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Hepatite B
➢ A infecção é na maioria das vezes as-
❖ As hepatites virais são doenças de notifi- sintomática → diagnóstico tardio
cação compulsória regular. Todos os ca- ❖ Indivíduos adultos expostos exclusiva-
sos confirmados devem ser notificados e mente ao HBV, a cura espontânea se dá
registrados no Sinan em até sete dias. em cerca de 90% dos casos.
❖ É uma doença de elevada transmissibili- ❖ Hepatite B crônica: persistência do vírus
dade e impacto em saúde pública. ou a presença do HBsAg por mais de seis
❖ Agente etiológico: vírus DNA perten- meses, detectada por meio de testes soro-
cente à família Hepadnaviridae lógicos
➢ Apresenta dez genótipos, classificados ➢ A infecção crônica pode evoluir para
de A a J. cirrose e para o CHC, eventos de ele-
vada morbimortalidade
➢ Genes: S, C, E
➢ A hepatite B (diferente da C) não ne-
cessita evoluir para cirrose hepática
para causar o hepatocarcinoma/carci-
noma hepatocelular (CHC)
❖ Período de aquisição da infecção x taxa
de cronicidade:
Taxa de croni-
Período de infecção
cidade
❖ Meios de transmissão: perinatal, sexual
Período perinatal 90%
e parenteral/percutâneo → por meio de flu-
Primeira infância 20% a 40%
idos corpóreos infectados.
Adolescência e idade
➢ A capacidade do vírus de sobreviver 0 a 10%
adulta
fora do organismo humano por período
prolongado facilita a transmissão por
meio do contato direto ou por meio de ❖ Testes rápidos → detectam o HBsAg (an-
fômites tígeno de superfície do vírus da hepatite
❖ Recomenda-se a vacinação contra hepa- B).
tite B para todas as pessoas, indepen- ❖ Imunoensaios → exames sorológicos
dentemente de faixa etária. para a detecção de anticorpo ou testes de
➢ A vacina é composta por no mínimo detecção combinada de antígeno e anti-
três doses e deve ser oferecida em es- corpo contra o HBV
quema completo ➢ HBsAg / anti-HBs → de superfície
➢ Anti-HBc (total - IgG; IgM) → do core
➢ HBeAg / anti-Hbe → do envelope
❖ Hepatite B aguda ou crônica → ambas
➢ PCR HBV-DNA → qualitativo ou quan-
são oligossintomáticas (poucos sintomas
titativo
ou nenhum sintoma característico).
Fase HBV-DNA HBeAg Aminotransferases
Fase imunotolerante >20.000 UI/mL + Normais
↑ (começa a dimi-
Fase imunorreativa + Flutuações
nuir)
Estado de portador inativo ↓ ou indetectável – (Anti-HBe +) Normais
Risco elevado de
Fase de reativação ↑ – ou +
comp
Fase HBsAg negativa ↓ ou indetectável – Aument. ou dimin..

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▪ PCR HBV-DNA > 2.000 Ui: mutante


❖ Rastreio de Hepatite B: HBsAg → teste pré core (ele consegue se replicar
rápido sem positivar o HBeAG) → tto é in-
dicado quando ALT > 2x LSN
➢ Indicação: o ideal seria fazer em todos
os pacientes → todo mundo tem risco ▪ PCR HBV-DNA < 2.000 Ui: baixa
de ter tido algum contato. Sempre que carga viral
possível, deve-se solicitar. ❖ Hepatite B curada: HBsAg –, Anti-HBs +,
❖ Hepatite B aguda: HBsAg +, Anti-HBs –, Anti-HBc total +, Anti-HBc IgM – e Anti-HBc
Anti-HBc total +, Anti-HBc IgM + e Anti- IgG +, Anti-HBe +
HBc IgG – → tto não indicado, exceto em ➢ Nesses casos, o paciente recebe alto
casos de insuficiência hepática fulminante do ambulatório, porque está curado
❖ Hepatite B crônica (HBsAg +, Anti-HBc ➢ Mas se no futuro, houver algum caso
total + e Anti-HBc IgM – ou > 6 meses de de imunodepressão severa → rever
positividade do HBsAg) → tem que avaliar exames, porque esses pacientes po-
se tem replicação ativa (HBeAg e Anti- dem ter o seu Anti-HBs negativado e
HBe), investigar cirrose, solicitar TGO e reativar o HBs-Ag
TGP ❖ Imunização por vacinação: HBsAg –,
➢ HBeAG positivo indica que está ocor- Anti-HBs +, Anti-HBc total –, Anti-HBc IgM
rendo replicação viral → indica tto – e Anti-HBc IgG –
quando paciente > 30 anos e/ou ALT > ➢ Os títulos de Anti-HBs podem diminuir
2x limite superior da normalidade com o tempo, porém geralmente per-
➢ HBeAG negativo pode ser portador manecem positivos (pelo menos > 10)
inativo, baixa carga viral ou mutante pré → se houver um acidente ocupacional,
core → solicita o PCR HBV-DNA para pode-se dosar novamente o Anti-HBs
avaliar a carga viral do paciente → se estiver negativo, revacinar
Tto: > 30 anos e/ou ALT
↑ Replicação
HBeAg + > 2x limite superior da
viral
normalidade
Hepatite B Hepatite B
aguda crônica > 2.000 UI: mutante pré
(HBsAg +) (HBsAg +) core → tto se: ALT > 2x
PCR LSN
HBeAg -
HBV-DNA
> 6 meses < 2.000 UI: baixa carga
viral

