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Caso “A mosca”

A conduzia o seu automóvel numa curva quando uma mosca, que entrara através
da janela aberta do veículo, o atingiu num olho e, em consequência, A fez um
brusco movimento de defesa com a mão, tirando as mãos do volante para esse
efeito. Em consequência, perdeu o controlo do carro e entrou na faixa contrária,
colidindo frontalmente com outro veículo que ali circulava. Três pessoas ficaram
feridas em virtude do circunstancialismo descrito (artigo 143.º do CP).
Poderá A ser responsabilizado jurídico-penalmente?

R:

correção
Identificar o problema jurídico – se estamos perante um ato reflexo ou um automatismo
função delimitadora do conceito de ação – função seletiva negativa
MFP – passa de um conceito de ação autonomizado / FD- não autonomiza o conceito
de ação, começa a análise na tipicidade

Funções da ação :
 Função de classificação (ou positiva)
 Função sistemática da ação
 Função de delimitação/seletiva negativa – nem todos os comportamentos
correspondem a ações penalmente relevantes
 atos reflexos
 atos inconscientes
 vis absoluta (afetação da voluntas)
 automatismos – consciência está presente, atos comandados pela vontade
do agente – mas na verdade praticamos um conjunto de atos de
forma consciente, mas sem que a consciência atual seja acionada a
cada movimento que praticamos – atos como andar a pé, conduzir, etc
– atos compostos por uma amálgama de ações em que não temos a
consciência atual a funcionar sempre – p.ex. o músico a tocar uma peça.
Os automatismos não geram sempre ações penalmente relevantes

MFP aplica o critério da previsibilidade do estímulo externo – resolve o problema


dos automatismos a partir do pensamento de Stratenwerth com a ideia do
comportamento dirigível
Há que atentar nos sinais de perigo e na possibilidade de evitar o automatismo
A possibilidade de evitar o automatismo é aferida: pelo critério do padrão da pessoa
média; a partir da pessoa concreta, aferindo características individuais do agente
Conclusão do caso: inevitabilidade do automatismo – impossibilidade de motivação
pela norma- operaria a função seletiva do conceito de ação, não existiria ação
penalmente relevante.
Outras teorias
Jakobs  teoria da evitabilidade individual (argumento do tempo da consciência) – é
necessário verificar se o automatismo é evitável ou não – para isso é preciso apurar se a
vontade teve tempo de se confrontar com o dilema e contrariar o automatismo  no
caso não seria uma ação penalmente relevante;
Roxin  teoria pessoal da ação
Eser  teoria da evitabilidade  neste caso existiria uma ação penalmente relevante
(viajar com as janelas abertas é propicio à entrada de insetos)

Caso “Sonâmbulo homicida”


Kenneth Parks, cidadão canadiano de Toronto, de 23 anos, casado e pai de uma bebé,
sofria de insónias agudas motivadas pelo desemprego e ainda por ter contraído várias
dívidas de jogo.
Na madrugada do dia 23 de maio de 1987, levantou-se da cama, entrou no seu carro e
conduziu cerca de 16 km até à casa dos seus sogros. Ali chegado, depois de lhe ter sido
aberta a porta, esfaqueou até à morte a sogra, de quem ele muito gostava e que o
apelidava de “pequeno gigante”. Kenneth Parks também apunhalou o sogro, que
sobreviveu ao ataque. Depois, dirigiu-se à esquadra mais próxima, onde afirmou “Creio
que matei algumas pessoas… As minhas mãos estão cheias de sangue....”, só então
realizando que tinha grandes cortes nas mãos.
Porque Kenneth Parks não se lembrava de nada do que tinha sucedido, porque não
tinha qualquer motivo para praticar os factos descritos e ainda por ter um historial longo
de sonambulismo, pessoal e familiar, a sua defesa, sustentada em pareceres de
psiquiatras, de psicólogos, de neurologistas e de especialistas em perturbações do sono,
defendeu que Kenneth Parks estava a dormir quando cometeu os crimes, pelo que não
teria praticado qualquer ação.
Quid iuris?

correção
a ação humana tem de ter alguma forma de vontade presente para gerar
responsabilidade penal
equiparação entre factos praticados durante o episódio de sonambulismo e o próprio
pensamento
aplicamos novamente a teoria da ação responsável da prof MFP – não teve oportunidade
de motivação pelas normas – característica 4 da teoria da regente
Posição dominante- os factos praticados por aluém em que sono profundo não são
ações, porque:
Jakobs – teoria da evitabilidade individual – o agente não pratica atos conscientes,
donde não pode ocorrer a contra motivação normativa – Direito Penal serve para
reafirmar a validade das normas
Roxin – construção de política criminal – teoria pessoal da ação – o que interessa é a
proteção dos bens jurídicos – conceito de ação pessoal defendida: é necessário apurar se
estamos em cada momento perante comportamentos que signifiquem uma
exteriorização da personalidade, o que só pode acontecer quando esses movimentos têm
um controlo da vontade – se a pessoa está em estado de inconsciência, p.ex. em
sonambulismo, os atos praticados não podem corresponder a uma manifestação da
personalidade (o que se exterioriza neste caso é um pensamento e não a personalidade)

A generalidade da doutrina entende que quando há atos praticados pelo agente para
potenciar um certo comportamento durante um ato de sonambulismo – conjunto de atos
voluntários que pré ordenadamente se tenta originar a prática de um facto penalmente
relevante – são penalmente relevantes (p.ex. deixar uma arma na gaveta da mesa de
cabeceira) – art. 20º/4 CP

Caso “A hipnotizadora”
Ana pretende matar o marido, Bento, que sempre a maltratou, mas não tem coragem
para o fazer por si mesma. Certo dia, durante o seu ato no circo como hipnotizadora,
Ana hipnotiza Cátia, uma das freiras que estava na assistência a acompanhar as
crianças de um colégio. Primeiro, e para se certificar de que Cátia estava efetivamente
em estado hipnótico, empurra-a com violência contra Daniel, que também assistia ao
espetáculo, que acaba por sofrer escoriações ligeiras. Em seguida, entrega a Cátia uma
arma, verdadeira e carregada, sussurrando-lhe que deveria disparar em direção a Bento.
Cátia empunha a arma como ordenado, mas verbaliza não conseguir disparar.
Só mais tarde Bento realiza que, naquele dia, Ana modificara o número de sempre,
entregando uma arma verdadeira à convidada da assistência, e não de plástico, como era
suposto suceder.
Terão Ana e/ou Cátia praticado ações?
R:

correção

Vis absoluta – função delimitativa do conceito de ação em relação a C – porque o corpo


de C nesta situação é utilizado como um mero objeto de arremesso – não permite
exteriorizar qualquer vontade do agente

Se pudermos substituir o corpo da pessoa por qualquer outro objeto (p.ex. uma pedra)
concluímos que o corpo da pessoa foi utilizado como objeto de arremesso.

Falta de relação corpo mente – situações de vis absoluta – não chega sequer a existir
uma ação dominada ou dominável pela vontade

teoria da evitabilidade de Jakobs- o agente não pratica atos conscientes, de onde não
pode ocorrer a contra motivação normativa – a pessoa não está no seu estado normal:
está controlada
Roxin – teoria pessoal da ação – os movimerntos são determinados psiquicamente, são
transmitidos psiquicamente , e intercedem no mundo real como manifestação da
personalidade, que ultrapassam (ou não) a barreira do caráter - a ação corresponde a
uma forma de exteriorização da personalidade (mesmo sobre hipnotismo) – para Roxin
se C tivesse executado o crime, não haveria dúvida que existiria uma ação dominada
pela vontade – ultrapassagem da barreira do caráter

MFP- o comportamento global é dirigível? não há dirigibilidade consciente, não há uma


ligação perfeita entre a mente e o corpo – a professora sempre negaria a existência de
uma ação dominada pela vontade

Casos sobre a distinção entre ação e omissão (manuais: MFP pp. 73-88; FD pp.
1055-1069)

Caso “Empregada traiçoeira”

Gustavo pretende furtar um objeto de valor que Hugo guarda em casa, pedindo para tal
ajuda a Camila, empregada doméstica de Hugo. Como combinado, no dia seguinte
Camila abre o portão da casa de Hugo para sair, no fim do seu horário de trabalho, e
“esquece-se” de o fechar, dando assim oportunidade a Gustavo para realizar o assalto, o
que acaba por suceder.

Trata-se aqui de um caso de ação ou de omissão?

R:

correção

Jakobs - a diferença entre ação e omissão dependem se se ultrapassa os limites gerais


da liberdade

objeto de discussão no caso – apenas saber se era uma ação ou omissão

importa referir os critérios doutrinários sobre a distinção entre a ação e a omissão

aqui n importava mt as teorias das posições de garante

ENGISH – utilização da energia (causalmente) determinante para a produção do


resultado típico: fazer implica perda de energia (ação), não fazer não implica perda de
energia (omissão)  critério com elevado grau de imprecisão e incerteza

SCHONKE/ SCHRODER/STREE - critério normativo – o ponto de referência a


partir do qual devemos apurar se é uma ação ou omissão é a norma – olhar para o centro
de gravidade que a norma fixar
KAUFMANN – critério da subsidariedade – bom como ponto de partida: a regra é a
de que os comportamento tipificados são ações e só será punível por omissão quando
não conseguirmos identificar um comportamento por ação (é um critério que se foca na
norma)

Critério e distinção que vinga hoje:

 STRATENWERTH/FD/Paulo Pinto de Albuquerque – radica da lógica do


risco latu sensu – centra-se na questão de saber como é que o perigo foi
produzido – criação ou aumento do perigo (ação); não diminuição do perigo
(omissão)

Abrir as portas é um comportamento socialmente adequado – o problema não está aqui


– há um dever geral de segurança e proteção pela integridade da habitação – a
empregada estaria obrigada a fechar a porta, por não fechar a porta é que vai criar o
perigo (n diminuiu o perigo que ela própria criou)  há a violação de um dever jurídico
de agir: o fechar a porta

MODO COMO O PERIGO SE MANIFESTA NO CASO (aqui era pelo não fechar a
porta)

MFP (inspirada em JAKOBS) – indiferenciação entre ação e omissão nas situações


em que se ultrapassem os limites gerais de liberdade no que se refere à configuração
exterior do mundo

competência pela organização – Jakobs- somos seres que se vão especializando em


certas áreas de atuação

O extravasar da minha liberdade cria uma ligação sinalagmática com a responsabilidade

1. nível geral
2. responsabilidade que deriva não do seu círculo propriamente (como no número
anterior) mas uma responsabilidade institucional – dimensão institucional (como
é o caso da empregada)

quer seguindo a construção da maioria da doutrina (FD, PPA) como da MFP este
comportamento é praticado por omissão

Caso “Testemunha silenciosa”


Gioconda, Baby-Sitter de profissão, celebra contrato com os pais de Helena, de dois
anos, para tomar conta da criança durante 12 horas por dia, de segunda a sábado,
auferindo o salário mínimo nacional. Na segunda semana de trabalho, por volta das
19:00 horas, Gioconda encontra-se demasiado concentrada a assistir à série
“Testemunha silenciosa”, como aliás fazia todos os dias.
Naquele dia, contudo, Helena dirigiu-se para a casa de banho e resolveu experimentar a
banheira, a qual ainda se encontrava cheia de água após o banho diário da bebé. Desta
forma, e por causa da distração de Gioconda, Helena veio a morrer afogada. Em
tribunal Gioconda defende-se argumentando com a invalidade do contrato de trabalho
celebrado com os pais da criança, cujo horário ultrapassaria o máximo legal das
40 horas semanais, com total ausência de remuneração das horas extraordinárias.

Pode Gioconda ser responsabilizada pela morte de Helena?

