• Presença de glândulas endometriais e estroma fora da cavidade uterina
em um meio caracterizado por dependência estrogênica e inflamação
• Atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, sendo causadora
de infertilidade e dor pélvica crônica (DPC)
o Além disso, a sintomatologia causada pela endometriose está
fortemente associada à piora da qualidade de vida
• Principais Locais Atingidos
o 1° Ovário (endometrioma)
o 2° Ligamentos uterossacros
o 3° Fundo de saco posterior
o 4° Extrapélvico (Intestinal é mais comum)
• Fatores de Risco
o Exposição a estrógenos
▪ Menarca precoce
▪ Menopausa tardia
▪ Nuliparidade
o História Familiar
o Malformações uterinas/ estenose cervical
o Fluxo/ duração menstrual aumentada
o Raça branca/ asiática
o IMC baixo
o Consumo elevado de álcool e café
• Fatores de Proteção
o Multiparidade
o Intervalos de lactação prolongada
o Menarca tardia
• Patogênese
o Teoria da Menstruação retrógrada de Sampsom
▪ Propõe que o tecido endometrial viável seja disseminado na
cavidade peritoneal pelas tubas uterinas durante a
menstruação e, subsequentemente, implantado no peritônio
ou nos órgãos pélvicos (refluxo menstrual)
▪ O aumento do fluxo menstrual na cavidade peritoneal pode
predispor as mulheres à endometriose. Entretanto, mulheres
com a doença apresentam diferenças genéticas, imunológicas
e/ou bioquímicas fundamentais que contribuem para que o
tecido endometrial permaneça viável e seja implantado na
cavidade peritoneal
▪ Metaplasia celômica → Origem da endometriose em homens*
▪ Deficiência imunológica
▪ Iatrogenia
• Endometriose e Câncer
• Aumento de risco do desenvolvimento de câncer de ovário em
pacientes com endometriose. Apesar de consistente, o aumento do
risco parece ser da ordem de 1,34 a 1,80, ou seja, risco presente,
porém moderado. Mais de 90% dos carcinomas de ovário são
derivados da superfície epitelial
• Subtipos mais comuns → células claras e endometrioide
• Endometriose e Infertilidade
o Alta prevalência da endometriose em populações de mulheres
subférteis (até 50%) em comparação com populações férteis (5-
10%) ou mulheres submetidas à ligadura tubária
o Estágios mais avançados de endometriose podem estar
associados à infertilidade, devido à presença de aderências
pélvicas e à distorção na anatomia pélvica, ocorrendo
impedimento da liberação oocitária pelo ovário ou captação
desse oócito pela tuba uterina
o Mediadores imunológicos, como aumento de autoanticorpos
endometriais em pacientes com endometriose, podem alterar
a receptividade endometrial
• Classificação
o Endometriose superficial (peritoneal)
o Endometrioma (cisto de endometriose no ovário) – Ovariana
o Endometriose profunda (foco de endometriose com invasão
tecidual >5mm ou que atinge a camada muscular do tecido)
o Sintomas Dolorosos
• Sintomatologia
o Tríade → Infertilidade, dor pélvica e Massa pélvica
o A dor pélvica pode ser como dismenorreia, dispareunia e Dor
Pélvica Crônica acíclica
o Disúria e/ou disquezia estão associadas em pacientes com
apresentação de endometriose profunda
o A endometriose leva a inflamação sistêmica que afeta o
metabolismo de outros sistemas → Hepático***
▪ Sensibilização álgica em nível cerebral
o Endométrio resistente à progesterona**
o Pode haver transtornos de humor (depressão) → Doença
crônica + aumento do RCV
o Exame físico
▪ Útero com rugosidades enegrecidas em fundo de saco,
com pouca mobilidade é sugestivo
• Diagnóstico Clínico → 7Ds
o Dor pélvica
o Dismenorreia → Melhor marcador clínico**
o Dispareunia
o Disúria
o Disquezia (dificuldade para evacuar)
o Dor lombar
o Dificuldade para gestar (infertilidade)
• Diagnóstico
o Anamnese + EF (Nódulos em fundo de saco e ligamentos
uterossacros palpáveis)
▪ O exame detalhado da vagina pode demonstrar a presença
de lesões vaginais, sugestivas de acometimento do septo
retovaginal. Além disso, um útero retroverso fletido pode
sugerir comprometimento pélvico posterior, com
comprometimento uterossacral ou de fundo de saco de
Douglas
o CA 125 → Alta sensibilidade em casos graves (apenas para
seguimento pós-tratamento
▪ Pouco específico e aumenta em casos de câncer de ovário
e pâncreas
o USGTV (melhor com preparo intestinal)**
o RM – Melhor exame não invasivo**
o Cistectomia laparoscópica (específico para endometrioma) →
Retirada do cisto
▪ Presença de endometriomas impõe tratamento cx com
cistectomia, especialmente se houver infertilidade
▪ Endometriose ovariana aumenta em 2,5% de
transformação maligna → Carcinoma de células claras e
o endometrioide
▪ Tratamento para infertilidade em endometriose severa
→ FIV
▪ Mulheres que desejam gestar – TTO medicamentoso é
raramente efetivo***
o TRH em pacientes com antecedente pessoal de endometriose
▪ Estrogênio + progesterona mesmo histerectomizada
▪ Estrogenioterapia isolada é capaz de ativar focos antigos
de endometriose fazendo retornar a sintomatologia
álgica

O diagnóstico definitivo de endometriose é realizado por meio de

visualização/biópsia da lesão endometriótica. Na maioria das vezes, a melhor
abordagem será a laparoscopia, e a questão a ser respondida é quando a
laparoscopia deve ser realizada para confirmar o diagnóstico.

• Tratamento
o Visa redução dos sintomas e o tratamento da infertilidade
o Pode haver a retirada de lesões que possam estar afetando as
funções de outros órgãos
o Assintomáticos → Expectante
▪ Sem sintomas
▪ Sintomas mínimos
▪ Melhores na perimenopausa

o Objetivo do TTO → Garantir qualidade de vida da paciente

o Para pacientes que não desejam gestar e doença leve/ moderada
▪ ACO contínuo (mais usado)
▪ Progestágenos (inclui DIU-Levonorgestrel)
▪ Danazol, Gestriona
▪ GnRH
▪ AINEs

o Histerectomia com ou sem anexectomia em caso de doença grave

sem desejo reprodutivo

o Pacientes que desejam gestar ou doença moderada/ grave

▪ Endometrioma >4-6cm, lesão em ureter, apêndice,
retossigmoide → CX
▪ Laparoscopia em exérese dos focos
• >6 meses de medicação após cx + laparoscopia second
look se não houver melhora
• Exame normal e falha terapêutica
• Suspeita de estádios mais avançados
• Paciente com desejo reprodutivo