultado do exame, essa noite tinha


convidado a Mel, para sairmos. Pois tinha planeado algo, prevendo que
poderíamos comemorar o resultado negativo do exame, e também os 5 meses

que estávamos juntos. Já tinha escolhido um hotel romântico, onde seríamos


servidos de um jantar especial.

— Você está maravilhosa! — elogiei, quando entrei no quarto e a vi com um


vestido vermelho ruby, que torneava perfeitamente seu corpo. Ela acabava de
calçar uma linda sandália de salto. Era raro ela usar algo assim tão arrojado, mas
ficava incrivelmente linda, elegante e ainda mais sedutora.

— Obrigada. Você também está muito gato, com esse terno. — me lançou um
sorriso maroto deixando-a ainda mais linda. Meu pau remexeu de tesão dentro
da calça.

Me aproximei dela, enquanto ela arrumava seus cabelos num elegante rabo de
cavalo, colocando minhas mãos em sua cintura e cheirando seu pescoço,
sentindo o perfume tão característico dela. O cheiro doce, a frutos silvestres.

— Sempre tão cheirosa. — sussurrei em seu ouvido.

— Gael, você não vai me amarrotar toda agora, não é? — seu olhos fecharam
com nossos corpos colados e sua voz saiu baixa, excitada.

— Eu bem gostaria, mas a gente tem hora marcada. E eu farei isso mais tarde. —
a voltei para mim e beijei seus lábios delicados, de maneira suave para não
borrar seu batom.

— Safado.— respondeu em meu lábios.

— Sou sim, e louco por você. — seus lábios sorriram travessos.

Já no hotel fomos encaminhados até ao nosso quarto.

— Vamos jantar no quarto? — perguntou curiosa, vendo que era para lá que nos
dirigíamos.

— Sim, mas não é um quarto qualquer. Tenho certeza que vai gostar do local
escolhido. — minha mão pousou no fundo das suas costas enquanto
caminhávamos até lá.

Passei o cartão na fechadura digital da porta, e a abri dando acesso a Melanie.


Seus olhos brilharam ao observar o espaço. O quarto era grande em tons neutros,
uma grande cama, com dossel tons pastel, e uma vista linda sobre o jardim.

Sorri vendo-a caminhar vislumbrada pelo quarto e seguindo até ao terraço.

— Meu Deus, você está se tornando num safado romântico. — ela me


encarou esboçando um sorriso.— O quarto é maravilhoso, esse jardim, e essa
tenda linda?

— É, acho que eu estou... — caminhei até ela.— Essa tenda será onde a gente
vai jantar. Eu sabia que ia gostar do espaço.

O quarto dava acesso a um jardim privado, onde havia uma pequena tenda tipi,
com cortinas de tule e pequenas grinaldas de luz. Várias lanternas de velas pelo
chão, um lustre dentro da tenda adornado com pequenas e delicadas flores, um
tapete lindo, e várias almofadas tons claros estavam espalhadas pelo chão. A
noite estava quente e muito agradável.

— Parece saída de um conto de fadas, Gael. Eu amei. — seus olhos brilharam


me olhando com muito amor. — Você está sendo tão fofo comigo, amor. Eu
nunca pensei estar vivendo isso. Você me tem feito muito feliz, de verdade.

Minha boca foi beijada com ternura pela sua. Eu sabia o quanto ela estava feliz
pela surpresa. Embora Melanie, nunca tenha exigido nada desse tipo de coisas de
mim, eu podia entender o quanto uma mulher apreciava um momento especial,
num lugar especial, pensado com carinho pelo parceiro. E

quis tornar essa noite memorável para ela, pois ela também seria especial.

— Eu só posso te dizer que você merece isso e muito mais. Eu também tenho
sido muito feliz. Você tem despertado o melhor de mim, e sentimentos que eu
amo sentir do seu lado.

— Não sabe o quanto fico feliz que verbalize isso. Porque eu sinto o mesmo. —
beijei sua testa.

— Vem, não tarda nos servirão o jantar. — peguei sua mão e caminhamos até a
tenda.

À hora prevista o servente, entrou no quarto e nos serviu de um belo jantar,


composto de uma entrada com salada, manga e camarão. De prato principal
tivemos um risoto de alho poró e queijo brie ao molho de jabuticaba. Depois de
servida a sobremesa, um crumble de frutos vermelhos, o servente, nos deixou a
sós com uma garrafa de champanhe.

— Gostou do jantar? — olhei seus olhos, enquanto ela bebia um pouco do


champanhe. Meu peito batia forte, nervoso.

— Adorei tudo. O espaço, o jantar e sobretudo a sua companhia. — ela se


aproximou me beijando, fazendo incendiar meu corpo.

Toquei seu rosto, e a beijei de volta, completamente apaixonado. Desviei a


pequena mesa que tinha sido colocada entre nós e a deitei sobre as almofadas
sem tirar meus lábios dos dela.

— Te quero muito, amor.

— Eu também. — sussurrou com a respiração alterada em meus lábios.

Minhas mãos subiram até ao zíper do seu vestido o abrindo, deixando seu corpo
nu exposto, sendo coberto de vários tons dourados do reflexo da luz das velas.
Beijei seu ombro direito, e percorri todo o caminho até seu pescoço, enquanto
suas mãos abriam minha calça, e me libertavam dela.

Suguei seu mamilo esquerdo, fazendo Mel, gemer baixinho, e me posicionei no


meio de suas pernas, acariciando seu ponto de prazer. Seu corpo se contorcia
excitado, e sensível aos toques dos meus dedos dentro dela. Quando a percebi
bem lubrificada, encaminhei meu pau faminto para dentro dela, devagar. Mel
gemeu, e eu também sentindo seu interior quente, úmido, apertado e excitado,
me deixando doido como sempre.

Beijei seus lábios enquanto a penetrava devagar, vendo suas feições de prazer.
Ela mantinha seus olhos fechados, sentindo cada penetração.

— Eu te amo! — sussurrei. Seus olhos se abriram e brilharam emocionados.


Uma lágrima escorreu enquanto eu a penetrei novamente, lentamente, com meus
olhos fixos nos dela. Eu queria que ela sentisse que a declaração não tinha sido
dita, pelo calor do momento. Eu realmente o sentia, e fazia muito tempo que esse
sentimento ocupava meu peito, embora eu nunca o tenha dito antes.

— Eu sei. Eu também te amo! — sussurrou, emocionada. Beijei novamente seus


lábios enquanto nossos corpos se amavam.

— Casa comigo? — perguntei com meu coração a mil. Eu não sabia se tinha
escolhido o melhor momento, para o pedido que eu já tinha planeado para essa
noite, mas perdido em seu corpo, eu não o pude conter mais.
Os olhos da Mel umedeceram rápido, lágrimas rápidas escorreram deles.

Eram lágrimas de felicidade. Seus lábios sorriam levemente e seus olhos me


olhavam com todo o amor que eu sempre vi dentro deles para comigo.

— Sim, eu aceito.

Sorri de volta e limpei suas lágrimas, beijando sua testa. Eu me sentia o homem
mais feliz do mundo.

Havia muito tesão em nossos corpos, mas essa noite havia sobretudo amor.

Nos amamos, com calma, apaixonados, como se nosso corpo, alma e coração se
estivessem unindo num só. O êxtase foi tão bom como os demais. No final,
estiquei minha mão, pegando a pequena caixinha que tinha guardada no bolso da
calça, e coloquei um solitário em seu dedo.
Capítulo Cinquenta e Quatro

Admirei o lindo quarto onde estava, rodando o solitário em meu dedo.

Gael escolheu um hotel lindíssimo, e me surpreendeu essa noite, tanto com sua
declaração como com o pedido de casamento enquanto nos amávamos. A ficha
de que ele, havia realmente me pedido em casamento ainda não tinha caído. E eu
que pensava que viríamos festejar pelos meses que estávamos junto, e pelo
diagnostico à doença da minha mãe ter dado negativo. Sorri feito boba olhando
minha mão, agora adornada pelo lindo e reluzente anel, símbolo do nosso
noivado.

