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Resumos de Psicologia B

Memória: Habilidade para adquirir e conservar informação ou representações da experiência


passada com base nos processos mentais de codificação, retenção e recuperação. É um campo
complexo de processos baseados em mecanismos biológicos e psicológicos.

Importância da memória: A memória dá sentido à relação que mantemos com o meio e,


consequentemente, permite-nos conhecer não só o mundo à nossa volta, como também a nós
próprios.

Funcionamento do sistema de memorização:

 Codificação (criação)- transformação das informações do meio em representações e


códigos;
 Armazenamento (retenção)- arquivamento da informação armazenada;
 Recuperação (recordação)- acesso à informação armazenada.

Tipos de memória:

Sistemas Memória Sensorial Memória de Curto Memória de Longo


(MS) Termo (MCT) Termo (MLT)
Natureza Permite conservar as Constitui uma Armazena os
características físicas unidade conhecimentos que
de um estímulo processadora ativa possuímos de nós
captado pelos órgãos extremamente útil, mesmos e do mundo
sensoriais durante funcionada como durante longos
algumas frações de uma importante períodos.
segundo. memória de
trabalho. Permite a
exploração da
informação da
memória sensorial e
contribui para
manter presente
informação
guardada.
Exemplo Quando alguém nos Quando lês esta Se fores capaz de te
acena, somos frase até ao final, recordar da tua
capazes de apenas consegues primeira aula de
compreender o ter perceção do seu Psicologia, estás a
conjunto de significado, se aceder a uma
sequências deste conseguires memória que estava
gesto porque temos lembrar--te do que guardada na tua
memória do leste no início. memória de longo
milissegundo termo.
imediatamente
anterior.
Período de Milissegundos Cerca de 20 Minutos, horas, dias,
permanência segundos meses, anos
Capacidade Muito limitada Limitada a cerca de Alargada
sete itens
Base biológica Redes sensoriais Hipocampo e lobo Diferentes partes do
frontal córtex cerebral
Falsas memórias:

As falsas memórias são lembranças que uma pessoa tem de eventos que nunca ocorreram ou
que ocorreram de maneira diferente da lembrança que ela possui. Esse fenômeno é fascinante
e tem várias implicações em diferentes áreas, como psicologia, neurociência e até mesmo em
sistemas judiciais.

1. Psicologia e Neurociência: Estudos mostram que nossas memórias são maleáveis e


suscetíveis a influências externas. Fatores como sugestão, manipulação ou mesmo a
imaginação podem levar à formação de falsas memórias. Isso acontece porque nosso
cérebro não armazena memórias como vídeos precisos, mas reconstrói eventos com
base em fragmentos de informações armazenadas. Essa reconstrução pode ser
influenciada por vários fatores, tornando as memórias menos confiáveis do que
geralmente imaginamos.

2. Sistemas Judiciais: O papel das falsas memórias no sistema judicial é especialmente


preocupante. Testemunhos oculares, por exemplo, podem ser influenciados por
sugestões, levando à identificação errônea de suspeitos. Além disso, casos de abuso
infantil, nos quais terapeutas podem inadvertidamente implantar memórias falsas em
crianças durante sessões de terapia, destacam a importância de garantir a integridade
das memórias utilizadas como evidência em processos judiciais.

3. Terapia e Prática clínica: Em um contexto terapêutico, é essencial que os profissionais


estejam cientes do potencial das falsas memórias. Embora a terapia possa ajudar a
recuperar e processar memórias reprimidas, há o risco de inadvertidamente implantar
memórias falsas durante o processo. É fundamental que os terapeutas adotem
abordagens éticas e baseadas em evidências para evitar esse problema.

4. Autobiografias e Narrativas pessoais: Falsas memórias também podem influenciar a


forma como as pessoas percebem e relatam suas próprias vidas. É possível que as
experiências sejam distorcidas ao longo do tempo ou mesmo inventadas, moldando a
identidade e a autoperceção do indivíduo.

Atenção: Fixação da mente num determinado objeto. Estado de consciência em que os


sentidos estão focados em certos aspetos do ambiente e o sistema nervoso central está em
estado de prontidão para responder a estímulos. Pode falar-se de atenção seletiva
(concentrar-se numa tarefa simples) e de atenção dividida (concentrar-se em mais do que uma
tarefa/estímulo).

