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Revista Saberes, Faculdade São Paulo – FSP, 2015


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Os Desafios dos Educadores do Século XXI: Ensinar Com Alegria


e Criatividade

Lucimeire Vieira Rigonato da Silva Mel²


Déborah Pereira Danelussi1
Alvaro Ragadali Filho²
Janaina Teodósio Travassos Loose³
Quesia da Silva dos Anjos²

RESUMO: O artigo faz uma abordagem a aspectos concernentes à didática pela qual os
educadores fazem uso ao transmitir os conhecimentos em sala de aula. Questionamentos sobre
quais as metodologias corretas para levar uma educação de qualidade são discutidos. Sabe-se
que para que a educação aconteça como um todo se faz necessário que o educador se coloque
como facilitador, nesse contexto é importante analisar as habilidades que os educadores
necessitam para serem profissionais eficientes. Pensar acerca das metodologias aplicadas em
sala de aula, no intuito de constatar a semelhança de como os conteúdos são compreendidos
pelos alunos é extremamente importante na vida de todo profissional, assim, usar metodologias
de ensino que tragam o educando para o contexto social, por meio de diálogo aberto tornará as
aulas produtivas e inovadoras. Levar momentos de alegria para os alunos enquanto ensinamos
deve ser uma prioridade, mas deve se considerar e saber separar os momentos para que estas
não atrapalhem a aquisição de conhecimentos por parte dos educandos.

PALAVRAS-CHAVE: Metodologias diversificadas. Educação. Qualidade. Algeria.

Challenges of the XXI Century Educators: Teaching With Joy and


Creativity
ABSTRACT: This article presents an approach to aspects relating to teachingin which educator sareusing
to transmit the know ledgein the classroom. Questions about what the correct methods to bring a quality
education are discussed. It is known that for education to happen as a wholeit is necessary to place the
educatoras a facilitator in this context is important to analyzethe skills that educators need to be efficient
professionals. Think about the methodologies use din the classroom in order to verify he similarity of how
the contents are understood by the studentsis extremely important in the life ofevery professional;
therefore, to use teaching methods that bringthe student to the social context, through open dialogue will
make classes productive and innovative.Taking moments of joy for the students while we teachs hould be
a priority, but should consider and know how to separate the moments that would other wisehinder the
acquisition of know ledgeby the students.

KEYWORDS: Diverse Methodologies. Education. Quality. Joy

1
Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (UFPA)
² Graduado em Bacharel e Licenciatura em Enfermagem (FACIMED). alvaroragadali@hotmail.com
³ Mestranda em Farmácia (UNIAN)
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Os Desafios dos Educadores do Século XXI
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INTRODUÇÃO

Sabe-se que a educação é um direito de todos e um dever do Estado, é um aparato legal


que deve ser consolidado em todos os aspectos para a formação de uma sociedade justa. Este
dispositivo é afirmado na Constituição Federal de 1988, entretanto, faz-se necessário refletir
acerca da Educação para requerer sua efetivação em nossa realidade.

A educação pode ser compreendida como um dos direitos sociais fundamentais para
a conquista da cidadania, por vários motivos, mas talvez, o mais importante seja a
constatação de que o acesso à educação é, muitas vezes, condição para o acesso a
outros direitos sociais, civis e políticos (BRUEL, 2011, p.104).

A educação tende a ser entendida como um processo que foi sendo modificado
historicamente, se transformando com as inovações e tendências. Abreu (2011) ressalta que,
em nosso país a escola tem como principal função modificar as atitudes da sociedade, formar
opiniões no campo teórico, ético e filosófico considerando o meio no qual o ser humano está
inserido, este fato aumenta as exigências por parte dos educadores, pois “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”
(FREIRE, 1996, p. 47).
Uma vez que a escola visa levar cidadania, os educandos terão a oportunidade de se
apossar de conhecimentos, entretanto, devemos nos assegurar que esta instituição promova a
inclusão de modo a “ampliar a oferta, garantindo qualidade educacional para não perder outra
especificidade” (ABREU 2011, p. 13) que se constitui na transmissão de saberes sistematizados
para que a escola seja considerada um espaço social e responsável pela apropriação dos
conhecimentos, como afirma Saviani (1997).
Assim, a escola deve oportunizar e possibilitar a todos uma boa convivência. Como
afirma o texto do Módulo I do Pró gestão:

As melhores e mais conceituadas escolas pertenciam à rede particular, atendendo um


grupo elitizado, enquanto a grande maioria teria que lutar para conseguir uma vaga
em escolas públicas com estrutura física e pedagógica deficientes (PENIN, 2001, p.
23).