— Está rindo sozinha? — Gael me despertou dos meus pensamentos, saindo do


banheiro completamente nu depois do banho. A gente já tinha feito tanta coisa,
mas vê-lo assim tão imponente diante de mim, ainda mais nu, sempre me
deixava nervosa como se fosse a primeira vez que estávamos juntos.

— A ficha ainda não caiu. Parece que estou sonhando. — Desviei meus olhos do
meio de suas pernas, para encarar seus olhos divertidos ao perceber o que eu
observava.

— Eu espero não estragar seu encanto, quando você acordar e perceber que não
foi com um príncipe, que você aceitou aceitou se casar, mas sim com um sapo.
— ironizou, esboçando um sorriso e se deitando do meu lado.

— Bobo. Eu te amo tal como você é, não mudaria nada. Para mim, você é
perfeito. E tem superado demais minha expectativas.

— Então não se arrependeu de ter aceite?

— Nem um pouco. — olhei seus olhos e sorri completamente apaixonada.

Gael se levantou e pegou em duas taças, servindo champanhe nelas.

Caminhou até mim e me deu uma, para que brindássemos.

— Eu nunca me imaginei noivo, casado... mas você me fez beber de uma água,
que eu jurava que nunca beberia. E o melhor, é que eu gostei. Eu te amo! — seu
olhar incendiou, me fazendo perceber sua excitação novamente.
Gael pegou minha taça da mão, e juntamente com a dele as colocou no criado
mudo. Seus lábios beijaram os meus me fazendo deitar novamente na cama.

— Eu já volto. — caminhou até o banheiro, voltando com duas toalhas na mão,


estendendo a maior sobre a cama, e ainda segurando a mais pequena. —

Deite sobre a toalha. — pediu.

Fiz o que pediu com meu coração a mil. Meus olhos se fecharam quando ele os
tampou com a toalha e beijou meus lábios de uma forma lasciva antes de se
afastar novamente.

— Amor, o que vai fazer? — perguntei baixo excitada, sem conseguir ver o que
fazia.

— Vou beber... — um gemido alto escapou de minha garganta, com o susto e a


sensação de choque de temperatura, entre o líquido gelado que ele derramou
sobre mim, e o meu corpo quente excitado, me fazendo arrepiar inteira.

Senti o líquido escorrer entre meus seios até meu ventre. Gael lambeu todo ele,
me provocando muitas sensações ao sentir sua língua quente, sobre minha pele
arrepiada pelo frescor do champanhe, dando especial atenção aos bicos do
mamilos duros de tão excitados. Sua língua percorreu todo meu corpo, me
lambendo e chupando, sugando cada gota derramada. Mais líquido foi
derramado entre minhas pernas, me fazendo arquear com a sensação dele
deslizando sobre a parte mais sensível e quente do meu corpo.

— Você já é saborosa, mas com champanhe, ainda mais. — minha boceta foi
tomada por sua boca, de uma forma lenta e muito estimulante, me fazendo
segurar os lençóis e arquear as costas, com Gael sugando tudo entre minhas
pernas.

— Geme, eu amo te ouvir gemer, amor.— sua voz rouca me excitava demais,
enquanto sua boca fazia maravilhas com meu corpo, fazendo com

que meus gemidos se intensificassem de tanto prazer.

— Eu vou gozar. — murmurei, sentindo o tremor de minhas pernas, e os


espasmos vindo de dentro de mim.
— Goze, goze gostoso para mim. — Gael, afastou mais minhas pernas e me
chupou ainda com mais fervor me fazendo gozar de uma forma intensa e me
deixando sem forças sobre a cama.

— Você acaba comigo... — falei num fio de voz, com meu peito batendo ainda
descompassado, completamente mole, relaxada, saciada.

Gael retirou a toalha dos meus olhos e eu os abri com alguma dificuldade,
encarando seu olhar verde, intenso sobre o meu.

— A noite ainda só começou, e estou com saudades da sua boca. — seu olhar
desceu até minha boca. Seus dedos acariciaram meus lábios, seu polegar os
penetrou, me fazendo chupar seu dedo, enquanto os outros acariciavam meu
rosto. —observei seu rosto e ele me olhava excitado. —

Vem cá! — se levantou e me puxou para a beirada da cama, fazendo com que
minha cabeça tombasse um pouco na borda do colchão, se posicionando diante
de mim de seguida. Seu pau estava tão excitado, que havia um pouco de
secreção nele. — Abre a boca, amor. — seu pedido era de puro tesão,
necessitado.

Não prolonguei mais a espera, para aplacar o desejo que Gael emanava do seu
olhar e do seu corpo sobre o meu, abrindo minha boca para recebê-lo.

Sua primeira investida foi calma, me dando tempo para respirar, e lubrifica-lo
com minha saliva. As próximas foram profundas, intensas, alternadas entre o
rápido e o lento, me dando tempo para engolir a saliva e respirar novamente a
cada engasgo, me fazendo lacrimejar algumas vezes.

— Você é puro tesão, Mel. Sente como me deixa. Meu pau está babando de tão
excitado. — sua investida foi mais profunda me fazendo engasgar novamente.
Gael gemia a cada vez que metia em minha boca. — Quer meu leite em sua
boca, Mel? — perguntou, deixando minha boca livre para responder.

— Sim, eu quero. — cada vez mais eu gostava de sentir seu gosto, e sentir seu
tesão quando eu o queria, me excitava demais.

— Eu te amo safadinha. — seu pau invadiu minha boca novamente, sem


piedade. Tal como eu gostava que ele o fizesse. Eu gostava de Gael, tal como
ele era, intenso, devasso e insaciável.

Seu gozo veio rápido, abundante e espesso, fazendo-o urrar quando foi libertado
em minha boca, como se fosse a primeira vez que ele gozava hoje.

Engoli tudo, sendo beijada por ele de seguida. Me pegando em seus braços, e
entre beijos, Gael nos conduziu até o banheiro, onde tomamos banho juntos.
Capítulo Cinquenta e Cinco

Dois meses se passaram desde o pedido de casamento de Gael, e hoje eu


experimentava meu vestido de noiva, para os últimos retoques antes do grande
dia, que será dentro de três dias. Minha mãe me acompanhou até à costureira, e
me vendo vestida de noiva seus olhos brilharam emocionados.

— Está tão linda, minha filha. — esboçou um sorriso.

Sorri também vendo meu reflexo no espelho. Ainda me custava a acreditar que
em alguns dias eu estaria casando com Gael. A costureira ajustou um pouco a
medida do vestido em minha cintura, pois com toda a correria eu tinha perdido
um pouco de peso. Andava bastante ansiosa, porque também tinha acabado de
fazer minha inscrição na faculdade, para o curso de veterinária. Durante toda a
minha juventude sempre imaginei um dia seguir medicina, mas hoje, depois de
tantos meses passados na fazenda, eu percebo o quanto amo animais, e como
seria bom saber cuidar da saúde deles. Além de que seria uma grande ajuda para
Gael, na fazenda, já que desde que Camila foi embora, nunca o posto de
veterinário foi ocupado a tempo integral, e o seu negócio tem expandido muito.

Frederico também tem parte nisso, pois eles acabaram se entendendo, e


retomaram a sociedade. Alguns equinos Frederico, fez questão de colocar no
meu nome, e uma doação em dinheiro também me foi feita, para que eu seguisse
os meus estudos. Confesso que ele me tem surpreendido, pela positiva, em
vários aspetos. Temos passado muito tempo juntos, em jantares na sua fazenda, e
até na de Gael. Percebo que independentemente dos erros

que cometeu no passado, com minha mãe, ele é um bom homem e que tenta com
pequenas ações ocupar o lugar dele como meu pai. Ainda nos estranhamos, é
claro, eu não o chamo de pai, nem ele me chama de filha, mas a nossa relação
vem sendo fortalecida ao longo do tempo.

