Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Letras Ciências Sociais e Humanidades

Estratégia didáctica do uso da leitura para a melhor compreensão dos textos: caso dos
alunos da 8a Classe da Escola Secundária de Tete

Curso de Licenciatura em Ensino de Português com Habilidades em ensino de Língua Inglesa


Projecto
Arlete de Assunção Piodosa de Castro

Tete
Março, 2024
Arlete de Assunção Piodosa de Castro

Estratégia didáctica do uso da leitura para a melhor compreensão dos textos: caso dos
alunos da 8a Classe da Escola Secundária de Tete

Projecto apresentado na Faculdade de


Letras, Ciências Sociais e Humanidades
da Universidade Púnguè para a realização
da monografia científica sob orientações
da docente:

Mestre Júlio Bernardo Sandaca

Tete
Março, 2024
Índice

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................5

1.1. Delimitação do tema...................................................................................................... 6

1.2. Justificativa.................................................................................................................... 6

1.3. Problematização.............................................................................................................6

1.4. Relevância do tema........................................................................................................ 7

1.5. Objetivos........................................................................................................................ 8

1.5.1. Objectivo geral........................................................................................................... 8

1.5.2. Objectivos específicos................................................................................................8

2. REVISÃO LITERÁRIA....................................................................................................9

2.1. Leitura............................................................................................................................ 9

2.2. Concepções de termos..................................................................................................10

2.2.1. Texto........................................................................................................................ 10

2.2.2. Parágrafo.................................................................................................................. 10

2.3. Processo de desenvolvimento das competências de leitura e e sua importância social.10

2.4. A leitura para além do currículo escolar.......................................................................12

2.5. O papel do professor.................................................................................................... 12

2.6. O Ensino da compreensão de textos.............................................................................13

2.6.1. O Ensino da compreensão de textos de teatro...........................................................13

2.6.2. O ensino da compreensão de textos narrativos.........................................................14

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................16

3.1. Metodologia da pesquisa..............................................................................................16

3.2. Tipo de pesquisa...........................................................................................................16

3.2.1. Quanto aos objetivos................................................................................................ 16

3.2.2. Quanto à abordagem.................................................................................................16


3.2.3. Quanto aos procedimentos técnicos..........................................................................17

3.3. Método......................................................................................................................... 17

3.4. Técnicas de colecta de dados........................................................................................17

3.5. Delimitação do Universo e amostra..............................................................................18

3.5.1. Universo................................................................................................................... 18

3.5.2. Amostra.................................................................................................................... 18

3.6. Procedimentos técnicos da análise de dados.................................................................18

4. Cronogramas....................................................................................................................19

4.1. Cronograma de actividades..........................................................................................19

4.2. Cronograma de Orçamento.......................................................................................... 20

Referências Bibliográficas...................................................................................................... 21
5

1. INTRODUÇÃO

O ensino da leitura é um dos maiores desafios que o sistema educativo e a sociedade


moçambicana enfrentam, uma vez que o alcance de outras competências que habilitem, tanto
os adultos como as crianças, a ser cidadãos com reais possibilidades de aceder ao
conhecimento, continuar aprendendo ao longo da sua vida e participar activa e
conscientemente na sociedade, depende da aprendizagem efectiva da escrita. Assim, a escola
surge nesse contexto como a instituição social responsável pela educação de novos “leitores”,
que uma vez alfabetizados, estão aptos a desenvolver as capacidades básicas e necessárias
para se tornarem força de trabalho qualificado e aceder à capacitação profissional e,
eventualmente, ingressar no mercado de trabalho. Saber ler é assim considerado um pré-
requisito e competência necessária para se atingir o desenvolvimento económico-social e
político de qualquer sociedade.

Partindo da ideia de que a leitura é um importante e eficiente instrumento para o


acesso ao conhecimento, o presente artigo tem como objetivo central propiciar um maior
aprofundamento sobre as contribuições da leitura no desenvolvimento das capacidades da
interpretar e compreender textos de diferentes estilos e gêneros e na formação dos alunos,
tendo como base o contexto histórico envolvido na ascensão da literatura no ambiente escolar
e as estratégias que podem ser utilizadas para auxiliar a leitura e a literatura nos processos de
alfabetização e letramento, para que por meio disso os alunos possam se tornar cidadãos mais
críticos e propositivos.

