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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE CLÁUDIO

PEDAGOGIA

MARIA LETÍCIA DE OLIVEIRA

RELATÓRIO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III

CLÁUDIO – MG
2023
MARIA LETÍCIA DE OLIVEIRA

RELATÓRIO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III


Relatório apresentado à disciplina de Estágio
Supervisionado III da Universidade do Estado de
Minas Gerais – UEMG Unidade Cláudio, como
requisito para conclusão do componente curricular.

Orientadora: Prof. Me. Luan Manoel Thomé

CLÁUDIO – MINAS GERAIS


2023
“Se o experimento é repetível, a experiência é
irrepetível, sempre há algo como a primeira vez. Se o
experimento é preditível e previsível, a experiência tem
sempre uma dimensão de incerteza que não pode ser
reduzida.”

Jorge Larrosa Bondia (2002)


SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5
2 – INSTITUIÇÃO CAMPO DE ESTÁGIO................................................................................. 6
2.1 – Histórico da Instituição................................................................................................... 6
2.2 – Análise Documental ....................................................................................................... 6
2.3 – Estrutura Física.............................................................................................................. 7
3 – OBSERVAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR .......................................................................... 8
3.1 – Equipe ............................................................................................................................ 8
3.2 – Relato do que foi observado.......................................................................................... 8
4 – TRABALHO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO, ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ........... 9
4.1 – Caracterização da turma ............................................................................................... 9
4.2 – Observação da ação didática ...................................................................................... 10
4.3 – Planejamento da Intervenção...................................................................................... 10
4.4 – Intervenção Pedagógica .............................................................................................. 11
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 19
6 – REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 20
1 - INTRODUÇÃO

O presente relatório tem por objetivo abordar sobre as contribuições e desafios


vivenciados em experiência no Estágio Supervisionado III no Ensino Fundamental I,
bem como a importância para a formação e desenvolvimento do(a) discente de
Pedagogia, sendo uma ferramenta para entrelaçar as teorias estudadas com a prática
encontrada em sala de aula e gestão escolar.

O estágio foi desenvolvido na Escola Municipal Deiró Alves Belo, cujo foco
consistiu na gestão escolar, e no trabalho pedagógico com os componentes
curriculares de geografia e história, junto aos alunos de oito e nove anos do 3º no
período de 03 de abril de 2023 a 29 de julho de 2023.

Foram desenvolvidas, em ambiente escolar 69 horas de estágio, divididos em


leitura e análise documental, acompanhamento da gestão escolar e
observação/regência em sala de aula. O único contratempo desagradável foi a
professora que é tradicional e dá pouca abertura para estagiária. Infelizmente, não
deixou realizar registros fotográficos.

O estágio é fundamentado com a realização e concretização da prática


pedagógica, teorias usadas em sala de aula e aplicação de métodos educativos. Ao
realizar, é proporcionado um rico momento de reflexão sobre a teoria e prática, o
discente consegue levar para dentro da sala de aula de acordo com a realidade
vivenciada suas ideias e pensamentos construídos durante o período de curso.
Também exercita o planejamento, envolvendo as habilidades da Base Nacional
Comum Curricular – BNCC, a proposta do Projeto Político Pedagógico – PPP da
instituição de ensino, bem como os documentos orientadores da esfera privada ou
pública, dependendo de onde for atuar.
2 – INSTITUIÇÃO CAMPO DE ESTÁGIO

2.1 – Histórico da Instituição

A instituição que foi escolhida para estagiar foi a Escola Municipal Deiró Alves
Belo. Localizada no centro da cidade de Piracema (MG,) no qual endereço é Rua
Anízio Marques, nº 40 - Centro, Piracema (MG), é a única escola na área urbana que
oferta o ensino fundamental.

De acordo com o PPP e Regimento Escolar, Escola foi fundada de acordo com
a Lei Municipal n.º 60 de 02 de janeiro de 1937 da Prefeitura Municipal de Entre Rios
de Minas, a qual pertencia o Arraial Rio do Peixe, hoje Piracema, e, em 1954, passou
a ser denominada como Escola Municipal Joaquim Pinto Lara.

Através da Portaria de n.º.177/84 de 30 de março de 1984, a instituição recebeu


autorização para funcionamento e denominação de Escola Municipal Deiró Alves Belo
e tem um segundo endereço de funcionamento no prédio denominado como Escola
Municipal Eni Resende Costa Lara.

