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COACHING EM GRUPOS

Diferenças e semelhanças

Devia esta informação para meus alunos, treinandos, clientes e mercado, para
esclarecer uma atividade que, a exemplo do coaching personalizado, venho realizando há
bastante tempo, com muita satisfação e resultados excelentes.
Já escrevi e comento com freqüência a importância do coaching personalizado e suas
vantagens no desenvolvimento profissional e de gestão.
Hoje vamos detalhar o Coaching em Grupos e, para isso, vamos utilizar o
coaching individual como parâmetro para melhor compreensão.

A primeira diferença encontra-se na forma e amplitude da técnica e da condução a


ser utilizada. Este ponto reserva limites e melhorias. O limite fica por conta do menor
aprofundamento pessoal que a situação de grupo exige. Não será permitido
aprofundamento em pontos chaves no início do processo. Há de se esperar que o grupo
alcance maturidade para que abordagens, ou toques, mais contundentes (provocações
que são comuns na abordagem individual) possam ser aceitos e elaborados com mais
tranqüilidade pelos participantes do grupo. Ou seja, o início do processo de coaching em
grupo também é o de reconhecimento e identificação do cliente (neste caso dos clientes),
com a complexidade de que em grupo isso se faz coletivamente e é necessário respeitar-
se os diferentes ritmos.
Aqui reforço um ponto extremamente sério. A condução de coaching em grupos
exige maior maturidade e experiência do Coach. Não é atividade para iniciantes.

Por outro lado, a partir da maior convivência, que inclui uma fase de identificação e
desensibilização dos participantes, o ganho é considerável porque a troca de experiências
e posicionamentos pessoais é um ponto alto do processo. Neste ponto o coaching em
grupo tem uma grande vantagem em relação ao individual. O ganho é otimizado pela
relação.
Evidentemente temos características pessoais que experimentam a realidade de forma
muito particular, mas ouvir a voz de outro, de nível semelhante, sobre a mesma situação
em pauta, pode ser extremamente positivo para a reflexão e criação de alternativas.
Na realidade o ponto alto do coaching em grupo é em constituí-los em uma equipe.
Utilizo com muita freqüência a técnica de coaching em grupo para projetos de Team
Building.

Mas é a partir do ponto de maior identificação entre os participantes do coaching


em grupo que o processo ganha maior similaridade com a técnica individual, ou seja,
identificação dos objetivos; reconhecimento dos limites (reais ou não); reflexão sobre
posicionamentos e procedimentos; operacionalização e, lição de casa (sem dúvida
sempre a lição de casa, fortalecendo o caráter absolutamente pragmático do coaching,
seja individual ou em grupos). Isto é, guardadas as proporções da maior complexidade, os
procedimentos metodológicos são semelhantes.Esta maior complexidade exige um
“pensar global e um agir local”, isto é, as questões podem ser tratadas de forma
abrangente e linear, mas precisará ser “tratada” quando colocada no “colo” de um dos
participantes.

Na realidade o coaching em grupo tem uma condução bastante dinâmica, o que


não significa que também não existam momentos de silencio (terríveis momentos). Mas a
dinâmica, freqüentemente, está á serviço do tratamento do tema em questão. Posso tratar
um tema individual de forma coletiva, conduzindo a discussão propositadamente para
elucidar um ponto específico de um dos participantes. Nesta medida poderia dizer que
todo participante do coaching em grupo é, em alguns momentos, também o orientador. É
interessante como podemos, com alguma facilidade, identificar a solução de um grande
dilema em nossa vida quando o problema está no outro.
Para que isso aconteça, no entanto, a montagem do grupo requer cuidados
específicos como, por exemplo:
- monto os meus grupos por categoria profissional (defino as seguintes categorias:
gestores em geral / profissionais de RH / consultores e profissionais interessados em
desenvolver a técnica, estudantes, empreendedores, sucessores, etc). Em suma, é
necessária uma maior equidade do posicionamento profissional dos participantes. Não
procuro identificar necessidades específicas para definir o grupo, mas sim o
posicionamento profissional, até por causa do ganho adicional que a diversidade permite
ao desenvolvimento do processo.
- a primeira sessão do coaching coletivo, que tem a duração de duas horas para
permitir exposição de mais do que um cliente apenas, tem a preocupação prioritária de
definir um código de conduta. Reforçamos o caráter absolutamente confidencial do
processo, a responsabilidade do coach em coordenar a divisão de posicionamentos
pessoais e a necessidade eventual de definir-se temas para discussão e análise.
Normalmente a questão de temas ocorre em função da prioridade dos participantes, mas
o coach, como condutor do processo, pode elencar algum ponto específico objetivando o
desenvolvimento do grupo.
- este código de conduta define, também, a questão (I) das faltas á sessão, (II) da
necessidade de um representante sair do grupo (normalmente o grupo define a
possibilidade da substituição deste participante), (III) dos meios de comunicação para
contatos entre as sessões (normalmente utilizamos a troca de e-mail’s entre os
participantes, porém o uso do telefone também pode ser previsto, apesar de que o
telefone dificulta a participação do grupo). Destacamos que toda comunicação entre as
sessões deve ser de conhecimento do grupo. Estas são algumas das definições do
código de conduta.

Outro ponto importante é o tamanho do grupo. Trabalho sempre (com raras exceções, e
que não inclui o trabalho para equipes internas nas empresas) com uma quantidade de 5
a 7 participantes por grupo. A duração da sessão é de duas horas e o período de reuniões
é sempre avaliado a cada dois meses, isto é, após oito reuniões (na oitava reunião
analisamos a necessidade de dar continuidade ou não). As reuniões são semanais.
Com referência aos objetivos a semelhança entre o coaching individual e o em grupos é
total, assim como também é igual o tratamento das questões nas sessões. Como costumo
dizer: “Fazer com que o cliente no coaching encontre a melhor resposta pode, muitas
vezes, exigir que se tenha paciência para deixá-lo errar”. Enfim, coaching não tem a
pretensão de resolver os problemas do cliente, mas em prepará-lo para enfrentá-los, hoje
e amanhã!
Como podemos notar a base é idêntica, a condução, no entanto, sofre modificações
importantes. Mas há uma vantagem no Coaching em Grupos que não tratei. O custo
individual é mais acessível.

Bernardo Leite Moreira – Coach / bernardo@rhestrategia.com.br

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