De Camila as únicas notícias que tive, foram que estava bem, e que estava
abrindo sua própria clínica veterinária em São Paulo. Ela não tem vindo muito
na cidade, e as poucas vezes que veio visitar Frederico, evitamos cruzar-nos.
Frederico tentou, algumas vezes, juntar-nos para almoços na casa dele, mas
acabamos sempre arranjando uma desculpa, achando ainda ser cedo para essa
aproximação. Entendia perfeitamente que para ela, não seria fácil me ver como
irmã, muito menos sendo a pessoa que vai casar com o homem que amava.
Ainda assim, no dia que anunciamos a data de casamento a Frederico, eu pedi
que ele a avisasse, pois seria bem vinda se aceitasse o convite.

Já em casa, deixei minha mãe que estava passando uns dias connosco na cozinha
com Maria, e segui até ao quarto para tomar um duche rápido antes do jantar.
Desci uns minutos depois, encontrando Frederico na sala.

— Frederico, não sabia que vinha. — retribui o sorriso que ele me lançou ao me
ver chegar, embora parecesse nervoso. — Está tudo bem?

— Oi, Mel. Está sim. Gael comentou comigo que sua mãe, está passando uns
dias aqui na fazenda. Eu gostaria de falar com ela.

— O que você quer dela?

— Eu só pretendo ter uma conversa franca, e me desculpar. Você vai casar, e a


gente vai se cruzar várias vezes a partir de agora. Eu não quero nenhum clima
ruim entre mim e sua mãe.

— Eu vou chamá-la, mas eu não sei qual será a sua reação.

— Tudo bem, eu compreenderei suas razões se não quiser me ver.

Assim que a avisei que Frederico, a aguardava na sala, para conversarem, notei
seu nervosismo.

— Mãe, se não se sente confortável não precisa de falar com ele agora.

— Eu sei filha, confortável eu não estou. Mas ele tem razão, a gente precisa ter
uma conversa e colocar uma pedra nesse assunto.

Concordei com um pequeno gesto de cabeça, deixando-a seguir sozinha

até à sala. Há dias ela tinha me confidenciado, que levou anos para esquecê-

lo, e que reencontrá-lo agora, mexeu com emoções antigas, ao qual não se sentia
preparada para lidar novamente.

— Está sozinha? — Gael, perguntou entrando na cozinha todo transpirado,


enquanto eu tomava um café.
— Minha mãe está lá na sala, conversando com o Frederico.

— Ele me pediu para avisá-lo quando ela viesse aqui. Espero que não tenham se
importado, mas achei que eles precisavam dessa conversa.

— Sim, você fez bem. Pode ser que eles se entendam, ou pelo menos que não
fique esse ambiente estranho quando tivermos reuniões familiares.

— Eu espero que sim. E a prova do vestido, como foi? — se aproximou beijando


meus lábios.

— Ótima. Ele está lindo! — Gael sorriu, perante minha animação.

— Você que é linda demais, sabia? — suas mãos pegaram meu quadril, me
fazendo encostar nele e sentindo sua excitação, enquanto beijou de novo meus
lábios. — Preciso de um banho e gostaria de companhia.

— Eu acabei de tomar um, mas não me importo de tomar outro, ainda mais junto
com você.

— Prometo que te lavarei direitinho. — sorriu de forma safada, me fazendo


sorrir também.

Subimos juntos e nos entregamos aos prazeres carnais enquanto tomamos banho
juntos. Quando descemos para o jantar, minha mãe e Frederico tinham terminado
a conversa.

Ela secava seus olhos úmidos, e Frederico também tentava esconder a emoção
nos seus. Meu coração ficou apertado, com receio de que a conversa não tivesse
sido uma boa ideia.

— Filha venha cá. — minha mãe pediu esticando sua mão, para que eu a pegasse
assim que me viu entrando no cômodo. Segurei sua mão e me aproximei de
ambos.

— Eu e sua mãe nos entendemos, Melanie. — falou Frederico. — Eu reconheci


meus erros, e o mal que causei a ela. Ela me perdoou, e a partir de hoje a gente
poderá ter uma relação amigável.

Observei minha mãe, esperando que ela também se pronunciasse.


— Sim, colocamos uma pedra nesse assunto. Ambos estamos resolvidos, felizes
de sermos seus pais, e o importante agora é que a gente possa conviver como
uma família, sem ressentimentos do passado.

— Fico feliz por isso. — abracei minha mãe de forma terna. Sabia que seu
coração era enorme, e que apesar do que passou ela tinha superado e poderiam
sim conviver sem rancor. Me aproximei de seguida de Frederico e me baixando
o abracei. Seus braços me envolveram. Senti seu peito bater forte, o meu
também batia. — Eu amo vocês. — falei para os dois.

— A gente também te ama, filha. — Frederico falou, me fazendo emocionar.

Essa noite, Frederico ficou para o jantar. Passado aquele momento emotivo, o
ambiente se alegrou e tivemos conversas agradáveis à mesa. Pela primeira vez
na vida, senti o que era ter mãe e pai presentes, num ambiente familiar e isso
aqueceu meu coração.
Capítulo Cinquenta e Seis

A manicure terminava de pintar minhas unhas das mãos e pés, quando Maria,
bateu na porta do meu quarto me avisando que havia uma visita para mim. Pela
cara de Maria, eu percebi quem seria, e não posso negar que fiquei um pouco
nervosa. Faziam alguns meses desde a última vez que nos vimos.

Pedi para Maria avisar que desceria em alguns minutos, e deixei a manicure
arrumar seu material de trabalho.

— Qualquer coisa pode me chamar amanhã para algum retoque, se necessário.


— a jovem falou já se dirigindo para a porta.

— Sim, muito obrigada. Ficaram lindas! — olhei mais uma vez as unhas, com as
quais casaria no dia seguinte.

— Felicidades! — desejou com um sorriso antes de sair.

— Obrigada!

Deixei que descesse, e desci logo de seguida, encontrando Camila na sala.

— Camila.

— Oi, Melanie. Como está? — Camila me olhou com certo desconforto. O

mesmo que eu ainda sentia.

— Estou bem, obrigada. E você?

— Também estou bem. Eu vim visitar meu... nosso pai, e já que estava na
cidade, aproveitei para vir até aqui pessoalmente, agradecer o convite, e me
desculpar por não comparecer na cerimônia amanhã.

— Tudo bem, Camila. Tanto eu quanto Gael, não queríamos te deixar de fora.
Mas eu entendo.

— Eu sei que não estou fortalecida suficiente para estar presente amanhã, pelas
razões que você deve entender, mas eu desejo que sejam felizes.
— Obrigada, Camila, eu te entendo. — eu entendia suas palavras, e me
colocando no seu lugar, eu faria a mesma coisa. Não seria fácil, assistir o homem
que se amou, se casar com outra.

— Eu estou namorando. — falou abrindo um sorriso contido. — É um homem


legal, e eu estou gostando muito dele. — sorri de volta. Senti que sua declaração,
era a prova de que ela estava fazendo progressos com seus sentimentos, e que
estava virando a página.

— Que bom, eu espero que ele te faça muito feliz. — falei sincera.

— Sim, ele está fazendo. Nosso pai te contou que abri uma clínica veterinária?

— Sim, ele me falou. E como está se saindo?

— Muito bem, estou tendo muito trabalho. Quando for em São Paulo passe lá,
para conhecer o espaço. — seu sorriso de abriu de forma espontânea, parecendo
mais relaxada falando de suas conquistas. — Soube que também vai estudar
medicina veterinária.

— Irei sim, será um prazer. — retribui o sorriso.— O tempo que passei aqui na
fazenda, me fez perceber que eu amo os animais e que seria bom saber cuidar da
saúde deles. Eu sempre quis estudar medicina, então porque não medicina
veterinária?

— Você vai amar essa profissão. Os animais são o amor mais puro.

— Sim, eu tenho me apaixonado cada vez mais por eles.

— E com nosso pai, como vão as coisas? Ele parece feliz.

— Bem, a gente tem passado o tempo possível juntos, e não tenho do que me
queixar. Ele tem tentando me incluir em sua vida e eu também me sinto feliz em
sua companhia.