R:

correção

Crimes comissivos, matérias ou de resultado (lesão efetiva ou dano), ambivalentes, de


dupla referência ou de duplo significado, que pode ser relevante tanto a ação como a
omissão (art. 10º/1)

problema da imputação do crime praticado por omissão

nós no caso estamos perante um crime de homicídio – art. 131º ou 137º - temos de
enquadrar sempre num crime da parte especial

o crime de homicídio é comissivo (crimes materiais ou de resultado) – neste tipo de


crimes temos um resultado que se destaca da conduta do agente (no caso é a morte) 
construção EDUARDO CORREIA no art. 131º tinha cabimento tanto o crime por ação
como por omissão e íamos ao art. 10º para confirmar.

No entanto, no sentido comunicacional comum o normal é os comportamentos serem


praticados por ação.

ir ao 10º/1 (crime comissivo) e nº 2

Fontes de posição de garante:

1. Teoria formal do dever jurídico: lei e contrato (FEUERBACH), mais tarde a ingerência
(STUBEL)
2. Teoria das funções (KAUFMANN) – o que interessa são as relações fácticas que se
estabelecem entre os sujeitos: função de guarda de um bem jurídico concreto; função de
vigilância de uma fonte de perigo
3. Modelo tipológico (FIGUEIREDO DIAS) – teoria material formal: não pode ser uma
construção estritamente formalista, mas também uma construção só material não dá a
certeza jurídica que precisamos – o que importa é encontrar as relações humanas que sejam
capazes de fazer nascer um dever jurídico – constrói exemplos padrão 1:
a) deveres de proteção e assistência a um bem jurídico carecido de amparado
b) deveres de vigilância e segurança face a uma fonte de perigo
c) posições de monopólio

4. MFP – não é tanto uma auto-vinculação implícita – aplica um critério de juridicidade que
faz nascer a posição de garante – transferência prévia da responsabilidade, no caso, dos pais
para a baby-sitter

Caso “O poço”
Ernesto, proprietário de um poço em funcionamento, tem sucessivamente
colocado letreiros de perigo e uma vedação para impedir o acesso a estranhos. Mesmo
assim, Filipe, de 20 anos, rompe a vedação para furtar água, o que faz por diversas
vezes, acabando um dia por cair ao poço e morrer.

Pode Ernestoser responsabilizado pela morte de Filipe

R:

correção

FD  A existência de um dever jurídico exige a existência de uma relação fáctica. Três


dimensões essenciais: 1) a relação fáctica tem de ser suscetível de produzir efeitos
jurídicos; 2) é necessário que no caso se identifique um dever que pessoalmente obrigue
o agente a atuar; 3) o agente tem de evitar o resultado – tem de praticar uma ação que
seja adequada a evitar o resultado (imputação objetiva)

relação de proximidade entre o agente e o perigo – neste caso há um dever perante a


comunidade de quem é proprietário de uma certa fonte de perigo
não é responsável por tudo o que possa acontecer, só é responsável por evitar que a
fonte de perigo cause um dano a terceiros

1
se estivermos no âmbito do primeiro já n vemos o último – lógica decrescente
Não é ingerência – pressupõe que primeiro exista um resultado que possa ser imputado
à conduta do agente- patamar de imputação objetiva – E fez tudo dentro dos limites do
risco permitido; o segundo pressuposto é a existência de uma ação além de típica, ilícita

Doutrina alemã diz que quem tem uma fonte de perigo é responsável por tudo o que
pode acontecer quando envolva esta fonte de perigo

MFP:
é preciso é garantir que dentro do sentido comunicacional que encontramos nas
normas e no art. 10º/2 temos de encontram uma dimensão de juridicidade, porque
só esta dimensão é que permite antever perante cada situação se o dever jurídico
existe ou não
Parte de 3 princípios: liberdade, igualdade e responsabilidade  no caso estaria em
causa logo o princípio da liberdade
Onde haja perturbação na esferas jurídicas haverá um desequilíbrio que se impõe
corrigir – haverá posição de garante quando se extravase a liberdade de ação

Caso“XPTO”

A empresa XPTOlança no mercado um novo detergente para a roupa, com um


preço altamente competitivo, tornando-se aquele detergente o maior sucesso de vendas
do ano em pouco tempo. Já depois da comercialização do produto, no decurso de testes
regulares de controlo de qualidade, a empresa constata que o uso prolongado daquele
detergente provoca graves episódios de alergia, com maior incidência nas crianças, mas
nada faz.

Pouco depois, a imprensa relata vários casos de crianças internadas com alergias graves.
O elo em comum é a utilização do detergente comercializado pela empresa XPTO.

Quid iuris
R:
correção
Não se aplica o 282º do CP – casos de verdadeira ação
posição de autoridade, domínio das fontes de perigo, lei, contrato, ingerência  TAIPA
DE CARVALHO
MFP – é condição de liberdade; pessoas da empresa atuaram fora da sua esfera de ação
– ao incumprir o seu dever jurídico tiveram aqui um efeito que foi entrar na esfera de
liberdade de outros – causaram desequilíbrio, viola o princípio da igualdade
Era previsível que o produtor era responsável pela qualidade do produto  há uma auto
vinculação
Art. 11º

Caso “O lago”
Álvaro conduz o seu veículo durante a noite, num local isolado, quando, em virtude de
se encontrar em excesso de velocidade, perde o domínio do veículo, que se precipita
para um lago contíguo. Álvaro está inconsciente e com a cabeça submersa na
água. Berta, que a tudo assiste, constata que Álvaro está prestes a afogar-se mesmo
junto à margem, podendo facilmente retirá-lo da água, mas não o faz, ligando para o
112.

A autópsia revela que a causa da morte de Álvaro foi “afogamento”.

Pode Berta ser responsabilizada pela morte de Álvaro

R:
correção
Sónia diz que a posição do FD causa muita insegurança – concorda com a
regente
não está a extravasar a sua esfera de liberdade
não há autovinculação
quanto muito há uma obrigação de solidariedade
André Lamas Leite – tem que haver um nexo de proximidade na relação entre o
aart. 200º e o art. 101º- interpretação jurídico criminal. Taipa de Carvalho
concorda.
FD. responsabilidade a partir do monopólio
MFP, ATC, PPA – reconduzem o caso ao art. 200º/1

Caso “O acidente”

A conduz o seu veículo durante a noite, num local isolado, quando, em virtude de se
encontrar em excesso de velocidade, não consegue travar a tempo, embatendo em B,
que se encontra a atravessar a rua na passadeira. B fica gravemente ferido e A,
constatando isto mesmo:

a) Liga imediatamente para o 112. B é transportado para o hospital, mas vem a


falecer em consequência dos ferimentos provocados pelo atropelamento.
Estamos perante uma ação ou uma omissão? Por que crime(s) responde A?

correção

O que o agente faz é aumentar o perigo que já existe que decorre do ato de conduzir.
Quem provoca acidentes, produz danos não cria perigo, porque já subjaz à conduta de
conduzir, mas aumenta o perigo (Stratenwerth, FD, PPA) – critério do perigo –
teremos uma ação.

MFP + JAKOBS – indiferenciação entre ação e omissão nas situações em que se


ultrapassem os limites gerais da liberdade no que se refere à configuração exterior do
mundo

Art. 137º, por ação – crime comissivo por ação

b) Foge do local, em pânico. C, que a tudo assiste, telefona para o 112. B é


transportado para o hospital, mas vem a falecer em consequência dos ferimentos
provocados pelo atropelamento.
Por que crime(s) responde A?

correção

Uma parte da jurisprudência e da doutrina (professora Inês Ferreira Leite) resolvem este
caso da seguinte maneira: provoca um acidente por negligência, por violação das regras
rodoviárias – facto praticado por ação – homicídio negligência, em concurso com o
crime de omissão de auxilio (art. 200º)  o agente com a sua conduta releva um
comportamento desvalioso em dois tempos: quando provoca o acidente (bem jurídico
vida violado) e outro quando não auxilia a pessoa (perigo para o bem jurídico vida) –
nos acórdãos foram imputados dois crimes neste sentido – concurso real heterogéneo
MFP – art. 29º/5 CRP as normas concorrem entre si para tutelar o mesmo bem jurídico,
há um tipo de relação que suscita particular dificuldade nos casos: precisamente o que
ocorre no caso – as normas estão numa relação de interferência – ambas concorrem para
a tutela do mesmo bem jurídico, com intensidades diferentes

 Uma das normas só pode ser aplicada quando outra não é – norma de proteção
menos intensa só é aplicada subsidiariamente
 Por vezes estas relações de interferência surgem já resolvidas pelo legislador –
art. 208º e 292º p.ex.

c) Foge do local, em pânico. C, que a tudo assiste, vai-se embora, sem nada fazer.
Mais tarde, B é transportado para o hospital, mas vem a falecer em
consequência dos ferimentos provocados pelo atropelamento.
Por que crime(s) respondem A e/ou C?

correção

Não há um dever jurídico – não há uma posição de garante – é um caso de monopólio


acidental ou ocasional - (não é condição de liberdade)  MFP, ANDRÉ LAMAS
LEITE, TAIPA DE CARVALHO – inexistência de posição de garante nestes casos

Para o professor FD – 3 requisitos sobre a posição de garante nos casos de monopólio

1. O agente esteja efetivamente investido, mesmo que só por força de


circunstâncias ocasionais, numa posição de domínio fático absoluto e
próximo da situação;
2. Que o perigo em que incorre o bem jurídico seja agudo e iminente;
3. Que o agente seja capaz de levar a cabo a ação esperada, isto é, a conduta
que irá evitar os danos ao bem jurídico – em regra, uma ação de
salvamento – sem ter de incorrer numa situação perigosa ou danosa para
si mesmo + conseguindo sem esforço pôr fim a situação de perigo.

d) Regozija-se pelo facto de ter conseguido ferir gravemente o seu inimigo B.


Constata que este ainda respira e que carece de auxílio médico urgente, mas
abandona o local sem nada fazer. B vem a falecer pouco depois, em
consequência dos ferimentos provocados pelo atropelamento.
Por que crime(s) responde A?
correção Crime comissivo – crime material ou de resultado – é a estes crimes que se
reporta o regime do art. 10º, sejam por ação sejam por omissão

Caso “Dr. Jivago”


Dr. Jivago, único médico de serviço da especialidade em cardiologia no hospital Leges
Artis, ausenta-se do seu posto, para se entregar a Lara, enfermeira por quem estava
enamorado, e com quem mantinha caso de amores. Pouco depois, Ana, cônjuge de
Jivago, dá entrada naquele hospital em paragem cardiorrespiratória. Suponha que,
contactado pelo hospital:
a) Jivago não atende o telemóvel nem responde às mensagens, que lê, e que
demandavam o seu regresso ao serviço. Ana acaba por ser socorrida por outro
médico e é salva;

b) Jivago regressa imediatamente ao hospital, mas, ao constatar que a paciente em


causa é Ana, sua mulher, nada faz, na esperança de que ela morra, para assim
poder livremente consumar o amor que nutre por Lara. Ana morre devido a
falta de assistência

Quid iuris?
R:
Alínea a)

correção

Helena Moniz + assistente – na letra do art. 284º o perigo já está criado, não foi o agente
que contribuiu para o perigo – a única coisa que tem de fazer é diminuir este perigo

crime concreto quanto ao grau de lesão aos bens jurídicos e de resultado quanto ao ataque
ao objeto da ação

concurso aparente ou de normas – estas 2 normas estão em relação de especialidade: as duas


normas comungam de um conjunto de elementos descritivos, uma delas tem elementos típicos
distintivos – a qualidade de médico (o círculo possível de agentes que está na letra do art. 284º-
norma especial face ao art. 200)

auxilio médico tem de ser indispensável – de acordo com o juízo ex ante - no momento em que
a situação de perigo foi criada: a ação do médico tem de indispensável e adequada para
neutralizar o perigo
era o único médico da especialidade – conseguiu-se salvar mas só sabemos isso ex post, o nosso
momento de referência é EX ANTE – de outro modo o art. 284º não tinha aplicação prática

no momento da perceção do perigo (no caso no momento em que a vítima entra no hospital e
percebe-se da necessidade do médico que é informado) – inércia do médico