Atenção profunda vs Hiperatenção:

1. Atenção Profunda:

 A atenção profunda refere-se a um estado de concentração intensa numa


única tarefa ou estímulo.

 Nesse estado, a pessoa está completamente imersa na atividade, perdendo a


noção do tempo e do ambiente ao redor.

 A atenção profunda é frequentemente associada a um fluxo de trabalho


produtivo e uma experiência de satisfação pessoal.

2. Hiperatenção:
 A hiperatenção, por outro lado, é caracterizada por um estado de vigilância
excessiva e constante, muitas vezes em detrimento do relaxamento ou da
capacidade de se concentrar numa única tarefa.

 Pessoas com hiperatenção podem ter dificuldade em desligar os processos


mentais, resultando na ansiedade, preocupação constante e dificuldade em
concentrar-se atividades específicas.

 A hiperatenção pode ser associada a condições como transtorno de ansiedade,


transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou transtorno de défice de atenção e
hiperatividade (TDAH).

Aprendizagem: aquisição de algo que implica uma alteração de comportamento duradoura e


estável que exige treino.

Tipos de aprendizagem:

1. Comportamental:
1.1. Condicionamento clássico: aprender a associar estímulos e respostas
automaticamente;
1.2. Condicionamento aparente: aprender por meio das consequências, reforço e
punição como as experiências com ratos e pombos de Skinner.
2. Cognitiva:
2.1. Por associação: relacionamento de informações e conexões significativas;
2.2. Por descoberta (por insight): iluminação- “Eureka”;
2.3. Por resolução de problemas: usando o raciocínio lógico e estratégias eficazes.
3. Social:
3.1. Por comunicação: aprender por meio de interação e da troca de informação com
outras pessoas como acontece em discussões e debates;
3.2. Por modelagem: imitando o comportamento e as ações das outras pessoas como
no caso dos ídolos e dos mentores;
3.3. Por colaboração: aprender trabalhando em grupo e partilhando conhecimento e
experiência.

Reforço negativo: envolve a redução ou remoção de um estímulo aversivo (desagradável) por


fortalecer ou aumentar a probabilidade da ocorrência de um comportamento.

(ex.: Um estudante evita sair à noite para evitar que os seus pais o repreendam. Se, ao evitar
sair à noite, os pais param de repreendê-lo, isso funciona como um reforço negativo,
aumentando a probabilidade de o estudante evitar sair à noite no futuro)

Punição: envolve a aplicação de um estímulo aversivo ou a remoção de um estímulo


agradável, com o objetivo de enfraquecer ou reduzir a probabilidade do o mesmo ocorrer no
futuro. A punição visa diminuir a probabilidade de ocorrência de comportamento.

(ex.: Considere um cão que ladra excessivamente. Se o dono repreende o cão toda vez que ele
ladra demais e isso leva ao cão a ladrar menos no futuro, então a repreensão funciona como
uma punição)

Reforço positivo: envolve a apresentação ou aumento de um estímulo agradável ou desejado


como consequência de um comportamento com o objetivo de fortalecer esse comportamento
e aumentar a sua probabilidade no futuro.
(ex.: Suponha que um professor elogia um aluno por fazer o tpc. Se o elogio aumenta a
probabilidade de o aluno continuar a fazer o tpc, isso é um exemplo de reforço positivo)

Inteligência: capacidade de assimilar conhecimentos, recordar acontecimentos e recuperar


eventos passados, utilizar corretamente o pensamento e a razão, aplicar conhecimentos em
situações novas, adaptar-se ao meio e às suas transformações, estabelecendo prioridades e
selecionando recursos para a concretização de objetivos e para a resolução de problemas.

Inteligência emocional: uma das formas de classificar as diferentes habilidades intelectuais é a


inteligência emocional, que se refere à capacidade de reconhecer, compreender e gerir as
próprias emoções e as dos outros. A inteligência emocional é importante para o
desenvolvimento pessoal, social e profissional, pois ajuda a lidar com os desafios, conflitos e
oportunidades da vida.

