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LANA SILVA

Copyright 2023©

1° edição – janeiro 2023

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A LANA SILVA

Edição: AAA Design

Ilustração: Snake Designer

Revisão: Sônia Carvalho


Sumário

Sinopse

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17
Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Epílogo

Epílogo bônus

Agradecimentos

Redes Sociais
Ethan Lewis é a maior estrela do futebol americano

universitário, então quando ele desloca o ombro correndo atrás do


seu amigo bêbado, e só de cueca ele sabe que está ferrado.
Agora o Quarterback do Crimson Tide precisa de alguém para

auxiliar na sua recuperação e o manter longe de problemas.

Abigail Jones ama esportes com uma única exceção:

futebol americano, além disso, é claro, tem uma total aversão aos

jogadores, principalmente os quarterbacks agenciados pelo idiota


do seu pai. Tudo que ela queria era um estágio na equipe de

treinamento atlético do time de Basquete feminino, mas o que ela

recebe é a oferta de ser a babá de um jogador idiota, sem


emprego e com uma dívida, ela não tem outra alternativa a não

ser aceitar a oferta.


Abigail está prestes a passar parte do seu dia sendo babá

de um cara que odeia. Ethan está prestes a descobrir que ele não
é amado por todas as garotas da Universidade do Alabama como

acreditava ser.

Poderá Ethan descobrir o porquê Abigail o odeia tanto? E

convencê-la que ele não é nada do que ela espera dele?


Abby

Existe algo pior que acordar de ressaca e isso é acordar de


ressaca com o som do seu despertador. O som parece entrar em

minha cabeça e esmagar cada parte dela, é como se meu cérebro

estivesse sendo esmagado.

Eu tento fechar meus olhos e continuar dormindo, mas é


impossível, o meu celular volta a tocar depois de cinco minutos,

maldita soneca. Sem alternativa, coloco minha mão embaixo do

travesseiro e pego o aparelho, desligo o despertador, com


cuidado abro meus olhos e confiro o horário. Não tenho tempo
para continuar dormindo, se ficar mais um minuto na cama irei me

atrasar para a primeira aula.

Ainda zonza por todo álcool que ingeri na noite passada,

levanto-me da cama, deixo meu quarto e vou para o banheiro,


para minha sorte nenhuma das meninas o está ocupando.

Estou com a garganta seca, os olhos pesados e a cabeça

doendo. Como em dois anos ainda não aprendi que festas nas

quintas-feiras são péssimas ideias?

Tiro o pijama que estou usando e vou direto para o box.

Estou pegajosa, suada e fedendo a cerveja barata e de péssima


qualidade. Deus, como consegui dormir assim? Claro, eu estava

tão bêbada que a única coisa que consegui fazer foi entrar em

meu quarto, vestir um pijama e me jogar na cama.

Ligo o chuveiro na água gelada e mesmo que não tenha

tempo para secar meu cabelo opto por lavá-lo, porque até mesmo

ele está fedendo. Caralho, talvez eu deva parar de beber e

frequentar essas malditas festas.

Gasto o máximo de tempo possível embaixo do chuveiro,

mas não o tanto quanto gostaria, porque estou atrasada.


Saio do banheiro enrolada em uma toalha e ainda com dor
de cabeça, porém não estou mais tonta. Eu volto para meu

quarto, vou até minha cômoda e pego qualquer roupa, ou seja,

regatinha básica e uma calça jeans, calço meu tênis, penteio meu

cabelo, deixo-o molhado mesmo e apenas retiro o excesso de

água com a toalha. Estou desprezível e qualquer um que olhar

para mim saberá disso.

Para não parecer tão derrotada, pego um óculos escuro, e

por fim a minha bolsa que contém meu iPad e cadernos, jogo meu

celular dentro dela e deixo meu quarto.

A porta do quarto de Brooke está fechada, porque a vaca

sortuda não tem aula hoje pela manhã, mas a de Dakota está

aberta, porque assim como eu ela terá que ir para a universidade.

Sigo para nossa cozinha/sala. Dakota está de costas para

mim e de frente para o fogão. Ela está cozinhando enquanto uma

música da Meghan Trainor[1] está ecoando em um volume não

muito alto pelo pequeno lugar que dividimos.

— Por que, eu não sou como você?

Resmungo enquanto me jogo no sofá que fica na nossa

sala, que é no mesmo ambiente que nossa pequena cozinha e


jogo minha mochila no meu lado.

— Bom dia, flor do dia.

Ela se vira para mim com um sorriso no rosto e reviro meus

olhos.

— Péssimo dia.

Faço um biquinho e minha amiga apenas ri.

— Eu avisei você para não beber tanto.

Aponta a colher que tem em mãos na minha direção e eu


suspiro. Sim, Dakota que optou por não beber ontem, me avisou
para não exagerar e eu como sou uma idiota não dei ouvidos para

ela.

— Eu sei.

Sorri vitoriosa e volta a ficar de costas para mim.

— Qual os planos para o dia?

Suspiro mais uma vez.

— Você quer dizer a tortura do dia, não é?

Sei que estou parecendo um bebê chorão, mas às vezes

só acordamos e temos certeza de que o dia será uma merda. E


hoje eu posso garantir será um dia de merda.
— Não seja tão chata, Abby.

Dakota se vira e dessa vez está segurando a frigideira.

— Por que, eu não poderia ter pais ricos e legais?

Dakota faz uma careta.

— Reclame menos, Abby.

— Eu estou de ressaca, tenho a pior aula da semana, além


disso tenho que continuar procurando um emprego. — É a minha

vez de fazer uma careta. — E adivinha, se meus pais não fossem


tão um idiota, eu não precisaria arranjar um trabalho.

Minha amiga morde seu lábio inferior.

— Você ainda está com raiva deles?

Apenas de pensar em meus pais minha cabeça dói ainda


mais, por isso fico em pé e vou até o nosso armário, onde ficam

os remédios.

— Meu pai está me cobrando a fatura do cartão e minha

mãe se recusa a me ajudar a pagá-la. — Pego um remédio para


dor de cabeça. — O idiota não sabe nem o que fazer com tanto
dinheiro e está me cobrando.

— Talvez, ele apenas esteja querendo que você aprenda a


ser independente.
Sorrio ironicamente enquanto vou até a geladeira e pego
uma garrafinha de água.

— Acredite, ele somente está sendo um idiota.

Liam Cooper não está preocupado comigo, nem com o tipo


de ser humano em que irei me tornar. Eu tomo meu remédio e a

água logo em seguida, e volto a olhar para Dakota. Ela está me


encarando com pena e odeio isso.

— Sinto muito.

Dou de ombros.

— Eu vou ficar bem.

Ela parece prestes a dizer algo, então balanço a cabeça.


Não quero palavras de conforto e nem de autoajuda. Algumas

coisas simplesmente não têm como ser melhores e uma dessas é


a situação a qual me encontro no momento. Dakota se aproxima

deixa os ovos sobro o balcão que está logo ao meu lado.

— Bacon?

Sorri gentilmente e balanço a cabeça negando.

— Não, aliás não irei comer nada, meu estômago está um


caos — Ela apenas assente. — Você quer uma Carona?

— Você tem aula à tarde, não é?


É a minha vez de assentir.

— Sim, e depois da aula irei procurar um emprego.

— Então, eu vou com meu carro. — Abro a boca para dizer

que irei esperá-la, porém ela é mais rápida. — Você não precisa
me esperar, minha aula é um pouco mais tarde que a sua e irá se

atrasar ainda mais.

Ela está certa.

— Ok. — Sorrio, o primeiro sorriso do dia e talvez o último.

— Tchau, baby.

Aceno para ela e me viro de costas.

— Tchau, querida.

Escuto sua resposta enquanto pego minha mochila e deixo

o apartamento que divido com Brooke e Dakota e que fica nas

instalações para alunos da parte oeste do campus, o prédio com


os apartamentos de três quartos se chama Bryce Lawn.

Enquanto sigo para o estacionamento que fica em frente,

eu me lembro de que tenho que seguir para aula de Cálculo e

faço uma careta. Quem poderia imaginar que me depararia com


esse tipo de matéria em Saúde Pública?
Coloco meus óculos escuros e trago a mochila para perto a

fim de poder pegar a chave do meu carro, aproveito que estou


com a cara praticamente enterrada na mochila para fingir que não

estou vendo pessoas ao meu redor, provavelmente outros

estudantes que estão indo para a aula. Nada contra ser educada,
eu só não quero ser educada hoje.

Ao chegar em frente ao meu carro, afasto a mochila e

encaro o Jeep Grand Cherokee[2] branco e me pergunto o que

aconteceria se o vendesse, talvez meu pai me deserdasse,


porém, e se ele não soubesse?

Desligo o alarme, entro no carro, jogo minha mochila no

banco ao lado. A verdade é que se vendesse o carro que Liam


me deu há dois anos quando iniciei a faculdade ele iria surtar e

não estou a fim de lidar com Liam surtando, além disso ele

incomodaria minha mãe que me incomodaria.

E em algum momento ele descobriria, principalmente


porque o seguro do carro está em seu nome.

Ou seja, melhor continuar com o carro e além de tudo, eu

gosto dele. Seria péssimo me livrar dele.


— É uma droga ter alma de rica. — Passo a mão pela

direção. — E nem é a minha culpa, vamos culpar o DNA que

recebi daqueles dois.

Respiro fundo, ligo o carro e não demoro cinco minutos


para chegar ao prédio onde acontecem aulas de matemática, o

MTLC, Mathematics Technology Learning Center, um prédio com

colunas quadradas logo na entrada, tijolos à vista e com um


formato de um polígono.

Paro no estacionamento, pego minha mochila e sigo para a

sala de aula. Estou alguns minutos atrasada e recebo um olhar


estranho do professor, porém ele não fala nada, então sigo para o

fundo e me sento em uma das classes disponíveis.

Eu pego meu iPad e tento me concentrar na aula, o que é

uma tarefa extremamente difícil, porque a aula de cálculo é um


saco como sempre e tenho que me esforçar para não dormir

durante todo tempo. Apesar do meu esforço algumas vezes eu

acabo piscando.

Estou ainda pior do que antes ao fim da aula e quando


pego meu celular, assim que deixo a sala de aula, faço uma

careta ao me deparar com uma chamada de Bridget, o que minha


mãe pode querer comigo? Ela não me liga sem nenhuma

intenção.

Ainda estou encarando o aparelho quando o seu nome

brilha na tela outra vez. Franzo minha testa e enquanto saio

caminho para fora do prédio, aceito a chamada e trago o celular

até a minha orelha.

— Mãe.

— Hey, Abigail. — Como nunca conversamos amenidades

a espero dizer o motivo pelo qual está ligando. — Eu recebi um e-


mail do Liam.

Sorrio ironicamente.

— É claro que você recebeu.

— Ele mandou que eu pedisse a você para que lhe


enviasse o valor que você gastou no cartão de crédito que ele te

deu para gastar com coisas exclusivamente da faculdade.

— Comer e gastos de casas deveriam ser incluídos nisso.

Soo debochada e a escuto suspirar.

— Você sabe o que ele pensa disso.

— O que vocês pensam disso, não é!?


Desligo o alarme do carro, abro a porta e me sento atrás da

direção.

— Você sabe que eu ajudaria se pudesse.

Usa um tom de voz mais baixo para soar como se


realmente se preocupasse comigo.

— Não se preocupe, eu irei dar um jeito.

— Ok, algo mais, querida?

Ela fala como se eu tivesse procurado por ela. Suspiro e


encaro o vidro à minha frente.

— Não.

— Tchau, querida e cuide-se.

— Cuide-se, mãe.

Afasto o celular da minha orelha e a ligação já foi

encerrada. Respiro fundo, jogo minha cabeça para trás e encaro o

teto do carro. Eu pareço uma adolescente inconformada por não

ganhar o que pediu aos pais, porém Liam acabou de comprar um


Iate, Bridget ganha uma pensão extremante gorda do meu pai e

eu preciso trabalhar para pagar os meus boletos.

Maldita hora em que perdi meu emprego no semestre


passado e precisei usar o cartão de crédito de Liam.
Mentalizo que tudo ficará bem.

Tudo bem que fui demitida do bar em que trabalhava no


semestre passado, porque um idiota me assediou.

Tudo bem que ontem a professora chefe do departamento

me ligou e me disse que não fui selecionada para o programa de

estágio desse semestre no qual tinha me inscrito antes das férias.

Tudo bem que meus pais são dois idiotas.

Respiro fundo mais uma vez, então ligo o carro e dirijo para

o próximo prédio, a faculdade de ciências ambientais humana,

onde terei a minha próxima aula, segurança e prevenção de


lesões, uma matéria que realmente tenho interesse e me fascina.

Meu sono até diminui enquanto assisto a aula e ao fim dela já não

me sinto tão miserável.

Eu saio da aula e vou até o restaurante mais próximo,

como voltarei para o prédio de ciências humanas mais tarde vou a

pé e aproveito para observar o verde presente no campus.

A Universidade do Alabama tem um campus enorme com

muito verde e prédios de tijolo à vista em um estilo que mistura o

clássico com o Neoclássico, com alguns pilares que remetem à

Grécia e fachadas em que os telhados lembram Vês invertidos.


Após almoçar estou voltando para o prédio de ciências
humanas quando o meu celular vibra em meu bolso, eu pego o

aparelho e me deparo com o nome da professora Monroe

brilhando na tela, ela está me ligando. Será que é uma boa


notícia? Rezo para que sim.

Não hesito em aceitar a chamada e trazer o celular até

minha orelha.

— Olá, professora Monroe.

— Hey, Abigail, tudo bem?

— Tudo sim, e com a senhora?

Caminho com o celular colado à minha orelha e com meu

coração acelerado. Por favor, uma boa notícia.

— Tudo ótimo, eu liguei para você, porque eu tenho uma

boa notícia.

Suspiro aliviada. Talvez, o dia não esteja tão ruim quanto

imaginei.

— Qual notícia?

É nítido em minha voz que estou animada.

— Surgiu uma nova vaga para o programa de estágio para

acompanhar o treinador atlético do nosso time e ela pode ser sua,


se você aceitar.

— É claro que se está disponível, eu aceito, eu já até


posso me visualizar trabalhando com o time de Basquete feminino

Na minha cabeça consigo até mesmo me imaginar no uniforme


utilizado pela equipe responsável pelo treinamento atlético dos
atletas.

— Você não irá trabalhar com o time de Basquete, Abigail.

Franzo minha testa sem entender.

— Mas eu me escrevi para acompanhar o time de


Basquete.

— A vaga que surgiu foi no time de Futebol Americano,


Abigail.

É claro que tudo sempre pode piorar.


Ethan

Só existe algo pior do que deslocar seu ombro enquanto


você está correndo só de cueca atrás do seu melhor amigo e é

enfrentar o seu treinador. Noah Davis caminha de um lado para o

outro na sua sala enquanto eu sigo sentado na cadeira de frente


para sua mesa.

— Você sabe o problema em que se meteu, Lewis?

Não ouso respondê-lo, porque é uma pergunta retórica.


Porém, eu sei o que significa. Significa que eu estou totalmente

ferrado.
— Você é o Quarterback. — Ele se vira na minha direção e

posso ver a raiva neles. — Você é o meu capitão, minha estrela e


um dos melhores jogadores da liga universitária.

Eu suspiro, porque essa situação não é só incômoda para


ele. O semestre recém começou, a temporada irá iniciar e eu

estou com meu ombro imobilizado, ou seja, proibido de treinar.

— Treinador, eu prometo me empenhar Sorri irônico.

— É claro que você vai. — Aponta seu dedo em minha

direção. — Nem que você tenha que ter um treinador atlético ao

seu lado vinte e quatro horas por dia.

Faço uma careta.

— Não é preciso ser tão radical.

Mais uma vez, Davis ri e balança a cabeça.

— Você conseguiu se lesionar em casa no meio de uma

brincadeira. — Volta a desviar o olhar de mim e passa as mãos

pelos fios do seu cabelo. — Meu capitão lesionado por causa de

uma brincadeira idiota.

Bufa irritado.

— Inacreditável.
Eu sequer posso me sentir ofendido, ou tentar me justificar,
porque foi uma lesão idiota. Eu jogo futebol americano desde que

me conheço por gente e nunca me machuquei, então, de repente

saio da piscina vestindo só uma cueca para correr atrás do meu

melhor amigo na tentativa de junto com nosso outro amigo jogá-lo

na piscina, escorrego no chão e desloco meu ombro.

Não há justificativas.

Davis para de caminhar de um lado para o outro, apoia as

mãos em sua cintura e olha para cima.

— Como vocês conseguem ser os melhores atletas dessa

faculdade morando juntos? Aliás como sobrevivem?

Mais uma vez, não o respondo. E parece ser o certo,


porque ele não se vira na minha direção e nem me encara com

raiva. Ele olha pela janela que fica logo atrás da sua mesa e

depois de alguns minutos que ficamos em silêncio, ele me encara

e suspira.

— Você tem noção que pode ficar de fora do primeiro jogo

da temporada?

Ou seja, talvez perca o primeiro jogo da divisão Oeste, e o

mais importante da temporada, contra o Auburn Tigers, nosso


maior rival. Caralho!

— Quanto tempo Miller acredita que ficarei fora?

Ele se aproxima e se senta de frente para mim.

— Ele ainda não sabe, mas fará o possível e o impossível


para você ficar bom logo.

Sei que o nosso treinador atlético James Miller fará o


melhor dele, isso significa, um tempo com ombro imobilizado, e

depois horas de fisioterapia e de treinamento para não perder


peso e nem condicionamento físico.

— E eu farei o máximo para me recuperar — Ele apenas


assente. — Jogar futebol é a minha paixão, treinador.

— Eu sei, Lewis, eu sei.

Engulo em seco.

— Estou liberado?

— Está.

Eu fico em pé e estendo minha mão em sua direção.

— Até mais, treinador.

Ele aperta meus dedos com os seus e balança nossas


mãos unidas.
— Até mais QB.

Ele utiliza a abreviação de Quarterback e a forma como


todos do time me chamam, o que significa que estou perdoado,

ou quase perdoado.

— Eu sinto muito, treinador.

Assente e larga minha mão, então eu me viro e caminho


até a porta. Estou com a mão na maceta quando escuto a sua

voz.

— Eu sei que você sente muito, Ethan.

Permaneço alguns segundos segurando a maçaneta e de


costas para meu treinador, porém não encontro mais nada para

ser falado e abro a porta. Deixo sua sala que fica no nosso
estádio, aqui também fica o centro de treinamento e sala de
recuperação, locais onde passarei muitas horas no próximo mês.

Como eu pude acreditar que sair correndo da piscina para


ir atrás de Josh seria uma boa ideia? Além de tudo, eu estava
bêbado. Estou desapontado, com um sentimento de culpa em

meu peito e me sentindo extremamente mal por ter decepcionado


pessoas que sempre acreditaram em mim. Treinador Davis,

minha mãe e meu time. E ainda há Cooper.


Saio do prédio extremamente atordoado e é assim que
entro no carro de Aiden que ficou todo esse tempo me esperando.
Meu amigo olha para mim com a testa franzida.

— Você está com uma cara de derrotado, conversa difícil?

Suspiro e apoio minha cabeça contra o banco.

— Um pouco.

Aiden fica em silêncio e liga o carro, caralho nem dirigir por

um tempo poderei. Merda!

— Eu sinto muito pela ideia idiota.

— Não foi sua culpa.

Não é a primeira vez que Aiden se desculpa por ter sido ele

a sugerir que deixássemos a piscina e corrêssemos atrás de


Josh.

— Mas a ideia foi minha.

Olho para ele e balanço a cabeça.

— E eu deveria ter sido responsável o suficiente para saber

que era uma péssima ideia.

Ele faz uma careta.

— Deveríamos fazer uma pausa de bebidas.


É claro que ele não está falando sério. Nem quando
precisamos não beber por causa das temporadas de jogos nós
conseguimos.

— Eu concordo.

Sorrio debochado e ele faz uma careta.

— Eu estava brincando.

Tento dar de ombros, mas não consigo, porque um deles


está imobilizado com uma tipoia preta. E o gesto faz com que até

mesmo sinta dor. Caralho, nem dar de ombros conseguirei.

— Eu não. — Resmungo. — Estou proibido de ingerir

bebida alcoólica enquanto estou tomando os medicamentos para


dor e inflamação.

— Sem jogos, sem bebidas, irá ficar sem garotas também?

Reviro meus olhos e ergo o dedo do meio da minha mão


livre na sua direção.

— Idiota.

Ele ri e fica rindo alguns segundos, apenas olho em frente

e me recuso a rir com o idiota. Aiden volta a ficar sério quando

entra no bairro em que fica a casa que dividimos.

— Quanto tempo longe?


Balanço a cabeça negando.

— Davis ainda não sabe, eu preciso conversar com o


Miller.

— E quando será isso?

— Hoje à tarde.

Se com Davis já foi terrível, com Miller será ainda pior. O


treinador atlético do Crimson irá querer me matar.

— Boa sorte.

Fala ao mesmo tempo que em estaciona em frente à casa


de dois andares em que moramos, é um lugar perto do campus,

mas que não pertence à faculdade.

— Obrigada.

Desliga o carro e olha em minha direção com deboche.

— Precisa de ajuda para descer?

Mais uma vez, aponto meu dedo do meio na sua direção e

em seguida abro a porta do carro.

— Vai se foder, Aiden.

Saio do carro e ele também.

— Bem que eu gostaria.


Reviro meus olhos enquanto caminha na direção da

varanda e escuto o som da gargalhada de Aiden. Idiota!

Eu abro a porta, entro e propositalmente, para que Aiden

tenha que abri-la, eu a fecho.

— Você é uma criança, Ethan.

Ele grita e eu sorrio. E ainda estou sorrindo quando entro

na sala e me deparo com Dylan e Josh sentados no sofá e


jogando algum jogo de tiro no videogame.

— Como foi?

Meu sorriso se desfaz ao ouvir a pergunta de Dylan.

— Como achamos que seria.

Sento-me na poltrona que fica na lateral do sofá. Josh

pausa o jogo e olha em minha direção.

— Que merda, cara.

Assinto concordando com Josh.

— E quanto tempo ficará fora?

Suspiro antes de responder Dylan.

— Ainda não está determinado, Miller só tem os exames

que enviei para ele assim que saí do hospital hoje de manhã, ele
não me viu pessoalmente.
Assente.

— E você já contou para sua mãe e Liam?

Aiden pergunta enquanto entra na sala e se senta ao meu

lado. Eu balanço a cabeça, apoio meu cotovelo na minha perna e

encaro o chão.

— Minha mãe já, porque ela recebeu uma mensagem que


utilizei o plano de saúde, porém ainda não conversei com Liam.

Faço uma careta. Contar a Liam será o mais difícil, ele foi

meu treinador durante a escola e hoje é o meu agente.

— Tenho certeza de que ele irá entender.

Dylan tenta me confortar e Josh ri.

— Você não conhece o Liam.

— Ele não é tão ruim.

Tento defendê-lo, o que é um pouco difícil, porque Liam


não tem os melhores dos humores.

— Ele é um tirano, o futebol e o dinheiro são suas

obsessões de vida.

Josh revira seus olhos e eu apenas sorrio e balanço a

cabeça de um lado para o outro. Ele está certo, porém Liam ainda

foi quem me ajudou a conseguir a vaga no Crimson, quem enviou


a minha carta de referência e é ele que está cuidado da minha

carreira, é com ele que os olheiros conversam sobre mim e sobre

minha transferência para um dos times da NFL assim que

terminar a faculdade.

— Dylan, você sabia que foi Liam que fez Josh desistir do

futebol americano?

Dylan ri e se vira para Josh.

— Achei que você tivesse partido para o beisebol, porque

era melhor, não por medo de um treinador.

Debocha e Josh pega uma das almofadas e joga na

direção do nosso amigo.

— Idiota.

Nós quatro rimos e por fim fico em pé.

— Estou cansado e vou subir para o quarto.

— Precisa de ajuda para dormir?

É claro que Dylan está debochando.

— Um cafuné talvez.

Josh segue debochando de mim.

— Uma sopinha?
Dylan complementa.

— Vocês são uns idiotas.

Enquanto eles riem, eu fico de costas, caminho na direção

da escada, e ainda os estou ouvindo rir quando subo os degraus.

Eu vou para o meu quarto, arrumo alguns travesseiros para apoiar

minhas costas e cotovelo, pego meu celular e me deito, ou melhor


me sento na cama.

Durante os primeiros dias precisarei dormir quase sentado,

o que é uma grande merda. É uma merda ter que segurar o


celular e digitar com uma única mão e ainda a esquerda. Dobro

minhas pernas, apoio o aparelho em meus joelhos e sou obrigado

a fazer uso da digitação por voz, e apesar da dificuldade, consigo

enviar um e-mail para Liam e minutos depois ele me liga.

— Hey, treinador.

Ativo o viva voz.

— Hey, Ethan, algo está acontecendo?

Direto como sempre.

— Sim. — Respiro fundo. — Um acidente.

— Que tipo de acidente?

Encaro o teto.
— Ontem Dylan, um dos caras que mora comigo, soube
que irá ser o novo capitão do time de basquete.

— Vá direto ao ponto, porque eu não tenho todo tempo do

mundo, Ethan.

Interrompe-me e reviro meus olhos.

— Nós bebemos para comemorar e quando já estávamos

bêbados decidimos pular na piscina, porém Josh não foi e Aiden e

eu tivemos a brilhante ideia de sair da piscina e o obrigar a entrar,


mas quando estava correndo atrás dele escorreguei e desloquei

meu ombro.

Não preciso explicar o que um ombro deslocado significa,


ele é um ex-atleta e atual treinador da melhor escola de

Brimingham. Ele fica em silêncio por alguns segundos, mas posso


ouvir o som dos seus passos. Ele está andando de um lado para

o outro.

— Você não pode estar falando sério.

— Sim, eu estou.

— Porra, Ethan, você é a minha principal aposta, você não

pode ser um idiota irresponsável — Grita e fecho meus olhos. —


Você não pode ter atitudes idiotas como essa se quer se tornar
um jogador profissional.

O pior de tudo é que ele está certo.

— Quantos dias ficará de fora?

Abro meus olhos e encaro o celular que segue apoiado em

minhas pernas.

— Ainda não sei.

Ele fica em silêncio outra vez.

— Estou ligando para seu treinador atlético.

Ele encerra a chamada e suspiro. A ligação foi exatamente


o que eu esperava. Volto a encarar o teto e me pergunto quanto

tempo ficarei fora. Sei que não foi uma lesão tão grave e que
voltarei antes do final do semestre e da temporada, porém e se
algo der errado? E se diminuir meu desempenho de alguma

forma? Caralho!

Estou a alguns minutos encarando o teto e perdido em


péssimos pensamentos quando meu celular volta a tocar. Olho

para baixo e me deparo com o nome de Miller no celular. Aceito a


ligação e ativo o viva voz.

— Hey, Miller.
— Hey, Ethan, como você está?

Alguém se lembrou de perguntar como estou.

— Bem.

— Ótimo, eu conversei com seu agente e nós chegamos à

conclusão de que irá precisar de alguém para acompanhá-lo.

Franzo a minha testa.

— Me acompanhar? Não é você que irá me acompanhar?

— Sim, eu estarei com você quando estiver aqui no centro

de treinamento, porém precisamos de alguém com você quando


estiver em casa e em aula, você sequer conseguirá fazer
anotações.

— Eu não preciso de uma babá, Miller.

Suspiro. Droga, eles querem colocar alguém vinte e quatro

horas no meu pé.

— Isso não está em discussão, Ethan, encontro você daqui


há duas horas. Até mais.

Ele desliga a ligação. Eu suspiro mais uma vez, apoio


minha cabeça contra a cabeceira da cama e fito o teto. Primeiro

desloco meu braço de uma maneira humilhante, agora isso, terei


que ter uma babá. Tem como minha situação ficar pior?
Abby

Estar na equipe de treinamento atlético de futebol


americano é a última coisa que eu quero na vida, porém eu

preciso de dinheiro e é por isso que aceito a proposta de Monroe.

Ela me dá as instruções do que deve fazer e assim que encerro a


chamada com a professora Monroe eu vou para o

estacionamento e ocupo o lugar atrás da direção no meu carro.

Desisto de assistir a aula que tenho agora a tarde e dirijo

para o estádio Brynt Demy onde fica a sala de treinamento


atlético. Eu odeio futebol, porque é o que Liam ama, é o que ele
fazia e a maioria dos atletas do esporte são iguais ao meu pai.

Eles juram que são próprios deuses, dignos da adoração de


todos. Idiotas e soberbos.

Só de imaginar ter que conviver com eles faz com que


queira parar o carro, curvar minha cabeça sobre o volante e

chorar.

Será que o mercúrio está retrógrado e é por isso que tudo

parece estar desmoronando?

Eu respiro fundo assim que estaciono e mentalizo que

talvez não seja tão ruim, talvez sejam só algumas horas, quem
sabe fique apenas nos bastidores e não socialize com os atletas.

Deixo meu carro e entro na parte interior do estádio. Eu já


estive aqui antes, em um tour pelo campus e sei onde fica a sala

do treinador atlético do time de futebol. Caminho pelos corredores

e paro em frente à porta, então bato na madeira.

— Entre.

Levo minha mão até a maçaneta e abro a porta.

— Licença.

Deparo-me com um homem negro, aparentemente forte,

com os cabelos praticamente raspados e com um olhar gentil. Ele


está sentado atrás de uma mesa e não consigo ver o restante do
seu corpo.

— Você deve ser Abigail Jones?

A placa com seu nome sobre a mesa confirma que ele é

quem eu estou procurando.

— Eu mesma e você, James Miller, o treinador atlético.

Ele assente, então sorrio educadamente e me aproximo

ficando de frente para ele.

— Sente-se.

Aponta para a cadeira à sua frente, vou até ela e me sento.

— A professora Monroe disse que eu deveria vir conversar

com o senhor sobre a vaga de estágio na equipe de treinamento

atlético.

Sou direta e ele assente.

— Aconteceu um imprevisto e precisamos urgentemente

de alguém que esteja disposta a trabalhar com a gente.

Ele não precisa saber que tenho mais necessidade do que

disposição.

— Estou à disposição.
Sorrio e ele faz uma careta. Droga, algo está errado, será

que é comigo?

— Precisamos de muita disposição.

Franzo minha testa.

— Estamos falando de quantas horas?

Ele tem uma caneta em mãos e bate com ela na sua mesa
de madeira.

— Integralmente.

— Isso é impossível, eu sou uma estudante.

Estágios não são feitos para serem integrais, ele está


maluco?

— Um dos nossos principais jogadores se machucou. —


Suspira. — E precisamos que ele se recupere logo e pra isso

precisamos que alguém esteja com ele durante o máximo de


horas possíveis.

Apoio meus braços sobre a mesa.

— Como assim durante o máximo de horas possíveis?

Pela expressão em seu rosto sei que ele não está me

oferecendo uma oferta razoável.


— Preciso que caso você aceite fique praticamente vinte e

quatro horas com o meu atleta, ele precisa de ajuda em casa e


além disso, preciso que garanta que ele não irá se meter em

encrencas.

— Alguém está precisando de uma babá.

As palavras deixam minha boca antes que possa evitar e


Miller faz uma careta.

— É apenas cuidado e será uma ótima forma de você


aplicar na prática o que tem visto nas aulas, além de conseguir as

horas necessárias para conseguir o Dual degree[3], sei que está


tentando terminar o mestrado em Treinamento Atlético junto com
a graduação em Saúde Pública.

Aplicar o que tenho aprendido sendo babá de um atleta!?


Porém as horas serão mesmo necessárias, além disso é um

estágio remunerado segundo Monroe.

— E a remuneração?

— Dez mil dólares em um mês e meio.

Abro a boca chocada.

— É possível uma bolsa ser assim tão alta?


Eu faço as contas rapidamente em minha cabeça e esse
dinheiro pagaria a minha dívida com Liam, minhas contas dos
próximos meses e ainda sobraria. Seria incrível.

— O agente do atleta irá arcar com os custos.

Está explicado.

— E as minhas aulas?

Apesar do valor alto, não posso abandoná-las para virar

uma babá integralmente de um atleta irresponsável.

— Eu já conferi os horários de vocês dois e vocês não tem

aula no mesmo horário. — Dá de ombros. — Enquanto estiver em


aula, ele fica sozinho.

Assinto.

— Abigail, ele lesionou o ombro direito, então será


necessário que você copie e escreva por ele.

Ótimo, superdivertido.

— Ok. — Fico completamente ereta e olho em seus olhos.


— E quem é o atleta?

Assim como Harry Potter que ficou repetindo Sonserina[4]


não, eu respeito em minha mente Ethan Lewis, não. Ethan Lewis,
não.
— Ethan Lewis.

Parece que eu não tenho a mesma sorte que o Harry.

— E o agente dele é Liam Cooper?

Assente e franze sua testa.

— Você o conhece?

Pela forma como me encara ele não sabe que eu sou sua

filha. É claro que ele não sabe, ninguém sabe.

— Não.

Meu pai não pode pagar a minha fatura de cartão de

crédito, mas pode pagar para que Ethan Lewis, seu queridinho,

tenha uma babá. Se não estivesse em frente a Miller, eu iria rir da


porra da ironia.

— Você irá aceitar o trabalho?

O mais divertido será pagar a fatura de cartão de crédito

que ele está me cobrando com o seu próprio dinheiro, e sem ele
saber. A vida realmente é uma caixinha de surpresas.

— Irei.

Ele sorri animado.

— Ótimo, você começará amanhã.


Pelos próximos minutos, ele me explica como tudo irá

funcionar. Eu deverei ficar o dia todo atrás de Ethan, garantindo


que ele não faça nada que comprometa sua recuperação, além

disso devo praticar com ele alguns exercícios de recuperação,

ajudar com massagens e métodos que ajudem a amenizar a sua


dor e acompanhá-lo em seus treinamentos assim que estiver livre

da tipoia. Não precisarei dormir na sua casa, somente se ele

estiver com dor.

Por fim, ele me entrega um contrato, assinamos e para


minha sorte deixa claro que Liam apenas enviará o dinheiro e eles

irão me repassar, ele não quer ter contato e muito menos se

envolver com o estagiário. Ótimo, ele não ficará sabendo que eu


sou quem está cuidando do seu queridinho.

Assim que combinamos como tudo irá funcionar e

marcamos de começarmos amanhã pela manhã despeço-me de


Miller e deixo sua sala.

Ótimo, eu tenho um emprego. Não é bem o que eu

desejava, mas pelo menos terei dinheiro. Minha consciência se

pergunta se o dinheiro será o suficiente para aguentar Ethan


Lewis.
— Terá que ser. — Resmungo e um cara que está

passando por mim olha em minha direção, sorrio e balanço a

cabeça. — Falando sozinha.

Olha-me como se fosse louca e assente. Eu dou de


ombros e sigo para o estacionamento. Ao entrar no carro, pego

meu celular que está em meu bolso e confiro as horas. Não há

mais tempo para ir para a aula, por isso ligo o carro e dirijo para
casa.

Morar dentro do campus tem sua vantagem, em dois

minutos estou em casa, além disso, o caminho é repleto de


árvores e as ruas apesar de estreitas são boas de dirigir.

Chego em frente ao pequeno prédio de dois andares de

tijolos à vista, com as varandas localizadas na fachada e guarda-

corpo de metal, o telhado forma um V invertido e a entrada divide


o prédio em dois lados simétricos.

Ao entrar no meu apartamento encontro Brooke e Dakota

sentadas no sofá. Elas estão pintando as suas unhas. As duas

olham em minha direção e sorrio debochada.

— Abrimos um salão e eu não sabia?

Brooke revira seus olhos e Dakota apenas ri.


Eu largo minha mochila no chão ao lado da porta e me jogo

no puff rosa que há em frente ao sofá.

— Por que chegou tão cedo? Ficou milionária e decidiu

parar de estudar?

É claro que a engraçadinha é Brooke.

— Não, pelo contrário, sou uma pobre desempregada que


faltou aula para ir em uma entrevista de emprego.

— Conseguiu a vaga? Fará o quê?

Dakota pergunta curiosa.

— Serei babá de um idiota.

Dakota ergue suas sobrancelhas. Brooke larga o esmalte e

balança as mãos para que as unhas sequem mais rápido.

— Babá? Que idiota? Explique-se, garota.

Antes de responder Brooke curvo meu corpo para a frente


e apoio meus cotovelos em minhas pernas.

— Lembram que no semestre passado me inscrevi para

um programa de estágio para treinamento atlético? — As duas


assentem. — Surgiu uma vaga.

— Então, você irá trabalhar com o time de basquete

feminino?
Dakota pergunta animada, bufo e balanço minha cabeça

negando.

— Um dos jogadores do time de futebol americano

deslocou o ombro e está precisando de alguém para


supervisioná-lo, porque o idiota é um irresponsável.

Volto a apoiar minhas costas contra o puff e cruzo meus

braços logo abaixo dos meus seios.

— O que você quer dizer por supervisioná-lo?

Viro-me para Dakota.

— Estar com ele todo tempo possível, em suas aulas, em

casa, no treinamento... se precisar até mesmo dormir na sua

casa.

Dakota faz uma careta.

— Por que ele precisa de uma babá?

Brooke me pergunta, então olho na sua direção.

— Ele deslocou o ombro bêbado, não sei exatamente


como, mas foi bêbado. — Friso a última palavra e suspiro

dramaticamente. — Esse é o tipo de cara que ele é.

Minha amiga faz uma careta.


— Sinto muito, ele deve ser um idiota. — Faço um coração

com as minhas mãos como agradecimento e ela sorri. — Quem é


ele? Ele é pelo menos bonito?

Olho para ela e para Dakota.

— Vocês não irão acreditar quem é.

Brooke estreita seus olhos e Dakota me encara curiosa.


Não falo quem é imediatamente, e faço um suspense até que

Brooke perde a paciência.

— Fale logo, caralho.

— Ethan Lewis.

Falo de uma vez e Dakota arregala seus olhos.

— O seu Ethan Lewis?

Faço uma careta diante da pergunta de Dakota.

— Hey, ele não é meu.

Dá de ombros.

— O seu Ethan Lewis. — Brooke aponta na minha direção.

— Aquele que você odeia.

Suspiro.
— Eu tenho certeza de que são os astros, algo na
astrologia está mexendo com a minha vida e a estragando.

Faço um beicinho infantil e Brooke apenas ri e balança a

cabeça de um lado para outro.

— Ele é agenciado pelo seu pai, não é?

Dakota faz uma careta enquanto a pergunta deixa sua

boca.

— Ele é. — Aponto em sua direção. — E um dos motivos


por odiar Ethan Lewis é exatamente esse, ele e meu pai parecem

ser muito amigos, inclusive meu pai vive colocando foto dos dois

juntos nas redes sociais.

Faço uma cara de nojo.

— E ele irá deixar você trabalhar com alguém que trabalha

com ele?

Olho para Brooke e sorrio.

— Liam não sabe que sou eu, segundo Miller, o agente do


quarterback não quer ter que lidar com isso.

Brooke estreita seus olhos.

— Você está se divertindo com isso.

Dou de ombros.
— Claro que eu estou, principalmente porque é ele que irá
pagar a minha bolsa e não a universidade, logo o cartão que ele
está me obrigando a pagar será com o próprio dinheiro dele.

Brooke apenas ri, e Dakota tem a testa franzida.

— Espero que isso não acabe mal.

— O que poderia acontecer?

Dakota dá de ombros.

— Nunca se sabe.

Antes que sequer possa pensar sobre o assunto, Brooke

dá um pulo e fica em pé.

— Como a partir de amanhã você será todinha do QB

idiota, hoje você é nossa.

Brooke me encara animada e tenho até medo do que ela


está aprontando.

— O que você está querendo dizer?

Ergo minhas sobrancelhas e ela sorri.

— Vamos para o Crimson Giants.

Ir para o bar mais frequentado pelos universitários, aliás

que tem o nome em homenagem aos times de esportes


praticados pelos atletas da UA[5], não é uma péssima ideia. Eu
mereço aproveitar minha última noite de folga, e meus próximos

dias ao lado de Ethan serão horríveis.

— Ok, mas mais tarde. — Fico em pé. — Eu preciso


descansar por alguns minutos.

Brooke assente enquanto Dakota faz uma careta.

— Nós já saímos ontem à noite e definitivamente não


deveríamos fazer o mesmo hoje.

Dakota resmunga.

— Deixa de ser chata, Dakota.

Eu pego a minha mochila, deixo as duas discutindo e vou

para o meu quarto. Largo-a sobre a cadeira que fica na


escrivaninha e me deito na cama de solteiro.

Apesar de não ser o meu emprego dos sonhos e saber que


será terrível ter que conviver com Ethan estou aliviada por ter um
emprego. Minhas economias estão chegando ao fim e preciso

pagar Liam.

O que leva as pessoas a serem pais tão horríveis? É uma


pergunta que sempre me faço e nunca obtive resposta.
Viro-me para o lado e como realmente estou cansada, não
demoro a dormir. Acordo uma hora e meia depois e bem mais

disposta, tão disposta que me levanto e corro direto para o


banheiro.

Eu tomo um banho demorado e assim que acabo, enrolo


uma toalha ao redor do meu corpo e quando estou saindo do
banheiro grito para que as meninas me escutem.

— Estou indo me arrumar.

Paro no corredor por alguns segundos e assim que escuto

um Ok de Brooke sigo para o meu quarto. Eu coloco minha


playlist para tocar enquanto escolho uma roupa para vestir e me

arrumo.

Opto por um vestido preto que tem detalhes em renda, de


alcinha e curto, coloco uma rasteirinha com alguns brilhos e

escovo meus cabelos de modo que eles ficam lisos e soltos em


minhas costas, por fim coloco um colar prata, um brinco pequeno,
pego uma bolsa preta, deixo-a pendurada em meu ombro e

amarro uma camisa jeans em minha cintura, caso fique frio à noite
estarei preparada.
Assim que estou pronta tiro uma foto em frente ao espelho,

posto na minha rede social preferida, e em seguida saio do


quarto.

Encontro Dakota na sala, ela está usando um vestido

florido e tem os fios do seu cabelo loiro presos em um rabo de


cavalo. Ela não parece muito animada.

— Eu serei a motorista da rodada.

Fala antes que eu possa falar qualquer coisa e eu estreito

meus olhos na sua direção.

— Ontem você não bebeu, é injusto que não beba hoje


também.

Dá de ombros.

— Não posso beber, porque preciso estudar para uma


prova na segunda.

Estalo minha língua levando-a até o céu da boca.

— Amanhã, eu começo a trabalhar e nem por isso não irei


beber hoje.

Dakota apenas ri e balança a cabeça.

— Brooke e você são um caso à parte, eu não consigo

beber e estar normal no dia seguinte.


Abro a boca, mas Brooke é mais rápida.

— A gente não consegue, mas se acaba na noite anterior


mesmo assim, porque a vida é uma só para desperdiçarmos

sendo responsáveis.

Brooke responde enquanto deixa seu quarto e se junta a


nós duas. Dakota fica em pé e apenas ri da nossa resposta.

— Vocês duas são malucas.

Eu olho para minha amiga que está vestindo uma saia de


couro, um boné, coturnos e uma camiseta de uma banda que eu
não faço a mínima ideia qual seja. Nós sorrimos e damos de

ombros. Talvez, Dakota esteja certa e sejamos duas malucas.

Ou Dakota ainda esteja tentando evitar que o que


aconteceu em nosso primeiro semestre se repita. Ela bebeu,

dormiu com um cara e ele a rejeitou no dia seguinte. Eu não sei


quem foi, ela nunca contou, mas é um idiota.

Nós três deixamos nosso apartamento e seguimos até o


Honda Civic de Dakota. Ela dirigi, eu vou ao seu lado e Brooke

ocupa o banco entre nós. Nós vamos ouvindo música e cantando.

O bar não está cheio quando chegamos, porém, começa a


encher conforme as horas passam. Nós ocupamos uma mesa e
Brooke e eu bebemos cerveja.

Há música ecoando pelo local, uma televisão transmite um

jogo de Beisebol, há muitas vozes e risadas. É caótico, mas


divertido e tudo se torna ainda mais legal quando o álcool começa
a fazer efeito.

Brooke e eu avaliamos os caras que estão no local


enquanto Dakota apenas fica rindo de nós duas. Os caras são

bonitos e alguns até são conhecidos.

Em certo momento, preciso ir até o banheiro e é quando

estou voltando para nossa mesa que o vejo. Ethan Lewis está
com um dos braços imobilizados e com a mão livre segura um
copo de cerveja. E claro há uma multidão ao seu redor, e uma

garota ao seu lado, eu também a reconheço, Kimberly Quinn, a


líder das cheerleaders.

Eu paro ao lado da nossa mesa, mas não me sento. O

álcool está me deixando um pouco tonta e também um pouco


perversa, por isso dou um passo em frente.

— Onde você está indo?

Olho para Dakota que está sentada à minha frente, sorrio e

aponto para Ethan.


— Indo cuidar do bebê rebelde.
Ethan

Permaneço um tempo encarando o teto, porém desvio os


meus olhos quando minha barriga ronca. Eu preciso comer,

porque desde ontem à noite que não como nada.

Então, deixo a cama, meu quarto e desço as escadas. Os

caras seguem na sala e sem falar com nenhum deles sigo para a
cozinha. Não quero conversar com ninguém, porque no momento

meu humor não é dos melhores.

Assim que entro na cozinha, eu vou até a geladeira, abro-a

com dificuldade, porque não sou a melhor pessoa do mundo me


virando com a mão esquerda. Minha consciência zomba que

talvez ter uma babá acabe servindo para algo.

Eu pego as coisas necessárias para fazer um sanduíche na

geladeira, da melhor forma possível, o que é devagar. Enquanto


seguro a porta aberta com o meu pé, coloco as coisas sobre o

balcão com a minha mão livre.

Estar me mexendo como estou me mexendo faz com que

sinta algumas pontadas de dor em meu ombro e faço uma careta.


Caralho!

Fecho a geladeira, pego uma faca e paro de frente para o


balcão. Tentar cortar o pão com uma das mãos é uma tarefa

horrível e estou quase desistindo quando escuto a voz de Aiden.

— Você quer ajuda?

Olho para o lado e me deparo com meu primo entrando na

cozinha.

— Não consigo cortar um maldito pão. — Aiden tenta não

rir, mas não consegue. — Você é um idiota rindo da minha


desgraça.

— É mais forte do que eu.


Ele se aproxima e eu me afasto para que ele possa fazer o
meu sanduíche.

— Odeio ter que precisar dos outros para fazer tarefas


simples.

Resmungo enquanto me sento no banco à sua frente.

— Não seja um bebê chorão.

— Queria ver se fosse com você.

Ele para de cortar o pão e olha em minha direção com um


sorrisinho idiota. Conheço o Aiden desde sempre e sei que está

prestes a dizer alguma merda.

— Jamais seria eu, porque tenho um ótimo equilíbrio e não

escorregaria como aconteceu com você, aliás eu não escorreguei.

Ele ri e reviro meus olhos.

— Idiota. — Sou obrigado a ficar o encarando enquanto ele

ri de mim. — Juro que um dia irei me vingar de vocês.

Existem coisas piores do que machucar o ombro de forma

humilhante e uma dessas coisas é machucar seu ombro de forma

humilhante na frente dos seus amigos. Eles jamais esquecerão


isso.

— Sinto muito pelo seu ombro, mas a cena é muito boa.


Reviro meus olhos.

— Foque em fazer meu sanduiche, seu babaca.

Ele faz um para mim e um para ele e então pega um dos

bancos e se senta à minha frente. Comemos um de frente para o


outro com um balcão entre nós.

— Eu liguei para Liam.

Ergue suas sobrancelhas.

— E aí? Ele ameaçou não ser mais seu agente? Ou


melhor, disse o quanto você é um irresponsável e que não pode

continuar assim se realmente quer ser um jogador profissional.

Assim como Josh Aiden conhece Liam, ele só nunca teve o


azar de ser treinado por ele. Ele só o conhece, porque é meu

primo.

— Última opção.

Ri e balança a cabeça.

— Esse cara é tão previsível.

Suspiro.

— Ele não é tão ruim assim.

Faz uma careta.


— Ele é um merda.

Foda-se, ele está certo.

— Ele é um merda que entende de futebol americano e

tem contatos.

Liam foi um treinador cruel, ele não tem dó de ninguém e é

impiedoso e carrasco. Porém, ele sabe o que faz, além de ter

ótimos contatos, afinal ele já foi o melhor jogador da NFL.[6]

— Você ganhou destaque nos últimos dois anos, todos


sabem quem você é e já apareceu em várias revistas de esportes

como uma promessa.

— Isso não me garante nada, ainda tenho longo dois anos

pelo Crimson Tide. — Faço um gesto na direção do meu ombro.


— E agora tenho a porra de um ombro deslocado.

Ele assente.

— Ficará tudo bem. — É a minha vez de assentir. — E o


que mais o babaca falou?

Termino meu sanduíche e faço uma careta.

— Ele ligou para Miller e exigiu que tenha alguém para


tomar conta de mim.

— Como assim?
Suspiro e faço uma pausa, porque sei que assim que Aiden
souber o que isso quer dizer exatamente ele irá rir.