APLICAMOS O ART. 284º

Alínea b)

correção

primeira constelação e segunda – FD posições de garante


é condição de liberdade estar casado e promover ações salvadoras contra a cônjuge?

há resultado de morte – art. 131º ou 132º/1 e 2

O Dr podia agir – possibilidade fáctica da ação

art. 10º/2 havia um dever de agir – SÓNIA diz que à luz de qualquer das construções podemos
enquadrar aqui um dever de garante

não aplicamos o art. 200 ou 284º porque são subsidiários – não se pode aplicar em concurso
efetivo qualquer um destes artigos com o art. 10º
art. 10º articulado com uma norma específica da parte especial corresponde ao maior nível de
proteção do bem jurídico

FD – poderíamos tentar argumentar a existência de uma relação fáctica entre cônjuges que
obrigassem o cônjuge (Dr.) agir de modo a salvar A

MFP – não havia imprevisibilidade aqui – o cônjuge de um médico pressupõe que se estiver em
perigo de vida, sobretudo na sua área de especialidade, este vai socorrere-la  AUTO
VINCULAÇÃO IMPLÍCITA QUANTO À RESPONSABILIDADE PELO OUTRO

TAIPA DE CARVALHO – lei, contrato, ingerência  ia pelo contrato

responsabilidade do médico – 130º + 10º/1 e 2 – crime comissivo por omissão

Casos sobre imputação objetiva (Tipicidade)

Caso “Empurrão”
Durante uma discussão, Ana empurra Bruna com força. Em consequência do
empurrão, Bruna faz uma entorse no pé, sendo transportada de ambulância para o
hospital. No trajeto, a ambulância é abalroada pelo automóvel conduzido por Carlos,
vindo Bruna a ficar gravemente ferida em consequência do embate.

Poderá Ana ser responsabilizada pelos ferimentos causados em Bruna? E Carlos?

R:

correção

Teoria da CSQN + teoria da causalidade adequada - são na sua base teorias naturalistas,
procuram a relação causa – efeito; mas não explicam na sua plenitude porque é que um certo
comportamento produz um certo resultado e porque é que o agente deve ser responsabilizado

Problema normativo – apelar a um critério com valor normativo

Imputar – atribuir um certo resultado lesivo de bens jurídicos tutelados numa norma penal
incriminadora ao comportamento do agente – o comportamento do agente é revelador de que ele
controlava o processo causal até ao fim  na teoria da causalidade e do risco podemos falar da
imputação

1. Teoria da conditio sine qua non ou das condições equivalentes - vai em busca
de todas as causas que podem contribuir para o efeito lesivo
 Forma de supressão mental – suprime-se cada uma das causas e vemos se
sem elas o resultado se verificava ou não
 Esta teoria promove no apuramento das causas um regresso ad infinitum
– considera todas as condições como equivalentes – não resolve a
generalidade dos problemas de imputação objetiva, nomeadamente estes
da interrupção do nexo causal por intervenção de terceiro;
2. Teoria da causalidade adequada – assente num juízo objetivo posterior –
parece ser a teoria assente no nosso CP (art. 10º/1) – MFP entende que no
essencial esta teoria resolve os problemas de imputação objetiva
3. Teoria do risco (ROXIN) – 1) quando o agente cria um perigo não permitido
para o objeto da ação – está a criar um risco proibido para o bem jurídico – no
caso, quando A empurra a vítima, vai estar a criar um perigo; 2) patamar que
promove a conexão de risco – esse risco se tenha materializado no resultado
típico- juízo ex ante e ex post – de acordo com as características típicas e
previsíveis decorrentes do facto de empurrar alguém tem suficiente força erosiva
para produzir o resultado lesivo concreto (um empurrão tipicamente não tem um
valor que produz consequências de integridade física mais graves)  só haverá
quanto às ofensas simples, não quanto às ofensas mais graves; 3) não chegamos
sempre a este patamar, como é o caso
Primeira teoria- dá para imputar; Segunda teoria e Terceiro – só podemos imputar as ofensas
simples

Caso “Aeroporto”

Fernando, agiota e exímio atirador, sabendo que Guilherme se prepara para fugir do
país para não lhe pagar uma elevada quantia em dinheiro, persegue-o até ao aeroporto e:

a) Dispara mortalmente sobre Guilherme, antes de este poder entrar num avião
que veio a explodir 30 minutos mais tarde devido a um ataque de um
bombista suicida;
b) Prepara-se para disparar sobre Guilherme, mas um agente da PSP à paisana
apercebe-se e, por estar perto de Guilherme, consegue empurrá-lo,
salvando-o de morte certa, mas causando-lhe ligeiras escoriações na face e
nas mãos;
c) Quando Guilherme aguardava no lounge do aeroporto, coloca uma dose de
veneno na bebida deste, enquanto Ivo, seu parceiro neste empreendimento,
coloca veneno na comida. Guilherme tudo ingere, vindo a morrer pouco
depois. A autópsia revela que foi a combinação de ambas as doses de veneno
que ditou a morte de Guilherme.

Quid juris?

R:

correção
Nos casos de causalidade hipotética – se não fosse a causa real o resultado sempre adviria ou
por um terceiro ou por um facto natural – em todos este casos o resultado produz-se sempre

Kaufmann – sustenta que nos casos em que o processo causal hipotético ou virtual já esteja
numa fase irreversível – desaparecimento do desvalor do resultado – embora o autor da causa
real provoque a morte, como no caso, este mesmo resultado já se iria verificar – AGENTE
DEVE SER SÓ PUNIDO POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO – Sónia não concorda

teorias
Conditio sine qua non – não haveria causalidade – não se responsabiliza penalmente o F

À luz da reformulação – condições conformes às leis naturais (retira a supressão mental)- o


que se pergunta é se o resultado foi causado por algum comportamento humano (dados
científicos, leis da probabilidade, juízo da pessoa média no limite) – seguindo esta reformulação
já há uma lei geral que nos permite concluir que quando uma pessoa dispara uma arma contra
uma parte vital de outrem, a morte vai advir
Teoria da adequação – uma pessoa média consegue prever que ao disparar uma arma de fogo
em direção a uma parte vital de outra pessoa que se produzirá o resultado morte – MFP:
entende que esta teoria tem dificuldades em resolver bem estes casos – dificuldades no plano
teórico – seria possível imputar o resultado morte a F

Teoria do risco – orientação político criminal de lesão a bens jurídicos – F criou um perigo
proibido para o bem jurídico protegido pelo tipo do art. 131º e esse risco materializou-se no
resultado típico
 Para esta conclusão do 2º requisito - fazemos um duplo juízo: olhar para o
momento ex ante – se podia ser uma conduta lesiva (disparar a arma de fogo);
ex post – consideramos todo o normal acontecer – juízo de prognose póstuma
objetiva, tomando em linha de conta uma pessoa prudente, dotando dos
conhecimentos especiais do agente – materialização normal da potência lesiva

ALÍNEA B)

correção

Conditio sine qua non ou das condições equivalentes – não resolvem bem os casos de
diminuição do risco

Faz sentido dizer que o comportamento do agente da PSP se enquadra no crime do 143º? Roxin
diz que não, o agente está a colocar a vítima numa posição melhor do que ela estaria –
intervenção que tem por objetivo a proteção do bem jurídico – numa situação como esta não faz
sentido imputar o resultado à conduta do agente
 MFP e TAIPA DE CARVALHO – adeptos da teoria da causalidade
adequada – são sensíveis a este aspeto

Teoria do risco – o primeiro patamar da teoria do risco – o agente não está a criar ou aumentar
o perigo – ESTÁ A DIMINUIR – Roxin diz que estes casos devem ser resolvidos logo no
primeiro patamar da teoria do risco – não há imputação – negaríamos logo

PAULO SOUSA MENDES – a conclusão a que chega Roxin resulta de uma comparação entre
o curso real dos acontecimentos e aquele que seria se não houvesse intervenção - o que é
determinante para PSM é que no caso ocorre uma menor intensidade lesiva do bem
jurídico. A ideia de que quem coloca o bem jurídico numa posição melhor não é suscetível de
imputação resulta do princípio da equidade, sendo essencialmente enquadrável no âmbito das
cláusulas de justificação do facto

LUÍS GRECO (?) – se a ação do agente intervém no processo causal teremos diminuição do
risco se conseguir desviar p.ex. a pancada; mas se atua sobre a vítima não temos diminuição do
risco, é um caso típico que se resolve nas causas de justificação

ALÍNEA C)
correção

Problema de causalidade cumulativa na comparticipação criminosa – co-autoria (art. 26º/3)


Primeira variante F e I não estão a par das intenções um do outro
 Teoria conditio sine qua non – se estas são as causas da morte, como
responsabilizamos um e outro? por homicídio consumado, mas eles n queriam
matar – ISTO DEMONSTRA OS PROBLEMAS DE CAUSALIDADE
CUMULATIVA para esta teoria – não podemos responsabilizar pela totalidade
do evento lesivo que seria imprevisível para estes agente
 Teoria da causalidade: MFP introduz aqui uma construção– critério da
conexão de previsibilidade – três pressupostos- só podemos imputar o
resultado se:
1) for previsível
2) potenciação
3) se essa potenciação se materializa ou não Teoria do risco – se é verdade
que cada um dos agentes individualmente considerado criou um risco proibido;
o segundo patamar é que falha, não há a conexão

Autorias/alternativas paralelas – casos clássicos em que p.ex. fora da comparticipação cada


um dos agentes coloca uma dose de veneno que corresponde a 100% da dose necessária para
produzir a morte
 Teoria conditio sine qua non - suprimindo a conduta de um, continua a haver
morte, e vice-versa- não resolve bem estes problemas

Caso “Amanhecer sangrento”

À saída da discoteca, Carlos e Daniela, que se tinham acabado de conhecer e de


envolver romanticamente, travam uma violenta discussão, porque Carlos viu Daniela a
piscar o olho a Eduardo. Furioso, Carlos aperta o nariz de Daniela com força, que, em
consequência, sofre ligeiras escoriações na pele e sangramento abundantemente do nariz,
pois no dia anterior tinha cauterizado uma veia nasal e era hemofílica. Em perigo de vida,
Daniela é levada para o hospital e os médicos rapidamente constataram a necessidade de a
submeter a uma cirurgia de caráter urgente. Guiomar, médica anestesista, com a pressa e
sem se aperceber, trocou o frasco da anestesia por um outro similar que continha uma
substância venenosa e ministrou-a a Daniela, que veio, por isso, a morrer, ainda antes de
dar entrada na sala de operações. Todavia, Daniela padecia de uma rara alergia ao
excipiente anestésico ministrado naquele hospital, que nunca poderia ter sido detetada em
tempo útil, pelo que esta teria morrido de qualquer forma, ainda que Guiomar não se
tivesse enganado.
Aquela estava a ser uma noite trágica para Guiomar, já que, momentos antes, Horácio
morrera na mesa de operações depois de anestesiado, devido a ferimentos resultantes de
um atropelamento, pois Horácio decidira suicidar-se, cansado de todas as agressões graves
que a prática de kickboxing lhe provocara, e lançou-se de um viaduto para a autoestrada, no
exato momento em que Inês, que conduzia a 180 km/h, por ali passava, atropelando-o.

Entretanto, Carlos, a quem o enfermeiro João ministrara no hospital uma aspirina para
debelar a terrível dor de cabeça que toda aquela situação lhe causara, entrara em
convulsões, provocadas por uma raríssima alergia ao ácido acetilsalicílico presente na
composição da aspirina, que nunca ingerira. O médico de serviço, Luís, namorado de
Daniela, reconhece Carlos como seu rival e, revoltado com tudo o que sucedera, decide
não socorrer Carlos, que acaba por morrer por causa de falta de assistência médica, que
apenas Luís poderia proporcionar.