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EXAMES COMPLEMENTARES COMUNS A TODOS OS PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE B


CRÔNICA (1ª CONSULTA)

EXAMES RECOMENDADOS PARA ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DA HEP ATITE B SEM


CIRROSE EM PACIENTES ATÉ 30 ANOS DE IDADE

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EXAMES RECOMENDADOS PARA ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DA HEPATITE B CRÔ-


NICA SEM CIRROSE EM PACIENTES ACIMA DE 30 ANOS DE IDADE OU HEPATITE B CRÔNICA
COM CIRROSE

EXAMES RECOMENDADOS PARA RASTREAME NTO DE CHC

IDENTIFICAÇÃO DA CIRROSE DESCOMPENSADA : ESCORE DE CHILD-PUGH → AVALIA O GRAU


DE DETERIORAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA, ALÉM DE SER MARCADOR PROGNÓSTICO

❖ Biópsia hepática: exame padrão-ouro para a avaliação da fibrose hepática, porém é reservado
para casos de dúvida de indicação para o tto
❖ Elastografia hepática: procedimento não invasivo que permite a estratificação dos graus de
fibrose
normalização de ALT/TGP (resposta
❖ Objetivo principal: reduzir o risco de pro- bioquímica).
gressão da doença hepática e de seus ❖ Periodicidade das consultas: no mínimo
desfechos primários → principalmente: cir- 2 a 4 vezes ao ano
rose, CHC e óbito ❖ Recomendações para todos os pacien-
❖ Exames: Níveis de HBV-DNA, títulos de tes: imunizar o paciente para hepatite A;
aminotransferases e marcadores sorológi- orientar a prática de sexo seguro e a não
cos são utilizados como parâmetros para compartilhar instrumentos perfurocortan-
inferir a probabilidade de benefícios da te- tes e objetos de higiene pessoal, além de
rapêutica em longo prazo. evitar ingestão de álcool
❖ Resultado ideal: a perda sustentada do ❖ Hepatite B aguda: não há indicação de
HBsAg, com ou sem soroconversão para uso de nenhum medicamento específico,
anti-HBs → completa remissão (raro) apenas hidratação e repouso → a maioria
➢ Desfechos alternativos satisfatórios tem cura espontânea
para pacientes HBsAG + persistentes: ➢ Exceto em casos de: evidência de cir-
soroconversão para anti-HBe, redução rose; > 14 dias de icterícia; suspeita de
de carga viral (resposta virológica) e/ou hepatite fulminante (sinal da cruz →

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progressiva queda das transaminases ❖ Apresenta elevada potência de supres-


