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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE MACEIÓ/AL.

NAILZA SOUZA SILVA, viúva, auxiliar de serviços gerais, inscrita no


CPF sob o n° 828.001.204-44 e RG sob o n° 1173635 SEDS/AL, tendo como
endereço eletrônico: nailzasouzasilva@gmail.com, residente e domiciliada à
Av. Cruzeiro do Sul, 254 – Vergel do Lago – CEP: 57015-265 – Maceió/AL,
neste ato representada por seu advogado que abaixo subscreve, conforme
procuração anexa, vem a presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO DE


TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS

Em face da CEF – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, empresa pública,


inscrita no CNPJ sob o n° 00.360.305/0001-04, com sede à ST Bancário Sul,
Quadra 4, n° 34, Bloco A – Asa Sul – Brasilia/DF – CEP: 70.092-900, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I – DOS FATOS

A Demandante estava passando por uma situação complicada em


relação as suas dívidas, decidiu então iniciar as tratativas para resolver todas
as pendências financeiras, uma vez que estava planejando adquirir um imóvel
através de um financiamento.

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Telefone: (82) 9.9625-4266
Ao consultar o aplicativo da SERASA, observou que existia uma dívida
junto a CEF de um antigo cartão de crédito que havia contratado muitos anos
antes.

Visando livra-se da dívida e melhorar o seu score, no dia 02/09/2020


decidiu-se até a CEF do Centro de Maceió e fechou um acordo para realizar o
pagamento de R$ 2.741,86 em 11 (onze) vezes de R$ 249,26, com vencimento
para todo dia 02 dos meses subsequentes.

No ato do acordo, o agente da CEF informou que a partir do pagamento


da primeira parcela, seria retirado o seu nome do SERASA no prazo máximo
de 05 (cinco), o que de fato aconteceu.

Assim, honrou com sua palavra e realizou os pagamentos até a parcela


do mês de abril de 2021, comprovantes anexos, sendo que a partir do mês
de maio do mesmo ano, começaram a surgir diversos problemas e
constrangimentos, conforme será demonstrado a seguir.

Ao tentar realizar o pagamento da parcela do dia 02/05/2021, a mesma


percebeu que ainda estavam cobrando o pagamento da parcela do mês
anterior, contudo, já havia sido pago, conforme comprovante anexo.

De pronto, entrou em contato através do whatsapp da caixa para tentar


resolver este problema, porém só conseguiu obter mais dores de cabeça, pois
os atendentes sempre informavam que não conseguiam resolver, além de não
dar o mínimo de valor a Demandante, conforme observa-se a partir dos
screenshots das conversas, anexos a presente lide.

Não bastasse a dificuldade que a Demandante teve em todas as vezes


em que tentou entrar em contato com a CEF através do whatsapp, conforme se
observa a partir das imagens em anexo, e o pior, sem consegui uma solução
para o seu problema.

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Por conseguinte, observando que não iria consegui resolver o problema
através do whats, por diversas vezes dirigiu-se até a agência física da CEF e
em todas elas, mesmo informando que não estava conseguindo resolver
através do 0800 ou pelo whatsapp, era passado a informação que “para este
tipo de atendimento, deveria ser realizado contato através do whats ou pelo
0800”.

Neste sentido, como viu que sairia prejudicada da situação, no dia


09/07/2021 decidiu procurar o PROCON e a audiência ficou marcada para o
dia 04/08/2021, conforme documento anexo.

No dia aprazado, as partes compareceram ao PROCON e o preposto da


CEF informou que a mesma deveria procurar os seus direitos na justiça, pois
não havia possibilidade de nenhum tipo de acordo.

Pouco tempo após a saída da audiência, o preposto voltou atrás e


entrou em contato com a Demandante através de telefonema, propondo um
acordo para quitação da dívida no valor de R$ 592,19 (quinhentos e noventa e
dois reais e dezenove centavos), para pagamento à vista até o dia 19/08/2021,
concluindo que seu nome sairia do SERASA novamente em até 05 (cinco) dias,
O QUE NÃO OCORREU.

