Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Hepatite B
➢ A infecção é na maioria das vezes as-
❖ As hepatites virais são doenças de notifi- sintomática → diagnóstico tardio
cação compulsória regular. Todos os ca- ❖ Indivíduos adultos expostos exclusiva-
sos confirmados devem ser notificados e mente ao HBV, a cura espontânea se dá
registrados no Sinan em até sete dias. em cerca de 90% dos casos.
❖ É uma doença de elevada transmissibili- ❖ Hepatite B crônica: persistência do vírus
dade e impacto em saúde pública. ou a presença do HBsAg por mais de seis
❖ Agente etiológico: vírus DNA perten- meses, detectada por meio de testes soro-
cente à família Hepadnaviridae lógicos
➢ Apresenta dez genótipos, classificados ➢ A infecção crônica pode evoluir para
de A a J. cirrose e para o CHC, eventos de ele-
vada morbimortalidade
➢ Genes: S, C, E
➢ A hepatite B (diferente da C) não ne-
cessita evoluir para cirrose hepática
para causar o hepatocarcinoma/carci-
noma hepatocelular (CHC)
❖ Período de aquisição da infecção x taxa
de cronicidade:
Taxa de croni-
Período de infecção
cidade
❖ Meios de transmissão: perinatal, sexual
Período perinatal 90%
e parenteral/percutâneo → por meio de flu-
Primeira infância 20% a 40%
idos corpóreos infectados.
Adolescência e idade
➢ A capacidade do vírus de sobreviver 0 a 10%
adulta
fora do organismo humano por período
prolongado facilita a transmissão por
meio do contato direto ou por meio de ❖ Testes rápidos → detectam o HBsAg (an-
fômites tígeno de superfície do vírus da hepatite
❖ Recomenda-se a vacinação contra hepa- B).
tite B para todas as pessoas, indepen- ❖ Imunoensaios → exames sorológicos
dentemente de faixa etária. para a detecção de anticorpo ou testes de
➢ A vacina é composta por no mínimo detecção combinada de antígeno e anti-
três doses e deve ser oferecida em es- corpo contra o HBV
quema completo ➢ HBsAg / anti-HBs → de superfície
➢ Anti-HBc (total - IgG; IgM) → do core
➢ HBeAg / anti-Hbe → do envelope
❖ Hepatite B aguda ou crônica → ambas
➢ PCR HBV-DNA → qualitativo ou quan-
são oligossintomáticas (poucos sintomas
titativo
ou nenhum sintoma característico).
Fase HBV-DNA HBeAg Aminotransferases
Fase imunotolerante >20.000 UI/mL + Normais
↑ (começa a dimi-
Fase imunorreativa + Flutuações
nuir)
Estado de portador inativo ↓ ou indetectável – (Anti-HBe +) Normais
Risco elevado de
Fase de reativação ↑ – ou +
comp
Fase HBsAg negativa ↓ ou indetectável – Aument. ou dimin..
|
2
|
3
|
4
❖ Biópsia hepática: exame padrão-ouro para a avaliação da fibrose hepática, porém é reservado
para casos de dúvida de indicação para o tto
❖ Elastografia hepática: procedimento não invasivo que permite a estratificação dos graus de
fibrose
normalização de ALT/TGP (resposta
❖ Objetivo principal: reduzir o risco de pro- bioquímica).
gressão da doença hepática e de seus ❖ Periodicidade das consultas: no mínimo
desfechos primários → principalmente: cir- 2 a 4 vezes ao ano
rose, CHC e óbito ❖ Recomendações para todos os pacien-
❖ Exames: Níveis de HBV-DNA, títulos de tes: imunizar o paciente para hepatite A;
aminotransferases e marcadores sorológi- orientar a prática de sexo seguro e a não
cos são utilizados como parâmetros para compartilhar instrumentos perfurocortan-
inferir a probabilidade de benefícios da te- tes e objetos de higiene pessoal, além de
rapêutica em longo prazo. evitar ingestão de álcool
❖ Resultado ideal: a perda sustentada do ❖ Hepatite B aguda: não há indicação de
HBsAg, com ou sem soroconversão para uso de nenhum medicamento específico,
anti-HBs → completa remissão (raro) apenas hidratação e repouso → a maioria
➢ Desfechos alternativos satisfatórios tem cura espontânea
para pacientes HBsAG + persistentes: ➢ Exceto em casos de: evidência de cir-
soroconversão para anti-HBe, redução rose; > 14 dias de icterícia; suspeita de
de carga viral (resposta virológica) e/ou hepatite fulminante (sinal da cruz →
|
5
|
6
POSOLOGIA:
Medicamento Dose Via de adm Tempo de tto
Alfapeguinterferona
180 mcg/semana SC 48 semanas
2a 40 KDa
Alfapeguinterferona
1,5 mcg/kg/semana SC 48 semanas
2b 12 KDa
Virgens de tratamento e/ ou portadores Indeterminado,
Entecavir de cirrose compensada: 0,5mg/dia VO conforme conver-
Cirrose descompensada: 1,0 mg/dia são sorológica
Indeterminado,
Tenofovir 300 mg/dia VO conforme conver-
são sorológica
|
7
|
8
HBeAg – Não reagente; Anti-Hbe Não rea- positivo; TGP – 34 (valor normal até 40);
gente TGO – 23 (valor normal até 35)
❖ Qual a interpretação? Qual a conduta ❖ Há indicação de tratamento? Qual
indicada? droga?