A intenção dessa pesquisa é possibilitar um maior aprofundamento acerca da


importância que a leitura tem no desenvolvimento das práticas interpretativas e na formação
dos alunos, levando em consideração o contexto histórico envolvido na ascensão da literatura
no ambiente escolar e as estratégias que podem ser utilizadas como auxílio à leitura.

Estruturalmente, este projecto apresenta a Introdução, e nela vamos descrever os


aspectos gerais sobre o tema da pesquisa, como: a delimitação temática; a definição do
problema; a apresentação dos objectivos; as justificativas da escolha do tema e a relevância do
tema. O segundo capítulo é o da Fundamentação teórica e é onde será apresentado o sustento
da pesquisa através de outras pesquisas já feitas por outros autores, destacando teorias ou
conceitos, cujas citações são referenciadas. No terceiro capítulo, apresentaremos os caminhos
seguidos na realização da pesquisa no campus mencionado na temática e no quarto capítulo
apresentámos e analisámos os dados e no último, tiramos as conclusões sobre a pesquisa.
6

1.1. Delimitação do tema

A temática desta pesquisa é: Estratégia didáctica do uso da leitura para a melhor


compreensão dos textos: caso dos alunos da 8 a Classe da Escola Secundária de Tete. A
pesquisa será levado à cabo, na Escola Secundária de Tete, situada na cidade de Tete, ao
período correspondente aos meses de Fevereiro a Setembro do mesmo ano.

Este estudo é de carácter didáctico-pedagógico, pois visa descobrir e sugerir as


estratégias que melhor podem contribuir na facilitação do PEA da escrita para ajudar na
interpretação e compreensão de diferentes gêneros e estilos textuais.

1.2. Justificativa

A escolha do tema surgiu a partir de práticas vivenciadas enquanto estagiária da


Escola Secundária de Tete, fomos percebendo a pouca oportunidade e valorização da leitura
dada aos alunos em sala de aula. Então, a partir desta desvalorização da língua textual
entende-se o porquê da fraca participação nas aulas de língua portuguesa e os alunos serem
menos críticos, além disso, o ensino continua a ser mecanizado, onde o aluno deve seguir
exatamente no que o professor transmite, como o ensino das normas gramaticais, pode ser
também a razão do fraco aproveitamento pedagógico.

Pois, fomos observando que os manuais escolares funcionam como reguladores e


estabilizadores dos percursos seguidos pelos professores, não só, mas também, verificamos
que esta problemática acontece talvez porque os professores querem cumprir com o programa,
ou por que tem muitos alunos em cada turma, ou ainda, por falta de planeamento de
actividades que deveriam incentivar o aluno a desenvolver a capacidade leitura. Entretanto,
eles esquecem que a interação escrita permite a compreensão conjunta e consequentemente
melhoria de ensino e aprendizagem. Tendo em conta que, ser bom professor não é dispor de
vários conhecimentos apenas, mas sim, ser capaz de implementar métodos que possibilitem a
participação activa dos alunos nas aulas e, que também haja uma comunicação fluente e
sólida, onde os alunos desenvolvem seus conhecimentos. É nesta lógica que propusemos ao
uso da leitura como meio estratégico e motivacional na promoção da compreensão textual.

1.3. Problematização

O Ensino de Português constitui um desafio muito grande na maior parte do território


nacional, uma vez que grande parte dos alunos que têm o Português como instrumento de
7

aprendizagem de várias áreas do saber em Moçambique entram em contacto, pela primeira


vez, com esta língua na escola. Este facto faz com que o Ensino de Português, Língua
Segunda (L2) na maior parte do contexto moçambicano, seja bastante complexo, se
considerarmos que, como língua oficial do país e como língua de instrução, o Português devia
ser de domínio de todos ou pelo menos da maioria, à entrada na escola.

É frequente ouvir-se que os alunos terminam o ensino secundário sem saber


interpretar e compreender textos, podendo ser, o desconhecimento das estratégias didacticas,
parte desta situação. Ou por outra, diferentes estudos apontam o elevado rácio
professor/aluno; fraca preparação do professor; as precárias condições de trabalho e fraca
participação dos pais e encarregados da educação na melhoria do processo de ensino-
aprendizagem dos seus educandos como factores que intervêm na qualidade de ensino.