A Demandante realizou o pagamento no dia 06/08/2021 e acreditou que


a dívida se livraria da dívida até o dia 13/08/2021, contudo, tal promessa não
foi cumprida pela CEF e a dívida continua existindo em seu nome até a
presente data.

Desta forma, não viu alternativa, senão a de ajuizar a presente ação,


para que o seu nome seja retirado IMEDIATAMENTE do cadastro dos maus
pagadores e que seja ressarcida por todo transtorno/constrangimento que
passou.

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II – DA TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA

Conforme se extrai dos Arts. 311 e seguintes do Código de Processo


Civil, a Tutela Provisória de Evidência será concedida independentemente da
demonstração do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Continua discorrendo em seu inciso IV que será concedida se:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida,


independentemente da demonstração de perigo de
dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:

IV - a petição inicial for instruída com prova


documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz
de gerar dúvida razoável.

[in verbis]

Logo, mostra-se suficientemente comprovado os fatos constitutivos do


direito da Demandante, uma vez que foi formalizado o acordo entre as partes,
tendo a mesma efetuado o pagamento e mesmo assim o seu nome não foi
retirado do SERASA.

Desta forma, requer que seja concedida a TUTELA PROVISÓRIA DE


EVIDÊNCIA para que seja determinada a IMEDIATA RETIRADA DO NOME
DA DEMANDANTE DOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, SOB
PENA DE MULTA DIÁRIA A SER ARBITRADA POR ESTE JUÍZO.

III – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

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Conforme se extrai do inciso VIII do Art. 6° da lei 8.078/90, deve ser
facilitada a defesa do consumidor quando for comprovada a sua
hipossuficiência e a verossimilhança nas alegações, senão vejamos:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,


inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

[in verbis]

Neste sentido, a hipossuficiência é clarividente, uma vez que a


Demandante não tem recursos suficientes para produzir provas robustas contra
a Demandada, pois esta última é uma instituição financeira de grande porte.

Outrossim, a verossimilhança nas alegações da Demandante, está no


fato de que a mesma honrou com sua palavra desde a primeira negociação,
efetuando também o pagamento do último acordo, quando teve que passar por
todos os acontecimentos narrados.

Desta forma, resta comprovado os requisitos para que seja concedida a


inversão do ônus da prova, devendo a Demandada ser compelida a juntar aos
autos o MOTIVO PELO QUAL NÃO RETIROU O NOME DA DEMANDANTE
DO SERASA.

IV – DO DIREITO

Inicialmente, é incontestável o direito ora pleiteado, uma vez que o


entendimento já consolidado na corte superior no Ag 1.379.761, senão
vejamos:

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE
CIVIL.INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DÍVIDA ORIUNDADE
LANÇAMENTO DE ENCARGOS EM CONTA
CORRENTE INATIVA. DANO MORAL.VALOR DA
CONDENAÇÃO. 1. Inviável rever a conclusão a
que chegou o Tribunal a quo, a respeito da
existência de dano moral indenizável, em face do
óbice da Súmula 7/STJ. 2. É consolidado nesta
Corte Superior de Justiça o entendimento deque
a inscrição ou a manutenção indevida em
cadastro de inadimplentes gera, por si só, o
dever de indenizar e constitui dano moral in re
ipsa, ou seja, dano vinculado a própria existência
do fato ilícito, cujos resultados são presumidos.
3. A quantia fixada não se revela excessiva,
considerando-se os parâmetros adotados por
este Tribunal Superior em casos de indenização
decorrente de inscrição indevida em órgãos de
proteção ao crédito. Precedentes. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. (STJ – Ag
Rg no Ag: 1379761 SP 2011/0004318-8, Relator:
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 26/04/2011, T4 - QUARTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 02/05/2011).

[in verbis]

Outrossim, no próprio rol de direitos básicos do consumidor, em seu Art.