➢ Como o único exame dele reagente é o ➢ O paciente > 30 anos com hepatite B
Anti-HBs, então o paciente está imuni- crônica e tem HBeAg positivo, portanto,
zado. tem indicação de tto:
➢ Para diferenciar se foi por vacina ou por ▪ 1. Alfapeguinterferona 2a 40 KDa
infecção anterior tem que olhar para o – 180 mcg/semana via subcutânea
Anti-HBc, mas como ele está negativo, (SC) – Por 48 semanas;
a imunização foi por vacinação (por- ▪ 2. Alfapeguinterferona 2b 12 KDa
que não entra em contato com o córen – 1,5 mcg/kg/semana via SC – Por
do vírus). 48 semanas;
➢ A conduta seria acalmar o paciente e ▪ 3. Tenofovir (fumarato de tenofovir
orientá-lo que está reagente por conta desoproxila) 300 mg/dia VO; por
da vacina e não continuar acompa- tempo indeterminado, conforme
nhando na infectologia. conversão sorológica
Obs: o interferon tem muito efeito adverso, é
CASO CLÍNICO 3
subcutâneo (gera desconforto) e tem muita fa-
❖ Paciente assintomático, 51 anos, procura
lha no tto → a droga de escolha geralmente é
atendimento médico porque ao realizar
o tenofovir. Se houver cirrose ou insuficiência
exames laboratoriais apresentou as se-
renal considerar o entencavir
guintes alterações:
❖ Hepatite B crônica → tem que avaliar se
❖ HBsAg – Reagente (agosto 2020); HBsAg
tem replicação ativa (HBeAg e Anti-HBe)
– Reagente (março 2021); Anti-Hbs – Não
→ como o HBeAG está positivo indica que
Reagente (março 2021); Anti-HBc total –
está ocorrendo replicação viral
Reagente (março 2021)
➢ A grande maioria dos pacientes com
❖ Qual a interpretação? Qual a conduta
hepatite B crônica não consegue ter
indicada?
cura → precisa realizar o tto durante o
➢ O paciente tem uma infecção por > 6 resto da vida para prevenir cirrose e he-
meses, portanto é uma hepatite B crô- patocarcinoma
nica e sem adquirir imunidade (Anti-
HBs –) CASO CLÍNICO 5
➢ Conduta: solicitar o Anti-HBe e o ❖ Paciente, 25 anos, é acompanhado no am-
HBeAg para definir o tto; investigar cir- bulatório de Infectologia, com diagnóstico
rose (solicitar: TAP, albumina, FA, estabelecido de Hepatite B crônica há 2
Gama-GT, TGO, TGP, bilirrubina, EDA, anos. O mesmo é assintomático, não tem
USG); rastrear os familiares com soro- cirrose e vem para consulta com resulta-
logias dos de exames para avaliação:
➢ Se o paciente não for tratado, pode ter ❖ HBsAg positivo; Anti-HBs negativo; HBeAg
no futuro cirrose ou câncer → então positivo; Anti-HBe negativo; Anti-HBc total
positivo; TGP – 21 (valor normal até 40);
CASO CLÍNICO 4 TGO – 19 (valor normal até 35)
❖ Paciente, 32 anos, é acompanhado no am- ❖ Há indicação de tratamento? Qual
bulatório de Infectologia, com diagnóstico droga?