De forma específica, na altura de estágio pedagógico de português em 2023,


verificou-se que os alunos apresentam grandes dificuldades de compreensão textual e de
expressão escrita; em fazer um plano de texto (dividir o tema em partes que possam ser
desenvolvidas em, parágrafos, isto é, blocos menores que compõem o texto, mas que são
unidades de significação); em seguir a tese como fio condutor para a construção do sentido,
isto é, apresentar, no desenvolvimento do texto, ideias relacionadas com a tese do texto, entre
outras.

Em suma percebermos que os alunos apresentam muitas dificuldades para fazerem a


interpretação e compreensão de textos de diferentes gêneros e estilos, e percebemos ainda que
os mesmos apresentam graves problemas de escrita. Desta forma, a presente pesquisa
debruça-se na seguinte questão: De que forma se pode explorar a leitura para desenvolver a
capacidade de compreensão de diferentes gêneros textuais nos alunos?

a) Que potencialidade a leitura apresenta para promoção da capacidade de


compreensão de diferentes gêneros textuais?
b) Quais são as vias a seguir para promover a compreensão de diferentes gêneros
textuais através da leitura?
c) O que deve se fazer para desenvolver a capacidade de compreender textos nos
alunos?
1.4. Relevância do tema

Importa frisar o prestígio estudantil e social desta pesquisa, visto que a boa formação
de uma frase (texto) e a compreensão dos textos depende, entre outros factores, da
8

conformidade com as normas sintáticas que regulam a ligação entre os seus vários elementos
gramaticais. Igualmente recordamo-nos que uma parte importante das regras sintáticas da
maioria das línguas consiste naquilo que podemos designar por regras da coesão e coerência.
No contexto estudantil, este estudo será muito relevante na medida em que traz uma
abordagem didáctica sobre como usar a leitura para promover a compressão dos textos.

1.5. Objetivos
1.5.1. Objectivo geral

 Compreender como a produção leitura pode ser usado para promover a compressão
dos textos nos alunos.

1.5.2. Objectivos específicos

 Identificar as potencialidades da leitura para promoção da compressão textual nas


aulas da disciplina de língua portuguesa;
 Mostrar os passos a seguir, para que se use a leitura como estratégias de promoção da
compressão textual;
 Propor sugestões que podem incentivar aos professores desta disciplina na produção
leitura face a promoção da compressão textual, assim como a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem.
9

2. REVISÃO LITERÁRIA
2.1. Leitura

A leitura apresenta-se como uma experiência com a linguagem que pode desencadear
diferentes interações no universo do sujeito-leitor. Nesta subseção, assumem-se as ideias de
Mikhail Bakhtin, que, pelo valor atribuído à linguagem, configuram-se como referencial
teórico da pesquisa, possibilitando pensar as relações entre linguagem e leitura, uma vez que
toda e qualquer produção social se manifesta por meio da linguagem, a qual, neste trabalho,
apresenta-se como fundamento para compreensão das interações verbais vivenciadas entre
sujeitos que estão se constituindo leitores no ambiente escolar. Assim, o sujeito se forma nas
relações com outros sujeitos; os discursos ocorridos nas interações sociais de que participa são
constituindo em uma cadeia comunicativa ininterrupta.

A comunicação entre os seres humanos pressupõe o uso da linguagem e, mais


concretamente, de signos. Bakhtin (2000) explica que todo signo é resultado do consenso
entre indivíduos socialmente organizados durante o processo de interação. Sendo assim, as
formas do signo dependem da organização social dos indivíduos e das condições em que a
interação acontece.

O tema leitura tem sido amplamente discutido nos meios acadêmicos, uma vez que
no processo de alfabetização precede a aprendizagem da escrita. Para situarmos o estudo a ser
desenvolvido sobre leitura se faz necessário que se busque a definição deste termo, a luz do
que já foi estudado sobre a temática aqui abordada.

Segundo Tersariol (s/d, p. 266), “leitura é o ato ou efeito de ler, arte, hábito de ler;
aquilo que se ler”. O ato de ler, para Brandão e Micheletti (2002, p. 9):

“É um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de


intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua
capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação de palavras. O ato de ler não
pode se caracterizar como uma atividade passiva.”