— Miller irá designar alguém para ficar comigo enquanto


estou em casa e em aula.

Assim como imaginei, Aiden começa a rir. Mais uma vez,

sou obrigado a vê-lo rir da minha cara. O dia, só melhora.

— Você terá uma babá?

Ele não está mais gargalhando, porém ainda há um


vestígio de sorriso em seu rosto.

— Aparentemente sim.

Resmungo.

— Definitivamente o QB do Crimson Tide está em uma

maré de azar.[7]

— Idiota.

Deixo meu banco no mesmo instante que Dylan entra na

cozinha.

— Por que os dois estão rindo?

Josh está logo atrás e faz praticamente a mesma pergunta


que Dylan.
— Qual motivo da piada?

Aiden olha para mim rindo.

— Nosso querido Quarterback terá um babá.

Josh se aproxima e se senta ao lado de Aiden.

— Como assim uma babá?

Meu melhor amigo desde a quarta série me encara curioso

e faço uma careta.

— Liam ligou para Miller e exigiu que tenha alguém ao meu

lado para me auxiliar na recuperação e evitar que eu seja

irresponsável.

— Ou seja, uma babá.

Aiden completa e Josh e Dylan começam a rir também.

— Eu deveria odiar ou amar esse tal de Liam?

Dylan me provoca enquanto se senta no banco que estava

ocupado por mim e como retaliação bato na sua cabeça com a


minha mão livre.

— Ótimo, eu me tornei uma piada.

Josh olha em minha direção e sorri.

— Sua babá irá limpar sua bunda também?


A pergunta de Josh faz com que os três riam ainda mais e

como não há o que ser feito eu termino rindo com eles. Aiden é o
primeiro a ficar sério e me encara como se nunca tivesse

zombado de mim.

— Você irá encontrar com Miller? — Assinto. — Precisa de


carona?

— Adoraria dizer que não, porém não posso dirigir.

— Eu levo você.

Aiden se oferece e como não posso recusar só me resta


agradecer.

— Obrigado.

Eu vejo Josh olhar na minha direção com uma expressão

risonha e sei que está prestes a falar mais uma gracinha.

— Não se preocupe, Aiden, não precisará ser o motorista

de Ethan para sempre, talvez a babá dele tenha carteira de

motorista.

Ergo meu dedo do meio na sua direção e ficamos na


cozinha nos provocando até o horário que eu tenho que ir

encontrar com Miller.


O treinador atlético do time não está feliz comigo. Ele foi o

primeiro a saber do meu acidente e é quem elaborará meu plano

de recuperação. Eu o encontro na sua sala e de lá vamos para a


sala de fisioterapia, ele faz com que eu me sente na maca, tiro

minha camisa e ele me examina ao mesmo tempo que confere

meus exames, junto com ele está o fisioterapeuta e médico da

equipe Ele diz que tive sorte, porque não foi um ferimento grave,
se fosse poderia ficar até mesmo seis meses sem jogar. Miller

garante que em quarenta e cinco dias conseguirei voltar, talvez

antes se seguir todas as suas recomendações.

— Eu seguirei cada uma delas, treinador.

Ele assente.

— A mais importante delas é: não seja irresponsável.

Faço uma careta.

— Eu não sou irresponsável, essa é a primeira vez que


algo idiota acontece comigo.

É uma merda estar sendo julgado por única ação. Não é

como se eu tivesse feito algo de propósito, eu sequer imaginei


que pudesse me machucar.
— Você estava bêbado em um dia da semana e a regra é

sem bebidas durante a semana.

— O semestre está no início, nossa temporada ainda não

iniciou e estamos apenas treinando, nosso primeiro jogo é em um

mês.

Miller imobiliza meu ombro e me ajuda a colocar a minha

camiseta.

— Não importa, Lewis, regras são regras e existem

exatamente para evitar acidentes como esse.

Faz um gesto na direção do meu ombro. Sem justificativa,

suspiro.

— Sou mesmo obrigado a ter uma babá?

— Ela não será sua babá.

Sorrio sem humor.

— Não!?

Miller para à minha frente com os braços cruzados em

frente ao corpo.

— Seu agente não me deu nenhuma opção.

Assinto e pulo da maca.

— Ok, quando vou conhecê-lo?


— Amanhã.

— Amanhã? — Caminho de um lado para o outro. — Isso

significa que até mesmo no final de semana terei alguém no meu

pé.

— Esteja aqui às nove horas, Lewis.

Encaro-o na tentativa de fazê-lo ser mais flexível, porém

pela sua expressão ele não fará nenhum acordo, ou concessão.


Tudo está resolvido.

— Ok, eu estarei aqui.

Assente.

— Eu preciso ir. — É a minha vez de assentir. — Até mais,


Lewis.

Vira-se ficando de costas.

— Até mais, Miller.

Ele sai da sala, o médico e fisioterapeuta também, eu fico

sozinho e encaro o teto. A partir de amanhã, haverá alguém me


supervisionando. Droga!

Retiro-me da sala e sigo para o estacionamento. Minha

cabeça está doendo e não consigo parar de pensar que hoje é


minha última noite de folga.
Miller e Liam devem ter chamado um dos alunos de

treinamento atlético para me acompanhar, espero que ele não


seja muito careta. Não que pretenda fazer algo irresponsável, mas

porra, não pretendo me tornar nenhum santo.

Será que ele aceitaria suborno? Eu pago, ele mente que

estamos fazendo exatamente o exigido por Miller e todos somos


felizes no final.

Aiden continua me esperando e assim que entro em seu

carro, olha na minha direção com as sobrancelhas erguidas.

— E aí?

— No máximo quarenta e cinco dias longe e terei uma

babá a partir de amanhã.

Faz uma careta.

— Até menos no fim de semana? — Assinto. — E você

sabe quem será?

Balanço minha cabeça negando.

— Miller não me deu nomes.

— Pense pelo lado positivo a partir de amanhã terá alguém

para limpar a sua bunda.

Suspiro irritado.
— Idiota. — Ele ri e liga o carro. — Vocês não deveriam
estar zombando de mim, porque quando estiver em casa é lá que

o cara ficará.

Faz uma careta.

— Nessa parte, eu não tinha pensado.

— Espero que ele seja um cuzão e que odeie vocês.

— Lembre-se de que ele será a sua babá.

Sorrio.

— Será mais divertido se vocês sofrerem junto comigo.

— Quem está sendo o idiota agora?

Balanço a cabeça e ficamos em silêncio por alguns

segundos, o máximo de tempo que consigo ficar sem falar. Não


consigo ficar de boca fechada por muito tempo.

— Vocês estarão em casa hoje à tarde?

Não sei se eles têm treino e preciso saber se estarei


sozinho, ou não.

— Irei treinar agora à tarde, mas Josh estará em casa,


qualquer coisa chame por ele.

— Ok, e como está o time?


Aiden suspira.

— Estamos tentando, mas você sabe a Universidade do


Alabama não é conhecida por causa do hockey, não somos os

melhores e às vezes nem nós mesmos acreditamos em nós.

— Vocês irão conseguir.

Apoio-o mesmo sabendo que o time de hockey da


faculdade não recebe tanto apoio quanto outros esportes.

— Eu espero.

Vamos conversando sobre o time de hockey até chegar em


casa, então quando chegamos, Aiden me deixa na calçada e

segue para o seu treino. Ao entrar eu não encontro nem Josh e


nem Dylan e subo direto para meu quarto, como meus
travesseiros seguem bem posicionados, tiro meus tênis e deito-

me na cama.

Eu tive que ir para o hospital de madrugada, às três horas


para ser exato, só voltei para casa para trocar de roupa, deixar os
remédios e receitas e em seguida fui conversar com o treinador.

Não dormi e estou cansado, por isso fecho meus olhos e me


permito dormir.
É desconfortável dormir praticamente sentado e não
consigo me desligar completamente, porque tenho a preocupação
com meu ombro em mente.

Acordo três horas depois com meu celular tocando. Pego o


aparelho em meu bolso e encerro o alarme, um alarme que indica

que está na hora de tomar meu remédio para dor.

Não estou com meu melhor humor, não foi o meu melhor

sono, minhas costas estão doendo e meu ombro continua


imobilizado. Eu esperava o quê? Que acontecesse um milagre
enquanto estava dormindo? Suspiro, não faz nem vinte e quatro

horas que estou com a tipoia e já estou morrendo de vontade de


tirá-la.

Eu deixo minha cama e vou até a cômoda onde está meu


remédio, pego a cartela de comprimidos, porém antes de tomá-lo
penso que essa é talvez a minha última chance de fazer algo

irresponsável. Tudo depende de como será a minha babá.

Desisto de tomar o remédio e sigo para o banheiro. Como


é mais prático opto por um banho de banheira, apesar da

praticidade, é difícil, assim como é difícil me secar e me vestir


com uma das mãos só.
Demoro bem mais que o normal para estar vestido e ganho
alguns roxos no processo, talvez ter alguém para me ajudar não

seja assim tão ruim. E quando estou devidamente arrumado, saio


do quarto, desço as escadas e sigo para a sala.

Josh que está deitado no sofá com o celular em mãos olha


em minha direção assim que entro no cômodo.

— Você irá sair?

— Nós vamos.

Aproximo-me, dou um tapa em suas pernas, então ele as

tira do sofá e eu me sento.

— E vamos para onde?

Senta-se e me encara com a testa franzida.

— Crimson Giants.

Sorri e balança a cabeça.

— Você não deveria estar sendo responsável?

Sorrio, um sorriso em que faço questão de mostrar todos


meus dentes.

— Essa pode ser a minha última noite de paz, então vou


aproveitá-la como se fosse a última da minha vida.
Ethan

Não preciso de muitos argumentos para convencer Josh a


me acompanhar, ele também envia uma mensagem para Aiden e

Dylan que estão treinando, Dylan responde que está chegando

em casa e Aiden diz que está deixando a pista de gelo.

Josh sobe para se arrumar, então eu pego uma latinha de


cerveja na cozinha, conecto a televisão em um aplicativo de

música e peço comida por aplicativo.

Não costumo ser irresponsável, mas às vezes a

responsabilidade é exaustiva. Não que vá fazer algo totalmente


errado, ou que me prejudique, porém, pelo menos por hoje, serei

apenas um universitário normal. Sem cobranças e sem pensar


nas consequências do amanhã.

A comida chega no mesmo instante que Dylan, nós dois


ficamos na sala bebendo e comendo, em seguida Josh se junta a

nós já pronto e Dylan está subindo para o quarto quando Aiden

finalmente chega. Ele come e logo em seguida também sobe para


se arrumar.

Josh e eu ficamos esperando pelos dois bebendo, nossa

sorte é que eles não demoram a estarem prontos, então saímos

de casa e vamos para o carro de Aiden.

Chegamos no bar que já está movimentado, há pessoas do

lado de fora com copos de plásticos nas mãos e a música é

ouvida mesmo na parte exterior do estabelecimento.

— Eu amo quando isso está cheio.

Nenhum de nós discorda de Dylan e assim que ele

estaciona deixamos o carro e seguimos para a entrada do bar.

Como há muitas pessoas, algumas nos param, afinal nós somos

as estrelas da UA, alguns são conhecidos, outros apenas querem


nos conhecer.
Demoramos uns minutos até enfim conseguirmos entrar e
como não há mais nenhuma mesa disponível ficamos em pé perto

do balcão de pedidos e ao lado da mesa de sinuca.

Pedimos cerveja e somos servidos no mesmo instante, ser

o quarterback do time tem suas vantagens.

Somos como um imã e as pessoas se aproximam de nós,

alguns caras tentando entrar nos times, outros curiosos e muitas


garotas. O que é ótimo.

Enquanto conversamos sobre o jogo de Beisebol, que está


sendo transmitido nas televisões do bar, eu olho ao redor à

procura de alguma garota que me atraia. Uma ruiva me chama

atenção e quando percebe que estou olhando para ela sorri e

caminha em minha direção.

Perfeito!

— Hey, QB, o que aconteceu com seu ombro?

Sorrio e pisco em sua direção.

— Um pequeno acidente.

Faz um biquinho sexy e espalma sua mão em meu peito,

bem em cima da tipoia preta que está imobilizando meu ombro.

— Você está precisando de alguma coisa?


Pisca sem parar e acho que essa é a sua forma de dizer

que está afim. Não é tão sexy quanto talvez ela pense que é,
porém não é desagradável. Ela é bonita e não me importaria de

ter um momento com ela.

— Talvez.

— Eu posso ajudar. — Sorri, um sorriso sexy. — Estou

estudando para ser enfermeira, quem sabe você possa ser meu
primeiro paciente?

Mais uma vez, faz um biquinho sexy, então abaixo minha


cabeça aproximando meu rosto do seu.

— Eu adoraria.

Ela abre a boca, mas antes que consiga dizer algo, alguém
para ao nosso lado e a interrompe.

— Hey, Lisa, estão chamando por você.

Olho para o lado e me deparo com Kimberly Quinn, a líder


das cheerleaders. Ela está sorrindo para a garota que está à

minha frente com a mão em meu corpo, mas não é um sorriso


sincero.

Viro-me para a garota e ela está fuzilando Kim com seu


olhar, apesar disso abaixa sua mão, dá um passo para trás e se
afasta de mim.

— Até mais, jogador.

Ela sorri e eu pisco na sua direção.

— Até mais, querida.

Olho para Kim e ela está sorrindo, então sorrio de volta. Ela

apenas quer ser vista comigo por tudo que represento, ela ama
um atleta principalmente se ele tem certa fama.

— Hey, Kim.

Seus olhos brilham. Ela é uma loira bonita com corpo

curvilíneo e lábios tentadores. Nós já nos divertimos juntos e não


me importaria de repetir o que já fizemos outras vezes.

— Hey, QB.

— Sozinha?

Faz um biquinho sexy e vira-se ficando de frente para o


balcão, apoia seus braços sobre a madeira e faz com que sua

bunda fique em evidência.

— Estava esperando por você.

Olha-me com malícia e sorrio.

— Bom, eu estou aqui, à sua disposição.


Eu sei que ela está mentindo e ela sabe que eu sei, mas
nenhum de nós se importa. Esse é o nosso joguinho. Eu ainda a
estou encarando quando algo chama minha atenção, olho em

frente e me deparo com uma garota caminhando na minha


direção.

Ela é baixinha, tem os cabelos pretos e uma franja sobre


sua testa, seu rosto é delicado, mas a sua expressão não é nada

delicada, sua testa está franzida e seu olhar indica que ela está
chateada. Ela é magra e não é muito curvilínea. Ela não faz o
meu tipo, mas há algo na sua expressão zangada que a deixa

adorável e conforme ela se aproxima me dou conta de quanto ela


é linda. Nada convencional e perfeita. Fascinante.

— Você a conhece?

Volto a encarar Kim que se vira ficando com as costas

apoiadas no balcão e olha na direção em que eu estava olhando.

— Não. — Faz uma careta. — E se eu não conheço deve

ser alguém insignificante.

Dá de ombros e sorri.

— Eu conheço todos que são importantes.


Não deixa a arrogância longe da sua voz e eu só assinto. A
garota segue caminhando na minha direção e ela está com o
olhar fixo em mim. Será que eu fiz algo para ela? Já ficamos? Eu

quebrei seu coração? Eu teria que estar muito bêbado, porque


não lembro e porque ela não é alguém que normalmente

chamaria minha atenção.

Não desvio os olhos dos seus e a encaro curioso. Ela se


aproxima até estar à minha frente, então revira seus olhos e

suspira.

— Sabe, eu nunca duvidei que você fosse irresponsável,


mas olha só, você conseguiu me surpreender.

Sorrio.

— Acho que você está me confundindo com outra pessoa.

Sorri debochada e desce e sobe seu olhar pelo meu corpo.

— Ethan Lewis, não é?

É claro que ela sabe quem eu sou, mas por que está

agindo como se já nos conhecêssemos?

— Quem é você? — Percorro seu corpo com meu olhar


tentando lembrar-me dela e não consigo. — Nós já nos

conhecemos?
Segue com o sorriso debochado em seus lábios, que são

delicados, bem-desenhados e cheios, o que a torna atraente.

— É óbvio que você não sabe quem eu sou.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Eu deveria saber quem é você?

Dá de ombros.

— Talvez.

Ela soa misteriosa.

— Ele está acompanhando.

Kim se aproxima e toca meu braço com sua mão.

— Ele está? — Ela inclina a cabeça e olha com desdém

para Kim. — Achei que você fosse só o enfeite da noite do

jogador.

A forma como ela fala, como é a sua postura, como parece

estar brincando com as palavras a tornam ainda mais intrigante.

— Quem você pensa que é?

Kim a desafia e ela segue sorrindo.

— Alguém que não precisa ficar correndo atrás de atletas


com certeza. — Faz uma expressão falsa de gentileza. — Não
que esteja criticando você, apenas não faz o meu tipo.

Sussurra, então antes que Kim possa fazer uma cena,

bebo o resto da cerveja que há em meu copo e o deixo sobre o

balcão.

— O que você quer?

Dou um passo à frente e me aproximo dela. Eu preciso

abaixar meu rosto para poder encará-la. Apesar da minha altura


ela não parece intimidada.

— Cuidado para a reação de remédio com bebida não

acabar sendo demais. — Morde seu lábio inferior e olha para meu

ombro machucado. — Aliás, isso seria bem irresponsável, não é?

Estreito meus olhos.

— O que você está querendo dizer?

Ela dá um passo para trás e sorri.

— Tenho certeza de que Miller irá adorar saber que você


está aqui bebendo e sendo irresponsável.

Caralho!

— O que você está querendo dizer? — Repito a pergunta e


ela dá mais um passo para trás e eu dou um passo adiante. — O

que você quer comigo?


Como ela sabe de Miller? Ela está apenas blefando, ou

sabe de algo? Mas como ela sabe? Droga, quem é essa garota?

— Eu se fosse você iria embora, quarterback.

Ergue seu celular e tenho que fechar meus olhos quando o

flash da câmera atinge meus olhos. Quando volto a abri-los ela


está de costas e caminhando para longe. Dou um passo e a

alcanço.

— O que você irá fazer com essa foto?

Não me responde, então seguro seu pulso, ela se vira e


bate seu corpo contra o meu. Ficamos perto um do outro o

suficiente para sentir sua respiração e mantenho meu olhar no

seu.

— Quem é você?

Desvencilha seu braço do meu — Seu pesadelo,

quarterback.

Porra, ela está me ameaçando? Ela volta a ficar de costas

e antes que possa ir atrás dela Kim surge e para à minha frente.

— Quem é essa garota?

Balanço minha cabeça enquanto continuo fitando os

cabelos pretos da garota misteriosa.


— Eu não sei.

— Deve ser uma otária insignificante.

Kim segue falando e espalma suas mãos em meu peito,

mas tudo que consigo pensar é na sua última frase. “Seu


pesadelo, quarterback.”. Que porra acabou de acontecer? E do

que diabos ela estava falando?

E se ela enviar a foto para Miller? Eu se fosse você iria


embora, quarterback. Será que Miller seria capaz de vir atrás de

mim? Melhor não pagar para ver.

— Eu preciso ir embora.

— A noite mal começou.

Kim faz um beicinho e eu dou um passo para trás.

— Infelizmente, preciso resolver algo.

— Eu vou com você.

A ideia de terminar a noite com ela não parece mais tão

animadora.

— Hoje não, querida.

Kim revira seus olhos.

— Ok, ok.
Ela se aproxima e deixa um selinho em meus lábios.

— Se mudar de ideia, procure por mim.

Sussurra em meu ouvido e dá um passo para trás. Eu

assinto e como ela percebe que não irei mudar de ideia, vira-se e

se afasta.

Eu procuro pela garota e não a encontro. Há muitas


pessoas e o bar virou praticamente um formigueiro. Não encontro

nem meus amigos, então envio uma mensagem avisando que

estou indo para casa enquanto saio do bar.

Assim que estou na parte de fora ignoro todos que tentam


falar comigo e chamo um táxi. Eu vou para casa, mas não paro de

pensar na garota. Quem era ela? O que ela queria comigo? Qual

a relação dela com Miller?

Como ela sabia como poderia me ameaçar? Por que

estava me ameaçando? Nada nessa história faz sentindo.

Ao chegar em casa eu vou direto para o meu quarto e


como não é uma tarefa fácil não troco de roupa, deito-me sobre a

cama com a roupa que estou usando. Foda-se.

Encaro o teto e volto a pensar na garota. E é o que eu faço

até dormir.
...

Eu não estou feliz quando preciso acordar cedo, tomar um

banho e chamar um táxi para ir até o centro de treinamento. E

meu humor continua péssimo quando chego na sala de Miller,


bato na porta e ele grita para que entre.

Abro a porta e a primeira coisa que percebo é uma garota

sentada à frente de James. Só consigo ver seu rabo de cavalo e


seu pescoço, porém é o suficiente para ter certeza que é uma

garota.

Olho para Miller e ergo minhas sobrancelhas.

— Eu achei que você fosse designar um cara para me


acompanhar.

Encaro Miller que apenas dá de ombros.

— Algum problema em ser eu?

Sua voz não parece desconhecida, então ela se vira e a

reconheço imediatamente. É a garota da noite passada. Ela sorri


e não é um sorriso amigável. Eu achei que não tinha como minha
situação ficar pior, mas estava enganado.
Abby

Ethan me encara surpreso e apreensivo. Ele tem medo que


eu conte para Miller onde ele estava na noite passada. E eu

poderia ter contado, mas não contei.

— Essa é Abigail Jones, Lewis.

Miller me apresenta, porém Ethan segue olhando para

mim. Eu sigo o encarando.

Ethan é alto, aparentemente um pouco musculoso, nem

muito e nem pouco, branco do tipo que se pegar muito sol fica
vermelho, seus olhos são castanhos assim como seu cabelo. Um

cabelo que está bagunçado e cai em frente ao seu rosto.

Infelizmente, não posso chamá-lo de feio. Ele tem seu

charme, o que deve contribuir para a maioria das garotas se


jogarem aos seus pés.

— Então esse é o seu nome?

Não o respondo.

— Vocês se conhecem?

Ele não responde o treinador e me encara apreensivo.

Confesso que o ver assim, em minhas mãos, faz com que uma

satisfação vibre em meu peito.

— Nós não nos conhecemos.

Responde por fim, então eu sorrio e me viro de volta para


Miller.

— Quer dizer, eu conheço o famoso Ethan Lewis um dos

jogadores de futebol americano mais promissores da NCAA.[8] —

Deixo o desdém longe da minha voz. — Quem não o conhece,


não é!?

Miller assente.
— Você tem razão, Abigail, é por isso que precisamos ter
cuidado com nosso atleta. — Cuidado e nosso atleta na mesma

frase é algo cômico e preciso morder minha bochecha para não

rir. — Você está entendendo o que estou querendo dizer, Abigail?

Assinto.

— Claro.

Espero que ele não consiga ver a ironia em meus olhos.

— E você se sente, Ethan, porque precisamos conversar.

Eu não olho para trás, mas sinto-o se aproximando.

Resisto à vontade de me virar e sigo olhando em frente. Ethan se

senta na cadeira ao meu lado e seu perfume me atinge. É forte,

meio amadeirado e tem cheiro de perfume caro e de homem.

É um bom cheiro.

É estranho como sua presença parece transformar o


ambiente, diminui-o e faz com que ele pareça bem mais perto de

mim do que realmente está. Os pelos dos meus braços estão

arrepiados como se ele estivesse me tocando é há centímetros

entre nós, pelo menos uns vinte.

— Como expliquei para os dois, você, Abigail — Aponta em

minha direção e me forço a ignorar o cara ao meu lado e manter a


minha concentração em Miller. — Irá ajudar Ethan nas aulas,

quem irá dirigir, além disso, irá o auxiliar em alguns exercícios,


acompanhá-lo em seu treino e o manter longe de problemas e de

atos irresponsáveis.

— Ok.

Nada de novo, tudo isso Miller já me passou anteriormente.

— E você, Ethan, não dê trabalho para Abigail.

— Serei ótimo com a senhorita Abigail.

Ele não deixa o deboche de lado e me contenho para não

revirar os olhos.

— Você, Abigail, deve me passar todo os dias à meia-noite


um relatório sobre o dia de Ethan.

— Sobre como está seu ombro?

Pergunto mesmo sabendo que não é apenas isso, é a


minha vingança pelo senhorita.

— Sobre tudo, inclusive sobre o comportamento de Ethan


durante o dia.

— Claro, manter o quarterback longe de problemas.

Tenho certeza de que a expressão em meu rosto é de


compreensão, diferente do meu sentimento que é repleto de
ironia.

— E você, Ethan, não tente trapacear.

Ethan bufa e não esconde seu descontentamento. Mais

uma vez me seguro para não rir.

— Você, Abigail, deve encontrar Ethan às oito e ficar no

mínimo até às onze horas da noite, lembre-se de ficar caso ele


sinta dor. — Assinto. — Tenho certeza de que há um quarto extra

na casa de Ethan.

— E se eu falar que não há?

Miller ergue suas sobrancelhas.

— Coloque um de seus amigos para dormir no sofá. —


Miller fica em pé. — Bem, eu tenho um planejamento.

Pega uma folha em sua mesa e me estende. É um


planejamento de recuperação com os dias em que Ethan deve

ficar com ombro imobilizado e os exercícios que devem ser


executados posteriormente, além de estar indicado os horários

em que deve ser feito compressas sobre o local machucado.

— Os dias sinalizados com verde são os que devem vir até

aqui para que eu possa fazer o acompanhamento e analisar a


evolução da luxação, o restante é tudo com você, Abigail, e os
exercícios sinalizados com amarelo são os que podem ser feitos
em casa.

Assinto enquanto meu olhar percorre a folha. É uma


grande responsabilidade e oportunidade acompanhar de perto a
reabilitação de um atleta.

— Para manter seu condicionamento físico, Lewis, esteira


e conforme avançamos incluímos mais exercícios.

— Ok, treinador Miller.

Miller assente e dá a volta em sua mesa.

— Vamos para a sala de fisioterapia e recuperação.

Eu fico em pé assim como Ethan. Miller vai até a porta e a


mantém aberta para que nós dois possamos passar. Sou a

primeira a deixar a sala e Ethan sai logo em seguida. Nós dois


estamos um ao lado do outro, mas não nos olhamos.

Miller fecha a porta e caminha à nossa frente, nós apenas


o seguimos. Vamos até a sala de recuperação que fica ao lado da

academia e sala de treinamento. Ethan se senta na maca e Miller


e eu ficamos de frente para ele, encaro-o e ele me encara de

volta.

— Vamos tirar essa camisa.


Miller se aproxima de Ethan e o ajuda a tirar sua camisa.

— Tente não ficar impressionada com meu corpo, senhorita

Jones Ergo minhas sobrancelhas e sorrio debochada.

— Tenho certeza de que já vi abdomens melhores.

— Foco vocês dois, por favor.

Miller chama nossa atenção e ficamos em silêncio. Miller examina o

ombro de Ethan e faz alguns comentários, eu o observo


atentamente. Assim que finaliza, ajuda Ethan a colocar sua camisa

e se vira para mim.

— Ajude-o com compressas duas vezes ao dia, no início e

no fim do dia, além disso faça avaliações nesse mesmo horário,


assim como eu fiz agora — Assinto. — Estão liberados.

Ethan pula da maca.

— Ok, treinador.

Aproxima-se e para ao meu lado. Miller olha para nós dois


como se fôssemos duas crianças.

— Não tentem trapacear, porque estarei de olho. — Aponta

para nós dois. — E sempre acabo sabendo e descobrindo as

coisas, inclusive sei que você estava no Crimson Giants.


Por essa nem eu esperava, olho para o lado e Ethan está

vermelho.

— Tenham um bom dia.

Miller acena e se afasta, ele sai da sala e ficamos apenas

nós dois.

— Você me denunciou.

Ele me acusa e reviro meus olhos.

— Não fui eu.

Viro-me e caminho para saída.

— Só pode ter sido você. — Ele está me seguindo. — Você

claramente me odeia e eu sequer sei o porquê.

— Não fui eu, confesso que poderia ter sido, mas não fui,

afinal se algo tivesse acontecido a você ontem não seria


problema meu.

— E por que tirou aquela foto?

Dou de ombros.

— Por diversão.

— Não acredito em você.

Olho para o lado e o encaro com desdém.


— Eu não ligo se você acredita ou não em mim. — Aponto

em sua direção. — E nem sei o porquê está tão chateado, o

treinador nem falou nada demais.

— Mas ele deve estar achando que eu sou irresponsável.

Volto a olhar em frente.

— Mas você é um irresponsável.

Suspira.

— Você não me conhece.

Saímos do prédio e caminho na direção do estacionamento

onde deixei o meu carro.

— Conheço o seu tipo.

— Qual seu problema com atletas?

Paro em frente ao meu carro, então me viro para ele e o

olho de cima a baixo.

— Não tenho problemas com atletas. — Olho em seus


olhos e sorrio. — Apenas com a sua classe.

— A minha classe?

Assinto e dou um passo em sua direção.


— Idiotas que se acham os maiores, os detentores da pica

das galáxias, os senhores do universo.

Sussurro como se fosse um segredo e assim que digo a

última palavra, dou um passo para trás e sorrio. Ele está me

encarando com uma expressão estranha.

— Tipo o Senhor das Estrelas. — Ergo minhas

sobrancelhas. — Personagem da Marvel.

— Aquele dos Guardiões da Galáxia?

Assente e ele parece surpreso por eu saber quem é.

— Você gosta de super-heróis?

Não o respondo, então se aproxima e toca meu cabelo com

a sua mão livre, eu me afasto e me viro de costas para ele.

— Vamos. — Aponto para o meu carro. — Esse é o meu


carro.

Eu entro e logo em seguida ele ocupa o lugar ao meu lado.

— Qual seu endereço?

Ele aponta para o GPS.

— Posso?

Assinto e ele digita seu endereço no aplicativo. Assim que

ligo o carro uma voz feminina me indica o caminho que devo


seguir.

— Você prefere que te chame de senhorita Abigail ou

senhorita Jones?

— Eu preferiria que você nem pronunciasse meu nome.

Ele ri e reviro meus olhos.

— Infelizmente, não temos essa opção, a não ser que você

esteja a fim de me deixar na minha casa, voltar para a sua e

mentir para Miller, afinal tenho certeza de que consegue escrever


um relatório falso.

Sorrio e balanço minha cabeça.

— Sem chance.

— Eu poderia pagar para você mentir...

Interrompo antes que continue.

— Não aceitarei suborno.

— Ok...ok, então o que prefere senhorita Abigail ou


senhorita Jones?

— Por que você está me chamando de senhorita?

Pelo som da sua risada, eu acabei de fazer a pergunta que

ele queria que eu fizesse. Droga!


— Eu tinha uma babá quando criança e chamava de

senhorita.

— Alguém já disse que você é um idiota?

— Talvez uma, ou duas vezes, senhorita...

Nem espero que ele termine a frase.

— Se você me chamar de senhorita mais uma vez eu irei


deslocar seu outro ombro.

— Você está me ameaçando?

Ele faz uma falsa voz de indignação.

— Estou.

— Ok, prefere que eu te chame como?

— Me chame pelo meu nome.

— Abigail é muito sem graça.

Sinto seu olhar sobre mim e sei que ele está me


analisando, não é algo desconfortável, mas faz com que me sinta

estranha, diferente, uma mistura de vergonha com ansiedade.

— Vou te chamar de bonitinha.

Por sorte o GPS indica que chegamos ao nosso destino,


uma casa de dois andares, branca com um jardim na frente, é
algo luxuoso e claramente caro. Só reforça que ele é um playboy.

— Você não pode estar falando sério.

Estaciono e olho para ele que sorri.

— Eu estou, bonitinha.

— Você é um cuzão, Ethan Lewis.

Continua apenas me encarando com deboche.

— Você é bonita, mas é tão pequena que é bonitinha.

— Idiota.

Eu saio do carro e bato a porta com força. Não espero por


Ethan e caminho até a calçada. Analiso a casa mais uma vez e

realmente é algo mais do que se espera de um universitário.

— Vamos.

Ethan passa por mim, caminha à minha frente e eu o sigo.

Ele abra a porta, mas antes de entrar se vira para mim.

— Eu já falei que moro com mais três caras? — Balanço a


cabeça negando. — Pois então, eu moro.

— Espero que eles sejam mais legais do que você.

Ethan entra e eu sigo atrás dele, nós entramos em uma


sala e há dois caras sentados no sofá.
— Esses são Josh e Aiden.

Eu paro na entrada do cômodo e encaro os dois.

— O capitão do time de beisebol e o capitão do time de


hockey.

Josh, o loiro, sorri.

— Ela nos conhece.

Pisco na direção dele.

—Todos conhecem vocês.

— Hey, por que você não os odeia? Você não odeia os

atletas?

Olho para Ethan e cruzo meus braços abaixo dos meus

seios.

— Eu nunca disse que odeio atletas, aliás, eu estudo para


ser treinadora atlética.

— Então, o problema é comigo? — Assinto. — Mas você

nem me conhece.

Dou de ombros.

— Conheço o suficiente.

— DR... DR.
Um dos meninos nos provoca e quando olho para eles
percebo que é Aiden. Ao observá-lo me dou conta de que ele é
parecido com Ethan.

— Vocês são parecidos.

Olho de volta para Ethan.

— Nós somos primos. — Aponto para uma porta ao lado.


— Já que você vai passar algum tempo aqui, melhor eu te

apresentar à casa.

Assinto e ele me guia para a cozinha. Não trocamos quase

nenhuma palavra e ele me mostra os pontos importantes da casa


cozinha, lavanderia e o jardim. Por fim, voltamos para a sala e
Josh olha para mim com uma expressão de deboche.

— Você sabe como ele deslocou o ombro?

Balanço minha cabeça negando. Essa é uma informação

que Miller não me passou..

— Não ouse.

Ethan o repreende, o que indica que não é uma história


qualquer. Então, eu vou até o sofá e me sento entre Josh e Aiden.

— Eu preciso saber dessa história.


Ethan

Eu olho para meus dois amigos e balanço a cabeça de um


lado para o outro. Eles não podem contar o que aconteceu para

Abigail, ela me odeia e irá usar isso contra mim.

— Então, Dylan, o quarto integrante dessa casa se tornou

capitão do time de basquete na quinta e decidimos comemorar


bebendo.

Josh começa.

— Caralho, vocês irão realmente contar.

Aiden apenas ri e assente, enquanto Josh continua.


— Bebemos tanto que Dylan, Aiden e nosso querido Ethan

decidiram pular na piscina só de cueca.

— De cueca?

Abigail pergunta rindo e Josh assente.

— Sim, e eu, claro, como o mais sensato não fui.

Eu continuo em pé e apenas observando meus amigos


contando a forma humilhante com que eu me machuquei —

Então, Ethan e eu tivemos a brilhante ideia de sairmos da piscina

e corrermos atrás de Josh, e Ethan foi o primeiro e como ele


estava molhado ele acabou escorregando no chão e foi assim que

nosso querido quarterback deslocou o ombro. Bêbado, só de

cueca e correndo atrás do seu melhor amigo.

Aiden conclui e faz com que Abigail gargalhe. Os três riem


e eu continuo parado e sem reação. Sigo sendo a piada, quando

alguém fará algo mais humilhante para eu ser esquecido?

Eles demoram segundos para pararem de rir e estou quase

saindo da sala quando Abigail para e olha na minha direção.

— Agora estou entendo o porquê você precisa de babá.

Reviro meus olhos.

— Eu não preciso de uma babá.


Ela volta a rir e olha para nós três.

— Acho que todos vocês precisam de uma babá, porque

são um perigo juntos.

Ela debocha e Aiden faz uma careta.

— Não somos um perigo juntos, somos as estrelas do

Alabama.

Aiden usa o argumento como se por causa disso

pudéssemos fazer o que bem entendemos. Eu olho para Abigail e

aponto para Aiden.

— Ele se acha o pica das galáxias.

Ela apenas dá de ombros e continuo a encarando tentando

descobrir o porquê ela não gosta de mim. Eu achei que ela não
curtisse atletas, mas ela não apresentou nenhuma resistência a

Josh e Aiden.

Qual problema dela comigo? Eu nunca a tinha visto, como

ela pode me odiar sem me conhecer?

Abigail é uma incógnita. O ódio dela não me incomoda,

mas de certa forma me fascina e me leva a querer descobrir o

porquê, e a querer provar que não sou tão ruim quanto ela pensa

que eu sou.
— O que iremos comer?

A voz de Aiden interrompe minha linha de raciocino. E

quem o responde é Josh.

— É a vez de Ethan cozinhar.

Eu sorrio e olho na direção de Abigail.

— Acho bom que minha babá saiba cozinhar, porque como


todos nós sabemos eu não conseguirei preparar nada com a mão

esquerda.

Ela faz uma careta.

— Seus amigos podem cozinhar por você.

— Se ele tem uma babá, você cozinha por ele.

Josh fala e aponta para ela, eu ergo minhas sobrancelhas


e a desafio a negar, então ela sorri debochada e fica em pé.

— Você vem comigo, porque meu dever é ajudá-lo, não ser


sua empregada.

— Eu não posso cozinhar.

Dá de ombros.

— Você irá me ajudar mesmo assim.


Ela fica me esperando com as mãos em sua cintura e

posso ouvir meus amigos zoando e me provocando. Como não há


como fugir deixo a poltrona e fico em pé.

— Vamos lá, então.

Sigo na frente e posso ouvir Abigail me seguindo.

— O que iremos cozinhar?

Ela me pergunta assim que entramos na cozinha. Então

me viro em sua direção e aponto para geladeira.

— Nós temos uma dieta a seguir.

Ergue suas sobrancelhas.

— Nunca imaginei que vocês seriam tão organizados e

tivessem uma dieta.

Ela realmente parece surpresa.

— Somos atletas e temos regras a seguir uma delas é a


dieta.

Ela assente e vai até a geladeira, pega o papel e faz uma

careta.

— Frango, batata, arroz e salada.

Lê em voz alto e pelo som da sua voz ela não parece muito
feliz com o cardápio.
— Não gosta?

— Eu prefiro coisas mais gostosas... gordurosas,

saborosas e doces.

— Nada saudável.

Dá de ombros.

— Não sou atleta. — Olha ao redor da cozinha. — Onde


estão as coisas?

Eu mostro e a ajudo Abigail a pegar o que será necessário


para fazer o nosso almoço. Não sou de grande ajuda, mas pelo

menos segurar uma, ou duas coisas eu consigo.

Deixamos as coisas sobre a ilha que há no meio da


cozinha e assim que pegamos tudo que será necessário, inclusive

panelas e vasilhas, Abigail para à minha frente e me encara


curiosa.

— Como vocês preferem o frango?

— Pode ser grelhado.

Ela assente e começa a cozinhar. Eu fico todo tempo ao

seu lado. É estranho estar ao lado de alguém sem poder ajudar e


em silêncio e é por isso que decido puxar assunto com ela.

— Então, você não pratica nenhum exercício?


— Subir e descer escadas pode ser considerado exercício?
— Olha para mim, eu sorrio e balanço minha cabeça. — Então
não.

Volta a olhar para a panela que está à sua frente.

— Nem academia?

— Só às vezes, mas não sou assídua.

Pela primeira vez, ela não me respondeu de forma brusca,


porém não é uma trégua, ou sinal de paz, porque voltamos a ficar

em silêncio e é assim que ficamos até o almoço estar pronto.

— Eu vou chamar os caras.

Ela assente, então vou até a porta e grito.

— O almoço está pronto.

— Se fosse para gritar, eu teria gritado.

Viro-me e pisco em sua direção.

— Pode deixar que dá próxima vez, você pode chamá-los.

Revira seus olhos enquanto serve dois pratos com comida,

um para ele e outro para mim. Eu me sento em um dos bancos de

frente para a ilha, ela coloca um dos pratos à minha frente e se


senta ao meu lado.

— Você não irá assoprar a comida para mim?


Abigail pega dois garfos e me entrega um deles.

— Por mim, você pode queimar a sua língua.

— Nem a conheço, mas já gostei dela.

Dylan entra na cozinha e faço uma careta.

— Não sabia que tinha chegado.

Ele sorri e se aproxima, logo atrás dele estão Josh e Aiden.

— Eu cheguei. — Para de frente para nós dois, apoia suas

mãos no balcão e curva seu corpo para a frente. — Prazer, Dylan,

e você quem é?

Fita Abigail que sorri simpática. Por que, eu não recebo um

desses sorriso?

— Abigail, mas pode me chamar de Abby.

Ela disse que ele pode a chamar de Abby, encaro-a de


boca aberta.

— Eu também quero poder te chamar de Abby.

Josh para ao lado de Dylan e protesta.

— Se eles te chamarem assim eu irei também.

Aiden se pronuncia enquanto pega um prato no armário e


Abigail apenas segue sorrindo.
— Os três podem me chamar de Abby.

Faço uma careta.

— Eu também tenho esse direito?

Franze sua testa.

— Você não.

Sorrio debochado.

— Tudo bem continuarei chamando você de bonitinha.

— Bonitinha é péssimo.

Dylan expressa a sua opinião enquanto serve seu prato

com a comida que Abigail preparou.

— É, cara, não se chama uma garota de bonitinha.

Josh concorda enquanto pega um prato para ele e Dylan.

— Ele trata todas as garotas assim no diminutivo? —

Abigail aponta o garfo em minha direção e pergunta com desdém.

Meus amigos terminam de se servirem e sentam-se à nossa


frente. — Se for assim que ele trata as mulheres é um milagre ele

ainda estar vivo.

Os idiotas apenas riem e me viro para ela.


— Bonitinha é um apelido carinhoso, você é bonita e

pequena, logo bonitinha.

Revira seus olhos e volta a comer.

— Se você continuar revirando os olhos toda vez que eu

falar algo seus olhos irão cair.

Posso ouvir Josh e Aiden rindo, mas não me viro para eles,
sigo encarando Abigail que termina de mastigar e sorri, um sorriso

totalmente falso.

— Obrigada pela preocupação.

— De nada, bonitinha. — Vejo que ela vai revirar seus


olhos e sou mais rápido. — Lembre-se dos seus olhos caindo.

Ela bufa e volta a comer. Eu sorrio, abaixo meus olhos e

encaro a comida em meu prato. Ela parece boa, mas como


conseguirei cortar o frango? E comer com a mão esquerda não

parece uma boa ideia.

Pego o garfo e tento pegar um pouco de arroz, é um

desastre, então me contenho em espetar um garfo na alface. Não


é a coisa mais incrível que eu já comi, mas é o que eu consigo

comer no momento.

— Eu ajudo você.
— Não precisa.

Respondo Abigail e como mais um pedaço de alface.

— É para isso que estou aqui, não será nenhum favor.

Ela segura meu pulso e quando me viro em sua direção faz


um biquinho fofo.

— Não seja um mau menino.

— Espera aí, ela é a sua babá?

Dylan pergunta surpreso e quando olho para ele deparo


com seus olhos arregalados, ele realmente parece incrédulo.

— Sim, ela é a babá de Ethan.

Josh debocha.

— Não é um cara.

Franzo minha testa.

— Quem você achava que ela era?

Ele olha para Abigail e em seguida para mim.

— Não sei, juro que não imaginei que ela fosse a sua
babá, talvez alguém que você estivesse tentando se livrar, ou

alguma pobre coitada que estivesse sendo obrigada a fazer

algum trabalho com você.


Sorrio e balanço a cabeça de um lado para outro.

— A sua lerdeza às vezes consegue me surpreender,


Dylan.

Ele ergue o dedo do meio em minha direção.

— Não fui lerdo, vocês que não me explicaram a situação.

— Você foi lerdo.

Aiden concorda comigo e Dylan faz uma careta. Enquanto

estamos discutindo e nos provocando, Abigail fica em pé, corta o

meu frango e em seguida busca uma colher e me entrega.

— Você irá comer melhor com ela.

Eu ignoro meus amigos e olho para ela.

— Obrigado.

Ela apenas assente e volta a se sentar. Nós continuamos

nos provocando e quando paramos ficamos em silêncio, nenhum


de nós nunca namorou e não sabemos como agir com uma

garota ao nosso redor. As garotas que trouxemos para casa

nunca ficaram mais de uma noite.

Dylan é o primeiro a terminar e nos encara com deboche,

ergo minhas sobrancelhas e ele apenas balança a cabeça. Aiden


pergunta o que está acontecendo e ele o ignora, então quando
todos terminamos Dylan fica em pé e deixa seu prato sujo na pia.

— Hoje à louça não é minha.

— De quem é? Por que se eu deveria cozinhar, eu não


deveria limpar.

Pergunto e em seguida olho para o nosso mini-quadro

branco que fica pendurado na parede ao lado da geladeira com

as tarefas que temos que fazer e o nome de quem será o


responsável por executá-las na semana. Porém não são as

tarefas e nossos nomes que encontro escrito em vermelho, e sim,

uma frase.

“Covardes morrem lavando a louça”

É isso que fazemos quando não queremos cumprir com


nossas tarefas e atormentar um ao outro. É divertido, desde que

seja você a ter apagado o que estava escrito e tenha escrito algo
novo e totalmente aleatório.

Dessa vez, não fui eu e não é engraçado.

— Quem dos três engraçadinhos fez isso?

Olho para Josh, Aiden e Dylan, óbvio que os três negam e


entramos na discussão que sempre entramos quando isso
acontece e discutimos até que alguém canse e vá fazer a tarefa,
ou que o culpado confesse. Hoje o culpado confessa.

Josh confessa que foi ele e vai colocar a louça na lava-

louças e limpar o resto da cozinha. Nós quatro continuamos


sentados e observando Josh trabalhar.

— Vocês sempre são assim?

— Quase sempre, bonitinha, mas não se preocupe nunca

brigamos de fato, pelo menos nunca terminamos no hospital.

Sei que disse a coisa errada quando seus olhos brilham.

— Só você, né!? — Ela ri e olha para meus amigos. — E

ele foi de cueca para o hospital?

Eles olham para mim, balanço a cabeça, mas é claro que


eles me ignoram.

— Sim, ele foi.

Aiden revela. Para que inimigos quando se tem um


amigo/primo assim!?

— Eu estava preocupado com meu ombro, todos estavam.

— Aponto para os três. — Porque sabemos o que poderia


significar se fosse algo grave.
Justifico-me e ela nem tenta não rir. Bufo irritado e passo a
mão pelos fios do meu cabelo.

— Vocês não têm um vídeo?

— Graças à Deus não.

Resmungo.

— Não seja um bebê chorão, Ethan.

Olho para Josh e ergo minhas sobrancelhas.

— Talvez devêssemos mostrar para Abigail o dia que em

que você chorou bêbado, porque não conseguia sentir o seu


dedão do pé.

Sua expressão muda no mesmo instante que as palavras

deixam a minha boca.

— Você não seria capaz.

Eu pego meu celular em meu bolso e apesar da negação


de Josh mostro o vídeo para Abigail. Aiden gargalha e como
vingança Josh mostra um vídeo do nosso amigo. Ficamos a

próxima hora mostrando os vídeos comprometedores que temos


um do outro.

— Vocês são uns idiotas.


Dylan reclama quando mostramos seu vídeo dançando em
uma festa, bêbado e descontrolado.

— Você é um ótimo dançarino.

Abigail diz entre os risos.

— Vocês são péssimos.

Revira seus olhos e sai da cozinha.

— Volte aqui, Dylan, nós nunca abandonamos a zoeira.

Relembro-o do nosso combinado, ele para na porta e olha


na nossa direção.

— Não estou abandonando, mas se continuarmos aqui

iremos perder o jogo.

— Puta que pariu hoje inicia a NFL.

No mesmo instante que as palavras deixam minha boca,


eu pulo do banco que estou. Josh e Aiden também se dão conta
de que Los Angeles Rams versus Buffalo Bills deve estar prestes

a iniciar e seguem Dylan. Ficamos apenas Abigail e eu e olho


para ela que segue sentada.

— Você não vem?

Balança a cabeça negando.

— Não assisto jogos de futebol americano.


— Ok, e você irá fazer o quê?

Pensa um pouco e depois de alguns segundos deixa o


banco.

— Irei pegar o meu ipad e ficar estudando aqui na cozinha.

Ela não espera eu dizer nada e caminha para longe.

Simplesmente a sigo e enquanto ela caminha para a porta de


entrada, eu vou para a sala. Meus amigos já estão espalhados
pelo sofá e o que me sobra é a poltrona.

— E Abby?

— Não irá assistir ao jogo e foi buscar seu Ipad.

Respondo Josh que assente.

— Ela parece ser alguém legal.

Josh e Aiden concordam com Dylan e eu faço uma careta.

— Pena que ela me odeia.

Josh curva seu corpo para a frente, apoia seus cotovelos


em sua perna e me encara com a testa franzida.

— Você deveria descobrir o porquê ela te odeia.

Aiden e Dylan assentem.


— Como vou fazer isso se ela nem se permite me
conhecer de verdade?

Suspiro.

— Então, você tem duas tarefas. — Dylan faz o gesto de

dois com os dedos enquanto fala. — Descobrir o porquê ela te


odeia e provar que é um cara totalmente diferente do que ela
imagina.

