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Versão extensa

2021

PEDIATRIA

Convulsão febril
Relevância A
Bibliografia principal: Cap. 195 (Manual de Diagnóstico y Terapéutica en
Pediatría, 6ªa edición)

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Slides: Carolina Gonçalves (carolina.goncalves@hff.min-saúde.pt) - revisão dos slides da Dr.ª


Marta Ribeiro
Aula: Sofia Martinho

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LEGENDA
SÍMBOLO COMPETÊNCIA SÍMBOLO SIGNIFICADO

MD MECANISMOS INTEGRAÇÃO DE
de DOENÇA CONHECIMENTO

D Estabelecer um
DIAGNÓSTICO ESTRATÉGIA
PEDAGÓGICA
P Medidas de saúde e
PREVENÇÃO
MUITO IMPORTANTE

T Elaborar um plano
TERAPÊUTICO
CONHECIMENTO
ESSENCIAL
GD Elaborar plano de
GESTÃO DO DOENTE
MENOS perguntável
SÍMBOLO SIGNIFICADO

CHECK REFERÊNCIA INCOERÊNCIA


a outros capítulos

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ABREVIATURAS
AD – Autossómica Dominante

AF – Antecedentes Familiares

AP - Antecedentes Pessoais

CF – Convulsão febril

EM – Estado de Mal Epilético

EV - endovenoso

FC – Frequência Cardíaca

HIC – Hipertensão Intracraniana

IRA – Infeção Respiratória Alta

OMA – Otite Média Aguda

ON – Óculos Nasais

PL – Punção Lombar

SNC – Sistema Nervoso Central

VPA – Valproato de Sódio

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CONVULSÃO FEBRIL - DEFINIÇÃO

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CONVULSÃO FEBRIL - DEFINIÇÃO

Convulsão associada a febre (temp. > 38ºC) em lactente/criança entre os 6 meses e 5 anos de idade

sem evidência de infeção do SNC

sem alteração metabólica que predisponha a convulsões

sem antecedentes de convulsão prévia em apirexia.

§ É a causa mais frequente de convulsões em idade pediátrica. (2-5%)

§ Ocorre precocemente no quadro infecioso Þ é o primeiro sintoma de infeção em 25-40% dos casos

Causas mais frequentes:


§ Infeções virais
(IRA, infeções exantemáticas…)

§ OMA
§ Amigdalite 5
TIPOS DE CONVULSÃO FEBRIL
Convulsão febril

80% 20% Status


Simples Complexa
epilepticus febril

§ Crise generalizada Não cumpre os critérios de convulsão


(tónica, clónica ou tónico-clónica) febril simples: - Se duração da
convulsão >30 min
§ Duração inferior a 15 minutos § Crise focal ou com sinais focais - Corresponde a 25%
de todos os EM
§ Sem achados focais durante ou pós-ictais - Risco de recorrência
depois do episódio § Duração superior a 15 minutos EM é de 3%
- Risco de recorrência
§ Sem recorrência nas 1as 24h. § Recorrência nas 1ªs 24h (ou no de CF é igual à de
uma criança com 1ª
mesmo episódio febril) CF simples
§ Défice neurológico prévio*

prognóstico ≠

Se a convulsão for caracterizada


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* Critério incluído nas guidelines
exclusivamente por hipotonia à síncope febril europeias mas não nas americanas
CONVULSÃO FEBRIL - ABORDAGEM
Convulsão Febril Simples
D
MCDTs Realizar apenas os exames exclusivamente necessários para determinar a etiologia da febre.
Exames de imagem e EEG não indicados.

Manter em observação (mínimo 2h) se:


§ < 18M
pelo risco de meningite mascarada,
§ > 12M sob antibioterapia ponderar PL se sintomas sugestivos
§ não se identifica foco infecioso inicial

Medir glicémia capilar:


§ Antes da realização da PL (avaliar relação entre glicémia/glicorráquia)
§ Período de obnubilação pós-critica prolongado
§ Crises persistentes

Indicações para PL:


§ <6M
rigidez da nuca, sinal de Kerning, sinal
§ 6-12M não vacinado contra H. influenzae B de Brudzinski, exantema petequial,
fontanela abaulada, sonolência prévia
§ sinais de infeção do SNC ou GCS<15 depois de 1h após a crise 7
CONVULSÃO FEBRIL - ABORDAGEM
Convulsão Febril Simples GD

Recorrência de CF ocorre em 25-30%.


A partir do 2º episódio de CF recomenda-se avaliação por neuropediatra.

Fatores de risco para recorrência:


§ AF de 1º grau de convulsão febril (em 1º grau)
§ Febre baixa no 1º episódio (37-38ºC)
§ Duração curta do episódio febril (<1h antes da febre)
§ Idade <12M

Não há evidência de que as convulsões febris se associem a maior mortalidade, complicações


neurológicas ou défice intelectual.
Crianças com convulsões febris têm maior risco de desenvolver epilepsia no futuro (2%).
Este risco não diminui com a instituição de tratamento profilático.

