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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

RELATÓRIO EXPERIMENTAL

Giovana Quadros Silva RA: F065HC-4

Trabalho apresentado à disciplina Análise


Experimental do Comportamento, sob
orientação da Prof.a Lígia Bueno.

Campus Vargas – Ribeirão Preto


Maio de 2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO _______ 1
2. PROCEDIMENTOS 2
2.1 Nível Operante 3
2.2 Treino ao Comedouro __________________________________________3
2.3 Modelagem ___________________________________________________4
2.4 Reforçamento Contínuo _________________________________________5
2.5 Extinção ______________________________________________________5
3. RESULTADOS 6
4. DISCUSSÃO 8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9
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1 INTRODUÇÃO

Ao iniciarmos os estudos sobre o comportamento humano, começamos a observar


diversas situações onde nos comportamos frente a um acontecimento. O ambiente age sobre o
ser humano assim como o ser humano age sobre o ambiente, em ambas as situações, há uma
variação de consequências, consequências essas que podem determinar a frequência do
comportamento ou determinar a probabilidade de o comportamento tender a repetir ou não.

Burrhus Frederic Skinner, conhecido como B. F. Skinner, foi um psicólogo


behaviorista, inventor e filósofo norte-americano, escreveu o livro ‘’Ciência e
Comportamento Humano’’ (2003, 11ª ed.), nele discorre acerca do comportamento. Segundo
ele, é fato que uma alteração externa (estímulo) provoca um comportamento no organismo
(resposta) – teoria do arco reflexo - porém, a essa teoria se dá apenas uma pequena fração do
comportamento total do organismo. Para ele, a teoria que melhor explicaria o comportamento
do organismo seria pela tríplice contingência, que consiste além da resposta dada a alteração
no ambiente, acrescenta junto a isso a consequência que o organismo recebe por esse
comportamento.

Dentre os estudos da análise do comportamento, Skinner (2003) nos apresenta os


termos comportamento respondente e operante. O comportamento respondente é quando
ocorre uma alteração no ambiente que vai eliciar uma resposta no organismo (reflexo). Já no
comportamento operante, é aquele comportamento que produz consequências e que também é
afetado por elas, podendo alterar a probabilidade de ocorrência desse comportamento.

No livro ‘’Introdução a Psicologia’’ do autor Robert s Feldman, é apresentado


diversos tópicos englobando a Psicologia, dentre eles, o módulo 16 que dedica a falar do
condicionamento operante. É citado a Lei de Efeito de Thordike, experimento fundamental
para a compreensão desse tipo de condicionamento, onde foi inventado uma caixa para
estudar como ocorria o processo pelo qual o gato aprende a pressionar um pedal para sair da
gaiola e receber comida.

A partir disso, adentramos no conceito de reforço (termo behaviorista), que nada mais
é do que as consequências de nossos comportamentos. Dentro do reforço existe: reforço
positivo (quando acrescento algo para manter o comportamento desejado); reforço negativo
(quando retiro algo aversivo a fim de manter o comportamento desejado); punição negativa
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(quando retiro algo prazeroso do organismo a fim de modificar determinado comportamento


indesejado) e punição positiva (quando acrescento algo aversivo para modificar o
comportamento que não desejo).

Um único reforço pode ter um efeito considerável. Em condições ótimas a


frequência de uma resposta eleva-se de um valor prevalecente baixo para outro alto
e constante, em um só passo abrupto. Na maioria das vezes observamos um aumento
substancial provocado por um único reforço, e aumentos adicionais resultantes de
reforços superiores (SKINNER, 2003, p 74)

Através da modelagem – que consiste em aplicar sucessivamente reforço quando o


comportamento desejado ou a aproximação deste é atingida – podemos ensinar qualquer
comportamento complexo que jamais ocorreria naturalmente, chegando assim ao
reforçamento contínuo, que significa que toda vez que o organismo emitir o comportamento
desejado ele recebe um estímulo reforçador. Dessa forma, o organismo/indivíduo tende a
repetir o comportamento-alvo em função desse reforçamento contínuo.