Jogo minha cabeça para trás, apoio-me na poltrona e


encaro o teto. Talvez eles estejam certos e deva descobrir o
porquê Abigail me odeia, além de mostrar para ela quem eu

realmente sou.
Abby

Eu pego o Ipad no carro e volto para dentro, os meninos


estão na sala e então vou para a cozinha. Enquanto eles assistem

o jogo, eu me sento de frente para a bancada e abro o aplicativo

de caderno de estudos.

Eles estão assistindo um jogo de futebol americano.

Toco a borda do Ipad com a caneta e respiro fundo. Eu

aprendi a gostar de esporte na adolescência quando achei que se


gostasse do assunto meu pai prestaria atenção em mim, acreditei

que ele lembraria que tinha uma filha.


Porém não aconteceu.

Ele não me notou e eu simplesmente me apaixonei por

esportes, foi a coisa mais incrível que meu pai me deu, talvez a

única, e ele nem sabe disso. Não jogo e nem pratico nada,
entretanto sei muita coisa sobre vários esportes e assisto sempre

que posso.

Por um tempo, dos quinze aos dezessete, eu tentei me

afastar dos esportes, mas não consegui, porque é algo que eu


amo e percebi que só estava evitando por causa de Liam, ele

estava influenciando na minha vida e ele não merecia esse lugar.

Apesar de amar esportes variados, futebol americano

sempre foi um bloqueio, porque meu pai, o idiota, foi um dos

maiores quarterbacks de todos os tempos.

Como pensar sobre o passado não irá me trazer nada além

de desgosto, empurro todos pensamentos e sentimentos para

longe e me concentro em estudar.

Não sei quantas horas passam só sei que sou interrompida

pela voz de Aiden.

— Hey, Abby, nós vamos pedir pizza, você quer?

Sorrio e olho na sua direção.


— Minha preferida é a de quatro queijos.

Um sorriso debochado surge em seu rosto e ergo minhas

sobrancelhas.

— É a pizza preferida de Ethan também.

Reviro meus olhos.

— O idiota tem bom gosto.

Ele segue rindo e se aproxima até estar à minha frente e

com os braços apoiados no balcão.

— Ethan é uma ótima pessoa, você deveria dar uma

chance para ele.

— Não, obrigada.

Desligo meu Ipad e fico em pé.

— Qual seu problema com ele?

Apoio minhas mãos sobre o balcão e encaro Dylan.

— Nenhum, apenas conheço o tipo dele.

Ele é bem mais alto que eu, mas não me intimida. Homens

grandes não me intimidam, aliás nada na vida me intimida.

— Espero que ele consiga te convencer do contrário.

Sorrio.
— É mais fácil um burro falar e uma princesa se

transformar em uma ogra.

Ele faz uma careta, porque é claro que não entende a

referência.

— Isso é algo estranho de ser dito.

Pego meu Ipad e dou um passo para trás.

— Eu sou estranha.

Pisco em sua direção, viro-me ficando de costas para ele e


caminho na direção da sala. Josh e Dylan estão no sofá e Ethan

na poltrona. Eu me aproximo para me sentar no tapete, porém


paro quando me deparo com algumas latinhas de cerveja sobre a

mesinha que há entre o sofá e a televisão.

— Você bebeu?

Encaro Ethan indignada e ele balança a cabeça negando.

— Não bebi. — Eu não acredito nem um pouco nele. —


Não bebi, juro.

Repete e sigo sem acreditar nele.

— Ele realmente não bebeu.

Viro-me para Aiden e ele parece estar falando a verdade,


olho para Josh e Dylan e eles assentem. Talvez, eles estejam
falando a verdade.

— Se descobrir que vocês estão mentindo eu acabo com


vocês.

Aponto para cada um deles e eles apenas riem.

— Com esse seu tamanho você não arrancaria nem um fio

do meu cabelo, Abby.

Olho para Dylan e sorrio.

— Continue nessa sua confiança e talvez um dia seu carro


simples apareça todo arranhado.

Ele arregala seus olhos e depois de alguns segundos


suspira aliviado.

— Você não sabe qual é o meu carro.

Desvio os meus olhos dele e me sento no tapete.

— Mas é só ir até a garagem que descubro qual é o carro


de todos. — Dou de ombros. — Não me importo de estragar os

quatro de uma única vez.

— Você trouxe uma terrorista para nossa casa.

Josh acusa Ethan.

— Eu fui obrigado, lembra?


Ignoro o protesto dos quatro e olho para a televisão que no
momento está na tela inicial de um streaming.

— O que vocês irão assistir?

— Estávamos pensando em algum filme.

Josh me responde e logo em seguida escuto a voz de

Dylan.

— Você pode escolher o filme.

Viro-me para trás e sorrio para Dylan.

— Sabia que você seria meu preferido.

Ele me entrega o controle e sorri satisfeito com a minha


frase.

— Não sabia que estávamos em uma competição.

Josh, reclama.

— Hey, eu estou pedindo a sua pizza preferida.

Aiden, que agora está na poltrona que fica no lado

contrário a ocupada por Ethan, mostra-me seu celular aberto no


aplicativo de delivery de comida.

— Ok...ok...você está empatado com Dylan.

— Vocês são uns puxa-sacos.


É óbvio que Ethan protesta e apenas o ignoramos.
Enquanto Dylan pede a pizza, eu escolho o filme e opto por um
filme de terror. Quero ver o quanto eles são corajosos e machões

como aparentam e dizem ser.

— Um filme de terror?

Aiden é o primeiro a fazer uma observação, então olho

para ele com um sorriso debochado.

— Algum problema? — Faço questão de olhar para os

quatro, um de cada vez. — Aliás algum de vocês tem algum

problema com filme de terror?

É claro que os quatro negam.

— Melhor desligar a luz.

Josh atende o meu pedido e se levanta para apagá-la,

assim que ele volta para o sofá aperto o botão do controle e o


filme inicia. Ficamos em silêncio e conforme os minutos passam a

história se desenrola e cenas não tão agradáveis acontecem.

Espíritos e vultos surgem na tela em momentos variados e

inesperados, eu como já assisti ao filme não me assusto e ainda


sei o instante certo para olhar para os caras. É ótimo vê-los

tentando não parecer assustados e não demostrar que estão com


medo. Eu vejo nos olhos deles alívio quando o entregador chega

e o som da campainha ecoa pela sala.

— Eu busco.

Dylan se apressa a sair do seu lugar e a ligar a luz. Ele vai

buscar as pizzas e encaro os meninos.

— Com medo?

Aiden, Josh e Ethan balançam a cabeça.

— Óbvio que não.

Aiden e Josh concordam com Ethan e me seguro para não


rir. Claro que eles não estão com medo.

E mesmo depois que terminamos com as três pizzas e

voltamos a assistir ao filme a luz segue acesa.

...

O filme acaba e está quase na hora de eu ir embora, então

me viro na direção de Ethan enquanto os créditos finais passam

na tela da televisão.

— Nós precisamos fazer a compressa antes de eu ir


embora.

Ele assente e deixa a poltrona.

— É melhor subirmos para o meu quarto.


— Ok.

Eu fico em pé, vou até a cozinha e pego o necessário para

a compressa de água fria. Ao voltar para sala, Ethan está me

esperando no início da escada e o sigo para seu quarto.

É no segundo andar e a primeira porta à esquerda. Ao

entrar, percorro meu olhar por cada canto do cômodo e fico

surpreendida. Há muitos livros, alguns HQ’s, fotos e pôsteres,


pôster de Star Wars e senhor dos anéis, além de um computador,

um videogame portátil e outro conectado à televisão.

Não esperava que o quarto de um quarterback fosse assim

tão parecido com de um nerd.

— Surpresa com meu quarto?

Não esconde o deboche da sua voz, olho em sua direção e

ele está sentado em sua cama e me encarando com uma

expressão de satisfação em seu rosto.

— Aqui é mesmo o seu quarto? Há um quinto integrante

dessa casa? Um Nerd?

— Não seja preconceituosa, bonitinha.

Reviro meus olhos por causa do apelido e me aproximo

dele.
— Não estou sendo preconceituosa.

— Está dizendo que os nerds têm um estereótipo e que


não posso ser um.

Dou de ombros e paro de frente para ele com alguns

centímetros entre nós.

— Precisamos tirar sua camisa.

— É assim sem preliminares?

— Vamos logo, Ethan que não tenho todo tempo do

mundo.

Ele ri e tira a tipoia do seu braço, em seguida, ajudo-o a

tirar a camisa já que ele não pode fazer muito movimentos com o

braço. Não há como evitar e meus dedos esbarram em sua pele.

Ele tem músculos e não posso negar que tem um abdômen


bom de se olhar. Sinto sua respiração me atingindo e tento a

ignorar. Assim que sua camisa está longe do seu corpo iniciamos

a compressa, eu observo seu rosto para obter as suas reações.

— Está doendo?

— Mais ou menos.

— Ok.
Sigo pressionando o gelo que está enrolado em um pano

em seu ombro.

— Então, você quer ser uma treinadora atlética? —

Assinto. — Legal.

Para outra pessoa responderia que amo esportes e como

não sou boa em nenhum é a minha maneira de estar perto de

algo que amo tanto, mas para Ethan não estendo o assunto.

— Eu faço Engenharia da Computação.

Alguém que tem o quarto como o dele realmente combina

com o curso.

— Você pretende atuar?

Deixo que a pergunte saia da minha boca antes que tenha

chance de pensar se é ou não uma boa ideia continuar

conversando com Ethan.

— Não, é apenas a minha segunda opção, o futebol é o


que desejo.

Fico em silêncio, porque não acho que ele queira saber

que acho o futebol uma péssima escolha. Sinto seu olhar sobre

mim e minha respiração se altera. Ethan é bonito, alguém que


não posso me permitir ser amiga e ele está tão perto.
Por algum motivo ele causa uma confusão em meus

sentimentos.

É um alívio quando finalizamos a compressa, então pego

meu celular e faço uma anotação de como está o seu ombro.

— Pronto.

Pego sua camisa e o ajudo a vesti-la.

— Obrigado.

Assinto enquanto ele coloca a tipoia e por fim apenas

confiro se seu ombro está imobilizado corretamente, como tudo

está ok, dou um passo para trás e me afasto.

— Está na hora de ir embora.

Ele fica em pé e por alguns segundos seu olhar encontra o

meu. É estranho e não sei decifrar o que ele está pensando e


nem o porquê está me olhando.

— Eu levo você até a porta.

Desvio os meus olhos dos seus e me viro de costas. Dessa

vez, sou eu a guiá-lo. Pego minha mochila e Ipad na cozinha e


vou até a sala, aceno para os meninos que seguem sentados no

sofá e assistindo televisão.

— Tchau, meninos e até amanhã.


— Até amanhã.

Eles acenam na minha direção, então sorrio e sigo para a

porta, uma porta que já está aberta por Ethan. Eu vou até ele e

paro à sua frente.

— Juízo, porque realmente não quero receber uma ligação

de Miller no meio da noite para ter que ir buscar o garoto rebelde

em alguma festa.

Ainda é cedo e se ele quiser com certeza pode encontrar


alguma festa para ir.

— Eu ficarei em casa.

Sorrio, um sorriso forçado.

— Ótimo.

Viro-me ficando de lado para Ethan.

— Até amanhã, Abigail.

— Até amanhã, Ethan.

Dou um passo em frente, mas ele me chama e volto a olhar

para ele. Estamos há alguns centímetros um do outro e posso ver


as írises dos seus olhos, elas são castanhas, mas conforme são
iluminadas é possível ver alguns pontinhos verdes.

— Meus amigos gostaram de você.


Aonde ele quer chegar com essa afirmação?

— E eu gostei deles.

Ele sorri, um sorriso tenso e franzo minha testa.

— O que eu tenho que fazer para você sorrir pra mim como
sorri para eles?

Não estava esperando por essa sua pergunta e abro e


fecho minha boca. Não sei o que falar, nem como agir. Ele parece

verdadeiro e por um momento meu coração bate acelerado em


meu peito.

Sem saber como o responder, me viro ficando de costas

para ele e caminho na direção do meu carro.

Uma parte minha diz que estou sendo grossa demais com
Ethan ao ouvir sua pergunta, mas aí eu lembro do meu pai. Raiva
volta a borbulhar em meu peito e olho para trás.

— Não ser um QB na próxima vida.


Abby

Dirijo para casa com uma confusão em minha mente, é


como se houvesse duas pessoas ao meu redor, uma em cada

lado da minha cabeça e estivessem sussurrando em meu ouvido

palavras contrárias.

Uma diz que estou sendo uma cadela com Ethan sem
motivo, a outra diz que estou fazendo o certo, porque eu sei em

que caras como ele se tornam, iguais ao meu pai, além de tudo

ele se acha o maior de todos.


Não quero ser amiga de um cara como ele e ele nem

merece a minha cordialidade. É isso, não há nada de errado na


forma como o estou tratando.

A lua e as estrelas brilham no céu, entretanto apesar da


noite iluminada não há muitas pessoas na rua. O campus está

praticamente vazio e não há nenhum movimento.

Não demoro a chegar, então paro no estacionamento em

frente ao nosso prédio, pego minha mochila, meu Ipad e celular e


deixo o carro. Ligo o alarme e sem pressa caminho para casa. O

vento está gostoso e agradável de estar ao ar livre.

Aproveito para respirar fundo e tentar digerir o dia de hoje.

Deus, eu realmente não imaginava que minha semana terminaria

assim. Apesar de tudo e de Ethan, foi um saldo positivo conhecer

seus amigos. Dylan, Josh e Aiden são divertidos, mesmo às

vezes agindo como três adolescentes idiotas.

Eu entro em casa e me deparo com Dakota no sofá

assistindo televisão. Ela está com um balde de pipoca em mãos e


olha em minha direção.

— Eu achei que você dormiria no seu novo emprego.

Balanço minha cabeça e vou até ela.


— Não será preciso. — Jogo-me ao seu lado e pego um
pouco de pipoca. — Só se ele sentir dor.

Ela aperta o botão de pausa no controle e se vira


completamente para mim.

— Como foi?

— Melhor do que achei que seria, mas ainda assim não é

algo que amei. — Dou de ombros. — Foi tolerável.

Sorri e apoia sua cabeça no sofá.

— Achei que veria você entrando chorando pela porta.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Eu não choro.

— Exato e isso comprovaria o quanto foi horrível.

Sorrio com sua observação e assim como ela me sento de

lado com as pernas sobre o sofá e cabeça apoiada no estofado.

— Como você sabe, porque todos sabemos, Ethan mora

com os capitães do time de Beisebol, de basquete e hockey.

— As estrelas do Alabama como são chamados.

Dakota sussurra e assinto.

— Os caras são legais.


— Até mesmo Ethan?

Faço uma careta.

— Ele não.

Ela ri e balança a cabeça de um lado para outro.

— Você pelo menos deu uma chance para o cara?

— Ele não precisa de uma chance minha.

Dakota me analisa e suspira. Ela me conhece desde

sempre, somos colegas desde o jardim de infância e ela sabe de


tudo sobre mim, inclusive sobre meus medos. Foi com ela e com
a família dela que passei boa parte da minha vida.

— Você não deveria acreditar que todo jogador de futebol

americano é igual ao seu pai.

A parte racional existente em mim sabe que ela está certa,

porém não há espaço para ser racional quando você sabe o


quanto sem caráter um jogador pode ser. Porque eles não se
limitam a jogar apenas no campo.

— Meu pai é agente dele e isso diz muito sobre ele. —


Dakota apenas faz uma careta diante da minha justificativa e eu

olho na direção do pequeno corredor. — E Brooke?


Pergunto por nossa companheira de quarto. Brooke foi

selecionada por um formulário ano passado para ser nossa


companheira de apartamento. Um formulário realizado pela

própria faculdade para unir pessoas propícias a se darem bem e


com a gente deu certo, com a chegada de Brooke deixamos de

ser uma dupla e nos tornamos um trio.

— Adivinha?

— Em uma festa?

Assente e nós duas sorrimos. Brooke ama uma festa.


Ainda estou rindo quando olho para televisão e percebo que

Dakota está assistindo Casamento às cegas.[9]

É um reality que Dakota ama por unir pessoas, minha


amiga é uma das pessoas mais românticas que eu conheço.

— Você continua não acreditando no amor?

Volto a olhar para Dakota e franzo minha testa.

— Por que a pergunta?

— Você estava encarando a televisão com uma expressão


de julgamento.

— Eu não estava julgando. — Ergue suas sobrancelhas. —


Ok, não exatamente.
— Espero que um dia você encontre alguém legal que
prove para você que o amor realmente existe.

Faço uma careta.

— Você é muito nova para pensar no amor, Dakota.

Fico em pé antes que ela continue falando sobre o amor e

suas baboseiras.

— E você é muito nova para se dizer desacreditada nele.

Dou de ombros, pego minha mochila e aponto na direção


da porta do banheiro.

— Eu vou tomar um banho e dormir, porque amanhã


infelizmente preciso acordar cedo.

Ela assente.

— Boa noite, Abby.

— Boa noite, Dakota.

Eu vou primeiro para o meu quarto, deixo a minha mochila


sobre a escrivaninha, pego uma toalha e sigo para o banheiro.

Não demoro no banho e volto para o quarto enrolada na toalha.

Estou cansada e a cada dois minutos abro a boca e


bocejo. Escolho uma camisola da Minie ligo o despertador e me
deito. Eu tento ficar alguns minutos olhando as minhas redes
sociais, mas meus olhos começam a pesar, então desisto desligo
o celular, coloco-o embaixo do travesseiro e fecho meus olhos.

...

O despertador interrompe meu sono, é trágico ter que


acordar essa hora em pleno domingo, mas não há uma

alternativa, por isso abro meus olhos, pego o celular, desligo o

despertador e me sento na cama.

Respiro fundo e me alongo para que o sono e a vontade de

voltar a dormir passem. Como esqueci de fazer o relatório sobre o

dia de Ethan ontem à noite pego meu Ipad e me sento com as


costas apoiadas na cabeceira e pernas dobradas com os pés

sobre o colchão.

Eu faço um breve relatório e o envio para Miller. E estou

com o Ipad ainda em minhas mãos quando chega uma


notificação. Recebi um novo e-mail, um e-mail de Liam.

Eu o abro e uma mistura de raiva e indignação ecoam em

meu peito ao ler o que ele me enviou.

“Quando você irá pagar o que me deve?

Movida pela raiva pego meu celular abro o aplicativo do

banco e faço a transferência, ou melhor agendo para amanhã, e


envio o comprovante para seu e-mail. Uso o fim das minhas

economias para pagá-lo, porque claramente ele está super


necessitado, talvez até mesmo esteja passando fome.

Largo o celular e o Ipad na cama ao meu lado e fico em pé.

Ainda com raiva pego minha toalha e me dirijo para o banheiro.


Como sempre ele não perguntou se estou bem, mas por que ele

perguntaria se não se importa comigo?

Eu tento me acalmar e não deixar meu ódio estragar meu

dia, porém depois de minutos no banho me dou conta de que


Liam já conseguiu estragar o meu dia. Estou de mau humor e

irritada.

Gostaria de me vingar, entretanto não me adiantaria de


nada, a não ser me tornar igual a ele e não quero ser igual a

Liam. Meu maior medo é me tornar parecida com ele.

Saio do banheiro com uma toalha ao redor do meu corpo e

meu cabelo molhado. Mentalizo que o que aconteceu agora pela


manhã não precisa definir meu dia, é difícil porque estou

chateada, mas sigo dizendo a mim mesma que tudo ficará bem.

Visto um short, uma blusa larga amarela e sem estampa,

seco um pouco meu cabelo, coloco meu Ipad e celular dentro da


mochila e antes de deixar meu quarto calço meu chinelo e pego a

minha mochila.

É óbvio que as meninas estão dormindo por isso tomo café

sozinha e depois de ir ao banheiro para escovar meus dentes e


passar protetor solar em meu rosto sigo para meu carro.

Enquanto dirijo, o som está ligado e ecoando pelo carro.

Eu respiro fundo e tento me tranquilizar. Lembro de tudo que


aprendi na terapia. Não posso deixar meu relacionamento com

meus pais governar minha vida e meus sentimentos.

Faço terapia desde que comecei a trabalhar, porque sei

que a minha relação familiar me feriu demais e algumas delas já


consegui curá-las, outras estão cicatrizando e ainda há que estão

abertas. E são pelas abertas em cicatrização que continuo

fazendo terapia uma vez por semana.

Estou melhor quando chego. Eu deixo meu carro em frente

a casa e vou até a entrada, bato na porta e ninguém vem abri-la.

Aperto a campainha umas três vezes e depois de alguns minutos

percebo que eles devem ter desativado o dispositivo.

Idiotas.
O que eu posso fazer? Sentar e esperar? Arrombar a

porta? Eu levo minha mão até a maçaneta e ao girá-la a porta


abre. Espero que algum alarme soe, mas nada. Entro e eles

realmente só deixaram a porta aberta.

Dou uma olhada na sala, cozinha e jardim e não encontro

ninguém, então subo as escadas, vou até o quarto de Ethan e


bato na porta.

— Ethan, eu cheguei.

Preciso continuar batendo na porta e o chamar mais duas


vezes até que enfim abre a porta.

— É muito cedo, bonitinha. — Ergo meu dedo do meio ao

ouvir o apelido. — Bom dia para você também.

Resmunga e reviro meus olhos.

— Você sabia que eu viria às oito da manhã.

Passa as mãos pelo seu cabelo bagunçado e ao fazer isso

me dou conta de que ele acabou de levantar.

— Eu sabia.

A expressão em seu rosto indica que recém acordou,

assim como seu cabelo bagunçado, desço meu olhar pelo seu

corpo e ele está sem camisa usando apenas uma bermuda. Até
mesmo suas pernas são musculosas, o que é óbvio desde que

ele é um jogador.

— Me analisando, bonitinha?

Volto a olhar para seu rosto e há um sorriso debochado em


seus lábios.

— Você consegue ficar ainda mais feio ao acordar.

Ergue suas sobrancelhas — Já te falaram que você é uma

péssima mentirosa?

Engulo em seco, porque realmente sou uma péssima

mentirosa e todos falam isso, mas ele não precisa saber desse

detalhe.

— Não estou mentindo.

— Você está.

— Não estou.

Ele apoia seu ombro bom no batente da porta e sorri.

— Eu sei que você está, mas não importa. — Pisca na

minha direção e eu tenho vontade de esganá-lo. — Sabe, o que

você acha de me deixar dormir mais um pouco?

Sorrio sem humor e cruzo meus braços abaixo dos meus


seios.
— E eu ficarei fazendo o quê?

— Qualquer coisa e se quiser pode entrar e dormir comigo.

Afasta-se do batente da porta para apontar para sua cama

e faço uma cara de nojo.

— Ela deve estar cheia de bactérias.

Nós dois sabemos que estamos falando dele usar a cama


para sexo.

— Sempre lavo meus lençóis.

Sorri debochado e eu me viro ficando de costas para ele.

— Estarei na sala.

— Abigail. — Olho para trás. — Sinta-se em casa.

Assinto, olho em frente e desço para a sala, porém não fico

no cômodo, porque vou para o jardim, então me deito em uma

espreguiçadeira e pego o livro que sempre carrego na mochila


para ler.

Estou na página cem de O homem de Giz quando noto que

alguém está caminhando na minha direção, coloco o livro ao meu


lado e me deparo com Ethan vindo até mim.

Sento-me e assim que ele está perto o suficiente senta-se

na espreguiçadeira à minha frente.


— Odeio interromper seu momento, porém preciso fazer a
compressa.

Ele me mostra o gelo e uma tolha, então assinto e fico em

pé.

— Como você dormiu?

— Não é muito legal dormir quase sentado.

Assinto e me aproximo dele, Ethan segue sem camisa,

então enrolo o gelo ao redor da toalha e aplico sobre seu ombro.


Faço uma careta quando uma expressão de dor surge em seu

rosto. Ele está sentindo dor, mas por quê? Não demoro a

entender o que pode ter acontecido.

— Quem o ajudou a tirar sua camiseta?

— Ninguém.

Mordo meu lábio inferior por alguns segundos.

— Acho melhor nas próximas vezes alguém o ajudar a

fazer isso, pelo menos pelos próximos dias, seu ombro ainda está
sensível.

Suspira.

— Isso é tão humilhante.


Não digo mais nada e nem Ethan. Nós continuamos em
silêncio e quando finalizamos vamos para dentro de casa. Os
caras estão acordados na sala e começa uma provocação,

porque Josh dormiu de luz acesa por causa do filme de ontem.

Ficamos praticamente o dia todo na sala, conversando,


assistindo televisão e até mesmo trocamos alguns conhecimentos

aleatórios. Dylan é quem cozinha e para minha surpresa ele é


ótimo na cozinha.

Perto do horário de ir embora subo com Ethan para seu


quarto, ajudo-o com a compressa, dessa vez de água quente, e

por fim, mais uma vez, ele vai comigo até a porta, então
combinamos que como tenho aula amanhã no primeiro horário e
ele apenas no segundo, ele vai com Dylan para o campus e o

encontro no local da sua aula.

Despeço-me dele com um boa noite e um aceno com a


mão.

E enquanto caminho na direção do meu carro, percebo que


assim como no dia anterior não foi tão ruim quanto pensei que
seria.
Ethan

Dylan e eu temos a primeira aula em comum, então é com


ele que vou para a faculdade e é ele que me ajuda a vestir a

minha camiseta. Essa situação é realmente humilhante.

— Abby irá encontrar você no local da nossa aula? —

Dylan pergunta assim que entramos em seu carro e assinto. —


Você conseguiu descobrir o porquê ela te odeia?

Apoio minha cabeça contra o banco e balanço a cabeça


negando.

— Continuo sem fazer a mínima ideia.


— Talvez você já tenha quebrado o coração dela?

Mais uma vez balanço minha cabeça negando.

— Não, eu não me lembro e nunca tive um apagão por

causa de bebida, ou seja, sem chance. — Faço uma pausa. —

Além disso, ela não faz o meu tipo e não acho que eu seja o seu
tipo.

— Você definitivamente não faz o tipo dela.

Sua declaração fere o meu ego.

— E ela não faz o meu.

Defendo-me e Dylan ri.

— Ela é diferente.

Assinto.

— E bonita.

Complemento a fala de Dylan sem pensar, as palavras

apenas deixam a minha boca.

— Você está interessado nela, porque ela não te trata

como um Deus?

Continua rindo e sorrio também.


— Não estou interessado, é somente a verdade. — Olho
para o lado. — Eu não minto.

— Não sei se acredito em você.

— Problema é seu.

Olho em frente.

— Você continuará tentando descobrir o porquê ela não

gosta de você?

— Sim, meu ego está ferido e preciso o restaurar, ninguém


odeia Ethan Lewis.

Zombo e nós dois rimos. O restante do caminho ficamos

em silêncio e assim que Dylan estaciona saímos do carro e

caminhamos na direção da entrada do prédio. Nossa sala fica no


primeiro andar, então só dobramos o corredor que fica à direita do

hall e conseguimos ter uma visão dela.

E Abigail está com o corpo apoiado ao lado da porta, ela

está mexendo no celular e sua testa está franzida. Como a

maioria das vezes, ela parece estar chateada com algo. Dylan e

eu nos aproximamos e assim que estamos perto o suficiente eu

chamo por ela.

— Bom dia, docinho.


Ela franze a testa ao ouvir a minha voz, então ergue sua

cabeça e olha ao redor, como se estivesse procurando alguém.

— Você está falando comigo? — Assinto. — Não me

chame de docinho.

Ela parece estar prestes a me matar.

— Ok, bonitinha, mas que fique claro que docinho combina


perfeitamente com você, porque você é um doce de pessoa.

Seus olhos se estreitam ainda mais e juro que posso ver


uma veia pulsando em seu pescoço. Antes que ela possa me
atacar Dylan passa por mim e para à sua frente.

— Não ligue para ele, Abby. — Ele faz questão de frisar

que pode usar o seu real apelido. — Ele é um bebezão


implicante.

Ela encara meu amigo e a raiva some de seus olhos.

Inacreditável, como apenas eu sou digno do seu desprezo.

— A forma como você me trata é injusta.

Reclamo, então ela olha para mim.

— A vida é injusta, Lewis.

Sorri debochada.

— Ela está certa.


Dylan concorda com ela e faço uma careta.

— Dois contra um é covardia.

Eu caminho na direção da porta da sala e sou seguida

pelos dois.

— Lembra que a vida é injusta?

Ela reforça o que acabou de dizer, então olho para trás


enquanto entramos na sala e sorrio.

— Essa é a frase da sua vida?

Ela dá de ombros.

— Talvez.

Ela sorri, porém noto uma sombra em seus olhos. Ela não

está brincando cem porcento, ou seja, ela realmente leva a sério


isso da vida ser injusta. Guardo essa informação em minha mente

e olho em frente.

Sentamos os três na mesma fileira, comigo entre Dylan e

Abigail. Ela suspira ao ler o nome da matéria no quadro.

— Qual a chance dessa ser uma matéria sem números,


matemática e física?

Eu olho para ela com uma expressão de pena e


solidariedade.
— Nenhuma chance.

Ela suspira e sorrio, um sorriso gentil.

— Pense pelo lado positivo, não precisa aprender apenas

anotar algumas coisinhas.

Ela faz uma careta e assente. O professor que já está na

sala inicia a aula, eu pego meu caderno na mochila e o entrego


para Abigail.

— Você não usa um Ipad?

Balanço minha cabeça negando.

— Prefiro escrever.

Também entrego minhas canetas para ela e ela começa a

escrever o que está no quadro, além disso peço para que ela
anote algumas coisas que o professor fala. Ao fim da aula ela me
encara curiosa.

— Você sempre anota tanto assim?

Franzo minha testa.

— Sempre, você não?

— Não. — Toca seu pulso com sua outra mão e faz uns
gestos como se o estivesse girando. — Minha mão chega a estar
doendo.
Ergo minha mão e toco seu pulso.

— Desculpe por fazer você escrever tanto.

Seus olhos encontram os meus e há uma sensação

diferente em tocá-la, como se fosse um formigamento. Acaricio


sua pele e nos encaramos por alguns segundos.

— Vamos?

Dylan faz com que percebamos que algo não está certo,
então ela desvia seus olhos dos meus e puxa seu braço para

longe de mim.

— Desculpe, eu fiz isso sem pensar.

Sussurro e ela apenas assente enquanto fica em pé.

— Vamos.

Ela e Dylan me ajudam a guardar os meus materiais e

deixamos a sala. Assim que estamos no corredor Dylan olha para

nós dois.

— Eu tenho que ir encontrar o time de basquete.

Assinto.

— Até mais.

— Vejo vocês mais tarde.


Acena e se afasta. Ficamos Abigail e eu, olho para ela que

está observando Dylan caminhar para longe.

— Vamos almoçar?

Ela olha em minha direção e nega.

— Eu preciso ver como está seu ombro e fazer algumas


anotações.

Faço uma careta.

— Onde? Aqui? Vamos até a sala de treinamento no

estádio?

— O estádio é muito longe e sua próxima aula é aqui, não

é?

Assinto e é a sua vez de fazer uma careta.

— Então, fica inviável irmos até lá para voltarmos depois.


— Ela parece estar pensando em algo e depois de alguns

segundos surge com a solução. — Vamos até o meu carro.

— Não parece uma boa ideia.

Ergue suas sobrancelhas.

— Tem uma ideia melhor? — Nego. — Então, vamos até o

meu carro.
Ela se vira ficando de costas e caminha em frente, sou

obrigado a segui-la. Vamos até seu carro, ela abre a porta do lado

do carona e me aponta o banco.

— Sente-se com os pés para fora.

— Sim, senhorita.

Volto a provocá-la com o apelido que usei, o que faz com

que ela revire os olhos.

— Você não sente muitas dores de cabeça? — Encara-me


sem entender. — De tanto revirar os olhos.

— Sabe, estou começando a achar que eu mereço um

aumento.

Sorrio enquanto faço o que ela pediu e me sento no banco.

— Terceiro dia e já quer um aumento?

Ela não me responde e traz a mão até a barra da minha

camisa.

— Mais uma vez, sem preliminares.

Suspiro e ela bufa.

— Você calado é um filósofo, Ethan.

— Vou considerar isso um elogio.


— Não é.

Ajudo-a a tirar minha camisa e ela começa a sua inspeção.

— Alguém o está ajudando a colocar a roupa?

Ela para com a sua pequena mão em meu ombro e tento

não pensar sobre o seu toque.

— Apenas a camisa, o restante eu consigo.

Ela assente e não diz mais nada. Assim que terminamos

coloco minha camisa e pulo do banco.

— Agora vamos almoçar? — Ela assente. — Conheço um


restaurante ótimo aqui perto e podemos ir andando.

Fecho a porta e paro ao seu lado.

— Ok.

Ela ativa o alarme e faço sinal para que seguimos em

frente. Ela e eu seguimos um ao lado do outro. Estamos em


silêncio, porém não gosto de ficar quieto.

— Seu carro não combina muito com você.

Eu a sinto virar o rosto e me encarar.

— O que você está querendo dizer?

Olho para ela e sorrio.


— É um carro de patricinha. — Meu olhar desce pelo seu

corpo, ela está vestindo calça jeans, uma camisa preta amarrada

na cintura e um all star preto. — Você é uma patricinha dark.

Ela morde seus lábios para não rir e sorrio satisfeito. Ela
quase sorriu.

Voltamos a ficar em silêncio, então olho para o céu e puxo

o assunto mais utilizado para quebrar o gelo entre duas pessoas.

— O céu está bonito, não é?

Ela apenas resmunga um sim, suspiro e desisto de tentá-la

fazer conversar comigo. Abigail só volta a falar algo quando

estamos em frente ao meu restaurante favorito do campus, se que


é podemos chamar o estabelecimento de restaurante.

— Frango frito? — Pergunta incrédula. — E a dieta do

atleta?

— Às vezes, nós merecemos sair da dieta.

Ela apenas balança a cabeça, mas mais uma vez posso

ver o inicio de um sorriso em seus lábios.

Nós vamos para o pequeno trailer, fazemos nosso pedido e

nos sentamos um de frente para o outro em uma das mesas que


há na parte de fora do estabelecimento, apesar do assento serem

bancos, não é tão desconfortável.

Abigail olha ao redor e o Sol ilumina seu cabelo, ele é

escuro, mas não tão escuro. Um castanho talvez que brilha

conforme os raios de Sol o atingem.

— A cor do seu cabelo é bonita.

Ela olha para mim e ergue as suas sobrancelhas.

— Você não tem nenhum filtro?

— Disse algo errado?

Ela está certa, normalmente, não tenho filtro, mas nesse


caso não disse nada de mais, apenas a verdade.

— Achei que preferia as loiras como a Kimberly.

Sorri debochada. Eu apoio meu braço na mesa e curvo

meu corpo para a frente.

— Kimberly e eu não somos namorados.

Ela apoia seu corpo totalmente na cadeira e me encara

com desdém.

— Não disse que são e se fossem não me surpreenderia e

nem me importaria. — Faz uma careta. — Vocês combinam.


— Nós temos mais uma relação de interesse baseado em
popularidade e sexo.

A expressão em seu rosto muda e vejo aquela sombra em

seus olhos novamente.

— Popularidade é tudo que importa, não é?

— Você não gosta de mim por que sou popular? — Antes

que ela possa me responder me dou conta de algo. — Mas Josh,

Dylan e Aiden são populares e você não nutre o mesmo ódio que
sente por mim por eles.

— Eles não são tão populares quanto você.

Porém não é só isso, eu vejo em seus olhos que tem algo

mais.

— Um dia você irá me falar por que me detesta?

Ela me encara como se estivesse analisando que resposta


eu mereço.

— Acho que não. — Ela volta a olhar ao redor e esse é o


sinal para entender que ela não irá continuar no assunto. — Aqui
é legal.

— É sim, é o meu lugar favorito para comer no campus.

Olha para mim e me encara surpresa.


— Nunca diria que um cara popular como você gostaria de
um lugar como esse, um trailer, com mesas e banquinhos e
natureza ao redor, e claro, vazio. — Curva seu corpo para a frente

e sussurra. — Um lugar que não está lotado de fãs e garotas se


jogando em seus braços.

Aproximo meu rosto do seu e paro a centímetros dela.

— Eu poderia surpreender você se me deixasse.

— Não conseguiria, não por muito tempo.

Afasta-se de mim.

— Deixe-me tentar.

Ela me ignora e ficamos em silêncio. Quando nosso pedido

chega conversamos sobre a comida enquanto comemos, pelo


menos ela é cordial comigo. Logo que terminamos de almoçar,
deixamos a mesa e vamos até o trailer para que eu possa pagar.

— Quanto deu?

Balanço a cabeça negando e pego a minha carteira.

— Eu sou um cavalheiro.

Entrego meu cartão para o atendente.

— Não quero que você pague para mim.

— Você não tem uma opção.


Pisco em sua direção.

— Passe apenas a metade Eu conheço o atendente e por

isso quando ele me olha pedindo permissão para fazer o que


Abigail pediu eu balanço a cabeça negando discretamente. Ele
faz o que eu peço e passa o valor integral quando Abigail entrega

seu cartão para ele faz um gesto que não com a mão.

— Eu não cobrei a metade.

Ela o fuzila com o olhar.

— Pois nunca mais voltarei aqui.

Vira-se e caminha para longe.

— Ela estava brincando.

Aceno para o garoto e saio atrás da Abigail.

— Pobre do garoto.

Ela segue olhando em frente e me ignorando, o que faz


com que eu morda o lábio para não rir. Abigail fica uma graça
irritada, porém tenho impressão de que ela não irá gostar de

saber disso.
Ethan

Vamos para a segunda e última aula do dia em silêncio, o


que é extremamente difícil para mim, porque sou barulhento e

gosto de conversar. Ficar quieto me deixa inquieto.

Eu fico aliviado quando voltamos para o prédio e seguimos

para a sala de aula. O professor já chegou, então pego meu


caderno e canetas e entrego-os para Abigail, assim como na aula

anterior ela anota o que ele escreve e o que peço para anotar,

dessa vez, eu sou mais contido e ao fim da aula ela suspira e me


encara com a testa franzida.
— Você não precisava me ter feito escrever menos.

— Eu não fiz isso.

Minto, ela não parece acreditar em mim, mas não diz mais

nada, apenas me entrega o caderno e as canetas, eu guardo e

em seguida ficamos em pé e deixamos a sala.

— O que você precisa fazer agora?

Pergunta assim que estamos no corredor.

— Não tenho que ir ver Miller?

— Não, apenas amanhã.

Sua voz soa mais arrastada que o normal, então olho para

o lado e me deparo com seu semblante um pouco abatido.

— Você está bem?

Ela leva seus dedos até os olhos e os pressiona.

— Com dor de cabeça.

— Você pode ir para sua casa, Abigail.

Balança a cabeça negando.

— Não irei deixar você sozinho.

— Vamos para minha casa, então.

Ela faz uma careta.


— Não precisa deixar de fazer o que pretendia fazer por
minha causa.

Apesar de não termos decidido para onde iremos estamos


caminhando na direção da saída do prédio.

— Eu iria estudar na biblioteca, mas posso fazer isso em

casa. — Ela está prestes a negar, então seguro seu braço. Abigail

para de andar, eu paro e olho para ela. — É sério.

Ela parece em dúvida, mas por fim assente.

— Ok, vamos para a sua casa.

Nós seguimos para o seu carro, ela entra no lado do

motorista e eu me sento ao seu lado. Nenhum de nós diz nada e

ficamos quietos. Eu a observo e ela tem uma expressão estranha

em seu rosto.

— Você tem remédio?

Assente.

— Você quer ir ao médico? Eu posso te acompanhar.

Sorri, um sorriso debochado e desanimado ao mesmo

tempo. Ela realmente não está bem.

— Se eu fosse no médico toda vez que estivesse com dor

de cabeça eu viveria mais em hospitais que em casa.


Franzo minha testa.

— Isso é normal?

— Enxaqueca.

Explica e faço uma careta.

— Sinto muito, não parece algo fácil de lidar.

— Não é.

Como ela não está legal, eu fico em silêncio e não

trocamos nenhuma palavra até minha casa. Assim que ela


estaciona, nós descemos do carro e sou eu a caminhar à sua
frente, então abro a porta e espero ela passar.

Abigail passa por mim e segue para a sala, então fecho a

porta e a sigo. Ela deixa sua mochila sobre o sofá e me encara.

— Estamos sozinhos?

— Sim, Dylan e Aiden tem treino e Josh aula.

Assente e se curva para pegar o remédio em sua mochila.

— Eu vou até a cozinha pegar água para você.

Antes que ela possa recusar, viro-me e vou até a cozinha.

Eu pego a jarra de água, um copo e volto para a sala, então


encho o copo com água e entrego para ela.
— Obrigada.

— Não foi nada.

Observo-a colocar o remédio na boca e em seguida tomar

água. Assim que o copo fica vazio ela faz uma careta de dor.

— Abigail, não vou sair, juro. — Estendo minha mão para

que ela me devolva o copo. — Você pode ir para casa e retornar


quando estiver melhor.

Balança a cabeça negando.

— Não posso, Ethan, mesmo se confiasse em você, Miller

me demitiria se soubesse que não estou aqui. — Dá de ombros.


— A única cláusula do contrato que permite demissão sem multa

é se eu não cumprir com o combinado.

Assinto ao mesmo tempo que procuro por algo que possa


fazê-la se sentir melhor.

— Lugares silenciosos e escuros ajudam, não é?

Franze sua testa, porque não entende a minha pergunta.

— Às vezes sim.

— Você pode deitar na minha cama e apagar a luz,

enquanto isso eu fico na sacada, assim você tem certeza de que


não irei fugir e nem irei me meter em problemas. — Ela parece
duvidar. — Pelo amor de Deus, bonitinha, eu estou com ombro
deslocado, não vou tentar pular a sacada, pode não parecer, mas
eu tenho um cérebro.

Ela pondera por alguns segundos, por fim suspira e


assente.

— Eu só vou aceitar essa sua proposta ridícula, porque sei


que se não deitar minha dor irá piorar.

— Ok, vamos.

Sigo na frente e vamos para o meu quarto. Nenhum de nós

dois está totalmente confortável com a situação, é meio


embaraçoso. Não somos amigos e ela está aqui indo ocupar a
minha cama.

— Fique à vontade.

Ela assente, então para lhe dar espaço e a deixar mais à

vontade, coloco minha mochila sobre a minha cadeira, abro a


porta que leva para a sacada e olho em sua direção uma última

vez.

— Feche as cortinas e o quarto ficará totalmente escuro.

Assente mais uma vez e eu saio para a sacada. Sento-me


na cadeira e respiro fundo. Pela primeira vez em meus vinte anos
há uma garota em minha cama e não aconteceu nada entre nós,
pelo contrário ela me odeia.

A sacada tem a vista para um dos parques de

Tuscaloosa[10], nossa casa fica logo atrás, é uma mistura de verde

e até mesmo é possível ver um pouco do lago que há no parque.


Admiro e me perco em pensamentos. Tudo está um pouco
bagunçado, deveria estar treinando com o time que sou capitão
desde o semestre passado e não me recuperando de uma lesão,

e ainda há uma garota ao meu redor, controlando meus passos.

Uma garota que me odeia.

Sou interrompido pelo meu celular vibrando em meu bolso.

Eu pego o aparelho e o nome da minha mãe está brilhando na

tela. Aceito a ligação e trago o aparelho até a minha orelha.

— Hey, mãe.

— Hey, querido, como você está?

Apoio minha cabeça completamente contra a cadeira que

mais parece um sofá e me ajeito contra as almofadas.

— Bem, e a senhora?

— Ótima, eu acabei de chegar da empresa e estou

correndo na esteira. — Posso escutar seus passos e


imediatamente uma imagem da minha mãe na academia da

nossa casa ecoa em minha mente. — E o seu ombro?

Suspiro e encaro o teto.

— Ainda um pouco dolorido.

— Você falou com Liam?

Sorrio, um sorriso sem humor.

— Sim, e ele fez Miller me encontrar uma babá. — Ela ri.

— Mãe, é sério.

Para de rir e como o barulho de seus passos cessa, ela até


mesmo de correr na esteira parou.

— Verdade?

Sua voz soa tão incrédula que acabo rindo.

— Sim, há uma garota quase vinte e quatro horas por dia


comigo, controlando meus passos e me dedurando para Miller.

— Sinto muito, querido, você quer que eu converse com

Liam? Você sabe que ainda não tem vinte e um e por isso sou

sua representante legal.

Mesmo que ela não esteja vendo balanço a cabeça

negando.
— Não, está tudo bem, ela não é tão ruim e além disso me

ajuda com as coisas que não estou conseguindo fazer por estar

com braço imobilizado.

— Defina não é tão ruim.

Claro que essa seria a única parte do que eu falei que se

interessaria e ainda entendeu errado.

— Sabe, mãe para quem nunca se casou e recorreu a uma


fertilização in vitro, a senhora é muito romântica.

Escuto-a rir.

— Eu nunca quis casar.

— Eu posso estar no seu mesmo caminho.

Provoco-a.

— Está?

— Por enquanto sim, nada de relacionamentos. — Sorrio

debochado. — Até mesmo porque seria muito egoísmo da minha


parte fazer apenas uma garota feliz quando posso fazer várias.

Escuto sua gargalhada e de repente sinto saudade da

minha mãe e de casa. Apesar de ter assumido a presidência da


empresa da família muito cedo e quando eu nasci ela já era muito

ocupada, minha mãe nunca deixou de ser presente.


Ela é a pessoa que mais amo na vida.

Converso com ela mais alguns minutos e assim que nos


despedimos e encerro a chamada eu fico em pé e entro no quarto

para ver como Abigail está e se ela precisa de algo. Encontro-a

dormindo. Observo-a por alguns segundos e sorrio, ela parece tão

tranquila.

Ainda estou sorrindo quando pego minha mochila, alguns

livros e volto para a varanda. Já que não tenho nada para fazer,

melhor estudar. Quando o Sol começa a se pôr, paro e observo o


dia ceder lugar à noite.

Como a luz do dia se esvai, fico no escuro e não volto a

resolver meus exercícios. Eu escuto meus amigos chegarem, mas


não os vejo, porque a sacada fica na lateral da casa. Continuo

onde estou e não demoro a sentir meu celular vibrar, olho para o

telefone e são mensagens dos caras. Pego o aparelho e abro o

aplicativo de mensagens.

Idiota 1: Onde você está, Ethan?

Aiden pergunta.

Idiota 2: Será que Abby o matou?

Josh sugere e reviro meus olhos.


“Estou aqui em cima, no meu quarto, Abigail e eu. E ela não me

matou.”

Idiota 3: Você seduziu a garota? Óbvio que não, né, ela

jamais seria seduzida por você.

Dylan pergunta e responde sua pergunta ao mesmo tempo.

“Ela estava com dor de cabeça e me disse que tem

enxaqueca, então a trouxe para o meu quarto e fiquei na sacada


para ela ter certeza de que não fugiria enquanto estivesse aqui.”

Idiota 1: Meu Deus, você foi domado.

Idiota 3: Quem diria, hein!?

“Vocês são uns idiotas.”

Idiota 2: Ela está bem?

“Não sei, ela está dormindo.”

Aiden está escrevendo uma mensagem, mas uma batida

na porta de vidro que liga meu quarto à sacada chama minha

atenção.

— Hey, Ethan, você ainda está aí?

Desligo o celular e o coloco dentro do meu bolso.

— Eu estou. — Sorrio. — Eu disse que ficaria aqui e não


descumpro promessas.
— Você está liberado.

Aproximo-me e espalmo minha mão no vidro, porém não


puxo a porta para o lado.

— Posso entrar?

— O quarto é seu.

Ela parece estar próxima à porta.

— Mas posso entrar? Se quiser posso te dar mais

privacidade.

— Você pode voltar para o seu quarto, Ethan.

Soa irritada. Aliás, acho que esse é o estado de espírito


costumeiro de Abigail, talvez deva chamá-la de irritadinha. Enfim,

empurro a porta para o lado e a encontro a alguns centímetros de

distância, ela realmente estava perto e de frente para a porta.

Seus cabelos estão bagunçados, seu rosto está inchado e


há marcas do travesseiro. Adorável. Ao pensar na sua reação

caso eu a chamasse assim preciso me controlar para não rir, ela

me mataria.

— Eu acabei dormindo.

Assinto e como não tenho o que falar mudo de assunto.

— Você melhorou?
— Sim.

Assinto mais uma vez.

— Está com fome? — Não espero por sua resposta e

caminho na direção da porta. — Porque eu estou, então vamos


descer e encontrar algo para comer.

Escuto seus passos, então abro a porta e a mantenho

aberta. Ela passa por mim e descemos as escadas. Nós vamos

direto para a cozinha e para nosso azar encontramos os caras.

— Olha só, quem é vivo sempre aparece.

Aiden zomba e todos olham em nossa direção.

— O que será que eles estavam fazendo?

Josh continua a provocação.

— Impróprio perguntar.

Dylan debocha, eu reviro meus olhos coloco a mão nas


costas de Abigail e aproximo minha boca da sua orelha.

— Ignore e eles irão parar em algum momento.