Segundo Amaro (2010), a leitura é uma aquisição complexa que proporciona


“possibilidades variadas de entendimento da relação sujeito-sociedade. Essa não se limita
apenas à decifração de alguns sinais gráficos. (…) Exige do indivíduo uma participação
10

efectiva enquanto sujeito activo no processo, levando-o à produção de sentido e construção do


conhecimento.” (p. 12). Assim, é perceptível que a leitura implique uma compreensão, não só
pela decifração, mas também pela aprendizagem dos símbolos fonéticos, a identificação dos
seus valores e a associação mecânica desses valores entre si, ou seja, é capaz de potenciar e
alargar conhecimentos na escrita.

2.2. Concepções de termos


2.2.1. Texto

No que considera uma definição mais comum de texto, Silva (2012) entende que é
um objecto verbal escrito, de extensão indeterminada, mas geralmente composta por um
conjunto de parágrafos. Por sua vez, Orlandi (2012) analisa o texto enquanto discurso e, por
isso, uma unidade de análise com começo, meio e fim e que tem um autor que lhe dá
coerência, progressão e finalidade, ou seja, a textura que garante a existência do texto.

2.2.2. Parágrafo

Tal como vimos no ponto anterior o texto tem as suas ideias expostas por escrito e,
geralmente distribuídas em parágrafos. De acordo com Moreno e Guedes (1979), parágrafo é
uma unidade gráfica material do texto, bem como uma unidade de composição. Isto é, o
parágrafo é materialmente um conjunto de frases que perfazem um bloco e é uma unidade de
composição na medida em que está nele composta uma mensagem. Para estes autores, o
parágrafo começa por uma frase denominada tópico frasal. Esta é desenvolvida, para dar
corpo ao parágrafo, por frases principais de explanação e frases secundárias de explanação.
De acordo com estes mesmos autores, o parágrafo termina com uma conclusão.

2.3. Processo de desenvolvimento das competências de leitura e e sua


importância social

A leitura é uma competência que não têm fim no que diz respeito à aprendizagem,
visto que, a cada leitura aprende-se algo novo, novas palavras, novas formas e modos de ler e
de escrever, melhorando a leitura e aprendendo a melhorar a escrita. Como afirma Oliveira
(2009), o aprendizado da leitura e da escrita não termina quando se completa o período da
alfabetização, estende-se por toda a vida escolar, aliás, por toda a vida, pois a cada momento,
estamos aprendendo algo novo, palavras novas, significados novos. Ou por outra, quando uma
criança aprende a falar e a escrever, ela começa a dominar um sistema linguístico e, aos
poucos, compreende a regularidade que se apresenta na escrita.
11

Favoni (2012) afirma que o ensino da leitura no contexto escolar objectiva a


formação de leitores competentes e, consequentemente, a formação de escritores aptos à
comunicação escrita. Assim sendo, a escola joga um papel de extrema importância na vida do
ser humano, pois ė nela onde são desenvolvidas as competências de leitura e escrita. Nesta
lógica, diz Buendia (2010, p.19) que o Sistema Nacional da Educação-SNE deve equacionar
adequadamente a aquisição dos códigos da leitura e escrita pelas crianças e adultos,
promovendo a adopção real de metodologias apropriadas na prática pedagógica das
instituições educativas. Importa garantir a capacitação relevante de professores e educadores
de adultos assim como a promoção de processos eficazes de supervisão pedagógico-didáctica
nas instituições educativas. No dizer do mesmo autor, (2010, p. 269), o ensino da leitura e da
escrita deve decorrer num ambiente que possibilite que crianças e adultos compreendam a sua
importância e utilidade para o seu desenvolvimento e participação social, tornando a leitura e
a escrita instrumentos importantes de expressão dos seus pensamentos, experiências e
sentimentos e, desta forma, ganharem o gosto pelo seu uso.