Por meio dos reforços que este novo comportamento é mantido, e o que acontece se
não reforçarmos mais? Este comportamento permanece ou enfraquece? Para esse processo,
Skinner (2003) dá o nome de Extinção Operante:

Quando o reforço já não estiver sendo dado, a resposta torna-se menos e


menos frequente, o que se denomina ‘’extinção operante’’. Se o alimento for
sustado, o pombo finalmente irá parar de levantar a cabeça. Em geral, quando nos
empenhamos em comportamentos que ‘’não compensam’’ encontramo-nos menos
inclinados a comportamentos semelhantes no futuro. (SKINNER, 2003, p 76)

O objetivo do presente trabalho é apresentar e comprovar os conceitos citados acima.


Por meio de experimentos realizados através do programa Sniffy - que simula um rato preso
em uma caixa, onde é submetido aos reforços a fim de que ele aprenda a pressionar a barra
para a obtenção de comida – verificamos a veracidade das teorias do Behaviorista Skinner,
onde foi experimentalmente comprovado os seus conceitos durante as aulas experimentais.

2 PROCEDIMENTOS

O processo de análise do comportamento foi feito pelo programa Sniffy Pro, com o
objetivo de aplicarmos os conceitos estudados na disciplina. Para tal procedimento, utilizamos
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uma apostila disponibilizada pela professora onde descrevia todos os níveis bem como
apresentava por meio de passo a passo como utilizar o programa no computador. Todo o
experimento foi supervisionado e orientado pela professora da disciplina.

O nível operante foi realizado na própria Universidade Paulista, os outros


experimentos em razão da pandemia do Covid-19 foram realizados através de aula online, -
pela professora da disciplina - uma vez que as aulas presenciais tiveram de ser suspensas pela
saúde e proteção dos alunos.

2.1 Nível Operante

No nível operante o Sniffy não é programado a nenhuma consequência, houve apenas


observação e anotação dos seus comportamentos, que consistia em anotar cada
comportamento observado, que tivesse sido emitido pelo Sniffy durante 15 minutos
(cronometrado).

Os comportamentos destinados a observar eram: (F) Farejar - cheirar o ambiente; (A)


Andar – mover-se apoiado nas quatro patas em qualquer direção; (C) Coçar – coçar qualquer
parte do corpo com a língua, dentes ou patas; (L) Levantar – Permanecer sobre as duas patas
traseiras; (P) Parar – ficar parado por mais de 2 segundos em qualquer parte da caixa; (V)
Virar – dar um giro de 180 graus sobre o próprio corpo; (PB) Pressionar a Barra – Erguer-se
nas patas traseiras e pressionar a barra e (B) Beber água – lamber o bico do bebedouro.

Após o registro de todos os comportamentos emitidos pelo Sniffy, foi necessário


analisar os dados, calculando a frequência dos comportamentos observados minuto a minuto.
Feito a análise dos dados e obtendo a taxa de frequência de cada comportamento, o próximo
passo foi passar esses dados obtidos e calculados ao gráfico em barras. Registrando assim, os
comportamentos realizados pelo rato durante o nível operante.

2.2 Treino ao Comedouro


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Neste processo do experimento, inicia-se a exploração do Sniffy na caixa. Para


começar o treinamento, é necessário pressionar a barra para a liberação de comida, que ao ser
pressionada aciona-se o som, fazendo com que o Sniffy faça a associação entre a comida
liberada e o som produzido. Dessa forma, ele vai adquirir a característica de estímulo
reforçador condicionado.

O passo a passo desse experimento consiste em: esperar o Sniffy se aproximar do


comedouro para então, efetuar o pressionamento da barra (liberando a comida), e aguardar o
Sniffy comer, ao fim da ação, pressionar novamente a barra para que libere mais comida.
Fazer esse procedimento sucessivas vezes.

