Você está na página 1de 19

Disciplina: Farmácia Hospitalar

Prof. Dr. Renan Gomes Bastos


6º período de Farmácia – FEPI

NUTRIÇÃO PARENTERAL EM HOSPITAIS


DEFINIÇÃO DE NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Consiste na administração total ou


parcial, por via EV, dos nutrientes
necessários à sobrevivência do paciente,
em regime hospitalar ou ambulatorial –
bolsas de administração

• Suporte nutricional para pacientes cuja


função gastrointestinal esteja
comprometida por alguma razão

2
PRINCIPAIS INDICAÇÕES DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Pacientes em coma

• Pacientes portadores de úlceras graves

• Pacientes portadores de câncer no TGI

• Pacientes portadores de câncer de boca

• Pré ou pós-operatório

• Pacientes com alto índice de vômitos


3
PRINCIPAIS INDICAÇÕES DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Todos os pacientes portadores das enfermidades citadas


anteriormente necessitam de nutrição parenteral, pois
frequentemente têm os seguintes sintomas:
• Síndrome hipoglicêmica

• Hipofosfatemia, hipocalemia e hipomagnesemia

• Diminuição da concentração de lipídios no sangue

• Alterações hepáticas

• Hipovitaminoses

• Alterações ósseas (hipocalcemia)


4
PRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Acesso venoso central


• Veia cava superior ou inferior –
cardíacas

• Vantagem – distribuição
circulatória mais rápida dos
nutrientes

• Principal problema – criação de


uma fístula inflamatória no
paciente
5
PRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Acesso venoso periférico


• Veias da mão ou do antebraço

• Vantagem – procedimento é mais


rápido e mais usual para ser executado

• Principal problema – dores e


incômodos ao paciente
• A nutrição parenteral é administrada
por um período prolongado
• Pode gerar hematomas no braço
ou nas mãos
6
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Carboidratos
• Lipídios
• Fontes nitrogenadas (simulação de proteínas)
• Eletrólitos ou minerais essenciais (acima de 200
mg/dia)
• Sódio, cloreto, potássio, cálcio, magnésio,
fósforo

• Oligoelementos ou minerais complementares


(até 100 mg/dia)
• Ferro, iodo, cromo, cobre, zinco, selênio,
manganês, cobalto
7
TIPOS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Normocalórica e normoproteica (DP2)


• Usada para adultos em estado de hidratação ideal ou
que não apresentam perda significativa de nutrientes,
especialmente as proteínas
• Ex: pacientes em coma por distúrbios respiratórios
ou intubados (COVID-19, pneumonias graves, etc.)

• Teor calórico varia entre 25 a 35 Kcal/kg/dia

• O teor de carboidratos é baixo, para evitar distúrbios


metabólicos, como diabetes (3 g/kg/dia)

• Teor de proteínas é fixo: 0,8 g/kg/dia


8
TIPOS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Normocalórica e hiperproteica (DP3)


• Usada para adultos internados em estado grave,
em coma, com complicações acompanhadas de
hemorragia, onde ocorre perda significativa de
nutrientes
• Ex: traumatismo craniano, AVC, queimaduras
de 2º/3º graus, abdome aberto, lesão e
insuficiência renal, insuficiência hepática,
etc.

• Teor calórico e de carboidratos é igual à DP2

• No entanto, o teor de proteínas é mais alto e


varia conforme o tipo de patologia do paciente 9
TIPOS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Normocalórica e hiperproteica (DP3)

10
TIPOS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Hipercalórica e hiperproteica (DP4)


• Usada para adultos em coma que apresentam
desnutrição (principalmente por infecções
bacterianas, virais ou parasitárias do TGI) e
anêmicos
• Ex: anemia ferropriva, salmonelose, cólera,
etc.)

• Teor calórico e de carboidratos é maior (52-65


Kcal/kg/dia e 9 g/kg/dia)

• Teor de proteínas também é elevado (5-7


g/kg/dia)
11
OSMOLARIDADE DE UMA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Osmolaridade
• Parâmetro que mede a capacidade da nutrição parenteral em manter
a osmose intacta das células do paciente – evitar entrada ou perda
de água em excesso das células

• Unidade: osmóis (Osm)

• Não deve ultrapassar 5 Osm – causa desequilíbrio hidroeletrolítico

• Cálculo:

𝟓 × 𝒒𝒖𝒂𝒏𝒕𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒈𝒍𝒊𝒄𝒐𝒔𝒆 + (𝟏𝟎 × 𝒒𝒖𝒂𝒏𝒕𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒑𝒓𝒐𝒕𝒆í𝒏𝒂𝒔)


𝑶=
𝑻𝒆𝒐𝒓 𝒄𝒂𝒍ó𝒓𝒊𝒄𝒐
12
OSMOLARIDADE DE UMA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Um paciente internado de 76 anos com insuficiência renal,


pesando 80 kg, necessita receber uma bolsa de nutrição parenteral
com 1,8 g/kg/dia de proteínas, 3 g/kg/dia de glicose e 28
Kcal/kg/dia de teor calórico. Considerando que a osmolaridade de
uma nutrição parenteral não deve ultrapassar 5 Osm, o paciente
estará apto a receber esta nutrição parenteral?

