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5ª Aula Teórico-Prática_26.Outubro.2018
Ana Serralheiro
SUMÁRIO
- Farmacologia das Populações Especiais
- Geriatria
- Implicações Farmacocinéticas
- Farmacoteria em Geriatria
- Doentes com Insuficiência Renal
- Alterações Farmacocinéticas
- Ajuste da Dose
- Doentes com Insuficiência Hepática
- Alterações Farmacocinéticas
- Farmacoterapia
Ana Serralheiro
SUMÁRIO
- Farmacologia das Populações Especiais
- Pediatria
- Prescrição de Medicamentos à Criança
- Alterações Farmacocinéticas e suas Implicações na Resposta aos Fármacos
- Posologia: Ajuste da Dose
- Gravidez
- Características Fisiológicas da Gravidez e o seu impacto na resposta
farmacológica
- Sistema mãe-placenta-feto
- Efeitos Teratogénicos e Classificação dos Medicamentos segundo as Categorias
de Risco
- Aleitamento
- Leite Materno e Vantagens da Amamentação
- Passagem de Fármacos através do Leite Materno
- Classificação dos Medicamentos Quanto à sua Passagem para o Leite Materno
Ana Serralheiro
FARMACOLOGIA DA GERIATRIA
Prescrição de Medicamentos a
Doentes Idosos
Ana Serralheiro
GERIATRIA
IDOSO ?
Indivíduo com mais de 75 anos ??
Os fenómenos de senescência não decorrem de forma paralela à idade cronológica, ou seja, o
envelhecimento (idade biológica) não está necessariamente correlacionado de forma directa com nº
de anos (idade cronológica)
Doenças crónicas
Maior incidência de situações mórbidas, especialmente
crónicas, na idade avançada. Para além disso, é frequente
apresentar mais do que uma doença
Polimedicação
A terceira idade representa um importante sector nos
consumidores de medicamentos, consumindo
frequentemente vários medicamentos (prescritos e não
prescritos) concomitantemente
Envelhecimento fisiológico generalizado
Ana Serralheiro
GERIATRIA
Envelhecimento fisiológico generalizado Declínio linear das funções
orgânicas a partir dos 45 anos
Processo de senescência que pode condicionar
alterações da resposta aos fármacos
Ana Serralheiro
IMPLICAÇÕES FARMACOCINÉTICAS
Muitas das características fisiológicas do envelhecimento acarretam implicações
farmacocinéticas particulares que determinam alterações da resposta aos fármacos
ABSORÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
METABOLISMO
EXCREÇÃO
Ana Serralheiro
ABSORÇÃO
Ana Serralheiro
DISTRIBUIÇÃO
Ana Serralheiro
METABOLISMO
Ana Serralheiro
IMPLICAÇÕES FARMACODINÂMICAS
Os idosos são mais “sensíveis” à acção de vários fármacos no que
respeita à interacção farmacodinâmica destes com os seus receptores
Alterações farmacocinéticas
Respostas homeostáticas reduzidas
Modificações dos sistemas de contra-regulação
Modificações nas características (tipo) e/ou número de receptores
Ana Serralheiro
FARMACOTERAPIA EM GERIATRIA
A prescrição inadequada e a não adesão à terapêutica (compliance) de
fármacos é uma causa comum de morbilidade nos idosos
O uso de medicamentos em idosos pauta-se pelos mesmos
princípios gerais que regem uma terapêutica racional:
1) Ponderar a utilização do fármaco: avaliação do binómio
benefício-risco
2) Optar por utilizar o menor número possível de fármacos
3) Remover medicação que já não é necessária
4) Recorrer a esquemas posológicos cómodos e fáceis de fixar
5) Promover a adesão à terapêutica:
- Regime posológico o mais simples possível
- Estabelecer administrações regulares com poucas
unidades galénicas
- Adequar forma farmacêutica e via de administração
6) Definir o objectivo terapêutico
7) Aplicar a menor dose efectiva possível: a dose é geralmente
menor que a usada no adulto jovem e pode, em regra, ser
administrada com maiores intervalos
Ana Serralheiro
FARMACOTERAPIA EM GERIATRIA
A prescrição inadequada e a não adesão à terapêutica (compliance) de
fármacos é uma causa comum de morbilidade nos idosos
Heparina Hemorragia
Ana Serralheiro
FARMACOLOGIA DE SITUAÇÕES
PATOLÓGICAS PARTICULARES
Ana Serralheiro
ALTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS NA IR
Ana Serralheiro
AJUSTE DA DOSE NA IR
Os fármacos eliminados maioritariamente pelo rim podem acumular-se no
organismo se forem utilizadas doses usuais, ocorrendo o risco de toxicidade.
