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TERAPIA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS RENAIS Prof.

José Aroldo Filho


goncalvesfilho@nutmed.com.br

A função principal dos rins é manter o balanço 1- Hipovolemia: hemorragias, perdas


homeostático com relação aos líquidos, eletrólitos e gastrointestinais, perdas para terceiro espaço,
solutos orgânicos. A unidade funcional dos rins é o néfron. queimaduras, excesso de diuréticos, febre,
desidratação.

2- Diminuição do débito cardíaco: insuficiência


cardíaca (IC), infarto agudo do miocárdio (IAM),
tamponamento cardíaco, arritmias, ventilação
mecânica com pressão positiva.

3- Alteração da relação entre resistência vascular


sistêmica e renal: choque distributivo, uso abusivo de
anti-hipertensivos, sepse, anafilaxia, noradrenalina,
anfotericina B, ciclosporina, síndrome hepatorrenal.

4- Drogas: anti-inflamatórios não-esteroidais


(AINEs), inibidores da enzima conversora de
angiotensina (IECA), ciclosporina, contraste iodado.

5- Hiperviscosidade: mieloma múltiplo,


macroglobulinemia, policitemia.
Fig. 1: Unidade funcional básica – o néfron
IRA pós-renal:
O volume urinário mínimo capaz de eliminar uma
quantidade relativamente fixa de 600 mOsm de soluto é
500mL, supondo que o rim seja capaz de concentração 1- Obstrução ureteral bilateral: neoplasia de próstata,
máxima. neoplasia de colo uterino, fibrose retroperitoneal
idiopática, iatrogenia,
O volume urinário inferior a 400 mL é denominado oligúria obstrução intraluminal (cristais, edema, coágulos).
(CHEMIN & MURA). Se os metabólitos nitrogenados se
acumularem no sangue tem-se a instalação da azotemia. 2- Obstrução na bexiga: neoplasia de bexiga,
infecção, neuropatia.
O rim possui outras funções não relacionadas à excreção:
Controle da pressão sangüínea via sistema renina-
3- Obstrução uretral: válvula congenital, hipertrofia
angiotensina;
prostática benigna (HPB), funcional.
Produz o hormônio eritropoietina, com atividade eritróide
na medula óssea;
Manutenção da homeostase de cálcio-fósforo. IRA renal:

Os pacientes com insuficiência renal constituem um 1- Obstrução vascular renal (bilateral ou unilateral
grupo heterogêneo, com diferentes objetivos da com rim único funcionante): obstrução de veia renal
terapia nutricional, necessidades e composição de (trombose, compressão), obstrução de artéria renal
planos nutricionais. (aterosclerose, trombose, embolia, vasculite).

I.INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA - IRA 2- Doenças do glomérulo ou da microvasculatura


renal: glomerulonefrite, vasculite, síndrome
A IRA pode fazer parte de diversas doenças. hemolítica urêmica, púrpura trombocitopênica
trombótica, coagulação intravascular disseminada,
Para fins de diagnóstico e tratamento costuma ser esclerodermia, lupus eritematoso sistêmico.
dividida em três etiologias.
3- Necrose tubular aguda: isquemia (igual a IRA pré-
• Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão renal), toxinas (meios de contraste, antibióticos,
renal, sem comprometer a integridade do ciclosporina, quimioterápicos, acetaminofen,
parênquima, cerca de 55% ; rabdomiólise, hemólise, ácido úrico, oxalato,
discrasia de leucócitos).
• Renal: doenças que afetam diretamente o
parênquima renal, cerca de 40%; 4- Nefrite intersticial: alérgica (antibióticos como
betalactâmicos, sulfonamidas, trimetropim,
• Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato rifampicina, AINEs, diuréticos, captopril), infecções
urinário, cerca de 5%; (bacterianas, virais ou fúngicas), infiltração (linfoma,
leucemia, sarcoidose) e idiopática.
IRA pré-renal:

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5- Depósito e obstrução intratubular: proteínas do
mieloma, ácido úrico, oxalato, aciclovir, metotrexato, Segundo Krause, a redução da proteína dietética para
sulfonamidas. 0,8g/kg/dia pode diminuir a proteinúria sem afetar
adversamente a albumina sérica, sendo 50 a 60% de
AVB.
6- Rejeição de aloenxerto renal
A ingestão de energia para adultos deve ser de cerca
A) IRA - DOENÇAS GLOMERULARES de 35kcal/kg/dia e para crianças de 100 a
150kcal/kg/dia.
I.I Síndrome Nefrítica (KRAUSE)
Em relação ao sódio, deve-se realizar restrição moderada,
A síndrome nefrítica incorpora as manifestações clínicas ou seja, 3g de sódio diário. Quanto aos lipídeos, a
de doenças caracterizadas pela inflamação das alças importante conseqüência da hipercolesterolemia conta
capilares do glomérulo, também chamadas de com o potencial para induzir doença cardiovascular.
glomerulonefrites agudas, que podem ter rápida resolução,
evolução para síndrome nefrótica ou Insuficiência Renal Pode-se realizar restrição de lipídeos, ou seja, 25 a
Crônica. 35% do VCT, sendo 7% de gorduras saturadas,
gordura polinsaturada até 10% e monoinsaturada até
Caracteriza-se por hematúria, hipertensão arterial e perda 20%, sendo colesterol dietético não mais que
suave da função renal. Pode-se ter infecção 200mg/dia. Pode-se utilizar o uso de agentes para
estreptocóccica. controle de lipidemia.

I. Terapia Nutricional na Síndrome Nefrítica B) IRA - DOENÇA DOS TÚBULOS E


INTERSTÍCIOS
Segundo Krause, não há necessidade de restrição de
proteínas ou potássio, a menos que se desenvolva uremia È caracterizada por uma redução abrupta da função renal
ou hipercalemia significante. Quando a hipertensão está resultando em desequilíbrio hidroeletrolítico e acúmulo de
presente, esta está relacionada ao excesso de volume produtos nitrogenados.
extracelular e deve ser tratada com restrição de sódio.
I. Terapia nutricional
I. II Síndrome Nefrótica (KRAUSE)
Segundo a CHEMIN & MURA (2011)
A síndrome nefrótica compreende um grupo heterogêneo
de doenças que derivam da perda da barreira glomerular Infelizmente não existe recomendação nutricional para
para proteínas. As grandes perdas de proteína na urina pacientes com lesão renal aguda concomitante a outras
levam a hipoalbuminemia, com conseqüente edema, patologias. A recomendação é baseada no nível de
hipercolesterolemia, hipercoagulabilidade e metabolismo catabolismo que o paciente apresenta.
ósseo anormal. Mais de 95% dos casos são decorrentes
de LES, DM e amiloidose. Na fase inicial (24 – 48h após evento traumático/crítico) da
lesão renal aguda, deve-se evitar o suporte nutricional,
I. Terapia nutricional na Síndrome Nefrótica pois as grandes quantidades de aminoácidos e glicose
infundidos durante essa fase podem aumentar o
Os objetivos são controlar os sintomas associados com a consumo renal de oxigênio, agravando a lesão tubular
síndrome (edema, hipoalbuminemia e hiperlipidemia), e renal.
diminuir o risco de progressão para a insuficiência renal e
manter as reservas nutricionais.

TAB.1: RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA IRA

Chemin&Mura (2011)  Por isso o cálculo do grau de  1,0 – volume de distribuição da uréia no aumento ou na
catabolismo pode ser feito através da taxa de perda de peso.
aparecimento de nitrogênio uréico (TAU).
Tab.2: KRAUSE (2013)  Recomendações adicionais:
TAU (g/d) = N uréico urinário (g/d) + N Uréico dialisato Potássio 30 – 50mEq/d em oligúria, repor as perdas na fase
(g/d) + variação do N uréico corporal (g/d) diurética.
Sódio 20 – 40mEq/d na fase oligúria, repor perdas na fase
Variação do N uréico corporal (g/d) = UNSf – UNSi (g/L) diurética.
x PCi (kg) x 0,6 + (PCf – PCi) x UNSi (g/L) x (1,0L/kg) Líquido Repor o débito anterior e acrescer 500mL.
Fósforo Limitar, conforme necessário.
Onde i e f são os valores inicial e final do período das
medidas:
 UNS – N uréico do soro (g/L);
 PC – peso corporal (kg);
 0,6 – estimativa da água corporal;
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Tab. 3: Recomendações Do Projeto Diretrizes da AMB (2011)

C.PIELONEFRITE – KRAUSE Os fatores que aumentam a pressão glomerular tendem a


acelerar este processo, enquanto que os fatores que
È uma infecção bacteriana do rim, não necessita de diminuem a pressão glomerular tendem a aliviá-lo.
tratamento dietético extenso.
Sabe-se que a proteína dietética aumenta a pressão
KRAUSE  Em casos crônicos, o uso de suco de uva- glomerular. É uma síndrome clínica decorrente de perda
do-monte para reduzir a bacteriúria se tornou eficaz, lenta, progressiva e irreversível da função renal.
devido os taninos presentes e as pró-antocianidinas em
frutos. O uso de mirtilos azuis parece inibir a aderência O quadro clínico que se desenvolve com o evoluir da
de E. coli às células epiteliais do Trato urinário. O uso de Insuficiência Renal denomina-se síndrome urêmica ou
oxicoco (cranberry) para reduzir a bacteriúria. uremia (retenção de escórias nitrogenadas, como
creatinina associada a sinais clínicos).
D.NEFRITE INTERSTICIAL CRÔNICA – KRAUSE
Na IRC com a perda e redução da filtração glomerular tem-
se acúmulo no soro ou plasma de produtos tóxicos,
Pode ocorrer como resultado do abuso de medicamentos,
principalmente uréia e creatinina, principais
anemia falciforme, DM ou refluxo vesicoureteral,
desencadeadores da síndrome urêmica.
manifestando-se primariamente como incapacidade de
concentrar urina como a IRA. O tratamento dietético
Fig. 2: PRINCIPAIS CAUSAS DE IRC (CHEMIN & MURA)
consiste de ingestão adequada de líquido, que pode
necessitar de vários líquidos extras.