Ao educador compete promover e favorecer aprendizado aos alunos, atuar como um


facilitador da aprendizagem fazendo com que os alunos se tornem sujeitos pensantes. Nas mãos
dos educadores se encontram uma responsabilidade muito grande, pois ele é um espelho para
os alunos, deve ajudá-los a superar as ignorâncias e esta se dará partindo de uma prática docente
voltada para o aprendizado significativo.

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O artigo traz considerações acerca da importância da prática docente, uma vez que aos
educadores cabe a função de levar o aprendizado de um modo especial observando que a
metodologia utilizada no processo de transmitir o conhecimento faz toda a diferença. O
primeiro tópico faz considerações necessárias sobre didática e prática docente conceituando e
exemplificando esta questão a partir de teóricos renomados, o desafio do educador do século
XXI é o segundo assunto, uma vez que vivemos em meio às transformações tecnológicas e
sociais, levar o conhecimento aos alunos nos dias de hoje não se configura em uma tarefa fácil,
desse modo, o tema traz considerações significativas que auxiliará no exercício enquanto
docente do ensino superior. Buscando a alegria a partir da criatividade em sala de aula é o
último tópico, este enfatiza que enquanto educadores temos que ministrar nossas aulas tendo a
criatividade como ponto de partida, pois os alunos assimilarão melhor os conteúdos se forem
transmitidos com alegria, é importante ressaltar que este tem sido um dos maiores desafios da
atualidade.
Assim, espera-se que o trabalho possa contribuir para a melhoria da prática docente
docentes do ensino superior uma vez que aos educadores recai a difícil tarefa de formar cidadãos
aptos para ingressarem na sociedade que atualmente é exigente e competitiva.

1 DIDÁTICA E PRÁTICA DOCENTE

Nossa sociedade se transformou com muita rapidez, em meio às modificações do espaço


e das vivências a cada dia há necessidade de que os educadores acompanhem estas mudanças,
nesse sentido é fundamental que se atentem a velocidade em que elas ocorrem assim à tendência
é que os educadores se capacitem constantemente, pois:

Novos paradigmas se formam tendo em vista a leitura da realidade, devendo


acompanhar as suas transformações e dar conta de uma visão sistêmica. A relação
teoria- pratica faz parte desse pensamento e de uma visão de integralidade do ser
humano e da própria realidade em transformação (SILVA; FERREIRA, 2011, p. 13).

Há muito tempo, aprendemos que a Didática é uma doutrina da instrução e do método


de ensino, mas é valido considerar que esta, objetiva dar um direcionamento a aprendizagem
fazendo com que os conteúdos sejam organizados a partir de técnicas metodológicas e teóricas
em meio ao contexto do trabalho do educador de modo que tenham uma relação satisfatória
com os educandos, vale destacar que estas tendem a serem reajustadas de acordo com as
circunstâncias.

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Os avanços tecnológicos e as transformações sociais que ocorreram nos últimos tempos


aboliram de certa forma as práticas pedagógicas tradicionais, neste novo cenário temos uma
concepção educacional fundamentada ao paradigma de aprender, enfatizando o processo
pedagógico como uma “ação educativa que resulte em uma formação que possibilite a
compreensão da realidade” (SANTOS, 2011, p. 18), uma vez que a construção da aprendizagem
se estabelece durante toda a vida.
Os educadores da contemporaneidade tendem a se posicionarem como mediadores no
processo de ensino e aprendizagem, estando dispostos a adquirir novos conhecimentos que
poderão ser desenvolvidos a partir de constantes pesquisas no intuito de desenvolver uma
construção coletiva e autônoma de modo que as decisões sejam tomadas com responsabilidade,
neste contexto temos que considerar a importância de um educador crítico e que saiba avaliar
suas práticas com frequência.
Perrenoud (2002) destaca que o educador deve se pautar por saberes autônomos, estes
levam a categorias essenciais para a prática docente, desse modo:

Saber identificar, avaliar e valorizar suas possibilidades, seus direitos, seus limites e
suas necessidades; saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias,
individualmente ou em grupo; saber analisar situações, relações e campos de força
sistêmica; saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e
partilhar liderança; saber construir e estimular organizações e sistemas de ação
coletiva do tipo democrático; saber gerenciar e superar conflitos; saber conviver com
regras, servir-se delas e elaboradas; saber construir normas negociadas de convivência
que superem as diferenças culturais. Em cada uma dessas categorias, é preciso ainda,
especificar, concretamente, os grupos de situações. Por exemplo: saber desenvolver
estratégias para manter o emprego em situações de reestruturação de uma empresa. A
formulação de competências afasta-se, então, das abstrações ideológicas neutras. De
pronto, a unanimidade está ameaçada, e reaparece a ideia de que os objetivos da
escolaridade dependem de uma escolha da sociedade (FEGHERAZZI, 2002, p. 53).

O educador se torna mediador de dimensões cognitivas, afetivas e sociais em suas


práticas pedagógicas e os elementos dessa mediação se constituem nos resultados
significativos, assim, ao transmitir, elaborar e reelaborar os conceitos, o educador reformula a
cultura de modo a inserir os educandos na sociedade fazendo com que os elementos mediadores
permitam a significação de situações reais, assim como afirma LIBÂNEO (1994. p. 69) “é uma
didática que busca desenvolver o processo educativo como tarefa que se dá no interior dos
grupos sociais [...]”, sendo coerente e visando um trabalho em conjunto de acordo com as
necessidades, direitos e condições reais, é fundamental considerar “nesse processo a
importância do planejamento das aulas, do currículo e do trabalho reflexivo desenvolvido pelo
educador, considerando sempre a investigação, observação, os registros e as técnicas de ensino.
Delors (2000) assinala que o processo da aquisição de saberes pelo homem vem a

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“fornecer, de algum modo os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado, e ao


mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele” (DELORS, 2000, p. 89). A
Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) traz uma concepção de educação
inovadora, assinalando a importância de fundamentar o processo de ensino e a aprendizagem
aos quatro pilares da educação, pois aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
juntos e aprender a ser devem corresponder às finalidades do processo educativo.
As instituições escolares possibilitam a formação do cidadão de modo que ele seja
inserido na sociedade como sujeito democrático. Na contemporaneidade muitas são as
discussões voltadas a esta temática e a educação desempenha um importante papel nesse
processo; pois construir para uma sociedade democrática não significa apenas afirmar valores,
requer uma prática cotidiana instaurada coletivamente.

2 O DESAFIO DO EDUCADOR DO SÉCULO XXI

Ao longo dos anos as concepções teóricas contribuíram significativamente para a


formação do educador e a partir do momento em que ele se apossa de competências e de
habilidades as dimensões éticas, política e sociais a sua volta sofrem modificações, nesta
perspectiva o ato de educar torna-se uma prioridade, bem como o modo pelo qual a educação é
transmitida, assim é importante considerar que “o termo educação é marcado por sua
característica polissêmica, pois é utilizado com diferentes sentidos para indicar situações
distintas” (BRUEL, 2011, p. 15), para tanto, todo educador comprometido com a docência deve
ter uma postura crítica e inovadora, para que possa construir e articular propostas de
crescimento.
O educador reflexivo e conhecedor desenvolve seu fazer pedagógico reconstruindo
continuamente suas ações, pois, “a formação de professores inclui informações e habilidades
desenvolvidas no exercício da profissão, como princípio de interdisciplinaridade,
contextualização, democratização, pertinência e relevância social” (FERREIRA; SILVA, 2011,
p. 25).
Muitos fatores podem comprometer as práticas pedagógicas, esta tende a ser definida
como um “conjunto de ações educativas articuladas aos diferentes componentes curriculares de
um curso e aos desafios e necessidades da formação para a cidadania.” (FERREIRA; SILVA,
2011, p. 36), nesse sentido cabe ao educador estabelecer estratégias específicas tendo a intenção
de trabalhar os saberes e ações no intuito de propiciar o aprendizado de modo significativo.