Ela assente e percebo seu corpo se arrepiar. Eu sorrio


satisfeito e me afasto. Nós dois pegamos as coisas para fazer um
sanduíche e nos sentamos no banco de frente para a ilha

enquanto os caras continuam rindo e nos provocando. É Aiden


que interrompe as zoações quando pergunta como Abigail está,
ela responde que está melhor.

Continuamos os cinco na cozinha, os caras e eu

conversamos como sempre, sobre os jogos, treinos, as aulas e


até mesmo mulheres, Abigail participa de nossos assuntos como
se sempre tivesse sido uma de nós, o único que ela evita sou eu.

Josh prepara a janta e ficamos o observando e quando a

comida está pronta jantamos por aqui mesmo. Aiden é o


responsável por limpar e então nos sentamos os quatro enquanto
ele coloca as louças na lavadora e limpa o que sujamos.

Perto do horário de Abigail ir embora ela e eu subimos para


o meu quarto. Eu me sento na minha cama e ela para à minha
frente, curva-se e toca a barra da minha camisa.

— Será que um dia teremos preliminares antes de você me


atacar e querer tirar a minha roupa?

Sorrio, mas ela não. Abigail odeia as minhas piadas.

— Mais fácil o mundo acabar do que você e eu termos uma

preliminar.

— Você acaba com meu ego, sabia?


Ela puxa com cuidado minha camisa para longe do meu
corpo.

— Alguém precisa colocar você em seu lugar.

Ela aplica a compressa contra meu ombro e ficamos em

silêncio. Suas mãos me tocam e elas ficam tão pequenas em


comparação ao meu corpo. Eu olho em seu rosto e observo a sua
concentração. Há algo em Abigail que chama minha atenção e faz

com que queira descobrir mais dela, descobrir tudo que ela
esconde.

Assim que terminamos, ela pega minha camisa, mas


seguro seu pulso e a detenho.

— Ficarei sem para facilitar.

Ela assente, então se afasta.

— Está na hora de eu ir.

Assinto e fico em pé.

— Eu vou com você até a porta.

Nós descemos, ela acena para os três idiotas que estão na


sala jogando vídeo e seguimos até a porta, eu a abro, ela passa
por mim e nos despedimos com um boa noite.
Observo-a entrar no seu carro e dirigir para longe, só volto
para dentro de casa quando ela dobra a rua, então volto para meu

quarto, tomo um banho e quando eu me deito na minha cama eu


sinto o seu cheiro em meus lençóis.
Abby

Minha cabeça não está mais doendo tanto, porém lá no


fundo ainda há uma dorzinha me atormentando. Antes de ligar o

carro, eu olho no espelho, percebo que estou com olheiras e

meus olhos estão um pouco inchados. Deus, estou deplorável.

Dirijo para casa evitando pensar no quanto Ethan foi legal


comigo hoje à tarde, possivelmente se não tivesse deitado e

dormido estaria mil vezes pior.

Eu conecto meu celular no carro pelo bluetooth, abro meu

aplicativo de música escolho uma e me concentro no seu ritmo e


na sua letra. É romântica e sobre término.

“Sinto muito, parece que terminamos Olhe nos meus olhos e veja

também O amor era bom, mas agora ele se foi”[11]

Nunca namorei com ninguém, nunca terminei e não tenho


intenção de me relacionar com alguém. Algumas dores são

melhores de evitar. Se nunca amar, nunca sentirei sua falta e nem

sua ausência.

Ao chegar, eu estaciono, pego minha mochila, deixo o

carro e sigo para o meu apartamento. Ao entrar encontro Brooke


e Dakota em nossa mesa uma de frente para outra e

concentradas jogando dama. Eu paro ainda com a porta aberta e

as encaro tentando entender o que está acontecendo.

— O que está acontecendo? Estão participando de um


experimento e tiveram as almas de vocês trocadas com pessoas

de setenta anos?

Brooke olha em minha direção com um sorriso debochado.

— Eu entrei para a equipe de damas da faculdade.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Há uma equipe de dama?

É a vez de Dakota olhar para mim.


— Eu fiz essa mesma pergunta.

Finalmente fecho a porta e entro em nosso apartamento.

Eu vou até o sofá, deixo a mochila ao meu lado e me jogo no


estofado.

— Há, e como estou precisando de horas achei que seria

legal participar.

Brooke dá de ombros e Dakota faz uma careta.

— E somos nós que temos que treinar com ela, porque ela

disse que sabia jogar.

— Eu sei jogar.

Brooke se justifica.

— Não muito bem.

Dakota aponta para Brooke que dá de ombros.

— Questão de prática. — Nós três rimos até que Brooke

deixa a mesa e se aproxima de mim. — Mas mudando de assunto

Dakota me contou que você está passando seus dias com o

quarteto fantástico da UA.

Senta-se ao meu lado e me encara com os olhos brilhando.

— Você poderia me apresentar a eles.


Eu mordo meu lábio inferior e olho para minha amiga como

se a estivesse analisando.

— Não sei, será que você merece?

Empurra meu ombro com o seu.

— Não seja má, eu sou uma ótima amiga.

Sorrio e a empurro de volta.

— Se surgir oportunidade apresento vocês duas para os

caras.

Brooke comemora e me abraça, eu apenas continuo


sorrindo.

— E com foi hoje?

Dakota se levanta, coloca minha mochila no chão e ocupa


o meu outro lado, então Brooke se desvencilha de mim e faço um

resumo de como foi meu dia.

— Ele é fofo e acho que talvez ele não seja como você

pensa que ele é.

Brooke defende Ethan depois de ouvir como ele me tratou


quando tive a crise de enxaqueca.

— Brooke está certa, você não pode continuar o julgando


com base em seu pai.
Antes que elas continuem falando o quanto Ethan parece

ser o cara perfeito, eu fico em pé e me viro para as duas.

— Bom, eu vou dormir, porque amanhã eu tenho que

encontrar o fofo na sua primeira aula.

— Ela está fugindo.

Dakota concorda com Brooke, então eu faço uma careta,


aceno para as duas, corro para o quarto e escuto a gargalhada

das minhas amigas.

...

Enfrentar aula com cálculo e física logo cedo foi tudo que
tentei evitar na vida e agora estou aqui, copiando vários números

e anotando tudo que a professora está falando. Deus, por que


Ethan gosta tanto de anotar?

O quarterback está ao meu lado e curva-se na minha

direção toda vez que quer que eu anote algo, ele sussurra em
meu ouvido e meu corpo se arrepia, além disso seu perfume
invade meu espaço.

O que eu fiz para merecer isso?

Eu olho para o relógio e os minutos se arrastam. Eu tenho


vontade de bater minha cabeça no apoio que está preso à cadeira
e imita uma mesa.

Juro que ao fim da aula envelheci uns quarenta anos,

talvez até esteja pronta para jogar dama com Brooke.

— Você parece que foi torturada.

Olho para o lado e encaro Ethan.

— Eu fui.

— Não foi tão ruim.

Ergo minhas sobrancelhas enquanto deixamos a sala.

— Sério que você gostou dessa aula horrorosa logo de

manhã? — Ele faz uma careta, arregala os olhos, faz um gesto


para trás com o queixo e balança a cabeça. Não o entendo e

continuo falando. — Eu preferia estar sendo mordida por


formigas.

— É sempre bom saber o que alunos pensam da nossa


aula.

A voz da professora. Viro-me para trás e abro e fecho a


boca sem saber como me justificar, ela me encara como se

tivesse cometido um crime por alguns segundos e segue em


frente.

— Eu apenas estou auxiliando seu aluno.


Ela não olha para trás. Suspiro e sinto meu rosto
queimando. É lógico que estou vermelha. Olho para o lado e
Ethan está com os lábios comprimidos um no outro para não rir.

— Não diga nada sobre isso.

Assente, mas é óbvio que está morrendo de vontade de rir.

Eu suspiro e seguimos para o estacionamento.

— Vamos para a sala de treinamento no estádio?

Pergunto assim que chegamos no meu carro e Ethan

assente. Eu libero o alarme e entramos. Hoje nenhum de nós tem

aula nesse horário e vamos nos encontrar com o Miller, ele irá

examinar Ethan junto com um médico e fisioterapeuta e irão


juntos elaborar os próximos passos para a recuperação do seu

ombro.

Dirijo para o Brynt Demy[12] e a minha intenção é seguir em

silêncio, porém Ethan não tem a mesma intenção que eu.

— Você acha que tive alguma melhora?

Pergunto e é possível perceber que está um pouco

ansioso.

— Não sei, ainda é muito cedo e no caso a sua melhora é


não ter piorado.
— Eu não tenho mais tanta dor.

Assinto.

— Isso é bom.

Voltamos a ficar em silêncio, mas não por muito tempo.

— Sua sorte é não ser aluna da professora, porque se

fosse tenho certeza de que sua vida seria um pouco difícil.

— Um pouco? — Sorrio debochada. — Talvez, nunca mais

conseguisse me formar.

Escuto o som da sua risada.

— Talvez, precisasse trocar de curso.

Eu assinto e volto a ficar quieta. O restante no caminho

Ethan vai puxando assunto e não me deixa ficar em silêncio. Eu o

respondo, mas não aprofundo os assuntos. Quanto menos eu o


conhecer melhor, não quero nutrir nem um pouco de simpatia por

ele.

Deixo o carro no estacionamento do estádio assim que

chegamos e vamos para a sala de treinamento, Miller está


esperando por nós e assim que chegamos se aproxima.

— Hey, Abigail. Hey, Ethan.

— Hey, Miller.
Respondemos ao mesmo tempo e ele nos cumprimenta

com um aperto de mão.

— Vamos ver como você está, Ethan?

Aponta para a maca, então Ethan vai até lá e se senta.

Miller faz um gesto para que eu o acompanhe e assim faço. Ele

para de frente para Ethan e eu ao seu lado.

Ele faz pergunta, ajuda Ethan a retirar sua camisa e em


seguida chama o fisioterapeuta e o médico. Juntos examinam

Ethan e chegam à conclusão de que tudo está conforme o

esperado.

Por fim, Ethan veste sua camisa e estamos liberados,


porém ele ainda está sentado sobre a maca quando a sala é

invadida por alguns caras. Não demoro a perceber que são

jogadores de futebol americano e amigos de Ethan.

Eles entram e se aproximam de Ethan, eles se abraçam,


sorriem e batem nas costas um do outro. Afasto-me e apenas

escuto o que eles estão dizendo.

— Hey, cara.

— Nós sentimos sua falta, capitão.

— Como conseguiremos jogar sem nosso quarterback?


Como já fui torturada o suficiente por um dia, saio da sala e

espero por Ethan em meu carro. Eu apoio minha cabeça contra o


banco e fecho meus olhos, mentalizo que não preciso ficar

pensando o quanto detesto jogadores de futebol, vamos lá, eu

tenho que superar. É só eles ficarem lá no canto deles e eu no


meu.

Suspiro, abro meus olhos e pego meu livro na mochila. Eu

fico lendo até que a porta do carro é aberta. Olho para o lado e

me deparo com Ethan. Ele está me encarando com a testa


franzida.

— Estava procurando por você.

— Eu estava esperando por você. — Dou de ombros,


guardo meu livro na mochila e a jogo no banco de trás. — Para

onde vamos?

— Almoçar? — Assinto. — Podemos ir para minha casa,

afinal não estamos tão longe.

Assinto mais uma vez e ligo o carro. Dirijo por alguns


minutos sem trocarmos nenhuma palavra, embora sinta o olhar de

Ethan sobre mim.


— Seu problema é com qualquer jogador de futebol

americano? — Não o respondo. — Por isso você fugiu?

Ele insiste, porém para minha sorte seu celular toca. Sigo

olhando em frente, mas pelo canto do olho o vejo pegando o


aparelho em seu bolso, aceitando a ligação e levando o celular

até sua orelha.

— Hey, Liam?

Um arrepio sobe pelo meu corpo ao ouvir o nome do meu

pai e tenho que me controlar para não fazer uma careta. Ethan é

digno de receber sua ligação, eu não.

— Sim, é uma garota, e não se preocupe, nós não iremos


nos envolver. — Não consigo ouvir o que Liam está falando, mas

é algo que faz Ethan rir. — Ela me odeia e eu sei manter o meu

amigo dentro das calças, não se preocupe.

Ele está falando de mim, será que ele sabe que sou? Não,
se ele soubesse já teria me enviado algum e-mail.

— Eu estou fazendo tudo que está ao meu alcance para

voltar a jogar o mais rápido possível. — É nítido que Ethan tem


um respeito por Liam. — Não irei decepcioná-lo, treinador.
Não consigo me segurar e meus lábios se curvam em um

sorriso debochado. Treinador. Decepção. Respeito. São palavras


que não combinam com Liam Cooper.

— Tchau, treinador e pode deixar, estou cumprindo com as

suas regras.

Ele desliga a chamada e sinto-o olhar em minha direção,


então paro de rir.

— Meu agente descobriu que é uma garota que está me

acompanhando e está preocupado que possamos nos envolver e


estou proibido de me ter um relacionamento com você.

Eu chego na sua rua, estaciono em frente à sua casa e me

viro para Ethan com um sorriso debochado em meu rosto.

— Tenho certeza de que essa será a regra mais fácil de


você cumprir.

Ele pisca em minha direção.

— Com certeza, bonitinha.


Abby

Apesar de ser sábado acordo com meu despertador


tocando, abro meus olhos irritada, porque realmente estava tendo

uma ótima noite de sono. Eu não tenho alternativa e sou obrigada

a deixar minha cama confortável e levantar.

Tudo culpa de Ethan Lewis.

Minha consciência acusa que não estou sendo obrigada a

ir até a sua casa, eu aceitei esse trabalho e estou recebendo por


isso, além de estar aprendendo algumas coisas importantes para

a profissão que pretendo seguir. Não posso ser mal-agradecida.


Suspiro, pego minha toalha e vou para o banheiro.

E até deveria ser grata a Ethan, porque se ele não tivesse

deslocado o ombro eu não teria um emprego e Liam ainda estaria

me cobrando, talvez até tivesse que ter voltado para o emprego


naquele bar, servir homens bêbados e ser assediada... apenas de

me lembrar faz com que queira fugir para um lugar bem longe.

Entro no banheiro, tiro minha roupa, entro no box e ligo o

chuveiro.

E apesar de ter que estar praticamente todos os dias ao

lado de Ethan não é algo tão ruim quanto imaginei que seria, seus
amigos são legais e ele não é sempre um babaca, é um idiota e

sei que deve ser bem pior do que aparenta, mas por algum motivo

ele tenta ser legal comigo.

A água recaí sobre mim e penso sobre a última semana.

Uma semana trabalhando com Ethan, minha rotina se

transformou totalmente, passo mais tempo com quatro caras com

quem nunca tinha trocado nenhuma palavra que com as minhas


amigas. Só venho para casa dormir e além desse tempo, meus

únicos momentos longe de Ethan, o quarterback que eu desprezo

são quando estou em aula ou na terapia.


Passou apenas uma semana, mas é louco como parece
bem mais tempo, uma eternidade.

Liam ainda não sabe que sou eu a babá do seu jogador,


porque não recebi nenhum e-mail seu e sei que se ele soubesse

já teria recebido algum. E conheço aquele homem o suficiente

para imaginar que ele odiaria que Ethan e eu nos

conhecêssemos. Ele se sentiria ameaçado, afinal alguém

descobriria seu segredinho sujo, a filha que ele esconde.

Sorrio enquanto passo xampu nos fios do meu cabelo.

Uma parte em mim gostaria que ele descobrisse e

obrigasse Miller a me demitir, porque isso faria com que ele

tivesse que me pagar uma multa. Liam me pagaria uma multa, ele

teria que de certa forma dividir seu amado dinheiro comigo.

Não sinto prazer em receber seu dinheiro, mas sim, em vê-

lo perdendo, porque para ele a maior derrota é perder dinheiro,

popularidade e em campo.

Ensaboo meu corpo com sabonete e afasto meu pai dos

meus pensamentos, ele não merece que perca meu tempo

pensando nele. Volto a pensar sobre minha semana e até foi

difícil me manter distante de Ethan, ele insiste em conversar


comigo, está a todo momento puxando assunto e tentando obter

de mim mais que respostas curtas e confesso que às vezes é


difícil. Com qualquer outra pessoa teria cedido, mas ele não é

qualquer outra pessoa.

Termino meu banho e para manter minha mente longe de

qualquer assunto relacionado a Liam e Ethan me concentro em


relembrar o que irá cair nas provas que terei na próxima semana.

É uma ótima tática, porque enquanto me seco, visto minha

roupa, tomo meu café e dirijo para a casa dos meninos não volto
a pensar em Liam e Ethan e nem no quanto os desprezo, ou

deveria desprezá-los.

Eu bato na porta e ninguém me atende, então como

domingo tento abrir a porta e novamente ela está aberta. Dessa


vez, eu vou até o quarto de Ethan abro um pouco da porta,
apenas o suficiente para ter certeza de que ele está em casa e

volto para a sala, então me deito no sofá, cubro meu rosto com
meu braço e fecho meus olhos.

Estou cansada demais e não demoro para dormir, não sei


quanto tempo eu durmo, só sei que acordo desorientada

escutando algumas vozes.


Abro os olhos aos poucos e demoro alguns segundos para

me recordar onde estou. Estou na sala de Ethan. Volto a ouvir


vozes, são os meninos. Sento-me no sofá e me alongo enquanto

olho ao redor, não encontro nenhum deles.

Eu me levanto e vou na direção de onde vêm as vozes. A

cozinha. Encontro os quatro, Aiden, Ethan e Josh estão sentados


enquanto Dylan está cozinhando. Todos olham para mim ao

notarem a minha presença.

— A bela adormecida despertou.

Aiden é o primeiro a zombar.

— E nem precisou de um beijo.

Josh continua e como não há nada que diga que os faça


parar, eu me junto a eles e me sento ao lado de Ethan, porque ele
ainda precisa de ajuda para comer. Ele me encara e sorri, como

se estivesse feliz em me ver, o que faz com que me sinta


estranha.

— Bom dia, Abigail.

Assinto e engulo em seco.

— Bom dia, Ethan.

— Você quer omelete, Abby?


Aproveito a pergunta de Dylan para desviar o olhar de
Ethan e balanço minha cabeça negando.

— Dessa vez, você não bateu em minha porta.

Respiro fundo e volto a olhar para Ethan.

— Eu fui até seu quarto e vi que você estava em casa.

Dou de ombros e ele me encara com uma falsa indignação.

— Eu poderia estar com alguém.

Sorrio debochada.

— Não seria o primeiro homem que veria nu. — Inclino a

cabeça para o lado e o encaro inocentemente. — Nem a primeira


mulher.

Ele abre e fecha a boca tentando encontrar um argumento,


ou algo que o faça ganhar no pequeno embate.

— Você perdeu, Ethan.

Josh provoca o amigo, então Ethan suspira


dramaticamente e me encara com os olhos estreitos.

— Eu perdi a batalha, mas não a guerra.

— Boa sorte na próxima, baby.


Pisco para ele e olho em frente. Os meninos começam a rir
e a zoar Ethan. Uma das coisas que eu percebi em uma semana
convivendo com eles é que sempre estão se provocando.

— Como vocês se conheceram?

Pergunto para Dylan assim que eles fazem uma pausa.

— Eu conheci Ethan na aula, porque fizemos algumas

matérias juntos.

Explica e aponta para os três que estão à sua frente.

— Eles já se conheciam.

Olho para Josh e espero que ele explique.

— Aiden é primo de Ethan e Ethan e eu somos melhores


amigos desde o quarto ano.

— Vocês se aguentam há muito tempo mesmo.

Aiden assente.

— Eu deveria receber um prêmio por suportá-los há tanto


tempo.

Josh dá um tapa em sua nuca.

— Sou eu que tenho que suportá-los.

Ethan balança a cabeça e ri.


— Eu tenho certeza de que serei considerado santo por

aguentar vocês.

Eles voltam a se provocar e eu fico apenas rindo. E como

eles têm a capacidade de mudar de assunto de repente, do nada

Aiden fica em pé e bate no balcão fazendo com que um barulho


ecoe pela cozinha.

— Nós deveríamos fazer uma festa hoje.

Apoio minhas costas completamente na cadeira e observo

a reação dos outros e por incrível que pareça nenhum deles está
olhando para Aiden como se ele fosse um maluco.

— É uma ótima ideia.

Josh concorda.

— Nós não fizemos uma festa esse semestre ainda.

Dylan complementa e todos olham para Ethan, inclusive

eu. Ele faz uma expressão de cão sem dono.

— Eu não sei. — Suspira. — Tudo depende da minha

babá.

E os quatro olham em minha direção.

— Vocês sabem, Miller irá ficar sabendo. — Dou de

ombros. — A culpa não é minha.


Olho para eles gentilmente e por fim mantenho meu olhar

em Ethan.

— Você pode ficar em outro lugar e assim seus amigos

estarão livres para fazer uma festa.

Ajo como se fosse uma sugestão inocente, mas sabemos

que não é.

— Abby, por favor, seja razoável.

Josh implora.

— Por favor.

Aiden e Dylan se juntam ao clamor. Então, volto a olhar

para eles.

— Como farão para que Miller não saiba?

— Convidaremos poucas pessoas, apenas as confiáveis.

— É Ethan quem responde e ergo minhas sobrancelhas. — É

sério.

Dylan espalma suas mãos sobre o balcão e curva seu

corpo na minha direção.

— Você é claro ficará para a festa e ajudará na


organização.

— Eu vou?
Aiden que ainda está em pé dá a volta e para ao lado de

Dylan.

— Claro, será sua primeira festa com a gente.

Aiden me responde. Josh fica totalmente de lado e faz sinal

para que eu olhe para ele. Uma parte minha quer se divertir um
pouco e ceder, mas tenho uma responsabilidade.

— Será legal, Abby. — Josh continua. — Poderá convidar

suas amigas e seremos uma grande família.

Abre seus braços e sorri, um sorriso grande e forçado. Eu


sorrio e balanço minha cabeça.

— Você está forçando um pouco.

— Vamos lá, Abigail, você me odeia, mas gosta dos meus

amigos. — Faz um gesto para seus amigos. — Além disso, você


está presa a mim há dias e não se diverte e prometo me

comportar.

Sinto todos os olhares sobre mim — Será divertido, Abby.

Aiden insiste, então suspiro e assinto.

— Ok, mas se Miller souber disso você assume as

responsabilidades, Ethan.

Ele sorri e assente. Eu espero não me arrepender.


...

Eu nunca pensei que organizar uma festa fosse tão

trabalhoso, mas é. Estou exausta quando acabamos e juro que

enquanto dirijo para casa para trocar de roupa pondero não voltar
e ficar dormindo em minha cama.

Claro que não é o que acontece, porque as meninas estão

prontas e sentadas no sofá me esperando. Brooke está eufórica e


Dakota um tanto estranha. Sem escapatória tomo um banho e

visto uma roupa adequada, saia de couro, top branco, tênis e

prendo meu cabelo Vamos no carro de Dakota e ela é quem

dirige, eu vou no banco ao seu lado e Brooke entre nós no banco


de trás. E quando chegamos Dakota encara a casa surpresa.

— Uau.

— Já tinha ouvido falar que eles moram em um lugar

luxuoso, mas não esperava algo assim.

Brooke complementa, eu sorrio e abro a porta.

— Vamos lá.

Saio do carro e minhas amigas fazem o mesmo. Nós


seguimos em direção a porta que está aberta. A noite está

estrelada e iluminada o que faz uma noite perfeita para uma festa.
Entramos e não há ninguém, eu guio as meninas para a

sala que agora está com os móveis afastados, há um globo de luz


fixo no teto e música ecoa pelo cômodo.

— Hey, eu cheguei.

Grito enquanto Brooke e Dakota olham ao redor.

— Estamos na cozinha.

É Aiden quem responde, então dou a volta e sigo para a

cozinha, escuto os passos das meninas e sei que elas estão me

seguindo. Encontro Aiden e Josh abastecendo o freezer com mais

cerveja.

— Ela chegou. — Aiden se vira em nossa direção e sorri.

— E as suas amigas.

Olha para trás e fita as meninas.

— Essas são Brooke e Dakota.

Aponto para minhas amigas e nesse momento Josh olha

em nossa direção, mas detém seu olhar em Dakota. Ela segue

sorrindo, mas ele tem a expressão fechada. O que está


acontecendo?

— Vocês se conhecem?

Olho para os dois e é Dakota que me responde.


— Nós estamos fazendo teatro juntos.

— Desde quando vocês fazem teatro?

Pergunto para os dois, porque nenhum deles comentou

que estava no teatro.

— Segundo a minha professora de artes precisava

desenvolver minha relação com as pessoas.

Dakota responde.

— E eu preciso de horas.

Josh dá de ombros. Nós quatro ficamos em silêncio até

que Aiden percebe o clima estranho e olha para as meninas.

— Se são amigas da Abby são minhas amigas. — Sorri e

pisca para elas. — Sintam-se em casa.

Brooke se aproxima e Dakota a segue, as duas se sentam

uma ao lado da outra nos bancos e de frente para Aiden.

— Pode deixar, bonitão.

Aiden sorri, espalma suas mãos na ilha e curva seu corpo

para a frente até ter o rosto a centímetros de Brooke.

— Gostei disso, gata.

É claro que os dois iriam flertar. Eu reviro meus olhos e me

viro para Josh.


— E Ethan e Dylan?

Josh abre a boca para responder, porém a voz de Ethan


nos interrompe.

— Sentindo minha falta, bonitinha?

Ele caminha em minha direção com um sorrisinho no rosto,

eu encaro o copo que tem em mãos.

— Você está bebendo.

Para ao lado, curva-se e aproxima a boca da minha orelha.

— Só um pouquinho. — Meu corpo se arrepia e respiro

fundo. — Você deveria fazer o mesmo.

Encaro o copo. Eu quero beber, mas não deveria.

— Só hoje, Abigail.

Ergo minha cabeça e encontro seu olhar me desafiando,


então, eu tenho a péssima ideia de pegar o copo e trazê-lo até a

minha boca.
Abby

Duas horas depois eu aprendo que não deveria ter


confiado neles quando disseram vamos chamar poucas e apenas

pessoas confiáveis, porque duvido que somente pessoas

confiáveis seriam capazes de lotar uma casa.

Há pessoas pela sala, pela cozinha, pelo jardim e aposto


que em breve haverá pessoas pelos quartos.

Cerca de meia-hora depois que eu cheguei com as


meninas as pessoas começaram a chegar. Tudo parecia estar

sobre controle até que o caos se instalou.


Alguns dançam, outro bebem e há até mesmo pessoas na

piscina. E pela minha experiência em festas sei que tudo irá piorar
quando todos começarem a realmente a ficarem bêbados.

Brooke e Dakota estão se divertindo, bebendo,


conversando e dançando. E eu também estava até me dar conta

de que possivelmente Miller ficará sabendo que ocorreu uma

festa na casa de Ethan e nós dois estávamos presentes.

— Curta a festa, Abby.

Brooke sussurra em meu ouvido, em seguida se afasta,

ergue as mãos para cima e dança. Ela faz uma careta engraçada
então balanço minha cabeça e sorrio.

— Vou pegar mais bebida que meu copo está vazio.

Ela assente e Dakota faz menção de me acompanhar, mas


ergo minha mão e a paro.

— Pode ficar aqui.

Antes que ela proteste abro espaço entre as pessoas e

deixo a sala. Enquanto caminho, olho ao redor e as luzes estão

mais brilhantes, não estou tonta e nem vendo tudo embaçado. As

coisas estão diferentes e sei que isso é culpa da cerveja. O


quanto eu bebi? Talvez, seis copos, ou mais. Não é muito, mas
não é pouco.

Estou começando a ficar bêbada e se não parar daqui a


alguns minutos estarei pior.

Sigo para a cozinha, abro a geladeira, pego uma das

garrafas de cerveja e a despejo em meu copo.

Como não há como Miller não ficar sabendo dessa festa

melhor aproveitar, não é? Divertindo-me ou não posso ser

demitida, então melhor que seja me divertindo.

— Você tem uma ruga em sua testa e não parece estar se

divertindo.

Fecho a geladeira e me deparo com Ethan ao meu lado,

ele está com o copo apoiado na parede.

— Você sabe que Miller ficará sabendo disso, não é?

Aproximo-me até a estar à sua frente e cruzo meus braços

sob meus seios.

— Não ficará sabendo.

Sorrio sem humor e ergo minhas sobrancelhas.

— É claro que ficará sabendo, não tem como todas essas

pessoas serem confiáveis.


Ele faz uma careta.

— Não convidamos todas as pessoas, porém souberam da

festa e estão aqui.

Típico dos estudantes.

— Bom. — Dou de ombros e trago o copo até a minha

boca. — Como serei demitida de qualquer maneira vou me afogar


no álcool.

Bebo um gole de cerveja e a bebida está extremamente


gelada o que é agradável.

— Você não será demitida.

Sorrio com o copo ainda perto da minha boca.

— Você não tem como me garantir isso.

Bebo mais um gole de cerveja.

— Verdade, mas se ele te demitir eu pago o que você


receberia.

Não acredito muito no que ele está falando, apesar de

saber que ele tem dinheiro, entretanto não irei discutir sobre.
Algumas batalhas não valem a pena ser disputadas e por isso

afasto o copo da minha boca e aponto meu dedo na sua direção.

— Isso é justo.
Muito justo. Ele assente, dá um passo em frente e para a

alguns centímetros de mim. Como sou muito mais baixa que ele
encaro seu peito. A camisa preta está colada ao seu corpo e

deixa alguns dos seus músculos evidentes.

Posso não gostar de Ethan, mas tenho que admitir que ele

é bonito e gostoso.

Ergo minha cabeça e meus olhos encontram os seus. Ele


está me encarando de forma intensa, ele não está sóbrio. Os

segundos passam e continuamos nos encarando, seu perfume


forte e amadeirado me atinge e minha respiração se altera. Meu

peito sobe e desce rapidamente e meu coração acelera.

Ele estreita seus olhos e sorrio, ele acha que irei me

afastar? Porque, eu não vou. Por fim, ele sorri e pisca para mim.

— Vamos nos divertir, bonitinha.

Passa seu braço bom pelos meus ombros e dá um passo


em frente.

— Você não deveria me tocar.

Protesto, mas não me afasto, pelo contrário faço o mesmo

que ele e caminho em frente. Ele nos guia para o jardim. O ar


noturno e o vento nos atingem assim que deixamos a porta de
vidro que interliga jardim e cozinha.

O barulho é menos caótico que lá de dentro e está mais


iluminado, mesmo assim é possível ouvir risadas e conversas,
além de claro a luz parecer um pouco distorcida.

Damos alguns passos até que Ethan ergue seu dedo e


aponte na direção do fundo do jardim onde há uma roda de
pessoas.

— Eu sou o rei de Beer Pong.

Olho mais atentamente e percebo que há uma mesa


cumprida com copos em suas pontas e dois jogadores, um em
cada lado. Eles têm um bolinha de Ping Pong e tentam acertar os

copos que estão à frente do adversário, se acertar o oponente


deve beber e tirar o copo da mesa, quem acabar primeiro com os

copos do adversário ganha.

— Uma pena que o rei está fora do jogo.

— Quem disse?

Desvencilho-me dele.

— Seu ombro está dizendo.


Encaro o seu ombro e sorrio. Estou sorrindo sem motivos
específicos, porque tudo parece mais divertido.

— Eu poderia vencê-la apenas usando um braço.

— Você não poderia.

— Eu poderia, quer apostar?

Seus olhos estão brilhando e ele está me desafiando.

Mesmo sabendo que irei ganhar ele quer me desafiar, realmente


está muito bêbado e talvez devesse me aproveitar da ocasião.

— Será a aposta mais fácil de ganhar.

Viro-me, fico de costas para Ethan e caminho na direção

da mesa e do grupo de pessoas.

— Se eu vencer, o que irei ganhar?

Sussurra logo atrás de mim, então sorrio e olho para ele.

— O que você quiser. — Dou de ombros. — Mas eu irei

ganhar e irei pedir o que quiser.

Sorrio como se estivéssemos dividindo um segredo.

— Fechado.

Estende-me a sua mão, então me viro ficando de frente

para ele e a aperto.


— Fechado, Ethan Lewis.

Deixo que seu nome saia de forma arrastada da minha


boca. Assim como eu ele está sorrindo. Eu volto a olhar em frente

e com Ethan logo atrás de mim me aproximo da mesa.

— Nós somos os próximos.

Ethan grita e ninguém se opõe, aliás pela forma como

todos o encaram ele realmente deve ser bom. O que não me

intimida, pelo amor de Deus ele está com o ombro deslocado.

Nós ficamos um ao lado do outro assistindo a atual dupla,


são dois caras e um deles está bem mais na frente. Falta acertar

apenas três copos e ele não demora a fazer isso, então enquanto

ele zoa o seu adversário, eu olho para Ethan e ele faz um gesto

com a cabeça na direção da mesa.

— Vamos lá, bonitinha.

— Vamos lá, quarterback.

Ele e eu nos aproximamos, arrumamos os copos, alguém


que eu não conheço os enche com bebida, pegamos as bolinhas

e ficamos um de frente para o outro.

— Pode começar, Abigail.


Assinto, encaro os copos à minha frente e jogo a bolinha,

ela quica uma vez na mesa e cai no chão. Não passou nem perto,

eu faço uma careta e Ethan sorri.

— Pronta para perder?

— Não irei perder.

Ele ergue seu braço esquerdo, estreita seus olhos, encara

os meus copos e faz seu lançamento. Ele quase acertou.

— Ops, você errou.

Comemoro e ele segue sorrindo vitorioso.

— Foi só a primeira, Abigail.

Preparo-me para a minha próxima jogada e assim como a


primeira eu erro. Faço um beicinho, eu achei que dessa vez iria

acertar.

— Eu já escolhi qual será meu prêmio.

Ethan se vangloria e eu cruzo meu braço sob meus seios.


Ele se prepara e parece confiante. Eu fico um pouco ansiosa

enquanto aguardo sua segunda tentativa e quando ele acerta

meu copo meu coração acelera. Droga!

— Beba, Abigail.
Sem alternativa descruzo meus braços, pego o copo, tiro a

bolinha que está flutuando na bebida e tomo a cerveja de uma


única vez, o que faz o pessoal ao nosso redor gritar.

— Cuidado, se estiver bêbada ficará mais fácil para eu

ganhar.

Deixo o copo no chão e o encaro com um sorriso.

— Não se preocupe, irei acertar a próxima, Ethan.

E eu acerto. Ele erra a terceira, empatamos e comemoro,

porém, minha felicidade dura pouco porque erro a quarta e ele


acerta. Ele acerta três seguidas e eu apenas uma. Nosso placar

está 4 x 2 e o álcool começa a fazer efeito.

Eu perco as contas conforme jogamos e tudo que sei é que

em certo momento estamos em 9 x 7, uma e ele ganha.

— Um rei é um rei, Abigail.

Seus olhos estão brilhando assim como os meus, nós dois

estamos bêbados. Foi uma péssima ideia termos vindo jogar esse

jogo.

— Não se vanglorie antes do tempo.

Ele sorri, ergue seu braço, lança a bolinha que quica na

mesa e acerta o último copo. O pessoal que está nos assistindo


comemora. Ethan me encara com um sorriso no rosto.

Faço uma careta enquanto pego o último copo, Ethan

caminha na minha direção. Eu tiro a bolinha e viro de uma vez a

bebida em minha boca. Assim que descarto meu copo me


aproximo de Ethan que está me esperando com um sorrisinho de

lado há quatro passos de mim.

Eu paro a centímetros dele, porém ele diminui ainda mais a


distância entre nós. Eu preciso erguer meu rosto para o encarar e

meus olhos encontram os seus.

— Você sabe qual será o meu prémio, Abigail?

Balanço minha cabeça incapaz de falar algo, porque ele


está muito perto.

— Você irá me dar uma chance de ser seu amigo.

Sorrio.

— Você não pode estar falando sério.

Ele enlouqueceu?

— Eu posso pedir o que quiser, lembra?

Cruzo meus braços e balanço minha cabeça.

— Nem pensar.

Por que ele quer ser meu amigo?


— Vamos lá, por que será tão difícil?

— Porque eu não gosto de você.

E não quero gostar, mas deixo essa parte de fora.

— Tudo que eu quero é uma chance de provar que não

sou tão ruim quanto acredita que eu sou.

Ele está me encarando de uma forma tão gentil, como se


tudo que quisesse na vida fosse ser meu amigo. Eu estou bêbada

e confusa. Eu não deveria concordar com essa loucura, porém eu

fiz uma aposta e aposta é aposta.

— Tudo bem, Ethan.

Seus olhos brilham e ele sorri animado.

— Você não irá se arrepender.

Passa seu braço pelo meu ombro e eu suspiro.

— Eu espero que não.

— E como amigos iremos beber.

Ele nos guia de volta para cozinha. Eu não me oponho,

porque beber mais parece uma ótima ideia mesmo que já esteja
um pouco tonta, minha boca um pouco dormente e que tudo ao

meu redor pareça mais colorido.


Vamos para a cozinha, Ethan pega dois copos e os deixa
sobre o balcão, eu pego a cerveja na geladeira e as despejo

sobre eles. Descarto a garrafa em algum lugar e então pegamos

nossos copos e Ethan o ergue na minha direção.

— À nossa amizade.

Bato meu copo no seu.

— À nossa amizade.

Nós ficamos um ao lado do outro, apoiados no balcão e


bebendo.

— Qual a sua cor favorita?

Olho para ele sem entender.

— Por quê?

— Porque amigos sabem a cor favorita um do outro.

Reviro meus olhos, mas o respondo.

— Preto.

Ele sorri.

— Isso não me surpreende e a minha é vermelho.

— Por causa do time.

Ele assente.
— Prefere gato ou cachorro, Abigail?

— Gato, e você?

Ethan responde cachorro e continuamos conversando


sobre as coisas favoritas um do outro até que Dylan, Aiden, Josh,
Brook e Dakota se juntam a nós. Todos estão bêbados, acho que

não há ninguém sóbrio nessa casa.

Eles nos encaram com uma expressão de choque ao

perceberem que estamos rindo e próximos um do outro.

— Vocês não parecem estar brigando.

Josh transforma o que todos estão pensando em palavras.

— Nós somos amigos.

Ethan explica e todos me encaram surpresos, então dou de


ombros.

— Eu perdi uma aposta e agora Ethan está tentando me

convencer de que não é tão ruim quanto eu acho que ele é.

Todos eles riem e somos alvo das provocações dos cinco.


Nós ficamos na cozinha por um tempo até que estejamos

bêbados demais para ficarmos em pé. Tudo está uma confusão e


não consigo saber exatamente o que estamos fazendo.
Vamos para a sala. Brooke e Aiden somem, Dakota e Josh
estão brigando e não entendemos o porquê, Ethan e eu os
deixamos em pé perto da escada e nos sentamos no sofá que

estava ocupado por pessoas, mas os mandamos sair, afinal o


dono da casa tem prioridade.

Nós estamos um ao lado do outro em silêncio e eu nem


consigo pensar em nada, porque estou realmente em outro
mundo por causa da bebida. E do nada olho ao redor e percebo

Kimberly nos encarando. Eu nem sabia que ela estava aqui.

Eu me aproximo de Ethan e sussurro para que apenas ele

escute.

— Acho que ela está esperando que você vá até ela e a

chame para o seu quarto. — Encara-me confuso. — Kimberly.

Ele não olha para ela e sorri.

— Hoje, eu estou com a minha amiga e vou ficar bem aqui.

Eu assinto e não sei em que momento inclino minha

cabeça e a deixo apoiada sobre seu ombro esquerdo, mas eu


faço. O mundo está girando e meus olhos estão pesados. Ethan
passa seu braço pelos meus ombros, respiro fundo e me ajeito

ficando praticamente deitada contra seu peito.


Eu fecho meus olhos e me permito dormir.
Ethan

Uma claridade me incomoda e conforme vou despertando


me dou conta de que várias coisas me incomodam. Uma dorzinha

em meu ombro, minha garanta seca, minha cabeça doendo e a

sensação de que um caminhão passou por cima de mim.

Eu abro meus olhos, mas a luz é demais e volto a fechá-


los. Respiro fundo e me certifico de que há alguém sobre meu

peito. Pelo perfume é Abigail. O que ela está fazendo aqui?

Droga, onde estamos?


Pela forma deplorável como estou me sentindo sei que

estou de ressaca e assim que forço minha mente recordo tudo


que aconteceu ontem à noite. Algumas cenas são mais

embaçadas e rápidas o que só demostra que realmente metemos

o pé na jaca, porém me lembro de tudo, inclusive que agora


Abigail e eu somos amigos. Ou pelo menos ela irá me deixar

tentar ser seu amigo.

Com cuidado volto a abrir meus olhos e encontro a sala da

minha casa à minha frente, ou o que deveria ser a sala. Há copos

e garrafas de cerveja por toda parte. Caralho, esse é somente um


pouco do estrago.

Abigail continua deitada em meu peito de modo que não

consigo levantar e como a outra parte do meu corpo está


imobilizada não a consigo afastar. Eu olho para baixo e meu olhar

percorre pelo rosto de Abigail, ela está com os lábios meio

entreabertos e suas sobrancelhas não estão franzidas como

normalmente estão. Ela parece tão calma, muito diferente do que

realmente é quando está acordada, essa observação faz com que

um sorriso surja em meus lábios.

Ela tem a mão espalmada em meu peito, sobre meu

coração. Ontem ela apoiou a cabeça em meu ombro e foi no


automático que a abracei e a puxei contra meu corpo, porém
quando fechei meus olhos nada pareceu mais certo. Apesar de

me lembrar de tudo, ou quase tudo, não me lembro de ter

adormecido.

Minha cabeça e ombro estão doendo, minha garganta está

seca e continuo aqui, sem me movimentar, porque ela está

dormindo em meus braços.

Eu continuo a encarando e me pergunto como posso

provar para ela que não sou como ela pensa. Sequer sei o porquê

ela realmente me odeia. Sei que ela não gosta de mim e de

nenhum jogador de futebol americano, entretanto não tem nada

contra outros atletas. Será que algum outro jogador a magoou?

Um relacionamento fracassado explicaria muitas das suas


atitudes.

E o que ela acha de mim? Que sou um completo imbecil.

Conquistar Abigail não parece uma tarefa difícil, mas é, e

eu irei conseguir. Eu provarei que sou alguém que deve ser

chamado de seu amigo.

Os minutos passam e meu ombro lateja de dor. Droga,

deve ser a posição que estou. Eu faço pequenos movimentos na


tentativa de diminuir a dor e sem querer acabo acordando Abigail.

Primeiro ela suspira, em seguida resmunga e só depois

abre seus olhos, porém segundos depois volta a fechá-los.

— Bom dia, bela adormecida.

Sorrio e o gesto faz com que minha cabeça doa. Porra!

Abigail volta a abrir seus olhos agora mais lentamente e


assim que seu olhar encontra o meu franze sua testa e se

desvencilha de mim.

— O que diabos estou fazendo aqui?

Faço um beicinho dramático com meus lábios.

— Você não se lembra da noite que dividimos?

Ela leva sua mão até sua testa e a pressiona com seus
dedos.

— Eu lembro. — Resmunga. — Não deveríamos ter


dormido aqui.

Eu faço uma careta.

— Não mesmo.

Ela suspira.
— Seu ombro está doendo? — Assinto e é a sua vez de

fazer uma careta. — Nós fomos muito irresponsáveis.

Realmente fomos, não há como dizer que não.

— Somos jovens e faz parte.

Ela morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Espero que você esteja assim tão otimista quando Miller


acabar com nós dois.

Ela fica em pé.

— Aonde você vai?

Ela olha para mim e faz um gesto com a mão para que eu
levante.

— Aonde nós vamos. — Repete o gesto. — Precisamos


aplicar uma compressa de água fria em seu ombro.

Faço o que ela está pedindo e deixo o sofá, eu fico em pé


e de frente para Abigail.

— Antes posso tomar um banho? — Faço uma expressão

de nojo. — Eu estou fedendo e acho que alguém derrubou


cerveja em mim.

— Ok. — Também faz uma cara de nojo. — Aparentemente


alguém também derrubou cerveja em mim, aliás o ar está poluído
com cerveja.

Enrugo meu nariz, porque o cheiro de bebida realmente

está impregnado no ar.

— Será tão trabalhoso limpar tudo.

Olho ao redor e tudo está uma bagunça. Copos, bebidas e

até mesmo resto de cigarros estão pelo chão e pelos móveis.

— Eu não quero nem pensar nisso que minha cabeça dói

ainda mais.

Abigail resmunga e enruga a testa.

— Vamos, eu tenho remédio para dor em meu quarto.

— Vai subindo que eu irei buscar uma garrafinha de água

na cozinha.

Assinto e sigo para as escadas enquanto Abigail vai até a

cozinha. Conforme subo os degraus encontro mais garrafas,


caralho, por que as pessoas não podem ser bêbadas conscientes
que jogam os lixos no lixo?

Pelo menos não encontro ninguém dormindo nos

corredores.

Meu quarto está trancado e por isso pego a chave em meu


bolso, em seguida abro a porta e entro no cômodo. Um lugar
limpo.

— Talvez fique o dia todo trancado aqui.

Enquanto espero por Abigail, tiro meu relógio e esvazio os

bolsos da minha calça, deixo celular e carteira sobre a cômoda.

Como está um pouco quente e ainda me sinto abafado

pelo caos que está lá embaixo eu vou até a porta que leva até a

sacada e a abro. Há um vento e respiro fundo. Ar limpo.

— Você nem imagina o horror que está a cozinha.

Viro-me e Abigail realmente parece estar assustada

enquanto entra no quarto.

— Sua sorte é que não precisará limpar nada disso. —


Suspira e faz uma careta. — Você não pode, logo, eu terei que

fazer o seu trabalho.

— Adoraria dizer que os meninos irão ser bonzinhos e


dispensar sua ajuda, mas isso não irá acontecer.

— Cavalheirismo realmente morreu.

Resmunga e eu me controlo para não rir.

— Bom, eu vou para o banho.

Ela assente, larga uma garrafinha de água sobre a cômoda

e se aproxima.
— Eu ajudo você a tirar a camisa.

Leva suas mãos até a barra da minha camisa e eu sorrio.

— Adoro como você sempre está pronta para me deixar

nu. — Revira seus olhos. — Hey, você não pode revirar mais os

seus olhos, nós somos amigos agora.

Ela me ajuda a tirar a camisa, joga-a sobre a cama e dá um

passo para trás.

— Sempre irei revirar meus olhos quando fizer essas

piadinhas ruins independente se somos amigos, ou não. — Apoia


suas mãos em sua cintura. — E ainda não somos amigos, você

está tentando me provar que pode ser meu amigo.

Abigail tem os cabelos uma bagunça, sua maquiagem

também não está das melhores, sua roupa está fora do lugar e
sua bolsa está transpassada pelo seu corpo e torta. E a sua

posição contribui para ela parecer adorável.

— Ok, ok, Abigail, você é difícil, entendi. — Antes que ela


faça o que eu acho que irá fazer aponto meu dedo em sua

direção. — Não revire seus olhos.

Ela morde seu lábio para não rir e uma satisfação vibra em

meu peito. Talvez, meu primeiro objetivo como alguém que quer
ser seu amigo seja a fazer rir.

Eu me afasto de Abigail e vou até o móvel que fica ao lado

da minha cama, na segunda gaveta estão os meus remédios e

pego alguns para resseca, então jogo-os sobre o colchão.

— Esses são os remédios para ressaca que eu tenho.

Volto a olhar para Abigail e ela ergue suas sobrancelhas.

— Você tem muitos remédios para ressaca.

— O seguro morreu de velho.

Ela balança a cabeça de um lado para o outro e tem os

lábios curvados em um quase sorrio.

— Alguém deveria proibir você de fazer essas piadas


horríveis.

Curva seu corpo e pega duas cartelas de comprimidos, um

para dor de cabeça e outro para o estômago. Ela vai até a

cômoda, pega a água, engole os comprimidos e a bebe logo em


seguida.

— Como não estou mais tomando remédio para dor posso

tomá-los, não é?

Ela assente e me entrega dois comprimidos, trago-os até

minha boca, engulo-os e ela me alcança a garrafinha de água.


Enquanto, tenho a garrafa em meus lábios, a mesma que ela

tinha há poucos minutos, encaro-a e ela não desvia o olhar do


meu.

Existe algo em Abigail que me intriga, chama minha

atenção e me puxa na sua direção.

Deixo a garrafinha sobre a cômoda e olho na direção do

banheiro.

— Eu vou tomar banho.

Ela assente, então olho para ela uma última vez e vou para
o banheiro.

Enquanto a água cai sobre meu corpo, recordo de como

acordei, da sensação de ter Abigail em meus braços. É diferente.

Nunca tive uma garota tão perto, não sem intenção sexual.
Apesar de diferente e novo, não é ruim. Pelo contrário está longe

de ser desagradável.

Após o banho escovo meus dentes e deixo uma escova


nova sobre a pia, caso a Abigail queira usá-la.

Esqueci de trazer minha cueca e minha bermuda e sou

obrigado a voltar para o quarto apenas com uma toalha ao redor


da minha cintura. Abigail está sentada em minha cama e

mexendo em seu celular.