Atualmente, a escola está passando por mudanças, inclusive com a construção


de um novo prédio, o qual terá denominação de “Magda Resende”, uma professora
que teve grande contribuição com a formação de pessoas da sociedade e era uma
pessoa excepcional. O prédio contará com mais cinco salas de aula, aulas de
informática, que é novidade para a instituição e, além de diversas novidades para
agregar a formação das crianças. Espera-se que nesse novo espaço haja uma
biblioteca para armazenar todo o acervo literário que a instituição tem, uma vez que
estes são armazenados em armários dentro das salas de aula. É importante ter um
espaço específico para a leitura, pois, a literatura é capaz de levar ao mundo da
fantasia, mais de forma a conectar a realidade vivida pela criança, fazendo-a refletir
sobre o mundo que cerca, pois Miguez (2009, p.17) diz que “a leitura é um processo
de percepção de realidade envolvendo, entre outros fatores, a visão do mundo do
leitor’’.

2.2 – Análise Documental


De acordo com informações presentes no documento, o Projeto Político
Pedagógico - PPP foi elaborado em 2019/2020 de forma coletiva pelos profissionais
que trabalham na Secretaria de Municipal de Educação de Piracema/MG e
professoras, sendo embasado no Currículo Referência de Minas Gerais – CRMG. Até
o presente momento não possui atualizações e é sustentado por três princípios
descritos na BNCC: éticos, políticos e estéticos que se destinam à formação humana
total e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Conforme o documento, atualmente a escola vem se adaptando aos recursos


tecnológicos de forma gradativa, para que não haja exclusão de nenhum estudante.
Consta no documento que há o controle do alto uso das tecnologias, pois, as crianças
ficam conectadas por muito tempo, fazendo com que haja uma defasagem das etapas
do desenvolvimento, gerando desmotivação, baixo rendimento e consequências
negativas a longo prazo.

Com as observações em sala de aula e gestão, a maioria das professoras e


gestoras da instituição trabalham de forma diversificada, lúdica e concreta, sempre
em consonância ao Currículo Referência de Minas Gerais - CRMG. O intuito é formar
cidadãos críticos, participativos e reflexivos que possam transformar a sociedade
sustentável, sem preconceito, que estimula a justiça e a solidariedade.

2.3 – Estrutura Física

Durante a etapa de observação, a estrutura física da escola foi alvo de análise.


O espaço é colorido e contém imagens, painéis, desenhos chamativos, e convidativos.
Há um pátio espaçoso e arejado para as crianças brincarem na hora do lanche, o
parquinho que fica próximo e tem um espaço e aparência bastante aconchegante,
grande a que comporte as crianças sem aperto, as salas são atrativas, e como um
todo, proporcionam alegria às crianças.

A instituição é bem iluminada e fica mais convidativa em datas comemorativas,


e são usados enfeites onde alguns são feitos novamente (novos) e outros
aproveitados dos anos anteriores. Com as reformas, o ambiente ficou mais chamativo
e consequentemente, mais acolhedor para as crianças. O que pode ser feito é a
renovação sempre de atrativos. Ao chegar no espaço, é possível deparar com pinturas
feitas pela professora Suamir, em 2007. Para quem conviveu na época da pintura
considera que são desenhos antigos, porém, com o passar do tempo e reformas ,
estão conservados e novos, tornando o ambiente alegre.

Além de possuir rampas de acesso, carteiras e banheiros adaptados para


crianças com necessidades especiais, o espaço é de muita acessibilidade. A estrutura
da escola é boa e, aparentemente, adequada para atender crianças pequenas, uma
vez que possui vasos sanitários menores, lavatórios e mictórios que correspondem ao
tamanho das crianças que lá são atendidas. No refeitório, há mesas e bancos mais
baixos para as crianças menores melhor se sentirem confortáveis e para as maiores,
há mesas e bancos que se adequam aos seus tamanhos. Para que não haja uma
grande diferença no ambiente da Educação Infantil, é promovido um espaço mais
dinamizado e harmônico para que as crianças, em primeiro momento sintam-se
acolhidas.

O espaço, mesmo sendo confortável e acessível, no período chuvoso


apresenta um problema que é de risco para todos. Por ser escola é abaixo do nível
da rua, a enxurrada desce pela rampa de acesso e acaba “alagando” os corredores e
pátio. Com isso, o ambiente fica inacessível e as crianças e, consequentemente, sem
aulas, o que é uma problemática que precisa ser estudada com a gestão e prefeitura
para que, em um futuro bem próximo torne-se uma mazela passada para a história da
escola.