e alargamento importante do TAP + si- são viral e alta barreira genética de resis-
nais clínicos de insuficiência hepática) tência contra as mutações do HBV
❖ Associado a toxicidade renal e a desmi-
neralização óssea, particularmente no
❖ Critérios de inclusão: tratamento de pessoas vivendo com
HIV/aids e doença renal pregressa
➢ Paciente com HBeAg reagente e ALT >
2x limite superior da normalidade ❖ Contraindicações ao tratamento com
(LSN); tenofovir: Doença renal crônica; Osteopo-
rose e outras doenças do metabolismo ós-
➢ Adulto > 30 anos com HBeAg reagente; seo; Terapia antirretroviral com didanosina
➢ Paciente com HBeAg não reagente, (ddI); Cirrose hepática (contraindicação re-
HBV-DNA >2.000 UI/mL e ALT > 2x lativa); Intolerância ao medicamento.
LSN. ➢ Pacientes portadores de cirrose hepá-
❖ Outros critérios de inclusão para trata- tica → se possível substituir o tenofovir
mento independentemente dos resultados por entecavir
de HBeAg, HBV-DNA e ALT: ❖ Resistência ao tenofovir: não foi descrita
➢ História familiar de CHC; até o momento, mas se ocorrer, reco-
➢ Manifestações extra-hepáticas; menda-se a associação do entecavir ao
esquema de tto
➢ Coinfecção HIV/HBV ou HCV/HBV;
➢ Hepatite aguda grave (coagulopatias TRATAMENTO COM ENTECAVIR
ou icterícia por mais de 14 dias) ❖ É indicado quando: há contraindicação
➢ Reativação de hepatite B crônica; ao uso do tenofovir, ou presença de altera-
➢ Cirrose/insuficiência hepática; ção da função renal em decorrência do seu
uso
➢ Biópsia hepática METAVIR ≥ A2F2 ou
elastografia hepática > 7,0 kPa; ➢ São equivalentes em eficácia, salvo na
presença de mutações virais
➢ Prevenção de reativação viral em paci-
entes que irão receber terapia imunos- ❖ É primeira linha para pacientes em trata-
supressora (IMSS) ou quimioterapia mento de imunossupressão e quimiote-
(QT) rapia
❖ Monitoramento durante qualquer trata- ❖ Resistência ao tratamento: recomenda-
mento: se a associação de tenofovir ao es-
quema de tratamento vigente → após um
➢ Pacientes portadores de hepatite B
ano deve-se realizar monoterapia com te-
crônica HBeAg reagente: HBsAg,
nofovir
anti-HBs, HBeAg, anti-HBe e HBV-
DNA realizados anualmente.
TRATAMENTO COM ALFAPEGUINTERFE-
➢ Pacientes portadores de hepatite B RONA
crônica HBeAg não reagente: ❖ Medicação que provavelmente irá ser reti-
HBsAg, anti-HBs, HBV-DNA realizados rada do protocolo, porque tem muitos efei-
anualmente. tos adversos e pouca resposta terapêutica
→ a 1ª linha é o tenofovir
TRATAMENTO COM TENOFOVIR ❖ Medicação de aplicação subcutânea se-
❖ É a primeira linha de tratamento para a manal, indicada para tratamento alterna-
hepatite B crônica. tivo de 48 semanas, reservado a pacien-
❖ Tenofovir (fumarato de tenofovir desopro- tes portadores de infecção pelo vírus da
xila) → Análogo de nucleotídeo que blo- hepatite B com exame HBeAg reagente.
queia a ação da enzima transcriptase re- ❖ A extensão ou repetição da modalidade
versa terapêutica não está autorizada, e o ciclo

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de tratamento do paciente deverá ser rea- ❖ Monitoramento clínico: Hemograma


lizado uma única vez. completo a cada 12 semanas; AST/ALT na
❖ Contraindicações ao tratamento com al- 2ª semana de tratamento e a cada quatro
fapeguinterferona: Consumo atual de ál- semanas de tratamento; Glicemia de je-
cool e/ou drogas; Cardiopatia grave; Dis- jum, TSH e T4L a cada 12 semanas.
função tireoidiana não controlada; Distúr- ❖ Avaliação de resposta:
bios psiquiátricos não tratados; Neoplasia ➢ HBsAg, anti-HBs, HBeAg, anti-HBe ao
recente; Insuficiência hepática; antece- final da 48ª semana;
dente de transplante, exceto hepático; Dis-
túrbios hematológicos: anemia, leucope- ➢ HBV-DNA ao final da 24ª e 48ª semana
nia, plaquetopenia; Doença autoimune; de tratamento → se > 20.000 UI/mL
gravidez; Intolerância ao medicamento. deve substituir por tenofovir ou ente-
cavir

POSOLOGIA:
Medicamento Dose Via de adm Tempo de tto
Alfapeguinterferona
180 mcg/semana SC 48 semanas
2a 40 KDa
Alfapeguinterferona
1,5 mcg/kg/semana SC 48 semanas
2b 12 KDa
Virgens de tratamento e/ ou portadores Indeterminado,
Entecavir de cirrose compensada: 0,5mg/dia VO conforme conver-
Cirrose descompensada: 1,0 mg/dia são sorológica
Indeterminado,
Tenofovir 300 mg/dia VO conforme conver-
são sorológica

