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RESUMO: O artigo faz uma abordagem a aspectos concernentes à didática pela qual os
educadores fazem uso ao transmitir os conhecimentos em sala de aula. Questionamentos sobre
quais as metodologias corretas para levar uma educação de qualidade são discutidos. Sabe-se
que para que a educação aconteça como um todo se faz necessário que o educador se coloque
como facilitador, nesse contexto é importante analisar as habilidades que os educadores
necessitam para serem profissionais eficientes. Pensar acerca das metodologias aplicadas em
sala de aula, no intuito de constatar a semelhança de como os conteúdos são compreendidos
pelos alunos é extremamente importante na vida de todo profissional, assim, usar metodologias
de ensino que tragam o educando para o contexto social, por meio de diálogo aberto tornará as
aulas produtivas e inovadoras. Levar momentos de alegria para os alunos enquanto ensinamos
deve ser uma prioridade, mas deve se considerar e saber separar os momentos para que estas
não atrapalhem a aquisição de conhecimentos por parte dos educandos.
1
Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (UFPA)
² Graduado em Bacharel e Licenciatura em Enfermagem (FACIMED). alvaroragadali@hotmail.com
³ Mestranda em Farmácia (UNIAN)
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INTRODUÇÃO
A educação pode ser compreendida como um dos direitos sociais fundamentais para
a conquista da cidadania, por vários motivos, mas talvez, o mais importante seja a
constatação de que o acesso à educação é, muitas vezes, condição para o acesso a
outros direitos sociais, civis e políticos (BRUEL, 2011, p.104).
A educação tende a ser entendida como um processo que foi sendo modificado
historicamente, se transformando com as inovações e tendências. Abreu (2011) ressalta que,
em nosso país a escola tem como principal função modificar as atitudes da sociedade, formar
opiniões no campo teórico, ético e filosófico considerando o meio no qual o ser humano está
inserido, este fato aumenta as exigências por parte dos educadores, pois “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”
(FREIRE, 1996, p. 47).
Uma vez que a escola visa levar cidadania, os educandos terão a oportunidade de se
apossar de conhecimentos, entretanto, devemos nos assegurar que esta instituição promova a
inclusão de modo a “ampliar a oferta, garantindo qualidade educacional para não perder outra
especificidade” (ABREU 2011, p. 13) que se constitui na transmissão de saberes sistematizados
para que a escola seja considerada um espaço social e responsável pela apropriação dos
conhecimentos, como afirma Saviani (1997).
Assim, a escola deve oportunizar e possibilitar a todos uma boa convivência. Como
afirma o texto do Módulo I do Pró gestão:
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O artigo traz considerações acerca da importância da prática docente, uma vez que aos
educadores cabe a função de levar o aprendizado de um modo especial observando que a
metodologia utilizada no processo de transmitir o conhecimento faz toda a diferença. O
primeiro tópico faz considerações necessárias sobre didática e prática docente conceituando e
exemplificando esta questão a partir de teóricos renomados, o desafio do educador do século
XXI é o segundo assunto, uma vez que vivemos em meio às transformações tecnológicas e
sociais, levar o conhecimento aos alunos nos dias de hoje não se configura em uma tarefa fácil,
desse modo, o tema traz considerações significativas que auxiliará no exercício enquanto
docente do ensino superior. Buscando a alegria a partir da criatividade em sala de aula é o
último tópico, este enfatiza que enquanto educadores temos que ministrar nossas aulas tendo a
criatividade como ponto de partida, pois os alunos assimilarão melhor os conteúdos se forem
transmitidos com alegria, é importante ressaltar que este tem sido um dos maiores desafios da
atualidade.
Assim, espera-se que o trabalho possa contribuir para a melhoria da prática docente
docentes do ensino superior uma vez que aos educadores recai a difícil tarefa de formar cidadãos
aptos para ingressarem na sociedade que atualmente é exigente e competitiva.
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Saber identificar, avaliar e valorizar suas possibilidades, seus direitos, seus limites e
suas necessidades; saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias,
individualmente ou em grupo; saber analisar situações, relações e campos de força
sistêmica; saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e
partilhar liderança; saber construir e estimular organizações e sistemas de ação
coletiva do tipo democrático; saber gerenciar e superar conflitos; saber conviver com
regras, servir-se delas e elaboradas; saber construir normas negociadas de convivência
que superem as diferenças culturais. Em cada uma dessas categorias, é preciso ainda,
especificar, concretamente, os grupos de situações. Por exemplo: saber desenvolver
estratégias para manter o emprego em situações de reestruturação de uma empresa. A
formulação de competências afasta-se, então, das abstrações ideológicas neutras. De
pronto, a unanimidade está ameaçada, e reaparece a ideia de que os objetivos da
escolaridade dependem de uma escolha da sociedade (FEGHERAZZI, 2002, p. 53).