Ela ergue seu olhar ao perceber que retornei e por alguns

segundos encara meu abdômen, eu sorrio e passo a mão pelo


meu cabelo molhado o afastando do meu rosto.

— Gostando do que vê?

Provoco-a e ela faz uma careta.

— Você não tem nada de especial.

Eu não acredito nela e continuo sorrindo.

— Eu sei que sou bonito e gostoso, Abigail.

Bufa.

— Você se acha muito, Ethan e preciso revelar para você


que não é isso tudo.

— Vire-se para que eu possa colocar uma bermuda.

Ela não faz o que pede, mas se joga para trás e se deita na
minha cama com os olhos fechados.

— E só para constar nunca ninguém reclamou da minha

aparência, inclusive há uma fila de garotas querendo um

pedacinho do quarterback aqui.


Eu falo enquanto vou até o guarda-roupa e pego uma

cueca e uma bermuda.

— Ethan?

— Sim.

— Não me faça me arrepender de ter dado essa chance

para você.

Minha gargalhada ecoa pelo quarto e ainda estou rindo

enquanto me visto. Eu preciso respirar fundo para parar de rir.

— Prontinho.

Abigail volta a se sentar e faz uma careta.

— Estou fedendo e grudenta.

— Você pode tomar um banho e vestir uma das minhas

camisetas. — Ela parece pensar sobre minha proposta. — E há

uma escova de dente em uma embalagem lacrada sobre a pia do


banheiro.

Suspira e fica em pé.

— Ok, mas só porque estou muito fedida e devo demorar a


ir para casa, visto que Dakota e Brooke já foram embora e estou

sem carona.
Dá de ombros e eu apenas assinto. Abigail caminha para o
banheiro e eu fico olhando para ela, principalmente para suas

pernas e bunda. Ela é bonita e por um momento uma imagem

dela com as pernas ao redor da minha cintura e minhas mãos em


sua bunda ecoam em minha mente.

Caralho, pensamento proibidos.

Rapidamente desvio os olhos dela e me concentro em


qualquer outra coisa. Encaro minha toalha que ainda está na

cama e isso me faz lembrar de algo, volto a olhar para Abigail e

dessa vez me detenho em seu rosto.

— Há toalhas limpas embaixo da pia.

— Ok, obrigada.

Ela entra no banheiro e por alguns segundos fico


encarando a porta que acabou de fechar, então pisco algumas

vezes e vou até a cômoda, pego meu celular e me sento na cama


com as costas apoiadas na cabeceira e meu cotovelo apoiado em

um travesseiro.

Ainda estou com um pouco de dor, mas diminuiu. Eu fico

conferindo as fotos e vídeos em que fui marcado na noite


passada, há inclusive Abigail e eu no Beer Pong, é divertido de
assistir, porém com certeza, Miller deve estar sabendo e não deve
estar nada feliz.

Espero conseguir proteger Abigail e é com esse intuito que

envio um e-mail para Miller dizendo que fui eu que convenci


Abigail a participar da festa, ela não teve culpa e não deve ser
punida. Eu sou o irresponsável.

Envio o e-mail e no mesmo instante escuto a porta do

banheiro ser aberta, eu olho para cima e encontro apenas a


cabeça de Abigail em uma fresta.

— Eu preciso da camisa.

No mesmo instante deixo meu celular de lado e fico em pé.


Eu vou até meu armário e pego uma das minhas camisas do
Crimson Tide com meu número atrás, porque é uma das maiores.

Levo-a para Abigail e a entrego, ela pega e só então se dá conta


que é uma camisa de time.

— Você não vai me fazer usar isso.

Ela me encara furiosa.

— É a maior.

— Ethan você está fazendo de propósito.

Dou um passo para trás.


— Ou você veste isso, ou não veste nada.

Se um olhar fosse capaz de matar, eu estaria morto nesse

momento. Ela fecha a porta com força e sorrio. Eu fico em pé a


esperando e depois de alguns minutos ela deixa o banheiro.

A camisa está enorme nela, um vestido, e ela está com a


testa franzida, segue me encarando como se quisesse me matar.
Ela está além de adorável e preciso me controlar para não deixar

meus pensamentos irem para um lugar que não devem.

— Vamos logo fazer compressa.

Ela desce até a cozinha e a espero sentado na cama. Ela


não demora a voltar e se posiciona a minha frente. Abigail tira
minha tipoia e pressiona a compressa em meu ombro. Droga, eu

estou com dor. Meu humor se torna péssimo, resmungo e reclamo


a todo instante. Por fim quando acaba suspiro aliviado.

— Você está parecendo um bebê chorão. — Não respondo

a sua provocação e ela estreita seus olhos. — Você está bem?

Assinto e ela morde sua bochecha. Ela não acredita em


mim.

— Hey, vai ficar tudo bem.


Continuo a encarando enquanto ela mantém a mão contra
meu ombro. E mesmo com dor, mesmo sabendo que não é um

bom indício, respiro aliviado e acredito que tudo ficará bem.


Abby

Estou atrasada para a primeira aula de Ethan, porque meu


professor ficou além do tempo explicando como ele quer o

resumo que devemos entregar para ele.

Droga!

Eu tento avisá-lo e me dou conta de que não tenho seu

número. Espero que ele e Dylan tenham guardado um lugar para

mim.

Entro no prédio e estou praticamente correndo. O corredor

está vazio, o que significa que a aula já começou, todos irão


perceber que cheguei atrasada.

E como imaginei ao entrar na sala sou alvo de todos os

olhares inclusive do professor, será que irei conseguir ser odiada

por todos os professores de engenharia? Sorte que não tenho


nenhum interesse na área.

Procuro por Ethan e Dylan eles estão na quarta fileira e há

um lugar ao lado de Ethan, respiro aliviada e vou até eles.

— Hey, Dylan, Hey, Ethan.

Sussurro.

— Hey, Abby.

— Hey, Abigail.

Respondem ao mesmo tempo e me sento ao lado de

Ethan, ele está com seu corpo curvado na minha direção.

— Você está atrasada.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Não me diga, gênio.

Ele sorri e me entrega caderno e suas canetas.

— Como sempre bem-humorada.

Suspiro.
— Eu iria te avisar, mas não tenho seu número.

Ele franze a sua testa.

— Verdade e precisamos mudar isso.

O professor para de falar e sinto todos os olhares sobre

nós dois. Eu olho para Ethan, ele olha para mim e juntos nos

viramos e encaramos o professor que está nos fitando com uma

expressão fechada.

— Estou interrompendo algo?

Sinto meu rosto ficando vermelho.

— Desculpe, professor.

Ethan consegue falar, mas eu não, apenas sigo olhando

para o professor que assente e volta a dar sua aula. É, todos os

professores de engenharia acabarão me odiando em algum

momento.

Dylan ri e eu continuo olhando em frente. Eu presto tanta

atenção na aula que ao fim dela juro que conseguiria resolver


alguns problemas de estatística.

Ethan, Dylan e eu deixamos a sala em silêncio e só me viro


para os dois quando estamos no corredor.
— Eu vou terminar esse período que estou com o Ethan

sendo odiada por todos os professores Caminhamos rumo à


saída do prédio.

— É impossível odiar você, Abby.

Dylan passa seu braço pelos meus ombros e beija a lateral


da minha cabeça.

— Não duvide da capacidade dela de irritar os professores.

Ethan debocha.

— O que você fez, Abby?

Mordo meu lábio inferior. Eu não vou contar que a

professora de terça ouviu eu reclamando da sua aula, mas é claro


que Ethan conta e Dylan gargalha.

— Vocês dois juntos são uma comédia, eu até tenho medo


do que vocês podem aprontar.

Nenhum de nós diz nada diante das palavras de Dylan e


ele continua rindo. Nós nos despedimos em frente ao seu carro e

Ethan e eu seguimos para o meu.

— Como você sentiu dor ontem acho melhor irmos para

sua casa e fazermos uma compressa de água fria.

Viro-me para o lado e ele assente.


— Ok, e podemos pedir algo para o almoço, ou

prepararmos algo.

Chegamos em meu carro, desativo o alarme e entramos.

Enquanto dirijo, vejo pela minha visão lateral Ethan pegar seu
celular.

— Qual seu número?

Dito meu número e em seguida sinto meu celular vibrar em

meu bolso.

— Você está me ligando.

— Sim, e agora você tem o meu número salvo.

— Obrigada.

— Sabe como salvei seu nome?

Mesmo sem estar vendo seu rosto sei que ele está

sorrindo, o sorriso lateral que ele usa quando está fazendo uma
das suas piadinhas.

— Eu acho que não quero saber.

Provoco-o.

— A minha bonitinha.

— Sua?
Minha gargalhada ecoa pelo carro. Minha bonitinha? Ele só
pode estar maluco. Não é algo superengraçado, mas me faz rir,
não é irônico, nem debochado, é só um sorriso.

— É a primeira vez que faço você sorrir de verdade.

Minha gargalhada cessa, mas meus lábios seguem

curvados em um sorriso.

— Não é verdade.

— É sim.

Eu tento me lembrar de alguma vez que eu ri com ele, mas

não consigo. Ele realmente está certo.

— Você tem razão.

— Sempre tenho.

Reviro meus olhos.

— Você deveria encapsular seu ego e vendê-lo.

— Você compraria? — Eu não estava esperando por essa


resposta. Abro e fecho minha boca sem saber o que falar. —

Desconcertei você, não é?

Agora ele está sendo debochado e presunçoso.

— Você não me desconcertou, você só tem a mania

irritante de sempre falar algo que não estava esperando.


— Não é irritante, é um dom.

Sorrio irônica.

— Claro, inclusive é mais uma coisa para você encapsular

e vender.

— E você deveria fazer o mesmo com suas respostas

espertinhas e azedinhas.

— Azedinhas?

Continuamos nos provocando enquanto eu dirijo. Estamos


zombando um do outro e rindo, como dois amigos. Fere meu ego

e minhas crenças admitir, mas me permitir conhecer melhor

Ethan, sem estar me lembrando de que deveria o odiar, é fácil e


agradável.

Assim que estaciono deixamos e carro e caminhamos um

ao lado do outro.

— Você fica falando de mim, mas seu ego é enorme, não

sei nem como cabe nesse seu corpo.

Olho para ele.

— Qual problema com meu corpo?

Paramos em frente à porta e ele percorre meu corpo com

seu olhar. Seu gesto faz com aprume minha postura e certo
formigamento passe pelo meu sangue, fazendo com que sinta

mais calor do que realmente estou sentindo e com que me


arrepie. Eu respiro fundo para manter o meu controle.

— Nenhum. — Olha em meus olhos. — Você é apenas

pequena.

— Nem todo mundo precisa ser um gigante igual a você.

Viro-me e abro a porta. Eu entro e ele segue logo atrás de

mim.

— Só para constar, não acho que você ser pequena seja


um defeito, aliás se for sincero é sexy.

Ele me acha sexy. Empurro a sua afirmação para o fundo

da minha mente, não quero pensar sobre isso.

— É tão bom ver essa casa limpa.

Mudo de assunto assim que entramos na sala, uma sala

limpa e diferente de como estava ontem.

— Ela estar limpa é ótimo, é incrível, o que não foi incrível

foi ter que limpá-la.

Assinto, porque ele está certo. Limpar a bagunça da festa

foi horrível e foi o que fizemos ontem o dia todo. Mesmo Ethan

com o braço imobilizado ajudou recolhendo o lixo enquanto o


resto de nós, Aiden, Josh, Dylan e eu, limpávamos. Demoramos

praticamente o dia todo e quando finalizamos nos sentamos na

sala e pedimos uma pizza.

Meu fim de domingo foi jantando pizza com quatro


jogadores e assistindo um jogo de basquete, por fim, ajudei Ethan

com a compressa e Brooke me buscou já que estava sem carro.

— Sente-se no sofá.

Deixo meus pensamentos de lado e aponto para o sofá.

Ethan me obedece e se senta, então vou até a cozinha preparo o

necessário para a compressa e assim que volto para a sala fico a

frente de Ethan e evo minhas mãos até a barra da sua camisa,


ele abre a boca e me encara com o olhar travesso, porém sou

mais rápida e falo antes dele.

— Não aguento mais ouvir essa piadinha.

— Como você sabe o que eu iria dizer?

Eu sorrio.

— Você é previsível, Ethan.

Faz uma careta dramática e exagerada, porém seus olhos


seguem travessos.

— Você é uma sem graça, Abigail.


Tiro sua camisa e a jogo ao lado no sofá.

— Você que tenta ser engraçado e não consegue.

Suspira.

— Entendi qual é o seu plano. — Ergo minhas

sobrancelhas enquanto pressiono a compressa em seu ombro. —

Ferir o meu ego.

Eu me viro para ele e ele está me encarando. Meu olhar

encontra o seu e por alguns segundos nenhum de nós fala nada.

Minha respiração se altera e posso ver seu pomo-de-adão


subindo e descendo em seu pescoço.

— Seria um prazer ferir seu ego, Ethan.

Meus lábios de repente estão ressecados e passo a língua

por eles o que faz com que Ethan acompanhe o movimento.


Minha respiração falha e volto a olhar para seu ombro antes que

pense besteiras.

Tento me concentrar, o que hoje está mais difícil que os

outros dias, porque de repente estar com as mãos em sua pele é


tão real, como se seus músculos estivessem mais evidentes.

— Você teve alguma notícia de Miller?

Puxo assunto na tentativa de me livrar do incômodo.


— Ainda não.

Mordo meu lábio por alguns segundos.

— Também não. — Suspiro. — Talvez, ele deixe para me

despedir amanhã quando formos o encontrar no centro de


treinamento.

Segura meu pulso, então volto a encará-lo e mais uma vez

meu olhar encontra o seu.

— Ele não irá demitir você.

Engulo em seco.

— Você não tem como me garantir isso.

Ele ergue seu braço e afasta alguns fios do meu cabelo


que insistem em cair em meu rosto, ele os coloca atrás da minha

orelha.

— Eu tenho.

Respiro fundo e tento manter as batidas do meu coração

normais. Droga, nós estamos perto demais um do outro. Afasto


minhas mãos do seu corpo, olho para qualquer lugar que não seja

ele e dou um passo para trás.

— Acabamos. — Forço um sorriso. — Você está sentindo


menos dores, não é?
Crio coragem e volto a olhar para ele. Ethan está sério,

como se estivesse com os pensamentos longe e assente.

— Ótimo, eu percebi, porque fez menos caretas.

Ele concorda e fica em pé.

— Vamos preparar algo para comer?

— Vamos.

Nós dois seguimos para a cozinha como se existisse um

elefante entre nós, e a sensação dura por alguns minutos.

Cozinhamos em silêncio, algumas vezes nos olhamos e abrimos a

boca como se fôssemos falar algo, mas logo em seguida


desistimos.

O que caralho está acontecendo?

Estou fazendo arroz quando Ethan pega o celular e se


apoia contra o armário que fica logo ao lado.

— Olha só, eu trabalho enquanto ele mexe no celular.

Provoco-o e nós dois suspiramos aliviamos por eu ter

quebrado o clima estranho.

— Na verdade, estava aqui conferindo uma ótima notícia

para nós dois. — Olho para o lado curiosa e ele sorri. — Minha

aula foi cancelada.


— Não sei se isso é realmente uma boa notícia. — Franzo
minha testa como se realmente estivesse com dúvida. — Porque

posso não ter que anotar nada e nem enfrentar uma aula repleta

de cálculo, porém terei que o suportar sozinha.

Ele sorri e voltamos ao nosso normal. Provocar um ao

outro. E é um alívio, porque é péssimo estar ao seu redor sem

saber como reagir.

Nós almoçamos e limpamos o que sujamos e subimos para

o seu quarto para que possamos estudar. Assim como eu ele tem

algumas provas e trabalho para entregar essa semana.

Ele se senta na sua cama e eu ocupo a sua escrivaninha.


Coloco meu fone de ouvido e foco em estudar. Eu gosto de

Biomecânica clínica, mas tem seu grau de complexidade em


alguns minutos preciso fazer uma pausa e é em uma dessas

pausas que olho para o lado e me deparo com Ethan, ele está me
encarando e me analisando.

Eu giro a cadeira e fico de frente para ele.

— Sou mais interessante do que o que está estudando?

Ele sorri de lado e assente.


— Muito mais interessante que Lógica e matemática
computacional.

Inclino minha cabeça para o lado.

— Quem diria que o quarterback mais famoso do ano seria


um estudante de Engenharia de computação?

Endireito minha cabeça e olho ao redor do quarto, os


posters e os livros, como ele pode ser tão nerd e ao mesmo

tempo um jogador!?

— Eu sou surpreendente.

Eu deixo a cadeira e caminho pelo seu quarto. Analisando

de perto seus livros, mangás, funko e ele tem uma coleção de


cubo mágicos.

— Por que Engenharia de computação?

— Minha mãe é CEO de uma empresa de gamer.

Abro e fecho minha boca surpresa.

— Você está falando sério?

Pego um porta-retratos que há na estante, é Ethan e uma


mulher loira muito bonita na foto.

— Estou. — Viro-me para perguntar se essa é sua mãe. —


Essa é a minha mãe.
Ele me responde antes que pergunte.

— Ela é muito bonita e jamais diria que ela é CEO de uma

empresa de gamer.

Eles são parecidos e têm o mesmo sorriso. Gostaria de

perguntar sobre o seu pai, mas isso abriria margem para que ele
perguntasse dos meus pais e não quero falar deles.

— Então, engenharia da computação é o seu plano B?

Ele sorri e balança a cabeça.

— Meu plano B é um time de futebol americano em busca

do seu primeiro Super Bowl como o Bufallo Bills, a engenharia é


meu plano z.

Sorrio e continuo o encarando curiosa.

— Qual é seu plano A?

— New England Patriots.

Pelo menos não é a mesma equipe que Liam fez parte. Eu


me viro para colocar o porta-retratos no lugar e apenas escuto

Ethan deixar a sua cama, ele se aproxima e para logo atrás de


mim, sinto sua respiração em minha nuca e um arrepio percorre o
meu corpo.
— E você por que escolheu Saúde Pública e um mestrado
em Treinamento atlético?

Ele está tão perto e respiro fundo. É a segunda vez que ele
me faz essa pergunta.

— Porque eu adoro esportes, embora seja péssima os


praticando.

Viro-me ficando de frente para ele e me dou conta de que


estamos mais perto do que pensava. Meu nariz praticamente está
tocando seu peito e quando ergo minha cabeça meu olhar

encontra o seu. Ele abaixa seu rosto e diminui ainda mais a


distância entre nós.

É como se ele estivesse me consumindo com um simples


olhar, como se ele estivesse procurando a minha alma e o mais
assustador é que eu desejo entregá-la a ele.

Um barulho no andar de baixo e vozes fazem com que


Ethan de um passo para trás. O que eu agradeço, porque consigo
voltar a respirar.

— Os caras chegaram.

— Acho melhor nós nos juntarmos a eles.


Ele assente, então nos olhamos uma última vez e

deixamos seu quarto, mantendo o máximo de distância um do


outro que conseguimos.
Ethan

Assim que deixamos minha primeira e única aula de terça,


entramos no carro de Abigail e ela dirige para o centro de

treinamento. Hoje ela está mais quieta que ontem e sei que não

foi por causa daquele nosso momento no meu quarto, porque


depois que descemos e encontramos Josh, Aiden e Dylan tudo

parecia normal. Antes de ir embora ela inclusive me ajudou com a

compressa e trocamos algumas provocações.

O problema é hoje.
Desde que apareceu lá em casa hoje pela manhã ela está

mais inquieta e nervosa. Ela não respondeu minhas provocações


como sempre e parecia longe, aliás ela ainda parece.

Não fez nenhuma piadinha por ser a aula da professora


que ouviu que preferia estar sendo mordida por formigas. Olho

para o lado e a encaro enquanto dirige. Suas costas estão em

uma postura incrível e aparentemente está segurando a direção


com força. Ela está tensa.

Ela está assim porque iremos encontrar Miller.

— Vai ficar tudo bem.

Ela ri, uma risada sem humor.

— Não irá ficar tudo bem se eu tiver o contrato

interrompido.

Sabia que algo está acontecendo. Não queria que ela

soubesse que conversei com Miller por e-mail, mas ela está

nervosa.

— Eu falei com Miller.

— Você falou?

Soa surpresa.
— Sim, eu enviei uma mensagem no domingo falando que
a culpa era toda minha que eu que tinha te coagido a participar da

festa.

Ela estreita seus olhos e morde seu lábio inferior.

— E o que ele respondeu?

Pergunta por fim.

— Ele disse para não tocar no assunto que somos jovens e

que desde que não tenhamos feito nada de grave está tudo bem

e claro falou para não comentar com Liam sobre a festa.

Vejo sua postura mudar, ficar mais leve.

— Droga, Ethan, você me deixou sofrendo esse tempo

todo.

— Foram dois dias.

Ela para no estacionamento e se vira na minha direção

com uma careta em seu rosto.

— Pareceu uma eternidade. — Aponta seu dedo na minha

direção. — Isso não foi atitude de um amigo, muito menos de

alguém que está tentando me convencer a ser sua amiga.

Aí está a minha bonitinha de volta.

— Estava tentando te proteger.


Justifico-me enquanto deixamos o carro.

— Não me senti protegida. — Resmunga e eu sorrio. Ela

me encara com as sobrancelhas erguidas assim que estamos

caminhando um ao lado do outro. — O quê?

— Minha bonitinha voltou. — Toco levemente seu braço


com meu cotovelo. — Estressadinha e mal-humorada.

Ela revira seus olhos.

— Você é um idiota, Ethan.

Eu sorrio e seguimos para a sala de recuperação onde

Miller está nos esperando. Chegando lá, encontramos o treinador


atlético, o fisioterapeuta e médico dos Crimson. Abigail e eu

cumprimentamos todos e eu me sento na maca enquanto ela fica


ao meu lado respondendo as perguntas que Miller faz a ela.

Assim como na terceira passada eles me examinam e

constam que tudo está evoluindo conforme o esperado, até


melhor do que eles estavam esperando. Talvez, volte aos campos
antes dos quarenta e cinco dias.

Abigail fica vermelha quando digo que parte da minha


recuperação é culpa dela.

Eu apenas digo a verdade.


Sou liberado para fazer exercícios leves na academia e

devo correr na esteira todos os dias. A partir de agora os


exercícios de recuperação do meu ombro ficam mais intensos.

Depois de ouvir todas as recomendações, visto minha


camisa com ajuda de Abigail, então nos despedimos e deixamos

a sala.

Ela está seguindo na direção da saída e eu paro, logo em


seguida ela para e me encara curiosa.

— O time está treinando e quero ir vê-los.

Ela assente

— Espero você no carro.

Dá um passo em frente, mas seguro seu pulso e a

detenho.

— Eles serão legais, eu prometo.

Quero que ela saiba que não somos tão ruins quanto ela
pensa, quero ajudá-la a superar o que a incomoda mesmo que

não saiba o que é. Ela hesita, mas por fim assente e eu sorrio.

— Ok. — Ela dá a volta e eu nos guio na direção do

campo. — Espero que eles não sejam legais igual a você.

Provoca-me e passo meu braço pelos seus ombros.


— Confessa que você me acha legal, aliás que sempre me
achou legal, mesmo enquanto continuava tentando me odiar.

— Nem morta.

Abigail pode não admitir nem para si mesma, mas ela


nunca me odiou, não realmente.

Nós vamos até o campo e assim que os caras, meus


colegas de time e meus amigos, percebem que sou eu,

abandonam o treino e se aproximam de nós dois. Inclusive o


treinador Davis.

Afasto-me de Abigail para que possa abraçar meus


amigos, eles batem em minhas costas, nós rimos e nos
provocamos, eles dizem que estou tirando umas férias, otários.

Eu estou com saudade, saudade do time que é como parte


da minha família e saudade de jogar. Meu corpo implora para que

volte a jogar.

— Você está fazendo falta, Ethan.

Suspiro ao ouvir Oliver, o Running Back [13]do time.

— Eu estou fazendo o possível para voltar o mais rápido.

— Nós fomos à sua festa, mas você estava bêbado

demais.
Elijah, Receiver [14] me provoca sussurrando em meu
ouvido para que o treinador que está por perto não o escute.

— Foi uma festa animada.

Sussurro de volta e nós dois rimos.

— E quem é a sua amiga, capitão?

Nathan, o Tight End [15]enorme que deve parecer um

gigante perto de Abigail, pergunta enquanto a encara. Eu olho

para ela, que está sorrindo, porém tem os braços atrás do corpo,
ela está na defensiva.

— Essa é a Abigail.

Eu vou até ela e seguro sua mão com a minha. Ela hesita e
balança a cabeça, então aproximo minha boca da sua orelha.

— Vamos lá, eles não irão te morder. — Fuzila-me com os

olhos e eu sorrio. — Não seja uma medrosa, Abigail Ela suspira,

mas seus braços voltam à posição normal.

— Um dia eu ainda irei te matar, Ethan.

Sussurra enquanto caminhamos na direção do time que

está um pouco mais à frente. Eu apenas sorrio.

Como eu esperava que acontecesse, todos são legais com


Abigail e não demora para que ela esteja respondendo às
provocações e conversando como se fizesse parte do time. Ela

inclusive sorri. Eu precisei de mais de uma semana para receber


um sorriso, eles precisaram de um minuto.

O treinador nos interrompe e avisa que eles precisam voltar

ao treino, então nos despedimos dos rapazes. O último a se


afastar é Davis que bate em meu ombro e suspira.

— Você está fazendo falta.

Eu assinto e ele segue para o campo. Viro-me para Abigail

e faço um gesto na direção da arquibancada.

— Você se importa se assistirmos um pouco do treino?

Ela balança a cabeça negando, então volto a segurar sua

mão e subimos para as arquibancadas, sentamo-nos um ao lado

do outro e encaramos o campo abaixo de nós.

— Preciso explicar o que está acontecendo? Ou você

sabe?

— Eu sei.

Ela está encarando o campo e não parece alguém avessa


ao futebol americano.

— Você gosta do jogo.

Vira-se para mim e sorri debochada.


— Nunca disse que não gosto do jogo.

Ela somente não gosta dos jogadores.

— Como minha amiga, quando eu voltar a jogar, você pode


vir assistir aos treinos e aos jogos.

— Achei que nossa amizade teria um prazo de validade. —

Ergo minhas sobrancelhas. — Quando seu ombro estivesse bom

voltaríamos a ser dois estranhos.

— E você conseguiria me esquecer?

Ela sorri e volta a olhar para o campo.

— Esse seu ego ainda irá te colocar em problemas, Ethan

Lewis.

— Não é ego, é a verdade, sou inesquecível, bonitinha.

Volto a olhar para o treino e daqui de cima algumas falhas

ficam mais visíveis, eu estou prestes a ficar em pé e a gritar

quando escuto a voz de Abigail.

— Dependendo, eu até posso assistir alguns treinos.

Ela não esconde a malícia da sua voz e a encaro com

curiosidade.

— Dependendo do quê?
Não sei o porquê, mas gosto de imaginar Abigail nessa

arquibancada me assistindo e torcendo por mim. Talvez, possa


usar aquela camisa que lhe emprestei domingo e não me

devolveu.

— Vocês costumam tirar a camisa no campo, ou no

vestiário ao fim do treino?

Entendo sua malícia e sorrio.

— Você me vê todos os dias sem camisa, isso não é o

suficiente?

É claro que não está apenas falando de mim, mas quero

provocá-la.

— Isso não é sobre você, Ethan, é sobre os outros.

— Eu sou o mais bonito, então se você tem o melhor, não


irá se contentar com menos.

Abigail gargalha e a assisto rir. Ela para aos poucos e me

encara como se estivesse maluco.

— Por que está me olhando assim?

— Você é adorável.

Sussurro como se fosse um segredo e ela revira seus

olhos.
— Eu sou tudo menos adorável, Ethan.

— Você é e apenas finge que não.

Ela balança a cabeça e volta a assistir ao treino.

— Você é maluco, Ethan.

— Não sou.

Assim como ela volto a prestar a atenção no treino e dessa

vez, sou obrigado a ficar em pé e gritar com meu time. Como eles

podem estar errando tantas besteiras?

Ao final eu estou rouco e Abigail está rindo de mim

enquanto deixamos o estádio e vamos na direção do

estacionamento.

— Se você desistir de ser jogador poderá ser treinador.

Debocha e eu apenas faço uma careta. Assim que

entramos no carro e Abigail o coloca em movimento viro-me para

ela.

— Consegui provar para você que nós jogadores não


somos tão ruins?

Ela para de rir e uma expressão séria toma conta do seu

rosto.

— Algumas coisas não são tão simples assim.


Mais uma vez, pergunto-me o que pode ter acontecido para

que ela tenha todo esse receio por jogadores de futebol


americano.

— Relacionamento ruim?

Sua resposta é negar com um gesto com a cabeça. O que

faz com que fique ainda mais curioso. Droga!

— Almoço na sua casa?

Muda de assunto.

— Sim, e depois pretendo correr na esteira.

Assente.

— Em qual a academia?

— Na da minha casa.

Ela ri debochada.

— Às vezes, eu esqueço o quão rico vocês são.

— Você deveria malhar comigo.

— Não tenho roupa.

Uma ideia surge em minha mente.

— Podemos passar na sua casa e buscar o que você


precisa.
— Isso é um pretexto para você conhecer a minha casa?
— Mordo meu lábio inferior e não a respondo. — Ok, Ethan, tudo

porque prometi que daria chance de você se tornar meu amigo.

Sorrio satisfeito e os lábios de Abigail se curvam em um


sorriso discreto. Nós ficamos em silêncio e ela dirige ainda pelo

campus.

— Você mora no campus?

— Você não sabia?

— Não, acho que você nunca me falou e nunca pensei

sobre.

— Moro no Bryce Lawn.

Forço minha mente para lembrar qual tipo de residência é

essa.

— Nos apartamentos?

— Isso, nos pequenos apartamentos que devem ser do

tamanho da sua cozinha.

— Não seja exagerada.

Apoio minha cabeça no banco e fico a encarando.

— Estou falando sério.

— Eu duvido.
É óbvio que ela está sendo exagerada, mesmo que a
nossa cozinha seja grande. E assim que estaciona em frente aos
prédios fica evidente o quanto estava sendo exagerada.

— Você é muito exagerada.

Digo enquanto caminhamos na direção dos prédios e ela

dá de ombros. Seguimos para a primeira edificação de dois


andares de tijolos à vista e estilo clássico. Abigail me guia até a

porta e a abre, então para de lado e me encara.

— Bem-vinda à minha residência.

Sorrio e entro no apartamento. O primeiro cômodo é uma

sala, há um sofá, televisão e uma cozinha com o básico, armário,


fogão e uma geladeira.

— Eu falei que era pequeno.

Ela passa por mim e caminha na direção de um pequeno

corredor e eu sigo logo atrás dela.

— Eu não disse que você podia me seguir.

— Se você conhece meu quarto é justo que conheça o

seu.

O corredor tem quatro portas e Abigail abre a segunda à


esquerda. Ela entra no cômodo e eu entro logo atrás. É um lugar
pequeno com uma cama de solteiro, uma mesa de estudos, uma
cômoda, um pequeno móvel ao lado da cama e um armário.

Sei que esse tipo de residência não é barato, mas para


alguém que dirige um carro como o dela é. Algo não faz sentindo.

— Esse é o meu humilde quarto, quarterback.

Eu sorrio e olho ao redor. Há alguns livros, muitos livros de


suspense e terror, espalhados por cima dos móveis e há um mural

com fotos pendurado na parede e me aproximo dele. Observo-o e


me dou conta que a maioria das suas fotos são com Dakota e

Brooke.

— Você mora com Dakota e Brooke?

— Sim.

Existem outras garotas nas fotos, porém não há fotos com


seus pais.

— Não há fotos com seus pais.

Olho para Abigail e ela está pegando algumas peças de

roupa e colocando em sua mochila.

— Eles não merecem que eu tenha foto com eles.

Pela sua voz dá para perceber que não têm uma boa
convivência.
— Problema com jogadores, com pais... — Faço uma
associação em minha cabeça. — Seu pai era jogador?

Ela para, continua sem olhar na minha direção e respira


fundo.

— Você está perto de descobrir meu segredo, quarterback.


— Sua voz soa debochada, mas existe algo além disso. —

Vamos?

— Vamos.

Ela fecha a mochila, coloca sobre seu ombro, sai do quarto

e estou a seguindo quando me deparo com uma bonequinha da


Fiona sobre sua cômoda.

— Isso é seu?

Ela olha para trás e aponto para a bonequinha, Abigail

assente e dá de ombros.

— Ela é a minha princesa preferida.

Eu vou até ela e passo meu braço pelos seus ombros.

— Ela não é uma princesa.

— Ela é sim.

Vamos discutindo se a Fiona do Shrek é ou não uma

princesa e quando entramos no carro deixo que ela vença e a


encaro com um sorriso.

— Você é uma pessoa engraçada, bonitinha.

Ela dirige para minha casa e quando chegamos trocamos


de roupa e vamos para a academia que fica do lado da área de
lazer. Abigail veste uma calça de malhar e um top, que marca

todo seu corpo. É impossível não ficar olhando a todo instante na


sua direção e enquanto a encaro, mesmo quando estou fazendo
os meus exercícios, eu desejo que pudéssemos ser mais que

amigos.
Abby

— Você deveria fazer uma pausa.

Olho para o lado e Ethan coloca o livro que estava lendo


ao seu lado e me encara. Eu balanço minha cabeça negando e

suspiro.

— Preciso continuar estudando.

— Você fez isso a tarde toda.

Volto a olhar para meu Ipad, há muitas anotações e

marcações. Realmente estudei bastante.

— Eu não sei se estudei tudo.


Mordo meu lábio inferior.

— Eu acho que você estudou o suficiente.

Talvez ele esteja certo, porque meu pescoço está doendo e

não consigo mais me concentrar, preciso ler e reler várias vezes o

mesmo parágrafo.

— Você se cobra demais, bonitinha.

— Eu preciso, porque estou tentando obter um dual

degree, ou seja, quero o título de graduação em saúde pública e

de mestre em treinamento atlético.

Ele fica em pé e sinto-o se aproximando, ele para logo

atrás da cadeira que estou ocupando e coloca sua mão em meu


ombro.

— Você vai. — Aperta-o como se estivesse fazendo uma

massagem. — Mas precisa relaxar também.

Encolho-me e faço com que ele o solte.

— Você tem a mão pesada.

Sorrio e deixo a cadeira, então apoio minha bunda na sua


mesa de estudo, Ethan está à minha frente e faz uma careta.

— Eu não tenho a mão pesada.

— Acredite, você tem.


— Isso não importa, o que importa é que como seu amigo
estou dizendo que deve parar de estudar.

Olho para meu Ipad. Será que realmente já estudei o


suficiente?

— A prova é amanhã.

Sussurro.

— E você estudou muito.

Ele estende seu braço e entrelaça minha mão na sua,


então a aperta.

— Hoje é quinta, Abigail e você está estudando desde

segunda para essa prova. — Ele está certo. — São seis horas da

tarde e não será nada saudável ficar estudando à noite, o melhor


é você relaxar.

Respiro fundo e fecho meus olhos, ele volta a apertar meus


dedos nos seus e por um momento esqueço-me de tudo e apenas

me concentro na sensação de tranquilidade que ele me passa.

— Ok, não irei estudar mais.

Abro meus olhos e ele está sorrindo.

— Ótimo.
Ele está prestes a continuar falando quando o som do

celular tocando ecoa pelo quarto. Ethan faz uma careta, solta
minha mão e pega o aparelho em seu bolso.

— É a minha mãe.

Seu dedo desliza pela tela, mas não leva o celular até sua
orelha e sim posiciona-o em frente ao seu rosto.

— Hey, mãe.

É uma chamada de vídeo.

— Hey, querido, tudo bem?

Eu faço um sinal para que ele olhe para mim.

— Tudo bem, e com a senhora?

Ele olha na minha direção enquanto sua mãe responde


que está ótima.

— Eu vou sair.

Falo sem emitir som algum e aponto para a porta. Ele


balança a cabeça negando e eu estou prestes a ignorá-lo. Dou

um passo para o lado e é quando escuto a voz da sua mãe.

— Você está com alguém, querido?

Faço uma careta e balanço a cabeça de um lado para o


outro. Sua mãe não precisa saber que estou aqui.
— Eu estou. — Para meu desespero vira o celular e me

deixa visível para sua mãe. — Essa é a Abigail, a babá que Liam
contratou e atualmente minha amiga.

Sem ter o que fazer, ergo minha mão e aceno para a loira
bonita da tela, ela acena de volta e sinto meu rosto vermelho. Eu

vou matar o Ethan.

— Prazer, querida.

Sorrio, um sorriso que espero ser gentil.

— O prazer é meu.

— Espero que meu filho não esteja dando muito trabalho.

— Não ouse responder que estou dando trabalho.

Ele me corta e se aproxima de mim, para ao meu lado e


passa seu braço pelos meus ombros.

— Por essa intromissão dele a senhora pode tirar suas


conclusões.

Ela ri.

— Não me chame de senhora, me chame apenas de


Karen.

— Ok, Karen.
— E você está certa apenas pela intromissão de Ethan, eu
sei que ele está te dando trabalho.

Ethan nega e nós duas rimos. O momento inicial e


constrangedor passa e nós três conversamos animadamente.
Karen faz pergunta sobre a recuperação do filho e demostra

preocupação, ela também pergunta das aulas e provas.

Ela é simpática e aparenta ser como uma mãe deve


parentar, não de aparência física, mas de sentimento, essência.

Assim que Ethan encerra a ligação, depois de nos


despedirmos da sua mãe, ele me encara com uma expressão

estranha em seu rosto.

— O quê?

Sua mão não está mais em meu ombro e ele está com o
corpo apoiado na mesa.

— Você gostou da minha mãe?

Franzo minha testa.

— Por que você está me perguntando isso?

Inclina a cabeça para o lado e me encara de forma


inocente.

— Porque você é a minha amiga.


Volta a endireitar a sua cabeça e sorri, um sorriso brilhante
de orelha a orelha. Como não o responder?

— Gostei, ela é muito legal. — Encaro-o debochada. —


Totalmente diferente do filho.

Ele estreita seus olhos, afasta-se da mesa e se aproxima

de mim. Eu ergo minhas sobrancelhas e ele sorri.

— Eu posso estar com um braço imobilizado, porém


consigo fazer cócegas.

Dou um passo para trás.

— Você não ousaria, lembre-se de que poderia ser

perigoso para seu ombro.

Ele continua se aproximando.

— Eu vou correr, Ethan.

Ela dá mais um passo em frente e eu corro, é claro que ele

corre atrás de mim e como suas pernas são bem maiores que as
minhas não demora a me alcançar. Sua mão encontra minha

cintura e me puxa contra seu corpo.

— Lembre-se do meu ombro, bonitinha.

Claro que ele jogaria sujo. Sinto sua respiração em meu

pescoço e sua mão sobe até minha barriga. Antes que eu possa
estar preparada ele começa a fazer cócegas e instantaneamente

começo a rir e por mais que tente não consigo não tentar me
desvencilhar.

— Pare.

Grito entre os meus ataques de risos. E o idiota não para,


apenas continua me fazendo cócegas. Estou quase fazendo xixi

quando ele finalmente para, estou ofegante e dolorida. Viro-me e

ele está sorrindo.

— Lembre-se disso da próxima vez que me sugerir que eu


não sou uma pessoa legal.

Eu bato em seu peito.

— Isso é jogo sujo.

Estou tentando não sorrir e pela expressão de Ethan ele


sabe que não estou assim tão chateada com ele.

— A gente joga com o que tem, bonitinha.

Pisca em minha direção e para que ele não veja que estou

sorrindo viro-me ficando de costas. Eu vou até a mesa de estudos


para pegar meu celular e sinto seu olhar sobre mim. Meu corpo se

aquece, sinto um calor diferente e minha respiração se altera.


É como se o ar mudasse de repente, como se tudo que eu

mais quisesse é que ele se aproximasse de mim.

— Deveríamos irmos ao cinema. — Sua voz parece

diferente, talvez ele também sinta o que eu estou sentindo. — O


que você acha?

Pisco algumas vezes, respiro fundo, pego meu celular e

volto a olhar para ele.

— Eu não gosto de cinemas.

Ethan arregala seus olhos.

— Você não pode estar falando sério.

Assinto e dou de ombros.

— Só assisto filmes em casa e meus preferidos são

animação.

— Inacreditável, a minha patricinha emo, gótica, trevosa,

gosta de filmes de animação.

Balanço minha cabeça sorrindo.

— Primeiro, não sou sua, segundo, emo, gótica, trevosa?

Sorri, aquele sorrisinho de lado que faz borboletas surgirem

em meu estômago e me faz sentir totalmente estranha.


— Primeiro, você é minha, só não assumiu ainda. — Suas

palavras causam um alvoroço em meu peito. — Segundo, eu


gosto desse seu jeito emo, gótico, trevoso.

Pisca em minha direção e se joga na sua cama.

— Então, qual é a sua animação preferida?

Assim que eu digo Shrek, ele liga a televisão e procura


pelo meu filme.

Jamais imaginaria que eu me deitaria ao lado de Ethan na

sua cama e assistiria Shrek com ele, mas é exatamente o que


acontece.

Eu me junto a ele na cama e fico ao seu lado. Há um

espaço entre nós, mesmo assim eu me sinto como se seu corpo

estivesse tocando o meu. Fico em alerta o tempo todo e ainda


pior quando olho para o lado e o encontro me encarando. Não é

constrangedor, pelo contrário faz com que uma faísca de

satisfação vibre em meu peito.

É na metade do filme quando Ethan deixa o quarto para

fazer pipoca, ofereço-me para ir junto, porém ele recusa, segundo

ele, eu preciso apenas relaxar e descansar. Aperto o botão de

pausa no controle e encaro o teto do seu quarto.


Eu prometi que daria a chance de Ethan se tornar meu

amigo, eu só não achei que ele conseguiria me convencer tão

rápido a ser sua amiga. Talvez, ele esteja certo. Talvez, nunca

realmente o tenha odiado.

Tudo que eu fiz talvez tenha sido tentar odiá-lo. Espero

apenas não estar fazendo a escolha errada ao baixar a guarda,

espero que ele realmente seja diferente de Liam.

Ele não demora a voltar e com um balde de pipoca e duas

latas de refrigerante em uma sacola já que só tem uma das mãos

disponível.

— Espero que isso seja o suficiente.

Eu me sento com as costas apoiadas na cabeceira e o

encaro debochada.

— Isso é mais que o suficiente.

Ele volta a se sentar ao meu lado e deixa as coisas entre


nós, eu pego os refrigerante da sacola e os abro já que Ethan não

conseguiria. Ele assim como eu apoia suas costas contra a

cabeceira da cama.

— Sabe, eu tento não ser uma pessoa que fica reclamando

e nem focando nos acontecimentos negativos, porém detesto


estar com meu braço direito imobilizado.

Joga sua cabeça para trás e não olha em minha direção.

— Hey, em breve poderá ficar sem a tipoia, apenas mais

alguns dias.

Suspira.

— Eu espero que você esteja certa. — Ele volta a


endireitar sua cabeça, olha em minha direção e sorri. — Gostou

da pipoca?

Levo minha mão até o balde e a encho com pipocas, então

as levo até minha boca e ele me encara com expectativas.


Término de mastigar e faço um suspense. Ethan faz uma careta.

— Meu Deus, Abigail, fale logo.

Eu sorrio, mordo meu lábio inferior e por fim acabo com a


angústia de Ethan.

— Está ótima.

Ele parece aliviado.

— Você é má.

Balanço minha cabeça enquanto aperto o botão do play no

controle, então nós trocamos um último sorriso e voltamos a


assistir ao filme e quando os créditos sobem pela tela olho para o
lado e Ethan está me encarando.

— Por que você gosta tanto desse filme?

Apoio minha cabeça contra a cabeceira e continuo o


olhando.

— Porque ele não é convencional, não é o que esperamos

e mesmo assim tem um final feliz.

Assim como eu apoia sua cabeça na cabeceira e mantém


seu olhar em mim.

— Porque você não é convencional.

Sorrio.

— Talvez seja por isso mesmo.

Seus olhos brilham enquanto ele continua me encarando e

gosto da forma como ele está me olhando, faz meu coração bater
de uma maneira diferente e um sentimento tranquilo ecoar em

meu peito.

— Eu gosto mais do segundo filme quando ele vira um

príncipe, acho que combina mais comigo.

Reviro meus olhos.

— Eu acho que um ogro combina totalmente com você.


Ele ri e em seguida ficamos em silêncio. Não é esquisito e
nem desagradável. Depois de alguns minutos, Ethan fica em pé e
me estende a sua mão.

— Boatos que Dylan está fazendo comida mexicana para o


jantar, na verdade, acho que ele já deve ter feito.

Coloco meus dedos sobre os seus.

— Comida mexicana parece uma ótima ideia.

Ele me ajuda a ficar em pé, então desvencilho minha mão


da sua e seguimos para a cozinha.

— Sabe, eu sinto falta de quando Abigail odiava Ethan.

Aiden debocha assim que entramos na cozinha, ele está

sentado de frente para o balcão, eu vou até ele e me sento ao seu


lado.

— Eu acho que Aiden está com ciúmes de Ethan.

Dylan o provoca enquanto cozinha.

— Não precisa ter ciúmes, ele sempre será seu.

Complemento a fala de Dylan e todos rimos. Nós ficamos


na cozinha e jantamos enquanto provocamos uns aos outros. Ao

fim da noite auxílio Ethan no que ele precisa e em seguida vou


embora.
Eu chego em casa, as meninas estão dormindo, e vou
direto para o banheiro, porque preciso urgentemente de um
banho. A água caí sobre meu corpo e me dou conta de que

consegui relaxar, eu me esqueci do dia de amanhã e da prova


que terei.

Ethan conseguiu.

Saio enrolada em uma toalha e vou para o meu quarto, eu

abro meu guarda-roupa para escolher um pijama, porém me


deparo com a blusa de Ethan, aquela que ele me emprestou no
domingo, mudo de ideia e a visto para dormir.
Ethan

Eu entro na cozinha, Abigail e os caras estão preparando o


nosso jantar. Apoio meu ombro não imobilizado contra o batente

da porta e a observo. Ela joga a cabeça para trás e ri de algo que

Dylan falou que eu não sei o que é, porque estava apenas


prestando atenção nela.

— Hey, você está bem?

Josh pergunta ao notar minha presença e Dylan, Aiden e


Abigail se viram em minha direção.

— Um pouco melhor.
Resmungo, porque meu ombro continua doendo.

— Seu ombro ainda está doendo?

Abigail me pergunta e assinto, porque não posso mentir,

ela tem que saber exatamente o que estou sentindo.

— Ainda.

— É normal, hoje é o primeiro dia em 20 dias que está com


ele livre.

Escuto as palavras de Abigail e encaro meu ombro que


agora está livre da tipoia.

— E se continuar doendo?

— Você parece um bebê chorão.

Josh que está cozinhando para e me acusa, inclusive me

aponta seu dedo feio.

— Não sou um bebê chorão, apenas estou preocupado. —

Reviro meus olhos e me aproximo de Abby que está sentada de

frente para os caras. — O que eles estão fazendo?

Ela sorri animada.

— Costela de porco e molho barbecue.

Como sei que esse é um dos pratos preferidos de Abigail,


sei que é por ela que eles estão todos juntos cozinhando.
— Eles continuam tentando fazer você escolher um
preferido?

Recentemente Aiden, Josh e Dylan estão em uma


competição para serem o preferido de Abigail.

— Eu ainda não consegui me decidir.

Faz um biquinho e eu ergo minhas sobrancelhas.

— Você ainda não lhes disse que há apenas um preferido?

E nesse caso sou eu.

Ela sorri enquanto Josh protesta.

— Você é o último da lista.

Continuo olhando para Abigail e ela não desvia os olhos de

meu rosto.

— Foi isso que você disse para eles, bonitinha? — Viro-me

e encaro meus amigos. — Não é isso que ela tem me dito em

segredo.

Ela bate em meu braço.

— Não minta, Ethan.

Dylan olha para Abigail e pisca na sua direção.

— Não se preocupe, Abby, nós sabemos que jamais diria

algo assim. — Ele se vira para mim e sorri debochado. — Nós


sabemos que você está sendo obrigada a ser amiga de Ethan.

Balanço a cabeça, mas não tenho chance de me defender,

porque o som da campainha ecoa pela cozinha.

— As meninas chegaram.

Abigail pula da cadeira.

— Que meninas?

Olho para o lado e encaro Abigail.

— Brooke e Dakota. — Dá de ombros. — Faz semanas


que não posso jantar com as minhas amigas, então hoje elas irão
jantar com a gente.

Vira-se e caminha na direção da porta, porém antes de sair

olha para trás e aponta seu dedo na direção de Josh.

— E você se comporte Josh.

Josh levanta as mãos para cima e abre a boca para se


defender, porém ela olha em frente e o ignora. Eu fico

observando-a sair da cozinha com um sorriso no rosto e mesmo


depois de perdê-la de vista sigo encarando o lugar pelo qual ela
acabou de passar.

— Você sabe que gosta dela, não é?