3 – OBSERVAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR

3.1 – Equipe

A equipe da escola que foi ambiente de pesquisa e análise do Estágio


Supervisionado III na parte da tarde é composta por uma diretora e uma vice-diretora,
duas pedagoga, um segurança, cinco serviçais, quatro monitoras e quinze professoras
regentes em sala de aula, duas eventuais, um professor de ensino religioso, dois de
educação física.

3.2 – Relato do que foi observado


Durante o período de acompanhamento com a gestão escolar, pôde ser
observados várias metodologias, sendo elas:

• Conferência das notas no sistema para impressão de boletim;


• Apoio geral às professoras, inclusive com dificuldades no diário digital;
• Auxílio na realização de avaliações;
• Realização do cronograma e bilhetes para reunião de pais e responsáveis;
• Impressão de boletins;
• Recolhimento das agendas das crianças para anexar os bilhetes;
• Conversa/reunião com mãe de criança que tem dificuldades na aprendizagem;
• Análise e correção do diário eletrônico;
• Organização e assinatura nos boletins para serem entregues em reunião;
• Organização do ano letivo;
• Acompanhamento e preparação para a apresentação do dia das mães;
• Criação do caderno de reforço e leitura.

Pude acompanhar diversas realizações da gestão escolar, contendo várias


orientações pedagógicas para a instituição. É necessário manter o controle diário de
faltas dos alunos no sistema, o planejamento deve ser encaminhado ao e-mail da
pedagoga e acompanhamento do módulo II.

No início do ano letivo é elaborado o material de apoio para toda a escola e


nele há as datas que devem ser seguidas, datas específicas e festividades e
momentos da retrospectiva do ano anterior, como cita no Capítulo II da Educação
Básica § 2º da LDB

O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive


climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com
isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.

Com isso, no material elaborado, há a presença de todas as informações sobre


o ano letivo e o que será realizado no decorrer dele.

4 – TRABALHO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO, ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

4.1 – Caracterização da turma


A turma que acompanhei é composta por 21 estudantes, sendo predominante
o número de meninos, que são 12. Maioria apresenta um desenvolvimento adequado
para crianças do terceiro ano. Há uma que faz acompanhamento com a professora de
apoio que, ao apresentar dificuldades na aprendizagem dentro da sala de aula, foi
disponibilizado para que possa tentar acompanhar o desenvolvimento da turma.

4.2 – Observação da ação didática

Conforme estudos nos períodos anteriores, a professora tem uma didática mais
tradicionalista, o que impossibilita a diversidade nos aprendizados das crianças. Há
sempre a solicitação para que copiem textos dos livros didáticos, o tempo todo.

Não há nada muito inovador na didática que é aplicada e, consequentemente,


do acompanhamento não se pode ter um bom aproveito.

A pedagoga atua com presteza ao serviço, fazendo com que as professores,


pais, colaboradores em geral da instituição e as crianças sintam-se confortáveis ao
levarem demandas para serem resolvidas. O mesmo se dá com a atuação da diretora,
que é bem prestativa e atenta aos detalhes minuciosos.

4.3 – Planejamento da Intervenção

A proposta de intervenção pedagógica “História e espaços do município de


Piracema/MG” foi planejada por partir da necessidade encontrada junto aos
estudantes e professora em retratar a história da comunidade e do município em que
estão inseridos. A precisão de estimular a compreensão da realidade dos estudantes
consta nos livros didáticos da instituição em consonância com a BNCC nos conteúdos
de Geografia e História e, mesmo sem ser usado atualmente, o PCN frisa no 2º § da
página 35

A escolha dos conteúdos relevantes a serem estudados, feita neste


documento, parte das problemáticas locais em que estão inseridas as
crianças e as escolas, não perdendo de vista que as questões que
dimensionam essas realidades estão envolvidas em problemáticas regionais ,
nacionais e mundiais. As informações históricas locais relevantes a serem
selecionadas expressam, assim, a intencionalidade de fornecer aos alunos a
formação de um repertório intelectual e cultural, para que possam estabelecer
identidades e diferenças com outros indivíduos e com grupos sociais
presentes na realidade vivida — no âmbito familiar, no convívio da escola,
nas atividades de lazer, nas relações econômicas, políticas, artísticas,
religiosas, sociais e culturais. E, simultaneamente, permitir a introdução dos
alunos na compreensão das diversas formas de relações sociais e a
perspectiva de que as histórias individuais se integram e fazem parte do que
se denomina História nacional e de outros lugares.