estabelecido de Hepatite B crônica há 1
➢ Como o paciente tem < 30 anos, assin-
ano. O mesmo é assintomático, não tem
tomático, sem cirrose e com transami-
cirrose e vem para consulta com resulta-
nases normais não há indicação de tto,
dos de exames para avaliação:
mas tem que ficar acompanhando a
❖ HBsAg positivo; Anti-HBs negativo; HBeAg cada 3 meses.
positivo; Anti-HBe negativo; Anti-HBc total
|
9
Hepatite C
➢ Na ausência de tratamento, há cronifi-
❖ Agente etiológico: vírus da hepatite C cação em 60% a 85% dos casos e, em
(HCV) → pertence ao gênero Hepacivirus, média, 20% evoluem para cirrose ao
família Flaviviridae. longo do tempo
➢ É composto por uma fita simples de ➢ Uma vez estabelecido o diagnóstico de
ácido ribonucleico (RNA) cirrose hepática, o risco anual para o
surgimento de carcinoma hepatocelular
❖ Principal meio de transmissão: via pa- (CHC) é de 1% a 5%
renteral → contato com sangue contami-
nado ❖ Complicações da hepatopatia crônica:
insuficiência hepatocelular, hipertensão
➢ Ex: transfusão sanguínea, hemodiá- portal (varizes gastresofágicas, hemorra-
lise, manicure e pedicure, piercings e gia digestiva alta, ascite) e encefalopatia
tatuagens, tto odontológicos ou endos- hepática, além de trombocitopenia e de-
cópicos. senvolvimento de CHC.
➢ Após a padronização dos processos de
triagem pré-doação, houve uma signifi-
cativa redução na transmissão do HCV ❖ Grupos que devem ser testados de forma
por meio transfusional periódica pelo menos uma vez ao ano ou
em intervalo menor:
➢ A transmissão sexual é menos fre-
quente. ➢ Pessoas vivendo com HIV;
❖ Em geral, a hepatite C aguda apresenta ➢ Pessoas sexualmente ativas prestes a
evolução subclínica → assintomáticos e iniciar Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
anictéricos → difícil diagnóstico ao HIV (a indicação de testagem se-
guirá o protocolo de PrEP);
❖ Evolução silenciosa → diagnóstico tar-
dio (após décadas da infecção) geral- ➢ Pessoas com múltiplos parceiros sexu-
mente ocorre por teste sorológico de rotina ais ou com múltiplas infecções sexual-
ou por doação de sangue mente transmissíveis;
➢ Sinais e sintomas só aparecem nas fa- ➢ Pessoas trans;
ses mais avançadas e são inespecífi- ➢ Trabalhadores(as) do sexo;
cos ➢ Pessoas em situação de rua.
|
10
❖ Grupos que devem ser testados pelo me- como anorexia, astenia, mal-estar e dor
nos uma vez desde que não apresentem abdominal.
histórico de exposições associadas ao ➢ Uma menor parte dos pacientes apre-
risco de aquisição de uma nova infecção: senta icterícia ou escurecimento da
➢ Pessoas com ≥ 40 anos; urina
➢ Pacientes ou profissionais de saúde ❖ Rastreio: Anti-HCV → teste rápido
que tenham frequentado ambientes de
hemodiálise em qualquer época; HEPATITE C AGUDA
➢ Uso de álcool e outras drogas; ❖ Definição:
➢ Uso de drogas injetáveis em qualquer ➢ Soroconversão recente (há < 6 meses)
época → incluindo aquelas que as utili- e com documentação de anti-HCV não
zaram apenas uma vez; reagente no início dos sintomas ou no
momento da exposição, e anti-HCV re-
➢ Pessoas privadas de liberdade;
agente na segunda dosagem, realizada
➢ Pessoas que receberam transfusão de com intervalo de 90 dias;
sangue ou hemoderivados antes de
➢ Anti-HCV não reagente e detecção do
1993 ou transplantes em qualquer
HCV-RNA em até 90 dias após o início
época;
dos sintomas ou a partir da data de ex-
➢ Pessoas com antecedente de exposi- posição, quando esta for conhecida.