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➢ Pela alta suspeita de hepatite B aguda


→ não há indicação de uso de nenhum
medicamento específico, apenas hidra-
CASO CLÍNICO 1
tação e repouso → espera 6 meses
❖ Paciente, 34 anos, procura assistência
para a recuperação. Só é indicado o
médica devido a febre, dor abdominal mo-
uso de drogas antivirais (ex: lamivu-
derada, icterícia, colúria e astenia há apro-
dina, entecavir) quando há insuficiência
ximadamente 8 dias. Nega outras queixas.
hepática fulminante
Sem outras alterações relevantes ao
exame físico. ➢ Orientar a profilaxia aos familiares →
uso de preservativos, não compartilhar
❖ Exames laboratoriais: TGP – 1350, TGO –
perfuro-cortantes
1260, HBsAg – Reagente, Anti-HBs - Não
reagente, Anti-HBc total – Reagente ➢ Na maioria dos casos há resolução es-
pontânea do quadro, apenas uma mi-
❖ Trata-se de hepatite aguda? Quais as
noria evolui para a forma crônica
condutas?
➢ O TGO > 1000 fala a favor de hepatites CASO CLÍNICO 2
virais. HBsAg +, Anti-HBs –, Anti-HBc ❖ Paciente assintomático, 45 anos, procura
total + → porém não especifica IgG e atendimento médico porque ao realizar
IgM. exames laboratoriais apresentou as se-
➢ Solicitar: Anti-HBc IgM para reforçar guintes alterações:
que é uma hepatite B aguda; bilirrubina, ❖ HBsAg – Não reagente; Anti-Hbs – Rea-
tempo de protrombina, gente; Anti-HBc total – Não reagente;

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HBeAg – Não reagente; Anti-Hbe Não rea- positivo; TGP – 34 (valor normal até 40);
gente TGO – 23 (valor normal até 35)
❖ Qual a interpretação? Qual a conduta ❖ Há indicação de tratamento? Qual
indicada? droga?
➢ Como o único exame dele reagente é o ➢ O paciente > 30 anos com hepatite B
Anti-HBs, então o paciente está imuni- crônica e tem HBeAg positivo, portanto,
zado. tem indicação de tto:
➢ Para diferenciar se foi por vacina ou por ▪ 1. Alfapeguinterferona 2a 40 KDa
infecção anterior tem que olhar para o – 180 mcg/semana via subcutânea
Anti-HBc, mas como ele está negativo, (SC) – Por 48 semanas;
a imunização foi por vacinação (por- ▪ 2. Alfapeguinterferona 2b 12 KDa
que não entra em contato com o córen – 1,5 mcg/kg/semana via SC – Por
do vírus). 48 semanas;
➢ A conduta seria acalmar o paciente e ▪ 3. Tenofovir (fumarato de tenofovir
orientá-lo que está reagente por conta desoproxila) 300 mg/dia VO; por
da vacina e não continuar acompa- tempo indeterminado, conforme
nhando na infectologia. conversão sorológica
Obs: o interferon tem muito efeito adverso, é
CASO CLÍNICO 3
subcutâneo (gera desconforto) e tem muita fa-
❖ Paciente assintomático, 51 anos, procura
lha no tto → a droga de escolha geralmente é
atendimento médico porque ao realizar
o tenofovir. Se houver cirrose ou insuficiência
exames laboratoriais apresentou as se-
renal considerar o entencavir
guintes alterações:
❖ Hepatite B crônica → tem que avaliar se
❖ HBsAg – Reagente (agosto 2020); HBsAg
tem replicação ativa (HBeAg e Anti-HBe)
– Reagente (março 2021); Anti-Hbs – Não
→ como o HBeAG está positivo indica que
Reagente (março 2021); Anti-HBc total –
está ocorrendo replicação viral
Reagente (março 2021)
➢ A grande maioria dos pacientes com
❖ Qual a interpretação? Qual a conduta
hepatite B crônica não consegue ter
indicada?
cura → precisa realizar o tto durante o
➢ O paciente tem uma infecção por > 6 resto da vida para prevenir cirrose e he-
meses, portanto é uma hepatite B crô- patocarcinoma
nica e sem adquirir imunidade (Anti-
HBs –) CASO CLÍNICO 5
➢ Conduta: solicitar o Anti-HBe e o ❖ Paciente, 25 anos, é acompanhado no am-
HBeAg para definir o tto; investigar cir- bulatório de Infectologia, com diagnóstico
rose (solicitar: TAP, albumina, FA, estabelecido de Hepatite B crônica há 2
Gama-GT, TGO, TGP, bilirrubina, EDA, anos. O mesmo é assintomático, não tem
USG); rastrear os familiares com soro- cirrose e vem para consulta com resulta-
logias dos de exames para avaliação:
➢ Se o paciente não for tratado, pode ter ❖ HBsAg positivo; Anti-HBs negativo; HBeAg
no futuro cirrose ou câncer → então positivo; Anti-HBe negativo; Anti-HBc total
positivo; TGP – 21 (valor normal até 40);
CASO CLÍNICO 4 TGO – 19 (valor normal até 35)
❖ Paciente, 32 anos, é acompanhado no am- ❖ Há indicação de tratamento? Qual
bulatório de Infectologia, com diagnóstico droga?
estabelecido de Hepatite B crônica há 1
➢ Como o paciente tem < 30 anos, assin-
ano. O mesmo é assintomático, não tem
tomático, sem cirrose e com transami-
cirrose e vem para consulta com resulta-
nases normais não há indicação de tto,
dos de exames para avaliação:
mas tem que ficar acompanhando a
❖ HBsAg positivo; Anti-HBs negativo; HBeAg cada 3 meses.
positivo; Anti-HBe negativo; Anti-HBc total