O som dos passos de Gael, nos fizeram olhar em sua direção. Ele pareceu
surpreso em ver Camila, e ela mais desconfortável na presença dele.

— Oi.
— Oi, Gael. Eu tenho voo daqui a pouco, melhor eu ir agora.

— Não virá amanhã? — Gael perguntou alheio à nossa conversa.

— Não, e eu já expliquei os motivos para a Mel. Mas eu faço um convite para


que vocês me visitem em São Paulo. Gostaria que conhecessem a minha clínica.

— Claro, iremos sim. — Gael respondeu sucinto.

— Eu trouxe um presente para vocês.

Camila esticou a sacolinha de papel que tinha em mãos na minha direção.

A peguei de suas mãos.

— Esse embrulho de laço branco é para você e o outro para Gael.

Ambos abrimos o presente ao mesmo tempo. O meu era uma liga de noiva cor
pérola, com uma fita de cetim azul bebê, e um pendente de cavalinho em prata
com o nome Chocolate gravado.

O de Gael eram botões de punho, com a forma do mesmo cavalinho do


pendente, e também gravado com o nome do seu fiel amigo.

— É linda, Camila. Eu amei! Obrigada. — sorri observando os detalhes da liga e


os botões de punho de Gael. Ela tinha escolhido algo que realmente representava
o amor que sentíamos por Chocolate.

— São magníficos, Camila. Obrigado! — Gael falou surpreso com o presente.

— É algo simples, mas eu tinha certeza que iam gostar.

— Não poderia ter escolhido melhor. — Gael falou. Camila baixou o olhar
perante o sorriso contido dele, e ele se aproximou a abraçando, quebrando o gelo
que havia entre os dois.

— Eu realmente te desejo as maiores felicidades, e quero que saiba que eu não


guardo mágoas do que houve. Para mim a gente virou a página, e está tudo bem.
Eu tenho um enorme apreço por você, e agora que vamos ser da mesma família
eu quero que a gente se entenda como tal, sem ressentimentos.
— Obrigada, Gael. — Camila retribuiu o abraço.

Não senti qualquer ciúme, pois sabia que esse abraço, era um abraço de respeito.
Eles sempre foram próximos um do outro, e ao longo de dez anos, tinham criado
laços fortes de amizade, antes de tudo o resto, e podiam sim

continuar amigos.

— Terei de ir agora, senão vou acabar perdendo o voo.— Camila se aproximou


me abraçando também. — Depois a gente poderá organizar um jantar lá na
fazenda do nosso pai, quando eu voltar.

— Claro, quando quiser. É só avisar quando vier na cidade.

— Avisarei sim. Felicidades! — sorriu para ambos de forma sincera.

Ambos agradecemos e nos despedimos dela. Abracei Gael feliz, por aos poucos
tudo estar se ajeitando.

— Vou adorar, arrancar essa liga da sua coxa amanhã. — suas palavras em meu
ouvido me fizeram arrepiar.

— Seu safado. — falei antes de ser beijada.

— Que tal a gente aproveitar o último dia como solteiros? — sem me dar tempo
de responder, Gael me levantou do chão, me fazendo enrolar as pernas em torno
do seu quadril e nos levando até o quarto.

— Desde que você me deixe em condições para caminhar amanhã. — ele sorriu
safado em meus lábios, com minhas palavras.

— Pode deixar. Até porque eu quero você em forma para a noite de núpcias,
futura senhora Borges. — seus lábios tomaram os meus com volúpia, assim que
entramos no quarto e a porta foi fechada.

— Não se esqueça que minha mãe está aqui em casa.

— Cabe a você não gemer alto. Se conseguir...— provocou, me deitando na


cama e já tirando minha calcinha.
Sua boca encontrou minha intimidade, me fazendo contorcer a cada lambida e a
cada sucção lenta no meu botãozinho de prazer. Gael segurava bem minhas
pernas as afastando, para ter acesso completo ao meu corpo.

Comprimi meus lábios não querendo que o prazer que Gael me causava fosse
ouvido fora do quarto, e o safado parecia se divertir me fazendo delirar mais
ainda com sua boca deliciosa. Abafei meus gemidos com uma das almofadas,
quando gozei com sua boca.

Me fazendo virar de barriga para baixo, ele se deitou por cima de mim, me
penetrando. Sua mão segurou minha garganta acariciando meu queixo, me
fazendo arquear um pouco a cabeça para trás, quando as investidas se tornaram
mais rápidas.

— Sou louco de tesão por você, minha noiva linda. Eu te amo. — falou em meu
ouvido, aproveitando para lamber meu rosto de lado com puro desejo.

— Eu também te amo. — sussurrei com ele me penetrando novamente.

Rebolei meu quadril o provocando. Seus lábios me beijaram febris e calaram


meus gemidos mais rebeldes, com a intensidade que seu corpo tomou o meu.

Gozamos juntos, e deitamos lado a lado, abraçados, esgotados, extasiados e


saciados.
Capítulo Cinquenta e Sete

Abotoava os últimos botões da camisa, perfeitamente branca, enquanto


observava meu reflexo no espelho, e sorria de forma boba, perante meu traje de
noivo. Se há uns meses atrás alguém dissesse que eu iria me apaixonar, casar, eu
negaria e gargalharia na cara da pessoa, e ali estava eu diante do meu reflexo,
engolindo minhas palavras, completamente apaixonado pela mulher com quem
hoje casarei.

Mel chegou como um furacão na minha vida, sem qualquer anúncio, nem
preparação, para as emoções que me fez sentir desde que colocou os pés, pela
primeira vez nesta fazenda. Essa mulher foi capaz de aflorar sentimentos dentro
do meu peito, que eu nem sabia que existiam, e eu estava amando sentir cada um
deles do seu lado. Além de linda, sua personalidade forte e decidida, me
estimulavam, para não falar do vulcão que ela também era na cama. Minha
menina tímida e inocente, se tornou numa mulher altamente sedutora e
provocadora, embora por vezes ainda veja em seus olhos a sua essência de
quando mais inexperiente.

Terminei de vestir meu terno azul oceano, coloquei os botões de punho que
Camila havia me presenteado, um pouco de perfume e estava me calçando
quando uma batida na porta do quarto, me fez dar permissão para entrar.

— Gael, você está um arraso homem! Que gato! — os pequenos e rugosos olhos
de Maria, se expandiram diante de mim, o que me fez sorrir com a sua
declaração. Ela também estava muito elegante, portando um vestido verde
esmeralda.

— Gosta do que vê Maria? — me virei para ela.

— Meu Deus, você está ainda mais bonitão.

Ri de suas palavras, me sentindo a última bolacha do pacote. Eu esperava que


Melanie se encantasse do mesmo jeito assim que me visse no altar.

— Você também está um arraso! Venha cá, Maria! — a abracei de forma


ternurenta assim que se aproximou de mim. — Eu te agradeço muito por ter
aberto meus olhos. Você será minha madrinha de casamento hoje, aceita?
— Ah meu filho, será uma honra. Claro que aceito!

— E a noiva, já está pronta?

Desde ontem à noite, depois de fazemos amor, ela se foi para outro quarto e eu
ainda não a tinha visto desde então. Meu peito começava a bater mais forte com
um nervoso miudinho.

— Está ficando, e só posso dizer que ela está uma verdadeira princesa.

— Será que ela consegue ficar ainda mais linda? — Sorri só de a imaginar.

— Você vai babar. Eu só vim perguntar se você precisa de ajuda para algo?
Senão eu vou ver se está tudo pronto para a cerimônia.

— Não preciso de nada, Maria, obrigado.

Seus lábios sorriram antes de sair do cômodo.

Fui até à janela do quarto e observei o alvoroço no jardim da casa. A cerimônia


seria na fazenda. Alguns dos funcionários, terminavam de adornar com buquês
de flores brancas, o trilho de um longo tapete vermelho, que nos levaria até ao
altar coberto com uma linda tenda branca, várias cadeiras brancas estavam
dispostas alinhadamente. Era algo simples, mas lindo e elegante, e eu esperava
sinceramente que Melanie, apreciasse tanto quanto eu.