Desvio meus olhos e olho para Josh sem entender.


— É claro que eu gosto dela.

Josh e Aiden trocam um olhar.

— Não desse jeito.

Dylan me diz sorrindo e franzo minha testa.

— Não sei do que vocês estão falando.

É óbvio que gosto de Abigail, nós temos passado os


últimos vinte dias juntos e nas últimas duas semanas, ela tem me

deixado me aproximar dela, ou seja, temos nos tornado amigos. E


em pouco tempo sei que ela é a melhor amiga mulher que eu já

tive, talvez por estarmos juntos praticamente todos os dias a


conexão que estabelecemos seja mais forte.

Josh se curva no balcão e me encara debochado, porém

não fala nada, porque nesse momento as meninas entram na


cozinha. Olho para o lado e Brooke e Dakota estão seguindo

Abigail.

— Hey, jogadores.

Brooke acena na nossa direção. E nós fazemos o mesmo.


Dakota apenas sorri e mantém seu olhar longe de Josh. Eu

perguntei o que houve entre os dois para meu melhor amigo,


porém ele desconversou e não me explicou porra nenhuma.
Abigail volta a se sentar ao meu lado, Dakota se senta do
seu outro lado e Brooke se aproxima dos meninos, ela para entre
Aiden e Josh e apoia sua mão nas costas deles.

— Eu acho um máximo vocês cozinharem, ricos, famosos,


jogadores e bons na cozinha, qual é o defeito deles?

Pergunta para Abigail que olha para a amiga com uma


expressão debochada em seu rosto.

— Eles não prestam.

As três riem enquanto Josh, Aiden e Dylan tentam se

defender, eu nem tento.

— Bom, se minha amiga está dizendo eu acredito nela. —

Brooke se afasta dos meninos e caminha na direção da geladeira.


— Vocês têm cerveja?

— É claro, gatinha.

Aiden é quem a responde e ela sorri.

— Você nunca me decepciona, bonitão.

Brooke pega algumas cervejas na geladeira e se senta de

frente para nós. Eu sou o único a não beber, porque estou


medicado, o restante bebe enquanto os meninos cozinham.
Os nossos assuntos são os mais variados possíveis e
acontece mais de um ao mesmo tempo. Somos uma bagunça.

— Nós deveríamos fazer uma festa de Halloween.

É claro que a ideia é de Aiden que grita de repente e


interrompe todos os assuntos.

— Ainda faltam semanas para o Halloween.

Dakota e Josh falam ao mesmo tempo o que leva os dois a


fazerem uma careta.

— O que é perfeito, porque nos dá a chance de organizar

algo grande.

Brooke faz um sinal de aprovação na direção de Aiden com


a cerveja que tem em mãos.

— Eu gosto da sua ideia e posso ficar responsável pelos

convites.

Dylan se voluntaria.

— Eu quero ficar com as bebidas.

Josh também se manifesta e então um por um decidimos o

que cada um fará.

Jantamos enquanto planejamos uma festa, dividimos as

tarefas e depois vamos para o jardim, ocupamos as


espreguiçadeiras e aproveitamos o fim da noite. Brooke, Aiden,

Josh e Dylan pulam bêbados e vestidos na piscina. Dakota,


Abigail e eu ficamos rindo dos quatro.

Apesar de estar rindo e aproveitando a noite com meus

amigos meu ombro está doendo. É uma droga não estar cem por
cento.

— Você está com dor?

Abigail deixa a espreguiçadeira que estava dividindo com a

amiga e se senta ao meu lado.

— Não.

Minto e ela estreita seus olhos.

— Você está mentindo. — Ela está bem perto, perto o

suficiente para ver a cor exata dos seus olhos que parecem estar
brilhando por causa da iluminação. Ela é tão bonita. — Você está

fazendo umas caretas de dor.

Paro de olhar para ela e encaro o chão.

— Só um pouco.

Coloca sua mão sobre a minha e por alguns segundos,

observo seus dedos sobre os meus. Há algo diferente quando ela

me toca, ou meus dedos encostam em sua pele.


Suspiro e desvio os meus olhos para longe.

— Acho que vou subir para o meu quarto.

Talvez, tudo que precise seja de um remédio e de cama.


Quem sabe amanhã, não amanheça melhor?

— Eu vou com você e podemos fazer uma compressa de

água gelada.

Balanço a cabeça negando.

— Você não precisa subir comigo. — Faço um gesto com


meu queixo na direção dos nossos amigos. — Fique se divertindo.

Ela ri.

— Se divertindo? — Faz uma careta. — Eles estão


bêbados e Dakota está dormindo.

Olho para Dakota e ela realmente está dormindo.

— Acho que ela está babando.

— Ela com certeza está.

Abigail concorda e nós dois rimos. Por fim, nós dois

ficamos em pé e seguimos para a cozinha, pegamos o gelo para

a compressa e vamos para o meu quarto.

Ao chegar Abigail pega uma toalha no banheiro enquanto


eu tiro minha camisa. E quando retorna eu estou sentado na
cama, ela se aproxima com o gelo já enrolado na toalha e o deixa

sobre meu ombro.

— Isso pode ser algo ruim?

Ela morde seu lábio inferior e demora alguns segundos

para me responder.

— É normal você sentir um certo desconforto, porém não


pode continuar com dor, se persistir precisamos ir falar com o

Miller antes de terça.

Suspiro e assinto.

— Irá ficar tudo bem.

Abigail está sorrindo para me tranquilizar e sou eu que

estou de cara fechada.

— Isso é uma grande ironia.

Sorrio e ela ergue suas sobrancelhas.

— O que é uma grande ironia?

— Você sorrindo e eu emburrado, você é a grumpy[16] da

nossa relação.

Ela ri e balança a cabeça de um lado para outro.


— Não sou assim tão rabugenta, você é que o mister

Sunshine.

Mantenho meus olhos presos ao seus e o sorriso some dos

meus lábios.

— Obrigado por estar aqui, por tornar o processo mais

leve.

Ela pisca sem saber como reagir e há uma vibração em


meu peito feliz por conseguir desconcertá-la. Sou eu que faço

isso com ela.

— É o meu trabalho.

Sussurra.

— Não importa, o fato é que você está aqui e eu gosto que

seja você. — Minha respiração se altera e tudo ao nosso redor

perde a importância, é como se fôssemos apenas nós dois. — E

eu não queria que fosse mais ninguém.

Encaro-a como se ela possuísse o meu coração.

— Eu estou feliz que seja eu também.

Sussurra. Há uma tensão entre nós. Algo que nos puxa um

para o outro. Algo que faz com que eu queira desesperadamente


ficar em pé e a beijar.
É como se ela fosse tudo que eu preciso. Como se de

repente ela fosse o meu ar.

Não suporto continuar olhando para ela, é demais, então

apoio minha testa na sua barriga e encaro o chão. Traz sua mão

até minha cabeça e seus dedos brincam com os fios do meu

cabelo.

É o contato mais íntimo que temos desde que nos

conhecemos com exceção do dia que dormiu em meu ombro,

porém ambos estávamos bêbados e agora é diferente.

Trago minha mão até sua cintura e a aperto como se fosse

minha tábua de salvação. Escuto sua respiração se alterar. Fecho

meus olhos e respiro fundo.

Ela está sentindo tanto quanto eu.

Ainda estou com os olhos fechados quando Abigail afasta

a toalha do meu ombro e toca meu ombro com seus dedos. É

ainda pior sentir seu toque e mais uma vez preciso respirar fundo.

— Você é o único dos meninos que não tem nenhuma

tatuagem.

Abro meus olhos, afasto minha cabeça da sua barriga, ergo

meu rosto e a encaro. Ela está me olhando como se estivesse


memorizando cada parte do meu rosto.

— Tenho medo de agulha.

Ela sorri e continua traçando círculos invisíveis com as

pontas dos seus dedos em meu ombro.

— Um homem desse tamanho com medo de uma agulha.

Faço uma careta.

— É sério, só de ouvir falar em agulha sinto uma pressão

em meu peito.

Ela dá um passo para trás e se afasta de mim, no mesmo

instante é como se levasse uma parte de mim com ela.

— O perfeitinho, não é tão perfeitinho assim.

Zomba enquanto fica de costas e caminha pelo meu


quarto.

— Esse perfeitinho acabou com meu ego.

Ela ri e apenas de ouvir sua risada meu coração bate


diferente.

— Essa é a intenção, perfeitinho.

Eu deveria ficar ofendido? Porque não fico, pelo contrário,


eu apenas sorrio como um idiota. Abigail se aproxima da minha
estante e mais uma vez pega o porta-retratos que tem uma foto
em que eu estou com a minha mãe.

— E seu pai?

Ela se vira em minha direção segurando-o.

— Não tenho.

Não explico e espero por sua reação. Ela abre e fecha sua
boca sem saber o que dizer.

— Assunto complicado?

Balanço minha cabeça negando.

— Não, minha mãe escolheu fazer uma inseminação


artificial, então não sei quem é meu pai e é isso. — Ela morde seu

lábio inferior e me encara curiosa. — Pode me fazer perguntas,


porque é óbvio que tem algumas.

Ela ri, porém uma sombra surge em seus olhos.

— Você não sente falta de um pai? Curiosidade? Nunca


ficou revoltada com sua mãe pela escolha dela?

É nítido que as suas perguntas são um reflexo do que ela


mesma sente.

— Senti em algum momento da minha vida, mas passou.

Assente.
— Como foi ter apenas sua mãe por perto?

— Minha mãe é ótima, além disso, meu avô e o meu tio,

pai de Aiden são presentes em minha vida.

Ela assente mais uma vez e fica de costas.

— Deve ser ótimo ter uma família.

Resmunga, mas alto o suficiente para que eu escute.

— E a sua família, botinha?

— Minha família? Não sei se realmente tenho uma. —

Suspira e volta a ficar de frente para mim. — Precisamos enfaixar


seu ombro.

Ela vai até a cômoda, pega a faixa e se aproxima de mim.

— Um dia você irá me falar sobre sua família?

— Talvez.

Ficamos em silêncio enquanto ela enfaixa meu ombro,


apesar disso continuamos trocando olhares repletos de

intensidade. Quando me senti assim? Uma vozinha em minha


mente acusa que nunca.

— Prontinho, quarterback.

Ela dá um passo para trás, porém antes que se afaste


seguro seu pulso.
— Dorme comigo?

— Aqui?

Assinto e sorrio.

— Você tem obrigação de dormir comigo se estiver com


dor, lembra? Está no contrato.

Não é por isso que a quero aqui, nós dois sabemos disso.

Seus olhos brilham e Abigail suspira como se realmente ficar


fosse algo pesaroso.

— Eu vou ficar, mas preciso de outra camisa sua


emprestada.
Abby

Ele sorri, o sorriso que me desarma por completo, como


pode ser tão bonito?

— Mais uma para você roubar?

Balanço minha cabeça negando e sorrio.

— Eu não roubei sua camisa.

Ele ergue suas sobrancelhas.

— Eu não a vejo em lugar nenhum no meu quarto.

Sorri debochado.
— Peguei emprestado. — Dou de ombros. — Um dia a

devolvo.

Ele assente e continua rindo.

— Tudo bem, tudo bem, pode pegar outra. — Encara-me

com um brilho em seus olhos. — Você pode pegar quantas


camisas quiser, eu posso te dar todas as minhas camisas, não

ligo de ficar andando nu por aí.

Ele solta meu pulso e dou um passo para trás.

— Tenho certeza de que as garotas iriam amar.

Provoco-o, porém ao imaginar várias garotas ao seu redor

sinto uma pontada estranha em meu peito.

— Elas iriam amar com certeza.

Pisca em minha direção e eu reviro meus olhos.

— E você também, não é?

Minha voz soa mais amarga do que gostaria que soasse.

— Ciúmes? Querendo esse corpinho só para você?

Viro-me de costas para que ele não possa ver meu rosto e
vou até seu armário.

— Perfeitinho, menos, bem menos. — Abro seu guarda-


roupa e encaro a parte em que estão as suas camisas. — Qual
posso pegar?

— Qualquer uma. — Eu pego uma de time, a clássica e

tradicional camisa carmesim com o número em branco, no caso


do Ethan o 18 e o seu nome. — Para quem não gosta de futebol

americano...

Ele está debochando de mim.

— Ela é a maior. — Justifico-me e ele apenas ri. — Estou

indo tomar banho.

— Fique à vontade.

Eu vou para o banheiro, pego uma toalha limpa embaixo

da pia, prendo meu cabelo em um coque e tiro minha roupa. Entro

no chuveiro e enquanto a água corre sobre o meu corpo me

pergunto o que estou fazendo? Por que estou ficando aqui?

Droga, eu aceitei dormir com Ethan e sei que não é porque ele
está com dor, deveria ser por isso, mas não é.

É porque ele faz com que eu seja alguém diferente, com

que eu me sinta especial, como poucas vezes me senti na vida.

Ele tem a capacidade de tirar o melhor de mim, de me fazer rir


das suas piadas idiotas e de tornar tudo mais leve.
Suspiro e sorrio ao mesmo tempo. Como uma idiota, uma

adolescente boba, coisa que nunca fui.

Ao terminar o banho desligo o chuveiro, seco meu corpo e

visto sua camiseta e a minha calcinha, por sorte sempre tenho


uma calcinha extra na mochila. Sua camiseta fica grande em mim,

cobre mais da metade da minha coxa, super comportada.

Eu saio do banheiro e Ethan está deitado na cama


mexendo no celular, então ele coloca o aparelho de lado e me

encara. A forma como percorre meu corpo com seu olhar faz com
que um arrepio suba pelo meu corpo e desperte partes que não

deveriam ser despertadas.

— Você fica linda na minha camisa.

Ele está sorrindo, sua voz diz que está me provocando,


mas seu olhos dizem que é sério, não são simples palavras.

Engulo em seco, respiro fundo e dou um passo em frente.

— Eu fico bem de vermelho.

Ele ri e balança a cabeça.

— Você fica linda com a minha camisa.

Frisa a palavra minha e meu coração dá um salto em meu


peito. Droga, o que diabos estamos fazendo?
— Vá tomar banho, Ethan, que eu não irei dormir com

gente fedendo.

— Hey, eu não estou fedendo.

Ele se ajeita e se senta na cama com os pés no chão. Eu


dou de ombros e sorrio. Pelo menos o sorriso disfarça o meu

nervosismo.

— Você está.

Ele fica em pé e estreita seus olhos em minha direção.

— Não estou e vou provar. — Dou um passo para trás e

ele avança. —— Você sabe que irei te alcançar.

Sorri debochado e balanço minha cabeça.

— Correr atrás das pessoas não é uma boa ideia, lembra?

Faço um gesto com meu queixo na direção do seu ombro,

ele segue rindo, ignora-me e corre na minha direção. Eu tento


correr, mas sequer dou uma volta ao redor do quarto quando sua
mão encontra a minha cintura e ele me puxa na sua direção.

— Quando você irá aprender a não fugir de mim, Abigail?

Meu olhar encontra o seu e meu coração acelera. Estamos

tão perto um do outro, minha pele queima onde ele está com a
sua mão, apesar da sua camisa entre nós.
— Não estou fugindo.

Seu pomo de adão sobe e desce em sua garganta e ele

aperta com mais força a minha cintura. Nossas respirações estão


ofegantes e não é por causa da nossa breve corrida.

Ele apoia sua testa na minha e fecho meus olhos. É assim

que ficamos, meu peito sobe e desce rapidamente, meu coração


está prestes a deixar meu peito.

O que estamos fazendo?

— Eu vou tomar banho — Assinto. — Mas é porque

preciso de um banho gelado.

Ele dá um passo para trás e abro meus olhos. Ele ainda

está me encarando como se quisesse mais, como se precisasse


de mais. Sua mão deixa minha cintura e sinto falta do seu toque.

Ethan me olha uma última vez e fica de costas, ele segue

para o banheiro e eu fico parada em pé o observando entrar no


cômodo. É assim que fico por alguns segundos, em busca de

encontrar o controle do meu corpo e da minha mente.

Sou uma bagunça e uma bagunça ofegante.

Preciso respirar fundo várias vezes, passar as mãos pelo


meu rosto até enfim conseguir voltar a si. Eu pego meu celular em
minha bolsa e subo na sua cama. Abro o aplicativo de mensagens
e envio uma para as meninas avisando que irei ficar e dormir aqui.
Elas não me respondem e pelos risos que escuto ainda estão lá

embaixo.

Estava tão imersa no que estava acontecendo aqui que

esqueci das minhas amigas e não ouvi barulho mais nenhum.


Quem eu quero enganar? Eu me esqueci de tudo.

Sento-me com as costas apoiadas na cabeceira, com os

pés na cama e os joelhos dobrados e fico mexendo nas minhas

redes sociais enquanto espero por Ethan. Eu tento me concentrar,


porém as fotos e postagens são um borrão, não consigo parar de

pensar.

O que irá acontecer? O que eu quero que aconteça? Eu

quero que ele me beije? Eu quero as suas mãos em meu corpo?


Somente de imaginar certas cenas em minha mente meu corpo

entra em alerta. De repente, é como se estivesse mais viva, como

se tudo em mim ansiasse por ele, por um simples toque.

Estou perdida em pensamentos quando escuto a porta do


banheiro abrir, instantaneamente minha respiração se altera e

meu coração quase para. Quando foi a última vez que isso
aconteceu? Quando perdi a virgindade aos dezesseis?

Provavelmente.

Crio coragem e olho para o lado, Ethan está vestindo uma

bermuda e sem blusa nenhuma.

— Foi uma péssima ideia termos enfaixado meu ombro


antes do banho.

Ele ri e eu faço o mesmo. Onde estávamos com a cabeça?

Claramente nenhum de nós estava pensando.

— Vamos refazer isso.

Ele se aproxima e eu deixo a cama. Ele se senta sobre o

colchão e eu paro à sua frente. Há algo entre nós, algo que nos

puxa na direção um do outro que faz com que meu olhar continue

preso ao seu e que torna o ar mais denso.

Toco seu ombro e me concentro em trocar a faixa. Eu

preciso me afastar para pegar uma faixa seca e aproveito para

respirar. Ao voltar Ethan deixa sua mão sobre minha coxa. O que
faz com a minha temperatura corporal aumente, droga há um

tecido entre nós e eu estou assim.

Foco em seu ombro e respiro fundo algumas vezes. Ele

puxa o tecido da blusa para cima e a enrola em seus dedos, mas


não toca minha pele. Caralho!

Quando finalizo dou um passo para trás e olho para seu

rosto, ele tem um sorrisinho que entrega que ele estava me

provocando, aliás ele está.

Estreito meus olhos, ele segue sorrindo, então sorrio e me

desvencilho dele.

— Não esqueça que dois podem jogar esse joguinho de


provocação. — Pisco na sua direção e me viro ficando de costas

para ele. — Eu vou desligar a luz.

Sigo até o interruptor rebolando e caminhando lentamente,

não tenho pressa nenhuma e sinto seu olhar sobre mim. E


quando me viro ele está com olhar fixo, ou melhor, estava com o

olhar fixo na minha bunda.

— Meus olhos são aqui em cima, perfeitinho.

Caminho de volta para a cama com seu olhar sobre mim.

— Você é uma provocadora, má.

Eu levanto o edredom e me deito na parte direita da cama,

cubro-me e perco a conexão com Ethan.

— Você que começou.


Eu não o estou vendo, mas sinto seus movimentos. Ele se

aproxima, ergue o edredom e se deita ao meu lado, por causa do


ombro ele se deita de barriga para cima.

Nós ficamos em silêncio e apenas ouvimos os sons das

nossas respirações. Como é possível parecer existir uma

eletricidade entre nós? É como se nós estivéssemos produzindo


um campo magnético.

— Boa noite, Abigail.

— Boa noite, Ethan.

Eu continuo de lado encarando seu perfil, ele fecha os

olhos e continuo de olhos abertos.

— Eu sinto que você está me encarando, Abigail.

Procura pela minha mão, então a encontra e por alguns,


segundos seus dedos brincam com os meus. Sou eu a me

desvencilhar, porque me aproximo dele, até estar com minha

cabeça sobre seu braço e minha mão espalmada em seu peito.

— Assim é melhor.

— Assim é bem melhor. — Ele concorda comigo. — Eu não

ter uma tatuagem é um problema?

Sorrio e fecho meus olhos.


— Não, não é.

Não demoro a dormir e tenho uma ótima noite de sono nos

braços de Ethan.

...

Acordo de repente pela manhã, minha cabeça apoiada no

peito de Ethan e minha perna entre as suas. Eu olho para cima e

o observo dormir, ele parece sereno e tranquilo e mesmo


dormindo seus lábios parecem curvados em um sorriso.

Mister Sunshine. O meu mister Sunshine.

Eu continuo deitada o observando. Desde quando observar

uma pessoa dormir é algo interessante? Eu estou doida e ficando

maluca, é isso.

Antes que eu fique pior e mais doida, eu fico me

desvencilho de Ethan e deixo a cama. Eu pego a mochila e vou

para o banheiro. Pego a minha escova de dentes que sempre


carrego comigo e os escovo.

Em todo momento, eu penso sobre o que está

acontecendo. Eu nunca namorei e perdi a virgindade com um


garoto aos dezesseis anos, nós erámos colegas na escola e o

achava bonito. Depois na faculdade transei com outras pessoas,


mas sempre foi somente isso, sexo. Nunca senti a metade do que

Ethan me faz sentir.

É tudo tão novo e simplesmente não sei o que fazer.

Eu saio do banheiro e Ethan segue dormindo, então deixo

seu quarto e no mesmo instante Dakota está deixando o quarto

de Josh.

— O que você estava fazendo no quarto de Josh?

Ela arregala os seus olhos e balança a cabeça negando.

— Não aconteceu nada entre nós, eu dormi na

espreguiçadeira e ele me trouxe para o seu quarto, foi isso,


apenas isso.

Assinto, porque não sei o que pensar sobre o assunto.

— Café?

Ela morde seu lábio.

— Estava pensando em ir embora.

— E Brooke?

Eu vou até ela e uma ao lado da outra descemos as


escadas.

— Com Aiden.
Faço uma careta.

— Espero que esses dois não acabem se machucando.

Dakota assente e concorda comigo. Assim que descemos

o último degrau minha amiga faz menção de caminhar na direção


da porta, mas engancho meu braço no seu e a faço parar.

— Fique mais um pouco e vamos preparar algo para

comermos.

Faço um beicinho e ela revira seus olhos.

— Ok, ok.

Comemoro sorrindo e vamos para a cozinha. Nós

preparamos um café e ovos e nos sentamos uma de frente para a


outra com o balcão entre nós.

— E você e Ethan? — Olho para os ovos mexidos que

tenho no prato para não olhar para Dakota. — O que vocês têm?

— Nada.

Respondo rapidamente e ela ri.

— Vocês não parecem não ter nada.

Dou de ombros e volto a olhar para minha amiga.

— Nós somos amigos.


— E tudo está sobre controle?

Ela ergue suas sobrancelhas, então faço uma careta.

— Não, nada está sobre controle.


Ethan

Como uma semana pode ser tão incrível e ao mesmo


tempo tão terrível? E não, não foi porque meu ombro doeu, ou

algo do tipo, foi porque Abigail Jones é meu inferno pessoal.

Desde sexta-feira as coisas entre nós claramente mudaram, ainda


somos amigos, ainda rimos juntos, ainda nos provocamos, porém

há uma intensidade, uma força que nos conecta e nos atraí na

direção um do outro.

E agora no meu primeiro treino de volta ao meu time, não o


treino de fato, mas, o aquecimento, não consigo me concentrar,
porque ela está aqui, na arquibancada. Ela está aqui por mim.

Abigail que nem gosta de jogadores de futebol americano

está aqui por mim. O meu tormento pessoal, aquela que tem

tirado minha paz e meu sono está aqui e seus olhos estão em
mim.

Enquanto corro em volta do campo, olho em sua direção

mais vezes do que consigo contar e mesmo que ela não possa

ver eu sorrio.

Porra, eu estou maluco.

— Cara, onde está sua mente?

Oliver se aproxima e corre ao meu lado, eu olho para ele e


franzo minha testa.

— Do que você está falando?

Finjo que não o entendo.

— Você está distraído e nem tente negar, além de ficar


olhando para os lados como se estivesse perdido algo,

chamamos por você e fomos ignorados.

Volto a olhar em frente e corro mais rápido para dar mais

veracidade ao que estou prestes a falar.

— Estou concentrado no aquecimento.


O idiota ri e deixa claro que não — No aquecimento ou na
sua amiga na arquibancada?

— Vá se foder, Oliver.

Ele não precisa saber que está certo e nem o quão

miserável estou. Aliás ninguém precisa saber que estou perdendo

a cabeça por uma garota.

— Só se for com a sua amiga.

Eu juro que assim que escuto as palavras que deixam sua

boca enxergo vermelho. Viro-me e dou um passo em sua direção.

— Você fique longe dela, seu idiota. — Não penso,

simplesmente ergo minha mão e o empurro. — Você entendeu?

Elijah surge e me puxa para trás.

— Hey, cara, se acalme.

Oliver está rindo como um idiota.

— Eu só está te provocando, seu idiota. — Oliver continua

rindo. — Você está apaixonado. Nosso quarterback está

apaixonado.

Ele praticamente grita, o que faz com que todos escutem e

sou motivo de risos. Ótimo.


O restante do aquecimento, eu estou de cara fechada e

sendo zoado por todos. Realmente, tudo pode piorar. Após o


treino eu me sento no banco e vejo os meus colegas treinarem

com a bola. O treinador conversa comigo e trocamos algumas


ideias, tanto sobre a minha volta quanto sobre táticas de jogo.

Mesmo sem humor e ocupado com treinador, sigo


procurando por Abigail. E ela segue na arquibancada, ora
mexendo em seu celular, ora olhando para o campo.

— Achei que Liam tinha proibido vocês de se envolverem.

Olho para o treinador e balanço minha cabeça.

— Liam, não sabe de nada.

Não nego que não temos nada e nem eu mesmo sei


explicar o porquê.

Assim que o treino acaba não vou com os caras para o

vestiário, e sim, tiro minha camisa suada, pego minha mochila e


sigo para a arquibancada. Abigail olha na minha direção e ela
sorri, seu sorriso debochado e faz com que parte da minha

chateação desapareça.

— Qual o motivo do quarterback ter perdido a sua

tranquilidade?
Bufo e me sento ao seu lado.

— Oliver sendo idiota.

Resmungo e ela segue rindo, então empurra meu ombro

com o seu.

— Não é bom você se meter em brigas com esse seu

ombro, não queremos complicação. — Sorrio, mas é um sorriso


discreto e novamente Abigail empurra seu ombro com o meu. —

Vamos lá, não esqueça você é o Sunshine[17] de nós dois.

Finalmente, consigo rir de verdade.

— Nesse momento, você precisa ser o Sunshine de nós


dois.

Ela faz uma careta.

— Foi tão ruim assim?

Suspiro e desvio os olhos dos seus, encarando o chão à


minha frente.

— Não, apenas provocações.

— Não parece que foi apenas provocação.

E não foi, porque o que Oliver me disse não para de ecoar


em minha mente. Nosso quarterback está apaixonado.
— Deixa pra lá. — Eu olho para o lado. — Vamos?

Ela faz uma cara de nojinho.

— Você vai assim? Suado e sujo?

Sorrio e fico em pé.

— Eu vou.

Apesar da sua expressão de nojinho, ela fica de pé.

— Você é nojento.

Empurro de leve seu ombro com o meu.

— Você que fica a cara da nojinho de divertidamente


quando faz essas caretas.

Ela ri enquanto deixamos a arquibancada e vamos para o


estacionamento.

— Achei que fosse eu de nós dois que curtisse animações

infantis.

— Eu gosto, só não tanto quanto você.

Provoco-o e ela revira seus olhos.

— Agora falando sério, como está o seu ombro?

Muda de assunto e eu relato como estou me sentindo. Não


tenho dor e não senti em nenhum momento. Ela assente.
— Talvez, daqui há uma semana Miller libere você para
treino com a bola.

— Estou ansioso por isso.

Chegamos no estacionamento, Abigail aperta o botão do


alarme e entramos em seu carro. Nós ficamos em silêncio por

alguns segundos, não por muito tempo porque não consigo ficar

quieto, e eu a observo dirigir, algo que eu também sinto falta.

— E quando eu poderei dirigir?

Ela dá de ombros.

— Você já está liberado para dirigir.

Sorrio animado.

— Ótimo, da próxima vez, serei eu a dirigir.

Abigail sorri.

— Ótimo, porque não suporto mais ser a sua motorista.

— Confessa que está adorando?

— Eu não estou adorando.

Não continuo a provocando, porque sinto meu celular

vibrando em minha mochila, então pego o aparelho. São

mensagens dos caras.


Idiota 3: Festa na casa da Kim?

Dylan pergunta, franzo minha testa, por que logo Dylan


está sabendo dessa festa? Ele e Kim nunca tiveram contato, não

que eu saiba pelo menos.

Idiota 2: Eu topo, é sexta-feira, dia de festas, último fim de


semana antes dos jogos começarem (e eu ser obrigado a ser

responsável).

Idiota 1: Festa para mim não é um convite, é uma

convocação.

É claro que Josh e Aiden não iriam recusar um convite para

festa.

Idiota 3: Às 8 na casa dela.

São seis horas, se quiséssemos poderíamos ir. Eu desligo


o celular e me viro para Abigail.

— Devemos comemorar minha volta aos treinos.

Ergue suas sobrancelhas.

— Devemos?

Sorrio e assinto.

— Sim, haverá uma festa e os rapazes marcaram

presença.
Ela parece pensar sobre o assunto e aguardo sua resposta

ansioso.

— Ok, mas preciso passar em casa e me arrumar.

— Vamos até a sua casa.

Abigail faz uma volta com o carro e muda de pista.

— Você poderia ter me avisado antes, o estádio é mais

perto da minha casa do que a sua. — Resmunga, porque ela é

assim, resmungona. E eu gosto desse seu jeito. — Só gastei


minha gasolina.

Mordo meu lábio e me seguro para não rir. Enquanto, ela

dirige na direção da sua casa, ligo meu celular de volta e


respondo meus amigos.

Eu: Abigail e eu estamos indo também.

Idiota 2: Esperamos por vocês?

Eu: Não, encontraremos vocês lá.

Abigail para no estacionamento e deixamos seu carro. Nós

vamos para o seu apartamento e assim que ela abre a porta

encontramos Brooke e Dakota sentados no sofá e assistindo algo

na televisão.

— Olha se não é meu não casal preferido.


Brooke zomba, tanto Abigail quanto eu apenas rimos.

— Oi, meninas.

Aceno para elas, que acenam de volta. Abigail e eu

entramos e enquanto ela segue para o banheiro, eu me sento no

chão já que ainda estou sujo do treino, logo ao lado da porta e de


frente para o sofá que Dakota e Brooke estão ocupando.

— Banho é algo bom, sabia, Ethan?

Brooke aponta seu dedo em minha direção.

— Não estou muito convencido ainda. — Nós três rimos. —

Festa?

Dakota balança a cabeça negando e Brooke suspira.

— Infelizmente, eu terei uma aula amanhã.

Pela expressão em seu rosto qualquer pessoa juraria que


realmente está sendo torturada. Troco algumas palavras com as

meninas e quando ficamos em silêncio pego meu celular, eu

estou o encarando e conferindo minhas redes sociais quando

Brooke me chama.

— Ethan? — Olho para cima e Brooke está com os olhos

estreitos em minha direção. — Se você machucar minha amiga,

eu te mato.
Sorrio, um sorriso sem humor. Não gosto da possibilidade

de machucar Abigail.

— Se eu machucar Abigail, eu mesmo me mato.

— Ótimo, porque não estava fazendo questão de ser presa


por sua causa.

Brooke e Dakota parecem satisfeitas com a minha resposta

e eu aproveito esse momento para perguntar algo que tem me


incomodado.

— Dakota, qual é o problema entre você e Josh?

A loira dá de ombros e sorri, apesar de tentar parecer

indiferente é nítido em seus olhos que algo a incomoda.

— Nós só não suportamos um ao outro. — Vira-se para

Brooke. — Brooke e Aiden que são dão bem.

Ela provoca a amiga ao mesmo tempo que tira a minha

atenção dela.

— Aiden é legal e eu sou legal, logo match perfeito.

Pisca em minha direção e apenas balanço minha cabeça

enquanto sorrio. Eu continuo conversando com as meninas até

que Abigail deixa seu quarto. Assim que escuto a porta do seu
quarto sendo aberta meus olhos procuram por ela.
Ela caminha pelo corredor e me atento a cada detalhe. Ela

está usando uma saia que não chega à metade das suas coxas, o
tecido é brilhante, uma blusa curta que mostra parte da sua

barriga, usa um coturno em seus pés, seus cabelos estão soltos e

sua maquiagem é apenas um delineado em seus olhos.

Ela está linda. Completamente encantadora e poderia


continuar olhando para ela por horas.

— Acho melhor a gente achar um babador para Ethan.

Escuto a voz de Brooke, mas ela soa distante. Tudo


aparenta estar meio longe, porque tudo que importa é Abigail. Ela

se aproxima e eu fico em pé. Estou desconcertado, sem chão e

completamente desnorteado.

Quero puxá-la contra meu corpo e tê-la para mim, só para


mim.

Ela fala com as meninas e continuo a observando. Aos

poucos volto a mim e me dou conta do quão patético estou sendo,

o pior é que não me importo.

Abigail me olha e me encara debochada.

— Vamos, ou você irá continuar me encarando como se eu

fosse a pessoa mais bonita do universo?


Sorrio, meu habitual sorriso de lado.

— Vamos, bonitinha.

Pisco em sua direção, então nós dois nos despedimos das

meninas e deixamos seu apartamento, seguimos um ao lado do


outro para o estacionamento e quando estamos em frente ao seu

carro me curvo na sua direção e aproximo minha boca da sua

orelha.

— Só para constar, você é a mulher mais bonita do


universo.

Ela se arrepia e sorrio vitorioso. Nós entramos no carro e

Abigail dirige para a minha casa. Nós vamos conversando sobre o


que está acontecendo com Josh e Dakota e Aiden e Brooke, uma

fofoquinha saudável sobre nossos amigos.

Durante todo caminho meus olhos estão sobre ela.

Assim que chegamos, eu corro para o meu quarto

enquanto Abigail fica me esperando na sala. Eu tomo meu banho,


visto uma calça jeans e uma camisa preta, então pego meu
celular e a chave do meu carro e desço para o primeiro andar.

Abigail que está sentada no sofá fica em pé assim que eu


entro na sala. Ela sorri e seu olhar percorre meu corpo, por fim ela
morde seu lábio inferior e pisca em minha direção.

— Você também está o cara mais gato do universo.

Caralho! Fecho meus olhos por breves segundos. Quando


vamos parar de flertar um com o outro e tornar isso real? Porque
claramente estamos flertando e isso já está demais. Não suporto

mais sonhar com ela, não suporto mais ter ereções como um
adolescente por apenas pensar nela, porra, até mesmo me

masturbar como um garoto embaixo do chuveiro essa semana eu


fiz.

Respiro fundo e me aproximo de Abigail com passos

lentos.

— Vamos, bonitinha, antes que perca o controle.

Olho em seus olhos e nos mantemos assim por alguns

segundos, longos segundos que tenho que ser forte. Ela sorri e
algo me diz que ela está ansiosa para que eu perca o controle.

— Vamos, perfeitinho.

Eu passo minha mão pelo seu ombro e a guio na direção

da porta que leva até a garagem.

— Hoje, eu irei dirigir.


Levo-a até meu carro e ela sorri assim que se depara com
ele.

— Claro que o quarterback, playboy e um dos caras mais


famosinhos da universidade dirigiria uma picape.

Desligo o alarme e abro a porta para que ela entre.

— Está me jugando, patricinha dark?

Ela entra e se senta no banco com as pernas para fora, ou


seja, ainda está de frente para mim.

— Estou.

Aproximo meu rosto do seu e pairo com meus lábios a


centímetros dos seus.

— Você não deveria.

Nossas respirações estão alteradas e preciso de coragem

para me afastar dela. Dou um passo para trás e Abigail respira


fundo, então se vira colocando as pernas dentro do carro e eu
fecho a porta.

Respiro fundo e sigo para meu lugar atrás do volante.

É uma ótima sensação dirigir depois de tanto tempo.

Abigail brinca com o som durante o caminho e vamos em silêncio.


Apesar do silêncio é como se existisse uma força nos empurrando
na direção um do outro, é como se mesmo longe pudéssemos
sentir um ao outro.

Ao chegar, estaciono a alguns metros, porque não há mais


lugar em frente à casa de Kim e deixamos o carro. Eu vou até

Abigail e passo meu braço pelo seu ombro, sinto o cheiro do


cabelo e beijo a lateral da sua cabeça.

Nós seguimos assim até a casa e há muitas pessoas pelo


jardim. Como a porta está aberta vamos para a sala e é onde a
festa realmente está acontecendo. Música ecoa alto, as pessoas

dançam e bebem e a única iluminação é um globo de luz colorido.


Eu olho ao redor e depois de descobrir que a bebida está na
cozinha caminho com Abigail ainda ao meu lado para lá.

E é na cozinha que encontramos Aiden, Josh e Dylan, eles


nos entregam bebidas ficamos rindo com eles por um tempo, em

seguida vamos todos para a sala.

Abigail me puxa para a pista de dança e dançamos um de


frente para o outro. Acompanho cada movimento seu e a forma

como seu corpo segue o ritmo da música é sexy, envolvente e


mais uma vez preciso me controlar para não perder o controle e
simplesmente me esquecer de tudo, que somos amigos, que ela

me odiava e que não quero perder a sua confiança.


Continuamos dançando e só paramos quando vamos

buscar mais bebida na cozinha, perdemos Aiden, Josh e Dylan de


vista e ficamos apenas nós dois. Estamos no terceiro copo de
cerveja quando Abigail se aproxima e sussurra em minha orelha.

— Eu vou ao banheiro.

Assinto e então, enquanto a espero, apoio minhas costas


contra a parede e termino de beber a cerveja que ainda há no
meu copo. Só vejo Kim quando ela para de frente para mim.

— Você sabia que estão falando que você e a esquisitinha


estão namorando?

Eu dou de ombros.

— Não me importo com boatos e chame Abigail pelo nome


dela.

Sorri maldosa.

— Eu a chamo do que eu quiser, afinal ela roubou minha

diversão.

Espalma suas mãos em meu peito.

— Nunca fui seu.

Sorrio e ergo minha mão para afastar seu braço, porém

antes que a toque Abigail surge e estreita seus olhos. É nítido que
ela está pensando besteira. Desvencilho-me de Kim ao mesmo
tempo que Abigail se vira de costas e caminha para longe.

Kim fala algo, mas não escuto, porque saio atrás de

Abigail. Há muitas pessoas e não posso correr. Ela deixa a casa,


caminha na direção da calçada e é quando consigo alcançá-la.

— Abigail.

— Estou indo embora.

Continua caminhando em frente, então seguro seu pulso.

— Você não pode ir embora a pé.

A casa de Kim fica um pouco afastada, em um bairro novo


e sem muitas casas. Nem táxis, ou uber deve ter por perto.

— Acredite, eu posso. — Puxa seu braço. — Volte para


sua amiguinha.

Ela está com ciúmes. A constatação faz meu coração

vibrar e se encher de esperança. Eu paro e a deixo se afastar,


quando ela está em uma distância considerável, sigo para a
picape e dirijo na sua direção, então paro ao seu lado e abro a

janela.

— Entre no carro. — Ela segue caminhando e eu ao seu

lado. — Estamos protagonizando uma cena, bonitinha e eu não


desistirei até que entre.

Ela dá mais uns passos e eu a sigo. Então, ela suspira,

para de caminhar em frente e dá a volta no carro.

— Você é um idiota.

Abre a porta e se senta ao meu lado.

— E por que sou um idiota? — Dirijo e ela olha pela janela.

— Nada estava acontecendo entre Kim e eu.

Ela liga o som e aumenta o volume a ponto dos meus


ouvidos doerem.

— Porra, Abigail.

Abaixo o som e ela aumenta. Abaixo novamente e ela volta


a aumentar. Então, eu entro em uma ruazinha em que não há
casas, um lugar deserto e paro o carro.

— O que porra você está fazendo, Ethan?


Abby

O idiota sai do carro e fecha a porta com força. Ele está


doido? Ethan caminha de um lado para outro na frente do carro e

eu olho para o volante. Impossível conseguir ligar o carro e sair

sem o atropelar.

E apesar de estar morrendo de raiva não o quero matar.


Suspiro, abro a porta e também saio do carro.

— Você está maluco?

Ele balança a cabeça e passa a mão pelos fios do seu

cabelo.
— Você aumentou o som a um nível insuportável.

Fecho a porta e me apoio contra o carro.

— Não queria conversar com você.

Soo totalmente infantil, mas caralho ele estava rindo com a


Kim e eu fiquei com raiva. Não sei se estou com mais raiva de

Ethan, ou de mim, por sentir o que eu senti.

— Você está me deixando maluco.

Encaro-o indignada.

— Eu estou te deixando maluco?

Ele pensa que estou imune a tudo? É ele que hora flerta

comigo, hora me trata como apenas uma amiga.

— Sim, por que você veio embora?

Ele para de andar e me encara. Minha respiração falha e

abro e fecho a boca. O que eu digo? Digo que estou com raiva

por que Kim o estava tocando? Por que ele estava sorrindo e não

era para mim?

— Para deixar você sozinho com a sua amiguinha.

O desdém está presente em minha voz.

— E por que não queria conversar comigo? Por que saiu


caminhando que nem uma maluca pela calçada? — Dá um passo
em minha direção. — Por que você fugiu?

Meu coração segue acelerando, uma pressão se instala em

meu peito e respirar é algo difícil.

— Eu não fugi.

Minha voz é um sussurro. Ethan sorri e não é um sorriso

engraçado. Ele se aproxima ainda mais de mim.

— Você está mentindo.

Balanço minha cabeça negando e ele dá mais um passo à


frente.

— Kim estava dizendo que estão falando por aí que nós

dois estamos juntos.

Ele para à minha frente e poucos centímetros separam nós

dois. Ele olha em meus olhos e me encara de uma forma tão

intensa.

— Eu disse que não me importava. — Sua mão se

aproxima de mim, então seus dedos tocam minha nuca e mais


uma vez, minha respiração falha. Meu corpo todo desperta e sinto

como se cada célula do meu corpo estivesse acelerada. — Não

me importo se todos acreditam que estamos juntos.


Sua mão sobe até que esteja entre meus cabelos e

segurando minha cabeça, obrigando-me a continuar o encarando.

— Ela disse que se importava, porque eu era sua diversão

e eu respondi que nunca fui dela e estava prestes a afastar a sua


mão de mim quando você apareceu.

Continuo com os olhos presos aos seus, mesmo quando

ele aproxima seu rosto ainda mais do meu.

— Por que você está me dizendo isso?

Sussurro.

— Porque não suporto mais, Abigail. — Ele abaixa seu


rosto e sinto sua respiração em meu pescoço. — Não suporto

mais fingir que não penso em você, em fingir que sou seu amigo e
apenas isso que eu queira ser.

Seus lábios tocam a minha pele.

— Não suporto mais me controlar, não suporto mais fingir


que não sonhei com você, que não desejo seu corpo. — Beija

meu pescoço. — Não suporto mais agir como se não quisesse


você.

Fecho meus olhos, subo minhas mãos pelas suas costas


até estar com uma delas em sua nuca.
— Por que você fugiu, Abigail? — Sua mão esquerda

segue entre os fios do meu cabelo enquanto a outra se aproxima


da minha coxa e todo meu corpo se arrepia. Porra, eu quero tanto

ser tocada por ele. — Por que você fugiu, Abigail?

Repete a pergunta outra vez, então viro meu rosto e abro

meus olhos. Meu olhar encontra o seu e nada mais importa no


momento, a não ser nós dois.

— Porque eu fiquei com ciúmes, porque eu não queria que

ela estivesse te tocando, porque só eu quero fazer isso, porque


você estava sorrindo e eu quero ser a única a receber seus

sorrisos.

Seus dedos apertam minha coxa e suspiro.

— Você não precisa ter ciúmes, Abigail, sabe o porquê? —


Balanço a minha cabeça negando. — Porque é por você que

estou apaixonado, porque é você que está em minha mente vinte


e quatro horas por dia, é você que eu desejo, é o seu corpo que

me deixa maluco, é você que eu quero, Abigail.

Fecha seus olhos como se estivesse sentindo dor e eu

espalmo minhas mãos em seu peito.

— Você pode me chamar de Abby.


— Abby. — Seus lábios encostam brevemente nos meus,
eu suspiro e fecho meus olhos. — Abby.

— Me beije, Ethan, acabe com essa tortura.

Assim que a última palavra deixa minha boca seus lábios


cobrem os meus. Não é um contato delicado, nenhum de nós

quer calmaria, nenhum de nós precisa de calmaria.

É desesperador. Sua língua duela com a minha, seus

dentes mordem meus lábios e sua mão sobe pela minha perna.
Minhas costas estão prensadas contra o carro e meu corpo
procura pelo seu.

Tiramos tudo um do outro no beijo e quando nos


separamos é por apenas alguns minutos, olho em seus olhos,

suspiramos e voltamos a nos beijar. É como se sempre estivesse


esperando por esse beijo.

Subo minhas mãos pelo seu peito e me seguro em seu


ombro, enquanto ele aproxima seus dedos da minha bunda e a

aperta fazendo com que uma dor e uma necessidade se instalem


em mim. Fazendo com que minha calcinha umedeça e minha

boceta vibre.
Sua boca continua duelando com a minha, exigindo tudo
de mim, assim como eu exijo tudo dele. Minha língua explora a
sua boca assim como a sua faz comigo. E quando precisamos

respirar mordo seu lábio inferior, puxo-o e em seguida o chupo-o.

Minha saia é um amontoado de tecido em minha cintura e

seus dedos puxam minha calcinha para o lado. Não o detenho,


pelo contrário abro minhas pernas e o incentivo a continuar.

Ao mesmo tempo que seus dedos tocam minha boceta,

afasta sua boca da minha e seus lábios encontram meu pescoço.

Ele chupa e morde minha pele, não me importo se ficarei


marcada. Rebolo contra sua mão e o incentivo a continuar

metendo seus dedos em mim. Nenhum de nós pronúncia algo e o

único som que podemos ouvir são nossos gemidos.

Continuo de olhos fechados e me permito sentir cada


sensação que percorre meu corpo até que tudo se torna

insuportável e gozo em seus dedos. Enquanto minha respiração

se normaliza, Ethan tira seus dedos de dentro de mim e beija meu


pescoço, então dá um passo para trás e eu abro meus olhos.

Ele tem seus olhos brilhando e leva seus dedos até sua

boca e os chupa. O simples gesto faz com que um arrepio

percorra meu corpo e eu acabei de gozar.


— Não vejo a hora de fazer você gozar na minha boca.

Jogo a cabeça para trás até ela estar apoiada contra a


picape e suspiro.

— Não me provoque.

Ethan dá um passo em frente e aproxima sua boca da


minha orelha.

— Entre na picape, Abby, porque quero você nua na minha

cama.

Os meus seios já pesados, pesam ainda mais e mais um


suspiro deixa minha boca. Ethan abaixa minha saia e abre a porta

ao meu lado. Eu olho para ele e encaro seus olhos que estão

brilhando. Ele me quer tanto quanto eu o quero e quando desço

meus olhos pelo seu corpo me deparo com sua ereção. Mordo
meu lábio inferior e mais uma vez, sinto uma pressão se formando

embaixo do meu ventre.

— Não me olhe assim, Abby, que estou tentando ser um


cavalheiro.

Sorrio e me viro para subir na picape.

— Que fique claro que eu não iria me importar.

Sento-me no banco e escuto Ethan suspirar.


— Estamos no meio da rua.

Resmunga e fecha a porta. Ao me sentar faz com que

minha calcinha molhada e minha boceta melada se friccionem e

fecho minhas pernas, aumentando o contato. Droga, eu preciso


gozar outra vez, eu preciso demais.

Ethan, entra e se senta ao meu lado. Eu olho para ele e

antes que ele ligue o carro me sento em seu colo. Ele me olha
sem entender.

— Eu não quero esperar até em casa para ter você dentro

de mim. — Aproximo minha boca da sua orelha. — Eu quero

gozar mais uma vez e com você dentro de mim.

Coloco minha mão sobre seu pau e ele no mesmo instante

deixa que um gemido escape entre seus lábios.

— Você irá me dar o que eu preciso?

Faço um beicinho e sua resposta é colocar o banco para

trás e me segurar pela cintura. Seus olhos pairam sobre o meu e

ele me encara repleto de luxúria.

— Você não falou que está apaixonada por mim.

Suas mãos sobem pela minha barriga arrastando minha

blusa junto e todo meu corpo se encontra arrepiado e ansioso.


— Eu deveria dizer isso?

Continuo olhando em seus olhos.

— Você com certeza deveria dizer. — Não desvia os olhos

do meu rosto, nem quando tira a blusa do meu corpo e a joga no

banco ao lado. — Diga, Abigail.

Como estou sem sutiã suas mãos se aproximam dos meus


seios e ele belisca meus mamilos me fazendo ofegar.