Dessa forma, conforme supracitado, se faz necessário o estudo do município,


do território dos estudantes que além de se notarem, se reconhecem como cidadãos
e sujeitos ativos no espaço, é possibilitado sucessivamente à compreensão de
relações mais abrangentes. Notando-se que essa compreensão totalizante e a leitura
de mundo acontece de forma eficaz quando se parte, inicialmente, do estudo do que
lhe é vivido e acessível.

A intenção do projeto, desde o início era de trabalhar a história do município de


acordo com a matéria que foi abordada dentro da sala de aula nas disciplinas de
Geografia e História. Após a aprovação do projeto, iniciou-se a aplicação. A escola
trabalhada dá grande abertura e espaço, inclusive há a valorização do trabalho a ser
aplicado, mas, a professora não é muito aberta a novos projetos, então, houve uma
certa dificuldade na aceitação e disposição dos materiais para elaboração do relatório.

Para a realização do projeto foi necessária muita pesquisa, e isso foi de grande
importância, já que muitas foram as descobertas nesse período por não haver o
conhecimento. As fontes utilizadas para a realização foram livros, sites, documentos,
fotos e diálogos com algumas pessoas da comunidade, já que, infelizmente muitos
fatos são e nem estão registrados.

O objetivo geral, ao planejar a proposta foi pensado no conhecimento do


município e de sua história, compreender o presente, percebendo as influências
passadas e demonstrar a importância da construção por parte dessa nova geração na
nova etapa do município que se encontra nas responsabilidades dos próprios
estudantes, conforme salienta Somma (2003, p. 65):

Ignorar essa forma de aprender seu espaço real é além de um erro


pedagógico, uma forma de desconhecer o aluno como pessoa, nós
professores de geografia, temos a oportunidade de transformar essas
percepções desordenadas, baseadas em uma dinâmica funcional, em
categorias de conteúdos e habilidades significativas para o desenvolviment o
da inteligência. A escola deveria ressignificar essas ideias prévias. Para que
essa atuação formativa se dê é necessária a conjunção do professor à linha
pedagógica e ao pensamento geográfico que adota.

4.4 – Intervenção Pedagógica


A aplicação ocorreu durante seis dias, sendo que cinco dias teve a duração
diária de uma hora e, no último dia, duração de quatro horas, sendo essas quatro
horas dedicadas à apresentação do projeto desenvolvido no discorrer dos dias
anteriores.

O primeiro dia da execução da proposta teve como tema “Curiosidades” e foi


levada à sala de aula com o intuito de viabilizar uma pessoa comum da cidade, a
senhora Lindamar Aparecida, mais conhecida como Dona Tuca, uma senhora da
comunidade para conversar com os estudantes. Ela tem o costume de dividir um
pouco de suas experiências e história de seus antepassados com as pessoas. No
primeiro momento na roda de conversas, ela expôs fatos, casos e histórias passadas
na cidade, decorridas desde 1950, ano de seu nascimento, e mesmo fatos de antes,
contados por seus antepassados. Ao expor os fatos, a curiosidade das crianças foi
aguçada desde o primeiro momento, e, muitos dos pontos citados nas histórias foram
aprofundados posteriormente. É importante que na realização de qualquer projeto,
como contribui Heloisa Dupas Penteado no livro Metodologia do Ensino de História e
Geografia (1994, p. 44) o professor busque melhor “sequência do conteúdo de
julgamentos mais adequada para o desenvolvimento dessa metodológica”, fazendo
com que aconteça por parte dos alunos o pleno aproveitamento das atividades
propostas, bem como enfatizar o trabalho com a história oral que, além de valorizar a
cultura e localidade da cidade, facilita o entendimento das crianças sobre a temática.

Como as histórias foram da própria cidade, muitas das vezes as crianças


puderam se deparar com histórias já contadas por seus antepassados, ampliando
ainda mais o interesse em saber do assunto. Após a visita, os estudantes escolheram
algo contato e interpretaram da forma que achou interessante, como desenho, escrita
de poemas, textos e até mesmo por pinturas.