Assim sendo, na mesma linha de pensamento dos autores citados, é necessário que se
criem ambientes que favoreçam e estimulem a prática da leitura e da escrita e, a partir do
gosto pode-se chegar à prática e aos hábitos que nos levam a adquirir competência que tanto
deseja-se, neste caso seriam as competências da leitura e escrita. Também, é preciso mostrar
os reais benefícios de aprender a ler de modo a motivar os alunos a aprender. Ou melhor, no
que se refere à leitura e à escrita, a aquisição e o desenvolvimento dessas competências,
segundo Sim-Sim (2002; 2001; 1998, citado em Silva 2014), ocorrem em virtude de um
trabalho de educação formal, que leva anos a desenvolver-se. Já Gomes (s/d) falando sobre o
mesmo assunto, refere que são diversos estágios para o desenvolvimento no processamento da
leitura, visto que, no início da palavra, dá-se por pista visual, seguida pela consciência
alfabética, depois ocorre o reconhecimento da palavra, a seguir esse reconhecimento torna-se
controlado e finalmente passa a ocorrer de modo automático.

Sobre o mesmo assunto, Petrolino (2017, p. 43), afirma que “a leitura tem vários
processos e um deles é treinar o aluno a fazer uma leitura expressiva, para facilitar a própria
compreensão do texto e, já na leitura em voz alta, o aluno tem que decifrar o que está escrito e
depois reproduzir oralmente o que foi decifrado, porque há muitas dificuldades em decifrar a
escrita…após os primeiros contactos com a escrita é ideal que se incentivem os alunos a
escrever textos espontaneamente”.
12

2.4. A leitura para além do currículo escolar

Vygotsky (1988) citado por Santos e Gonçalves (2011, p. 18) diz, sobre o ensino da leitura,
algo relevante e actual, isto é, que “a escrita deve ter um significado para as crianças,
despertando nelas a necessidade intrínseca de ser incorporada numa tarefa necessária e
relevante para a vida.” Portanto, a escrita não se circunscreve apenas ao exercício escolar. A
escola deve preparar o aluno para a vida leitura fora dela e, para que isto aconteça, Vygotsky
(1988) citado por Santos e Gonçalves (2011, p. 18) recomenda que “a leitura deve ser
ensinada naturalmente, como um instrumento natural no seu desenvolvimento e não como um
treino imposto de fora para dentro.”

Trouxemos este trecho porque consideramos o professor uma figura que molda o aluno para a
vida. Tratando-se da escrita, uma actividade que vai muito para além da escola, entendemos
que o aluno deve ganhar interesse e gosto de a exercitar. Para tal, vai contar muito o papel do
professor, por exemplo, se este elogia, lê, comenta os textos, e, em suma se ensina o processo
de escrita tal como ele acontece.

Ajustando a ideia de Vygotsky (1995) apresentada por Santos e Gonçalves (2011), podemos
dizer que, primeiro, para a vida universitária e mais tarde, na vida profissional, há que, no
segundo ciclo do ESG, dar ênfase à ideia de que a escrita é uma tarefa necessária e relevante
para o sucesso dos estudos no ensino superior e na vida profissional; segundo, é preciso
reforçar a ideia de ensinar a leitura com maior rigor, mas sem tornar o processo de ensino
numa actividade aborrecida para os alunos.

2.5. O papel do professor

O trabalho docente é a actividade que dá unidade ao binômio ensino-aprendizagem,


realizando a tarefa de mediação na relação cognitiva entre o aluno e as matérias de estudo
(Libâneo 1994). Para este autor, o professor deve ser apenas mediador entre o conhecimento e
os alunos, deixando que estes interajam entre si e com o professor. Na mesma senda e
concretamente no ensino da leitura, Amor (2006,) aponta para alguns aspectos que devem ser
tidos em conta pelo professor no decurso da sua actividade, nomeadamente:

a) Incentivar o aluno a leitura e acompanhar a sua actividade em todas etapas e não


recomenda-lo apenas a apresentar o produto final da escrita, que é o texto;
13

b) Dispor certa tipologia textual antes de dar orientações para os alunos produzirem uma
composição ou um texto da mesma tipologia;

c) Facilitar aos alunos a elaboração de um plano de texto antes de exigir que tenham um
plano de texto;

d) Ser preciso na interação durante as etapas da escrita para que a avaliação se baseie em
critérios muito concretos e não genéricos e fixos tais como criatividade, originalidade,
riqueza vocabular, entre outros.

e) Professor deve partilhar ferramentas com os alunos para decifrarem se o tema está
correctamente delimitado; se as ideias que desenvolvem estão relacionadas com o
tema e se estão apresentadas de acordo com a intenção do texto; se as formas
discursivas de apoio são adequadas às partes correspondentes do texto em que estão
aplicadas; se o produto final está bem construído como uma unidade e se a sua
mensagem está exposta de forma clara para o leitor.