E.SÍNDROME DE FANCONI – KRAUSE

È caracterizada por incapacidade de reabsorver a


quantidade apropriada de glicose, aminoácidos, fosfato e
bicarbonato no túbulo proximal, causando assim excreção
destas substâncias na urina. Manifestações clínicas
incluem acidose, hipocalemia, poliúria ou osteomalácia,
enquanto as crianças apresentam poliúria e retardo de
crescimento. A terapia consiste na reposição de líquidos,
suplementos dietéticos de vitamina D, potássio, fósforo,
cálcio e bicarbonato.

II.INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC)

Ao passar do tempo, a TFG declina e em resposta à essa


diminuição tem-se a adaptação para prevenção da falência
renal.

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Fig. 3: Algoritmo da IRC.

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Tab. 4:PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DE IRC (CUPPARI, 2014)

ESTÁGIOS DE IRC Tab. 5:Estágios de IRC – CHEMIN & MURA

Na prática estima-se a depuração ou clearence de


creatinina (Ccr):

Ccr (mL/min) = [Cr urinária (mg/dL) x vol urinário (mL)]


/ [ tempo de coleta (min) x Cr plasma (mg/dL)]

O Ccr também pode ser estimado pela fórmula de


Cockcroft & Gault:

Homens: ASSOCIAÇÃO ENTRE IRC E PATOLOGIA


Ccr (mL/min) = {[140 – idade (anos)] x peso (kg)} / [(Cr
plasma (mg/dL) x 72)] ANEMIA (CHEMIN & MURA)
Mulheres: multiplica-se o resultado por 0,85.
O rim é responsável por 90% da produção de
eritropoietina, que age na medula óssea, regulando o
A quantidade de creatinina depende da massa muscular, o
número de eritróides e maturação celular.
clearence deve ser corrigido pela superfície corporal.
A anemia na IRC é normocrômica normocítica.
Valor Normal: 80 – 120mL/min/1,73m2. O uso de eritropoietina humana recombinante associada à
reposição de ferro em pacientes IRC é responsável por
- De acordo com a CUPPARI (2014), nos estágios 1 e 2 uma importante redução da morbidade relacionada à
a albuminúria está presente; ao passo que nos uremia.
estágios de 3 a 5 a albuminúria poderia estar presente
ou ausente.

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COZZOLINO&COMINETTI (2013)  Principais causas de Tabela 7: Fatores de risco não tradicionais para
anemia na DRC: doença cardiovascular em pacientes IRC (CHEMIN &
- produção reduzida de eritropoietina; MURA)
- hemólise;
- deficiência de ferro;
- deficiência de foltao e vitamina B12;
- outras: perda sanguínea crônica, hipotireoidismo,
infecção ou inflamação crônica, hiperparatireoidismo,
inflamação, infiltração da medula óssea (mieloma) e
aplasia de células vermelhas.

NFK-K/DOQI  variação de 11 a 12mg/dL de Hb:


adequado. As concentações de Hb não devem ser
superiores a 13mg/dL quando há uso de estimuladores de
eritropoiese.

ESTRESSE OXIDATIVO (COZZOLINO & COMINETTI,


2013)

Pacientes com DRC possuem níveis elevados de estresse


oxidativo pela uremia, da suplementação de ferro DESEQUILÍBRIOS SÉRICOS DE CÁLCIO E FÓSFORO E
endovenoso e de fatores relacionados à diálise, além de AS CALCIFICAÇÕES (CHEMIN & MURA)
baixas concentrações séricas de zinco e selênio.
Em indivíduos saudáveis, os níveis séricos de cálcio e
Uma das principais consequências desse aumento de fósforo sao regulados pela interação PTH e vitamina D
espécies reativas é a oxidação da LDL e risco ativa.
cardiovascular. O PTH possui as seguintes ações:

SÍNDROME MIA E COMPLICAÇÕES Aumentar a síntese de vitamina D ativa no rim;


CARDIOVASCULARES (CHEMIN & MURA) Aumentar a absorção de cálcio pelo intestino;
Aumentar a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais;
A síndrome MIA é uma combinação de desnutrição, Favorecer a eliminação de fosfato pelos rins;
inflamação e aterosclerose. São sinais observados em Aumentar a atividade osteoclástica.
pacientes portadores de doença renal mesmo antes do
tratamento dialítico. Causa grande impacto na mortalidade A quantidade de fósforo eliminada pelos rins é
de pacientes em diálise. determinada pelo equilíbrio entre os processos de
ultrafiltração e reabsorção.
Além disso, a atividade inflamatória possui associação
com doença aterosclerótica. À medida que a função renal e a TFG entram em declínio,
a regulação do fósforo é mantida por uma queda
Vários fatores de risco não tradicionais para doença compensatória da taxa de reabsorção tubular de fósforo
cardiovascular estão comumente presentes na população mediada pelo PTH.
urêmica: hiper-homocisteinemia, estresse oxidativo,
calcificação vascular, desnutrição e inflamação. Entretanto, quando os níveis de TFG forem <25mL/min, o
PTH não consegue mais aumentar a excreção de fósforo,
Tabela 6: Fatores de risco tradicionais para doença estabelecendo a hiperfosfatemia, que perturba a interação
cardiovascular em pacientes IRC (CHEMIN & MURA) cálcio, vitamina D e PTH.

Além disso, os baixos níveis de vitamina D ativa e o


conseqüente tratamento com vitamina D têm-se estímulo
da absorção tanto de cálcio quanto de fósforo e a
absorção de cálcio do dialisato em pacientes em diálise
peritoneal, contribuindo para a sobrecarga de cálcio em
pacientes IRC.

Essa sobrecarga é um fator de risco para calcificação


metastática e de tecido cardíacos e vasculares, o que
constitui ameaça à vida. Para evitar a calcificação urêmica,
morte cardíaca e doença vascular, são considerados
níveis-alvo de fósforo <5,5mg/dL, PTH 100-200pg/mL e
produto Ca x P <55mg2/dL2.

HIPERPARATIREOIDISMO SECUDÁRIO E
OSTEODISTROFIA RENAL (CHEMIN & MURA)

O excesso de PTH, como visto anteriormente, é fator de


risco para mobilização de cálcio, magnésio e fósforo dos
ossos e deposição destes nos tecidos moles. A
osteodistrofia renal abrange os tipos de doença óssea
metabólica encontrados em pacientes em diálise. Muitos
fatores podem estar implicados como:

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Doença renal de base; cessam após re-estabelecimento da função renal normal
Duração da IRC; (transplante renal bem-sucedido).
Tempo de tratamento dialítico;
Modalidade dialítica. DIABETES MELITO (CHEMIN & MURA)

Vários são os fatores que podem estar associados à Entre as complicações do DM encontra-se a IRC, causada
redução da densidade mineral óssea em pacientes IRC: principalmente pela esclerose glomerular, que, em seus
Fatores nutricionais; estágios finais, requer terapia substitutiva renal
Sexo;
Uso de heparina; DESNUTRIÇÃO
Ação de mediadores inflamatórios;
A desnutrição é um achado comum em pacientes IRC e
Desequilíbrio ácido-básico;
está associada com perda de peso, à depleção energética
Uso prévio de corticoesteróides; e ao hipercatabolismo protéico.
Graus de função renal residual;
Tipo de osteodistrofia renal. Quanto menor for a TFG (< 20 – 25mL/min), mais se
evidenciam os sinais de comprometimento nutricional.
MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS (CHEMIN & MURA)
Dois tipos de desnutrição estão presentes em pacientes
A encefalopatia urêmica pode se manifestar por meio de IRC: a relacionada à uremia e aquela causada por
fadiga intensa, tendência à inversão do ciclo sono-vigília, atividade inflamatória.
prurido, déficit de atenção, anorexia, náuseas e vômitos,
memória imprecisa, diminuição do interesse sexual, Os critérios para definição de desnutrição em pacientes
labilidade emocional, mioclonias, sensação de pernas IRC propostos pelo Projeto Diretrizes da AMB (2011) são
cansadas, queimação nos pés, nistagmo e vertigem, coma apresentados a aseguir.
e convulsões. Os sintomas são aliviados com diálise e

Tab.8: Critérios para detecção de desnutrição em DRC.

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TRATAMENTO DA IRC Subnutrição (para prevenção de subnutrição o
NFK/DOQI recomenda PTN entre 0,8 a 1,0g/kg/dia
a) Avaliação da função renal  avaliação da TFG. e calorias entre 30 a 35kcal/kg/dia);

Tab. 9: Doenças e fatores relacionados à progressão Infecções.


da IRC (CHEMIN & MURA)
d) Modificar co-morbidades
Cardiopatia;
Vasculopatia;
Neuropatia;
Dislipidemia;
Retinopatia.

TRATAMENTO CONSERVADOR

- Proteínas: metabolismo e recomendações

Na IRC tem-se aumento da concentração sérica de AA


não-essenciais e diminuição de AA essenciais.

Com a diminuição da função renal, ocorre uma redução do


catabolismo de glutamina, prejudicando a síntese de
alanina.