Na manhã seguinte, ao tomar conhecimento da morte da filha Daniela, Mário, que


estava em processo de recuperação de um acidente cardiovascular, sofre um colapso
cardíaco e morre. Todavia, mesmo que tal não tivesse sucedido, com toda a certeza Mário
morreria, pois no momento em que lhe foi dada a notícia, Mário estava a instalar um para-
raios no telhado, instigado pela sua mulher, Nádia, que decidira que o marido deveria
morrer, ou fulminado por um raio naquela manhã chuvosa, apesar de naquela povoação
não haver notícia de caso semelhante, ou em virtude de uma queda que o telhado
escorregadio proporcionaria. E, de facto, ao mesmo tempo que Mário sofria o acidente
cardiovascular, um raio caiu sobre o telhado no exato local em que este se encontrava
escassos segundos antes.

Ao inteirar-se da morte da filha, Nádia, mãe extremosa, dirige-se ao hospital à boleia do


vizinho Óscar, a quem exige que acelere para além dos limites de velocidade legalmente
estabelecidos, o que acaba por provocar um despiste e Nádia sofre ferimentos graves que
sangram abundantemente. No hospital, Nádia recusa-se a receber uma transfusão de
sangue que lhe salvaria a vida, por aquele ato médico contrariar as suas convicções
religiosas enquanto Testemunha de Jeová, e acaba por morrer devido a hipovolemia total
às mãos de Paulo, médico que a assistia.
Quid iuris?

R:
correção

Características especiais
 teoria CSQN na sua formulação inicial não resolve estes problemas – C foi
causa da morte de D, suprimindo esta não há resultado;
 condição conforme às leis naturais (reformulação) – é reduzido o número de
casos de hemofilia que pudessem dar azo a este contexto – causa operante
 teoria da adequação – não era previsível – verificação raríssima
 teoria do risco – ao apertar o nariz de outra pessoa está a criar um perigo;
conexão de risco só pode existir quanto a ofensas à integridade física simples

G pode ser responsabilizado pela morte de D’


 Teoria CSQN – sim
 Teoria da causalidade adequada – sim, era previsível
 Teoria do risco (Roxin) – sim

1)criação ou aumento do risco -sim


2) risco é proibido – sim (morte)
3) conexão de risco entre conduta e resultado – sim da administração do veneno resulta
a morte

critério para identificar o problema jurídico- nos CLA só há um processo causal, controlado
pelo agente da hipótese (o agente controla a ação, mas não controla o resultado)

Acórdão TRL de 2008 – problema de comportamento lícito alternativo

MFP – devemos fazer uma construção intelectual – perceber qual seria o decurso dos eventos se
tivesse sido adotado o comportamento lícito
in dúbio réu – não há imputação do resultado à conduta

Taipa de Carvalho – adere à teoria da adequação – adapta a teoria (teoria da conexão normativo
típica) – 1º pressuposto – existência de desvalor da ação (lesar bem jurídico); 2º pressuposto –
materialização – interpretação teleológica das normas: ver os sentido que retiramos da norma –
nos casos de CLA quando a conduta que cumprisse o dever conduzisse igualmente ou não
evitasse a verificação do resultado com certeza ou elevado grau de probabilidade também se
nega a conexão do risco;

teoria do risco – Roxin não segue esta teoria, desenvolvendo uma teoria alternativa: a do
incremento ou elevação do perigo/risco: nos casos em que há a certeza que mesmo
desenvolvendo o processo causal dentro dos limites do perigo permitido o resultado continuaria
a verificar-se na mesma (como é o caso) – nesses casos não pode haver imputação do resultado
à conduta – o processo causal que cumpre o dever e atua dentro dos limites do risco permitido
não consegue evitar o resultado à mesma – imputar redundaria na violação do princípio da
igualdade

crítica jurisprudência alemã à construção de ROXIN – ESTÁ A TRANSFORMAR CRIMES


DE RESULTADO EM CRIMES DE PERIGO

Segundo parágrafo (H e I)
correção
Questão central: esfera de cuidado da norma
Risco permitido x adequação social, fim/esfera/âmbito de proteção da norma de cuidado;

prática de kickboxing – atuam dentro da esfera do risco permitido – há quem sustente que nos
quadros da teoria da adequação podemos aplicar critérios autónomos – PAULA RIBEIRO
FARIA – há um conjunto de atividades normais na vida em sociedade

Teoria do risco – à luz do primeiro patamar resolveríamos a questão do kickboxing (estão a


atuar dentro de um risco permitido); G estava a tentar diminuir um perigo  não preenche o
primeiro patamar; quanto à conduta de I, está a conduzir em excesso de velocidade,
preenchendo o primeiro requisito da teoria do risco

1º patamar – só a conduta de I é que cria risco proibido


2º patamar – analisar a norma de cuidado, se o resultado era previsível – evitar acidentes – esse
risco se tenha materializado no resultado típico – quanto a I fim/esfera/âmbito de proteção da
norma de cuidado  OLHAR PARA O ESCOPO DA NORMA DE CUIDADO
3º patamar – não chegamos aqui porque há uma auto-colocação em perigo

CASO DE AUTO COLOCAÇÃO EM PERIGO

FD não adota a separação do alcance do tipo como um patamar da teoria do risco – auto
colocação e heterocolocação (casos em que a vítima aceite que outra a coloque em perigo)

Roxin n passaríamos do segundo patamar quanto a I


TAIPA DE CARVALHO – teoria da causalidade adequada

Terceiro parágrafo (C – J - L)

correção

teoria CSQN – não resolve bem estes casos de omissão

teoria da adequação – não era previsível (quando a J)

quanto a J – risco permitido – dá uma aspirina – falha o primeiro patamar da teoria do risco
a conduta de L não diminui o risco proibido – preenche o primeiro patamar;

como se imputa o resultado à conduta nos crimes comissivos?


1º omissão da ação imposta/devida/esperada e importa por lei
1º princípio da equiparação da omissão à ação
3º possibilidade fáctica individual de ação – 10º/2
4º existência de uma posição de garante – 10º/2 – ver diferentes teorias;
comportamento devido era idóneo para evitar o resultado? é esta a lógica da imputação
teoria do risco – de acordo com o juízo ex ante a diminuição do risco era possível com a atuação
do agente – levará à imputação; só não será assim se de acordo com o juzio ex post o
cumprimento do dever não conseguiria obstar à verificação do resultado

através de um raciocínio próprio do CLA é que fazemos esta imputação à conduta

Quarto parágrafo

correção
Caso de risco permitido
Teoria SNQN – não resolve de forma satisfatória – no limite diria que a causa de morte do N
foi a conduta de C (não recendo a notícia poderia não ter tido o ataque cardíaco)
Teoria da causalidade - embora seja previsível, era de verificação rara – não há imputação –
uma pessoa médica, colocada nas circunstâncias de tempo e de lugar do agente, com os
conhecimentos da agente, poderia prever que a conduta de N daria origem ao resultado, mas
seria de verificação rara/anormal
Teoria do risco resolve este problema logo no primeiro patamar – é um risco permitido

a causa virtual não torna a norma criminal inútil – maioria da doutrina (de acordo com o juízo
ex ante)

Quinto parágrafo

Problemas jurídicos – transferência do risco para a vítima – 3º patamar da teoria do risco


(ROXIN)

Casos sobre imputação subjetiva (Tipicidade)


(manuais: MFP pp. 135-228; FD pp. 406-446)

Caso “Altas horas”

Álvaro, regressando embriagado de um jantar a altas horas da noite, pretende voltar para casa
no seu automóvel, mas dirige-se a outro carro, sem reparar que não é o seu. No momento em
que tenta abrir a fechadura é surpreendido por uma autoridade policial. Quid juris?

R:
correção
elemento de direito de um tipo de crime – art. 16º/1
o agente tem de representar os elementos objetivos do tipo – não representou o elemento
objetivo (subtrair), nem o elemento normativo (alheio)

ERRO EM DIREITO PENAL – ANTÓNIO VELOSO

Só temos um erro relevante sobre o objeto quando o erro incidir sobre elementos do tipo que
estejam descritos na norma – erro que afeta a compreensão do agente quanto aos elementos
descritivos ou normativos

Problema jurídico – erro sobre elementos descritivos (erro sobre elementos descritivos –
conduta subtrair – e normativos – sobre o caráter alheio do objeto da ação)

Erro ignorância – aplicamos o art. 16º/1


Erro suposição
Erro por excesso e erro por defeito (TERESA BELEZA E FREDERICO LACERDA DE
COSTA PINTO) – por excesso – o agente faz menos do que aquilo que quer, mas a sua vontade
real ia além daquilo que ele efetivamente conseguiu – A queria matar B, mas confunde-o na
sombra com outra coisa e dispara sobre um animal – art. 23º/3 tentativa ; por defeito – o agente
faz mais do que aquilo que queria, a sua vontade real não alcança aquilo que efetivamente fez –
caso que cabe no regime do art. 16º/1 (p.ex. agente queria matar uma peça de caça e matou uma
pessoa)

Tem de conhecer o significado social – valoração paralela na esfera de um leigo para haver
dolo basta que o agente conheça mais ou menos os efeitos práticos que um certo conceito tem
na vida corrente do seu meio social

No nosso caso, o agente conhece no geral o conteúdo do direito de propriedade – mas do ponto
de vista intelectual o agente não representou que a coisa não era sua

Caso “Mala suerte”


António decide matar Bruno. Espera-o no parque de estacionamento da fábrica onde trabalha.

Escondido pela folhagem, António vê Bruno acompanhado de outra pessoa, uma mulher,

Carla, que com ele caminha a cerca de 1m de distância. António admite, por ser um exímio
atirador, que atingirá mortalmente Bruno, e dispara. Porém, nada corre como pretendia. Devido
a um movimento súbito do seu “alvo”, que pega em Carla ao colo no momento do disparo,
António acaba por atingi-la mortalmente. Além disso, afinal não era Bruno quem se
aproximava, mas Daniel, seu primo, muito parecido com ele.
Determine a responsabilidade penal de António.

R:

correção
Erro sobre a identidade da vítima – relativamente ao facto de o agente supor que se trata de B
quando na verdade se trata de D há um problema de falha na perceção – mas nao é jurídico
penalmente relevante neste caso – o agente tem de representar o género descrito na norma (p.ex.
coisa móvel alheia, “outra pessoa” no crime de homicídio, etc) – género pessoa e género coisa –
para o legislador o que importa é que é proibido matar (todas as pessoas) – o agente tinha por
finalidade matar outra pessoa- tinha dolo direto (art. 14º/1) – nao se aplica o art. 16º/1

problema de aberratio ictus – o agente representa fielmente a realidade – domina o processo


causal mas na execução há qualquer coisa que falha – falta de destreza psíquico física do agente
ou devido a fatores externos

1) ação dominada pela vontade


2) típica (no caso de crime de homicídio) – tipicidade objetiva (elementos objetivos
verificados) + tipicidade subjetiva (erro sobre a identidade do objeto (error in persona)
irrelevante, porque identidade é atípica); relativamente ao objeto nao visado mas
atingido, crime consumado, art. 137º/1 + 15º, b)
3) ilícita – há desvalor da ação quanto ao art. 131º + 22º (art. 14º/1) – nao há causa de
justificação; há desvalor da ação e desvalor do resultado quanto ao art. 137º
4) culposa
5) punível (tentativa – 131º + 23º/1); concurso efetivo ou de crimes ideal homogéneo-
homicídio na forma tentada e homicídio negligente) – 131º; 14º/1; 22º; 23º/1 e 2; 72º;
73º; 137º, 15º, b)

Caso “Tropelias”
Ivo pretende partir o vidro da janela de João. Atira uma pedra nessa direção, mas, por falta de
pontaria:
a. Acerta em Lara, que está na varanda do lado direito e que nem sequer tinha
visto;
b. Acerta no computador de Mário, que está na varanda do lado esquerdo e que
nem sequer tinha visto.
Quid juris?