2.6. O Ensino da compreensão de textos

O ensino explícito da compreensão de textos tem por objectivo o desenvolvimento de


capacidades metacognitivas que permitam ao aluno transferir informação e estratégias
aprendidas para novas situações de leitura e facultem a automonitorização da compreensão à
medida que se lê um texto. A leitura é um processo complexo em que, para além da
decifração, o leitor tem que mobilizar chaves de interpretação que incluem o uso de
conhecimentos extra-textuais, a compreensão de que a ilustração do texto transporta
informação suplementar, o uso de processos de inferência e de apreciação de contextos
metafóricos no reconhecimento de ideias e de sentimentos implícitos, como é o caso do
sofrimento, da ironia ou do humor (Hancock,1999).

2.6.1. O Ensino da compreensão de textos de teatro

A leitura de textos de teatro e a representação dos mesmos pelas crianças é de grande


importância no desenvolvimento sociocognitivo dos alunos. A interiorização dos diálogos,
numa actividade verbal colectiva como é a dramatização, favorece o desenvolvimento de
processos auto-reguladores do discurso interior da criança (Vygotsky,1962). O ensaio de um
texto de teatro para o apresentar perante uma audiência fomenta o aprofundamento da
compreensão do texto e, consequentemente, a expressividade da leitura oralizada. Por sua vez,
a repetição da leitura em voz alta aumenta a rapidez de processamento e permite o treino de
14

aspectos prosódicos durante o acto de ler. Um texto de teatro é um meio natural e autêntico
para promover a repetição activa da leitura em voz alta, permitindo o ensaio para recitar ou
actuar perante um público. É o treino dos aspectos entoacionais na leitura oralizada que faz
com que a mesma pareça linguagem falada.

O ensino da leitura de textos de teatro deve incluir a compreensão do texto, a


explicação do significado de palavras desconhecidas das crianças, a leitura oralizada do texto,
a repetição activa da leitura do texto (leitura em voz alta, a audição da leitura por outros, a
recitação com entoação e gestos) e, sempre que possível, a memorização de passagens do
texto (Flynn, 2005).

2.6.2. O ensino da compreensão de textos narrativos

Uma narrativa é uma descrição de eventos, baseados em experiências, ocorridas ou


ficcionadas, seleccionados por quem escreve ou conta e descritos de acordo com uma
organização (Grasser, Golding & Long, 1991) estrutural que permite a antecipação de quem
ouve ou lê. Na sua essência a narrativa é um meio de comunicação entre quem conta ou
escreve e quem lê ou ouve.

O grande objectivo da narrativa é a recreação de quem lê ou ouve, provocando


respostas emocionais (surpresa, curiosidade, medo, satisfação) no leitor ou no ouvinte. As
principais componentes da narrativa são as personagens, que têm objectivos e motivos para
realizar determinados actos; os contextos espacial e temporal em que ocorrem os eventos; a
existência de problemas, conflitos ou complicações com que se confronta a principal
personagem; a trama, ou série de episódios descritos segundo uma estrutura discursiva que
provocam a resolução da complicação.

A aquisição precoce da estrutura narrativa básica, na versão oral, por volta dos 4/5
anos de idade, e as emoções gratificantes geradas pela narrativa são dois dos factores que
afectam o gosto por este tipo de textos e a consequente compreensão dos mesmos. Explorar a
compreensão dos textos narrativos implica trabalhar histórias curtas, pequenas novelas e obras
completas adequadas à idade e interesse das crianças, fomentando o raciocínio dedutivo, a
análise de acções, a antecipação de acontecimentos, a previsão de consequências, o raciocínio
inferencial e a apreciação valorativa do texto.