Por sua vez, a valina, leucina encontram-se diminuídas no


b) Medidas para retardar a doença renal crônica plasma e músculo. A depleção de valina sugere que este é
o AA preferencialmente catabolizado.
Controle glicêmico (a hiperglicemia é um fator de risco
independente para nefropatia, estudos mostram que A concentração de tirosina, assim com a razão
os níveis de HbA1C se correlacionam com a perda tirosina/fenilalanina, diminui na insuficiência renal.
da função renal e o controle glicêmico reduz a
progressão da IRC) – meta: HbA1C <7%; A histidina é um AA essencial na doença renal,
encontrando-se diminuída na DRC.
Controle da pressão arterial  manter em níveis
menores que 130/80mmHg nos pacientes com IRC, Pode ter deficiência de taurina, por diminuição da
HAS ou DM, a restrição de sódio gira em torno de 2 concentração de piridoxina ou diminuição da enzima-chave
– 4g de sódio/dia – os diuréticos de alça são os para síntese de taurina, podendo levar à fadiga e
agentes de escolha para redução do sódio e do cardiomiopatia.
VEC nesses pacientes, os diuréticos promovem
natriurese efetiva mesmo se o clearence de A avaliação da ingestão alimentar é fundamental para
creatinina estiver abaixo de 30mL/min; acompanhamento nutricional, para isso, calcula-se PCR ou
taxa de catabolismo protéico.
Uso de inibidores da enzima conversora de
angiotensina – reduzem a pressão intraglomerular e PCR (g de proteína/dia) = 9,35 G + 11,04
a proteinúria;
Onde G a geração de uréia em mg de nitrogênio/min,
onde:
Redução do risco de agudização; G = NuU x Vu / T

Restrição protéica (diminui a pressão intraglomerular); NuU – nitrogênio uréico urinário em mg/mL
Vu – volume urinário em mL
Tabagismo (associado à proteinúria mais grave). T – tempo de coleta de urina em minutos (geralmente
1440min, ou seja, 24 horas)

c) Medidas para prevenir complicações da IRC AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA IRC


Anemia  tratar indivíduos comu Hb<11g/dL (CHEMIN
& MURA, 2011) – meta ferritina >100ng/dL e Peso corporal a ser utilizado nas recomendações: segundo
saturação de transferrina (CHEMIN & MNURA, o NKF/NOQI, o peso atual deve ser utilizado para cálculo
2011) >20%; das recomendações apenas se o paciente estiver próximo
do peso ideal ou desejável.
Osteodistrofia (restrição de fósforo para 800 a
CUPPARI (2014)  valores de IMC inferiores a 23kg/m2
1000mg/dia, ajustado às necessidades dos
têm sido apontados ocmo indicativos de risco
pacientes e uso de quelantes, sendo que a dose
nutricional para pacientes IRC por se associarem com
diária de cálcio elementar dos quelantes não deve
morbidade e mortalidade.
ultrapassar 1500 a 2000mg/dia);
Caso a adequação do peso atual em relação ao ideal seja
Alterações de eletrólitos e acidose (a suplementação de superior a 115% ou inferior a 95%, recomenda-se uso do
bicarbonato é recomendada em pacientes com peso ajustado (Paj), onde:
acidose metabólica com o objetivo de preservar
massa magra e não desenvolver doença óssea); Paj = [Peso ideal – Peso atual] x 0,25 + Peso atual

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ATENÇÃO (CHEMIN & MURA): A carambola é um
alimento que, independente do conteúdo de potássio, A restrição protéica promove:
é contra-indicado para pacientes portadores de IRC 1) diminui a pressão intraglomerular, redução do consumo
por possuir uma substância tóxica ainda não de oxigênio em conseqüência de menor excreção de
identificada, podendo causar desde soluços, até coma amônia e fosfatos;
e morte. 2) redução da geração de produtos nitrogenados tóxicos e
íons inorgânicos responsáveis pelos distúrbios clínicos
urêmicos;
3) pode contribuir na prevenção e tratamento da acidose
A base do tratamento conservador é a restrição proteica! metabólica, dentre outros distúrbios clínicos.

TAB. 10: RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA IRC – TRATMENTO CONSERVADOR

DIRETRIZES DA AMB (2011)

IRC E O USO DE CETOÁCIDOS!

Dieta muito restrita em PTn suplementada com AA


essenciais e/ouou cetoácidos: mais indicada para
pacientes com TFG < 30ml/min.

O uso de cetoácidos é viável uma vez que estes são


análogos de AA essenciais sem nitrogênio e, por
transaminação hepática incorporam o nitrogênio disponível
do plasma, sendo então convertidos no AA
correspondente.

Com isso, diminui-se a formação de escórias nitrogenadas,


diminuindo os sinais da síndrome urêmica e melhor
controle glicêmico de diabéticos.
Fig. 4: Cetoanálogo e AA de referência
Para que se obtenha resultados satisfatórios há
necessidade de adoção de dieta rica em proteínas de
origem vegetal, uma vez que no caso de ingestão protéica A prescrição de cetoácidos é de um comprimido para cada
elevada os cetoácidos e AA suplementados serão 5kg de peso corporal. Aconselha-se suplementação de
oxidados. LIMITAÇÂO DO TRATAMENTO – CUSTO. vitaminas em razão da dieta ser muito restrita.
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24g/dia. As causas de desnutrição em CAPD estão na
Recomendações dietéticas: 0,3g/kg de proteína, em figura 2.
especial proteína vegetal e 30 a 35kcal/kg.
Fig 6:Causas de DEP em pacientes em CAPD.

TRATAMENTO MÉDICO DA DOENÇA RENAL TERMINAL


– HEMODIÁLISE, DIÁLISE PERITONEAL E
TRANSPLANTE DIRETO

HEMODIÁLISE

Requer acesso permanente à corrente sanguínea por meio


de uma fístula criada para conectar uma artéria e a uma
veia. Normalmente requer tratamento com duração de 3 –
5h, 3x/por semana. Necessidade dietéticas de proteína
variam em torno de 1,2g/kg, com cerca de 50% AVB.

A hemodiálise (HD) é rápida e eficiente, consiste em filtrar


o sangue através de uma membrana semipermeável e
uma solução isotônica de NaCl, rica em cálcio, magnésio,
potássio, bicarbonato e dextrose.
Em diálise, a ingestão protéica pode ser calculada pela
Pode ocorrer perda de 10 a 13g de aminoácidos e PCR, levando-se em consideração o tempo de período
peptídeos pequenos por sessão, líquidos, vitaminas interdialítico, o que ocasiona modificações na variável G.
hidrossolúveis (vitamina C e piridoxina) e minerais.

A desnutrição é um dos principais problemas associados à


HD. As causas de desnutrição em HD estão na figura 1.

Fig. 5:Causas de DEP em pacientes em HD.

Pacientes em HD recebem cerca de 30g de glicose


durante cada sessão, entretanto esta carga não deve ser
computada no cálculo da necessidade energética. Deve
ser considerada a absorção de glicose do dialisato na
CAPD (cerca de 100 a 150g).

Fig. 7: Benefícios e desvantagens da absorção de


glicose na CAPD.

DIÁLISE PERITONEAL

Utiliza a membrana semipermeável do peritônio. O


dialisato é rico em dextrose e a AGU se movimenta por
osmose. A DPAC é similar a DP padrão, entretanto a troca
do dialisato é manual, feita de 4 – 5x/dia.

Os pacientes tem altíssimas necessidades protéicas (1,2 –


1,5g/kg) e devem manter uma ingestão usual de potássio
equivalente a 3 – 4g/dia. O ganho de peso é observado
decorrente da absorção de 400 – 800kcal/dia
provenientes da glicose do dialisato.

A diálise peritoneal (CAPD) remove líquidos e solutos de


maneira uniforme. Não se tem alterações rápidas de Em pacientes em CAPD deve-se ter especial atenção ao
volume extracelular. As maiores complicações são carboidrato alimentar, uma vez que estima-se uma
hiperglicemia e peritonite. A desnutrição também é absorção de aproximadamente 60 - 80% do total de
freqüente. Na CAPD pode-se ter perda protéica de 5 a glicose infundida no dialisato.

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ATENÇÃO:

Se o paciente estiver eutrófico e com ingestão


alimentar adequada ou estiver com excesso de peso,
desconta-se a glicose absorvida!

Caso o paciente for eutrófico com ingestão


inadequada ou desnutrido, não se desconta a glicose
absorvida na CAPD.

Em diálise, a relação kcal não protéica / grama de Fig. 9: Contra-indicações para diálise peritoneal –
nitrogênio deve ser alta, para promover anabolismo (cerca CHEMIN&MURA
de 150 a 250kcal/g N2).

Em relação às vitaminas deve-se suplementar cerca de


125mg de vitamina C/dia, entretanto o consumo não deve
ser superior a 200mg/dia (risco de toxicidade e acúmulo de
oxalato em rins, coração e vasos sanguineos).

Piridoxina deve ser administrada em doses de 5mg/dia ou


50mg três vezes por semana pode ser aconselhado para
pacientes em CAPD.

A reposição de riboflavina, biotina, niacina e ácido


pantotênico parece não ser necessária, uma vez que a HD
não filtra esses elementos.