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Pesquisas realizadas por Abreu (1996), Carrasco e Baignol (1993), Jesus (1996),
afirmam que os professores podem utilizar várias estratégias para motivar os alunos nas tarefas
escolares, pois a partir dessa motivação os alunos terão possibilidades de se desenvolver
melhor, e nesta perspectiva temos que considerar o educando como:

[...] aprendiz é o sujeito protagonista do seu próprio processo de aprendizagem,


alguém que vai produzir a transformação que converte informação em conhecimento
próprio. Essa construção, pelo aprendiz, não se dá por si mesmo e no vazio, mas a
partir de situações nas quais ele possa agir sobre o que é objeto do seu conhecimento,
pensar sobre ele, recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir, interagindo com outras
pessoas (WEIZ, 1999. p. 37).

E ainda que o ato de “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção […] ensinar inexiste sem aprender”
(FREIRE, 1996, p. 22-23). Os educadores devem oportunizar aos alunos momentos onde eles
possam desenvolver a criatividade, interpretar e aprender o sentido e o prazer associado à
compreensão clara do conteúdo ensinado, desse modo:

Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para apresentar


as informações, observando sempre a necessidade de introduzir formas artísticas,
porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. [...] O aluno em situações de
aprendizagem, precisa ser convidado a se exercitar nas práticas de aprender a ver,
observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas (PCN, 1997, p. 47).

Outro aspecto que deve ser considerado pelo educador é que “[...] por meio do conflito
das diferenças, cada participante se reconhece dolorosamente, descobrindo as sementes que os
une na construção desse todo, do nós, do grupo” (FREIRE, 2008, p. 111), assim, o educador
deve propiciar momentos em que os educandos tenham possibilidade de se conhecer, para estes
momentos, os trabalhos em grupo são fundamentais.
Existe grande complexidade em meio ao processo educativo, para tanto, faz-se
necessário reconhecer que a prática pedagógica tem sua “justificação em parâmetros
institucionais, organizativos, tradições metodológica, possibilidades reais dos professores, dos
meios e condições físicas existentes” (ZABALLA, 1998, p. 16). O relacionamento do professor
com os alunos é pautado por respeito, dedicação e amizade, no decorrer das aulas, o educador
deve ser dinâmico, e este dinamismo não deve reduzir-se apenas aos momentos nos quais
concretiza as intervenções pedagógicas, ao ministrar suas aulas deve se orientar de
determinações se posicionando e modelando o seu fazer para que seu profissionalismo venha à
tona.
A autonomia deve se fazer presente e também o discernimento deve perpetuar, pois não
basta apenas “ter conhecimentos técnicos padronizados, cujos modos operatórios são

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codificados e conhecidos de antemão, por exemplo, em forma de rotinas, de procedimentos ou


mesmo de receitas” (TARDIF, 2002, p. 247), é importante salientar que a graduação possibilita
ao educador um momento rico, sendo ainda um processo educativo que se configura na troca
de informações sobre o fazer pedagógico se preparando para aturar enquanto facilitador da
aprendizagem.
Levar em consideração o momento histórico no qual a sociedade vive é fundamental,
pois as práticas pedagógicas estão sujeitas as condições sociais. Atualmente novas
problemáticas são inseridas ao processo multicultural visando à integração dos alunos na
instituição escolar, diariamente os educadores encontram dificuldades, principalmente no
processo de integração, existindo uma dificuldade para aceitar as diferenças, isso se dá, pois
existem “determinadas condições que implicam limites e negociações, que ultrapassam o
simples ato de planejar e executar o trabalho na escola e na sala de aula” (FERREIRA; SILVA,
2011, p. 42).
Partindo dessa perspectiva o desafio dos educadores na atualidade se constitui em fazer
com que as aprendizagens sejam significativas, estimulando experiências que possibilitem o
amadurecimento dos educandos de acordo com suas realidades, visando à formação da
cidadania.