O segundo dia teve como tema “Nossa cidade de outro ângulo”. A proposta
desse dia era situar os estudantes sobre a sua localização em que sem encontram.
Inicialmente foi trabalhado com o Google Maps, decorrendo-se de reflexões dos
lugares onde estamos localizados e onde eles se encontram. Em minha posição de
estagiária e futura pedagoga, achei interessante desenvolver esse método tecnológico
na sala de aula, visto que as crianças ficam mais interessadas em saber do que se
trata por ser algo inovador no ensino.
Esse trabalho se iniciou na localização do Brasil, partiu para a região sudeste,
logo em seguida para o estado de Minas Gerais, enfim chegando à localização da
cidade de Piracema/MG, e sucedendo-se da visualização do próprio mapa da cidade.
O momento de descoberta da cidade no mapa do Brasil, estado, e, posteriormente no
mapa da própria cidade causou tumulto e curiosidade nas crianças.

No estudo do mapa de Piracema/MG foram demarcados os pontos de


referência da cidade, e sobre quais são essas localizações. Após se situarem no
mapa, foi apresentado pelo Google Earth a vista da cidade.

Foi feito com as crianças um trajeto pela cidade a partir do Google Earth, para
que eles se situassem no espaço e fizesse a leitura de forma facilitada e interativa. O
trabalho foi realizado em grupo para melhor interação e compartilhamento de ideias
sobre o trajeto.

Para conhecimento da região em que o estado de Minas Gerais fica localizado,


foi feito um momento de descontração, em que pôde ser destacado os tipos de
sotaque de cada região. Nesse momento, houve o interesse mútuo por descobrirem
a localização.

Como a projeção do Google Earth e Google Maps foi algo inovador para as
crianças na sala de aula, os próprios estudantes montavam rotas no momento em que
estava sendo passado, e situava o espaço mostrado.

Esse foi o primeiro momento em que as crianças localizaram através da visão


superior o formato de peixe na arquitetura da praça, e foram pontuadas inicialmente
partes da história do município.

Com uma explicação breve, foram pontuados os temas como clima, relevo,
temperatura, serras e etc. Logo, ao ser frisado a consequência de a cidade ser de
morros, por ter sido construída entre serras, uma criança notou e compartilhou que é
devido à justamente ter sido construída em serras, os “morros” evitam o alagamento
da localidade. Essa conclusão na qual a criança chegou foi de causar felicidade, pois,
ao meu ver, o trabalho desenvolvido foi eficaz e gerou compreensão e aprendizado.

O terceiro dia foi sobre a praça da cidade. O livro Construção do conhecimento


em sala de aula de Celso dos S. Vasconcellos faz a reflexão sobre o que foi
vivenciado. É notável a partir dessa experiência e de muitas outras, que apesar do
discurso de rejeição perante a educação bancária, perante a aula expositiva, no
cotidiano escolar ela ainda persiste, e de forma tão enraizada que os próprios alunos
estão acostumados e mecanicamente preparados para a mera transmissão do
conhecimento. É triste e frustrante refletir, já que os alunos se acostumaram, e isso
devido não simplesmente à residência dos professores, mas por não terem
oportunidades de aprender e estudarem sobre outras metodologias em sua formação
inicial, esses não saberem efetivar uma prática diferente, por simples acomodação, já
que é o meio mais fácil. Por isso é tão sugerido a formação continuada para os
docentes.

Após a observação pela apresentação no Google Earth e fotos, foi realizada


uma roda de conversa. Nessa, foram feitas pontuações pelos estudantes pelo o que
foi observado inicialmente, em seguida, algumas questões iniciaram a ser pontuadas,
como: o significado do peixe na praça, que os próprios estudantes localizaram nas
imagens e identificaram de acordo com a visualização superior apresentada; a estátua
situada no ambiente interior da praça, que é uma homenagem, então, foi falada quem
foi essa pessoa e o porquê da praça carregar seu nome; origem do nome da cidade;
a emancipação e antes desse período; como surgiu aquele ambiente, seria um espaço
geográfico ou natural; entre outros assuntos que surgiram durante esse momento, que
foi um diálogo extenso e produtivo, gerando muito conhecimento para as crianças.