R:

correção
primeira variante – aberratio ictus
o agente domina o processo causal mas atinge um objetro diferente do visado (os objetos nao
são tipicamente equivalentes)

1) temos uma ação humana dominada pela vontade;


2) típica (crime de dano – art. 212º; e crime de ofensa à integridade física)
- tipicidade objetiva – elementos objetivos verificados
- tipicidade subjetiva –
a) relativamente ao objeto visado mas nao atingido “coisa) tentativa de dano (art. 212º/1
+ 22º/1 e 2, alíneas a) e b) + 14º/1) – dolo direto;
b) relativamente ao objeto nao visado mas atingido “outra pessoa” - ofensa à
integridade física negligentes (art. 148º/1 + 15º, b) – negligência inconsciente;

3) ilícita – há desvalor da ação quanto a 212º + 22º (14º/1), nao há causas de justificação;
há desvalor da ação e desvalor do resultado quanto a 148º/1 ´15º, b). nao há causas de
justificação
4) culposa
5) punibilidade – concurso efetivo ideal heterogéneo - punibilidade da tentativa (art.
212º/2 + 23º/ 1 e 2 + 73º); concurso efetivo – 212º/1 e 2 + 22º/1 e 2, alíneas a) e b);
148º/1, 15º, alínea b)

TEMOS DE VER O PROBLEMA CENTRAL (p.ex. se for um caso com um problema de


ilicitude) – referimos as categorias analíticas todas mas focamos mais na ilicitude;
segunda variante
mostra os problemas da teoria da equivalência
teoria da concretização – aplica novamente a estrutura anterior – razões que fundamentam a
imputação do concurso são as mesmas
1) ação dominada pela vontade
2) típica – crime de dano (art. 212º)
- tipicidade objetiva – elementos objetivos verificados
- tipicidade subjetiva
a) relativamente ao objeto visado mas nao atingido “coisa” – tentativa de dano (art.
212º/1; art. 22º/1 e 2, alíneas a) e b) + 14º/1)
b) relativamente ao objeto nao visado mas atingido “coisa” – nao há tipo de deano
negligente; nao há imputação subjetiva do dano

3) ilícita - há desvalor da ação (art. 212º + 22º (14./1) – nao há causas de justificação
4) culposa
5) punível

Caso “Troia”
Em uma praia deserta na península de Troia, dois casais passam a tarde com os filhos
respetivos, ambos com 2 anos de idade. Um dos pais, Nuno, decide promover uma expedição
aquática com as crianças. Minutos depois, Nuno sofre uma indigestão e desmaia e o seu filho,
Óscar, fica em risco de afogamento, pois está fora de pé e mal sabe nadar. Paula, mulher de
Nuno, a única em terra que sabia nadar, a tudo assiste, mas não se lança à água, por julgar
tratar-se do filho dos seus amigos.
Quid juris?
R:

problema jurídico – imputação subjetiva – erro sobre os pressupostos fácticos de agir (elemento
cognitivo ou intelectual do dolo)

representação intelectual do agente falhou – nao conseguiu orientar a consciência ética, nao teve
oportunidade de se motivar pela norma – o agente antes de agir tem de ter consciência dos
pressupostos fácticos de agir (no caso – de ser o filho – onde nasce a posição de garante)

se o problema for sobre o próprio dever jurídico já nao seria um problema de falha de
informação mas sim um problema de valoração (avaliava mal a realidade) – problema de culpa
(art. 17º) – p.ex. se achava que era o filho mas que nao tinha de promover a ação salvadora –
MAS NAO É ISTO QUE TEMOS AQUI

estamos perante um problema fáctico (o facto de ser um filho, o facto de ser um paciente, etc) –
erro analisado no âmbito do elemento cognitivo/intelectual do dolo – 1º parte do art. 16º/1
1) omissão dominada pela vontade
2) típica – 131º (tipicidade objetiva – elementos objetivos verificados, incluindo
imputação objetiva; tipicidade subjetiva – elemento subjetivo geral – dolo (elemento
cognitivo ou intelectual – erro sobre os pressupostos fácticos do dever de agir art. 16º/1,
1ª parte exclui o dolo – exclusão automática); art. 16º/3 + art. 15º + art. 137º
3) ilícita – há desvalor da ação e desvalor do resultado (nao há causas de justificação)
4) culposa
5) punível – art. 137º + art. 15º

Caso “Manchinhas vs. Negro”


Severino apostou toda a sua fortuna no “Manchinhas”, o cavalo favorito para ganhar a
grande corrida do ano. Contudo, perto do final, a vitória do “Manchinhas” é
subitamente ameaçada por “Negro”, um cavalo negro que ultrapassa o favorito, num
sprint em direção à meta. Desesperado, Severino dispara um tiro, que pretende que
acerte no cavalo “Negro” ou no cavaleiro, decidido a evitar a todo o custo que estes lhe
estragassem a aposta. O “Negro” cai, fatalmente ferido, mas o cavaleiro sobrevive.

Quid Juris?
R:

correção
MFP - decisão criminosa que tem a possibilidade de abarcar qualquer dos resultados – ação
bivalente, por um lado a conduta comporta duas ações que são capazes de criar perigo para dois
bens jurídicos diferenciados; mas só um dos perigos evoluiu para a lesão efetiva – DOLO
DIRETO QUANTO AOS DOIS OBJETOS DA AÇÃO
ação – dominada pela vontade
típica – tipicidade objetiva (MFP) – quanto ao Negro – art. 212º; quanto ao cavaleiro (art. 131º
+ 22º/1 e 2, alíneas a) e b); tipicidade subjetiva – dolo direito alternativo – solução MFP –
quanto ao Negro – art. 212º + 14º/1; quanto ao cavaleiro (art 131º + 22º/1 + 14º/1)
ilícita – não há causas de justificação
culposa
punível – tentativa (art. 131º) punível: 131º + 23º/1; concurso efetivo ou de crimes ideal
heterogéneo MFP – art. 30º/1 – quanto ao Negro – art. 212º + 14º/1; quanto ao cavaleiro – 131º
+ 22º/1 e 2, alíneas a) e b), art. 14º/1 + 23º/1 e 2 + art. 73º

aberratio ictus – analisamos no elemento cognitivo


dolo direito alternativo – em sede de elemento volitivo

Caso “Enterro fatal”

No final do enterro da mãe, quatro irmãos permanecem no cemitério a discutir sobre partilhas.
Irado, um dos irmãos, Alfredo, homem muito corpulento e forte, que sempre cuidara da mãe
desde que as irmãs se haviam mudado para Paris, descontrola-se e dá um estalo na franzina irmã
Benilde, com muita força, para que ela se cale. Com a força do impacto, Benilde desequilibra-
se, cai, bate com a cabeça na quina de uma sepultura de mármore imediatamente atrás e tem
morte imediata. Para não deixar testemunhas, Alfredo decide então dar largas à sua raiva e
matar as outras duas irmãs, Carla e Daniela, espancando-as violentamente, o que faz. Julgando-
as mortas, coloca os três corpos em três caixões que se encontravam na capela mortuária
daquele cemitério, onde também trabalhava como jardineiro. Na madrugada seguinte, logo
estudaria o local onde sepultaria definitivamente os corpos. Carla recobra os sentidos horas
depois e consegue abrir o caixão, salvando-se e alertando as autoridades. Daniela, porém, não
tem a mesma sorte. A autópsia vem a demonstrar que a causa da morte de Daniela foi asfixia,
ocorrida dentro do caixão.
Determine a responsabilidade penal de Alfredo.

R:

correção

Art. 18º a articular com tipo da Parte Especial – art. 147º + 18º - crimes agravados pelo
resultado
 Dolo + negligência – 143º crime fundamental doloso (a título de dolo) e
tentamos imputar a morte a título de negligência (art. 137º)
 Negligência + negligência

Ponto de partida é um tipo da parte especial nos casos de crimes agravados pelo
resultado – estão em geral tipificados na parte especial (p.ex. 147º, 285º, etc.) – evento
mais grave do que aquele que o agente produziu com a sua conduta, encerra um
desvalor da ação e um desvalor do resultado que têm uma ilicitude mais intensa – com a
sua conduta o agente produz uma lesão num outro bem jurídico para além daquele que
pretendia primeiramente atingir (p.ex. ofensa à integridade física grave, morte, suicídio
da vítima) – ARTICULAR SEMPRE COM A META NORMA DO ART. 18º

Art. 147º/2 – tem uma combinação de negligência + negligência

crimes agravados pelo resultado – duplo nexo de imputação objetiva e duplo nexo d eimp.
subjetiva
1º nexo de imputação objetiva - tipo do art. 143º preenchido, qualquer que seja a teoria de
imputação objetiva; e subjetivamente o agente atuou com dolo direto (art. 14º/1)

art. 147º - temos de demonstrar que um destes artigos referidos está verificado no caso para ver
se temos agravação posteriormente

NÃO HÁ CONCURSO ENTRE O 143º E 0 147º - SÓ PUNIMOS PELO ART. 147º

2º nexo de imputação objetiva – resultado morte (art. 147º) ainda pode ser imputado ao agente?
imputação a partir do crime fundamental doloso praticado

Paula Ribeiro de Faria – crime agravado pelo resultado é um crime específico – lógica de
adequação e da normalidade do acontecer (FD) – receber com a força do impacto esta chapada
uma pessoa desequilibra-se e pode bater numa campa (estão num cemitério)

Nexo de imputação subjetiva – violação do dever específico de cuidado materializada na figura


da pessoa média – no caso há imputação subjetiva

FD E PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE – na interpretação do art. 18º o pelo mais pode


consubstanciar o dolo – MFP E SÓNIA NÃO CONCORDAM – imputamos o crime doloso
respetivo – pelo mais só pode significar a negligência grosseira (no caso do homicídio – 137º/2)

2)

correção

Processo causal eficaz para a morte foi a colocação no caixão – a eficácia do processo causal
surge retardada ao que era idealizado pelo agente

desvio essencial ou não

erros sobre a eficácia do processo causal – no nosso caso nao é o processo causal provocado
pelo agente que produz o resultado morte, mas sim num momento posterior; mas também
podemos ter problemas no plano antecipado (p.ex. um ato em que provoca a inconsciência da
vítima primeiro, para depois sim matar)

agente dominou o processo causal que desenvolver, quis a realização do facto típico no seu todo
(a morte), produziu a morte – logo o agente deve ser punido pelo crime doloso consumado – no
elemento intelectual

quando há discrepância entre a decisão criminosa do agente e o modo como efetivamente o


resultado se vem a produzir – o princípio da congruência entre o tipo objetivo e o subjetivo não
se verifica

o risco que o agente produz conscientemente é o espancamento, mas o risco que efetivamente
produziu a norma nao foi conscientemente produzido – falta de congruência – JAKOBS E
JCNeves – o agente deve ser punido por tentativa de homicídio (risco consciente) em concurso
com o crime de homicídio negligente (violação de um dever objetivo de cuidado – nao
representa o objeto da ação, está subjetivamente em erro sobre um elemento de facto – pensa
que está a colocar no caixão um cadáver.
unidade de execução criminosa quando o agente idealiza a totalidade dos atos que foram
efetivamente realizados – todos os riscos conscientemente criados pelo agente cabem num dolo
geral – MFP utiliza a tese de aplicar um crime doloso consumado – NO CASO NÃO É ISTO
QUE ACONTECE

CASOS DE RESULTADO ANTECIPADO – se forem praticados todos os atos que foram


planeados (p.ex primeiro a pancada para a vítima ficar inconsciente) a solução será punir pelo
crime doloso consumado – STRATNWERTH se isto nao ocorrer depende de verificar se
estamos no domínio dos atos preparatórios (crime em forma negligente) ou na fase dos atos de
execução (imputação do crime doloso consumado)

Caso “Assalto”

Luís decide assaltar uma ourivesaria famosa pelas suas joias, esperando pela noite para o
ataque, para que a loja já estivesse vazia. Já dentro da loja, Luís é surpreendido pelo dono,
Mário, que se havia esquecido das chaves do carro e voltara a entrar. Com o choque da surpresa
e receando vir a ser identificado mais tarde, Luís rapidamente chega à conclusão de que a única
forma de sair impune é matar Mário, pelo que agarra na pistola que tinha trazido e dispara
fatalmente sobre ele, colocando-se imediatamente em fuga, com o produto do empreendimento.
Qual a imputação subjetiva neste caso?

