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O dolo é o elemento subjectivo comum a todos os tipos (dolosos) e consiste na representação e vontade

psicológica de realização do facto, enquanto conjunto dos elementos objectivos do tipo legal (objecto,
resultado, etc.).
Em alguns tipos de crime existem ainda elementos subjectivos específicos, como sejam a intenção de
apropriação da coisa no crime de furto.
Do ponto de vista da sua estrutura, o dolo compõe-se de dois elementos: volitivo ou emocional e
intelectual ou cognitivo.
a) O elemento intelectual ou cognitivo traduz-se no conhecimento de todos os elementos objectivos do
tipo.

Com interesse directo para a matéria do erro, lembra J. A. Veloso alguns aspectos da caracterização do
elemento intelectual do dolo que, pela sua pertinência aqui seguimos de perto. (1) Para que se
considere haver dolo, não são exigidos quaisquer actos de consciência ou vontade reflexivos ou
secundários, ou seja, actos de consciência ou de vontade pelos quais o agente reflicta sobre os seus
dados psíquicos primários, duplicando-os, intensificando-se, etc…. Não é preciso saber que se sabe, não
é preciso pensar que se está a pensar, não é preciso querer.

É irrelevante que o agente não se tenha apercebido que manteve o propósito de matar por mais de 24h,
ou que actuava com frieza de ânimo, p. ex.. 2) Não é necessária a chamada consciência focal ou a
consciência clara ou de atenção. Não é necessário que no momento do facto a atenção do agente incida
clara e precisamente sobre o elemento da situação considerado.
Bastam a consciência marginal, a consciência liminar ou difusa, a consciência ou saber de situação. É
suficiente para o dolo que se possa dizer que o agente dispõe da informação correspondente.
3) Para se verificar o dolo relativamente a elementos normativos do tipo, não se exigem conhecimentos
técnico-jurídicos (coisa alheia, documento, coisa móvel, etc.), bastando o conhecimento do cidadão
comum.

b) Elemento volitivo do dolo.


O elemento volitivo do dolo traduz-se na vontade de realização dos elementos objectivos do tipo, como
supra aludido.

Em função da diversidade de atitudes psicológico-volitivas do agente (T. Carvalho) e, portanto, com


referência ao seu elemento volitivo ou emocional, o dolo pode revestir três espécies, formas ou
modalidades: dolo directo, necessário e eventual. – Cfr. art. 1º do C. Penal de 1886 (facto voluntário)
com os contributos da doutrina e jurisprudência e art. 14º do C. Penal Português de 1982 e art. 22º do
Código Penal da Guiné-Bissau.

Com o elemento intelectual do dolo relaciona-se a matéria do erro pertinente à tipicidade, que veremos
infra; a propósito do seu elemento volitivo veríamos agora um pouco melhor cada uma das referidas
modalidades que pode revestir.

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