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▪ Se o ALT/TGP estiver 2x maior que ❖ Há indicação de tratamento? Qual


o limite superior indicaria processo droga?
inflamatória e estaria indicado o tto ➢ Hepatite B crônica em paciente > 30
anos com HBeAg negativo, mas com
CASO CLÍNICO 6 PCR HBV-DNA > 2000 e TGP > 2x o
❖ Paciente, 49 anos, é acompanhado no am- limite superior → indicado o tto com te-
bulatório de Infectologia, com diagnóstico nofovir para normalizar esses exames
estabelecido de Hepatite B crônica há 5
❖ Hepatite B crônica → tem que avaliar se
anos. O mesmo é assintomático, não tem
tem replicação ativa (HBeAg e Anti-HBe)
cirrose e vem para consulta com resulta-
→ como o HBeAG está negativo pode es-
dos de exames para avaliação:
tar ou não replicando → pede o PCR HBV-
❖ HBsAg positivo; Anti-HBs negativo; HBeAg DNA para avaliar a carga viral do paciente
negativo; Anti-HBe positivo; Anti-HBc total → se elevado significa que ele consegue
positivo; TGP – 121 (valor normal até 40); se replicar sem positivar o HBeAG
TGO – 45 (valor normal até 35); PCR HBV-
DNA = 4320 UI/ml

Hepatite C
➢ Na ausência de tratamento, há cronifi-
❖ Agente etiológico: vírus da hepatite C cação em 60% a 85% dos casos e, em
(HCV) → pertence ao gênero Hepacivirus, média, 20% evoluem para cirrose ao
família Flaviviridae. longo do tempo
➢ É composto por uma fita simples de ➢ Uma vez estabelecido o diagnóstico de
ácido ribonucleico (RNA) cirrose hepática, o risco anual para o
surgimento de carcinoma hepatocelular
❖ Principal meio de transmissão: via pa- (CHC) é de 1% a 5%
renteral → contato com sangue contami-
nado ❖ Complicações da hepatopatia crônica:
insuficiência hepatocelular, hipertensão
➢ Ex: transfusão sanguínea, hemodiá- portal (varizes gastresofágicas, hemorra-
lise, manicure e pedicure, piercings e gia digestiva alta, ascite) e encefalopatia
tatuagens, tto odontológicos ou endos- hepática, além de trombocitopenia e de-
cópicos. senvolvimento de CHC.
➢ Após a padronização dos processos de
triagem pré-doação, houve uma signifi-
cativa redução na transmissão do HCV ❖ Grupos que devem ser testados de forma
por meio transfusional periódica pelo menos uma vez ao ano ou
em intervalo menor:
➢ A transmissão sexual é menos fre-
quente. ➢ Pessoas vivendo com HIV;
❖ Em geral, a hepatite C aguda apresenta ➢ Pessoas sexualmente ativas prestes a
evolução subclínica → assintomáticos e iniciar Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
anictéricos → difícil diagnóstico ao HIV (a indicação de testagem se-
guirá o protocolo de PrEP);
❖ Evolução silenciosa → diagnóstico tar-
dio (após décadas da infecção) geral- ➢ Pessoas com múltiplos parceiros sexu-
mente ocorre por teste sorológico de rotina ais ou com múltiplas infecções sexual-
ou por doação de sangue mente transmissíveis;
➢ Sinais e sintomas só aparecem nas fa- ➢ Pessoas trans;
ses mais avançadas e são inespecífi- ➢ Trabalhadores(as) do sexo;
cos ➢ Pessoas em situação de rua.