R:

correção

Problema jurídico – tipicidade subjetiva – elemento volitivo do dolo


Do lado volitivo a doutrina dá espécies de dolo – mas o dolo em si é uno

A meta da ação do agente é a realização do facto – quando temos um raciocínio fim é dolo
direto – pode acontecer que a realização do facto típico seja um estado intermédio para alcançar
o seu objetivo  dolo direto tem raciocínios de fim e de meio/fim

A morte, no caso, é o meio (para sair impune da situação) – QUANTO À MORTE HÁ DOLO
DIRETO

Ação dominada pela vontade; tipicidade objetiva – homicídio – 131º/132º/1 e 2, alínea g) +


art. 210º/2, b – maioria da doutrina; ou, segundo IFL, 132º/1 e 2, g) + 204º/2, f); tipicidade
subjetiva - 14º/1 relativamente aos artigos mencionados (dolo direto); ilícita (há desvalor da
ação e desvalor do resultado); culposa; punível (art. 30º/1) - 131º/132º/1 e 2, alínea g) + art.
210º/2, b + 14º/1 – maioria da doutrina + jurisprudência; 132º/1 e 2, g) + 204º/2, f) + 14º/1 –
IFL

Caso “Seguro”
Para receber o dinheiro do seguro, Arnaldo faz arder um prédio seu que não utilizava há muito.
No incêndio, morre Bruno, que Arnaldo conhecia vagamente e a quem nunca quisera mal,
mas:
a) Estava ciente de que vinha utilizando o prédio para pernoitar e todas as tentativas de
Arnaldo da semana anterior para convencer Bruno a deixar o prédio resultaram frustradas;
b) Sabia que, muito de vez em quando, Arnaldo pernoitava ali e, na noite fatídica, deu
várias voltas ao prédio, para confirmar que ninguém lá estaria, e não avistou ninguém.

Qual a imputação subjetiva neste caso? Na resposta, pondere o acórdão do caso “very-light”

R:

Os problemas jurídicos de imputação subjetiva nestes casos colocam-se ao nível do


elemento volitivo – elemento intelectual/cognitivo verificado

Hipótese a)

correção

Meta da ação – a burla (não é do art. 219º 2, é pelo art. 217º, podendo ser qualificada pelo art.
218º), para alcançar a meta incendia a casa – art. 272º/1, a) (crime de perigo concreto – estes
bens jurídicos não podem ser os mesmos criados pelo homicídio)

Quanto à morte – A sabia que a vítima ia lá estar – QUANTO À MORTE – DOLO


NECESSÁRIO

Ação dominada pela vontade; típica – homicídio (131º + 217º/218º+272º/1, a) – tipicidade


objetiva (131º + 217º/218º+272º/1, a – se perigo concreto para outros bens)

Hipótese b)

correção

Dolo eventual e negligência consciente – denominador comum – agente representa como


possível a realização do facto típico, o que os diferencia é o elemento volitivo

Neste caso prático – o agente sabe que às vezes a vítima está lá, não deixa de haver ponderação
mas o agente avança não ponderando o perigo, porque pensa que o neutralizou dado que
procurou a vítima e não a encontrou – o observador externo nao vê aqui o sentido objetivo do

2
porque aqui não há acidente nenhum – foi o agente que provocou a situação
risco, o agente no caso desenvolver um conjunto de diligências para dirimir o perigo  NESTE
CASO TEMOS NEGLIGÊNCIA CONSCIENTE SEGUNDO A DOUTRINA DA MFP

Ação dominada pela vontade; típica – homicídio art. 131º - produção de um resultado (morte);
objetiva violação de um dever objetivo de cuidado que recaía sobre o agente (contrariedade ao
dever); resultado previsível e evitável para uma pessoa média; ilícita – não há causas de
justificação; culposa; punível – 137º + 15º

Casos Ilicitude

Caso “Tentativa de violação”

Isabel está à noite numa rua escura que, todos os dias atravessava para chegar a casa, quando é
surpreendida por Orlando, pervertido sexual, que a agarra com intenção de a violar. Manietada
e silenciada, em desespero, Isabel consegue pegar no seu telemóvel e atirá-lo para um carro
estacionado junto de si. Partindo-se o vidro do carro, pertencente a Júlio, imediatamente
começa a soar o alarme, pelo que Orlando foge.
Quid Juris?

R:

correção

Ilicitude - contrariedade à ordem jurídica considerada no seu todo – desvalor do comportamento


do agente: desvalor da ação e desvalor do resultado

Desvalor da ação – o comportamento do agente violou uma norma


Desvalor do resultado – contrariedade à OJ quando haja a lesão efetiva de um bem jurídico ou a
criação de perigo
Clássicos e neoclássicos – não havia desvalor da ação, só de resultado

Causas de justificação – 3 perspetivas: normas excecionais; normas que são uma negação
da tipicidade; normas permissivas  MFP VAI PELO ÚLTIMO- constrói as causas de
justificação a partir de uma perspetiva de colisão de direitos

MFP a prova definitiva da legítima defesa (linha argumentativa que vale para todas as causas de
justificação) – resulta do facto de contra a causa de justificação em concreto nao podermos
contrapor ou fazer acionar nenhuma outra causa de justificação, de nenhum ordenamento
jurídico. Contra justificação não há justificação.

Se as causas de justificação fazem surgir um problema de colisão de direitos temos de analisar


as causas de justificação – analisar primeiro o direito daquele contra quem está a atuar a nossa
causa de justificação

QUANTO A ORLANDO – pratica uma ação humana dominada pela vontade; tipicidade –
objetiva (164º/1 + 22º/1 e 2, c)// subjetiva – 14º/1 (dolo direto); ilicitude - há desvalor da ação
(não há causas de exclusão da ilicitude); culpa – há capacidade de culpa (19º + 20º);
punibilidade – 164º/1 + 23º/1 e 2;

pressupostos – elementos fácticos/extrínsecos que à partida nao dependem do agente


requisitos – modo como o agente defendente atua no caso

Conflito de direitos – a vítima não atua em legítima defesa porque vai atingir bens de terceiro,
não do seu agressor

VAMOS PARA O ESTADO DE NECESSIDADE


Pressupostos verificados. Quanto aos requisitos:
Interesse preponderante (art. 34º/b) é densificado por vários critérios concretizadores (quatro
critérios) – critério quantitativo (moldura penal – 164º vs 212º); critério qualitativo – quanto à
lesão do bem jurídico (autodeterminação sexual vs crime de dano); grau de perigo não existe
aqui (há uma lesão efetiva); o quarto requisito o prof retira da alínea c) ;

MFP tem uma perspetiva diferente – a alínea c) nao é um mero complemento do interesse
preponderante da alínea b) – é um critério autónomo – dignidide da pessoa humana

Causas de justificação têm uma dimensão pluridimensional – relação do agente com todos os
outros, o que justifica a lógica da colisão de direitos

Quanto atua tem de reconhecer os pressupostos da causa de justificação – conquista da escola de


finalista (todas as ações passaram a ser intencionais)  AGENTE TEM DE TER
CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO PERIGOSA

Animus salvandi/defendendi – o legislador nao exige

QUANTO A ISABEL - Ação humana e dominada pela vontade; Tipicidade - objetiva – 212º/1;
subjetiva – 14º/1; ilicitude – art. 34º - facto justificado porque atua em direito de necessidade
ofensivo, pressupostos e requisitos verificados; Isabel praticou uma ação típica, mas não ilícita –
não é suscetível de responsabilidade jurídico penal
Direito de necessidade ofensivo – porque é um bem jurídico tutelado por outra pessoa (se fosse
o proprietário do carro a criar o perigo já seria um direito de necessidade defensivo)

Caso “Rottweiler”
Artur tem um Rottweiler bastante agressivo, que mantém fechado no quintal. Certo dia, Artur
esquece-se do portão aberto e o cão foge, preparando-se para atacar Bruno, vizinho de Artur.
Bruno, que sempre havia odiado o cão, pega na pressão de ar e dispara, atingindo-o fatalmente.
Quid Juris?

correção

Ação – de Artur – humana dominada pela vontade – facto que nao é suscetível de gerar
responsabilidade jurídico penal – há uma violação do dever (comportamento omissivo – agente
deixa cão fugir)
Tipicidade – 148º + 10º + 15, b) + 22º/1 e 2 - ofensa à integridade física negligente por omissão
na forma tentada – a tentativa tem de ser sempre dolosa, este comportamento não chega a ser
típico
Mas de todo o modo há uma contrariedade ao Direito – violação de um dever objetivo de
cuidado – o facto de isto nao gerar responsabilidade jurídico penal nem ser típico do ponto de
vista penal não retira a contrariedade ao Direito. Atuação ilícita nao tem de advir só do direito
penal.

de Bruno – humana dominada pela vontade (ação); tipicidade objetiva – 212º (387º); tipicidade
subjetiva – 14º/1; ilicitude – art. 32º (nao exige animus defendendi); o facto é típico, mas não é
ilícito
– atuação atual e ilícita verifica-se; há necessidade do meio e adequação do meio; o agente
tinha conhecimento da situação que gera a legítima defesa defensiva (não se considera o animus
defendendi)

instrumentalização do animal pelo agente


omissão impura – o agente violou um dever de cuidado (tinha uma fonte de perigo)

Caso “Tudo acaba bem”

Fernando é um vizinho chato e muito conflituoso, com quem Guilherme anda de relações
tensas e já chegou a vias de facto por diversas vezes, pelo que procura evitá-lo no prédio. Certa
tarde, quando saía de casa, Guilherme vê Fernando à espera do elevador e opta por descer as
escadas. Logo de seguida, Guilherme pressente que alguém segue, e convence-se de que se
trata de Fernando. Saturado da situação, Guilherme esconde-se e aguarda por Fernando, para
lhe dar um soco, plano que concretiza alguns segundos depois. Todavia, Guilherme agrediu
Hélder, que acabara de subtrair a carteira e o telemóvel a Fernando e se pusera em fuga, em
direção à rua. Fernando ficou grato e os problemas entre estes vizinhos cessaram.
Quid iuris?

R:

Atualidade da agressão – iminente, já iniciada ou ainda perdura


Iminente – limite mínimo
 MFP – atos de execução – 22º/2
 FD – agressão iminente
Já iniciada – durante a execução
Que ainda perdura – limite máximo – até à sua consumação
 Crime de furto – 4 momentos típicos possíveis (FD) – 1) contrectatio – logo que ao
gente toque no objeto da ação o crime de furto está consumado (nng defende isto); 2)
teoria de que basta a remoção da coisa do lugar (teoria da apprehensio rei); 3) ablatio –
transferência para fora da esfera do domínio da vítima – por esta teoria ainda há furto

Quanto a H – responsabilizado pelo crime de furto na forma tentada

Causa de justificação objetiva – requisitos verificados, exceto o conhecimento da situação – nao


tem conhecimento que está a repelir uma atuação atual e ilícita – não conseguimos negar o
desvalor da ação

ARTIGO 38º/4 POR ANALOGIA – porque é uma norma mais favorável – punido por crime de
ofensa à integridade física na forma tentada (sem a analogia do art. seria punido pelo crime
consumado)

pena aplicada à tentativa é diferente da pena por tentativa – neste caso em concreto a tentativa é
punida ou não? 143º só tem pena até três anos – a tentativa nao é punível (art. 23º/1)

Caso “Karaté”
Certa madrugada, quando Ana saía do carro em direção a casa, repara na presença de um
homem, muito alto e encorpado, que nos últimos dias vira à porta do seu prédio. Com medo,
Ana, franzina e de pequena estatura, grita na direção do homem, avisando que sabe karaté.
Porque o vulto se aproxima, proferindo palavras que Ana, com o nervosismo e o medo, nem
percebe, desfere um golpe em direção ao estômago do suposto agressor, que se dobra com a dor,
gritando que apenas se pretendia apresentar, pois Ana era a única vizinha do prédio a quem
ainda não se tinha conseguido apresentar desde a mudança para aquele prédio, há cerca de duas
semanas.
Quid iuris?