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CONVULSÃO FEBRIL - ABORDAGEM
Convulsão Febril Complexa
D
Hemograma, bioquímica, ionograma e gasimetria. Tóxicos na urina se suspeita.
MCDTs
TAC urgente (exceto se epilepsia conhecida) e RM posteriormente.
EEG em todos os casos (não urgente) e preferencialmente se houver suspeita de encefalite.

Indicações para PL:


§ <6M, 6-12M não vacinado contra H. influenzae B, sinais de infeção do SNC
§ História de irritabilidade/letargia
§ Quadro febril com > 48h de evolução
§ Crise prolongada, focal ou múltiplas crises
§ Sinais de focalização que persistem >2h
§ Pós-critico >1h

HIC contraindica PL
à risco de herniação!

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CONVULSÃO FEBRIL - ABORDAGEM
Convulsão Febril Complexa T GD

§ Cada caso deve ser avaliado individualmente e tratado com base no diagnóstico patológico
subjacente.
§ Recomenda-se internamento para observação e eventual instituição de terapêutica
antiepilética.
§ Todos os doentes com convulsão febril complexa devem ser avaliados por neuropediatra.
§ O doente deve ser reavaliado inicialmente a cada 2h. Devem ser pesquisados sinais de
meningite e encefalite sistematicamente. Na sua presença deve ser realizada PL (se não
realizada previamente).

§ O risco de desenvolver epilepsia é significativamente maior ao da crise febril simples.

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ABORDAGEM TERAPÊUTICA T
Lactente/criança que chega ao SU com convulsão febril

Avaliação ABC (via aérea, ventilação circulação)


Monitorização de SpO2 e FC
Administrar O2 por ON

Se convulsão > 3 minutos:


Administrar diazepam rectal 0,5-0,7mg/kg/dose (máx. 10mg) ou
midazolam intrabucal*/nasal 0,2-0,5mg/kg/dose

A absorção é tão rápida como a via EV e sem efeitos secundários graves


Pode repetir-se, se a convulsão não cessar

Não é necessário administrar terapêutica se à chegada ao SU a crise já tiver cedido mas 18% das
crianças podem apresentar uma 2ª crise febril nas 24h seguintes à também se pode aplicar diazepam rectal
para prevenir novas crises (1 dose única ou 2 doses com 8h de intervalo).
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TRATAMENTO PROFILÁTICO T GD

Critérios para iniciar tratamento profilático:


§ Elevada frequência das crises (> 3 episódios em 6M)
§ Crises prolongadas (>15min) que requerem tratamento farmacológico
§ Grande angústia familiar ou dificuldade no acesso a cuidados de saúde diferenciados (em
particular em crianças < 12M).

Se indicação para profilaxia:


§ Iniciar com Diazepam rectal (0,7m/kg/dose) OU Clonazepam oral (0,3mg/kg/dose) à
administrado apenas se quadro febril (T> 37,8ºC), com intervalo de 8h, até completar 24h.
§ Se terapêutica inicial não eficaz à ponderar tratamento continuado com VPA ou
fenobarbital.

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CONVULSÃO FEBRIL
Mensagens finais
§ As convulsões febris são crises convulsivas que ocorrem associadas a febre, nomeadamente durante

a subida térmica.

§ São a causa mais comum de convulsão em idade pediátrica. Ocorrem habitualmente entre os 6M e

os 5 anos.

§ A convulsão febril pode ser simples ou complexa. Para uma crise poder ser caracterizada como

simples deve ter duração <15 minutos, não recorrer nas 1ªs 24h, ser generalizada e não se associar a

sinais focais.

§ Apesar de assustador para os pais, as convulsões febris têm natureza e evolução benignas.

§ As convulsões febris complexas associam-se a maior risco de epilepsia comparativamente às

simples.
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CONVULSÃO FEBRIL
• Convulsão associada a febre (T>38ºC) (+/- 24h) | Faixa etária: 6M-5A

Simples Complexa
• Crise generalizada (tónica, clónica ou tónico-clónica) • Não cumpre os critérios de convulsão febril
• Duração <15 minutos simples
• Sem achados focais durante ou depois do episódio. • Pode ter défice neurológico prévio
• Sem recorrência nas primeiras 24h.

• Excluir patologia do SNC • TC no SU


• Observação min 2h se: <18M ou >12M sob AB • RM e EEG posteriormente
• Avaliação por Neuropediatria só a partir do 2ºepisódio • PL segundo indicações
• PL segundo indicações • Internamento e Pesquisa sistemática de
sinais de meningite e encefalite
• Avaliação por Neuropediatria SEMPRE
Tratamento de crises: diazepam rectal OU midazolam intrabucal/nasal

• Profilaxia se: >3 episódios em 6M; crises >15min que • Tratamento dirigido pode englobar
requerem Tx; grande angústia familiar/ dificuldade no escalada terapêutica e iniciação de
acesso a cuidados de saúde diferenciados. terapêutica antiepilética
• 1ªlinha - Diazepam rectal OU Clonazepam oral se • Pior prognostico que crises febris simples
quadro febril 8/8h até 24h
• Se ineficaz ponderar VPA ou fenobarbital.

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