Após receber várias pelotas de comida (entre 10 a 15 pelotas), aguardar o Sniffy se


distanciar do comedouro antes de fornecer mais comida. O Sniffy estará treinado quando
independente do lugar que ele estiver na caixa, assim que ouvir o som, voltar imediatamente
ao comedouro.

2.3 Modelagem

Ao chegar nesse estágio, haverá uma modelação de habilidades complexas feitas pelo
Sniffy. A modelação nesse experimento constitui em fazer o próprio Sniffy pressionar a barra.
A técnica utilizada será de aproximações sucessivas, onde toda vez que o organismo realizar o
comportamento desejado ou aproximar-se do mesmo, ele é reforçado com uma pelota de
comida.

O procedimento funciona da seguinte maneira: acionar o comedouro e esperar que o


Sniffy se aproxime para comer a comida. Aplicando a técnica de aproximações sucessivas
reforçaremos os comportamentos de: ficar em pé em qualquer lugar da caixa, ficar em pé na
parede do fundo da caixa, ficar em pé próximo a barra, até que ele pressione a barra sozinho.
Para que se tenha eficiência no reforçamento, é fundamental que o reforço seja realizado
imediatamente após o comportamento específico trabalhado.

É importante que não deixe de reforçar o Sniffy por mais de um minuto, pois isso
acarretará na eficiência do reforço, fazendo com que o animal volte ao nível anterior. O treino
finalizará, quando a barra ‘’Bar Sound’’ da janela ‘’Operant Association’’ atingir o seu nível
máximo.
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2.4 Reforçamento Contínuo

No reforçamento contínuo, todo comportamento desejado emitido segue-se de um


reforço estimulante, ou seja, cada vez que o Sniffy emitir o comportamento de pressionar a
barra, receberá comida. Dessa maneira, estabelece-se uma forma rápida do comportamento
esperado.

O processo feito no reforçamento contínuo aproxima-se do primeiro nível apresentado


– nível operante – consistirá em uma observação de 15 minutos cronometrado, registrando
todos os comportamentos emitidos pelo Sniffy – pressionar a barra, andar, virar, levantar,
parar, coçar, farejar e beber água (comer) - minuto a minuto.

Da mesma forma, realizará uma tabela com a frequência com que cada
comportamento foi emitido, para calcular a taxa de frequência de cada resposta, e passar para
o gráfico todos os dados analisados e obtidos tanto no presente nível (reforçamento contínuo)
quanto no nível operante, para que as taxas de respostas sejam comparadas.

2.5 Extinção do Reforçamento Contínuo

Nessa fase do experimento o Sniffy já aprendeu que ao pressionar a barra ele obtém a
comida. Porém, o que aconteceria se esse comportamento não fosse mais reforçado? Com
isso, chegamos a última fase do experimento: Extinção do Reforçamento Contínuo. No
processo de Extinção, ocorre as mudanças comportamentais em decorrência do não
reforçamento. Aqui, o reforçamento não está mais presente, por isso, quando o Sniffy
pressionar a barra ele não ganhará comida. Ocorrendo assim, a extinção do comportamento
condicionado.

Será necessário registrar aqui todos os comportamentos emitidos pelo Sniffy – Coçar,
farejar, andar, levantar, parar, virar, beber água e pressionar a barra – para que seja efetuado
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os cálculos referentes a taxa de frequência do comportamento. Mais tarde, servirá para a


comparação entre os gráficos do nível operante e reforçamento contínuo.

Como consequência do Sniffy não mais ser reforçado, o número de pressões que ele
fará a barra diminuíra fortemente. Uma característica marcante desse processo de extinção é o
aumento inicial exponencial do comportamento de pressionar a barra do Sniffy, assim que
percebe que não está mais recebendo comida. O experimento termina, quando o Sniffy passar
cinco minutos consecutivos pressionando a barra não mais que duas vezes.

3 RESULTADOS

Os gráficos efetuados pelo nível operante e reforçamento contínuo foram dispostos


para que houvesse comparação entre os dados coletados, a fim de que possa observar as
características marcantes de cada estágio do experimento.