Tal assume particular importância para:
Fármacos com t1/2 prolongado
Fármacos com margem terapêutica estreita
𝐶𝐿𝑐𝑟
𝐶𝐿𝐼𝑅 = 𝐶𝐿𝑟𝑒𝑛𝑎𝑙 × + 𝐶𝐿𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎−𝑟𝑒𝑛𝑎𝑙
100
Creatinina = molécula endógena resultante da degradação da fosfocreatina no músculo e que é livremente filtrada
pelo glomérulo, fornecendo informação relativa à taxa de filtração glomerular Ana Serralheiro
AJUSTE DA DOSE NA IR
AJUSTE DA DOSE NA IR:
INFUSÃO CONTÍNUA – Como 100% do fármaco administrado se encontra
disponível na circulação sistémica, é desejável calcular a dose em função da CLIR
do fármaco e respectiva concentração no estado de equilíbrio
TERAPÊUTICA INTERMITENTE – A dose deverá ser calculada tendo em conta a
CLIR do fármaco, a concentração plasmática desejada e o intervalo entre as tomas
Redução da dose: diminuir a dose normal prescrita, mantendo o intervalo
entre as tomas
Fármacos com t1/2 curto
Ampliação do intervalo: Manter a dose normal prescrita, aumentando o
espaçamento entre as tomas de acordo com o atraso na excreção
Fármacos com t1/2 prolongado
Ana Serralheiro
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA (IH)
Condição caracterizada por disfunções do fígado, impedindo que desempenhe
funções normais de metabolização e síntese de proteínas
Ana Serralheiro
ALTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS NA IH
Ana Serralheiro
FARMACOTERAPIA NA IH
Ao contrário da IR, não há provas funcionais hepáticas que, por
analogia da clearance da creatinina, permitam definir através de uma
correlação linear as doses correctas a administrar
Ana Serralheiro
FARMACOLOGIA DA PEDIATRIA
Prescrição de Medicamentos
em Pediatria
Ana Serralheiro
PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS À CRIANÇA
Os efeitos farmacológicos de determinada substância não são da sua
responsabilidade exclusiva; devem-se também ao ambiente em que actua
A prescrição de medicamentos à
CRIANÇA deve ser pautada por
normas próprias
Resposta Farmacológica
CRIANÇA vs ADULTO ?
• Intensidade
≠ • Qualidade dos efeitos
Ana Serralheiro
PEDIATRIA - GRUPOS ETÁRIOS
As diferenças na resposta aos fármacos não se observa apenas entre o
adulto e a criança, mas também entre crianças de diferentes idades
GRUPOS ETÁRIOS
Período Neonatal: até 28 dias após o nascimento
Primeira Infância:
1º Período – dos 28 dias até ao 1º ano
2º Período – 1 - 2 anos
Segunda Infância: 2 - 6 anos
Terceira Infância: 6 - 10/12 anos
Pré-Puberdade: 10/12 - 12/14 anos
Puberdade: 12/14 - 14/16 anos
Adolescência: 14/16 – 18/20 anos
Ana Serralheiro
ALTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS
ABSORÇÃO DISTRIBUIÇÃO
pH gástrico mais elevado até aos 6 anos 75% do peso corporal = água (vs 60%)
Velocidade de esvaziamento gástrico Fluido extracelular:
mais lenta (nos primeiros 6-8 meses de vida) ‒ 50% (prematuro)
Peristaltismo intestinal irregular ‒ 35% (6 meses)
↑ Absorção cutânea no recém-nascido ‒ 20-25% (1 ano)
(absorção através da pele é inversamente
↓ Quantidade de tecido adiposo
proporcional à espessura da camada e
directamente proporcional à hidratação) ↓ Ligação às proteínas plasmáticas
(tanto mais deficiente quanto menor for
↓ Actividade enzimática a nível GI
a idade)
BHE incompleta ao nascimento
Ana Serralheiro
ALTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS
METABOLISMO EXCREÇÃO
↓ Actividade enzimática TFG no recém nascido é 35% da da
(embora a desmetilação e sulfoconjugação criança (deficiente fenestração do
estejam razoavelmente desenvolvidas desde endotélio capilar)