— Diga, Abigail.

Ele faz de novo e contraio minha boceta. Preciso respirar

fundo para me manter de olhos abertos. Ethan, diminui a distância


entre nossos corpos e aproxima seus lábios dos meus.

— Diga, Abigail.

Aperta mais forte meus seios e novamente ofego. O calor é


demais, tudo é demais.

— Eu estou apaixonada por você.

Digo porque é verdade, porque ele tem razão. Eu estou

apaixonada por Ethan Lewis. Sua boca cobre a minha e nos


entregamos por completo um ao outro.

Suas mãos continuam em meus seios e só nos afastamos

quando puxo sua camisa para cima, jogo-a ao lado junto com a
minha blusa e então minhas mãos passeiam pelo seu abdômen,

sua pele está quente como a minha e ambos estamos suando.

A intensidade que nos rodeia faz com que a nossa

excitação aumente. Eu abro o zíper da sua calça e fico de joelhos


para que possa puxar sua calça e cueca para baixo e assim ele

faz. Seu pau fica visível e duro em minha direção, sorrio, mordo

meu lábio inferior e encaro Ethan enquanto levo minha mão até o
seu pau e a enrolo ao seu redor.

Joga sua cabeça para trás e a apoia no banco enquanto o

masturbo, ainda com os joelhos ao redor do banco trago minha

saia até a cintura, aproximo a cabeça do seu pau no meu clitóris e


o uso para o estimular. Um gemido escapa dos meus lábios

mesmo que haja tecido entre nós e quando Ethan traz sua mão

até a borda da minha calcinha e a força, não o paro, eu deixo que


ele rasgue o pedaço de pano.

Vê-lo rasgando minha calcinha faz com que minha boceta

contraia ainda mais.

— Camisinha?

— No porta-luvas.
Eu me curvo e pego uma embalagem, então com cuidado

abro-a e a enrolo ao redor do seu pau. Ele mantém suas mãos


em minha cintura, olho em seus olhos e aproximo novamente a

cabeça do seu pau do meu clitóris, faço com que ele me toque e

que deixa meu corpo em chamas.

Estou ofegante e Ethan tem as veias do pescoço aparentes


quando o guio para dentro de mim. Eu me sento sobre ele e nós

dois gememos. Apoio minha mão em seu peito e rebolo contra ele

fazendo com que nossa separação seja mínima.

Sigo com meus olhos nos seus e assim como eu, seus

olhos estão nublados pelo desejo, apesar disso ainda há uma

conexão entre nós. É mais que sexo e talvez, por isso seja uma
explosão de prazer e sensações quando ergo meu quadril e faço

com que ele se movimente dentro de mim.

A cada metida as sensações se intensificam. Os nossos

gemidos se misturam ao som dos nossos corpos se encontrando.


Os fios do meu cabelo grudam em meu pescoço e em minha

testa, a pressão se constrói tornando-se cada vez mais

insuportável e me sinto cada vez mais perto do meu orgasmo.

Não suporto mais e fecho meus olhos. Concentro-me em


seu pau dentro de mim, entrando e saindo e quando seu dedo
toca meu clitóris não consigo mais me segurar e deixo que o
prazer vença.

Ele segura meu quadril enquanto mantenho meus olhos

fechados, seu pau encontra minha boceta e pulsa dentro de mim


cada vez mais, então o aperto e o sinto gozando.

Sua mão diminui o aperto em minha cintura e me sento

sobre Ethan com ele ainda dentro de mim. Apoio minha testa em
seu ombro e respiro fundo. As batidas do meu coração estão aos

poucos voltando ao normal, mina respiração ainda está ofegante

e meu corpo está exausto, mesmo assim é a melhor sensação

que já senti pós-sexo.

— Eu estou apaixonada por você, Ethan.

Beijo seu ombro ainda de olhos fechados e ele beija a


lateral da minha cabeça.

— E estou apaixonado por você, Abby.


Abby

Nós ficamos assim por um tempo e sou eu a me afastar.


Volto para o banco ao lado e visto a camisa de Ethan.

— Vou vestir sua camisa que fica mais fácil.

Eu tiro minha saia e fico apenas com a sua camisa.

— É uma obsessão sua ficar com as minhas camisas, não

é!?

Pergunta debochado enquanto retira a camisinha e a

enrola em um papel que tinha pelo carro.

— Não seja convencido.


Ethan puxa sua cueca e calça para cima.

— Uma pergunta importante. — Olha em minha direção e

eu ergo minhas sobrancelhas. — O que você fez com aquela

primeira camisa?

— Não sei se você merece saber.

Ele sorri, o sorriso de lado que faz meu coração disparar

em meu peito e volta a olhar em frente.

— Aposto que você dorme com ela em busca de sentir

meu cheiro.

Ele liga o carro e eu coloco o cinto.

— Nunca irá saber a verdade.

Segue sorrindo e eu também.

— Não precisa confirmar, sei que é isso que está fazendo.

— Agora, você é vidente?

Ethan coloca o carro novamente na estrada e dessa vez,


eu não ligo o som.

— Sim, e consigo visualizar você deitada na sua cama


vestindo a minha camisa, sentindo o meu cheiro e suspirando de

saudade.

É impossível não rir, por mais que eu tente.


— Você é péssimo, Ethan.

— Não é verdade, então?

— Não é.

Sorrio e minto, porque ele está certo eu tenho dormido com

sua camisa e posso ter cheirado o tecido uma ou duas vezes na

tentativa de encontrar algo que me lembrasse a ele. Essa última

semana não foi uma semana fácil.

— Você está mentindo.

Balanço a cabeça e me viro para o lado.

— E você está sendo convencido.

Ele sorri, e Ethan dirigindo sem camisa e sorrindo é um

acontecimento. Deveria tirar uma foto e vendê-la.

— Você sempre me achou bonito mesmo quando

teoricamente me odiava?

— Quem disse que acho você bonito?

Provoco-o, porém, segue inabalável.

— Você me acha bonito, é óbvio, principalmente pela forma

como está me encarando.

— Você nem sabe como estou te olhando.


Assente.

— Eu consigo ver você pela minha visão periférica,

bonitinha e para constar sempre achei você linda, fascinante por

ser totalmente diferente de todas as garotas com quem já me


envolvi. — Suspira. — Desde o primeiro momento, eu gostei de

você, Abby.

Olho em frente, apoio minha cabeça no banco e sorrio


como uma adolescente, aliás nem quando era uma adolescente

eu sorria assim, acho que devem ser as consequências de estar


apaixonada. Meu Deus, eu estou apaixonada. Caralho, nunca

imaginei que isso iria acontecer.

— Só para você saber, eu sempre achei você bonitinho,

mesmo quando te odiava.

Respondo-o por fim.

— Bonitinho? Você está sendo modesta nesta escolha de


palavras.

Vamos nos provocando e fazendo perguntas bestas um

para o outro até a sua casa. Assim que ele estaciona na garagem
dou um pulo da picape e espero por ele na porta que liga a

garagem à cozinha. Ele não demora a me alcançar e traz suas


mãos até a minha cintura, ele as deixa ali e me encara com

carinho.

— Banho?

Suspiro e espalmo minhas mãos em seu peito.

— Com certeza.

Ele sorri, beija minha testa e me gira até que eu tenha


minhas costas contra seu peito.

— Quem diria que depois de cinco semanas estaríamos


assim, hein?

Afasta meu cabelo para o lado e beija meu pescoço


enquanto adentramos a casa.

— O mundo realmente é uma caixinha de surpresas.

Ele ri contra minha pele ao ouvir a minha frase e com meu

corpo contra o seu seguimos para o seu quarto. Ethan me


provoca subindo suas mãos pela minha barriga e distribuindo
beijos pelo meu pescoço.

— Você tem disposição para mais?

Pergunto assim que entramos em seu quarto e inverto

nossas posições. Ethan dá um chute na porta para fechá-la e


continua com as mãos em meu corpo.
— Óbvio, sou atleta, jovem... — Pisca para mim. —
Disposição é meu nome e meu sobrenome é pronto.

Reviro meus olhos, espalmo minhas mãos e o empurro.

— Quem sabe mais tarde, porque estou um pouco


dolorida.

Ele franze a sua testa.

— Você está bem?

Sorrio e assinto.

— Sim, é normal. — Faço um gesto com as mãos

indicando seu tamanho e em seguida aponto para a frente das


suas calças. — Você não é um cara humilde, Ethan.

Ele sorri satisfeito.

— Finalmente, um dia em que você não acaba com o meu

ego.

Eu me viro e vou até o seu armário sorrindo.

— Estou pegando uma das suas camisas.

— A sequestradora de camisas ataca novamente. —

Ignoro-o e pego mais uma das suas camisas do time. — Qualquer


dia serei expulso do time, porque alguém me deixou sem
camisas.
— Você tem uma coleção de camisas, Ethan. — Olho para
ele que tem um sorriso bobo em seus lábios. — Eu vou tomar
banho primeiro.

— Não podemos tomar banhos junto?

Faz menção de se aproximar de mim, mas balanço minha

cabeça.

— Não dessa vez.

Antes que ele invente alguma gracinha corro para o

banheiro. Eu estou rindo e o sorriso segue em meu rosto

enquanto tiro minha roupa e entro no box. Estou leve como há

muito não me sentia.

Empurrei todos meus medos e todas as questões que

podem vir me atormentar para longe. Hoje não quero pensar, só

quero viver. Só quero ser feliz e deixar todas as preocupações


para depois.

Ligo o chuveiro e deixo que a água caia sobre meu corpo e

meus cabelos. Eu fecho meus olhos e tudo que aconteceu entre

Ethan e eu ecoa em minha mente.

A última semana indicava que estávamos em um caminho

perigoso, flertando demais e despertando um no outro


sentimentos que amigos não sentem. Eu poderia ter parado, mas

não fiz. Deixei acontecer e nem sei o porquê demoramos tanto


para enfim cedermos ao que estávamos sentindo.

Abro meus olhos e lavo meu corpo com seu sabonete.

Mais uma vez, sorrio e eu mesmo estou me julgando. Pareço uma


garotinha apaixonada, algo totalmente contrário à minha

personalidade.

Não me arrependo, não sei qual será o nosso futuro e

muito menos posso ter certeza de que não me machucarei, mas


faria tudo de novo. Meu corpo se arrepia ao se lembrar dos

nossos momentos no carro. Com certeza foi o melhor sexo da

minha vida e foi em um carro. Mal posso esperar para usarmos


uma cama.

Lavo meu cabelo e desligo o chuveiro. Seco meu corpo e

visto sua camisa, sem nada por baixo, porque ele rasgou minha

calcinha e porque não estou com a minha mochila. Eu paro em


frente à pia enquanto penteio meu cabelo e me dou conta de que

meu pescoço irá ficar marcado. O pior que nem constrangida,

nem brava e muito menos arrependida estou.

Termino de pentear meu cabelo, seco-o mais um pouco

com a toalha e só então deixo o banheiro. Ethan está em pé


apoiado na sua mesa de estudo e mexendo no celular, ergue a

cabeça ao perceber que estou no quarto e dá um passo em

frente. Seu olhar percorre meu corpo enquanto caminha na minha


direção.

— Finalmente, não preciso fingir que não te acho a maior

gostosa usando a minha camisa.

Balanço minha cabeça e sorrio.

— Você fingia muito bem.

Debocho dele que para à minha frente e faz uma careta.

— Não conseguia fingir?

Balanço minha cabeça negando, ele sorri, um sorriso um


pouco envergonhado e coça a sua nuca.

— Desculpe, eu juro que tentava, mas você é irresistível.

Nós dois sorrimos, então ele deixa um beijo em meu

pescoço e em seguida vai para o banheiro. Assim que ele fecha a


porta eu me jogo em sua cama e encaro o teto do seu quarto.

Como posso estar me sentindo assim? Caralho, estou me

sentindo como se fosse uma das princesas bobonas dos contos

de fadas. Deus, eu nunca curti contos de fadas, nem romance e


muito menos achei que estar apaixonada te deixasse realmente

tão bobona.

Suspiro, porque é óbvio que estou ferrada.

Eu me sento na cama com as costas apoiadas na

cabeceira e pego o controle que está no cômodo ao lado, abro um


dos aplicativos de filmes e séries de Ethan e escolho Shrek 2,

mas espero Ethan voltar para iniciar.

Como deixei meu celular no carro, corro até o primeiro

andar e o pego, junto com a minha saia, blusa e o que restou da


minha calcinha. Ao voltar para o quarto Ethan segue no banheiro,

então eu me sento na cama e fico mexendo nas minhas redes

sociais.

E assim que escuto a porta sendo aberta me viro na sua


direção e Ethan está sem camisa.

— Finalmente, não preciso fingir que não te acho o maior

gostoso sem camisa.

Ele ri e balança a cabeça.

— Que original usando as mesmas palavras que eu disse.

— Não é patenteado, é livre para uso.


Ethan se aproxima, joga-se ao meu lado e faz uma careta

ao perceber que filme está na televisão.

— Shrek 2?

— Lógico, porque assistimos o 1 agora precisamos


terminar a maratona.

Ele suspira, mas se ajeita e me puxa para seus braços. Eu

aperto o play e com os braços de Ethan ao meu redor assisto um


dos meus filmes preferidos, só perde para o primeiro. Shrek é

meu conto de fadas favorito, além de ser o filme que eu sempre

assistia na minha infância.

É o meu filme de conforto, aquele que sempre aquece meu


coração e me relembra de que não importam as circunstâncias,

você pode ser feliz. E agora assistindo com Ethan é especial.

Na metade da animação Ethan pede pizza, vinte minutos

depois ele desce para buscar nosso pedido e então comemos em


seu quarto, sobre sua cama e ainda estamos comendo quando o

filme chega ao fim.

— Gostei da parte do biscoitão.

Ethan imita a voz do personagem e sorrio.


— Ele é ótimo, pena que o final dele não seja tão legal

assim.

Nós terminamos de comer, colocamos os guardanapos e

restos na caixa e a deixamos no chão. Eu estou sentada no meio

da cama com minhas pernas dobradas enquanto Ethan tem as

costas apoiadas na cabeceira.

— Acho que está na hora de ir embora.

Suspiro dramaticamente.

— Fique e durma comigo.

Faço um beicinho como se estivesse com dúvidas.

— E por que eu faria isso?

— Minha cama é maior que a sua.

Sorrio.

— Ótima justificativa, mas não estou convencida.

Ele segura minha mão com a sua e me puxa na sua

direção. Eu vou e pairo com parte do meu corpo sobre o seu.

— Podemos terminar nossa maratona e assistir Shrek 3.

Sorrio animada.
— Agora, você me convenceu. — Deito-me em seu peito e
ele coloca o filme para rodar. — Você sabe que tem o quarto, não

é!?

— Meu Deus, quantos filmes essa animação tem?

— Para sua sorte termina no 4.

Como o terceiro não é meu filme preferido, na metade eu

desvio meus olhos da televisão e encaro Ethan.

— Quando você se apaixonou por mim?

Ele olha em meus olhos e sorri.

— Acho que foi quando você me chamou de idiota.

Reviro meus olhos.

— Estou falando sério.

Ethan ergue sua mão e afasta alguns fios de cabelo do

meu rosto com carinho, deixa-os atrás da minha orelha e acaricia


minha bochecha.

— Não sei, talvez tenha sido semana passada, talvez

tenha sido quando escolhi como prêmio a chance de ser amigo,


talvez tenha sido naquela festa quando você ameaçou contar
para Miller onde eu estava. — Toca meus lábios com seus dedos.
— Não sei, mas em algum momento você passou a ocupar minha
mente e meu coração.

Eu me arrumo até estar com o rosto a centímetros do seu e

o beijo. É um beijo calmo, apenas com nossos lábios, sem língua


e sem desespero. Ele deixa que eu dite o ritmo. Afasto-me chupo
seu lábio inferior e olho em seus olhos.

Seus olhos castanhos refletem o mesmo que os meus.

Carinho, tesão, desejo, luxúria e uma intensidade arrebatadora.


Sua mão paira sobre minhas costas e ele continua sem ação
esperando por mim, então olho em seus olhos uma última vez e

minha boca encontra a sua outra novamente.

Aos poucos o beijo ganha intensidade e quando minha


língua pede passagem ele simplesmente permite que explore sua

boca. A cada segundo é como se uma chama se acendesse e


percorresse meu corpo.

Ethan desliga a televisão e inverte nossas posições, ele

está por cima e afasta sua boca da minha, encara-me e pelo seu
olhar pergunta se é isso que eu quero, então assinto e abaixa seu
rosto até ter sua boca em meu pescoço enquanto suas mãos

sobem pelo meu corpo e trazem a camiseta junto.


Não demoro a tê-la longe do meu corpo e seus lábios
percorrendo minha pele. Suas mãos percorrem minha barriga e
quando chegam aos meus seios, jogo a cabeça para trás e apoio

meus pés no colchão, meus dedinhos se encolhem e aperto o


lençol com meus dedos.

Seus lábios descem pelo meu pescoço, ombro e finalmente


tenho sua boca em meus mamilos. Eles estão pesados e
doloridos e a cada toque seu minha boceta pulsa. Gemidos

escapam de mim e levo minha mão até sua cabeça incentivando-


o a continuar.

Protesto quando afasta sua boca, mas sorrio quando me


dou conta do que ele irá fazer. Distribui beijos pela minha barriga

e continua descendo até ter sua respiração atingindo minha


boceta, todo meu corpo está tenso e ansioso. Primeiro ele me
toca com a sua língua lentamente, o que faz com que fique ainda

mais em alerta e chega a me causar dor.

— Por favor, Ethan.

Imploro e então ele me chupa. Enquanto Ethan me fode

com a sua boca, aperto o lençol com força e meus gemidos


ecoam pelo quarto. A cada segundo a pressão aumenta até que
se torna insuportável e é como se todo meu corpo explodisse em
uma sensação libertadora.

Finalmente, posso respirar e relaxar. Eu fico alguns


segundos de olhos fechadas e perdida em minha mente e quando

abro meus olhos Ethan está em pé, nu e com suas mãos em seu
pau.

— Camisinha na primeira gaveta.

Curvo-me para o lado e pego a embalagem, rasgo-a com


cuidado e ele se ajoelha na cama. Ele está olhando em meus

olhos quando se aproxima e continuamos nos encarando quando


ele para sobre mim e entre minhas pernas, eu coloco a camisinha

e percorro minha mão por todo seu cumprimento o que faz suas
veias ficarem mais evidentes e seu corpo mais tenso. Como não
quero que ele goze nas minhas mãos paro, então Ethan me beija

e o guio para dentro de mim.

Dessa vez, não temos pressa e nem a euforia da primeira


vez. É ele quem dita o ritmo, é ele quem afasta e aproxima seu

quadril de mim, é ele que me preenche cada vez mais.

Eu arranho suas costas e quando quero mais enrolo


minhas pernas ao redor da sua cintura, o que faz com que ele
aumente o ritmo das suas estocadas e me foda mais duro.

E quando está prestes a gozar Ethan leva seu dedo ao


meu clitóris e faz com que eu goze primeiro que ele, e quando
contraio minha boceta o apertando ainda mais dentro de mim ele

não consegue se controlar e o seu orgasmo toma conta do seu


corpo.

A sensação de prazer e tranquilidade toma conta de mim e


quando Ethan se joga ao meu lado , despois de descartar a

camisinha, simplesmente me aproximo dele ainda de olhos


fechados e deito minha cabeça em seu ombro.

Ele beija minha testa e sua mão sobe e desce pelas

minhas costas.
Ethan

Nunca pensei que o pós-sexo pudesse ser tão incrível, mas


é. O sexo para mim terminava quando gozávamos, então a garota

e eu nos despedíamos com um sorriso e cada um seguia seu

caminho. Desde que perdi a virgindade aos quinze com uma


vizinha três anos mais velha foi assim.

Não imaginava estar segurando uma garota depois de

gozar, nunca sequer passou pela minha cabeça e sei que é

especial, porque estou apaixonado, porque essa não é qualquer


garota, foi a que invadiu minha mente, se instalou em meu

coração e conquistou a minha alma.

— Em que você está pensando?

Abby traça círculos invisíveis em meu peito.

— Em como essa é a minha primeira vez.

Ela ri e ergue sua cabeça até estar encarando o meu rosto.

— Você não parecia um virgem.

Debocha, porque sabe que não estou falando disso.

— Essa é a primeira vez que fico assim com alguém depois

do sexo.

Ela para de rir e me encara surpresa.

— Sério?

— Sério.

Respondo enquanto a pego em meus braços e fico em pé.

Ela solta um gritinho ao mesmo tempo que passa seus braços ao

redor do meu pescoço para se segurar.

— Seríssimo e agora será a primeira vez que irei tomar

banho com uma garota.


Ela ri e como seu sorriso me faz feliz, também curvo meus
lábios em um. Levo-a para o banheiro e juntos tomamos um

banho rápido. Ao voltamos para o quarto vestimos as roupas que

estávamos vestindo e nos deitamos na cama. Abby volta a

encostar sua cabeça em meu peito e é nessa posição que

adormecemos.

...

Assim que eu acordo e percebo que não há nenhum peso

sobre mim abro meus olhos e procuro por Abigail. Ela não está ao

meu lado. Será que foi embora? Onde ela está? Não gosto da

sensação de perda que ecoa em meu peito e nem do medo de

que ela tenha se arrependido.

Suspiro e encaro o teto branco do meu quarto. Ela não

parecia arrependida, mas e se algo aconteceu. O que poderia ter


acontecido?

Como ficar aqui criando teorias e me fazendo perguntas

sem respostas não irá me ajudar em nada, eu me levanto. De

pressa, eu vou para o banheiro, faço o que tenho que fazer,


escovo meus dentes e deixo o quarto. Desço as escadas

correndo. E ainda estou correndo quando entro na cozinha.

— O que está acontecendo? Está morrendo? Alguém está

morrendo?

O primeiro idiota do dia a se manifestar é Josh, mas o


ignoro. Eu olho ao redor e suspiro aliviado quando encontro

Abigail sentada de frente para Josh, Aiden e Dylan.

Ela me encara com as sobrancelhas erguidas, eu dou de

ombros e me aproximo dela.

— Eu achei que você tivesse ido embora.

Beijo o topo da sua cabeça e me sento ao seu lado.

— Por que eu teria ido embora?

Olha para mim confusa e suspiro.

— Achei que tivesse se arrependido.

Ela faz uma careta e nossa conversa é interrompida por um

grito de Dylan.

— Vocês transaram.

Olho para o lado e ele está com o dedo apontando na

nossa direção, sorrindo e seus olhos entregam que está se


divertindo com a acusação.
— Vocês transaram?

Aiden pergunta e Josh apenas olha para nós dois curioso e


tentando descobrir algo.

— Vocês deveriam cuidar da própria vida de vocês.

Abigail resmunga.

— Eu ganhei, chupa otários e prova disso são as marcas


no pescoço de Abigail.

Dylan comemora e zomba dos nossos amigos. Eu não


entendo o que ele está querendo dizer e me viro para Abigail que

está com os olhos estreitos e fuzilando os três idiotas à sua frente.

— Vocês apostaram sobre nós dois?

Isso faz sentindo. Volto a encará-los e Aiden dá de ombros,


Dylan sorri e é Josh a responder Abigail.

— Óbvio, porque era nítido que um dia vocês iriam se


pegar.

Dá de ombros.

— E em quanto tempo vocês apostaram?

Dylan que aparentemente é o vencedor abre a boca para

me responder.
— Eu apostei em quatro semanas, sendo que nossa
aposta aconteceu no domingo após aquela festa aqui em casa
quando Abby cedeu às investidas de Ethan.

— Hey, eu não cedi às investidas de Ethan nesse dia,


apenas dei uma chance para ele provar que não era tão ruim.

— E ele com certeza cumpriu o objetivo de provar que não


era tão ruim, hein!?

Josh zomba e Abigail fica vermelha. Eu olho para ele e


ergo meu dedo do meio na sua direção.

— Otário.

— Então, foi por isso que vocês sumiram ontem?

Aiden é quem pergunta.

— Vocês não contaminaram nenhuma parte da casa, não


é?

Josh continua e eu reviro meus olhos.

— Como eu acreditei que eles eram pessoas legais?

Abigail resmunga, eu desvio os olhos dos meus amigos e


me viro para a garota ao meu lado.

— Eu avisei que eles eram insuportáveis.

Sorrio e beijo seu ombro.


— E agora teremos que suportar esse tipo de ceninha à
nossa frente.

Dylan reclama, porém, sua voz soa divertida.

— Se eu matar um deles posso alegar legitima defesa?

— Com certeza.

Eles continuam nos provocando e nós continuamos

reclamando, é esse o clima do nosso café da manhã. Como foram


eles que cozinharam, eles nos deixam sozinhos assim que

terminam de comer e com a sujeira que fizemos para limpar.

— Você não está mais com braço imobilizado e a casa é

sua. — Comemora. — Logo a limpeza quem deve fazer é você.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Nem uma ajudinha?

Ela balança a cabeça negando.

— Nem uma ajudinha.

Suspiro e fico em pé.

— Você é má.

Dá de ombros.
— Eu sou justa, aliás fui eu que fiz tudo que você deveria

fazer nas últimas semanas, ou seja, devo ser tratada como uma
rainha pelos próximos dias.

Eu curvo meu corpo para a frente e faço uma reverência na

sua direção.

— Prometo ser um súdito fiel e obediente.

Faço até um gesto com as mãos e volto a ficar totalmente

em pé. Abby está mordendo seu lábio inferior e tentando não rir.

— Espero mesmo que seja.

Pisca em minha direção.

— Exigente.

Resmungo enquanto pego as louças que sujamos e as

coloco na lavadora de louças. Abigail realmente fica sentada rindo


e dando ordens enquanto eu limpo.

— Você é muito mandona, sabia?

Apoio meus braços sobre o balcão e me aproximo dela

assim que termino de limpar.

— Nem só de qualidades é feita uma pessoa.

Sorrio e balanço minha cabeça de um lado para outro.

— Isso é uma frase que eu diria.


Dá de ombros.

— É a convivência. — Abby está sorrindo e sorrindo

comigo, algo que sempre quis desde o primeiro momento que ela

me tratou com frieza. — O que foi? Por que está me olhando


assim?

— Nada. — Nego e dou um passo para trás me afastando

dela. — O que você pretende fazer o resto do dia?

— Não pretendo fazer nada, não tenho nada marcado pelo

menos.

Assinto ao mesmo tempo que me recordo o que tinha

programado para hoje.

— Hoje há um amistoso do time de beisebol e Josh nos

chamou para assistir, e ele adoraria que você fosse.

Ela morde seu lábio inferior e tenta não rir.

— Ele adoraria, é?

Faço uma expressão de inocente e um gesto afirmativo

com a minha cabeça.

— Iria ficar muito feliz. — Eu dou a volta e me aproximo de

Abby. — Radiante.
Ela gira o banco até estar de frente para mim e me ajeito

até estar entre suas pernas.

— Ok, posso fazer esse sacrifício de ir ver Josh jogar, mas

preciso passar em casa e trocar de roupa, porque estou sem

nada aqui.

Ela sussurra as últimas palavras e assim que entendo o

que está querendo dizer arregalo meus olhos.

— Você está sem calcinha?

Assente e aproxima seus braços até estarem em volta do


meu pescoço.

— Você rasgou a minha, lembra?

Faz um beicinho. Eu diminuo a distância entre nós e minha

boca fica a centímetros da sua.

— Você está proibida de estar sem calcinha perto dos

meus amigos.

Mordo seu lábio inferior, seus olhos brilham e quando o

solto ela me encara com malícia.

— Ciúmes, quarterback?

Levo minhas mãos até a sua bunda e a impulsiono para

cima até que ela esteja com as pernas ao redor do meu quadril,
então a levanto e a tiro do banco.

— Sim. — Caminho com ela em meus braços na direção

da porta que leva até a garagem. — Não divido o que é meu,

bonitinha.

Ela ri e apoia a testa em meu ombro.

— Para onde está me levando?

— Vamos até sua casa trocar de roupa.

Ela não discorda, então a levo até meu carro e dirijo para a
sua casa. Assim que entramos em seu apartamento nos

deparamos com Brooke preparando algo para comer, ela nos

encara e um sorrisinho surge em seu rosto.

— Vocês finalmente transaram?

Abigail para no meio da sala e eu paro logo atrás dela.

— Todos vocês achavam que isso iria acontecer?

Pergunto e não é Brooke a me responder.

— Sim.

É Dakota, que está saindo de seu quarto, que me

responde. Abby entrelaça minha mão na sua e me puxa na

direção do seu quarto.


— Ótimo, quarterback, nós fomos as piadas dos nossos

amigos.

Abigail me deixa no seu quarto e segue para o banheiro

enquanto toma seu banho, eu fico vasculhando pelo seu quarto.

Não encontro nenhum diário com meu nome repleto de

coraçãozinho, mas encontro a minha camisa, aquela que ela


nunca mais me devolveu. É óbvio que ela usou mais de uma vez.

Sorrindo pego-a e me deito na sua cama. E enquanto a

espero, leio um dos seus livros de suspense. Abby volta para o


quarto apenas enrolada em uma toalha. Não detenho meus olhos

e encaro seu corpo de cima a baixo.

— Sempre que estiver com a autoestima baixa me

lembrarei da forma como você está me olhando.

— Você é linda.

Ela ri da minha resposta e vai até seu armário. Abby se

veste na minha frente sem vergonha nenhuma e aproveito seu

showzinho. Eu largo o livro ao lado e me concentro totalmente


nela.

— Minha cama é realmente melhor que a sua.


Ela me encara sorrindo enquanto penteia seus cabelos
molhados.

— É?

Assinto e pego a minha camisa sequestrada por ela.

— E encontrei a prova de que você estava dormindo com a

minha camiseta.

Ela revira seus olhos.

— Isso não prova nada.

Assim que ela termina de pentear seus cabelos estendo

minha mão, toco sua cintura e a puxo na minha direção.

— Isso prova muita coisa. — Puxo-a mais uma vez e ela se

senta em meu colo com as pernas apoiadas na cama e ao lado


do meu quadril. — Isso prova o quanto você está apaixonada por

mim.

Ela apenas balança a cabeça e ergue suas mãos até tê-las

entre os fios do meu cabelo.

— Não seja um convencido, Ethan.

Aproximo minha boca da sua.

— Confessa que você adora esse meu lado convencido.


Ela balança a cabeça negando e eu aproximo ainda mais
minha boca até ter seus lábios entre meus dentes. Mordo-o
levemente e em seguida passo minha língua para aliviar a dor.

— Eu acho que você está mentindo.

Olho em seus olhos por alguns segundos e nos beijamos.

Minha língua explora a sua, suas mãos seguram minha cabeça e


as minhas passeiam pelas suas costas.

Ficamos em seu quarto nos beijando e não passamos


disso. Mais uma das coisas que nunca tinha feito com outra
pessoa, ficar assim, sem evoluir o beijo para algo mais. E são

coisas e momentos que achava irrelevantes, insignificantes e sem


graça, mas agora é diferente. Tudo mudou.

Nós almoçamos com suas amigas, então as convidamos

para o jogo de Josh, Dakota recusa, mas insistimos e ela acaba


concordando em nos acompanhar. Vamos os quatro para o jogo e
encontramos Aiden e Dylan, apesar de ser apenas um amistoso

há muitas pessoas, principalmente alunos.

Abigail fica ao meu lado e não evitamos estar perto um do

outro, inclusive trocamos alguns abraços e beijos. Nós bebemos e


gritamos durante todo o jogo, ao fim Crimson Tide vence e vamos
comemorar no Crimson Giants, o mesmo bar em que encontrei
Abigail pela primeira vez.

O lugar está lotado, repleto de universitários enlouquecidos


e nós não somos uma exceção. O time de Beisebol está
enlouquecido e puxam um coro com o hino e outros gritos de

guerra.

Ao fim da noite tanto Abigail quanto eu estamos bêbados,

assim como a maioria das pessoas ao nosso redor, então quando


o bar fecha Josh e Dylan decidem atravessar a rua e ir até um
estúdio de tatuagem vinte e quatro horas.

Aiden, Brooke, Dakota, Abigail e eu acompanhamos os


dois idiotas. Na recepção, eu me sento em uma poltrona e Abigail

se senta em meu colo. Beijo seu pescoço e aproximo minha boca


da sua orelha.

— E se eu quiser fazer tatuagem?

Estou apenas zoando e Abby se vira até seu nariz se


encostar no meu.

— Se você fizer uma tatuagem, eu deixo você escolher


uma tatuagem para eu tatuar, além de segurar sua mão é claro.

Seus olhos estão brilhando, aliás tudo ao nosso redor está.


— O que eu quiser?

— O que você quiser.

E é assim que termino a noite com bonitinha escrito em

uma letra cursiva e fina em meu peito e Abigail com a palavra


quarterback seguida de um coração em seu pulso.
Abby

Estaciono o carro no estacionamento do prédio em que


será a minha próxima aula e antes de descer pego meu celular e

confiro se há alguma mensagem e há uma de Ethan.

“Já chegou?”

Ele sabe que estou indo para a aula, porque conversamos


antes de eu sair de casa, aliás, sempre estamos conversando por

mensagens se não estamos juntos e já que ele não está mais


com o braço imobilizado o tempo que estamos separados

aumentou consideravelmente, por isso trocamos muitas


mensagens.

Apesar da pergunta estranha digito uma resposta.

“Estou chegando... saindo do carro nesse momento.”

Espero alguns segundos e ele não me responde, então

pego minha mochila, enfio o celular no bolso traseiro da minha

calça e deixo o carro. Caminho para a minha primeira aula de

quinta-feira atenta ao aparelho em meu bolso, porém ele não


vibra, o que significa que o quarterback não me enviou mais

mensagens.

Quarterback.

Pensar na palavra faz com que encare minha mão e a


palavra tatuada em meu pulso. Uma parte minha queria me jogar

da janela do quarto do Ethan quando acordei em seus braços e vi

a minha pele marcada, uma outra parte queria rir.

O que diabos nós dois estávamos pensando? Claro, não

estávamos pensando, estávamos bêbados.


O fato é que sempre terei a palavra tatuada em meu braço,
ou precisarei pagar uma fortuna e retirar a maldita da minha pele,

além de ser caro e dolorido. Ethan e eu estamos ficando há seis

dias e já temos uma tatuagem, nós nem rotulamos o que temos.

É completa loucura.

Continuo tentando não me desesperar e nem ficar

pensando no futuro, mas às vezes é inevitável e bate um medo


horroroso. E se eu gostar dele mais do que ele gosta de mim? E

se ele enjoar de mim? Ou se descobrir que nunca esteve

apaixonado por mim.

É terrível, apenas pensar.

— Hey, Abby.

Alguém me chama quando estou quase entrando na sala

de aula, então deixo meus pensamentos de lado e me viro já que


a pessoa que está me chamando está atrás de mim.

Deparo-me com Benjamin, um cara que faz essa matéria

comigo e com quem fiquei no início do semestre.

— Hey, Benjamin.

— Como você está?


Ele se aproxima e ficamos um de frente para o outro ao

lado da porta da sala de aula.

— Bem, e você?

Apesar de retribuir a pergunta não sorrio. Nós ficamos uma


única vez e nunca mais conversamos. O que ele quer agora?
Detesto ser simpática apenas por ser.

— Bem, nós nunca mais conversamos — Assinto e cruzo


meus braços sobre meus seios. — Soube que você está saindo

com o quarterback.

Ergo minhas sobrancelhas, aonde ele quer chegar com

isso?

— Se for mentira, nós poderíamos sair qualquer dia


desses.

De repente, ele voltou a ter interesse em mim? Tudo isso

por que acha que Ethan está interessado em mim? Eu abro a


boca para respondê-lo que não tenho interesse, porém alguém é
mais rápido e responde por mim.

— Ela não pode sair com você. — Olho para o lado e


encontro Ethan ao nosso lado e fuzilando Benjamim. — Essa

garota não está mais disponível.


Pisca na direção de Benjamin e passa seu braço pelo meu

ombro. Eu olho para ele e ergo minhas sobrancelhas, ele apenas


continua encarando o cara à nossa frente.

— Ela inclusive tem uma tatuagem em minha homenagem


em seu pulso.

Benjamim abaixa sua cabeça e encara meu pulso.

— Foi mal, cara.

Ele se afasta e entra na sala de aula. Foi mal, cara? Ele


deveria é ter pedido desculpas para mim. Irritada me desvencilho

de Ethan e fico de frente para ele.

— Ele estava dando em cima de você e eu avisei que você

era minha.

Explica antes mesmo que eu faça qualquer pergunta.

— Não sou um objeto e o que você está fazendo aqui?

Ele sorri, é como é o seu sorriso de lado ele consegue me


desarmar e minha irritação me abandona. Realmente, Ethan me

transforma em uma garotinha apaixonada e boba.

— Vou me sentir ofendido e acreditar que não me queria

aqui.

Mordo meu lábio inferior e suspiro.


— Estou feliz que esteja aqui, mas não o esperava.

Ele sorri, diminui ainda mais a distância entre nós e coloca

suas mãos em minha cintura o que faz com que um arrepio suba
pelo meu corpo.

— Não tinha aula e decidi que queria te ver, desde terça à

noite que não te vejo.

Faz um dia e eu também senti a sua falta.

— Também senti sua falta.

Confesso e seus olhos brilham, então abaixa sua cabeça e

seus lábios cobrem os meus. É um beijo rápido que faz meu


coração acelerar e minha mente entrar em alerta. Eu estou muito

ferrada.

— Você irá me esperar?

Balança cabeça negando e fico um pouco decepcionada.

— Vou entrar e assistir a sua aula com você.

Um sentimento estranho ocupa meu peito ao ouvir o gesto


que ele está a fim de fazer por mim, mas sou racional e balanço

minha cabeça.

— Você não precisa. — Faço um gesto com a cabeça na


direção do banco que há logo em frente à minha sala. — Pode
ficar aqui se quiser me esperar.

Ele pega minha mão e a leva até seus lábios, então beija

meus dedos.

— Você assistiu várias aulas minhas é justo que assista


uma aula sua. — Abro a boca, porém ele balança a cabeça. —

Não há nada que diga que me convença a não assistir sua aula.

Como ele parece determinado, dou de ombros.

— Ok, ok, mas já aviso que é uma aula chata.

Ele não parece se importar, então entrelaço meus dedos

nos seus e de mãos dadas seguimos para a sala. Assistimos à

minha aula, a qual Ethan abre a boca a cada segundo e em


seguida vamos para a sua aula. Como o prédio é perto vamos

andando e mais uma vez sou torturada por uma aula de cálculo.

Nós almoçamos em um restaurante no campus, em


seguida vamos para o treino de Ethan. Eu fico na arquibancada

enquanto ele treina, ele faz o aquecimento e alguns passes com a

bola. Nunca achei que seria tão divertido assistir um treino, mas é,

principalmente quando ele faz a simulação de um Touchdown[18] e


faz o gesto de um coração com as mãos na minha direção.
O treino chega ao fim e como da outra vez Ethan não

segue para o vestiário com seus colegas, e sim, caminha na


minha direção. Eu sorrio e fico em pé o esperando.

— Dessa vez, não parece uma criança emburrada.

Provoco-o assim que ele está perto o suficiente para me


ouvir. Ethan faz uma careta, ele se aproxima e ficamos um de

frente para o outro, então ele deixa suas mãos em minha cintura e

eu espalmo as minhas em seu peito.

— Você sabe o porquê tinha brigado com Oliver? E por que


estava tão contrariado aquele dia? — Balanço a cabeça negando.

— Porque ele tinha me dito que estava apaixonado.

— Por mim?

Assente.

— Aparentemente estava na cara que está apaixonado por

você.

Eu sorrio e apoio minha cabeça em seu ombro. Ele beija a


lateral do meu rosto e sua mão sobe e desce pela minha barriga.

— Sabe, o verão está terminando e daqui a uns dias não

poderei mais usar a piscina lá de casa.

Afasto-me e o encaro com as sobrancelhas erguidas.


— O que você está querendo dizer?

— Que nós deveríamos ir para minha casa e aproveitar

aquela piscina enorme, e é bom salientar que nenhum dos caras

está por lá, ou seja, seremos só você e eu.

Dou um passo para trás e sorrio animada, embora já não

esteja tão quente, mas ainda está o suficiente para passar um dia

na piscina.

— Eu gosto dessa sua sugestão, eu só preciso ir em casa

e colocar um biquíni.

Ele assente.

— Espero você na minha casa.

Entrelaça nossos dedos e de mãos dadas deixamos as

arquibancadas e caminhamos para o estacionamento do Brynt

Demy[19].

— Traga uma roupa para dormir e para vir amanhã para


universidade.

Sorrio e olho para ele com malícia.

— Me chamando para dormir com você?

— Não é um convite, é uma convocação.


Pisca na minha direção. Nós dois sorrimos e seguimos em

frente. Como estamos em carro separamos, Ethan me leva até o


meu e nos despedimos com um selinho.

Enquanto dirijo, encaro a tatuagem em meu pulso. Talvez

esteja no momento de contar para Ethan sobre Liam antes que

ele descubra de outra forma.

As meninas não estão em casa, então corro, troco a roupa

que estou por um biquíni e um vestido. Coloco algumas peças de

roupa em uma mochila e saio mais uma vez do meu apartamento.

Ao chegar deixo meu carro atrás do de Ethan que está

estacionado em frente à sua casa e caminho até a entrada. Abro

a porta e não há ninguém na sala.

— Ethan.

Grito.

— No jardim.

Deixo minha mochila sobre o sofá e vou para o jardim.

Ethan está sentado em uma espreguiçadeira, ele olha em minha


direção e a forma como seus olhos percorrem meu corpo fazem

com que me sinta a garota mais bonita do universo.


Gosto de como um simples olhar seu é capaz de fazer com

que me sinta quente. Ainda com seu olhar sobre mim, eu tiro o

vestido e fico só de biquíni, em seguida eu vou até ele e me sento

no seu colo de frente para ele e com as pernas ao redor da sua


cintura.

— Gostei dessa cor em você.

Suas mãos sobem pelas minhas costas enquanto eu toco


seu pescoço.

— Tenho certeza de que foi da cor vermelha do biquíni que

gostou.

Ele cobre minha boca com a sua e por alguns segundos,


nos perdemos um no outro. É Ethan a se afastar e me encarar

com malícia. Ele não fala nada, mas entendo o que ele irá fazer

assim que fica em pé comigo em seu colo.

— Droga, Ethan.

Ele ignora minha reclamação e pula na piscina. Eu fecho

meus olhos e somos engolidos pela água. Assim que emergimos

e abro meus olhos encontro Ethan rindo.

— Maluco.
Ele só da de ombros e sua boca procura pela minha. Eu

não me afasto pelo contrário aprofundo ainda mais o beijo. Ethan


me carrega até a borda da piscina até eu ter as costas apoiadas

contra ela.

Nós nos beijamos até estarmos sem fôlego e com os lábios

inchados, então Ethan apoia sua testa na minha e ficamos um


tempo apenas nos encarando. Quando ele me deixa para se

apoiar na piscina ao meu lado minha respiração ainda está

acelerada.

— Você acredita que meu ombro irá voltar a deslocar outra

vez em breve?

Viro-me para o lado e franzo minha testa.

— Por que a pergunta? Você está com dor?

Ele balança a cabeça negando.

— Só estou preocupado dele deslocar com o impacto dos

jogos e isso não será algo que irá me ajudar a causar uma boa
impressão. — Faz uma careta. — Ano que vem faz três anos que

eu terminei o ensino médio, posso me inscrever no Draft e eu era

um jogador visado, mas se começar a ter problemas seguidos em

meu ombro isso não vai acontecer.


Ethan parece preocupado como nunca esteve.

— Você é dado como uma estrela, Ethan, todos querem

ver você jogar e é a principal aposta, todos sabem que haverá

briga por você.

Apoia sua cabeça na borda da piscina e encaro o céu.

— Eu sei, só que às vezes tenho medo de não conseguir o

que eu quero.

— Você irá se inscrever no Draft ano que vem?

— Não, eu quero meu diploma e vou deixar para quando

estiver no quarto e último ano.

Assinto e mordo meu lábio inferior, porque preciso


perguntar algo.

— Seu agente é alguém essencial para você no Draft, não

é?

Ele assente.

— Liam tem contatos e ele sabe qual time eu quero, ele


sabe com quem conversar para que os times acertem a minha

escolha, porque por mais que os Patriots não vençam o Super


Bowl dificilmente serão os últimos colocados na liga e os
primeiros a fazerem a escolha no Draft.
Um aperto surge em meu peito.

— Liam é quem tornará a escolha um pouco sua também.

— Sim. — Ethan suspira e volta a me falar sobre seus


medos. — Embora, não vá para o Draft ano que vem, minha
avaliação irá ocorrer, os times irão me entrevistar, pedir meus

exames médicos e me avaliarem e se eles acharem que estou


comprometido?

Apesar da agonia em meu peito ao pensar na reação de


Liam quando descobrir que estamos juntos, eu entrelaço minha
mão na de Ethan e a aperto.

— Ficará tudo bem, Ethan, tenho certeza de que isso não


irá te atrapalhar. — Sorrio. — E você será disputado por todos,
como você ama.

Ele leva nossas mãos até seus lábios e beija o nódulo dos
meus dedos. Meu coração bate acelerado e mais uma vez, meu
peito aperta. Qual a chance de Liam não ficar irado por eu estar

com seu principal jogador? Porque, eu definitivamente não quero


perder Ethan.
Abby

Saio do quarto de Ethan e a casa está um caos. Josh,


Aiden, Dylan, Brooke e Dakota caminham de um lado para outro e

finalizam o que falta para a festa de halloween de hoje à noite.

Uma festa que faz uma semana que estamos organizando

e mesmo assim ainda falta coisas.

— E Ethan?

Josh pergunta assim que me vê.

— Dormindo.
— Aposto que ele usou a desculpa do tenho que

descansar para o jogo amanhã apenas para escapar da


organização do restante das coisas.

Dylan zomba e provavelmente ele não está errado. Todos


tivemos aula hoje pela manhã e viemos para cá, almoçamos e o

plano éramos juntos arrumar o que faltava, porém Ethan escapou,

porque falou que não poderia se cansar antes do jogo de


amanhã, o jogo que inicia a temporada e um dos mais

importantes, contra os Auburn Tigers, o maior rival dos Crimson.

— E Abby fugiu também.

Brooke me acusa e simplesmente dou de ombros, ela está

certa, eu fugi. Disse que precisava subir com Ethan para seu

quarto para ajudá-lo nos alongamentos quando na verdade, não

existia alongamento nenhum. Tudo que fizemos foi nos deitarmos

em sua cama e ficarmos abraçados assistindo um documentário


sobre como surgiu o halloween. Ethan dormiu na metade do

documentário, eu como amo documentários assisti até o fim.

Como Ethan dormiu e estava entediada com o programa

que começou passar na televisão após o documentário decidi

parar de fazer corpo mole e vir ajudar meus amigos.


— Sua folga acabou. — Dakota coloca em minhas mãos
uma abóbora de plástico repleta de teias de aranhas. — Coloque

isso em algum lugar da sala.

— Sim, senhora.

Eu vou até a sala e deixo a abóbora sobre a lareira. Assim

que termino Aiden surge com um monte de aranhas falsas e o

ajudo a decorar o restante da sala, ou o que era a sala já que o


sofá foi realocado na academia para termos mais espaço aqui.

É início da noite quando finalmente temos tudo pronto,


então minhas amigas seguem para o nosso apartamento a fim de

se arrumarem, os meninos para os seus quartos e eu volto para o

quarto de Ethan, afinal trouxe minha fantasia e maquiagens para

cá ontem à noite.

Assim que abro a porta me deparo com Ethan sentado em

sua cama com as costas apoiadas na cabeceira e jogando

videogame.

— Você realmente fugiu.

Ele dá de ombros.

— Eu já ajudei a organizar muita coisa dessa festa.


Ele continua encarando a televisão, realmente parece

muito concentrado em seu jogo e tenho uma ideia. Eu caminho


até a cama e subo de joelhos no colchão. Posso ver que ele me

encara pelo canto do olho, mas não se vira em minha direção.


Sorrio e tiro minha blusa ficando apenas de sutiã.

— O que você está fazendo?

— Tirando minha roupa, não posso?

Faço um beicinho e me aproximo ainda mais dele. Ethan

engole em seco e vejo que segura com mais força o controle.


Afasto uma das suas mãos do objeto e me sento em seu colo de

frente para ele.

— Continue jogando.

Abaixo minha cabeça e beijo seu pescoço. Assim que


meus lábios encostam em sua pele ele larga o controle e segura

meus cabelos com força.

— Que porra de jogo.

Puxa meus cabelos até que ergue minha cabeça e então


cobre minha boca com a sua. Só nos afastamos quando puxo sua
camisa para cima, jogo-a no chão e ele baixa seus olhos até

meus seios. Ele os encara e leva suas mãos até eles, aperta-os
mesmo por cima do sutiã e uma sensação de dor e prazer

percorre meu corpo e acaba em minha boceta.