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❖ Grupos que devem ser testados pelo me- como anorexia, astenia, mal-estar e dor
nos uma vez desde que não apresentem abdominal.
histórico de exposições associadas ao ➢ Uma menor parte dos pacientes apre-
risco de aquisição de uma nova infecção: senta icterícia ou escurecimento da
➢ Pessoas com ≥ 40 anos; urina
➢ Pacientes ou profissionais de saúde ❖ Rastreio: Anti-HCV → teste rápido
que tenham frequentado ambientes de
hemodiálise em qualquer época; HEPATITE C AGUDA
➢ Uso de álcool e outras drogas; ❖ Definição:
➢ Uso de drogas injetáveis em qualquer ➢ Soroconversão recente (há < 6 meses)
época → incluindo aquelas que as utili- e com documentação de anti-HCV não
zaram apenas uma vez; reagente no início dos sintomas ou no
momento da exposição, e anti-HCV re-
➢ Pessoas privadas de liberdade;
agente na segunda dosagem, realizada
➢ Pessoas que receberam transfusão de com intervalo de 90 dias;
sangue ou hemoderivados antes de
➢ Anti-HCV não reagente e detecção do
1993 ou transplantes em qualquer
HCV-RNA em até 90 dias após o início
época;
dos sintomas ou a partir da data de ex-
➢ Pessoas com antecedente de exposi- posição, quando esta for conhecida.
ção percutânea/parenteral a sangue ou
❖ HVC-RNA → pode aparecer cerca de duas
outros materiais biológicos em locais
semanas após a exposição ao agente in-
que não obedeçam às normas da vigi-
feccioso. Aumentando rapidamente du-
lância sanitária (ambientes de assistên-
rante as primeiras semanas
cia à saúde, realização de tatuagens,
escarificações, piercing, manicure, uso ❖ Anti-HCV → aparece cerca de 30 a 60 dias
de lâminas de barbear ou outros instru- após a exposição ao vírus
mentos perfurocortantes); ❖ Pacientes sintomáticos → os sintomas
➢ Pessoas com antecedente ou em risco começam entre 4 e 12 semanas após a ex-
de exposição a sangue ou outros mate- posição e podem durar até 6 meses, mas
riais biológicos contaminados: profissi- sua resolução costuma acontecer até a 12°
onais de saúde, cuidadores de pacien- semana
tes, bombeiros, policiais, etc.;
➢ Crianças nascidas de mães que vivem
com o HCV; HEPATITE C CRÔNICA
➢ Familiares ou outros contatos íntimos ❖ Definição:
(comunicantes), incluindo parceiros se- ➢ Anti-HCV reagente por mais de seis
xuais, de pessoas que vivem com ou meses; E
têm antecedente de infecção pelo ➢ Confirmação diagnóstica com HCV-
HCV; RNA detectável por mais de seis me-
➢ Pacientes com diagnóstico de diabe- ses.
tes, doenças cardiovasculares, antece- ❖ Anti-HCV → indica contato prévio com o
dentes psiquiátricos, histórico de pato- vírus. Um resultado reagente isolado não
logia hepática sem diagnóstico, eleva- diferencia uma infecção resolvida de uma
ção de ALT e/ou AST, antecedente de infecção ativa → solicitar HVC-RNA
doença renal ou de imunodepressão, a
❖ HVC-RNA → testes moleculares quantita-
qualquer tempo.
tivos também são conhecidos como testes
de carga viral (CV) → são capazes de
❖ Os sintomas da infecção pelo HCV estão quantificar o número de cópias de geno-
presentes na minoria de casos (20% a mas virais circulantes em um paciente.
30%) e geralmente são inespecíficos, tais

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do paciente e o esquema de tratamento