3 A ALEGRIA A PARTIR DA CRIATIVIDADE EM SALA DE AULA

Ao nos depararmos com uma sala de aula, fatos como: excesso de conversas, falta de
entrosamento, atenção, envolvimento, desrespeito, muitas vezes são fatos comuns acontecem
geralmente ao mesmo tempo em que o educador ministra as aulas, de acordo com Caldas e
Hubner (2000), o interesse e o prazer em adquirir conhecimentos diminuem consideravelmente
ao tempo que os adolescentes avançam a idade escolar.
Para que esse quadro possa ser mudado, é importante ter consciência de que a alegria
nas instituições escolares não pode estar unida a espontaneidade ou a satisfazer as vontades dos
alunos, esse comportamento poderá comprometer o trabalho do educador. Snyders (1988)
reconhece que é fundamental que o educador tenha métodos agradáveis e que as relações com
seus alunos sejam amigáveis, faz-se necessário que haja uma renovação dos conteúdos de
acordo com a cultura na qual o educando está inserido, pois esta será fonte de alegria, o autor
saliente ainda que pelo fato da escolaridade propiciar satisfação aos alunos, os interesses dos
mesmos não devem ser deixados de lado, é importante destacar que pesquisadores brasileiros
como Gadotti (1998), Freire (2004) e Padilha (2003) fazem menção à teoria de Snyders (1988),
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ao discutir que as instituições escolares devem ser locais onde a alegria perdure.
Freire (2004) assegura que a alegria tende a ser uma das qualidades imprescindíveis e
que necessita ser debatida e instituída no contexto político pedagógico, pois tais práticas não se
concretizam apenas a partir de ciências e técnicas.

É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade,
respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura
ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos,
identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-
progressista (FREIRE, 2004, p. 120).

O espaço pedagógico deve ser repleto de alegria, entretanto, os educandos precisam se


conscientizar que a seriedade de estudar não deve ser confundida, e em hipótese alguma, deverá
atrapalhar o desenvolvimento das atividades propostas. A alegria deve relacionar-se ao
pensamento de que há possibilidade de adquirir conhecimentos e superar obstáculos.

É falso também tomar como inconciliável seriedade docente e alegria, como se a


alegria fosse inimiga da rigorosidade. Pelo contrário, quanto mais metodicamente
rigoroso me torno na minha busca e na minha docência, tanto mais alegre me sinto e
esperançoso também. A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz
parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora
da boniteza e da alegria (FREIRE, 2004, p. 142).

Makarenko (1987) explica que os educadores devem saber aproveitar os momentos


alegres para que sejam instituídas e ampliadas as perspectivas dos educandos de modo que o
grupo compreenda que:

A vida não é uma festa permanente. As festas acontecem de vez em quando, o que
existe mais é o trabalho, o ser humano tem toda sorte de preocupações,
responsabilidades, assim vivem todos os que trabalham. E numa vida assim há mais
alegria e sentido do que na tua festa. [...] o labor e a vida de trabalho também são
alegrias (MAKARENKO, 1986, p. 215).

Gadotti (2000) discorre sobre a exigência que a sociedade faz as instituições escolares,
pois passamos a maioria do tempo estudando, desse modo, o autor sugere que a felicidade nas
escolas não seja apenas “uma questão de opção metodológica ou ideológica, mas sim uma
obrigação essencial dela” (GADOTTI, 2000, p. 9).
As instituições escolares se configuram em espaços transmissores de princípios, valores
e também de padrões de comportamentos onde se espera uma mudança visando inserir os
indivíduos na sociedade, nesta perspectiva o educador deve ser criativo e emergir em seu
cotidiano e também nas relações interpessoais em seu fazer pedagógico, buscando novas
alternativas para superar os desafios que são impostos no decorrer do seu trabalho.
Os educadores são referências para os educandos, assim, cabem a eles propor recursos

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que instiguem respostas as aprendizagens, nesta perspectiva:

[...] é preciso que o aprendiz possa viver outras experiências, faça várias combinações
e conexões entre elas, para que se constitua um sujeito capaz de aprender utilizando
suas possibilidades imitativas e criativas, capaz de representá-las através de várias
linguagens e capaz de compreender, também, através de várias linguagens, a
experiência e a vivência do outro, para incorporá-las à sua quando se sentir fascinado
por ela (BARBOSA, 2006, p.19).