Fig. 8: Indicação para diálise crônica – CHEMIN &


MURA

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CONSIDERAÇÕES SOBRE LIPÍDIOS E IRC intestinal de cálcio e desenvolver deficiência de vitaminas
B, C, folato e vitamina D ativa (calcitriol). A quantidade de
Outra causa de hipertrigliceridemia estão a diminuição da fósforo eliminada pelos rins é determinada pelo equilíbrio
LPL, da LCAT e reducao do clearence da LDL e da VLDL. entre os processos de ultrafiltração e reabsorção.
Sendo o rim o maior sítio de biossíntese de carnitina,
pacientes renais crônicos apresentam diminuição de
À medida que a função renal e a TFG entram em declínio,
carnitina livre sérica. A carnitina é hidrossolúvel e perdida
a regulação do fósforo é mantida por uma queda
em pacientes em diálise. A utilização de carnitina tem sido
compensatória da taxa de reabsorção tubular de fósforo
recomendada no tratamento de hipertrigliceridemia.
mediada pelo PTH. Entretanto, quando os níveis de TFG
forem <25mL/min, o PTH não consegue mais aumentar a
O seu uso parece melhor sintomas de uremia (cansaço,
excreção de fósforo, estabelecendo a hiperfosfatemia, que
fraqueza muscular e câimbras pós-HD). Outro ponto é o
perturba a interação cálcio, vitamina D e PTH.
risco de DCV de pacientes em diálise, deste modo
recomenda-se ácidos graxos saturados de, no
Além disso, os baixos níveis de vitamina D ativa e o
máximo, 7%, diferente dos pacientes em tratamento
conseqüente tratamento com vitamina D têm-se estímulo
conservador.
da absorção tanto de cálcio quanto de fósforo e a
absorção de cálcio do dialisato em pacientes em diálise
CONSIDERAÇÕES SOBRE MINERAIS E IRC peritoneal, contribuindo para a sobrecarga de cálcio em
pacientes IRC. Essa sobrecarga é um fator de risco para
Pacientes renais tem dificuldade de excretar água, calcificação metastática e de tecido cardíacos e
potássio, cálcio, magnésio e fósforo. Existe tendência de vasculares, o que constitui ameaça à vida.
reter fósforo, magnésio e potássio, diminuir a absorção

12
No tratamento pré-dialítico, a própria restrição protéica CUPPARI (2014)  O processo de cozimento em água
leva à diminuição da ingestão de fósforo e de cálcio, sendo de frutas e hortaliças promove perda de
necessária suplementação de cálcio. A ingestão de fósforo aproximadamebte 60% do teor de potássio.
no tratamento dialítico deve variar de 8 – 17mg/kg e seu
controle são conseguidos com uso de quelantes intestinais Recomendação prática na hiperpotassemia: consumo
de fósforo. A recomendação de ferro da dieta deve ser de máximo de 3 porções de frutas de pequena ou média
10 – 15mg/dia, independente do tratamento em vigência. quantifdade de potássio ou 1 ou 2 porções do grupo com
Deve-se utilizar eritropoietina humana recombinante. elevada quantidade de potássio.

A restrição de potássio só é obrigatória na presença de Didática semelhante para hortaliças: consumo máximo de
hipercalemia (K>5,5mEq/L). Recomenda-se ingestão de 2 porções de hortaliças de pequena ou média quantidade
potássio de 40 – 70mEq/dia. de potássio ou 1 ou 2 porções do grupo com elevada
quantidade de potássio.

13
TAB. 14: RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES NOS TRATAMENTOS DIALÍTICOS

14
NUTRIÇÃO PARENTERAL INTRADIALÍTICA (NPID) – DAN O hidróxido de alumínio, também uma substância
WAIZTBERG, 2009 quelante, não deve ser utilizado por risco de
intoxicação.
É uma alternativa para pacientes em HD e que estão muito
desnutridos, não alcançando as necessidades pela via oral
ou enteral ou quando estas não são efetivas.

As soluções de NPID variam de 600 – 1000mL/diálise.


Ideal: mistura 3:1, sendo:

 10-25% dextose;
2-5% emulsão lipídica;
5-7,5% AA;
oferecendo 1000-1200kcal e 1,2 – 1,4g/kg/diálise.

A NPID deve ser infundida durante todo o período de diálise.


Parece melhorar a albumina e peso de pacientes. Atentar-se
ao conteúdo de potássio e fósforo de alimentos e bebidas
consumidos pelo paciente.

MEDICAMENTOS E SUPLEMENTOS DE USO COMUM EM


PACIENTES IRC (KRAUSE, 2013)

TRANSPLANTE RENAL
O cuidado nutricional visa promover suporte imunológico
no período pré-transplante e para ressíntese tecidual pós-
transplante.

Tab. 15: Necessidades Nutricionais no transplante renal


segundo KRAUSE

Krause Terapia
Transplante, 4 – 6 6 semanas ou mais pós-
semanas após o transplante
transplante
Energia 30 – 35 Para atingir o PI:
(kcal/kg  Limitar CHO simples;
PI)  Lipídios <35% VCT;
 Colesterol <400mg/d;
 Relação AGPI:AGS>1,0.
Proteína 1,5 – 2,0g/kg 1,0g/kg
1,3 – 2,0g/Kg
(Krause, 2013)
Líquido À vontade À vontade
Sódio 2 – 3g 2 – 3g
Potássio Variável, pode Variável
Os quelantes contêm compostos que são empregados para necessitar de
reduzir a absorção de fósforo dietético, os mais utilizados restrição mediante
são o carbonato de cálcio e o acetato de cálcio (mais hipercalemia
induzida pela
eficaz). A concentração sérica de fósforo deve ficar em torno ciclosporina
de 3,5-5,5mg/dl nos pacientes em diálise. Fósforo DRI DRI
Cálcio 1,2g/d 1,2g/d

15
para mulheres ou 4mg/kg/dia para ambos os sexos na coleta
Tab. 16:Necessidades Nutricionais no transplante renal de urina de 24h ao acaso em pacientes com dietas não
segundo CHEMIN & MURA (2011) restritivas.

Os pacientes podem selecionar 700 a 800mg de cálcio de


laticínios e os demais, para alcançar as DRIs, através de
alimentos não lácteos. As DRIs atuais (2002) recomendam
1g/d para homens e mulheres até 50 anos e 1,2g/d para
aqueles com mais de 50 anos, o que condiz com as
recomendações para os formadores de cálculos renais.

Fatores dietéticos associados ao risco de cálculos de cálcio:


1) Risco maior:
 Proteína animal;
 Oxalato;
 Sódio;

2) Risco menor:
 Cálcio;
 Potássio;
 Magnésio;
 Ingestão de líquidos;
 Fibra;
 Vitamina B6.

CHEMIN & MURA  Cálcio: recomenda-se para pacientes


litiásicos 1000mg/dia, o que equivaleria a 5 copos médios de
leite desnatado/dia;

Oxalato

A ingestão dietética de oxalato afeta a excreção de oxalato


urinário. O oxalato não pode ser metabolizado e a via renal é
a única via de excreção. A hiperoxalúria (>40mg na urina)
desempenha um papel importante na formação de cálculos.
NEFROLITÍASE
O ácido ascórbico é responsável pela formação de 35 a 55%
A formação de cálculos renais é um processo complexo que do oxalato urinário.
consiste de saturação, supersaturação, nucleação,
agregação, retenção do cristal e formação do cálculo na
presença de promotores, inibidores e complexores da urina.

O baixo volume urinário é o maior fator de risco para


urolitíase. Os cálculos renais mais comuns são os de cálcio.
A terapia médica visa à dissolução do cálculo (litotripsia) via Fig. 10: Metabolismo e formação de oxalato
ondas de choque ou técnicas endourológicas.
Alimentos que elevam a excreção de oxalato urinário:
O cuidado nutricional visa modificar a dieta e promover  Ruibarbo;
ingestão de líquidos para reduzir os fatores de risco urinário  Espinafre;
para doenças de litíase renal (IRA pós-renal etc).  Morangos;
 Chocolate;
Fatores de risco urinários para desenvolvimento de cálculos:  Farelo de trigo;
1) Risco maior:  Nozes (amêndoas, amendoins ou noz pecã);
 Baixo volume urinário;  Beterraba;
 Oxalato;  Chá (verde, preto, gelado ou instantâneo).
 Ácido úrico;
 Sódio; Além dos alimentos a serem evitados, recomenda-se o uso
 pH ácido; de probiotico Oxalobacter formigenes, que reduz o oxalato
 Estase; na urina, além de observar o conteúdo de cúrcuma (altas
 Cálcio. doses de cúrcuma aumentam o oxalato urinário).
2) Risco menor: O suplemento de cálcio por via TGI quela-se com o oxalato
 Alto volume e fluxo urinários; dos alimentos, reduzindo a absorção do mesmo.
 Citrato;
 Glicoproteínas;
 Magnésio. CHEMIN & MURA  Oxalato (alimentos ricos: espinafre,
beterraba, ruibarbo, germe de trigo, nozes, amendoim,
A) Cálculos de cálcio quiabo e chocolate – oxalato mais biodisponível).
A hipercalciúria é definida como um valor de cálcio em
excesso de 300mg por dia nos homens e 250mg por dia
16
Tab. 17:Teor de oxalato dos alimentos – CHEMIN & MURA.

Proteína Animal
A ingestão excessiva de proteína animal modula vários
fatores de risco urinários como hipercalciúria,
hiperuricosúria, hiperoxalúria, baixo pH urinário e
hipocitratúria, todos os quais aumentam o risco de cálculos
renais.
A restrição moderada de proteína em 0,8g/kg e a ingestão
normal de cálcio melhoram o perfil litogênico e diminuem a
reabsorção óssea.

Sódio
Pacientes com hipercalciúria devem ter ingestão de sódio
inferior a 2,3g/d.

B) Cálculos de ácido úrico

O ácido úrico é o produto final do metabolismo de purinas,


cuja fonte exógena é o alimento. A solubilidade do ácido
úrico é dependente do volume urinário, da quantidade
excretada e o pH da urina.
As purinas dietéticas devem ser restritas em pacientes
com litíase de ácido úrico. Deve-se utilizar de forma
moderada as fontes de purinas e os alimentos formadores DEMAIS FATORES DIETÉTICOS E PROPENSÃO DE
de cinza ácida. LITÍASE RENAL (CHEMIN & MURA)
Os alimentos ricos em purinas devem ser evitados
(vísceras, arenque, cavala, cavalinha, sardinhas e caldos e a) Sódio  é um potente calciúrico, não ultrapassar 9g de sal
molhos à base de carne) Não utilizar bicarbonato de sódio, (NaCl)/dia, embora a RDA seja 6g de sal/dia;
pois aumenta o urato monossódico e cálcio urinários.
b) Potássio  a ingestão de alimentos ricos em potássio,
exercendo efeito protetor contra a formação de cálculos;

c) Vitamina C  é precursor de ácido oxálico. O consumo de


doses de suplementos, com 1g/dia ou superiores, não deve
ser recomendado.

d) Proteína  é hipercalciúrica. Recomenda-se para


Tab. 18: pH urinário e formação de cálculos pacientes litiásicos de 0,8 – 1,2g/kg/dia, não mais que 50%
deve ser de AVB;

Tab. 19:Dietas de Cinzas e formação de cálculos. Em e) Purinas  ingestão superior a 175mg/dia pode elevar a
caso de cálculos de urato recomenda-se dieta de cinzas excreção urinária de ácido úrico;
ácidas (restrita em cinzas ácidas)
Tab. 20:Teor de purinas dos alimentos.