A teoria do curso de Pedagogia sempre reforça o construtivismo, na prática


pude vivenciá-lo nos dias de estágio. Uma das crianças, após ser relatado que anos
atrás Piracema/MG pertencia a outra cidade e que em 1953 foi emancipada, constatou
e fez o seguinte comentário: “mas nesse dia as outras cidades não gostaram, pois
elas pararam de mandar em nós”. Nesse momento, pude compreender o conceito de
mediar o conteúdo, de possibilitar a construção do conhecimento, e fazer com que os
estudantes cheguem a suas próprias conclusões e se tornem sujeitos autônomos.
Além disso, foi noitada a necessidade de fortalecer o ensino em minhas práxis, esse
ensino alternativo que como Callai in Castrogiovanni, Schaffer, Kercher (2003)
reforçam

Em que o estudante constrói seu próprio conhecimento, um caminho em que


ele possa elaborar e reelaborar as suas ideias, confrontando o que já sabe
com informações novas e com conhecimento cientificamente produzido. [...]
Se a nossa preocupação é formar cidadão, é o ponto básico de partida que
lhe oportunizaremos as condições e os instrumentos para que conheça e
compreenda a realidade em que vive. (p.161)

Durante todo o projeto foi enfatizado a ideia de que como o autor do livro da
“História de Piracema” senhor Othilio reforçou durante sua escrita, a história de
Piracema/MG continua a todo o momento e que nós somos responsáveis atuais por
construir essa história. Deixei explícito que, da mesma forma que atualmente estamos
estudando os antepassados da cidade, um dia as pessoas vão estudar o que nós
estamos fazendo hoje.

O quarto dia teve como tema “por que minha rua tem esse nome?”, além dos
nomes próprios de homenagens, também foram conceituados os nomes de cidades,
estados, animais e etc. Além de falar sobre os preitos das ruas, foi destacado os
nomes que às intitulam. Em destaque, o nome da biblioteca pública da cidade é de
um artista local, que após o seu falecimento os livros de sua biblioteca pessoal foram
doados à comunidade, iniciando o projeto. Mais conhecido como Treula, esse era o
pintor, escritor que valorizou e incentivou a arte em Piracema/MG.

O quinto e penúltimo dia foi dedicado à preparação da exposição. Foram feitas


correções de erros ortográficos dos trabalhos realizados. As correções deram-se em
sala de aula, no momento em que as crianças estavam em horário de Educação
Física, contando com o auxílio da professore. Houve também a preparação e
ornamentação da sala de aula.

No último dia da proposta, com a realização da exposição que contou com a


apresentação/reprodução da vista aérea da cidade pelo Google Earth e Google Maps
em tempo integral no formato de vídeo, possibilitando aos visitantes a visão da cidade
por um ângulo diferenciado. Foi tudo um sucesso e muitos foram os elogios às
atividades realizadas pelos estudantes. A apresentação foi feita para a escola e
comunidade, no mesmo dia as crianças foram divididas e solicitado para que cada um
explicasse o que foi desenvolvido por si mesmo e aprendido no período de estágio.
Figura 1: Mapa de Piracema pelo Google Maps
Fonte: https://www.google.com.br/maps/place/Piracema+-+MG/@-20.3191025,-
45.9845971,9z/data=!4m6!3m5!1s0xa0e23c84e010a1:0x708b9603fb4706ed!8m2!3d -20.5093503!4d-
44.4787421!16s%2Fg%2F1yjg7zw26?entry=ttu

Figura 2: Cidade de Piracema


Fonte: https://earth.google.com/web/search/piracema/@-20.50899184,-
44.48015185,873.20096858a,177.32877644d,35y,0.00000107h,0t,0r/data=CigiJgokCRd5fvZ25zPAEabGnGlA8D
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Figura 3: Praça José Ribeiro de Assis
Fonte: https://earth.google.com/web/search/piracema/@-20.50899184,-
44.48015185,873.20096858a,177.32877644d,35y,0.00000107h,0t,0r/data=CigiJgokCRd5fvZ25zPAEabGnGlA8D
PAGYcoylpP8kXAIYYt7JUp-UXA

Durante toda a apresentação do projeto foram realizadas atividades que


exploravam o desenvolvimento da oralidade das crianças, visto que muitas das vezes
essa é deixada de ser trabalhada quando os estudantes se encontram mais velhos, e
isso é prejudicial para eles. A exposição de fatos, ideias, entrevistas ou até mesmo
conversas possibilitam aos estudantes melhor desenvolvimento oratório, e a melhor
forma de expressão através da língua falada. Baseado nas experiências vivenciadas,
é essencial que a escola priorize a oralidade, respeitando as expressões linguísticas
de cada um dos estudantes, mas, reforçando a importância da norma culta. Outro
ponto essencial de se trabalhar a oralidade é o quanto essa beneficia a escrita, já que
desenvolvida a linguagem oral, a escrita é beneficiada. Jânia Ramos (2002), p. 95
reforça os pontos expostos anteriormente e fala sobre as causas do diagnóstico dos
fracassos das produções de texto.