ção percutânea/parenteral a sangue ou
❖ HVC-RNA → pode aparecer cerca de duas
outros materiais biológicos em locais
semanas após a exposição ao agente in-
que não obedeçam às normas da vigi-
feccioso. Aumentando rapidamente du-
lância sanitária (ambientes de assistên-
rante as primeiras semanas
cia à saúde, realização de tatuagens,
escarificações, piercing, manicure, uso ❖ Anti-HCV → aparece cerca de 30 a 60 dias
de lâminas de barbear ou outros instru- após a exposição ao vírus
mentos perfurocortantes); ❖ Pacientes sintomáticos → os sintomas
➢ Pessoas com antecedente ou em risco começam entre 4 e 12 semanas após a ex-
de exposição a sangue ou outros mate- posição e podem durar até 6 meses, mas
riais biológicos contaminados: profissi- sua resolução costuma acontecer até a 12°
onais de saúde, cuidadores de pacien- semana
tes, bombeiros, policiais, etc.;
➢ Crianças nascidas de mães que vivem
com o HCV; HEPATITE C CRÔNICA
➢ Familiares ou outros contatos íntimos ❖ Definição:
(comunicantes), incluindo parceiros se- ➢ Anti-HCV reagente por mais de seis
xuais, de pessoas que vivem com ou meses; E
têm antecedente de infecção pelo ➢ Confirmação diagnóstica com HCV-
HCV; RNA detectável por mais de seis me-
➢ Pacientes com diagnóstico de diabe- ses.
tes, doenças cardiovasculares, antece- ❖ Anti-HCV → indica contato prévio com o
dentes psiquiátricos, histórico de pato- vírus. Um resultado reagente isolado não
logia hepática sem diagnóstico, eleva- diferencia uma infecção resolvida de uma
ção de ALT e/ou AST, antecedente de infecção ativa → solicitar HVC-RNA
doença renal ou de imunodepressão, a
❖ HVC-RNA → testes moleculares quantita-
qualquer tempo.
tivos também são conhecidos como testes
de carga viral (CV) → são capazes de
❖ Os sintomas da infecção pelo HCV estão quantificar o número de cópias de geno-
presentes na minoria de casos (20% a mas virais circulantes em um paciente.
30%) e geralmente são inespecíficos, tais
|
11
|
12
|
13
❖ Pacientes adultos (≥ de 18 anos), sem tratamento prévio com antivirais de ação direta*,
com depuração de creatinina < a 30 mL/min:
|
14
MANEJO DE NEUTROPENIA
❖ Exames no acompanhamento da hepa-
❖ Medicamento: Filgrastim
tite C crônica SEM CIRROSE: Hemo-
❖ Indicação: pacientes com neutropenia se- grama, Coagulograma, Hepatograma,
vera, caracterizada por neutrófilos Ureia / creatinina / estimativa do ClCr / Na
❖ Posologia: 300mcg, SC, uma a duas ve- / K, Glicemia de jejum, EAS
zes por semana. ❖ Exames no acompanhamento da hepa-
❖ Tempo de uso: variável, conforme a ne- tite C crônica COM CIRROSE: EDA, USG
cessidade para manter o paciente com de abdome + AFP, Hemograma, Coagulo-
neutrófilos ≥750 células/mm3 grama, Hepatograma (a cada 3-4 meses),
❖ Indicador de resposta: elevação de neu- Ureia / creatinina / Na / K, Glicemia de je-
trófilos para valores ≥750 células/mm³. jum
❖ Pacientes com estadiamento de fibrose
MANEJO DE ANEMIA F3 e F4: não devem ter alta após resposta
❖ Medicamento: alfaepoetina → pode ser virológica sustentada
realizada em pacientes em uso de DAA e/ ➢ Fazer rastreamento contínuo de CHC e
ou alfapeguinterferona. de varizes gastroesofágicas em F4:
❖ Indicação: Indicação: Hemoglobina atual USG de abdome + AFP 6/6 meses
3,0g/dL em relação ao nível pré-trata- ❖ Pacientes F0-F2, na ausência de outras
mento ou em pacientes sintomáticos contraindicações para alta, podem ser libe-
❖ Objetivos do uso: resolução da anemia e rados, com aconselhamento.
manutenção de hemoglobina >12g/dL, ❖ Aconselhamento para todos os pacien-
permitindo o uso de, pelo menos, 80% da tes: Prevenção da reinfecção; o monitora-
dose preconizada de ribavirina. mento da abstinência de álcool, drogas e
❖ Posologia: 10.000 UI a 40.000 UI por se- tabaco; e o controle das comorbidades, do
mana, SC, a critério clínico. peso e dos distúrbios metabólicos. O uso
de medicações potencialmente hepatotóxi-
❖ Tempo de uso: variável conforme a ne-
cas deve ser evitado.
cessidade, a fim de manter o paciente com
hemoglobina >10g/dL.
|
15