17
f) Líquidos  aumentar o volume urinário promove proteção
à formação de cálculos, recomenda-se 30mL/kg/dia.

Recomendações dietéticas gerais:


 Dieta individualizada de acordo com o distúrbio metabólico
e hábito alimentar;
 Evitar restrição de cálcio;
 Ingestão de cálcio e oxalato devem estar em equilíbrio
(relação cálcio oxalato na urina de 5:1);
 Adequar a ingestão de proteína animal;
 Evitar alimentos ricos em purinas;
 Evitar ingestão excessiva de sal;
 Ingestão de potássio deve ser estimulada;
 Suplementos de vitamina C devem ser utilizados com
cautela;
 Ingestão de líquidos para produzir ao menos 2L/dia de
diurese.

Tab. 21. Recomendações nefrolitíase – KRAUSE.

OUTROS TIPOS DE LITÍASE EXERCÍCIOS

CÁLCULOS DE ESTRUVITA (KRAUSE) 1) O paciente que apresenta IRC beneficia-se da dieta


Formam-se na presença de infecções por Klebsiella, restrita de proteínas. Uma dieta hiperprotéica provoca as
Pseudomonas, Proteus e Urealyticum que carreiam seguintes alterações na filtração e na pressão glomerular,
uréase, uma enzima que quebra a uréia. O tratamento respectivamente: (Residência HUPE)
consiste no rastreamento e tratamento das ITU. (A)Aumento – aumento
(B)Aumento – redução
CÁLCULOS DE CISTINA (KRAUSE) (C)Redução – aumento
A conduta é alterar o pH urinário, via dieta das cinzas (D)Redução – redução
alcalinas e ingestão de líquidos de mais de 4L/d para
prevenir a cristalização da cistina. A menor ingestão de 2) Pacientes submetidos a transplantes renais são tratados
sódio pode ser útil na redução de cistina na urina. no pós-operatório com altas doses de corticosteróides,
A solubilidade da cistina aumenta em pH urinário for cujas repercussões metabólicas são: elevada
inferior a 7, logo, o cuidado é manter o pH alcalino 24h por gliconeogênese, dislipidemias, baixa síntese protéica,
dia, mesmo em repouso. balanço negativo de cálcio e osteoporose. A dieta
adequada para o tratamento destes pacientes apresenta
OUTROS CÁLCULOS (KRAUSE, 2013) teor de macronutrientes energéticos com as seguintes
Estes cálculos incluem de Indinavir (em virtude de uso de características: (Residência HUPE)
antiretroviral para tratamento de HIV) e de melamina (A)Alto em glicídios, alto em proteínas e baixo em lipídios.
(contaminação de fórmula infantil). (B)Alto em glicídios, baixo em proteínas e alto em lipídios.
(C)Baixo em glicídios, baixo em proteínas e alto em
lipídios.
(D)Baixo em glicídios, alto em proteínas e baixo em
lipídios.
(E)Alto em glicídios, baixo em proteínas e baixo em
lipídios.

18
3) Na dieta para nefropatia diabética associada à diálise (C)Azotemia, anemia, hipernatremia e hipofostatemia
peritoneal contínua, as recomendações nutricionais dos (D)Acidose metabólica, hipouricemia, hipercalcemia e
macronutrientes carboidratos, lipídeos e proteínas, em hiponatremia
percentuais calóricos são, respectivamente: (Residência
HUPE)
(A)35-35-20 11) Nos pacientes com cálculo renal de ácido úrico,
(B)40-35-25 recomenda-se as seguintes medidas terapêuticas
(C)50-35-15 relacionadas a ingestão hídrica e tipo de dieta,
(D)60-30-10 respectivamente:
(A)Diminuição à noite – alcalina
4) Os fatores alimentares que interferem na cascata (B)Diminuição diária – neutra
litogênica, aumentando as chances de cálculos renais ou (C)Aumento diário – alcalina
atuam como protetores, diminuindo os riscos. São (D)Aumento à noite – neutra
considerados fatores alimentares inibidores da gênese da (E)Aumento diário – neutra
nefrolitíase. (Residência HUPE)
(A)lipídios e cálcio 12) Roberto tem 60 anos e diagnóstico de IRC em
(B)fibras e magnésio tratamento conservador há 3 anos. Foi encaminhado ao
(C)proteínas e vitamina C ambulatório de Nutrição por necessitar de cuidados
(D)carboidratos e potássio nutricionais especiais. O nutricionista foi informado que, no
intervalo da consulta, o paciente apresentou soluços
5) As recomendações nutricionais diárias para pacientes intercorrentes e convulsões, sem outras alterações
adultos com síndrome nefrótica relacionadas a g ptna/kg clínicas. Ao fazer uma anamnese alimentar, o mesmo
de peso e percentual lipídio são, respectivamente: observou que Roberto ingeriu a seguinte fruta que está
(Residência HUPE) relacionada à esse quadro clínico (Residência HUPE
(A)1 a 2 / ≤ 30% 2008):
(B)1 a 1,5 / ≤ 35% (A) açaí
(C)0,8 a 1 / ≤ 35% (B) laranja
(D)0,8 a 1 / ≤ 30% (C) jabuticaba
(D) carambola
6) No paciente renal crônico em tratamento hemodialítico,
a doença óssea metabólica é secundária ao seguinte fator: 13) Angélica tem 30 anos e recebeu diagnóstico de litíase
(Residência HUPE) renal. Após análise química deste cálculo, a conclusão é
(A)dialisato que seu principal constituinte é oxalato de cálcio. Dentre os
(B)hipercalcemia alimentos abaixo, os que apresentam maior concentração
(C)hiperfosfatemia de oxalato são (Residência HUPE 2008):
(D)deficiência de vitamina D (A) tomate e espinafre
(B) beterraba e quiabo
7) A síndrome de Fanconi atinge adultos e crianças e esta (C) couve e café solúvel
relacionada à incapacidade do rim de reabsorver, em nível (D) berinjela e amendoim
tubular, determinadas substancias. Além da administração
de cálcio, a orientação nutricional utilizada nesta situação 14)O paciente L.F.S., portador de insuficiência renal, em
é: (Residência HUPE) tratamento hemodialítico, 70 Kg, apresentando nitrogênio
(A)Restrição de líquidos, sódio e potássio ureico sérico de 4,8 g, deve ser orientado com dieta (EAOT
(B)Restrição de líquidos, vitamina D e cálcio 2002)
(C)Oferta de bicarbonato, fósforo e vitamina D (A) hipercalórica, hipossódica, 70 g de proteínas, sem
(D)Oferta de alimentos ácidos, vitamina C e cálcio. restrição hídrica.
(B) hipercalórica, hipossódica, 40 g de proteínas, 2500 ml
8) A terapia nutricional de um paciente com insuficiência de líquidos por dia.
renal crônica, em diálise de manutenção, deve considerar (C) normocalórica, hipossódica, 70 g de proteínas, 800 ml
um aporte: (Residência HUPE – 2005) de líquidos por dia.
(A)hipoprotéico, com suplementação de vitamina A e fibras (D) normocalórica, hipossódica, 40 g de proteínas, 2000
(B)hipolipídico, com restrição de L-carnitina e água ml de líquidos por dia.
(C)hiperprotéico, com suplementação de vitamina D e ferro
(D)normolipídico, com restrição de potássio e calcio 15)Vários alimentos possuem níveis elevados de oxalato,
porém somente alguns elevam a excreção urinária, a saber
9) Alguns fatores alimentares interferem na cascata (EAOT 2002),
litogênica. São fatores promotores e protetores da (A) espinafre, morango e nozes.
formação de cálculos renais, respectivamente: (Residência (B) espinafre, banana e chocolate.
HUPE – 2005) (C) farelo de trigo, maçã e chá.
(A)potássio e sódio (D) couve, banana e nozes.
(B)vitamina C e líquidos
(C)magnésio e potássio
(D)carboidratos simples e vitamina C 16)Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, as lacunas abaixo (EAOT 2003).
10) A insuficiência renal crônica é clinicamente
caracterizada pela perda progressiva das funções As restrições dietéticas no caso de falência renal crônica,
exócrinas e endócrinas dos rins, que se traduzem pela envolvem ingestão controlada de vitaminas _________ e
presença dos seguintes sinais: (Residência HUPE – 2005) minerais _________.
(A)Azotemia, acidose metabólica, hipocalcemia e (A) A e D / (Na,Mg,Ca)
hiperfosfatemia (B) C e D / (P,Na,Mg)
(B)Alcalose metabólica, anemia, hiperuricemia e (C) A e D / (Na,Mg,P)
hipercalemia (D) E e B12 / (Ca,Na,P)