Faz-se necessário uma reflexão acerca dos espaços onde a educação será transmitida,
pois este fator compartilha os sentimentos e também os temores dos estudantes, onde seja
possível compreender que:

[...] a criatividade se socializa; deixa de ser um dom, uma capacidade pessoal para se
converter em um bem social, uma riqueza coletiva. [...] a criatividade está em saber
utilizar a informação disponível, em tomar decisões, em ir mais além do que foi
aprendido, sobretudo, em saber aproveitar qualquer estímulo do meio para gerar
alternativas na solução de problemas e na busca de qualidade de vida (ANTUNES,
2002, p. 22).

Toore (2005) assinala ainda que os educadores devem ser criativos e esta deve fazer
parte do seu desenvolvimento, pois os aspectos psicológicos nos acompanham por toda nossa
existência, nesta perspectiva o autor ressalta que:

Embora em todo ser humano tenha potencial para gerar novas ideias, em algumas
pessoas, esta qualidade se destaca por cima de outras, como a inteligência, a
sociabilidade, a percepção, a comunicabilidade, a concentração, a empatia, a memória
e outras, que podem ser aumentadas mediante a prática ou a educação (TORRE, 2005,
p. 29).

Assim, é válido destacar que há necessidade que os educadores sejam criativos, pois
assim haverá possibilidade de ministrar aulas a partir do domínio dos conteúdos e ter uma
metodologia diversificada com capacidade de alcançar a todos sem distinção, na concordância
com Tardif (2002), quando afirma a importância do educador avaliar seus saberes e as suas
práticas profissionais de ensino.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos em um mundo onde vigora as mudanças que ocorreram com as transformações


tecnológicas, neste contexto vemos a educação se expandir de um modo significativo, esta que
transforma e gera mudanças tem sido debates em muitas discussões, gerando conflitos que
muitas vezes não são resolvidos. Em muitas ocasiões vemos o termo educação ser empregado
de modo errôneo, mas é fundamental compreender que a educação deve acontecer de um modo
amplo e sem restrições abrangendo toda a sociedade.
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Sabe-se que os seres humanos necessitam interagir e conviver com outras pessoas, esta
convivência deve ser harmoniosa para tanto, se faz necessário nos apropriarmos de saberes para
que possamos nos construir como sujeitos do conhecimento e tal processo só se realizará por
meio de uma educação com qualidade, assim, cabe aos educadores enquanto transmissores do
saber, devem estar preparados para levar este conhecimento partindo de metodologias
diversificadas e estratégias adequadas.
Sendo as escolas instituições voltadas a formação e transmissão de saberes, no intuito
de garantir e atualizar a sociedade historicamente, culturalmente e socialmente, a educação deve
ser uma ação especificamente humana e deve se manifestar transformando comportamentos,
pois o homem se transforma à medida que se relaciona com os demais, nesse sentido os
procedimentos de educação devem gerar contínuas mudanças.
Para que os educandos possam se apropriar do conhecimento é importante que os
educadores tenham competência, compromisso e muita responsabilidade mediante o cotidiano
escolar, ou seja, em suas práticas pedagógicas, pois neste século o educador se depara a cada
dia com um novo desafio. Neste contexto, o compromisso de ministrar aulas criativas recai
sobre o educador, uma vez que a educação deve ser contínua e se constituir em meio a uma
sociedade desafiadora, assim, visando garantir os objetivos educacionais as aulas devem ser
atrativas aos alunos e mobilizar ao aprendizado.
Diante do exposto, espera-se que a educação alcance a todos os alunos e que os
educadores trabalhem com alegria usando e abusando da criatividade para que se possa garantir
qualidade no atendimento escolar.

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Recebido em: 14/11/2015


Aprovado em: 21/12/2015

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Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 126-137, 2015. ISSN: 2358-0909

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