o nascimento) ↓ Secreção tubular (epitélio mais
12-36 meses – Taxa metabólica elevada, espesso e menor teor enzimático)
sendo muitas vezes necessário doses de
fármaco mais elevadas que no adulto
Ana Serralheiro
POSOLOGIA – AJUSTE DA DOSE
Devido a marcadas diferenças farmacocinéticas nos bebés e crianças, uma simples
redução da dose adulta (em termos de proporcionalidade) pode não ser o
procedimento mais adequado tendo em vista uma dose pediátrica segura e efectiva
Idealmente, todos os medicamentos deveriam conter informação relativa à dose
pediátrica
Na ausência de recomendações específicas para a determinação da dose pediátrica,
a conversão a partir da dose adulta pode ser feita com base em 2 fórmulas distintas
(aplicável a crianças com idade superior a 1 ano):
De acordo com a IDADE
4 × 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 20
𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑎𝑛𝑡𝑖𝑙 = × 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐴𝑑𝑢𝑙𝑡𝑜
100
Ana Serralheiro
POSOLOGIA – AJUSTE DA DOSE
De acordo com ÁREA DE SUPERFÍCIE CORPORAL
Ana Serralheiro
POSOLOGIA – AJUSTE DA DOSE
LIMITAÇÕES
A conversão nem sempre é rigorosa e directa
Particularidades de sensibilidade das crianças
Imaturação e hipo-desenvolvimento de certas
estruturas orgânicas (ex: estruturas nervosas)
Obesidade infantil (sobredoseamento quando se
faz ajuste com base no peso corporal)
As fórmulas apenas são aplicáveis em crianças
com mais de 1 ano de idade
Dificuldade em fazer conversão da dose para
crianças do período neonatal e da primeira
infância
Ana Serralheiro
FARMACOLOGIA DA GRAVIDEZ
Prescrição de Medicamentos
na Gravidez
Ana Serralheiro
GRAVIDEZ
Passagem de Fármacos
através da Placenta:
Difusão Simples
Difusão Facilitada
Transporte Activo
Pinocitose
Conversão Enzimática
Ana Serralheiro
FACTORES QUE INFLUENCIAM A PASSAGEM DE
FÁRMACOS ATRAVÉS DA PLACENTA
Lipossolubilidade Quanto mais lipossolúvel mais fácil é a difusão
Espessura do epitélio
Diminuição ao longo da gravidez
trofoblástico
Enzimas
metabolizadoras de Oxidação, redução, hidrólise e conjugação
fármacos na placenta
Ana Serralheiro
BARREIRA PLACENTÁRIA
O problema não reside tanto sobre se um fármaco
atravessa ou não a placenta, mas sobre a exposição
relativa do feto ao fármaco
Ana Serralheiro
EVOLUÇÃO FETAL e TERATOGENICIDADE
PERÍODO DA ORGANOGÉNESE
Entre a 3ª e a 8ª MALFORMAÇÕES MORFOLÓGICAS
semanas de gestação É o período mais vulnerável em que pode ser induzida a maior
parte das malformações morfológicas e estruturais
Ana Serralheiro
EVOLUÇÃO FETAL e TERATOGENICIDADE
Ana Serralheiro
TALIDOMIDA
Sedativo, Hipnótico
(Entrada no mercado, 1957)
FOCOMELIA
1962 – Associação dos casos de focomelia à utilização
da Talidomida no primeiro trimestre da gravidez
Ana Serralheiro
ACÇÕES TÓXICAS E TERATOGÉNICAS
Agentes Químicos
Malformações Congénitas
Teratogénicos
Talidomida Defeitos nos membros (focomelia), malformações cardíacas
Ácido valpróico Defeitos do tubo neural, cardíacos, craniofaciais e anomalias dos membros
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Estudos controlados em mulheres não conseguiram demonstrar qualquer risco para o feto no primeiro
A trimestre e não há evidências de qualquer risco nos últimos dois trimestres, de modo que a possibilidade
de perturbação fetal parece ser improvável.
(Exemplos: Citrato de Potássio, Retinol, Ácido fólico, Ácido ascórbico…).
Estudos de reprodução em animais não demonstraram qualquer risco fetal, do mesmo modo, também
B não foram encontrados efeitos adversos em mulheres grávidas.