R:

correção
o dolo exclui-se automaticamente
dolo do tipo persiste – o que se exclui é o dolo da culpa
teoria moderada da culpa – art. 16º/2

Art. 16º - falha na informação; art. 17º - falha na valoração


Art. 17º - não é automático, é preciso fazer uma ponderação

MFP – causas de justificação são explicadas de uma perspetiva de colisão de


direitos/delimitação de direitos – não precisa de limites ético sociais/nem do abuso de direito
(que p.ex. é usada pelo prof FD)
Construção da LD tem de respeitar a arquitetura dos princípios constitucionais (MFP) – para
analisar um caso em concreto temos de analisar o núcleo duro (vida, integridade física e
liberdade – princípios ditados pelo princípio da dignidade da pessoa humana – art. 1º CRP)
 Não podemos sempre atuar em LD de forma irrestrita/ilimitada – so podemos
atacar os bens jurídicos do agressor que não estejam a bulir com o tal núcleo
duro
 Princípio da insuportabilidade do sacrifício da não defesa - acontece nos
casos em que o defendente está ele próprio a ser atacado na sua vida, liberdade e
integridade física; O PROF FD NÃO SEGUE ESTA CONSTRUÇÃO DA
PROF MFP
 O que está aqui em causa é a arquitetura do princípios e valores
constitucionais – princípios centrais: 1. insuportabilidade da noa defesa; 2.
princípio da igualdade na proteção jurídica (p.ex. n podemos atacar o bem
jurídico vida de outro se o nosso n estiver a ser atacado; 3. prevalência do
interesse superior (princípio subsidiário)
 Assim, primeiro temos de olhar para a necessidade da defesa e depois sim
para a necessidade do meio (preciso apurar de acordo com o juízo ex ante
de prognose póstuma se o agente podia, ponderando todas as circunstâncias
de facto, utilizar o meio que pretende)

Uma causa de justificação só pode operar enquanto tal se todos os pressupostos e


requisitos estiverem verificados - no nosso caso não está desde logo verificada a agressão
atual e ilícita
Aplicamos o regime do art. 16º/2
temos um erro suposição – mas temos de analisar SE FOSSE VERDADE se os requisitos
também estariam verificados – numa situação destas estamos perante uma LD putativa
falha a perceção da realidade

TODOS OS CASOS DE JUSTIFICAÇÃO PUTATIVA APLICAMOS O 16º/2


 Teorias do dolo – teoria restrita do dolo/teoria limitada do dolo (Beleza dos
Santos; Eduardo correia – entendem que o que está em causa é o dolo do tipo
– há uma certa equiparação da falta do elemento intelectual
 Mas faz mais sentido enquadrar o art. 16º/2 nas teorias da culpa – FD
analogia entre a situação do art. 16º/1 (desconformidade com o real e falha
de perceção) para o era. 16º/2 (lógica invertida – agente supõe que pode
atuar de certa maneira – verdade que construiu da situação que
erroneamente recolheu) – professor opera o dolo da culpa aqui (terceiro
elemento do dolo – elemento valorativo) – excluímos a culpa dolosa, mas ainda
podemos afirmar a culpa negligência

art. 148º + 15º, a)

Quando estamos no problema do art. 16º/2 – discutir sempre a questão da teoria do dolo e teoria
da culpa
Caso “Maldade previdente”
Aníbal decide vingar-se de Bruno e, sabendo que o vizinho estava no estrangeiro, lança uma
pedra em direção à janela do quarto dele. O alarme dispara e, dez minutos depois, quando a
polícia chega ao local, acaba por evitar um incêndio que deflagrara quinze minutos antes. A
maldade de Aníbal salvou a casa de Bruno.
Quid iuris?

R:

correção
Anteriormente a doutrina e jurisprudência exigiam o animus defendendi - conceção mais
restritiva das causas de justificação – MFP: NÃO SE EXIGE, na base da decisão, em termos
comunicacionais pode estar uma pluralidade de motivações – o que importa para a regente é a
base factual (SE O AGENTE ESTÁ A ATUAR OU NÃO POR CAUSA DA SITUAÇÃO QUE
IDENTIFICOU p.ex. de perigo, de conflito de deveres etc – serão os pressupostos das diferentes
causas de justificação)

Direito de necessidade objetivo – perigo atual (tinha deflagrado um incêndio), estão em causa
interesses juridicamente protegidos de um terceiro, não foi o agente a criar aquela situação; face
aos meios que tinha ao seu dispor utilizou de acordo com o juízo ex ante o meio adequado; art.
34º, b) – para salvar a propriedade como um todo partiu um vidro - razoabilidade na lógica de
FD estaria presente, na lógica MFP não haveria neste caso qualquer desrespeito pela cláusula de
dignidade humana
No caso falha o conhecimento da situação perigosa, base causal que motiva esta atuação (não se
exige animus defendi, mas exige-se esta consciência)

Aqui a causa de justificação não opera – aplicamos o art. 38º/4

resultado valioso para a OJ mas o problema é que do lado do desvalor da ação não é valioso – o
agente não tem conhecimento da situação de perigo, se não sabe a causa pela qual a OJ o obriga
a atuar, o desvalor da ação permanece

só punimos o agente pelo desvalor da ação – punimos com a pena da tentativa – art. 72º e 73º
(crime consumado reduzido em 1/3) – MFP TEMOS DE OLHAR PARA A LÓGICA DO
SISTEMA (respeitar o princípio da necessidade e o princípio da prevenção (proteção bens
jurídicos) – não faz sentido punir por tentativa onde o legislador concluiu que não devia haver
punição – p.ex. crime de OIF (143º), o legislador não pune diretamente pela tentativa, aplicamos
a regra do 23º/1

Caso “César, o médico”


César, é médico de clínica geral no Hospital Cruzes e, numa noite especialmente agitada,
constata que Dalila, sua namorada, acaba de dar entrada em estado grave. Imediatamente, por se
tratar da sua namorada, não avança com os cuidados que estava prestes a iniciar em Eva
(também em estado muito grave, correndo igualmente perigo de vida), procede à reanimação de
Dalila e liga-a a uma máquina de suporte vital. Mais tarde, vem a constatar-se que, se César
não tivesse procedido deste modo, Dalila teria morte certa. Eva sobreviveu, apesar do atraso no
tratamento.
Quid iuris?

R:
O agente no caso não tem conhecimento da situação – deixa de atender uma pessoa porque
chega uma pessoa
o elemento subjetivo da causa de justificação – conhecimento da situação de conflito de deveres
– PROBLEMA DE CONFLITO DE DEVERES OBJETIVO – justificação não opera;
aplicamos por analogia o art. 38º/4 – moldura penal é superior a 4 (art. 284º) podemos punir
pela tentativa (art. 23º/1)
A base da decisão no caso é motivada simplesmente por ser a namorada – DESVALOR DO
RESULTADO AFASTADO, DESVALOR DA AÇÃO NÃO PORQUE ELE NÃO TEM
CONHECIMENTO DO CONFLITO DE DEVERES

conhecimento da situação É AO NÍVEL DOS PRESSUPOSTOS

taipa de carvalho – seria um comportamento atípico p.ex. na sub hipótese em que a outra
paciente morria – nao podia cumprir dois deveres portanto não imputaríamos a morte (isto se os
requisitos e pressupostos estiverem verificados)

Caso “A festa”
Álvaro convida vários amigos para uma festa em sua casa. Bruno chega antes da hora marcada
e, aproveitando o facto de o portão estar aberto, entra em casa de Álvaro.

Pode Bruno ser responsabilizado pelo crime p. e p. artigo 190.º do CP?

R:

correção

Problema jurídico: consentimento e acordo em direito penal


Perspetiva Monista vs Dualista (duplo enquadramento do consentimento)

Acordo
 Releva no tipo: causa de tipicidade – o dissentimento do titular do bem é condição de
relevância penal do comportamento
 Conflito entre autonomia de consentir a lesão do bem e o seu valor para o sistema
jurídico penal resolvido pelo legislador na descrição do tipo legal;
 Efeito: atipicidade

Consentimento
 Releva na ilicitude: causa de justificação – prevalência da autonomia sobre o desvalor
da lesão do bem jurídico
 Conflito entre autonomia de consentir a lesão do bem e o seu valor para o sistema
jurídico penal não resolvido pelo legislador na descrição do tipo penal;
 Efeito: justificação do facto (com a consequente exclusão da ilicitude)

Acordo pode se hipotético, mas não necessita de observar os pressupostos e requisitos do


consentimento

Ação humana de B dominada pela vontade


Problema jurídico central: art. 190º - acordo que nega a tipicidade
B não seria suscetível de responsabilidade jurídico-penal, dada a atipicidade da conduta

Caso “Estudante de medicina”

Ao regressar a casa a altas horas depois de uma festa, Eduardo, estudante do primeiro ano de
medicina, encontra Duarte, seu vizinho, caído na rua, à entrada de casa, inconsciente e com
sinais evidentes de ataque cardíaco. Eduardo liga insistentemente para o 112, grita por socorro,
mas tudo sem sucesso, pois não consegue ligação para o 112 e a vizinhança é esparsa, pelo que
ninguém se apercebe do que estava a suceder. Constatando o estado bastante grave de Duarte,
Eduardo decide conduzi-lo ao hospital no carro dele, retirando-lhe as chaves do bolso.
Eduardo não possuía habilitação legal para conduzir, mas estava já a terminar a frequência das
aulas práticas de condução. Além disso, estava um pouco alcoolizado, mas conseguiu conduzir
observando as demais regras de condução. No hospital, Duarte é salvo, o que só foi possível
graças à intervenção de Eduardo.
Quid iuris3?

R:

Problemas jurídicos:
1) Relativamente a 208º - consentimento ou acordo presumidos?

Tipo em que a lógica da autonomização do acordo faz sentido


Não há um acordo expresso, mas podem existir acordos tácitos/presumidos se a racionalidade
do contexto permitir inferir que o titular do bem jurídico não dissentiria ali – o que está em
causa é a própria vida do terceiro, necessitando do uso do veículo
Conflito resolvido pelo legislador – nada obstaria a que o próprio acordo presumido estivesse
verificado

3
Decreto-Lei n.º 2/98, de 03 de janeiro
«Artigo 3.º
1 - Quem conduzir veículo a motor na via pública ou equiparada sem para tal estar habilitado nos termos
do Código da Estrada é punido com prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias.
2 - Se o agente conduzir, nos termos do número anterior, motociclo ou automóvel a pena é de prisão até 2
anos ou multa até 240 dias.»
2) Relativamente à condução sem habilitação legal. – art. 3º do DL nº 2/98 de 3 de janeiro
– há causa de justificação operante?