TAXA RESPOSTA NÍVEL OP-


ERANTE
TAXA RESPOSTA
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
0.00%
Farejar Andar Coçar Levantar Para Virar Pressão Beber
Barra

Gráfico 1. Taxa de resposta: Nível Operante


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No gráfico 1 obtemos a taxa de frequência do nível operante. Podemos observar que


os comportamentos de farejar (6,07%), andar (10,87%), coçar (8,67%), levantar (5,07%),
parar (3,80%) e virar (3,33%) tem uma frequência alta, se comparada com a frequência com
que o Sniffy pressionou a barra (0,20%) e bebeu (0%).

Comparação Nível Operante x


Reforçamento Contínuo
NO RC
14

12

10

0
Pressionar a Farejar Coçar Andar Virar Parar Levantar
Barra

Gráfico 2 – Taxa de resposta: Nível Operante x Reforçamento Contínuo

No gráfico 2 vemos a comparação feita entre o nível operante e o reforçamento


contínuo. Nessa comparação vemos a diferença entre os dois:

Farejar: NO (6,07%) x RC (2,6%)

Coçar: NO (8,67%) x RC (2,5%)

Andar: NO (10,87%) x RC (8%)

Virar: NO (3,33%) x RC (6,3%)

Parar: NO (3,8%) x RC (1,4%)

Levantar: NO (5,07%) x RC (2,5%)


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Pressionar a Barra: NO (0,2%) x NC (12,9%)

Percebemos um salto no comportamento de pressionar a barra, e isso se explica pelo


fato de que no nível operante o Sniffy não está condicionado, por isso os outros
comportamentos (andar, farejar, coçar, virar, parar, levantar) aparecem numa frequência
maior que o comportamento de pressionar a barra.

Já no reforçamento contínuo o Sniffy está condicionado a pressionar a barra, uma vez


que fez a associação entre pressionar a barra e obter comida. Apesar dos outros
comportamentos aparecerem com uma frequência alta, pressionar a barra é o comportamento
que o Sniffy mais realiza, com 12,9% na taxa de frequência.

4 DISCUSSÃO

Como esperado, o Sniffy teve uma alta taxa de frequência no comportamento de


pressionar a barra no reforçamento contínuo, uma vez que nesse processo ele é condicionado
a pressionar a barra pois associou esse comportamento ao reforço de ganhar comida. Em
comparação com o nível operante – onde o Sniffy não estava condicionado – a taxa de
frequência foi mais alta nos comportamentos de farejar, andar, coçar, levantar, parar,
enquanto que obteve uma baixa frequência de pressionar a barra.

Embora não temos tido todos os níveis experimentais em aulas presenciais, não
deixamos de verificar todos os estágios de condicionamento do Sniffy. Por meio de aula
online ministrada pela professora da disciplina foi disponibilizado todos os experimentos,
além de podermos baixar o programa no computador para uma melhor observação das fases
do condicionamento.

Em suma, é experimentalmente verificável os conceitos da Análise do


Comportamento, como Reforços, Modelagem, Extinção, Comportamento e Condicionamento.
Através dos experimentos feitos com o programa virtual do Sniffy, aplicamos a teoria
estudada em sala de aula na prática. Um organismo pode ser condicionado a emitir um
determinado comportamento em função de suas consequências.
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REFERÊNCIAS

FELDMAN, R. S. Introdução à psicologia. Tradução: Daniel Bueno, Sandra Maria


Mallmann da Rosa; revisão técnica: Maria Lucia Tiellet Nunes. 10° ed. Porto Alegre:
AMGH, 2015. (Cap 5)

MOREIRA, M. B., MEDEIROS, C. A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento.


Porto Alegre: Artmed, 2007. (Cap 2 – 7)

SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. Tradução João Carlos Todorov,


Rodolfo Azzi. 11° ed São Paulo: Martins Fontes, 2003. Coleção Biblioteca Universal (Cap 3,
p 47-80)

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