Você está na página 1de 4

O transtorno fóbico é definido por um medo irracional, intenso e persistente produzido pela

presença ou antecipação de um objeto específico.

O nível de medo é considerado extremo e desperta na criança uma sensação de intensa


ansiedade. Comportamentos típicos de crianças fóbicas diante do estímulo temido são: choros,
crises de raiva e inibição do comportamento.

Existem vários tipos de fobia específica de acordo com o estímulo que produz o medo intenso
da criança: fobia a animais, a situações ambientais, a dor, etc.

Sintomas comuns: Aumento dos batimentos cardíacos, sudorese, tremores, dor de barriga, dor
nas costas, sentimento de estar em choque ou dormência.

Comportamentos típicos: evitar o estímulo fóbico ou locais onde o estímulo possa existir, pedir
para que os pais estejam presentes quando a criança sabe que entrará em contato com o
estímulo.

A fobia apresenta como característica básica uma resposta exagerada de medo ou


preocupação diante de uma situação concreta, que se mantém durante um tempo e que
provoca o sofrimento psíquico. É uma resposta de alarme falso produzida pelo nosso cérebro.

Algumas crianças desenvolvem fobia após serem expostas a um evento traumático, por
exemplo, ter sido mordido por um cachorro. Um mecanismo importante na etiologia da fobia
específica é a aprendizagem por modelagem, pois as crianças habitualmente imitam os
comportamentos dos pais. Portanto, elas aprendem com seus cuidadores a serem mais
temerosas e responder a determinados eventos com maior ansiedade.

Os pais que manifestam muitas preocupações ou medos em determinadas situações


corroboram como um modelo comportamental de ansiedade para seus filhos.

TISSER, Luciana. (cols.) Transtornos psicopatológicos na infância e adolescência. Novo


Hamburgo: Sinopsys, 2018.

CAMINHA, Marina et al. Intervenções e treinamento de pais na clínica infantil. Porto Alegre:
Sinopsys, 2011.

Um comportamento bastante comum apresentado pelos pais é a presença de forte conteúdo


de ansiedade quando percebem o sofrimento do filho. Para aliviar toda essa carga emocional
que a criança já carrega e necessário que as ativações e ansiedade família sejam manejadas, a
fim de impedir que a ansiedade dos pais não interfira no tratamento e prognostico da criança.

Intervenção em caso de fobias específicas

Uma vez identificada a dificuldade da criança, devemos pensar no passo a passo do tratamento

Primeiro-passo: Ajudar a criança a identificar o problema e formar vínculo

Segundo-passo: Psicoeducação sobre a Fobia. A resposta de ansiedade é complexa e envolve


reações fisiológicas, respostas comportamentais e elementos cognitivos. A percepção de
perigo desencadeia várias alterações fisiológicas, quando então o corpo se prepara para uma
reação de "luta ou fuga". Os sintomas fisiológicos são desagradáveis e levam a criança a ter
comportamentos que visam minimizar sua intensidade.. Uma resposta comportamental
comum é a esquiva. A criança passa a evitar situações ou lugares que desencadeiam respostas
fisiológicas fortes. Na base dessas respostas fisiológicas e comportamentais, encontram-se
processos cognitivos importantes.Eles determinam a forma como a criança observa e percebe
os acontecimentos.

Terceiro-passo: Psicoeducação da Terapia Cognitiva Comportamental

Pais e crianças precisam ser ajudados a entender que há relação entre os pensamentos e os
sentimentos ansiosos e o que eles causam na criança. Para psicoeducar sobre a Terapia
Cognitiva o terapeuta pode utilizar diferentes instrumentos e abordagens, à depender da
idade da criança. O principal objetivo é que a criança entenda que o que ela pensa, interfere
na forma como ela se sente e se comporta. Exemplo: “Carla é uma menina muito estudiosa
mas morre de medo de tirar notas baixas. Mesmo com esse medo, ela nunca chegou com uma
nota abaixo de 8 em casa

Carla acredita que sempre vai se dar mal, e para se dar bem ela precisa estudar 5x mais que os
outros colegas. Ela está prestes a ter uma prova, e está morrendo de medo”. Vamos ver:

Situação: Prova de matemática

Pensamento: “Não estudei suficiente, não vou conseguir ir bem na prova”


Emoção: Medo, preocupação
Sensações físicas: Coração acelerado, falta de ar
Comportamento: Estuda horas seguidas sem descanso, dorme mal, deixa de passar tempo em
família.

Inicialmente, é importante utilizar outros exemplos que não seja o problema da criança para
que ela compreenda a relação dos eventos. Seguindo a premissa de Beck, de que não é a
situação que gera ansiedade, mas a interpretação que fazemos, a ideia é mostrar para a
criança como os pensamentos dela interferem nas suas emoções
Quarto-passo: Psicoeducar sobre as emoções Após explicação sobre a Terapia Cognitiva, o
próximo passo é ensinar sobre as emoções. Explicar sobre todas as emoções básicas: amor,
alegria, tristeza, medo, raiva e nojo, ajudando a criança a separar as agradáveis e
desagradáveis, qual a função de cada emoção, onde sentimos no corpo, como a expressamos,
etc. Depois, focamos na emoção medo, que é a emoção desregulada, explicando
detalhadamente sua função, incluindo a resposta de luta ou fuga.

Quarto-passo: Psicoeducar sobre as emoções No processo de psicoeducação das emoções, a


criança deve: - Compreender a reação de ansiedade e a resposta de "luta ou fuga" - identificar
seus sinais corporais associados a ansiedade - reconhecer que os sentimentos ansiosos estão
associados a situações e pensamentos. - aprender uma variedade de métodos para manejo
dos sentimentos ansiosos.

Quinto-passo: Reestruturação Cognitiva Nessa fase, vamos ensinar a criança a pensar as


situações de formas diferentes. Para isso, vamos lembrá-la dos ensinamentos das primeiras
sessões sobre pensamentos-emoções-comportamentos. Nesse momento, vamos anotar os
pensamentos disfuncionais da própria criança.

Sexto-passo: Ensinando a relaxar

A criança compreendendo as respostas ao medo que o corpo dela produz, necessitamos


ensiná-la a acalmar, e relaxar o corpo após o “alarme falso”que o corpo disparou. Para isso,
estratégias de relaxamento muscular, respiração, técnicas de distração e imaginação são bem-
vindas

Sétimo-passo: Dessensibilização Sistemática

A dessensibilização sistemática consiste em fazer uma pessoa gradualmente enfrentar


situações que causam medo. Para ajudar uma pessoa a eliminar uma ansiedade ou situação de
ansiedade, é necessário enfrentá-la pouco a pouco e em um ambiente seguro, enquanto
aprende a relaxar.
Relembrar as estratégias de relaxamento

Criação de uma hierarquia de situações de ansiedade

8º passo: Exposição in-vivo

Exposição progressiva O úl?mo passo da dessensibilização sistemá?ca é o mais longo e


também o mais importante de todos. Concluída a classificação do ponto anterior, o terapeuta
ajudará o paciente a enfrentar cada uma das situações da lista, começando pela mais simples,
até terminar na mais diTcil.

9º passo: Prevenção à recaída Fazer uma caixa de ferramentas com tudo que a criança
aprendeu sobre fobia, ansiedade, pensamentos, relaxamento, e todas as suas conquistas para
que ela possa utilizar quando a psicoterapia finalizar.

Você também pode gostar