Não é um caso de LD – não há uma agressão atual e ilícita


Caso de DN (art. 34º) – pressupostos e requisitos verificados - há conhecimento da situação de
perigo (é a causa de base da sua atuação); princípio do interesse preponderante (FD) – o
interesse a salvaguardar é a vida e o interesse sacrificado é a segurança rodoviária – olhando
para a moldura penal dos tipos em causa (vida vs segurança rodoviária latu sensu) – critério de
ponderação: grau de perigo criado (é possível criar perigo abstrato, como seria o caso, para
promover uma ação salvadora que evite a lesão do bem jurídico vida – p.ex. é isto que legitima
que as ambulâncias circulem em marcha de urgência) – o grau de perigo criado seria ainda
tolerante face à lesão do BJ vida – critério da alínea b) preenchido; alínea c) – cláusula da
dignidade da pessoa humana – não estaria em causa o núcleo duro – conseguíamos justificar
pelo art. 34º

3) Relativamente à condução “alcoolizado”, se 292º/1/contraordenação – há causa de


justificação operante?
Tipicidade – tipicidade objetiva (art. 208º - problema jurídico central – acordo que gera
atipicidade da conduta; condução sem habilitação legal – art. 3º do DL; art. 292º/1)
tipicidade subjetiva (art. 13º + 14º/1)

D não seria suscetível de responsabilidade jurídico penal dada a atipicidade quanto a 208º
e justificação (art. 34º) relativamente à condução sem habilitação legal +
292º/1/contraordenação

Caso “Sem golos”


Jürgen, de nacionalidade alemã, tem em Portugal um amigo chamado Manuel. No início deste
ano, Jürgen veio a Portugal visitar o amigo. Manuel conta-lhe que a mulher o abandonou, o
seu único filho vive na Austrália e nunca o contacta, e, além disso, o clube de futebol de que é
adepto perde todos os jogos, não tendo marcado um único golo no campeonato. Cansado de
viver, Manuel pede a Jürgen que lhe arranje uma substância com que possa suicidar-se sem
sofrimento. Jürgen, médico ligado à indústria farmacêutica, vendo que a vontade de Manuel é
séria e firme, acede ao pedido. Acusado do crime de auxílio ao suicídio (artigo 135.º do Código
Penal), Jürgen invoca que não sabia nem podia saber da existência deste crime em Portugal,
pois na Alemanha o comportamento não é punido criminalmente quando praticado em certas
circunstâncias, que foram por ele observadas no caso.
Quid Juris?

Problema jurídico central – erro sobre a ilicitude


O consentimento enquanto causa de justificação tem sempre de observar a limitação imposta
pelos bons costumes, percebidos em termos normativos – olhar para a axiologia constitucional
dos bens jurídicos – não é certo para a OJ atentar contra o bem jurídico vida – 149º/3 - NÃO
HÁ JUSTIFICAÇÃO POR FORÇA DO CONSENTIMENTO

Art. 17º erro de valoração ético jurídica – em todos os seguintes casos estamos perante um erro
sobre a ilicitude:
 Erro sobre a ilicitude da ação (é o caso)
 Erro sobre a existência de um dever jurídico de garante na omissão
 Erro sobre a existência/limites de uma causa de justificação ou de exclusão da culpa
 Erro sobre a validade da norma
Problema de valoração – o agente conhece a realidade (não é um problema de falta de verdade
do art. 16º) – o agente valorou mal a realidade: está a divergir do sentido do legislador – erro
moral: valoração de acordo com o seu quadro de valores que é diferente do da OJ
O art. 17º pondera a censurabilidade ou não do erro – é analisado em sede de culpa

FD – critério de não censurabilidade pessoal-objetivo – 17º/1: retitude da consciência errónea


– há insensibilidade da consciência ética ou existe fidelidade ao direito?
Requisitos:
1. Há de tratar-se de um caso em que a ilicitude concreta é discutida e controvertida - no
caso não é (todos os atentados contra a vida são contrariados pelo OJ)
2. A solução dada pelo agente à questão da ilicitude do facto corresponde a um ponto de
vista de valor jurídico reconhecido (revela uma atitude global de fidelidade a exigências
do direito)
3. Há de ter sido propósito do agente corresponder a um ponto de vista juridicamente
relevante

Na lógica do prof FD este erro neste caso cumpriria o requisito da retitude da consciência
errónea – tentativa de se orientar com o seu ordenamento
Exclusão da culpa – facto seria típico e ilícito mas não culposo

Caso “PassMúsica”
António, jovem universitário do curso de gestão, decide utilizar os seus conhecimentos
académicos e abrir um bar. No primeiro dia de funcionamento, durante uma fiscalização da
ASAE, é-lhe levantado um auto pela prática de um crime de violação de direitos de autor, por
estar a passr a música sem o pagamento prévio da taxa devida para o efeito, nos quadros do
PassMúsica (artigos 195.º, n.º 14 e 197.º5 do Código dos Direitos de Autor). António defende-
se, argumentando supor que já deteria todas as autorizações legais necessárias, pois já tinha na
sua posse uma autorização da Sociedade Portuguesa de Autores para a utilização pública de
música.
Quid iuris?

R:

correção
Ação – dominada pela vontade
Típica – violação de direitos de autor – tipicidade objetiva (elementos objetivos do tipo
verificados); tipicidade subjetiva (elemento subjetivo geral – dolo; elemento cognitivo ou
intelectual – erro sobre a proibição – art. 16º/1, exclui o dolo (exclusão automática); art. 16º/3 –
não há tipo correspondente na forma negligente
Conclusão: não há imputação subjetiva – não há tipicidade
Mala mera prohibita -comportamentos sem desvalor, ressonância ética – incriminações novas
ou que já existem no ordenamento jurídico mas não estão perfeitamente interiorizadas
critério setorial – dever acrescido de saber de determinadas novas incriminações

“Artigo 195.º
Usurpação
1 - Comete o crime de usurpação quem, sem autorização do autor ou do artista, do produtor de
fonograma e videograma ou do organismo de radiodifusão, utilizar uma obra ou prestação por qualquer
das formas previstas neste Código. 
2 - Comete também o crime de usurpação: 
a) Quem divulgar ou publicar abusivamente uma obra ainda não divulgada nem publicada pelo seu autor
ou não destinada a divulgação ou publicação, mesmo que a apresente como sendo do respetivo autor,
quer se proponha ou não obter qualquer vantagem económica; 
b) Quem coligir ou compilar obras publicadas ou inéditas sem autorização do autor; 
c) Quem, estando autorizado a utilizar uma obra, prestação de artista, fonograma, videograma ou emissão
radiodifundida, exceder os limites da autorização concedida, salvo nos casos expressamente previstos
neste Código. 
3 - Será punido com as penas previstas no artigo 197.º o autor que, tendo transmitido, total ou
parcialmente, os respetivos direitos ou tendo autorizado a utilização da sua obra por qualquer dos modos
previstos neste Código, a utilizar direta ou indiretamente com ofensa dos direitos atribuídos a outrem. 
4 - O disposto nos números anteriores não se aplica às situações de comunicação pública de fonogramas e
videogramas editados comercialmente, puníveis como ilícito contraordenacional, nos termos dos n.ºs 3, 4
e 6 a 12 do artigo 205.º.”

“Artigo 197.º
Penalidades
1 - Os crimes previstos nos artigos anteriores são punidos com pena de prisão até três anos e multa de 150
a 250 dias, de acordo com a gravidade da infração, agravadas uma e outra para o dobro em caso de
reincidência, se o facto constitutivo da infração não tipificar crime punível com pena mais grave.
2 - Nos crimes previstos neste título a negligência é punível com multa de 50 a 150 dias.
3 - Em caso de reincidência não há suspensão da pena.”
Caso “Aborto”
Maria, cidadã de nacionalidade espanhola a passar férias em Portugal, descobre que está
grávida de 11 semanas. Maria ingere então medicamentos que sabe terem efeito abortivo, e
provoca o aborto. Em Espanha, o aborto pode ser realizado por opção da mulher grávida nas
primeiras 12 semanas de gravidez.
Pode Maria ser responsabilizada criminalmente pelo crime de aborto p. e p. no artigo 140.º, n.º
3 do CP?
R:

correção
critério MFP – tendo em conta o projeto de vida de outra pessoa- tensão entre gravidez nao
desejada e o facto de estar efetivamente grávida, que leva a agente a um conflito interno intenso
que a leva a atuar desta maneira – ética do cuidado

Caso “ASAE”
Fernando é proprietário de um bar e acaba de saber que os seus dois seguranças se demitiram
com efeitos imediatos. Ao chegar ao ginásio que frequenta, cruza-se com Gonçalo, participante
regular em provas de culturismo e mecânico automóvel de profissão, e logo o convida para
fazer segurança no seu bar durante uma semana, até encontrar substitutos devidamente
credenciados. Na primeira noite de trabalho de Gonçalo naquele bar, realiza-se uma
fiscalização promovida pela ASAE e Gonçalo é constituído arguido pela prática do exercício
não licenciado da atividade de segurança (artigo 57.º do regime do exercício da atividade de
segurança privada6). Gonçalo alega que nunca lhe passou pela cabeça que estivesse a cometer
um crime, pois apenas queria auxiliar Fernando, e não “meter-se em trabalhos”.
Quid iuris?
R:
correção
No caso – estamos perante uma falha na informação – erro do art. 16º

MFP – artigo 16º/1 parte final – oportunidade de motivação pela norma – 1º- o agente não era
profissional da área (não tem o dever de estar absolutamente informado); 2º - evidência das
regras – neste caso, estamos no âmbito do direito penal secundário
não há um aumento da perigosidade previsível da conduta

Caso “Provisional driving license”


Armando, cidadão português radicado no Reino Unido há 30 anos, conduzia o seu veículo
automóvel quando foi fiscalizado. Sendo apenas titular de uma provisional driving license,
emitida pela competente entidade do Reino Unido, a DVLA – Driving and Vehicle Licensing
Agency, licença equivalente às licenças de aprendizagem emitidas pelas autoridades portuguesas
(IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes, I.P.), que não autorizam a condução, foi
acusado da prática de um crime de condução sem habilitação legal, p. e p. no artigo 3.º, n.ºs 1 e
2 do Decreto-Lei n.º 3/98, de 3 de janeiro. Armando alega não saber que a referida licença de
condução não lhe permite conduzir em Portugal, já que, no Reino Unido, a mesma licença
habilita o aprendiz a conduzir veículos automóveis desde que acompanhado por pessoa com

“Artigo 57.º
Exercício ilícito da atividade de segurança privada
1 - O exercício da atividade de segurança privada sem alvará, ou a adoção de medidas de autoproteção
previstas nas alíneas a), b), d) e e) do n.º 1 do artigo 3.º sem a respetiva licença são punidos com pena de
prisão de 1 a 5 anos ou com pena de multa até 600 dias, se pena mais grave lhe não couber por força de
outra disposição legal.
2 - Quem exercer funções de segurança privado não sendo titular de cartão profissional é punido com
pena de prisão até 4 anos ou com pena de multa até 480 dias, se pena mais grave lhe não couber por força
de outra disposição legal.
3 - A pena prevista no número anterior é aplicável a quem exercer funções de segurança privado sem
vínculo laboral a entidade devidamente habilitada ao exercício da atividade, ou quando o mesmo se
encontre suspenso.
4 - A pena prevista no n.º 2 é aplicável a quem utilizar os serviços da pessoa referida nos números
anteriores, sabendo que a prestação de serviços de segurança se realiza sem o necessário alvará ou que as
funções de segurança privado são exercidas por quem não é titular de cartão profissional ou que o mesmo
se encontra suspenso.
5 - Quem praticar atos previstos no n.º 1 do artigo 5.º é punido com pena de prisão até 4 anos ou com
pena de multa até 480 dias.
6 - Quem praticar atos previstos na alínea a) do n.º 4 do artigo 5.º é punido com pena de prisão até 3 anos
ou com pena de multa.
7 - A pena prevista no número anterior é aplicável a quem realizar revistas de prevenção e segurança
intrusivas em violação das condições previstas no artigo 19.º.”
idade superior a vinte e um anos e portadora de carta de condução há mais de três anos, estando
vedada a condução em autoestradas, e sendo obrigatória a utilização do dístico “L” aposto no
veículo conduzido, sendo que todas essas exigências foram cumpridas por Armando.
Quid iuris?
R:

correção
erro sobre a proibição do art. 16º/1
o agente não se consegue motivar pela norma – o agente até está a atuar em conformidade com
as ordenações do OJ que frequenta – IGNORA QUE EM PORTUGAL É PROIBIDO

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