O ensino explícito da compreensão de textos narrativos deve incluir estratégias: O


Ensino da Compreensão de Textos Narrativos que visem uma compreensão global de todo o
15

texto ou de partes específicas do mesmo (capítulos, parágrafos, frases, expressões, palavras) e


interligações entre as partes específicas; que desenvolvam a interpretação, i.e., o
relacionamento entre a compreensão do texto e a experiência individual do leitor; que
contemplem a análise da estrutura intratextual (organização e forma: como se ligam os
capítulos numa obra, ou os parágrafos num texto; como expressa o autor a.
16

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este terceiro capítulo contém a descrição da metodologia que será utilizada na investigação.

3.1. Metodologia da pesquisa

De acordo com Barreto & Honorato (1998), a metodologia da pesquisa devem ser
entendida como conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem
executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos
inicialmente propostos, e ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo, maior
rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação.

Assim, neste capítulo serão analisadas as técnicas importantes a serem utilizados


para o alcance dos objectivos pretendidos para auxiliar no diagnóstico de tema proposto. Este
capítulo também servirá para descrição metodológica do desenvolvimento de toda pesquisa,
desde o tipo de pesquisa até as técnicas de recolha e análise de dados.

3.2. Tipo de pesquisa


3.2.1. Quanto aos objetivos

Segundo Gil (2002), uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode ser
classificada da seguinte forma:

Para a nossa pesquisa de tema Estratégia didáctica do uso da leitura para a melhor
compreensão dos textos caso dos alunos da 8a Classe da Escola Secundária de Tete. Quanto
aos objectivos é uma pesquisa descritiva, optamos por este tipo de pesquisa porque vai nos
auxiliar na busca de informações sobre o nosso problema, assim como vai nos aproximar a
realidades dos factos estudados.

3.2.2. Quanto à abordagem

Quanto à abordagem a nossa pesquisa é Qualitativa, que de acordo com Lakatos, E.


M; Marconi, M. A. (1995). “caracteriza-se, em princípio, pela não utilização de instrumental
estatístico na análise dos dados. Esse tipo de análise tem por base conhecimentos teórico-
empíricos que permitem atribuir-lhe cientificidade. Vamos usar esta via porque estamos
preocupados com qualidade e não dados numéricos referente a Estratégia didáctica do uso da
leitura para a melhor compreensão dos textos caso dos alunos da 8 a Classe da Escola
Secundária de Tete.
17

3.2.3. Quanto aos procedimentos técnicos

Aplicaremos o estudo de campo: queremos aprofundar o uso da leitura como uma


ferramenta para a compressão dos textos. O mesmo será realizado por meio da observação
direta das atividades dos alunos da escola em alusão e de entrevistas com os mesmos para
captar as explicações e interpretações do que vai ocorrer. Neste trabalho procurámos
compreender melhor sobre como a melhoria da leitura pode ajudar posteriormente na
compressão dos textos: caso dos alunos da 8 a Classe da Escola Secundária de Tete, assim
como o nível de percepção dos alunos e professores sobre a leitura.

3.3. Método

Para a nossa pesquisa referente ao uso da leitura para estimular e desenvolver a


compressão textual nos alunos vamos usar o método indutivo. Onde a abordagem dos
fenômenos caminhará para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais
particulares às leis e teorias mais gerais.

3.4. Técnicas de colecta de dados

Nesta etapa, usaremos as técnicas de observação e entrevista para, respectivamente,


observar os procedimentos didacticos dos professores em sala de aula e ouvir como têm
procedido na compressão dos textos. Como dissemos anteriormente, o objecto deste estudo é
compreender como se pode fazer o uso da leitura para desenvolver a compressão textual nos
alunos. Tendo em vista o ensino da construção de sentido, é importante analisar também os
materiais que guiam o trabalho do professor. O foco nos procedimentos didacticos do
professor justifica-se, pelo facto de só o professor conhecer os seus alunos e, por isso, só ele
poder escolher os melhores caminhos para tornar os alunos capazes de construir sentido
através da modalidade leitura.

Assim, para materializar a pesquisa qualitativa, usaremos a observação e a entrevista.