Os convidados começaram a chegar, e olhando meu relógio sabia que teria que
me apressar para não cruzar Melanie antes do momento certo. Dei mais uma
conferida no espelho, ajeitei meu cabelo e o terno novamente e saí do quarto.
A cabeleireira acabava de colocar as últimas flores que adornavam meu
penteado, quando minha mãe entrou no quarto já pronta.

— A senhora está muito linda! — sorri perante sua elegância, vestindo um longo
vestido azul petróleo que realçava sua pele morena.

— Você que está meu amor. — seus olhos ficaram úmidos, emocionada diante
de mim.

— Mãe, não vai me fazer chorar agora?

— Não filha, só que é uma emoção muito grande para mim, te ver vestida de
noiva. — se aproximou limpando seus olhos com cuidado para não borrar sua
maquiagem, e me deu um beijo carinhoso na bochecha direita. — Te amo, meu
amor.

— Eu também amo a senhora, mãe. — pisquei algumas vezes. Eu não podia


chorar agora, e borratar minha maquiagem a alguns minutos de descer para
encontrar os convidados e Gael.

— Vou descer, todos os convidados já estão lá em baixo.

Sorri acenando a cabeça vendo-a sair.

— Prontíssima, noiva linda! — a cabeleireira, juntou as mãos contemplando seu


trabalho, com um sorriso estampado no rosto.

Agradeci seu magnífico trabalho, e quando ela saiu me olhei novamente no


espelho. Foi inevitável não me emocionar diante do meu reflexo. Alisei meu
vestido em renda, suas alças finas com pequenos e delicados brilhantes cravados,
decote em V, com um lindo bordado no busto, que contorna desde cintura até à
parte detrás das costas que estão expostas. A saia dele é longa,

fluida e com discretos reflexos dourados, apenas perceptíveis à luz do sol. Eu


tinha escolhido algo simples, mas eu me sentia uma verdadeira princesa dentro
dele. Tinha também colocado a liga que Camila, tinha oferecido.

Desci para encontrar meu pai, que me acompanharia até ao altar. Seus olhos me
fitaram sorridentes, acompanhando seus lábios.
— Está muito linda, filha. — me baixei beijando seu rosto, e me deixando ser
beijada.

— Obrigada, pai. — pela primeira vez eu o chamava dessa forma, e seus olhos
brilharam emocionados. Observei o quanto estava lindo e elegante em seu terno
e também o elogiei.

Suas mãos fortes impulsionavam a cadeira rolante, enquanto minha mão pousou
em seu ombro, caminhando do seu lado até ao exterior da casa. Uma grande
emoção preencheu meu peito, vendo os convidados me encarando com sorrisos
estampados no rosto. Meu coração batia forte, feliz e emocionado pelo grande
momento. Meus olhos passearam felizes entre os convidados até ao altar ansiosa
por encontrar os do meu noivo, mas eles não o encontraram. Meu sorriso fechou,
e um nervosismo bobo ocupou meu peito. Onde ele estava?

Confusa encarei meu pai, que deixou também de avançar pelo longo tapete
vermelho. Um sorriso se abriu em seu rosto e o som do trote de cavalo desviou
minha atenção dele.

Gael vinha elegantemente montado em Chocolate, que trazia um colar de flores


ao pescoço. Não conseguindo mais segurar minha emoção, lágrimas rolaram
pelo meu rosto diante da beleza que era assistir os dois chegando juntos. Eu me
sentia fora da realidade, com tudo o que esse homem me fazia vivenciar. Gael
abriu um de seus sorrisos, capaz de derreter qualquer coração, seus olhos
brilhavam em contato com os meus, aquecendo até minha alma e não só. Minhas
pernas estavam bambas, como se fosse a primeira vez que eu estivesse diante
dele, meu coração parecia que ia pular pela boca. Ele estava lindo e muito
atraente em seu terno de noivo. Me aproximei de ambos acariciando a crina de
Chocolate que moveu sua cabeça buscando as carícias das minhas mãos.

— Está lindo. — falei emocionada a Chocolate.

— Ele não poderia faltar a um dos momentos mais importantes da nossa

vida. Ainda mais, quando ele é também apaixonadíssimo pela noiva. — num
impulso Gael, saltou para o chão, ficando próximo a mim. — Está
magnificamente linda! Uma princesa!

— Você está muito charmoso, o noivo mais lindo que eu já vi.


Gael secou minhas lágrimas com o dorso da mão, e beijou meu rosto de forma
delicada.

— Estou louco para te tomar em meu braços com esse vestido. —

sussurrou em meu ouvido.

Minhas bochechas coraram. Tentei disfarçar o impacto de suas palavras em meu


ouvido, esboçando um sorriso perante os convidados. Gael sorriu divertido,
percebendo meu incômodo.

— Pode deixar meu sogro. Eu acompanho a noiva a partir daqui. — meu pai
assentiu e ambos apertaram as mãos.

— Desculpe, se eu não sou um noivo convencional.

— Eu te amo, tal como você é. — seus olhos brilharam.

— Eu te amo também, e muito.

Gael me deu seu braço para que eu entrelaçasse o meu no dele e juntos
caminhamos até ao altar.

A cerimônia começou. Sentimos a emoção e a importância de cada uma das


palavras ditas pelo padre. No momento de ambos de dizermos sim, e trocarmos
as alianças, com um assobio, Gael, fez Chocolate marchar pelo tapete vermelho
vindo ao nosso encontro. O olhei surpreendida.

— Eu treinei ele para esse dia durante duas semanas. — sorri ainda perplexa
com cada detalhe que Gael pensou, para tornar esse dia único e inesquecível. Eu
bem tinha achado estranho, que ele não me deixasse escolher ninguém para
trazer as alianças, mas agora tudo fazia sentido, e claro que Chocolate não
poderia faltar.

Desfazendo o laço que segurava nossas alianças, no meio do colar de flores que
Chocolate trazia ao pescoço, ele as pegou. Seu olhar focou no meu de forma
intensa e apaixonada, tal como o meu no dele. Sua mão pegou a minha, e
dizendo sim, ele colocou a aliança em meu dedo. Embora ele disfarçasse bem,
seu olhar se umedeceu de emoção ao ter também minha aliança sendo colocada
em seu dedo, enquanto eram declaradas as palavras
finais da cerimônia.

" Eu vos declaro, marido e mulher! Pode beijar a noiva. "

Suas mãos pegaram minha cintura me aproximando do seu corpo perfumado.

Seus lábios me beijaram com carinho e amor, de forma controlada e respeitosa


perante o padre e os convidados.

Embora eu soubesse que, na primeira oportunidade, suas boas maneiras iriam


para o espaço. Pois eu podia sentir de longe a sua excitação, em sua respiração, e
seu corpo fervendo, próximo ao meu corpo. Seu olhar era apaixonado e felino na
mesma intensidade. Um grande aplauso se fez ouvir, e flores foram jogadas
sobre nós.
Capítulo Cinquenta e Oito

A festa de casamento foi maravilhosa, um banquete foi servido, deliciando os


convidados juntamente com boa música que animou todos durante horas.

Fiquei o dia inteiro maravilhado perante a beleza da minha, agora esposa, em seu
vestido de noiva. Ela estava ainda mais linda, doce, delicada em seu vestido. E
confesso que não via a hora de ficarmos a sós, para me perder em seu corpo. Nos
despedimos dos últimos convidados, e agora também de Frederico e Isabel.

Frederico tinha convidado Isabel, para passar uns dias em sua fazenda e ela tinha
aceite. Pelo que percebi, eles estavam se entendendo e se tornaram amigos.
Conhecendo meu amigo, sabia que o sentimento que ele nutria por ela, era bem
mais que amizade, mas ele era prudente e não agiria impulsivamente, pois já
havia cometido erros demais no passado. Sabia o quanto Mel estava feliz com
isso, pois nada levava a crer que um dia fosse possível, ter sua mãe e seu pai tão
próximos e se dando bem.