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Pesquisas realizadas por Abreu (1996), Carrasco e Baignol (1993), Jesus (1996),
afirmam que os professores podem utilizar várias estratégias para motivar os alunos nas tarefas
escolares, pois a partir dessa motivação os alunos terão possibilidades de se desenvolver
melhor, e nesta perspectiva temos que considerar o educando como:
E ainda que o ato de “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção […] ensinar inexiste sem aprender”
(FREIRE, 1996, p. 22-23). Os educadores devem oportunizar aos alunos momentos onde eles
possam desenvolver a criatividade, interpretar e aprender o sentido e o prazer associado à
compreensão clara do conteúdo ensinado, desse modo:
Outro aspecto que deve ser considerado pelo educador é que “[...] por meio do conflito
das diferenças, cada participante se reconhece dolorosamente, descobrindo as sementes que os
une na construção desse todo, do nós, do grupo” (FREIRE, 2008, p. 111), assim, o educador
deve propiciar momentos em que os educandos tenham possibilidade de se conhecer, para estes
momentos, os trabalhos em grupo são fundamentais.
Existe grande complexidade em meio ao processo educativo, para tanto, faz-se
necessário reconhecer que a prática pedagógica tem sua “justificação em parâmetros
institucionais, organizativos, tradições metodológica, possibilidades reais dos professores, dos
meios e condições físicas existentes” (ZABALLA, 1998, p. 16). O relacionamento do professor
com os alunos é pautado por respeito, dedicação e amizade, no decorrer das aulas, o educador
deve ser dinâmico, e este dinamismo não deve reduzir-se apenas aos momentos nos quais
concretiza as intervenções pedagógicas, ao ministrar suas aulas deve se orientar de
determinações se posicionando e modelando o seu fazer para que seu profissionalismo venha à
tona.
A autonomia deve se fazer presente e também o discernimento deve perpetuar, pois não
basta apenas “ter conhecimentos técnicos padronizados, cujos modos operatórios são
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Ao nos depararmos com uma sala de aula, fatos como: excesso de conversas, falta de
entrosamento, atenção, envolvimento, desrespeito, muitas vezes são fatos comuns acontecem
geralmente ao mesmo tempo em que o educador ministra as aulas, de acordo com Caldas e
Hubner (2000), o interesse e o prazer em adquirir conhecimentos diminuem consideravelmente
ao tempo que os adolescentes avançam a idade escolar.
Para que esse quadro possa ser mudado, é importante ter consciência de que a alegria
nas instituições escolares não pode estar unida a espontaneidade ou a satisfazer as vontades dos
alunos, esse comportamento poderá comprometer o trabalho do educador. Snyders (1988)
reconhece que é fundamental que o educador tenha métodos agradáveis e que as relações com
seus alunos sejam amigáveis, faz-se necessário que haja uma renovação dos conteúdos de
acordo com a cultura na qual o educando está inserido, pois esta será fonte de alegria, o autor
saliente ainda que pelo fato da escolaridade propiciar satisfação aos alunos, os interesses dos
mesmos não devem ser deixados de lado, é importante destacar que pesquisadores brasileiros
como Gadotti (1998), Freire (2004) e Padilha (2003) fazem menção à teoria de Snyders (1988),
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ao discutir que as instituições escolares devem ser locais onde a alegria perdure.
Freire (2004) assegura que a alegria tende a ser uma das qualidades imprescindíveis e
que necessita ser debatida e instituída no contexto político pedagógico, pois tais práticas não se
concretizam apenas a partir de ciências e técnicas.
É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade,
respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura
ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos,
identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-
progressista (FREIRE, 2004, p. 120).
A vida não é uma festa permanente. As festas acontecem de vez em quando, o que
existe mais é o trabalho, o ser humano tem toda sorte de preocupações,
responsabilidades, assim vivem todos os que trabalham. E numa vida assim há mais
alegria e sentido do que na tua festa. [...] o labor e a vida de trabalho também são
alegrias (MAKARENKO, 1986, p. 215).
Gadotti (2000) discorre sobre a exigência que a sociedade faz as instituições escolares,
pois passamos a maioria do tempo estudando, desse modo, o autor sugere que a felicidade nas
escolas não seja apenas “uma questão de opção metodológica ou ideológica, mas sim uma
obrigação essencial dela” (GADOTTI, 2000, p. 9).