19
17) Assinale a alternativa que preenche correta e
respectivamente as lacunas abaixo (EAOT 2005). (A)1,0 – 1,2g ptn/Kg/dia, ≥ 35 Kcal /Kg/dia
(B)0,5 – 0,6g ptn/Kg/dia, ≥ 30 Kcal /Kg/dia
No planejamento de suporte nutricional para pacientes (C)1,5 – 2g ptn/Kg/dia, ≥ 40 Kcal /Kg/dia
em diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD), (D)0,6g – 0,8g ptn/Kg/dia, ≥ 25 Kcal /Kg/dia
sem necessidade de repleção, as recomendações devem
ser: 24)Janete tem 65 anos, é negra e tem diagnóstico de
VET = __________Kcal / Kg de peso corpóreo ideal nefropatia hipertensiva. Encontra-se em tratamento
proteínas = ________g / Kg de peso corpóreo ideal dialítico há cinco anos. Durante a hemodiálise Janete
liqüido = _______ ml / dia relatou ao nutricionista perda de apetite e constipação
(A) 25 / 1,2 / 2500 intestinal.
(B) 40 / 0,6 / 3000
(C) 35 / 1,0 / 1000 A avaliação neste dia revela:
(D) 30 / 2,0 / 3000
Avaliação nutricional:
18)Na Insuficiência Renal Crônica (IRC), a função renal Peso pré-hemodiálise: 62Kg
regride gradualmente ao longo do tempo. As opções Peso seco: 58Kg
de tratamento, nesse caso, vão depender do grau da Estatura: 1,60m
perda renal, podendo-se fazer, então, por restrição Diurese residual: 500ml
dietética e medicamentos, terapia dialítica e Avaliação laboratorial:
transplante renal. Assim sendo, é CORRETO afirmar Glicose: 80 mg/dl
que (EAOT 2006): Uréia: 82 mg/dl
Creatinina: 3,4 mg/dl
(A) a hemodiálise é o processo dialítico mais comum, por Sódio: 133 mEq/l
ser rápido e eficiente, entretanto apresenta como principais Potássio: 5,8 mEq/l
complicações a peritonite e hiperglicemia.
(B) a intervenção dietética que, na fase pré-dialítica, Para Janete a recomendação energética (em Kcal/Kg de
previne ou melhora a sintomatologia urêmica é a restrição peso) e de líquidos (em ml) é, respectivamente, de:
de lipídeos.
(C) os pacientes em diálise peritoneal recebem dietas (A) 25/800
hipoprotéicas, hipercalóricas, hipocalêmicas e, (B) 30/1000
freqüentemente, com restrição hídrica. (C) 35/1200
(D) um paciente em tratamento conservador, sem terapia (D) 40/1500
dialítica, com Taxa de Filtração Glomerular (TFG) menor
que 60mL/min, deve receber uma dieta com 0,6 g/kg/dia 25) A necessidade para indivíduos no período de 4 – 6
de proteínas. semanas após transplante renal é de (kcal/kg PI) – FESP
2009:
19)Um paciente com IRC foi internado com potássio sérico
de 6,0mEq/l.Qual dos alimentos abaixo ele poderá (A)20 – 25
fazer uso diariamente (CSM 2004)? (B)30 – 35
(A)Feijão (C)25 – 30
(B)Batata (D)30 – 45
(C)Melão (E)15 - 20
(D)Farelo de aveia
(E)Maçã 26) A importância da terapia nutricional no tratamento de
pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) é
20)O paciente eutrófico em CAPD necessita de uma dieta reconhecida há várias décadas. A quantidade, o tipo e o
(CSM 2005) momento para a restrição protéica são de fundamental
(A)hiperPTN e com restrição de CHO importância, devendo o Nutricionista estar atento às
(B)normoPTN e sem restrição hídrica recomendações individuais para cada caso. Se um
(C)hiperPTN e com restrição hídrica paciente está em fase não dialítica da doença e possui
(D)normoPTN e com restrição calórica uma taxa de filtração glomerular de 47 mL/min, a
(E)hiperPTN e sem restrição hídrica recomendação de proteína da dieta deve ser de (EAOT
2009):
21)Em relação à dieta indicada para pacientes com A) 0,9g/kg de peso ideal/dia.
urolitíase por oxalato de cálcio, assinale a opção B) 0,6g/kg de peso ideal/dia.
correta. C) 0,4g/kg de peso ideal/dia.
(A)Leite e derivados devem ser evitados (CSM 2005) D) 1,0g/kg de peso ideal/dia.
(B)normoPTN pobre em purinas.
(C)Controle de sódio dietético é desnecessário 27) Para pacientes adultos em hemodiálise, recomenda-se
(D)Hipocalórica pobre em potássio a ingestão calórica diária de quantas kcal/kg de peso?
(E)Ingestão de fibras não é indicada (A)20
(B)25
22)A anemia presente no IRC é (CSM 2006): (C)30
(A)Hipocrômica microcítica (D)35
(B)Normocrômica normocítica (E)40
(C)Megaloblástica hipocrômica
(D)Hipocrômica normocítica 28) (Residência UFF – 2010) A desnutrição calórico-
proteica é bastante comum e sua ocorrência tem sido
23) A ingestão recomendada de proteína e calorias para relatada em pacientes com insuficiência renal crônica
pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise (IRC), tanto na fase pré-dialítica, como na fase dialítica.
de manutenção é, respectivamente (INCA 2009):

20
Sobre a desnutrição e os déficits nutricionais relacionados (C) na faixa de 30-35 Kcal/kg peso corporal/dia de energia
a essa enfermidade, é correto dizer: e 0,6 g de proteína/Kg peso corporal/dia
(A) Enfermidades agudas recorrentes não interferem no (D)acima de 35 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,3
estado nutricional por serem de rápida resolução clínica. g de proteína/Kg peso corporal/dia mais
(B) O acúmulo de ureia no sangue não interfere na suplementação com mistura de aminoácidos
desnutrição e na anorexia. essenciais e cetoácidos
(C) Existe aumento do efeito de hormônios como: insulina,
hormônio do crescimento tipo 1 semelhante à insulina e 33) (Residência INCA – 2010) A insuficiência renal crônica
hormônio do crescimento. é uma síndrome clínica decorrente da perda lenta,
(D) A acidose metabólica induz ao catabolismo proteico e progressiva e irreversível das funções renais. Marque a
compromete a utilização do nitrogênio. afirmativa correta:
(A) A dieta hiperproteica pode contribuir para a prevenção
29) (Residência UFF – 2010) Sobre os pacientes renais e tratamento do hiperparatireoidismo secundário, da
em tratamento de hemodiálise é correto dizer: acidose metabólica e da intolerância à glicose.
(A) A recomendação de energia para repleção de peso é (B) A restrição proteica promove redução na geração de
de 35-45 kcal/kg/dia. produtos nitrogenados tóxicos e íons orgânicos
(B) Recomenda-se a ingestão de carboidratos, por via oral, responsáveis pelos distúrbios clínicos e metabólicos da
somente sob a forma de sacarose e frutose, entre 50-60% uremia.
do total de calorias oferecido. (C) A dieta hiperproteica prolonga o tempo para a entrada
(C) O volume de excreção urinária não é um bom guia em diálise, quando comparada à dieta hipoproteica.
para recomendação de ingestão hídrica. (D) Pacientes crônicos necessitam de dieta hiperproteica
(D) A acidose metabólica aumenta a sensibilidade ao para manter balanço nitrogenado positivo, mesmo com
Paratormônio (PTH) e este diminui a reabsorção de cálcio uma ingestão energética inferior às suas necessidades.
ósseo.
34) (Residência INCA – 2010) A formação de cálculos no
30) (Residência UFF – 2010) Sabe-se que a hipercalciúria trato urinário é um fenômeno multifatorial, que resulta na
idiopática é uma das causas metabólicas primárias da supersaturação urinária, nucleação de cristais, agregação,
litíase renal. Sobre a litíase renal é correto dizer: retenção e no crescimento de cristais. A dieta exerce papel
(A) Na hiperuricosúria, a recomendação nutricional de relevante sobre a excreção urinária, tanto de promotores
proteínas deve ser de 1,5g/kg/dia e, nesses casos, quanto de inibidores da formação de cálculos. Marque a
recomenda-se a ingestão de anchova, farelo de trigo, opção INCORRETA.
espinafre e arenque para diminuir a formação de urato. (A) Estudos comprovaram que a ingestão de cálcio exerce
(B) Na hiperoxalúria, é indicada a ingestão de líquidos a um efeito tão importante quanto o oxalato dietético sobre a
cada 3 horas e a restrição de alimentos ricos em oxalato. oxalúria. Em condições normais, o cálcio absorvido se liga
(C) Na hiperoxalúria, a ingestão de vitamina C deve ser de ao oxalato no intestino, formando um complexo insolúvel.
1500mg/dia para evitar a formação de oxalato. (B) Não existem estudos prospectivos que comprovem que
(D) Os tipos de cálculo renal mais frequentemente a restrição de cálcio reduza a recorrência dos cálculos,
encontrados são os de estruvita e ácido úrico. sendo uma dieta inadequada que pode acarretar balanço
negativo de cálcio.
31) (Residência UFF – 2010) Marque a alternativa correta (C) O oxalato urinário é proveniente da dieta, do
sobre a dietoterapia aplicada a pacientes com insuficiência metabolismo endógeno e da vitamina C. Os estudos
renal crônica em tratamento conservador. comprovam que a redução de oxalato e cálcio da dieta
(A) Para pacientes diabéticos que apresentem taxa de reduz a formação de cálculos de oxalato de cálcio.
filtração glomerular entre 25 e 60 mL por minuto é (D) O sódio participa da litogênese pelo seu efeito em
recomendada dieta com restrição de proteínas, perfazendo elevar o cálcio urinário. Os estudos epidemiológicos
um total diário de 1,1g/kg. sugerem que uma elevada ingestão de sódio aumenta o
(B) A ingestão de proteína deve ser restringida para risco de formação de cálculos.
pacientes que apresentem taxa de filtração glomerular
acima de 60 mL/minuto, mesmo que não haja sinais de 35) Os alimentos potencialmente ácidos ou de cinza ácida
progressão da insuficiência renal. que influenciam na acidez da urina, interferindo na
(C) A ingestão de sódio diária deve ser entre 4-6 g e a nefrolitíase, são (CEPERJ 2011):
ingestão de cálcio deve ser menor que 1000mg/dia . (A) açúcar
(D) A recomendação nutricional de fósforo deve ser menor (B) manteiga
que 800mg/dia. (C) macarrão
(D) mel
32) (Residência UFRJ – 2010) Paciente, sexo masculino,
com diagnóstico de insuficiência renal crônica em GABARITO
tratamento conservador, apresenta taxa de filtração
1–A 2–D 3–A 4–B 5–D
glomerular de 20 mL/min. Na avaliação do estado
6–C 7–C 8–C 9–B 10 – A
nutricional, apresenta desnutrição protéica-calórica. Quais
os requerimentos nutricionais de energia e proteína para 11 - C 12 - D 13 - B 14 – C 15 – A
esse paciente? 16 – C 17 – A 18 – D 19 – E 20 – E
(A) acima de 35 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,3 21 – B 22 - B 23 - A 24 - B 25 – B
g de proteína/Kg peso corporal/dia mais 26 - B 27 – C / D 28 – D 29 – A 30 – B
suplementação com mistura de aminoácidos 31 – D 32 – D 33 – B 34 – C 35 - C
essenciais e cetoácidos mais 1g de proteína para
cada grama de proteinúria
(B)acima de 30 Kcal/kg peso corporal/dia de energia e 0,8
g de proteína/Kg peso corporal/dia mais
suplementação com mistura de aminoácidos
essenciais e cetoácidos