❖ O exame de genotipagem do HCV utiliza proposto.
testes moleculares capazes de identificar ❖ As características clínicas ou ultrassono-
os genótipos, subtipos e populações mis- gráficas que definem doença hepática
tas do HCV → definem o esquema tera- avançada/cirrose são: presença de circu-
pêutico lação colateral, fígado e bordas irregula-
❖ Exige que a amostra apresente carga viral res, esplenomegalia, aumento do calibre
mínima de 500 UI/mL, comprovada por da veia porta, redução do fluxo portal, as-
teste de quantificação de HCV-RNA reali- cite e varizes esofágicas
zado em um período anterior máximo de ❖ O estadiamento poderá ser realizado por
12 meses. qualquer um dos métodos disponíveis:
➢ Quando isso não é possível → conside- APRI ou FIB4 (preferíveis devido a dispo-
rar esquema terapêutico para o genó- nibilidade), biópsia hepática ou elastogra-
tipo 3 fia hepática.
➢ APRI: Índice de relação aspartato ami-
notransferase sobre plaquetas
❖ O tratamento da hepatite C está indicado
na presença da infecção aguda ou crônica
pelo HCV, independentemente do estadia-
mento da fibrose hepática.
❖ No entanto, é fundamental saber se o pa- ➢ FIB4: Fibrosis-4
ciente tem fibrose avançada (F3) ou cir-
rose (F4), pois a confirmação desse diag-
nóstico poderá afetar a condução clínica

primeira infecção, havendo risco de


❖ Objetivo do tratamento: obtenção da res- reinfecção.
posta virológica sustentada (RVS), que se ❖ Critérios de inclusão: todos os pacientes
caracteriza pela ausência de HCV-RNA com diagnóstico de infecção pelo HCV
(limite de detecção de < 12UI/mL) na 12ª ❖ Critérios de exclusão: Crianças com < 3
ou 24ª semana após o término da tera- anos; Pacientes oncológicos com cirrose
pia medicamentosa. Child-Pugh B ou C, ou cuja expectativa de
➢ Lembrando que: a hepatite C não con- vida seja inferior a 12 meses, sem remis-
fere imunidade protetora após a são da doença; cirrose descompensada e
indicação de transplante hepático com
MELD score ≥ 20, ainda não submetidos a

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transplante hepático; expectativa de vida ❖ Monitorização: hemograma, teste de cre-


for < 12 meses, devido a hepatopatia e ou- atinina (ou clearance de creatinina esti-
tras comorbidades; Pacientes com hiper- mado) e exame de função hepática ao iní-
sensibilidade ou intolerâncias que impossi- cio de tratamento e, sempre que clinica-
bilitem o uso de todas as alternativas tera- mente indicado, devendo repetir esses
pêuticas previstas neste PCDT. exames durante o tratamento.

ESQUEMAS TERAPÊUTICOS → DEPENDEM DO GENÓTIPO, TTO P RÉVIO, DEPURAÇÃO DE CRE-


ATININA E DA IDADE
❖ Pacientes adultos (≥ de 18 anos), sem tratamento prévio, com depuração de creatinina ≥
a 30 mL/min:

❖ Pacientes adultos (≥ de 18 anos), sem tratamento prévio com antivirais de ação direta*,
com depuração de creatinina < a 30 mL/min:

❖ Pacientes adultos (≥ de 18 anos), tratados previamente com antivirais de ação direta:

❖ Pacientes entre 3 e 17 anos:

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MANEJO DE NEUTROPENIA
❖ Exames no acompanhamento da hepa-
❖ Medicamento: Filgrastim
tite C crônica SEM CIRROSE: Hemo-
❖ Indicação: pacientes com neutropenia se- grama, Coagulograma, Hepatograma,
vera, caracterizada por neutrófilos Ureia / creatinina / estimativa do ClCr / Na
❖ Posologia: 300mcg, SC, uma a duas ve- / K, Glicemia de jejum, EAS
zes por semana. ❖ Exames no acompanhamento da hepa-
❖ Tempo de uso: variável, conforme a ne- tite C crônica COM CIRROSE: EDA, USG
cessidade para manter o paciente com de abdome + AFP, Hemograma, Coagulo-
neutrófilos ≥750 células/mm3 grama, Hepatograma (a cada 3-4 meses),
❖ Indicador de resposta: elevação de neu- Ureia / creatinina / Na / K, Glicemia de je-
trófilos para valores ≥750 células/mm³. jum
❖ Pacientes com estadiamento de fibrose
MANEJO DE ANEMIA F3 e F4: não devem ter alta após resposta
❖ Medicamento: alfaepoetina → pode ser virológica sustentada
realizada em pacientes em uso de DAA e/ ➢ Fazer rastreamento contínuo de CHC e
ou alfapeguinterferona. de varizes gastroesofágicas em F4:
❖ Indicação: Indicação: Hemoglobina atual USG de abdome + AFP 6/6 meses
3,0g/dL em relação ao nível pré-trata- ❖ Pacientes F0-F2, na ausência de outras
mento ou em pacientes sintomáticos contraindicações para alta, podem ser libe-
❖ Objetivos do uso: resolução da anemia e rados, com aconselhamento.
manutenção de hemoglobina >12g/dL, ❖ Aconselhamento para todos os pacien-
permitindo o uso de, pelo menos, 80% da tes: Prevenção da reinfecção; o monitora-
dose preconizada de ribavirina. mento da abstinência de álcool, drogas e
❖ Posologia: 10.000 UI a 40.000 UI por se- tabaco; e o controle das comorbidades, do
mana, SC, a critério clínico. peso e dos distúrbios metabólicos. O uso
de medicações potencialmente hepatotóxi-
❖ Tempo de uso: variável conforme a ne-
cas deve ser evitado.
cessidade, a fim de manter o paciente com
hemoglobina >10g/dL.