Tipos de inteligência:

 Linguística: capacidade de compreender e utilizar a linguagem de forma eficaz-


escritores, professores, políticos, advogados. (ex.: manter um discurso coerente
durante uma entrevista);
 Lógico- matemática: habilidade de pensar logicamente, resolver problemas
matemáticos complexos e raciocinar dedutivamente- matemáticos, físicos, cientistas
em geral. (ex.: resolver uma equação exponencial);
 Espacial: capacidade de visualizar e manipular objetos e informações em 3 dimensões-
arquitetos. (ex.: desenhar a planta de uma moradia);
 Musical: capacidade de compreender, apreciar e criar música. (ex.: saber tocar um
instrumento);
 Interpessoal: habilidade de entender e interagir efetivamente com outras pessoas-
líder, mediador, trabalhador social. (ex.: socializar com pessoas que desconhecemos);
 Intrapessoal: conhecimento de si mesmo, ser capaz de se autorregular. (ex.: conseguir
controlar e gerir as emoções);
 Naturalista: sensibilidade e apreciação da natureza e do mundo geral- biólogos,
botânicos. (ex.: conhecer vários tipos de plantas);
 Corporal- cinestésica: habilidade de controlar o movimento do corpo e realizar
movimentos precisos- bailarinos, atletas. (ex.: criar uma coreografia).

Componentes das emoções:

 Cognitiva: interpretação;
 Comportamental: dimensão observável;
 Neurológica: ativação do sistema nervoso.

Marcador somático:

 Mecanismo automático que permite a tomada de decisões mais precisas e eficientes


através da associação de sentimentos e emoções a determinados cenários. Alerta-nos
para os perigos e também para situações mais favoráveis;
 Pessoas com lesões cerebrais não dispõem da capacidade de desenvolverem este
mecanismo.
Emoções: são experiências psicológicas complexas desencadeadas por eventos extremos ou
pensamentos internos, são uma forma do nosso corpo e mente responderem e
compreenderem o mundo à nossa volta.

Tipos de emoções:

 Emoções universais/primárias: são universais em todas culturas e acredita-se que


sejam inatas. (tristeza, alegria, medo, raiva, nojo, espanto/surpresa);
 Emoções socias/secundárias:
São complexas e frequentemente resultam de uma contribuição de emoções
primárias;
São influenciadas por fatores internos, como crenças pessoais, valores e
experiências passadas (culpa, inveja, orgulho, vergonha, ciúme);
São moldadas pelos nossos contextos culturais e sociais.

Importância da inteligência emocional para o relacionamento interpessoal

A inteligência emocional desempenha um papel fundamental nos relacionamentos


interpessoais.

1. Autoconhecimento: A inteligência emocional envolve a capacidade de reconhecer e


entender as nossas próprias emoções. Isso ajuda-nos a entender como os nossos
sentimentos influenciam as nossas ações e reações em relacionamentos. Quando
somos conscientes das nossas emoções, podemos comunicar as nossas necessidades e
limitações de forma mais eficaz, contribuindo para uma comunicação mais clara e uma
interação mais harmoniosa com os outros.

2. Empatia: A inteligência emocional permite-nos compreender e compartilhar os


sentimentos dos outros. Isso é essencial para construir relacionamentos sólidos, pois
contribui para conectar e responder às emoções dos outros de maneira empática. A
empatia ajuda-nos a cultivar relacionamentos mais profundos e significativos, pois
demonstra cuidado, compreensão e apoio aos outros.

3. Controlo das emoções: A capacidade de gerir as nossas próprias emoções é crucial


para lidar com conflitos e situações desafiadoras em relacionamentos. A inteligência
emocional ajuda-nos a regular as nossas emoções de forma saudável, evitando reações
impulsivas e ajudando-nos a lidar com o stress e a pressão de maneira construtiva. Isso
promove um ambiente mais positivo e colaborativo nos relacionamentos
interpessoais.

4. Resolução de conflitos: Ao compreender as nossas próprias emoções e as emoções


dos outros, podemos abordar os conflitos de maneira mais eficaz. A inteligência
emocional capacita-nos a comunicar as nossas preocupações de forma assertiva e a
resolver conflitos de maneira construtiva, procurando soluções que atendam às
necessidades de ambas as partes. Isso fortalece os relacionamentos e promove a
confiança e o respeito mútuo.

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