Serão empregue estas técnicas de forma a observar as aulas, cujos conteúdos se sugere ao uso
da leitura para desenvolver a compressão textual nos alunos. Essa técnicas também vai nos
permitir conversar com os alunos e professores sobre como trabalhar a leitura para
desenvolver a compressão textual nos alunos.
18

3.5. Delimitação do Universo e amostra


3.5.1. Universo

Segundo Silva (2005, p. 32) universo de uma pesquisa "é a totalidade de indivíduos
que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo”. Assim, esta
pesquisa terá como universo todos alunos da 8ª Classe da Escola Secundária de Tete, que são
950, sendo 550 homens e 400 mulheres e os professores de língua portuguesa da mesma
classe curso diurno.

3.5.2. Amostra

Para Silva (2005, p. 32) amostra de uma pesquisa "é parte da população ou do
universo, selecionada, de acordo com uma certa regra". Assim, do universo acima referido, a
nossa pesquisa terá como amostra os alunos da turma “Dˮ da Escola Secundária de Tete
constituída por 70 alunos. Onde 40 são do sexo feminino e 30 são do sexo masculino e 2
professores de Língua Portuguesa das oitavas classes do curso diurno.

3.6. Procedimentos técnicos da análise de dados

Para analisar os dados, começaremos por agrupá-los de acordo com o instrumento de


recolha, isto é, dados da observação, das entrevistas. Dados esses referentes a Estratégia
didáctica do uso da leitura para a melhor compreensão dos textos caso dos alunos da 8 a
Classe da Escola Secundária de Tete. Subsequentemente discutiremos os respectivos dados
em confronto com os autores que serão citados na revisão da literatura. A discussão será de
acordo com categorias extraídas a partir dos objectivos e/ou perguntas de pesquisa.

Ao nível da observação, os dados serão avaliados e interpretados de acordo com a


frequência ou ocorrência do procedimento considerado apropriado pela literatura consultada
para o aprimoramento da compressão textual. Ao nível da entrevista, os dados serão avaliados
e interpretados em função de grupos de respostas em função da semelhança das respostas
dadas para cada questão.
19

4. Cronogramas
4.1. Cronograma de actividades

Período de realização
Actividades

Escolha do tema Fevereiro

Elaboração do Fevereiro Março


projecto

Encontro com
supervisor e revisão
Março
bibliográfica

Elaboração do Março Março


trabalho

Encontro com Março Abril


supervisor e revisão
do texto

Entrega do trabalho Maio


20

4.2. Cronograma de Orçamento

No Material Quantidade Custo/Mt Total/Mt

1 Compra de corrector. 2 2x50 100

2 Impressão para primeira 1 50x5 250


correcção.

3 Impressão depois da primeira 1 50x5 250


correcção.

4 Fotocópias 6 6x50 300

5 Encadernação 6 6x30 180

6 Flash 1x 2 GB 1x500 500

7 Digitação 50x20 2x500 1000

Total __________________________ 19 1.680,00Mt 1,680.00Mt


21

Referências Bibliográficas

Amor, E. (2006). Didáctica do Português-Fundamentos e Metodologias, 6ᵃ ed. Lisboa: Texto


Editores.

Barreto, A. V. P; Honorato, C. F. (1998). Manual de sobrevivência na selva acadêmica. Rio


de Janeiro: Objeto Direto.

Bakhtin, M. (Volochínov). (2009). Marxismo e filosofia da linguagem. (13 ed). Tradução de


M. Lahued e Y. F. Vieira. São Paulo, Hucitec.

Flynn, R. (2005). Curriculum-based readers theathre: Setting the stag for reading and
retention. The Reading Teacher.

GIL, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. (4. ed.) São Paulo: Atlas.

Moreno, C. e Guedes, P. (1979). Curso Básico de Redacção. São Paulo: Ática

Lakatos, E. M; Marconi, M. A. (1995). Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas.

Libâneo, J. C. (1994). Didáctica. São Paulo: Cortez.

Orlandi, E. P. (2012). Discurso e Texto: Formulação e Circulação dos Sentidos, (4ͣed.)


Campinas. São Paulo: Pontes Editores.

Silva, E. L; Menezes, E. M. (2001). Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. (3.


ed.) rev. e atual. Florianópolis: UFSC.

Sim-Sim, I. (org)(2006). Ler e Ensinar a Ler. Porto: Edições Asa.

Vygotsky, L. (1962). Thought and Language. Cambridge, MA:MIT Press.

Você também pode gostar