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Prof. José Aroldo Filho
NUTRIÇÃO NA SAÚDE REUMATOLÓGICA goncalvesfilho@nutmed.com.br

A etiologia da maioria das condições reumáticas permanece


desconhecida. Além disso, algumas formas de condições A desnutrição, em graus variáveis, é um achado comum em
reumáticas podem afetar outros órgãos, como pele e vasos pacientes com doenças reumáticas, incluindo artrite
sangüíneos. reumatóide, poliarterite nodosa, doença de Behçet e lúpus,
podendo ser decorrente de:
As condições reumáticas não possuem cura conhecida e Catabolismo mediado pelas citocinas  citocinas pró-
não normalmente crônicas, mas podem estar presentes inflamatórias como IL-1 e TNF associam-se com o
como episódios agudos com duração curta ou intermitente, hipermetabolismo e perda de massa celular;
associadas com períodos alternantes de remissão, ausência Anorexia  associada ao tratamento medicamentoso e
de sintomas e exibição ou piorados sintomas, que com às citocinas pró-inflamatórias;
freqüência podem ocorrer sem qualquer etiologia
Comprometimento GI  anormalidades da cavidade oral
identificável. A inflamação, que é a causa predominante da
sendo um prejuízo adicional à ingestão nutricional
dor, é o componente mais debilitante de todas as formas de
reduzida; acometimento da articulação
artrite.
temporomandibular; xerostomia; disfunção
esofagiana; má absorção; enteropatia perdedora de
O processo inflamatório normalmente ocorre para proteger,
proteínas;
reparar o tecido danificado por infecções, lesões de esporte,
toxicidade ou feridas por acúmulo de líquidos e células. Síndrome nefrótica, em especial em pacientes lúpicos.
Removendo-se a causa, o processo inflamatório
normalmente cede. Se a inflamação é atribuível ao estresse
das articulações (osteoartrite) ou se é uma resposta A) OSTEOARTRITE:
imunológica (artrite reumatóide), na maioria das formas de
artrite, a reação inflamatória continua fora de controle, È a forma mais prevalente de artrite. A obesidade, o
causando dessa forma mais dano que reparo. envelhecimento, gênero e anormalidades congênitas
parecem ser os maiores fatores de risco.
As drogas comumente usadas no tratamento das doenças
reumáticas: É um processo crônico caracterizado pelo amolecimento da
Efeitos colaterais cartilagem articular e inclui fenômenos reativos, mediados
Nutricionais Metabólicos Redução quimicamente, como a congestão vascular, a atividade
Medicamento no osteoblástica.
conteúdo
Salicilatos e  N/V;  K alterado;  Vit C; A maior diferença entre osteoartrite e artrite reumatóide é
AINEs  Gastrite;  Anemia.  Folato. que a osteoartrite não é de origem sistêmica ou auto-imune,
tradicionais  Úlcera mas envolve a destruição da cartilagem com inflamação
péptica; assimétrica.
 Hemorragia
GI.
AINEs- COX2  Estomatite;  Edema; Ela é causada por uso excessivo da articulação, enquanto a
 N/V;  Aumento artrite reumatóide é um distúrbio auto-imune sistêmico, que
 Úlcera da uréia; resulta em inflamação simétrica da articulação.
duodenal;  Anemia.
 Constipação Articulações mais freqüentemente afetadas: interfalangianas,
; polegar, joelhos, quadris, tornozelos e coluna, que
 Diarréia; sustentam o volume do peso do corpo.
 Hemorragia
GI.
Anti-maláricos  Anorexia;
TRATAMENTO MÉDICO
 N/V;
 Diarréia. De acordo com as diretrizes do American College of
Penicilaminas  Anorexia;  Proteinúria;  Zinco; Reumatology, a história médica e o nível de dor devem
 Estomatite;  Anemia.  Cobre; determinar o tratamento mais apropriado e incluem: uso de
 N/V;  Ferro. acetaminofeno ou AINEs, injeções de corticóide intrarticular.
 Diarréia;
 Paladar A reconstrução cirúrgica pode ser indicada para pacientes
alterado.
com osteoartrite que não estão respondendo a outras
Corticóide  Náusea;  Intolerância  Cálcio. terapias médicas.
 Úlcera à glicose;
duodenal.  BN -; TERAPIA DE MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA
 K alterado;
 Edema;
a)Exercício
 Diminuição
CTL;
 Anergia. Embora a dor seja limitante do exercício, exercício sem
Imunossupressor  Anorexia;  Diminuição  Folato; carga (aeróbicos) como nadar, têm mostrado reduzir os
 Estomatite; CTL;  Cálcio. sintomas, aumentar a mobilidade e diminuir o dano contínuo
 Náusea;  Anergia. da osteoartrite.
 Diarréia;
 Paladar b)Terapia Nutricional
alterado.
Ouro  Estomatite;  Proteinúria;
ATENÇÃO – CHEMIN & MURA
 Vômito;  BN -.
 Diarréia.

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Um dos principais fatores de risco para osteoartrite é a - acometimento de articulações de pés e mãos, gerando
obesidade. A redução de 5kg no peso corporal está associada a limitação da habilidade de fazer compras, preparo e
uma redução de 50% no risco de desenvolver osteoartrite, consumo de alimentos;
melhora nos sintomas e ganho de função articular. - comprometimento temporomandibular que pode impactar a
Dieta: habilidade de mastigar e deglutir;
 Restrição calórica moderada; - manifestações extra-articulares como aumento da taxa
 Redução da quantidade de gorduras; metabólica, xerostomia, disfagia, anorexia, alterações em
 Consumo de CHO integrais, vegetais e frutas. mucosa GI.
 Estímulo à atividade física aeróbica de baixo impacto, para
reduzir o impacto articular e auxiliar no controle do peso. Devem-se observar as mudanças de ingestão dietética, o
peso corrente e a história de mudança de peso.
ATENÇÃO – KRAUSE
Discutir associação entre uso de alguns alimentos e
- Kcal apropriadas para perda de peso ou manutenção; aparecimento de sintomas.
- uso de W-3;
- Ingestão adequada de vitamina D e cálcio; A associação de alimentos com crises da doença deve
- Altas doses de antioxidantes dietéticos, incluindo vitamina ser discutida devido à possibilidade de alergias
C, vitamina E, betacaroteno e selênio podem ser benéficos, alimentares não detectadas.
mas são necessários maiores estudos.
- considerar uso de glicosamina e condroitina.
Cozzolino & Cominetti (2013)  Alimentos comuns que
Em tratamento clínico-nutricional, a KRAUSE (2013) faz causam mudança real na atividade de doença: milho,
menção ao uso de dieta anti-inflamatória (enriquecida com trigo, bacon, laranja, aveia, centeio, leite, ovos, carne
curry, gengibre, açafrão/curcumina, alecrim – anti- bovina e café.
inflamatórios; fitoquímcos antioxidantes presentes em chás,
vegetais folhosos e crucíferos e carotenoides; rica em W3 e EFEITOS DIETÉTICOS E AGUDIZAÇÃO/REMISSÃO DE
W9 e pobre em W6; cebolas e batatas – ricas em solanina, SINTOMAS (CHEMIN & MURA)
potente anti-inflamatório), que é semelhante à dieta
mediterrânea e, quando associada a exercícios, parece  Alergia alimentar vista em 30% dos pacientes com AR,
reduzir inflamação e lesão em joelhos. como leite de vaca e derivados;
 Aminoácidos L-canavanina, presente na alfafa e soja 
Frente ao consumo de antioxidantes, por mais que a
indutor de anticorpos anti-DNA e quadro semelhante ao
osteoartrite possua um componente estresse oxidativo, não
Lúpus;
foi observado benefício no uso de antioxidantes em altas
 Chocolate, álcool, morango, carne de porco, tomate,
doses (vitamina C, tocoferóis, beta-caroteno e selênio).
salsicha e espinafre  estímulo à secreção de histamina e
Deve ser aconselhado alcançar os níveis diários de ingestão
aminas vasoativas  agravantes de quadro de AR;
de vitamina B6, vitamina D e K, folato e magnésio.
 Café (liberação de epinefrina e norepinefrina) e frutas
Uso de capsaicina tópica com nitroglicerina reduz dores cítricas (fenilefedrina)  possíveis desencadeadores de
locais. O uso do SAMe (S-Adenosil-Metionina) 600 a crises.
1200mg/dia parece promissor. O SAMe é um comsposto  Vitamina C e zinco  síntese de colágeno e uso no
antioxidante, melhorando a mobilidade. tratamento de AR  Zinco modula a resposta imunológica
de linfócitos T, cicatrização e efeitos antiinflamatórios (efeito
A glicosamina parece melhorar em 50% os sintomas, logo benéfico em AR);
deve ser considerado seu uso. 1500mg diários de  Ácidos graxos W-3  Efeitos antiinflamatórios e
glicosamina associada a 1200mg de condroitina resultou em atenuação de sintomas de AR.
alívio significante na dor. A dose deve ser fracionada em 3
tomadas. TRATAMENTO NUTRICIONAL KRAUSE (2010/2013):

B)ARTRITE REUMATÓIDE - dieta saudável.