Ambos nos desejaram uma ótima lua de mel, e nos despedimos deles, pegando
nossa caminhoneta, onde já havíamos colocado nossas malas.

Melanie queria trocar sua roupa, mas eu pedi para não o fazer, pois eu queria ter
o prazer de tirar aquele vestido dela essa noite.

Tínhamos escolhido como local para a noite de núpcias e lua de mel, uma
casinha na praia. Ambos precisávamos de um pouco de descanso e sossego.

Os últimos meses foram corridos com os negócios na fazenda, e as últimas


semanas intensas com os preparativos para o casamento, e a Mel nunca tinha
passado uns dias na praia. Era algo que eu também gostava e faziam anos que

eu não ia em uma, então optamos por uma casinha de madeira, telhado em palha,
com uma rede no alpendre, decoração rústica e aconchegante para desfrutarmos
de uns dias de relax e prazer, em plena praia.

Chegamos já tarde da noite, e como previsto, a empresa a quem alugamos a casa,


nos deixou frutas e champanhe para a noite.

Enquanto retirava o blaser do meu terno, Melanie se olhava no espelho, tirando


com alguma dificuldade os grampos do seu penteado. Cada mecha de cabelo que
caia sobre seus ombros, a deixavam mais sensual ainda. De fato minha esposa,
era a mulher mais linda que alguma vez conheci. Me aproximei dela encantado.

— Deixa eu te ajudar com isso. — beijei seu pescoço a fazendo sorrir, seus olhos
me fitavam brilhantes, felizes.

Com cuidado retirei cada grampo, soltando seus cabelos agora com leves
ondulações por terem passado horas apanhados. Com uma mão os coloquei de
lado, sobre o seu ombro esquerdo, e com a outra acariciei seu ombro direito de
forma delicada, beijando-o e afastando a alça do vestido.

— Está muito linda com esse vestido. — falei em seu ouvido.

— Você também nesse terno. — sussurrou fechando os olhos, enquanto minha


mão abria seu vestido, fazendo com que seus seios ficassem expostos.

— Eles são lindos. — os acariciei, diante do nosso reflexo no espelho.

Os lábios da Mel se abriram, respirando excitada com minhas mãos passeando


em seu corpo. A fiz rodar se virando para mim e tomando sua boca nos conduzi
até à rede no alpendre. A casa ficava num local privado, então sabia que
ninguém apareceria por ali. Fiz ela se deitar na lateral da rede, e alisando suas
pernas, levantei o tecido do vestido, descobrindo que vestia por baixo uma
calcinha branca transparente toda rendada, e a liga que Camila ofereceu.

— Quer me deixar mais louco, com essa calcinha, não é?

— Não gosta? — me provocou.

— Adorei.

Desabotoei minha camisa e a calça e as lancei para longe. Me ajoelhei, elevando


as pernas da Mel, as colocando abertas sobre meus ombros. Minhas mãos
afastaram sua calcinha e minha boca sugou o que mais desejava

naquele momento. Mel se curvou fazendo a rede balançar, seus movimentos


ainda a deixavam mais à minha mercê, que a chupava com muito prazer,
enquanto minhas mãos massageavam seus seios estumecidos. Seus gemidos me
deixavam ainda com mais tesão, e meu pau pulsava excitado, louco para meter
nela. Seu corpo se contorceu gozando com minha boca, balbuciando algo
alucinada de prazer.

Beijei sua boca e a ajudei a erguer, a liberando do seu vestido e calcinha, antes
de me deitar na rede.

— Senta em mim, amor. — pedi tirando minha cueca boxer, libertando meu pau
duro cheio de tesão.

Ousada, Mel, passou uma das pernas por cima de mim, ficando com uma perna
de cada lado da rede, e de costas voltadas para mim, me fazendo ter a visão
completa da sua perfeita e generosa bunda, juntamente com a bocetinha
depilada.

— Sua safadinha. — sussurrei quando ela me olhou de soslaio sedutora, sabendo


o tesão que aquela posição me provocava.

Minhas mãos alisaram seu quadril, enquanto ela fazia, a cabeça do meu pau
roçar na entradinha da boceta encharcada, o lubrificando antes de encaixar em
mim.

— Porra! — gemi, com a sensação do calor e umidade da penetração,


juntamente com suas contrações internas premeditadas.

— Não aguenta, amor? — me provocou, rebolando e contraindo seus músculos


da boceta.

— Não me desafie, Mel... — sussurrei de voz entrecortada com a excitação.

— Senão, o que você fará? — continuou lasciva.

Essa mulher tinha a capacidade de inflamar mais meu fogo, movi meu quadril,
rápido e necessitado de penetrações mais profundas. Mel gemeu, rebolando mais
rápido sobre mim. Num gesto abri minhas pernas, fazendo-as tombar para cada
lado da rede.

— Vou te levar à loucura, tal como você faz comigo. — puxei seu quadril ao
encontro do meu corpo, a fazendo tombar de frente sobre a rede. Sua bunda
ficou ainda mais empinada me fazendo segura-la, enquanto a
penetrava forte e rápido, arrancando gemidos de sua boca.

— Geme, eu amo te ouvir gemer. — sussurrei em seu ouvido. — Eu sei que


você gosta assim, safadinha. — dei um tapinha em sua bunda, a penetrando mais
forte.

Gozamos juntos com nossos corpos pingando suor. Me ajeitei, deitando na rede
ainda extasiado e aconchegando Mel sobre meu peito.

— Estou muito feliz com você, meu amor. Nosso dia foi perfeito, e por mais que
você negue, você é sim, um príncipe. Te amo. — falou, depositando um beijo em
meu peito, enquanto o acariciava.

— Se você o diz, não vou contrariar. Você feliz, me faz também, minha princesa.
Te amo demais.

A noite estava quente e era muito relaxante, ter a mulher da minha vida em meus
braços enquanto ouvíamos o som do mar a apenas alguns metros da gente.
Ficamos horas deitados sobre a rede, antes de entrarmos, tomar um banho juntos
e descansarmos, depois de mais uma transa.
Capítulo Cinquenta e Nove
6 Meses depois do Casamento
Ansiosa caminhava de um lado para o outro no quarto, um pequeno enjoo e
tonturas me impediram de ir na faculdade hoje. Faziam dias que minha
menstruação estava atrasada, mas eu estava tomando o anticoncepcional
certinho, não tinha como eu estar grávida. Meu humor também tinha mudado, eu
estava mais sensível e sem apetite. Elevei minhas mãos até meus seios, eles
também estavam um pouco mais inchados e doloridos. Todas essas constatações
me estavam deixando mais nervosa ainda. Com certeza era estresse da faculdade
apenas, e eu estava imaginado coisas.

Maria bateu na porta do quarto, trazendo o chá que eu tinha pedido.

— Se sente melhor, querida?

— Não sei Maria, me sinto estranha.

— Suas regras estão em dia?

— Não, estão atrasadas uns 10 dias.

Maria esboçou um sorriso.

— Não pode ser isso, Maria.— falei entendendo suas suposições. — Eu estou
tomando anticoncepcional.

— Mas você esteve doente há umas semanas atrás, e tomou antibiótico, lembra?
Ele pode ter cortado o efeito do anticoncepcional.

— Ah meu Deus! — toquei meu ventre, e fui até o espelho para tentar

perceber alguma saliência nele. — Será que eu estou mesmo grávida?

— Tudo indica que sim, Mel.

Eu não estava preparada para isso agora que eu estava cursando na faculdade. E
nós não tínhamos falado sobre filhos ainda. Apesar de ser algo que eu sempre
sonhei, não era algo planejado para tão cedo, e eu nem sabia sequer se Gael
também desejava ser pai. Percebendo minha inquietação Maria, remexeu os
bolsos da sua blusa me entregando um pequeno embrulho.

A fitei, não acreditando ser o que eu imaginava.

— Tomei a liberdade de comprar um teste. Tire logo suas dúvidas, essa


ansiedade não lhe faz bem.