• Um paciente internado de 55 anos, apresentando queimadura de


terceiro grau e pesando 102 kg, necessita receber uma bolsa de
nutrição parenteral com 2 g/kg/dia de proteínas, 7,6 g/kg/dia de
glicose e 34 Kcal/kg/dia de teor calórico. Considerando que a
osmolaridade de uma nutrição parenteral não deve ultrapassar 5
Osm, o paciente estará apto a receber esta nutrição parenteral?
13
PREPARAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Portaria nº 731, de 08/09/2010


• Estabelece os critérios para preparação de nutrições
parenterais em âmbito hospitalar

• O farmacêutico é o responsável pela preparação

• Imediatamente após o preparo e durante o transporte –


cadeia de refrigeração (geladeiras, freezers ou maletas
isotérmicas)

• De cada NPP preparada, devem ser reservadas alíquotas


das amostras para avaliação microbiológica
14
NUTRIÇÃO PARENTERAL – PREPARO NO AMBIENTE HOSPITALAR

• A Farmácia Hospitalar deve conter instalações


próprias e isoladas para o preparo destes
produtos – semelhante aos quimioterápicos
• EPIs – jaleco próprio, máscara, touca, propés,
óculos de proteção, etc.

• Câmaras de fluxo laminar equipadas com filtros


HEPA, ligadas 24h por dia – manutenções
periódicas

• A Farmácia Hospitalar deverá ter um setor


próprio para a preparação e dispensação destes
produtos
• Em caso de não-condições – o serviço deverá
ser terceirizado por outra empresa filiada 15
INTERAÇÕES ENTRE MEDICAMENTOS E NP
Em alguns casos, a interação não tem como ser
evitada
• Albumina 
Pacientes internados em estado crítico, que
• Insulina fazem uso dos medicamentos citados e que
• Aminofilina necessitam de NP
• Antibióticos 
Solução encontrada – tentativa de
• Fármacos cardiovasculares administração da NP em frequência de 4h de
• Heparina diferença entre os medicamentos
• Quimioterápicos
• Corticosteróides
• Furosemida
• Ranitidina, cimetidina
• Metoclopramida
• Morfina
16
MONITORAMENTO DO USO DE NUTRIÇÃO PARENTERAL

• Apesar dos benefícios, a nutrição parenteral também apresenta alguns


riscos

• Sendo assim, a monitorização deve ser frequente

• O objetivo é prevenir e reconhecer as complicações o mais cedo


possível, a fim de limitar suas consequências.

• Para acompanhar clinicamente um paciente em NP, deve-se ter os


seguintes cuidados:
• Exame clínico diário completo
• Controle de sinais vitais a cada 4 horas
• Peso diário
• Balanço hídrico
• Controle laboratorial 17
ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO SETOR DE NUTRIÇÕES PARENTERAIS

• Membro da Comissão ou Serviço de Suporte


Nutricional (CSN)

• Avaliação do custo-efetividade da formulação e


da terapia nutricional

• Seguimento do paciente – monitorar e avaliar a


resposta

• Avaliar a farmacoterapia usada


concomitantemente ao suporte nutricional

• A eficácia e os efeitos adversos devem ser


documentados pelo farmacêutico
18
REFERÊNCIAS
19

 BENICHOU, C. Guia Prático de Farmacovigilância. 2ª ed. São Paulo: Andrei, 1999.


 GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências Farmacêuticas: Uma abordagem em Farmácia
Hospitalar. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2001.
 FERRACINI, F. T.; FILHO, W. M. B. Prática Farmacêutica no ambiente hospitalar. 1ª ed. São Paulo:
Atheneu, 2005.
 BARBIERI, J. C; MACHLINE, C. Logística hospitalar: teoria e prática. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
 JULIANI, R. G. M. Organização e funcionamento de farmácia hospitalar. 1ª ed. São Paulo: Érica,
2014.
 BURMESTER, H; HERMINI, A. H; FERNANDES, J. A. L. Gestão de materiais e equipamentos
hospitalares. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
 CARVALHO, F. D; CAPUCHO, H. C; BISSON, M. P. Farmacêutico hospitalar: conhecimentos,
habilidades e atitudes. São Paulo: Manole, 2014.
 GONÇALVES, E. L. et.al. Gestão hospitalar: administrando o hospital moderno. São Paulo: Saraiva,
2016.

Você também pode gostar