- Calorias ajustadas à idade e às necessidades do paciente.
A artrite reumatóide pode acometer qualquer articulação, - PTN1,5 – 2,0g/kg;
porém os alvos mais comuns são as articulações pequenas - adequado aporte de vitaminas do complexo B;
de extremidades, como mãos e pés. O envolvimento é - evitar alérgenos alimentares;
simétrico e bilateral. - adequado aporte de cálcio e vitamina D;
- Uso de W-3;
As queixas mais freqüentes incluem dor, inflexibilidade e - Jejum seguido de dieta vegetariana ou uso da dieta
inchaço. O inchaço é causado pelo acúmulo de líquidos na mediterrânea (azeite de oliva – gordura neutra estável).
membrana que reveste as articulações, com inflamação dos
tecidos ao redor. Em terapia clínico-nutricional, refere o uso de W3 e seu
poder anti-inflamatório. Recomenda-se 50mg/kg de EPA
Ocorre mais freqüentemente nas mulheres que nos homens, associado a 30mg/kg de DHA, verificar traços de mercúrio
com inicio principalmente após os 35 anos de idade e possui nos peixes ou suplementos.
manifestações sistêmicas.
Existe um fitoquímico presente no azeite extra virgem
Os medicamentos de uso comum são os AINEs, salicilatos, (prensado a frio), o oleocantal, que possui atividade anti-
imunossupressores, agentes de remissão, esteróides e inflamatória similar ao ibuprofeno. Deste modo, recomenda-
antimaláricos. se o uso de azeite de oliva extra virgem, entretanto deve ser
feito uso de antioxidantes para manter a estabilidade do óleo
O envolvimento articular pode gerar várias conseqüências: de oliva.

A inclusão de alimentos fontes de W6-GLA, em associação


ao W3, permite que o corpo humano produza a PGE1
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(potente anti-inflamatória), que aliviaria a rigidez matinal, a •A acidose láctica secundária à intoxicação alcoólica aguda
sensação dolorosa articular, sem efeitos colaterais graves. pode reduzir a excreção renal de ácido úrico;
•O metabolismo do etanol estimula a produção hepática de
No campo da fitoterapia, o uso do trovão chinês da videira purina;
de Deus (Tripterygium wilfordii) na China, para tratamento de •O etanol inibe a conversão do alopurinol (hipouricemiante)
doenças auto-imunes necessita de maiores estudos. O uso em seu metabólito ativo, o oxipurinol;
prolongado ou excessivo poderia suprimir o sistema imune e •Baixa adesão de etilistas crônicos a dietas e tratamento de
reduzir a densidade óssea. longo prazo.

ATENÇÃO – CHEMIN & MURA Alimentos a serem omitidos – altos teores de purinas
(100 – 1000mg/100g alimento)
Atentar-se ainda às flutuações de peso corpóreo (perda Anchovas Arenque Caldo
involuntária, ganho associado à terapia com Carne de ganso Cavala Coração
corticoesteróides) e ao percentual de massa gorda, que Extratos de carne Levedura Mexilhões
tende a se elevar, mesmo quando existe perda de peso. Miolos Ova Pâncreas de vitela
Perdiz Recheio de carne Rim
A perda de peso e de massa muscular pode ser atenuada (carne moida)
com a introdução de exercícios de resistências leves, com Sardinhas Vieira Pão doce
fortalecimento da musculatura periarticular, além dos
benefícios associados ao alongamento, ao relaxamento e ao
condicionamento cardiorrespiratório, por meio de atividades Alimentos a serem analisados – conteúdos moderados de purinas
aeróbicas leves. (9 – 100mg/100g alimento)
Aves Aspargos Carne
C)GOTA Cogumelos Ervilhas secas Espinafre
Feijões secos Lentilhas Marisco
Distúrbio do metabolismo das purinas no qual níveis Peixe
anormais de ácido úrico se acumulam no sangue
1 porção (100g) de carne, peixe e ave ou 1 porção de vegetais (45g)
(hiperuricemia). deste grupo é permitido diariamente na fase de remissão.

Como conseqüência, os sais de urato se formam e se Alimentos liberados – conteúdo insignificante


acumulam nas articulações.
Açúcar e doces Arroz Azeitonas
A doença, que normalmente ocorre após os 35 anos, é Bebida de cereal Bebidas carbonatadas Bolos e biscoitos
caracterizada por dor artrítica que está usualmente Broa de milho Infusos Cereais
Chocolate Condimentos Conservas
localizada num ataque súbito de dor, principalmente nos pés
que irradiam para as pernas. Creme Ervas Frutas
Gorduras Leite Manteiga
A gota é tratada com drogas que inibem ou eliminam a Margarina Molho branco Nata
Nozes Óleo Ovos
síntese de ácido úrico.
Pão branco Picles Pipoca
Macarrão Pudim Queijo
A probenecida e a sulfimpirazona diminuem os elevados Sal Sobremesas de coalho Gelatina
níveis de ácido úrico no sangue aumentando a eliminação
através dos rins. Sorvete Vinagre Vegetais (exceto
aspargos,
cogumelos, ervilha,
O alopurinol inibe a produção de ácido úrico. espinafre, feijões e
lentilha).
Podem ser utilizados também a indometacina ou
fenilbutazona. Os AINEs são favoráveis a menos que seus OUTRAS DOENÇAS REUMATOLÓGICAS
efeitos colaterais sejam também perturbadores.
a) Síndrome de Sjögren
O ácido úrico é derivado do metabolismo das purinas que
constituem as nucleoproteínas. È um distúrbio inflamatório crônico com diminuição da
produção de secreções, dentre elas a saliva e as lágrimas.
Deve-se estimular o consumo de líquidos (~3L por dia) para Deve-se buscar o alívio dos sintomas e alimentação com
ajudar com a excreção de ácido úrico e minimizar a conforto.
possibilidade de formação de cálculos.
O controle da xerostomia também deve incluir
As gorduras diminuem a excreção de urato, logo, as estratégias para a redução do risco de cáries de dental,
diretrizes recomendam dietas com pobre teor de lipídeos. inclusive enxágüe freqüente com água, escovar os
dentes ou usar soluções com flúor.
O tratamento dietético visa estimular a manter ou alcançar o
peso corpóreo ideal. Como a deglutição é um problema, os alimentos fáceis de
serem ingeridos podem ser úteis.
Não é recomendado o uso de bebidas alcoólicas, pois o
etanol aumenta a produção de ácido úrico. b)Síndrome da ATM (Articulação temporomandibular)

Cozzolino & Cominetti (2013)  reduzir o consumo de Resulta na dor ao se alimentar.


frutose, o excesso de consumo está associado à
hiperuricemia. O objetivo do tratamento dietético é altera a
consistência alimentar para reduzir a doa à mastigação.
ÁLCOOL E GOTA:

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Deve-se buscar a autonomia do cliente, buscando-se a
independência na preparação e consumo, minimizando a dor A função renal é desarranjada, causando dessa forma
e a frustração. Os alimentos digitais que não se desintegram excreção excessiva de proteínas e, com freqüência,
facilmente podem ser úteis. insuficiência renal.

c) Esclerodermia Os corticóides alteram as necessidades de proteínas, sódio,


líquido e cálcio. Antimaláricos parecem ser eficazes no
A esclerodermia é uma esclerose progressiva, sistêmica, tratamento de lesões cutâneas de alguns indivíduos, porém
caracterizada pela deposição de tecido conjuntivo fibroso na possuem vários efeitos colaterais, inclusive GI.
pele e órgãos viscerais, inclusive do TGI.
Não existem terapias dietéticas específicas, sendo
Uma manifestação de esclerodermia é a síndrome de ajustada de acordo com as alterações e necessidades
Raynaud (isquemia ou frio nas extremidades pequenas, com individuais do paciente.
os dedos das mãos), a qual causa dificuldade no preparo e
consumo de alimentos. O suporte nutricional pode ser necessário em casos
crônicos.
Os sintomas GI incluem náuseas e vômitos, azia, disfagia,
diarréia, constipação e incontinência fecal. A perda de peso, e) Síndrome de distúrbio de fadiga crônica e fibromialgia
disfunção renal e de múltiplos órgãos pode ocorrer.
Possuem sintomas reumáticos, mas não têm cura
A disfagia pode ser um sintoma que requer intervenções comprovada e incluem alterações como dores em
nutriiconais. articulações, cefaléias, letargia pós-esforço, dor muscular e
concentração prejudicada.
A má absorção de lactose, ácidos graxos e minerais
pode causar problemas maiores e a suplementação Uma dieta vegetariana estrita (vegan) tem mostrado efeitos
pode ser necessária. benéficos nos pacientes com fibromialgia, pelo menos por
um curto período de tempo, com melhora da dor em
d)Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) articulações e qualidade do sono.

O lúpus não possui etiologia específica clara e acredita-se As opções de tratamento para fibromialgia parecem ser
que a predisposição genética, a presença de anticorpos anti- limitadas e geralmente insatisfatórias. O exercício também
DNA e fatores ambientais possam estar envolvidos. tem se mostrado eficaz nos pacientes com fibromialgia (3
tempos de 30 minutos por semana).
É considerado uma doença auto-imune que afeta todos os
órgãos e sistemas, afetando o metabolismo, a necessidade
e a excreção de nutrientes.

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