(Exemplos: Paracetamol, Penicilinas, Morfina, Insulinas, Heparina sódica…)
Estudos realizados em animais demonstraram efeitos adversos sobre o feto, porém não existem estudos
Há evidências de risco fetal, porém os benefícios do uso desses fármacos em mulheres grávidas pode ser
D aceitável em casos de doenças graves.
(Exemplos: Tetraciclinas, Ibuprofeno, Progesterona, Ocitocina…)
Estudos conduzidos em animais e seres humanos demonstraram anomalias fetais, sendo que o risco do
X uso de um fármaco desta categoria em mulheres grávidas excede qualquer possibilidade de benefício. O
fármaco está contra-indicado para gestantes ou mulheres com potencial de engravidar.
(Exemplos: Fluvastina, Talidomida, Isotretinoína, Estradiol, Álcool…)
Ana Serralheiro
FARMACOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO
Prescrição de Medicamentos
na Amamentação
Ana Serralheiro
LEITE MATERNO
Glândulas mamárias
Lactogénese
Lactação
• ↓ da secreção de estrogénio
e progesterona pela placenta
• ↑ da acção da prolactina ao
nível das células alveolares
Ana Serralheiro
VANTAGENS DA AMAMENTAÇÃO
Vantagens do Leite
Materno
Benefícios para a Mãe
• Protege contra o cancro da mama, do ovário e
Nutricionais endométrio
• Menor hemorragia pós‐parto
• Menor incidência de anemias
Imunológicas • Menos fracturas ósseas por osteoporose
• Recuperação mais rápida do peso pré-gestacional
• Efeito contraceptivo
Económicas
Benefícios para o Lactente
• Diminui a mortalidade infantil
Cognitivas • Protege contra a incidência e gravidade das
diarreias, pneumonias, otite média, diversas
infecções neonatais
Sociais • Melhores índices de acuidade visual
• Desenvolvimento neuromotor, cognitivo e social
• Quociente intelectual
Psico-afectivas
Ana Serralheiro
FÁRMACOS E LEITE MATERNO
Calcula-se que cerca de 90% dos medicamentos administrados à
mulher que amamenta passe para o leite materno
Factores relacionados
com o fármaco
Factores relacionados
com o lactente
Ana Serralheiro
FÁRMACOS E LEITE MATERNO
Factores relacionados
com o leite materno
Fase de lactação
Factores relacionados
Eliminação hepática e renal
com a Mãe
Dose e duração do tratamento
Fluxo sanguíneo mamário
Factores relacionados Quantidade de leite produzida
com o fármaco Via de administração
Factores relacionados
com o lactente
Ana Serralheiro
FÁRMACOS E LEITE MATERNO
Factores relacionados
com o leite materno
Factores relacionados
com a mãe
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FÁRMACOS E LEITE MATERNO
Factores relacionados
com o leite materno
Factores relacionados
com a mãe
Factores relacionados
com o fármaco
Idade do lactente
Factores relacionados
Eliminação hepática e renal
com o Lactente
Taxa de absorção gastrointestinal
Ana Serralheiro
CLASSIFICAÇÃO
Classificação dos fármacos por grupos quanto à sua passagem para o leite materno
I
Medicamentos que passam para o leite, Cefalosporinas; Colistina; Digoxina; Eritromicina; Fenitoína; Insulina;
mas para os quais não têm sido Lincomicina; Oleondomicina; Penicilinas e derivados; Tiroxina
referidos riscos, se administrados em
doses terapêuticas
II
Ácido acetilsalicílico; Antidepressivos tricíclicos; Anti-histaminicos;
Medicamentos que passam para o leite Carbamazepina; Corticosteróides; Etambutol; Fenotiazinas; Griseofulvina;
e cuja administração exige prudência Isoniazida; Nitrofurantoína
III
Ácido valpróico; Estreptomicina; Anfotericina B; Anticoagulantes;
Medicamentos que passam para o leite Antidiabéticos orais; Benzodiazepinas; Cloranfenicol; Iodetos; Lítio;
e que devem ser evitados Meprobamato; Propoxifeno; Sulfamidas; Tetraciclinas; Vancomicina
IV
Medicamentos que não passam para o Amicacina; Bacitracina; Nistatina; Heparina; Lidocaína; Sulbutamol
leite
Ana Serralheiro