6°, inciso VI, garante a efetiva PREVENÇÃO e REPARAÇÃO pelos danos que
vierem a suportar, sejam eles patrimoniais ou morais, senão vejamos:

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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;

[in verbis]

Neste sentido, como não houve a efetiva prevenção para que o dano
não viesse a acontecer, deve-se, portanto, reparar todo transtorno que foi
causado a Demandante.

Adentrando-se agora no valor a ser fixado a título de quantum


indenizatório, deve ser levado em consideração tudo o que a consumidora veio
a suportar por conta da falha na prestação dos serviços da Demandada.

Conforme narrado, a Consumidora foi tratada com desdenho pelos


atendentes da Demandada, pois não aguardavam sequer a consumidora
concluir a sua solicitação e já encerravam o atendimento, conforme observa-se
a partir dos prints das conversas, senão vejamos:

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Ademais, por diversas vezes a Demandante teve que se dirigi até a
agência física da Demandada em meio a uma crise de saúde pública
causada pela COVID-19, correndo risco de vida, e como se não bastasse,
não conseguia resolver o seu problema.

Diante disso, considerando toda essa situação vexatória/constrangedora


e correndo perigo de ser contaminada pelo vírus da COVID-19 e levando-se
em consideração o porte econômico da Demandada, o quantum a ser
indenizado deve ser fixado em valor não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil
reais).

A Jurisprudência pátria é uníssona quanto a este entendimento, senão


vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
C/C CANCELAMENTO DE DÉBITO. INSCRIÇÃO
INDEVIDA. DANO MORAL CARACTERIZADO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. MAJORADO. Na
linha dos precedentes desta Corte e do STJ, a
inscrição indevida do nome do consumidor em
cadastros de inadimplentes enseja o dano moral
“in re ipsa”. A quantificação da indenização deve
levar em conta o caráter repressivo e educativo;
o tempo de duração da ilicitude; a situação
econômico/financeira do ofensor e do ofendido;
a repercussão do fato ilícito na vida do ofendido;
a existência de pedido administrativo do
ofendido ao ofensor para a regularização; o
atendimento do pedido administrativo formulado
pelo ofendido; dentre outros. Verba indenizatória
majorada para se adequar aos precedentes da
Câmara. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.

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Telefone: (82) 9.9625-4266
UNÂNIME (TJ-RS - AC: 50005243420198210082
RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Data de
Julgamento: 27/05/2021, Sexta Câmara Cível,
Data de Publicação: 27/05/2021).

[in verbis]

Tal quantia mostra-se razoável, observando-se a tríplice função da


indenização pelo dano moral, quais sejam: 1 – Compensatória (reparando
todos os constrangimentos que a consumidora suportou); 2 –
Punitiva/sancionatória (punindo o agente causador do dano, mostrando que o
ato praticado não é tolerado pela justiça); 3 – Preventiva (visando prevenir que
o agente causador do dano não volte a praticar o ato ilícito novamente).

Desta forma, por ser medida de justiça, requer que todos os pedidos
sejam julgados procedentes.

V – DOS PEDIDOS

Por todo exposto, requer:

a) A concessão da TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA, devendo ser


determinada a IMEDIATA RETIRADA DO NOME DA DEMANDANTE
DO SERASA, sob pena de multa diária não inferior a R$ 500,00
(quinhentos reais);
b) A concessão da INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, compelindo a
Demandada a juntar aos autos o motivo pelo qual não procedeu com a
retirada do nome da Demandante do SERASA;
c) A condenação da parte contrária ao pagamento de indenização por
danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), devidamente
corrigido e atualizado monetariamente;
d) A condenação das custas e honorários advocatícios em caso de
recursos.

E-mail: Advmarquesal@gmail.com
Telefone: (82) 9.9625-4266
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que,

Pede deferimento,

Maceió, 30 de agosto de 2021.

CIRO MARQUES SILVA JUNIOR


OAB/AL 18.374

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