— Maria, você é um anjo. Fique aqui comigo, até eu saber o resultado, por favor.
Eu estou muito nervosa. — rasguei o papel que envolvia o teste de gravidez.

— Tudo bem.

Com as mãos trêmulas fui até ao banheiro. Sai de lá com o teste na mão, o
colocando sobre a cômoda até esperar os 3 minutos para ter o resultado.

Maria me olhava com um sorriso contido no rosto.

— Quando ele souber, vai ficar muito feliz.

— A gente nunca falou sobre ter filhos, Maria. Eu espero que você esteja certa.
— sorri nervosa.

Me aproximei do teste, com meu peito batendo forte, vendo de imediato os dois
tracinhos rosa bem visíveis estampados nele. Meus olhos se umedeceram,
acariciei mais uma vez o meu ventre. O nervosismo deu lugar a uma felicidade
inexplicável ocupando meu peito, afastando de mim todos os receios. Eu estava
esperando um filho.

— Parabéns, minha querida. — Maria se aproximou me abraçando.

— Obrigada! Não comente com Gael, por enquanto por favor.

— Tudo bem.

Deixei Maria sair do quarto e liguei para o meu ginecologista, que me mandou
suspender de imediato a toma do anticoncepcional, me marcando logo uma
consulta para o dia seguinte, para fazer um exame de sangue. Nessa noite foi
difícil esconder de Gael meu nervosismo e ansiedade.

— Aconteceu alguma coisa, amor? — Gael parou diante de mim no quarto me


observando com atenção, percebendo meu nervosismo. — Está estranha hoje.

— Não, está tudo bem. — tentei falar sem hesitação.

— Eu não gosto que mintam para mim. — falou baixo ainda me encarando sério.

Baixei meus olhos incomodada, por estar escondendo dele. Olhei suas mãos e as
peguei, as pousando em meu ventre, fitando seus olhos de seguida.

Sua expressão mostrou confusão.

— Mel, não brinque comigo...— seu olhar se voltou para suas mãos sobre minha
barriga.

Meu peito bateu forte.

Será que ele ia ficar tão feliz quanto eu?

— Vamos ser papais. — soltei. Seus olhos brilhantes procuraram novamente os


meus já molhados.

— Meu Deus, Mel. Porque não me contou logo? — o peito de Gael arfou depois
do meu anúncio, e ele voltou novamente seu olhar para o meu ventre o
acariciando delicado. Lágrimas escaparam dos seus olhos, e ele me abraçou de
forma emotiva. — Eu amo muito vocês, meu amor.

— Desculpe, eu estava nervosa, sem saber se você ia ficar feliz. E estava


esperando fazer o teste de sangue amanhã, para ter a certeza absoluta, já que eu
estava tomando anticoncepcional.

Suas mãos pegaram meu rosto de forma carinhosa, me fazendo olhá-lho nos
olhos.

— Você achou que eu não ia gostar? Foi a melhor notícia que poderia me dar,
amor. — um sorriso iluminou seu rosto molhado pelas lágrimas. — E

você está feliz?

— Fui pega de surpresa, mas eu estou sim, muito. — sorri também emocionada.

— Você será a melhor mamãe, desse mundo. Eu estou muito feliz, Mel.
E você será o melhor papai. — seus lábios tomaram os meus, depois de mais um
sorriso bobo. Eu podia ver a felicidade estampada em seu rosto e o brilho em seu
olhar.

Meu coração se acalmou, com seus braços me envolvendo. Todos os meus


receios foram embora. Eu não tinha planeado ser mãe agora, mas eu estava me
sentindo muito feliz com nossa pequena semente de amor em meu ventre.

Gael me levou até à cama e me amou delicado, dizendo o quanto nos amava.

No dia seguinte, fomos juntos no ginecologista, que nos anunciou as 4

semanas de gravidez. Passados os primeiros meses, meus enjoos cessaram. A


cada consulta, e a cada ecografia, nossa felicidade só aumentava, juntamente
com a ansiedade de conhecermos nossa menina.
Oito meses depois
— Respira, amor. Está quase. — Gael falou aparentemente calmo, mas eu sabia
o quanto ele estava nervoso também.

Mais uma contração se fez sentir, e me contorci de dor. Eu sentia nossa menina
tão próxima. Me concentrei novamente na respiração. Suor caia pelo meu rosto,
e Gael o secava delicado.

— Puxe na próxima, mamãe. — a parteira me instruiu, e assim que a dor da


nova contração voltou eu fiz o máximo de força possível.

A sala de partos foi preenchida pelo som do choro forte da Alícia. Nossas
lágrimas de felicidade caíram juntas assim que a entregaram para ele, e trêmulo
ele a colocou sobre meu peito.

— Nossa princesinha, é linda! — sussurrou acariciando delicado sua cabecinha.

— Muito, eu amo vocês. — sorri vendo nossa filha buscando instintivamente


meu peito.
Epílogo
Quatro anos depois
Encostado na barreira do redondel, observava meu fiel amigo fazendo charme
para Alícia. Sempre que ele sentia sua presença, ele caminhava até ela, e ficava
roçando seu focinho nela, cheirando-a e buscando pelo toque de suas pequeninas
mãos. Alícia também o adorava, e praticamente desde que começou a dar os
primeiros passinhos, ela sempre nos encaminhava para o local onde Chocolate se
encontrava. Se ela não o encontrasse no estábulo, logo caminhava em direção ao
redondel buscando por ele. Talvez culpa minha que desde os primeiros meses eu
a levei até ele.

Ouvi sua risadinha e sorri apreciando a cena desses dois juntos.

— Papai, posso montar Chocolate um pouco? — sua vozinha doce e o sorriso


pedinte me derreteu. Igualzinha sua mãe.

— Claro. — me aproximei dos dois, e a coloquei sentada na sela.

A segurando com um braço para o caso de ela se desequilibrar eu segurá-

la. Embora Alícia já tenha ganho o jeito de montar, o fazendo muito bem para
sua tenra idade. Chocolate também parecia entender, que transportava em seu
dorso a maior preciosidade da minha vida. Das nossas vidas, para ser sincero,
pois eu sabia que ele não era um animal qualquer. Sua marcha era lenta e ele não
fazia qualquer movimento brusco, deliciando minha menina em seu pequeno
passeio. As únicas vezes que ele trotou com ela em cima dele, foi com minhas
instruções e ela amava quando isso acontecia, só que eu não contava para a Mel,
pois ela ia ficar brava de eu deixar isso acontecer sendo

ela tão pequena. Apesar de confiar muito em mim e em Chocolate, ela sempre
tinha medo que Alícia caísse.

— Estou vendo que vocês estão aproveitando bem essa tarde juntos. — a voz da
Melanie chegando nos chamou a atenção.

— Mamãe! — Alícia a chamou animada, fazendo-a abrir ainda mais seu sorriso.

— Terminou a faculdade mais cedo, amor? — estava em seu último ano.


— Não tive a última aula.

Se aproximou me beijando.

— Oi garanhão. — acariciou Chocolate.

— Vocês são inseparáveis não é mesmo? — seus olhos sorridentes se voltaram


para Alícia, fazendo uma carícia em sua perna.

— Olha o que Chocolate faz mamãe. Papai faz ele saltar. — os olhos da Mel me
fitaram e eu fingi nem perceber, pois eu estava encrencado.

— Não acredito, Gael. Você faz ele trotar com Alícia montada nele?

— Amor, relaxa. Eu estou aqui não estou? Eu não solto ela, não vê que estou
segurando suas roupas, e Chocolate não é brusco. Alícia também já tem o jeito
para montar. Eu tenho certeza que ela o poderia fazer até sozinha.

— Amor, pelo amor de Deus. Ela só tem 4 anos...Você não seria doido de deixar
ela montar sozinha, não é?

— Claro que não, sossega. Se afaste um pouco e veja como ela ama isso.