As instituições escolares se configuram em espaços transmissores de princípios, valores
e também de padrões de comportamentos onde se espera uma mudança visando inserir os
indivíduos na sociedade, nesta perspectiva o educador deve ser criativo e emergir em seu
cotidiano e também nas relações interpessoais em seu fazer pedagógico, buscando novas
alternativas para superar os desafios que são impostos no decorrer do seu trabalho.
Os educadores são referências para os educandos, assim, cabem a eles propor recursos
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[...] é preciso que o aprendiz possa viver outras experiências, faça várias combinações
e conexões entre elas, para que se constitua um sujeito capaz de aprender utilizando
suas possibilidades imitativas e criativas, capaz de representá-las através de várias
linguagens e capaz de compreender, também, através de várias linguagens, a
experiência e a vivência do outro, para incorporá-las à sua quando se sentir fascinado
por ela (BARBOSA, 2006, p.19).
Faz-se necessário uma reflexão acerca dos espaços onde a educação será transmitida,
pois este fator compartilha os sentimentos e também os temores dos estudantes, onde seja
possível compreender que:
[...] a criatividade se socializa; deixa de ser um dom, uma capacidade pessoal para se
converter em um bem social, uma riqueza coletiva. [...] a criatividade está em saber
utilizar a informação disponível, em tomar decisões, em ir mais além do que foi
aprendido, sobretudo, em saber aproveitar qualquer estímulo do meio para gerar
alternativas na solução de problemas e na busca de qualidade de vida (ANTUNES,
2002, p. 22).
Toore (2005) assinala ainda que os educadores devem ser criativos e esta deve fazer
parte do seu desenvolvimento, pois os aspectos psicológicos nos acompanham por toda nossa
existência, nesta perspectiva o autor ressalta que:
Embora em todo ser humano tenha potencial para gerar novas ideias, em algumas
pessoas, esta qualidade se destaca por cima de outras, como a inteligência, a
sociabilidade, a percepção, a comunicabilidade, a concentração, a empatia, a memória
e outras, que podem ser aumentadas mediante a prática ou a educação (TORRE, 2005,
p. 29).
Assim, é válido destacar que há necessidade que os educadores sejam criativos, pois
assim haverá possibilidade de ministrar aulas a partir do domínio dos conteúdos e ter uma
metodologia diversificada com capacidade de alcançar a todos sem distinção, na concordância
com Tardif (2002), quando afirma a importância do educador avaliar seus saberes e as suas
práticas profissionais de ensino.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que os seres humanos necessitam interagir e conviver com outras pessoas, esta
convivência deve ser harmoniosa para tanto, se faz necessário nos apropriarmos de saberes para
que possamos nos construir como sujeitos do conhecimento e tal processo só se realizará por
meio de uma educação com qualidade, assim, cabe aos educadores enquanto transmissores do
saber, devem estar preparados para levar este conhecimento partindo de metodologias
diversificadas e estratégias adequadas.
Sendo as escolas instituições voltadas a formação e transmissão de saberes, no intuito
de garantir e atualizar a sociedade historicamente, culturalmente e socialmente, a educação deve
ser uma ação especificamente humana e deve se manifestar transformando comportamentos,
pois o homem se transforma à medida que se relaciona com os demais, nesse sentido os
procedimentos de educação devem gerar contínuas mudanças.
Para que os educandos possam se apropriar do conhecimento é importante que os
educadores tenham competência, compromisso e muita responsabilidade mediante o cotidiano
escolar, ou seja, em suas práticas pedagógicas, pois neste século o educador se depara a cada
dia com um novo desafio. Neste contexto, o compromisso de ministrar aulas criativas recai
sobre o educador, uma vez que a educação deve ser contínua e se constituir em meio a uma
sociedade desafiadora, assim, visando garantir os objetivos educacionais as aulas devem ser
atrativas aos alunos e mobilizar ao aprendizado.
Diante do exposto, espera-se que a educação alcance a todos os alunos e que os
educadores trabalhem com alegria usando e abusando da criatividade para que se possa garantir
qualidade no atendimento escolar.
REFERÊNCIAS
PADILHA, P. R. Uma escola mais bela, alegre e prazerosa. In: GADOTTI, M.; GOMEZ, M.;
FREIRE, L. Lecciones de Paulo Freire, cruzando fronteras: experiencias que se completan.
2003.
Parâmetros curriculares nacionais (PCN): terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas
transversais. Secretaria de Educação Fundamental, Ministério da Educação e do Desporto,
Brasília, DF, 1998.
PENIN, S. T. S.; VIEIRA S. L.; MACHADO M. A. M. l. Pro gestão: como articular a função
social da escola com as especificidades e as demandas da comunidade? Brasília: Consed,
2001.
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ZABALLA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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