Seus olhos brilham, passa a língua em seus lábios e

continua me encarando enquanto tira meu sutiã e só quando a


peça está longe do meu corpo que desvia seu olhar, abaixa sua

cabeça e toca meu mamilo com a sua boca.

Eu fecho meus olhos e deixo que as chupadas em meu


peito vibrem diretamente em minha boceta. Arfa, levo minhas

mãos até sua cabeça e imploro por mais. Seus dedos brincam
com meu bico intumescido enquanto arranha meu outro seio com

seus dentes.

Rebolo contra seu corpo fazendo com que minha boceta

friccione com sua ereção que começa a crescer em suas calças.


Mesmo com nossas calças entre nós sinto-o duro, o que faz com
que fique ainda mais molhada.

Ele continua dando atenção aos meus seios e sei que se

ele continuar irá me fazer gozar. Respiro fundo e o empurro,


Ethan me encara sem entender e com os olhos repletos de
luxúria.

— Quero fazer você gozar em minha boca.


Justifico-me e seus olhos brilham ainda mais.

— Então, traga sua bocetinha até minha boca enquanto me

chupa.

Suas palavras fazem com que sinta uma fisgada embaixo


do meu ventre e minha boceta vibre. Caralho, eu quero gozar.

Rapidamente fico em pé e tiro minha calça e calcinha, e ainda


deitado Ethan tira sua calça de moletom e sua cueca. Ele toca
seu pau duro e me encara excitado.

— Abigail, traga sua boceta até minha boca.

Com meus seios pesados e minha boceta vibrando sento-


me em seu rosto e curvo meu corpo para a frente até ter seu pau
em minha boca e minhas mãos apoiadas no colchão ao lado de

Ethan.

Sua língua toca meu clitóris e respiro fundo. Preciso de

toda minha concentração para o tomar em minha boca enquanto


ele me explora com sua língua. Levo-o até o fundo da minha

garganta e ele morde minha coxa. Um gemido deixa meus lábios


e seus dedos juntam-se à sua boca.

Nossas respirações alteradas ecoam pelo quarto e a cada

segundo meu corpo fica mais em alerta, minha boceta vibra e


preciso de mais. Busco o que preciso rebolando contra o rosto de
Ethan enquanto minha boca sobe e desce por toda sua extensão.

Não consigo mais o manter em minha boca, eu preciso


parar e deixar que ele me chupe até que consiga o que tanto
preciso. Ethan não me decepciona e mantém seus dedos e sua

língua até que goze, até que tudo se torne demais.

Ele continua com sua boca em mim até que minha


respiração comece a normalizar. Estou prestes a voltar a tê-lo em

minha boca quando ele dá um tapa na lateral da minha bunda.

— Não, quero gozar na sua boceta.

Eu me viro no mesmo instante ficando com ela a


centímetros do seu pau e me curvo até a gaveta ao lado da cama,

depressa pego uma camisinha, entrego-a para Ethan e ele o mais

rápido possível a coloca, então apoio minhas mãos em seu peito


e ele guia seu pau para dentro de mim. Sento-me devagar e aos

poucos ele me preenche e quando estou totalmente sentada

sobre ele nós dois gememos.

Monto-o e a cada investida minha boceta o aperta mais.


Suas mãos ficaram marcadas em minha cintura e não nos

importamos se estamos fazendo barulho demais.


Nós gozamos juntos e deito-me em seu peito exausta. Nós

ficamos em silêncio e o som das nossas respirações são o único


barulho ouvido no quarto.

Ethan tem suas mãos em minhas costas e eu traço círculos

invisíveis em seu peito com as pontas dos meus dedos.

— Podemos esquecer da festa?

Sorrio e me aconchego ainda mais contra ele.

— Não.

Apesar de negar não me levanto. E nós só deixamos a


cama quando estamos muito atrasados, nós tomamos um banho

rápido e juntos para economizar tempo. Nossas fantasias não são

muito elaboradas e se tivesse um concurso ganharíamos como o

casal com a pior fantasia de todas.

Somos o Shrek e a Fiona, porém um casal de ogros após

muita dieta e academia, além do mais que a única coisa que

indica nossa fantasia é a tiara com as orelhas de ogros. Até o


meu vestido é curto e a única semelhança com o da Fiona é a cor

verde. Deveríamos pintar nossos rostos de verde, porém estamos

atrasados e há música e risadas ecoando pela casa, ou seja,


muito atrasados.
Deixamos o quarto de mãos dadas e descemos as

escadas. Tudo está escuro, músicas de terror ecoam pela casa e

as pessoas estão bebendo e tentando dar sustos uma nas outras.

— Do que diabos vocês estão fantasiados?

Josh que está fantasiado de Mario pergunta assim que nos

encontra.

— Fiona e Shrek.

Aiden que está de Luigi se aproxima e faz uma careta.

— Meu Deus, vocês são o pior casal de todos.

— Cadê a fantasia de vocês?

É a vez de Dylan se juntar aos meninos.

— Estamos fantasiados.

Reviro meus olhos e eles continuam nos provocando e

tudo piora quando Dakota e Brooke se juntam ao grupo.

Realmente, somos uma piada para nossos amigos.

Ethan e eu não estamos bebendo. Ethan, porque joga

amanhã e eu porque o estou apoiando. No início é legal,

conversamos com todos e nos divertimos, mas conforme o tempo


passa e o povo começa a ficar bêbado é horrível.

Pessoas bêbadas são terríveis e chatas.


Depois do quinto banho de cerveja que levamos, Ethan e

eu subimos para seu quarto, eu visto uma das suas camisas e ele
apenas uma calça de moletom. Por sorte tinha comida e não

estamos com fome, então escovamos nossos dentes e nos

deitamos. Eu me deito sobre seu peito e seus dedos brincam os


fios do meu cabelo. O barulho da festa é alto e ecoa pelo quarto.

— Foi uma péssima ideia termos feito essa festa hoje. —

Suspiro. — Devíamos ter deixado para amanhã.

— Foi bom. — Apoio meu corpo em meu cotovelo e o


encaro com as sobrancelhas erguidas. — Me ajudou a não

pensar no jogo amanhã.

— Você está preocupado?

Assente.

— Sei que tenho treinado e Miller me garantiu que estou

bem, porém tenho receio de me machucar, ou de algo dar errado.

Beijo seu peito.

— Dará tudo certo.

— Eu espero que sim, Abby.

Eu volto a encará-lo e sorrio maliciosa.


— E se caso algo acontecer, não se preocupe posso cuidar

de você.

Sorri diante da minha provocação.

— Mesmo que seu contrato tenha acabado há uma


semana?

— Mesmo que tenha acabado.

Aproxima seu rosto do meu e deixa um selinho em meus

lábios.

— Assim, eu fico mais aliviado.

Nós dois sorrimos e volto a apoiar minha cabeça em seu

peito. Meu contrato de estágio acabou, mas não aconteceram


muitas mudanças. Continuamos passando a maior parte dos dias

juntos e a cada dia me apaixono mais por Ethan. Aquela palavra

com A está morrendo para deixar minha boca, porém sei que

antes disso preciso conversar com Ethan sobre minha família.

Duas semanas depois do dia da piscina e eu ainda não

falei para Ethan sobre Liam e muito menos sobre minha mãe.

Tenho receio de que ele não entenda e medo da escolha que ele
terá que fazer caso Liam decida infernizar nossas vidas.
Durmo pensando que depois do jogo irei contar sobre

Liam.

Eu acordo primeiro que Ethan e como hoje é um dia

importante para ele decido preparar um café da manhã especial,

desvencilho-me do seu corpo e deixo a cama. Eu vou ao

banheiro, tomo um banho rápido e visto a roupa que irei usar mais
tarde no jogo, inclusive uma das suas camisas com seu número e

seu nome.

Estou saindo do quarto quando olho de relance para o meu


Ipad que está em cima da mesa de estudo e percebo que ele está

ligado. Eu vou até ele e é uma notificação de e-mail, um e-mail de

Liam.

Meu coração acelera e pego o Ipad, clico na notificação e


sinto meu mundo ruir ao ler o que está escrito.

“Como assim, você está namorando Ethan Lewis? Você

está maluca? Qual seu plano, o mesmo que o da vadia da sua


mãe? Engravidar e garantir uma pensão? Isso não vai acontecer,

Abigail. Eu não vou deixar acontecer. Saiba que já estou entrando

em contato com Ethan e vou contar exatamente quem você é e o

que você pretende. E se caso ele não me escutar, caso se recuse


a se afastar de você, eu acabo com a carreira dele antes mesmo
de começar. Nenhum jogador meu cai em golpes planejados por
putas como vocês.”

Lágrimas se acumulam me meus olhos. Sinto uma falta de

ar e uma pressão em meu peito. Eu largo o Ipad sobre a mesa,


pego a chave do meu carro e deixo o quarto de Ethan correndo.

Corro para o meu carro e dirijo para casa enquanto lágrimas

escorrem pelo meu rosto.


Ethan

Ao acordar sinto falta de Abby, meus braços não estão em


volta dela e parte do seu corpo não está sobre o meu, como

normalmente acontece quando dormimos juntos. Abro meus olhos

e ela não está ao meu lado.

Eu gosto de acordar e tê-la por perto. Aliás eu gosto de tê-


la ao meu lado em qualquer momento do dia. E hoje realmente a

queria aqui, porque. é Abigail que tem me mantido sem surtar, eu

tenho receio do jogo e é ela a me tranquilizar, seja com as suas


palavras, ou com o simples fato de estar ao meu lado.
Não é uma dependência, é uma conexão, é um sentimento

e uma parceria diferente. E não tenho vergonha de admitir que


isso esteja acontecendo, até mesmo porque é algo incrível, como

sentiria vergonha de algo que me faz tão bem?

Sento-me na cama e olho ao redor do quarto, ela não está

em lugar nenhum.

— Abby?

Nenhuma resposta, ou seja, ela não está no banheiro.

Sinto uma sensação estranha em meu peito, quase uma pressão,

como se fosse um pressentimento. Minha consciência acusa que


estou sendo paranoico e que isso é por causa do jogo de hoje,

estou colocando pressão demais sobre mim.

Suspiro e me levanto. Eu vou até o banheiro e encontro a

minha camiseta que Abby usou para dormir, o que significa que

provavelmente ela tomou banho, ou seja, ela deve estar na

cozinha.

Seguindo o exemplo da minha garota, eu tomo banho e é

vestindo apenas uma calça de moletom e cueca que saio do

quarto. Eu desço para a cozinha e não encontro ninguém. Droga,


Abby não está aqui, onde ela está?
Antes de voltar para o meu quarto, eu vou até a garagem
verificar se seu carro está onde estava ontem à noite, e não está

mais ao lado do meu. Será que ela foi buscar algo? Meu coração

segue me alertando que alguma coisa está errada e minha mente

dizendo que estou sendo maluco.

Verifico se seu carro não está estacionado em frente à

casa, porém o único carro é o da Dakota, o que significa que as

meninas dormiram aqui e ainda não foram embora.

Subo as escadas correndo e estou abrindo a porta do meu

quarto quando a porta do quarto de Josh é aberta. Eu olho para o

lado e Dakota está deixando o cômodo e não parece muito

contente.

— Está tudo bem?

Ela assente.

— Sim, eu apenas sou uma idiota.

Ela segue na direção das escadas e eu entro em meu

quarto. Eu vou direto até o meu celular que está embaixo do meu

travesseiro e não há nenhuma mensagem de Abby, apenas três


ligações perdidas de Liam, o que ele quer? Conversar sobre o

jogo? Faz algumas semanas que não conversamos, o que é


normal, Liam só conversa quando é extremamente necessário e

por ligação é mais raro ainda. Algo deve estar acontecendo,


porém no momento minha prioridade é a minha garota.

Será que Abby deixou algum bilhete? Caminho pelo quarto


à procura. Não há nada sobre o móvel ao lado da cama e nem

sobre a cômoda, porém quando me aproximo da minha mesa de


estudo encontro a tela do seu Ipad ligada, será que ela deixou
algo ali?

Aproximo-me e pego o aparelho em mãos. Não é para


mim, é um e-mail. Um e-mail de Liam, leio o endereço de e-mail

várias vezes para ter certeza de que é o mesmo Liam que é meu
agente. O que diabos ele quer com Abby?

Corro meus olhos pelas palavras do corpo do e-mail e raiva


ecoa em meu peito a cada palavra que eu leio. Não entendo do
que exatamente ele está falando, porém ele chamou Abby de

interesseira, de puta. Ele está xingando a minha garota e ele não


tem direito de fazer isso. Minha vontade é de socá-lo, quebrar a

sua cara, nunca senti tanta raiva de alguém.

— Filho da puta.
Abby leu esse e-mail? Foi por isso que ela foi embora?

Droga! Caralho! Deixo o Ipad sobre a mesa e caminho pelo quarto


enquanto passo a mão pelos fios do meu cabelo. O que eu faço?

Será que ela foi para seu apartamento? Por que Liam enviou essa
mensagem para Abigail? Ele conhece a mãe dela?

Merda!

Ainda estou andando de um lado para o outro e


transtornado quando o som do meu celular ecoa pelo meu quarto.

Respiro fundo e vou até a mesa onde o deixei ao lado do Ipad. É


o idiota do Liam, pego o aparelho, aceito a chamada e o trago até

a minha orelha.

— Você é um idiota.

Minha voz soa repleta de ódio.

— Olha o jeito como você fala comigo, Ethan, não sou seus

amigos.

— Você é a porra de um bastardo, quem você pensa que


é?

As palavras ditas no e-mail ecoam em minha mente e

tenho vontade de estar à sua frente apenas para quebrar seu


maldito nariz.
— Ela te mostrou o e-mail?

— Eu sempre relevei o quão escroto você é, mas dessa

vez, você passou de todos os limites, Liam.

Ele ri, uma risada fria e irônica.

— Ela é apenas uma interesseira, Ethan, acredite eu a

conheço bem e sei do que estou falando.

— Você a conhece? — Sorrio sem humor. — Você com

certeza não a conhece.

Eu conheço Abigail, eu sei quem ela é. Não esse maldito.

— Ela é minha filha, Ethan. — Não acho que ele esteja


mentindo, o que faz com que meu ódio por ele aumente ainda
mais. — Assim como a mãe, ela é uma prostituta.

Soco a mesa à minha frente.

— Você pode rescindir o nosso contrato.

Grito as últimas palavras.

— Você não pode fazer isso por uma puta.

Ele finalmente perde a sua falsa tranquilidade e grita.

— Eu posso e estou fazendo.


Não importa a história que une Liam e Abigail, eu a
conheço e sei quem ela realmente é.

— Ethan, eu vou acabar com a sua carreira.

— Não, você não vai, não sou um idiota que você pode
manipular, Liam.

Encerro a chamada, encaro o teto por alguns segundos e

eu sei exatamente o que devo fazer. Então, respiro fundo, coloco


uma camiseta, pego a chave do meu carro e de chinelo e com o

celular em mãos deixo meu quarto e corro para a garagem.

Enquanto dirijo tento ligar para Abigail, mas ela não me

atende. Apenas chama e nada. Droga! O que será que ela está
pensando? Caralho, Liam é o seu pai.

E agora tudo faz sentindo, seu ódio por quarterbacks e por

jogadores de futebol americano. Liam foi o maior quarterback da


década passada. Ele deve ter magoado muito a minha garota.

Ao chegar no estacionamento em frente ao conjunto de

apartamentos, deixo meu carro, procuro pelo seu e não demoro a

encontrá-lo. Ela realmente está aqui.

Eu vou até seu apartamento e toco a campainha. Ela não

me atende. Então aperto o botão de novo e nada. Bato na porta e


continuo sendo ignorado.

— Abby, eu sei que você está aqui. — Bato na porta mais


uma vez e grito. — Eu li o e-mail de Liam e eu não acredito nele,

você não é nada do que ele disse, aliás ele é um idiota, nojento e

se eu pudesse o matava.

Espero e a porta não é aberta.

— Eu não vou sair daqui até que você abra essa maldita

porta. — Suspiro. — Seus vizinhos irão chamar a polícia,

bonitinha e eu não posso ser preso, eu tenho um jogo para


vencer.

Finalmente, escuto passos e prendo minha respiração.

Abigail abre a porta e me deparo com lágrimas escorrendo pelo

seu rosto. No mesmo instante trago-a para meus braços e a


abraço.

É assim que entramos em seu apartamento e nos guio

para o sofá, sento-me com ela em meu colo e beijo a lateral da


sua cabeça. Não falo nada e apenas espero pelo seu momento.

Embalo-a como um bebê e a aperto em meus braços. Ela chora e

suas lágrimas molham a minha camiseta.


O tempo parece se arrastar e a cada segundo sofro mais

por ela estar sofrendo e meu ódio por Liam aumenta. Sei que

preciso me livrar dele, é a única certeza do momento. Aos poucos


seu choro diminui e ela continua com a cabeça em meu peito.

— Liam é meu pai. — Ela comprova o que Liam já tinha

falado. — E ele me odeia.

Sua voz treme e a aperto ainda mais em meus braços.

— Minha mãe era uma acompanhante de luxo e Liam a

contratou algumas vezes, então ela engravidou de propósito. —

Escuto-a atentamente. — E quando nasci ela me usou para

chantagear meu pai, porque ele sempre foi esse cara de


aparências, seria um enorme escândalo se ela fosse na mídia e

dissesse que ele teve uma filha com uma acompanhante de luxo,

então eles fizeram um acordo, ele a paga uma pensão para que
ela nunca conte a ninguém sobre mim, sequer tenho o nome dele

na minha certidão.

Sua voz falha e é nítido o quanto o assunto a machuca.

— Minha mãe não liga para mim e meu pai me despreza,


ele apenas paga minha faculdade e me deu um carro com medo

de que um dia contasse a alguém que sou sua filha.


Não há palavras para descrever o quanto detesto esse

homem nesse momento.

— Sempre soube que Liam não era alguém decente, mas

não pensei que fosse nesse nível, eu não consigo sequer

descrever o quanto o odeio no momento.

— Tudo que importa para Liam é o futebol, por isso odiava

o esporte e qualquer jogador, principalmente os quarterbacks

agenciados por ele, eu os colocava todos na mesma posição que

Liam. — Ela afasta o rosto do meu peito e me encara. — Eu


achava que todos iriam me machucar como ele fez comigo.

Assinto.

— Eu entendo, agora, eu entendo.

Apoio minha testa na sua e ela suspira.

— Aceitei o estágio com você, porque ele estava me

cobrando o que tinha gastado em um cartão de crédito que ele

me deu para comprar livros e colocar gasolina no carro, eu usei


esse cartão, porque tinha sido demitida e minha mãe se recusa a

enviar dinheiro para mim, ela gasta tudo com ela e com a vida

luxuosa que insiste em levar.


Afasto as lágrimas que escorrem pelo seu rosto com as

pontas dos meus dedos.

— Odeio seus pais.

Ela sorri, um sorriso fraco e sem graça.

— Eu também os odeio. — Fecha seus olhos e mais uma

vez, respira fundo. — Como você leu o e-mail?

— Seu Ipad estava ligado sobre a mesa.

Abre os olhos e a fragilidade com que me encara me


quebra e faz com queira retirar toda a sua dor.

— Você acredita nele?

Balanço minha cabeça negando e acaricio a lateral do seu


rosto.

— É lógico que não, eu conheço você e o odiei como

nunca odiei outra pessoa assim que li aquele e-mail.

— Apesar de doer ler aquelas palavras vindas de alguém

que deveria me amar, não foi o pior, o pior foi o medo de te


perder.

Confessa e meu coração acelera.

— Você não irá me perder, bonitinha, não até que você


queira que isso aconteça.
— Não posso deixá-lo acabar com a sua carreira.

Afasto minha testa da sua, mas continuo com meus dedos


em seu rosto.

— Ele não pode fazer isso, Abigail, quer dizer ele pode

tentar, mas não vai conseguir. — Seguro seu rosto. — Ele

acreditava que eu era um garoto manipulável, mas não sou. Eu


sei quem eu sou e sei que por mais famoso que Liam seja, ele

não tem o poder de acabar com as minhas chances de ser um

jogador profissional.

Seus lábios tremem.

— Não será bom para você aparecer em escândalos, se

ele decidir te expor... isso pode pegar mal.

Dou de ombros.

— Não ligo, talvez, ele conseguisse dar uma estragada na

minha imagem e talvez, não fosse escolhido na primeira rodada

do Draft, mas acabar com minhas chances? — Balanço minha


cabeça negando. — Impossível.

Liam sempre me viu como um garoto imaturo e filhinho da

mamãe, ele achou que poderia me vencer, o que ele nunca


percebeu que sempre o deixei vencer. Nunca foi ele, sempre fui
eu.

— Ele me ligou e eu disse que nosso contrato será

rescindido. — Ela balança a cabeça negando, então coloco meus


dedos sobre os seus lábios. — Não me importo com as

consequências, e nem se tiver que brigar com Liam, tudo que

importa é você.

— Mas o seu sonho, o futebol, não pode arriscar tudo por

mim.

Sorrio e mais uma vez apoio minha testa na sua.

— Você confia em mim? — Ela assente. — Então, levanta-


se, limpe seu rosto e venha comigo, porque tenho um jogo para

vencer.
Abby

Por mais que seja um pouco doloroso ler o que Liam falou
de mim, eu já esperava. Em vinte anos, eu aprendi a lidar com o

fato de ter pais que não se importam comigo. Minha mãe pagou

babá e seu contato comigo era mínimo, ela nunca foi amorosa e
sempre passou a maior do tempo viajando. Liam eu conheci só

depois dos dez anos e de implorar para minha mãe, então ela me

levou até ele e ele me desprezou.

O dever de Liam comigo era pagar minha escola e


faculdade, além da carteira de motorista e me dar um carro, o
resto minha mãe deveria tirar da pensão que ela recebe dele para

me sustentar. E Bridget me sustentou até os dezesseis anos,


depois disso precisei trabalhar e pagar os meus gastos.

Há muito tempo eu não me pergunto se eles me amam. A


terapia me ajudou e me ajuda, porém, algumas marcas sempre

carregarei comigo.

Hoje ao ler aquele e-mail não chorei pelas palavras de

Liam, nem pela garota que um dia queria ser amada pelos pais.
Eu chorei por quem eu sou, pela ideia de perder o que eu tenho

com Ethan, de perder quem estou me tornando.

Eu faço o que Ethan pede, levanto-me e vou para o

banheiro. Eu lavo meu rosto e faço uma maquiagem rápida para

esconder que estava chorando. E quando volto para a sala, ele

está mexendo em seu celular e parece concentrado.

— Hey, estou pronta.

Ele olha na minha direção e sorri.

— Vai dar tudo certo.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Devo perguntar o que você está aprontando?


Eu apoio meu ombro no batente da porta e ele continua me
encarando.

— Minha mãe disse que irá conversar com nossos


advogados e rescindir meu contrato com Liam, porém como se

não tiver um agente não jogo, ela só irá fazer isso após a nossa

vitória.

Ele parece confiante da vitória o que me faz sorrir.

— Você está confiante, hein?

— Essa vitória tem que ser nossa. — Franzo minha testa e

ele balança a cabeça negando. — Não me pergunte o porquê.

Assinto ainda sorrindo e ficamos em silêncio por alguns

segundos apenas encarando um ao outro. Então, meu sorriso se

desfaz quando volto a pensar nas consequências da ameaça de

Liam.

— Você não irá pagar uma multa se rescindir com Liam?

Afasta-me da porta e vou até Ethan que apoia suas costas

completamente no sofá e me puxa para seu colo, eu me sento de

frente para ele com as pernas ao redor da sua cintura.

— Irei, mas sou rico, lembra?

Espalmo minhas mãos em seu peito e suspiro.


— Você não precisa fazer isso por mim, talvez exista outro

jeito e você possa continuar sendo agenciado por ele.

Nega.

— Não vale tudo pelo futebol, não vale tudo pela fama e
pela glória. — Ergue sua mão e coloca alguns fios do meu cabelo
para trás da minha orelha. — Não quero ser nem um pouco igual

ao Liam, você me ensinou que quero mais do que ser o melhor e


invencível jogador de futebol americano.

Suas palavras me emocionam e preciso respirar fundo para


não chorar. É um alívio escutar suas palavras, são os meus

medos e inseguranças me deixando.

— E o que faremos para que ele não cumpra com sua

ameaça?

Ethan sorri, um sorriso irônico.

— Vamos ameaçá-lo.

O que ele está querendo dizer?

— Vamos?

Assente.

— Se você estiver disposta, é claro.


Se ele quer enfrentar Liam por mim, é óbvio que estou

disposta. Não quero renunciar.

— E o que faremos?

— Iremos ameaçar ele com o que mais tem medo. — Ergo


minhas sobrancelhas. — A exposição, se ele fizer qualquer coisa

para me prejudicar nós vamos tornar público tudo que ele fez para
você, inclusive o e-mail horroroso de hoje mais cedo.

Mordo meu lábio inferior.

— Você acha que irá funcionar?

Ele assente.

— Liam paga à sua mãe para ela ficar quieta e pelo que
você falou não é pouca coisa, ou seja, é realmente algo que ele

tem medo, não acho que ele queira que todos saibam que ele
chama a própria filha de puta. — Faz uma careta. — Odeio

pronunciar essa palavra e juro que se ele estivesse em minha


frente quebraria seu nariz, e provavelmente outras partes do seu
corpo.

— Liam não é pequeno, talvez você tivesse trabalho. —

Nós dois rimos e assim que não há mais graça, olho em seus
olhos e o encaro preocupada. — E se ele mesmo assim continuar
te ameaçando?

— Então, nós vamos enfrentá-lo. Ele vai tentar acabar com


as minhas chances de ser um jogador profissional e nós dois
vamos expô-lo, vamos tornar nossa briga nacional e sendo

sincero acho que temos mais chance de conquistar o carisma das


pessoas que Liam, posso até imaginar as hashtags do Twitter a

nosso favor.

Apesar de um sorriso surgir em meu rosto continuo


preocupada.

— E se tudo der errado? E se Liam conseguir atrapalhar


sua vida?

— Eu vou me tornar um engenheiro de computação e


assumir o lugar da minha mãe na empresa, e ser um CEO da

tecnologia. — Sorri. — E ele nem pode te ameaçar com dinheiro,


porque é obrigação dele a pensão.

Assinto e suspiro.

— Só tenho medo de que um dia você se arrependa de


estar me escolhendo.

Ele aproxima a boca da minha.


— Não vou me arrepender, jamais vou me arrepender de
escolher a minha garota.

Ele me beija e quando nos afastamos apoia sua testa na


minha.

— Não tenho medo do futuro, Abby, não tenho medo de

arriscar tudo por nós dois e preciso que você não tenha medo

também.

Coloco minha mão sobre seu coração e sorrio.

— Eu não tenho.

— Então, temos que enviar um e-mail.

Ele pega seu celular e me mostra. Eu sorrio, ele afasta sua


testa da minha e juntos formulamos um texto para Liam. Minutos

depois, Ethan o envia para Liam e junto anexa uma foto nossa

para ele ter certeza de que estamos juntos aconteça o que


acontecer.

“Estarei rescindindo o contrato com você logo após o jogo

e meu advogado irá o procurar. Sobre suas ameaças, torne

alguma delas real e o mundo todo ficará sabendo o grande


babaca e idiota que você é. Inclusive, um print do seu último e-

mail enviado para a sua filha será exposto, a filha que você
sempre escondeu. Não estou blefando, Liam. Se decidir acabar

comigo, eu acabo com você. Não tenho medo. Além do mais


sabemos que essas suas ameaças são assédio moral...”

— E se ele não te responder, irá ligar?

Ethan vai até o contato de Liam e o bloqueia.

— Sua resposta será como ele irá reagir ao fim do contrato.

— Dá de ombros. — Se ele decidir agir, eu irei agir. Se ele ficar

em silêncio, eu ficarei.

Larga o celular ao seu lado, segura meu pulso e toca a


tatuagem em minha pele.

— O fato é que a resposta de Liam não importa, bonitinha.

— Volta a aproximar sua boca da minha. — Porque tudo que

importa somos nós dois.

Ele está certo e por isso o beijo.

...

Nós dois voltamos para casa e nossos amigos já estão em

pé, nós sete ignoramos a bagunça que a casa está por causa da
noite passada e nos sentamos ao redor da cozinha. Eles nos

perguntam se algo aconteceu e então contamos para eles sobre

Liam, sobre o e-mail, os meninos fazem algumas perguntas e


ficam chocados ao saber que eu sou filha do idiota. Minhas

amigas o xingam, elas xingam tanto que começo a rir.

Por fim, todos rimos, não porque é uma situação

engraçada, mas porque realmente não tem o que ser feito. E por
incrível que pareça estou tranquila e em paz. Ethan sabe da

verdade e mesmo assim me escolheu, pela primeira vez na vida

alguém me escolheu e não importa o que aconteça sempre


estaremos um ao lado do outro.

Nós almoçamos e logo em seguida Ethan se despede de

nós, porque precisa estar mais cedo no estádio para a


preparação. Ele para em frente ao banco que estou sentada e eu

giro até estar com ele entre as minhas pernas.

— Você estará lá, não é?

Enrolo minhas mãos ao redor do seu pescoço.

— É claro que estarei.

Ele aproxima seu rosto do meu e sua boca cobre a minha.

É como se todos ao nosso redor sumissem e fôssemos apenas

nós dois. Ele só se afasta quando nos falta ar, então nos
encaramos por alguns segundos, sorrimos e Ethan se vira de
costas e deixa a cozinha. Sigo o acompanhando e continuo

encarando a porta mesmo quando ele passa por ela.

Como é possível Ethan fazer o que ele faz com meu

coração? É como se ele possuísse uma parte dele. Talvez, ele

possua.

— Vocês são fofos juntos.

Dakota que está à minha frente se expressa e Brooke

concorda com ela.

— Fofos até demais.

Josh faz uma careta e Aiden e Dylan assentem, então os


três riem. Eu apenas reviro meus olhos e os chamo de idiotas.

Continuamos nos provocando e enquanto rimos e nos

provocamos, eu me dou conta de que finalmente me sinto parte


de uma família.

É um pouco antes do fim da tarde quando deixamos a casa

dos meninos e vamos para o nosso apartamento, já que as


meninas precisam trocar de roupa. Dakota dirige e eu me sento

no banco ao seu lado e Brooke se senta atrás.

— Você parece nervosa.

Olho para trás ao ouvir a voz de Brooke.


— Esse jogo é importante para Ethan ainda mais depois do

que aconteceu hoje.

Ela assente.

— Dará tudo certo.

É a minha vez de assentir, então volto a olhar em frente e

rezo para que Brooke esteja certa.

Enquanto Brooke e Dakota vão para o quarto, eu fico

sentada no sofá e é quando pego meu Ipad que encontro uma


notificação informando um novo e-mail de Liam.

“Eu espero que Ethan esteja fazendo a escolha certa.”

Suspiro aliviada e sorrio. Isso é tudo que preciso para


saber que ele não fará nada contra Ethan. Eu encosto minha

cabeça no sofá e encaro o teto, as últimas horas foram as mais

intensas da minha vida. Como tudo isso aconteceu em menos de

dez horas? Eu vivi um turbilhão de sentimentos em horas.


Inacreditável.

Assim que as meninas estão prontas saímos de casa e é

Brooke quem dirige para o estádio. Ao chegarmos nos


encontramos com os meninos e nos sentamos na arquibancada à

espera do início do jogo.


É um dos jogos mais esperados da temporada, a maior

rivalidade da conferência e o estádio está lotado. As cores


vermelha e branca, assim como a letra A da universidade e o

elefante mascote do Tide são sua maioria, porém há muitas

pessoas de azul, laranja e branco. O lugar está um caos, pessoas

gritam gritos de guerra, cantam e provocam pessoas dos times


adversários. Eu recebo alguns olhares quando percebem que

estou usando a camisa do quarterback, porém os ignoro.

A tarde dá lugar à noite e as luzes do estádio são ligadas.


Estou sentada e mal converso com meus amigos e quando o time

entra em campo, eu fico em pé. Ao encontrar Ethan, meu coração

dispara e mesmo que talvez ele não possa me ouvir grito seu

nome.

Eu fico os primeiro quinze minutos de jogo em pé gritando

e xingando. O jogo está acirrado e a cada ataque e defesa do

Crimson grito como se eles pudessem me ouvir, e a cada ponto


dos Tigers xingo e comento com meus amigos o que está errado.

Claramente, nós seriamos ótimos treinadores.

Quando Crimson marca o time comemora entre si e Ethan

olha na minha direção, eu sorrio e grito seu nome mesmo que ele
esteja longe demais.
É no último instante que Ethan realiza um passe e o
Crimson marca um Touchdown, eles viram o placar e o jogo

encerra em 23 X 21. Eu abraço meus amigos e nós

comemoramos. O time comemora e a impressa invade o campo.


E ainda estou gritando e comemorando quando Brooke me

entrega seu celular e fones de ouvido. Olho para ela sem

entender.

— Escute.

Pego o celular, coloco os fones de ouvidos e ao olhar para

o aparelho me deparo com Ethan dando uma entrevista.

— Foi um ótimo jogo, mas tenho um recado. — A repórter


assente e ele dá um passo para trás. — Eu conheci uma garota e

ela é a minha garota.

Meu coração está prestes a saltar do peito. Ethan que já

está sem capacete, tira os protetores que estão espalhados pelo


seu corpo, camisa, chuteira e até mesmo meias. O que ele está

fazendo?

Ele fica apenas de calça e com a faixa que está ao redor


do seu ombro.
— Se eu precisar abrir mão do futebol por você, Abby, eu
abro. — Suspira, um suspiro apaixonado. — Se precisar embarcar
em um plano Z por você, eu embarco, porque eu te amo.

Não escuto o que ele continua falando, porque tiro os


fones, entrego o celular para Brooke e desço a arquibancada.
Peço licença, empurro e o mais depressa que eu consigo alcanço

o campo, o segurança permite a minha entrada e assim que


Ethan me vê, ele acena para o repórter e caminha em minha
direção.

Nós nos encontramos no meio do campo, então ficamos

um de frente para o outro. Ele coloca suas mãos em minha


cintura, apoia sua testa na minha e eu espalmo minhas mãos em
seu peito.

— Você é louco.

Ele olha em meus olhos e todo barulho ao nosso redor


some. Somos só eu e ele.

— Talvez, mas você e todos precisavam saber que eu te


amo. — Ergue sua mão e acaricia a lateral do meu rosto. —

Apesar de você ser mal-humorada é o brilho dos meus dias, o


meu raio de sol.
Sorrio como uma adolescente apaixonada.

— Eu também te amo.

Seus olhos brilham e aproxima sua boca da minha.

— Então, você irá namorar comigo?

— É claro que vou namorar com você. — Subo minhas


mãos e as deixo ao redor do seu pescoço enquanto continuo

olhando em seus olhos. — Tudo que tentei foi te odiar, Ethan, e


tudo que consegui foi te amar.
4 anos depois

Ethan

Dizem que um filme passa em sua cabeça, nos minutos da


sua morte, e posso afirmar que nos momentos de fazer uma
jogada definitiva também. Falta um minuto para o fim de jogo e

estamos perdendo de 24 a 20, precisamos de 6 pontos para

vencer o Super Bowl e eu estou com a bola.

Preciso pensar em uma jogada, então vejo Brayden

correndo na direção da End zone [20] e enquanto jogo a bola para

o Wide Receiver do Patriots um resumo dos últimos anos ecoa


em minha mente.
Esse foi o mesmo que aconteceu há quatro anos no jogo

contra os Tigers, o lance final decidiu o jogo. Naquela noite, eu


passei a bola para Elijah e ele marcou o Touchdown e ganhamos.

Naquela mesma noite Abigail e eu começamos a namorar

oficialmente, oficialmente porque já agíamos como namorados há


muito tempo até mesmo antes do nosso primeiro beijo.

Faz quatro anos daquele jogo e quatro anos que estamos


juntos. Dois que estamos formados e dois que sou jogador

profissional de futebol americano. Liam não cumpriu suas

ameaças e continuou pagando a faculdade de Abigail, nunca mais


recebi suas mensagens e ele não procura a filha, mas a verdade

é que vivemos melhor sem ele. Não faz falta nenhuma. Nós não

falamos sobre ele para ninguém e apenas nossa família sabe do

parentesco dele e de Abigail.

Eu rescindi o contrato com Liam depois da vitória contra os

Tigers e dois dias depois eu estava com outro agente, um não tão

influente como Liam, mas com um caráter muito melhor.

Nós também ficamos conhecidos nacionalmente depois

daquela noite, porque o meu gesto e pedido de namoro foram

gravados. Temos um shippe e um fã clube na internet, inclusive o

povo vive fazendo fanfic sobre nós dois e montagens de fotos e


vídeos. Somos seguidos nas redes sociais e os paparazzis
adoram nos fotografar juntos. Sempre soube que seríamos ótimas

celebridades.

Não fui escolhido na primeira rodada e nem no primeiro dia

do Draft, mas no segundo fui a primeira escolha do New England

Patriots, eu fui escolhido pelo time que queria e foda-se que não

foi no primeiro dia. Naquela noite, Abby e eu comemoramos em

um hotel apenas nós dois e a convidei para vir comigo, é claro

que ela aceitou.

Abigail conseguiu concluir seu dual degree, minha garota

se formou em saúde pública e obteve seu mestrado em

treinamento atlético, então nos mudamos para Boston e dividimos

um apartamento, na primeira temporada ela trabalhou em uma


clínica de reabilitação de atletas lesionados e esse ano ela entrou

para a equipe de treinamento atlético dos Patriots. Porra, a minha

garota trabalha ao meu lado e isso é incrível, porque nos jogos

fora ela sempre está comigo.

E agora, ela está no banco sentada com o restante da

equipe. Ela está me vendo jogar e provavelmente assistindo essa

última jogada. A jogada do jogo.


Observo Brayden correr com meu coração acelerado.

Então com a bola em mãos ele entra na endzone marcando o


touchdown. Eu olho para o árbitro e assim que ele ergue as mãos

para cima confirmando a pontuação um grito deixa meus lábios e


meus colegas correm em minha direção. Nós conseguimos. Nós
viramos. Ao final olhamos para o placar e lá está 24x26. Nós

ganhamos. Nós somos os vencedoras da NFL, nós iremos


levantar a taça do Super Bowl.

O estádio entra em festa, os gritos são ouvidos por nós. Eu


estou em êxtase. É o que sempre desejei, um dos meus sonhos

se tornando real. Minha família está em um dos camarotes e


presenciou a minha vitória, meu primeiro Super Bowl. Meus

amigos, suas namoradas, minha mãe e meus tios, todos estão


aqui.

O árbitro anuncia fim de partida, então tiro meu capacete

assim como meus companheiros e voltamos a nos abraçarmos. A


emoção é tanta que lágrimas deixam meus olhos e escorrem pelo
meu rosto.

Gritamos, olhamos para a torcida e fizemos gestos para

que eles gritem e assim eles fazem. É muito melhor que em meus
sonhos.
As câmeras dos canais de televisão invadem o gramado e

antes de falar com qualquer um deles eu procuro por ela. A


mulher que tem meu coração. Ela está abraçada ao meu

treinador, mas está me encarando, então meus olhos encontram


os seus e me afasto de todos.

Eu tiro meus equipamentos de proteção, ela sorri e corre


em minha direção. Espero por ela e quando pula em meus braços

eu a seguro como se estivesse segurando meu mundo. E eu


estou. Ela deixa seus braços ao redor do meu pescoço e minhas
pernas da minha cintura e esconde seu rosto em meu pescoço.

— Você conseguiu, quarterback.

Sussurra em meu ouvido e eu apenas me pergunto como é

possível sentir o coração bater tão rápido como o meu está


batendo. Abigail afasta seu rosto do meu pescoço e apoia sua
testa na minha.

— Eu consegui.

Meus lábios encontram os seus e nos beijamos.

— Eu preciso fazer algo.

Afasto-me e ela me encara curiosa, porém não hesita em


me acompanhar. Meu coração que já está querendo sair pela
minha boca acelera ainda mais conforme nos aproximamos de um
homem que controla a câmera do canal de televisão responsável
pela transmissão nacional do jogo e ele se vira na nossa direção

quando percebe que estamos nos aproximando. Então, eu paro,


fico de frente para Abigail, de joelhos.

Abby me encara surpresa e eu juro que o barulho ao nosso


redor cessou.

— Assim, como o pedido de namoro, o que estou prestes a

pedir é importante e precisa ser gravado, afinal quero ter


registrado para mostrar para nossos futuros filhos e netos.

Ela ri e quando estendo minha mão na sua direção ela


coloca seus dedos sobre os meus.

— Abigail Jones, você continua sendo aquela garota que


conheci há quatros anos, rabugenta, que adora ser uma

patricinha dark, irônica e respondona, só que agora você vive


reclamando das roupas que deixo pelo apartamento, e das

toalhas molhadas, além de me obrigar a seguir a dieta à risca. —


Ela prossegue rindo e revira seus olhos. — Mas você é também
quem me faz rir, você é quem eu amo provocar, amo acordar ao

seu lado, amo tudo sobre você e é por isso que quero tornar o
nosso agora em nosso para sempre, é por isso que há meses há
um anel escondido em nosso apartamento, não trouxe ele hoje,
mas está lá esperando por você.

Olho em seus olhos e respiro fundo.

— Então, casa comigo, bonitinha?

Ela sorri e assente.

— É claro que eu aceito, quarterback.

Ela une seus dedos nos meus e me puxa para cima. Eu

fico em pé e paro com meu rosto a centímetros do seu.

— Hoje a minha maior vitória não foi o Super Bowl. —

Mordo seu lábio inferior. — Você, Abigail, sempre será a minha

maior vitória, o meu melhor prêmio.


Quinze anos depois

Abby — É, garotinha, seu pai me pediu em casamento no


dia que venceu o seu primeiro Super Bowl e um ano depois nos

casamos no Hawaii e estavam presentes sua avó Karen, seus tios


e tias, aqueles doidos, e por incrível que pareça a sua avó
Bridget.

Suspiro dramaticamente enquanto passo a mão pela


barriga da garotinha que está deitada sobre o sofá enquanto eu

estou sentada no chão. Ela deveria estar dormindo, mas não está

e é porque está esperando pelo pai.

Faço uma pausa dramática, porque ela gosta dessa pausa

e porque realmente minha mãe ir ao meu casamento foi uma


surpresa. Eu a convidei, porque apesar dos pesares ela é minha

mãe, o que não aconteceu com Liam, porque nunca foi meu pai e
desde que parou de pagar minha faculdade nunca mais tivemos

contato algum, até chegamos a nos encontrar em eventos da

NFL, porém agimos como estranhos. E foi uma surpresa ela ter
voado até o Hawaii, assim como é uma surpresa ela enviar

presentes para nossa garotinha. Não que ela seja uma avó

afetuosa, mas é uma muito melhor do que foi como mãe.

— Evelyn, sua priminha, foi a daminha e ela tinha seis

anos, impressionante como ela cresceu, né? Em breve terá


quinze anos. — Toco sua mão com carinho. — E você, Emma,

trate de não crescer tão depressa.

Meu bebê de seis meses resmunga como se estivesse


dizendo foco mãe, foco.

— Ok, ok, irei continuar. — Ela para de resmungar e eu


continuo. — Seu pai e eu compramos uma casa depois de quatro

anos casados para quando tivéssemos filhos, ele e eu

continuamos trabalhando juntos, até que há dois anos decidimos

que estava na hora de termos nossos filhos, porque né, sua mãe

aqui não está mais tão nova assim, então eu larguei o time,

porque não poderia mais fazer as viagens com um bebê, e


comecei a trabalhar na clínica e alguns meses depois
descobrimos que você estava a caminho.

Toco seu nariz com a ponta dos meus dedos.

— Você foi muito esperada e é muito amada, Emma.

Sorrio para a pequena garotinha que me encara

atentamente. Ethan começou a contar nossa história para nossa

filha quando ela ainda estava em minha barriga e ele sempre

jurou que ela amava a história. Eu duvidava até que semana

passada quando Ethan precisou viajar por causa de um jogo fora


e ela não parava de chorar eu fiz o que ele faz, um resumo dos

acontecimentos das nossas vidas e no mesmo instante ela parou

de chorar.

Há minutos ela estava chorando, porque novamente Ethan

precisou viajar e mais uma vez, foi só começar a narrar a nossa

história para seu choro cessar.

Escuto o barulho de um carro e ele para em frente à nossa

casa, então fico em pé e pego Emma em meus braços. Ela sorri e

grita animada. Ela sabe que é o pai.

— O seu tão esperado pai chegou.


Eu vou com ela até a porta e espero por Ethan no hall de

entrada da nossa casa. Espero ansiosamente por ele, porque eu


sinto falta do meu quarterback como louca.

Abre a porta e ali está ele segurando um buquê de rosas.


Ele sempre volta trazendo algo para casa, mas flores é algo

inédito, porque ele sabe que não sou muito fã de plantas, já tentei
e matei as coitadas afogadas.

— Não tinha nada aberto, além de uma floricultura.

Eu sorrio, ele se aproxima e me beija. É um rápido beijo,


porque a garotinha em meus braços se balança na direção do pai.

Ethan se afasta alguns centímetros e fazemos uma troca, ele


pega a garotinha e eu o buquê.

— Obrigada, eu amei.

Cheiro as flores e ele sorri satisfeito.

— Trouxe para você também, garotinha.

Mostra um minibuquê que está na mão que não está

segurando Emma, ela sorri como se realmente estivesse


entendendo.

— Você não deveria estar dormindo?


Beija o rostinho gordinho da nossa filha e eu reviro os

olhos enquanto pego o minibuquê das suas mãos.

— Você acha que ela conseguiria dormir sem ver você? —

Resmungo. — Você é o preferido.

Ele desvia o olhar da nossa filha e me encara com malícia.

— Confessa?

Ergo minhas sobrancelhas.

— O que exatamente preciso confessar?

— Que também sou seu preferido.

Esse é o momento perfeito.

— Não mais. — Seu sorriso some e eu sorrio. Deixo as

flores sobre o aparador e me aproximo dele. — Não mais,


quarterback, porque estou grávida e dessa vez, é um garoto.
Hey, galera, tudo bom?

Eu espero que sim, por aqui tudo o caos como todo fim de

lançamento. Dessa vez me desafiei escrevendo um new adult na


gringa, então galera teve muita pesquisa e surto.

Bom, Ethan e Abby foram um casal leve, porque pediram


para ser. Sem muitos detalhes e descrição, porque tinha que ser.

O livro não está pequeno e se você sentiu ser pequeno

provavelmente foi mais pela minha escrita que pelos números de


páginas.

Bom, espero que tenha gostado de Abby e Ethan e deseje


ler as histórias dos outros casais. (Estou morrendo de vontade de
continuar escrevendo a série Estrelas do Alabama).

Deixe sua avaliação ou seu feedback no meu insta

(lanasilva.sm).

Beijos e até a próxima.

P.S obrigada as minhas betas Silvia, Kamila, Livia, Larissa

e Priscila, vocês são ótimas.


Instagram: lanasilva.sm

Facebook: Lana Silva

TikTok: lannaa_silva
[1] Meghan Elizabeth Trainor é uma cantora, compositora e

produtora estadunidense.
[2] O Grand Cherokee é um SUV médio-grande produzido pela Jeep

(Modelo de carro).
[3]O dual degree permite que estudantes recebam dois títulos

simultaneamente (nesse caso graduação e mestrado)


[4] A Sonserina, fundada por Salazar Slytherin, é uma das quatro

casas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (Série de livros Harry


Potter).
[5] Abreviação de University of Alabama.
[6] Sigla para National Football League, a liga esportiva profissional
de futebol americano dos Estados Unidos.
[7] Brincadeira com o nome do time de futebol americano Crimson
Tide (Tide significa maré em Português)
[8] A National Collegiate Athletic Association ( NCAA ) é uma
organização sem fins lucrativos que regula o atletismo estudantil e organiza
os programas atléticos de faculdades nos Estados Unidos.
[9] Em busca do amor verdadeiro e com a intenção de subir ao altar,
os participantes desse reality devem escolher seus parceiros às cegas.
[10]Tuscaloosa é uma cidade localizada no estado americano do

Alabama, no condado de Tuscaloosa.


[11] Trecho da música If Love Is You do cantor Greg Hatwell com
feat com Adele Roberts.
[12] O Bryant–Denny Stadium é um estádio localizado em

Tuscaloosa, Alabama, Estados Unidos, é a casa do time de futebol


americano universitário Alabama Crimson Tide da Universidade do
Alabama.
[13] Posição do Futebol Americano (jogador atua como corredor).
[14] Posição do Futebol Americano (jogador atua como recebedor).
[15] Posição do Futebol Americano (jogador atua no meio do
campo).
[16] Mal-humorada, rabugenta.
[17] Traduzido para o português como brilho do sol e utilizado aqui
para se referir a alguém feliz, alegre, divertido e que sempre está de bem
com a vida.

[18] Touchdown é uma pontuação do futebol americano e do futebol


canadense.
[19] Nome do estádio.
[20] A end zone é um termo usado no futebol americano (NFL) e no

futebol canadense (CFL). A end zone é a área entre a end line e a goal line
delimitada pela linha lateral. É na endzone que se marca o touchdown, e
outras formas de pontuação.

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