Mel se afastou prevendo o que eu faria, num movimento puxei a rédea de


Chocolate, que começou a trotar num ritmo seguro. Alícia gargalhou
instantaneamente, nos fazendo gargalhar juntos. Eu a segurava para não correr o
risco de cair, mas observando bem, realmente ela saia a mim. Minha filha levava
muito jeito para montar, e seria tão boa quanto eu quando crescesse.

— Está adorando, não é filha? — Melanie questionou mais descontraída.

Alícia balançou a cabeça animada.

— Está vendo, como essa menina leva jeito? — perguntei todo babado.

— Estou vendo, sim. Ela é igualzinha você. — sorriu orgulhosa.

— Pronto filha, você já teve o bastante por hoje. Agora Chocolate precisa
descansar. — peguei nela e a coloquei no chão.

— Tá bom, amanhã eu posso montar de novo?


— Pode sim. — respondi enquanto caminhávamos até ao estábulo. —

Agora Maria está te aguardando lá em casa, com um saboroso lanche, vai lá


filha, que o papai precisa conversar com a mamãe aqui. — olhei Melanie, que
me deu um daqueles olhares incrédulos.

— Obaaaa, será que ela fez aquele bolo de chocolate que eu gosto, mamãe

— Eu acho que sim, filha. — Mel devolveu o mesmo sorriso animado.

Ficamos observando Alícia, correr até à casa.

— O que a gente precisa conversar? — Mel perguntou se fazendo de


desentendida.

— Não me diga que não sabe? — a provoquei, me aproximando dela.

Sua respiração ficou mais pesada assim que minhas mãos pegaram seu quadril, e
meus lábios tomaram de forma voraz os seus, completamente excitado. A levei
até à porta do estábulo, a prensando nela, impedindo de alguém entrar. Seu peito
arfava, excitada. Os anos passavam mas o nosso fogo, não acabava nunca. Muito
pelo contrário, ele só parecia aumentar.

— Que saudades de tomar teu corpo aqui. — rocei nela.

— Chocolate está nos vendo. — sussurrou, fechando seus olhos quando minha
mão entrou dentro da sua calcinha.

— Chocolate, não é nenhum inocente, ele também faz o mesmo com as éguas
dele. Olhe para lá, amigão. — minhas palavras a fizeram rir.

Cobri seus lábios com um beijo, em breve ela estaria gemendo de prazer.

Meus dedos acariciaram seu clitóris, antes de enfiar dois dedos em sua boceta
molhadinha, a fazendo gemer baixo. Tirei sua calcinha, abri o zíper da minha
calça e ergui suas pernas, as fazendo entrelaçar em mim. Meti de uma vez, forte,
firme e viril, cobrindo sua boca abafando os gemidos.
— Que tesão, Mel. Você me enlouquece, minha linda mulher. — acariciei seus
seios duros.

— Eu amo que você enlouqueça comigo, pois você também me tira o


fôlego, gostoso. — moveu seu quadril, rebolando em mim, me fazendo delirar de
prazer.

— Sua safadinha gostosa. — minhas estocadas se intensificaram, nos fazendo


gozar juntos.

A coloquei no chão, e afastei suas mechas de cabelo que estavam grudada pelo
suor do seu rosto. Mel pegou sua calcinha do chão e a guardou na bolsa, eu
ajeitei meu pau no momento saciado dentro da cueca, e fechei o zíper da calça.
Nos recompusemos o melhor que pudemos e fomos para casa, encontrando
nossa filha se deliciando com seu bolo de chocolate favorito, e o olhar da Maria,
que ficou de rosto ruborizado assim que viu nosso estado.

Subimos para tomar um duche, com a promessa que logo, logo, nos juntaríamos
para o lanche.
Dois anos mais tarde
Era gostoso demais ver a cumplicidade entre pai e filha. Meus olhos brilhavam e
meu coração se derretia, ao vê-los juntos. Ambos tinham a mesma paixão por
cavalos, e Alícia, seguia os passos do pai de dia para dia.

Eles eram tão iguais. Hoje ela completava seu sexto aniversário.

Sorri para Gael que me lançou um de seus olhares sedutores, enquanto explicava
para Alícia como colocar seu capacete de proteção para equitação.

— Agora eu tenho que usar ele para montar em Chocolate? — perguntou


curiosa.

— Sim, e não vai ser só para montar em Chocolate. Espere aqui. Eu e sua mãe
temos uma surpresa para você. — seus olhos se expandiram e Alícia me

olhou curiosa.

Gael saiu do estábulo com um dos potrinhos, filhotes de Chocolate.

— Esse cavalinho, é nosso presente para você. — se aninhou diante dela.

Alícia sorriu encantada alisando o potrinho, castanho igual o Chocolate.

— É lindo. — deu uns pulinhos de alegria. — Eu posso dar um nome para ele?
— seus olhinhos nos fitaram eufórica.

Eu e Gael sorrimos de sua empolgação.

— Claro, ele é seu. — respondi.

— Então vou chamar ele de Bonito.

— Olha só que nome lindo. Só não sei se Chocolate não vai ficar ciumento. —
Gael falou.

Alícia riu de uma forma tão engraçada, nos fazendo rir também.
Guardamos Bonito no estábulo, juntamente com Chocolate, e nos dirigimos para
casa para festejarmos seu aniversário, onde já nos esperavam os convidados.

Minha mãe e meu pai, estavam preparando tudo com muito capricho, como os
avós babados que eram. Eles tinham se tornado muito próximos, e eu achava até
que havia algo mais entre eles, pois eu os via mais felizes que nunca.

Camila e seu noivo também estavam presentes. Camila esperava uma menina, e
estava de 6 meses de gestação. Os dois faziam um lindo casal e pareciam se
gostar muito. Casariam assim que a bebê nascesse. Minha filha correu para os
braços da tia assim que a viu, perguntando pela bebê.

— Parabéns, princesa! — Camila a abraçou sorridente e beijou seu rosto.

— A bebê está ótima. Vive dando chutes na minha barriga.

Alícia adorava a sua titia, e Camila também adorava a sobrinha. Nossa relação
também se fortaleceu ao longo dos anos, e hoje a gente se sentia realmente o que
éramos uma da outra, irmãs. Com Gael também deixou de existir qualquer
desconforto entre ambos. Ela parecia realmente feliz em seu relacionamento, e
seus olhos brilhavam a cada carinho do seu noivo, que se mostrava
apaixonadissímo por ela.

Cantamos os parabéns, e depois de Alícia soprar as seis velas do seu bolo

Unicórnio, dei um pouco do bolo a todos. Sem querer derramei um pouco de


chocolate em meu vestido, e fui até ao banheiro me limpar enquanto todos se
divertiam jogando um dos jogos que Alícia recebeu de presente.

Senti alguém abrir a porta do banheiro, e trancá-la de seguida. Meu peito bateu
forte, sabendo que era ele. Olhei através do espelho, vendo Gael se aproximar
faminto, com seu olhar carregado de desejo sobre o meu.

— Acho que está na hora de providênciarmos um irmãozinho para Alícia.

— sussurrou em meu ouvido, enquanto suas mãos levantavam meu vestido.

Deitei minha cabeça para trás sobre seu peito, e me deixei levar pelas
maravilhosas sensações que esse homem me provocava.
Fim!
Nota da Autora
Caro/a leitor/a, se você chegou até aqui, eu espero que você tenha apreciado a
leitura desse livro. Peço que avalie minha obra e me dê seu feedback, pois ele é
importante para mim.

Caso tenha gostado, recomende também para mais um amigo que ame um hot,
para que ele também visite A Fazenda e se apaixone por esse casal.

Booktrailer

Da
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Produzido
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Grata Pâmela, pelo magnifico booktriler que você fez para a Fazenda.

Grata também a todos os meus leitores do wattpad pelas mensagens de carinho, e


pelo apoio e interação desde o primeiro capítulo. Muitos de vocês me fizeram
gargalhar em vários momentos.

Grata também a você que acabou de ler meu livro. Eu espero sinceramente que
ele te tenha feito sentir todas as emoções que eu senti ao escrevê-lo.

Quer falar comigo, e/ ou acompanhar

outras obras minhas ?


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