Falar de produções de textos na escola é tocar num ponto nevrálgico. É aí


que o fracasso é mais visível.
Muitos são os diagnósticos. Várias são as causas apontadas e muitos têm
sido os remédios recomendados. Os erros detectados podem ser
classificados conforme o nível discursivo [...]
Para a exposição das atividades foram utilizadas caixas de papelão vazias,
incentivando o reaproveitamento e a preservação do planeta. As caixas de papelão
foram utilizadas para expor os materiais, decorando o ambiente expositivo (sala de
aula).

No geral, o projeto foi muito bom! Os estudantes saíram com uma bagagem
bem maior do que a do início do estágio. Notei que mais do que aprender, eles
amaram dividir o conhecimento com as outras pessoas. Eles se mostraram
empolgados durante a exposição, sendo que recebemos em média de noventa visitas
no período de 12h45min até 16h45min.

Os visitantes foram desde estudantes e colaboradores da instituição, até


pessoas da comunidade e familiares de estudantes.

Ao final do projeto, penso que poderia ser maior e tomar uma proporção melhor
e maior, alcançando um número maior de visitantes, já que muitas são as histórias e
as informações do município que estão ocultas. A intenção do projeto foi fazer com
que as crianças compreendam a realidade e o cotidiano em que estão inseridas. Pois,
como Callai in Castrogiovanni, Schaffer, Kercher (2003) aponta:

Formar o cidadão significa dar condições ao aluno de reconhecer-se como


um sujeito que tem uma história, que tem um conhecimento prévio do mundo
e que é capaz de construir o seu conhecimento. Significa compreender a
sociedade que vive, a sua história e o espaço por ela produzido como
resultado da vida dos homens. Isso tem de ser feito de modo que o aluno se
sinta parte integrante daquilo que está estudando. Que o que ele está
estudando é sua realidade concreta, vivida cotidianamente, e não coisas
distantes e abstratas.
Ao estudar o município, faz-se o estudo do processo de construção da
sociedade, isto é, como os homens se relacionam entre si e de que forma
estão organizados para prover a sua subsistência, seja em um nível de
trabalho, saúde, cultura, lazer. Como constroem a sua história e qual é o
espaço que produzem neste processo. O município é, como qualquer outro,
um conteúdo que poderá se relacionar para estudar, pois os conteúdos das
diversas séries não estão prontos e adequados, [...]. Ao trabalhar o município
no ensino de Geografia, estamos fazendo uma opção política que quer fazer
com que o aluno se situe no espaço em que vive e que compreenda como
um processo em que a sociedade o constrói. (p.78)

Dessa forma, esse era o objetivo, fazer com que os estudantes se situem e
compreendam que a Piracema/MG atual é um reflexo do passado e das pessoas que
existiram nele. Pois, a partir do estudo do passado, é que as crianças poderão
entender o presente e atuar de forma significativa no futuro.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos são os questionamentos dos discentes do curso de pedagogia sobre a


sua atuação na prática estudantil e social nas escolas, visto que ainda se presencia
uma realidade tradicional no contexto educacional, e se estuda uma teoria na qual
realidade é considerada quase impossível pela resistência dos profissionais da área.

O estágio é a oportunidade que o futuro pedagogo encontra de perceber,


analisar, constatar e moldar sua práxis. Ou seja, é através do estágio que o discente
de pedagogia pode perceber a realidade, o contexto que persiste, os profissionais que
promovem a mudança, como ela ocorre, como é visto pela comunidade, como ela
deve ocorrer e qual o resultado de ambos os contextos.

Ler e estudar sobre teóricos, desenvolvimento infantil, fases da criança não


transforma um estudante em professor. A realização deste e o levantamento de
experiências tem por ideal objetivo a compreensão da realidade da profissão,
aspectos para a formação e construção do docente e dos saberes.