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➢ Se a função renal estiver bem → usar:


ledipasvir/sofosbuvir (genótipo 1) ou
velpastavir/sofosbuvir (genótipo 2, 3, 4,
CASO CLÍNICO 1
5 e 6)
❖ Paciente, 37 anos, procura ambulatório de
infectologia devido a encaminhamento do
Hemoce. Durante triagem de doação de CASO CLÍNICO 3
sangue, o mesmo apresentou Anti-HCV re- ❖ Paciente, 50 anos, assintomático, acom-
agente. Na mesma semana, o paciente re- panhado no ambulatório de Infectologia
alizou exames em laboratório particular, devido a diagnóstico de Hepatite C crônica
cujos resultados são os seguintes: há 1 ano comparece para mostrar exames.
❖ Anti-HCV reagente; TGP – 32 (normal até ❖ Anti-HCV reagente (fevereiro 2020); PCR
40); TGO – 24 (normal até 35) HCV-RNA = 340.435 cópias/ml (março
2021); TGP – 21 (normal até 40); TGO –
❖ Este paciente tem hepatite crônica? Por 23 (normal até 35); Genótipo 1a; USG de
quê? abdome – normal; Albumina – 4,5; INR –
➢ Não há dados suficientes, porque para 1,0
confirmar uma hepatite C crônica é ne- ❖ Qual a conduta nesta consulta?
cessário ter um Anti-HCV positivo junto
com PCR HCV-RNA por > 6 meses ➢ Se não tiver realizado nenhum tto: Le-
dipasvir/Sofosbuvir por 12-8 semanas
▪ Se o HCV-RNA vier negativo (exclu-
ída hepatite C), pode ser porque o ➢ Se tratamento prévio: avaliar quais fo-
Anti-HCV pode ser positivo em cica- ram os medicamentos utilizados para
triz sorológica ou ser falso positivo. utilizar outros que tenham mecanismos
Se o paciente tiver outros sintomas, de ação diferentes
pode-se investiar outras causas, ➢ Geralmente os tto são eficazes (↑cura
como FR+, hepatite autoimune > 95% dos casos) → sempre deve-se
tratar (independente da carga viral),
CASO CLÍNICO 2 mas são tto muito caros, por isso nem
❖ Paciente, 60 anos, assintomático, iniciou sempre os medicamentos são disponí-
acompanhamento no ambulatório de Infec- veis no SUS e podem demorar bas-
tologia devido a suspeita de Hepatite C. O tante
mesmo apresenta os seguintes exames:
❖ Anti-HCV reagente (fevereiro 2020); PCR
HCV-RNA = 230.435 cópias/ml (março
2021); TGP – 65 (normal até 40); TGO –
54 (normal até 35)
❖ Este paciente tem hepatite C? Quais as
condutas nesta consulta?
➢ A partir de 600 cópias no PCR HCV-
RNA já confirma a hepatite C e já é crô-
nica (> 6 meses).
➢ Conduta: solicitar a genotipagem do ví-
rus, função renal e hepática (investigar
cirrose), sódio, potássio, sumário de
urina, sorologia das outras hepatites vi-
rais e ISTs. Recomendar evitar dietas
gordurosas e ingestão de bebidas
alcóolicas. Se ele não tiver anticorpos
para as outras hepatites, deve ser vaci-
nado para a hepatite A e B.

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