O estágio de história e geografia e acompanhamento da gestão escolar me


surpreendeu de maneira grandiosa, desde a significância desse ensino até a minha
prática. O trabalho, de forma geral, ao meu ver como discente de pedagogia e futura
docente foi de extrema importância, será um trabalho importante, o qual cresci muito
profissionalmente. A observação, o acompanhamento e a prática desse estágio
supervisionado III me proporcionaram experiência totalmente diferente as quais já
tinha vivido nas anteriores.

O trabalho de forma geral me possibilitou uma melhor compreensão da


realidade escolar, desmitificando a ideia do “tudo perfeito”, em que eu ainda me
encontrava. Com tudo, todos os desafios encontrados nesse percurso, pude perceber
que a prática diferenciada e construtivista é possível e eficaz. A formação crítica,
autônoma e pensante dos sujeitos mirins é encantadora! Ao deparar com situações
do tipo, me senti lisonjeada, já que percebia que o meu papel estava sendo cumprido
com êxito.

Esse projeto foi de extrema significância para mim enquanto futura pedagoga
e pessoa. Antes, em meio aos estudos ainda sentia dúvida em relação à ênfase e ao
sucesso dessa educação construtivista, já que a tradicional persiste até os dias de
hoje. Contudo, a partir da proposta aplicada pôde ser notado que os resultados da
práxis construtivista foram excelentes.

Além disso, o estudo e a compreensão de uma parte do trabalho desenvolvido


e do contexto inserido por parte dos sujeitos da comunidade é de extrema importância.
Compreendi, além de tudo que é justamente a partir dessa compreensão que esses
entenderão o todo, o maior, o global. Assim, se compreendendo realmente como
sujeitos ativos, participativos e responsáveis pela comunidade, desmitificando o
conceito dos super-heróis.

6 – REFERÊNCIAS

IESDE. Manual do estágio de Pedagogia. 1ª Ed. Curitiba-PR. 2007.


SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Programa de Capacitação de
Professores-PROCAP, Fase escola Sagrana. Belo Horizonte: SEE/MG-2001. 304
p.11.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais:
História e Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.
LARROSA BONDÍA Jorge. Notas sobre o saber da experiência e o saber da
experiência. Tradução Cristina Antunes, João Wanderley Gerardi. 1ª ed. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2014 – Coleção Educação: Experiência e Sentido.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa por
população. Rio de Janeiro. RJ. 2018. Disponível no endereço eletrônico IBGE.
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/piracema/panorama >. Acesso em 10 de Junho
de 2023.
PEREIRA Márcio. A didática e as tendências pedagógicas. Divinópolis-MG.
FOUCAULT Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel
Ramalhete. Petrópolis, Vozes. 1987. 288 p. 27ª ed.
FILMES Despertar. Quando sinto que já sei. Brasil. 29 de julho de 2014. Disponível
em <https://youtu.be/HX6P6P3z1Qg> Acesso em 09 de junho de 2023.
EDUCAÇÃO Ministério da. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Brasil. 600 p.
PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia do ensino de história e geografia. São
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reflexões. 4ª ed. Porto Alegre: Editora UFRGS/A Associação dos Geógrafos
Brasileiros – Seção Porto Alegre, 2003. Orgs: Helena Copetti Callai, Neiva Otero
Schaffer, Nestor André Kaercher.
FAZENDA, Arantes Ivani. Interdisciplinaridade: definição, projeto, pesquisa. In:
PIMENTA, Selma Garrido (Org) – 13. Ed. Ver. E ampl. Práticas interdisciplinares na
escola. São Paulo: Cortez Editora, 2013. P. 17-23.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares
nacionais: história, geografia. Brasília, 1997. P. 166.
RAMOS Jânia M. O espaço da oralidade na sala de aula. São Paulo: Martins Fontes,
1997. P. 95.
NETO Othilio. Construindo a história de Piracema – Minas Gerais. Piracema:
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PPP. Projeto Político Pedagógico. Escola Municipal Eni Resende Costa Lara.
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MIGUEZ, Fátima. Nas artes manhas do imaginário infantil: o lugar da literatura
na sala de aula – Rio de Janeiro: Singular, 2009.

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SOMMA, Miguel Ligüera. Alguns problemas metodológicos no ensino de Geografia.
In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; SCHÄFFER, Neiva
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