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Interpretação de Exames

Laboratoriais
APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA (CENC)

Interpretação de Exames
Laboratoriais

COORDENAÇÃO
Profª. Drª Glorimar Rosa

RIO DE JANEIRO
2021

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APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

FICHA CATALOGRÁFICA

ROSA, Glorimar.

Interpretação de Exames Laboratoriais, Rio de Janeiro, 2021.

Série - Nutrição Clínica da teoria à prática baseada em evidências – site:


www.cenc.com.br, Junho de 2021. Páginas 23.

Inclui referências.

ISBN – 978-65-00-16171-7.

1. Dosagem de vitaminas 2. Dosagem de minerais 3. Novos


marcadores bioquímicos 4. Interpretação de exames laboratoriais

TODO CONTEÚDO DESTA APOSTILA É PROTEGIDO PELA LEI, SENDO

EXCLUSIVA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA. SOB

PENA DE RESPONDER, CIVIL E CRIMINALMENTE, PELAS SANÇÕES

PREVISTAS NA LEI DE DIREITOS AUTORAIS NO 9610/98 E DO ARTIGO 184 DO

CÓDIGO PENAl.

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APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

Sumário
1. Introdução ................................................................................................................................. 5
2. Dosagem de Vitaminas .............................................................................................................. 5
3. Dosagem de Minerais................................................................................................................ 8
4. Novos marcadores bioquímicos .............................................................................................. 12
5. Referência ............................................................................................................................... 14

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APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

1. Introdução

Na Lei no 8.234/91, que regulamenta a profissão de nutricionista, o inciso VIII do


art. 4o cita que o nutricionista está habilitado a solicitar os exames laboratoriais
necessários ao acompanhamento dietoterápico, desde que relacionados com alimentação
e nutrição humana. Ainda, no art. 1o da Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas
(CFN) no 306/2003, que dispõe sobre a solicitação de exames laboratoriais na área de
Nutrição Clínica, consta: “compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais
necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do paciente/cliente, não
especificando os exames a serem solicitados, cabendo ao profissional solicitar os exames
necessários ao acompanhamento dietoterápico e diagnóstico nutricional” (Brasil, 1991;
CFN, 2000).

Os exames complementares são uma parte essencial da prática atual. Sua


utilização possibilita a detecção de possibilita a detecção de deficiências nutricionais que
sejam capazes de comprometer de maneira grave o estado nutricional (Mussoi, T. D.,
2014). E quando interpretados de maneira correta e com segurança, auxilia diversos
profissionais nas avaliações nutricionais.

A ingestão dietética é capaz de influenciar na quantidade de um nutriente


encontrado no soro, no plasma ou em qualquer outro fluido ou tecido. A adoção de
exames laboratoriais na prática clínica, ampliou o conhecimento sobre os mecanismos
envolvidos no desenvolvimento de doenças crônicas, e por isso, novos testes laboratoriais
estão sendo continuamente desenvolvidos (Costa, M. J. de C., 2015).

2. Dosagem de Vitaminas

Dessa forma, apontamos de forma resumida em tabela, as vitaminas, indicações


para solicitação dos exames, anormalidades com valores excessivos e nas deficiências.

Tabela 1: Dosagem de vitaminas, indicações e anormalidades

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Exame Indicações para Anormalidades com valores Anormalidades nas deficiências


laboratorial solicitação excessivos
Ácido fólico sérico - Anemia megaloblástica - Anemia perniciosa - Aumento das necessidades: neopla-
(B9) - Avaliação do estado nutricional - Dieta vegetariana sias, gravidez, hipertireoidismo,
do ácido fólico - Síndrome da alça cega anemias hemolíticas
Valores de - Transfusão sanguínea - Deficiência nutricional: alcoolismo,
referência: anorexia nervosa, doença crônica,
5 a 15 mg/ml hemodiálise, senilidade, prematuridade
- Deficiências enzimáticas
- Dermatite esfoliativa
- Doenças hepáticas: cirrose por álcool,
hepatoma idiopático
- Má absorção: doença celíaca, doença
de Wipple e Psoríase
Vitamina A - Exame complementar no - Contagem elevada de - Abetalipoptroteinemia
(Retinol) diagnóstico da cegueira noturna leucócitos - Síndrome carcinoide
- Avaliação de distúrbios - Trombocitose - Infecções crônicas
Valores de cutâneos - Hiperlipoproteinemia - Hipotireoidismo
referência: - Investigação da suspeita de - Macroglobulinemia - Cegueira infantil
0 a 1 mês deficiência de vitamina A. - Síndrome de Sjögren - Doença hepática, GI ou pancreática
0,18 a 0,50 mg/dℓ - Lúpus eritematoso sistêmico - Cegueira noturna
- Distúrbios linfoproliferativos - Desnutrição proteica
2 meses a 12 anos - Hiperglobulinemia associada à - Esterilidade e teratogênese
0,20 a 0,50 mg/dℓ cirrose - Deficiência de zinco
- Hepatite crônica ativa
13 a 17 anos - Queimaduras térmicas agudas
0,26 a 0,70 mg/dℓ - Doença renal crônica
- Hipercalcemia idiopática em
> 18 anos lactentes
0,30 a 1,20 mg/dℓ - Toxicidade da vitamina A
Vitamina B1 - A determinação da tiamina é - Leucemia - Alcoolismo, com e sem doença
(Tiamina) apropriada para pacientes com - Policitemia vera hepática
alterações - Doença de Hodgkin - Dieta deficiente
Valores de referência comportamentais, sinais - Infecções febris crônicas
70 a 80 nmol/ℓ oculares, distúrbio da marcha, - Diarreia prolongada
delírio e encefalopatia, ou para - Diabetes melito
pacientes com - Síndrome carcinoide
estado nutricional questionável, - Doença de Hartnup
especialmente os que parecem - Pelagra
correr risco e que também
recebem insulina
para hiperglicemia Investigação
de suspeita de beribéri
Vitamina B12 - Investigação de anemia - Leucemia granulocítica crônica - Anormalidades no transporte ou no
(Cianocobalamina) macrocítica - DPOC metabolismo da cobalamina
- Pesquisa de deficiências - Insuficiência renal crônica - Proliferação bacteriana excessiva
Valores de referência observadas nas anemias - Diabetes melito - Doença de Crohn
180 a 914 pg/mℓ megaloblásticas - Leucocitose - Deficiência nutricional (p. ex., em
- Exame complementar no - Lesão dos hepatócitos vegetarianos)
diagnóstico de distúrbios do (hepatite, cirrose) - Infestação por diphyllobothrium (tênia
SNC - Obesidade do peixe)
- Avaliação do alcoolismo - Policitemia vera - Cirurgia gástrica ou do intestino
- Avaliação de síndromes de má - Desnutrição proteica delgado
absorção. - ICC grave - Hipocloridria
- Alguns carcinomas - Doença intestinal inflamatória
- Má absorção intestinal
- Deficiência de fator intrínseco
- Final da gravidez

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Vitamina B2 - Avaliação de indivíduos que - Pacientes com anorexia nervosa


(Riboflavina) apresentam sinais de - Indivíduos que evitam laticínios
arriboflavinose (aqueles com intolerância à lactose),
Valores de referência - Detecção de deficiência de visto que esses produtos constituem
3 a 15μg/ℓ riboflavina. uma boa fonte de riboflavina
- Pacientes com síndromes de má
absorção, como espru celíaco,
neoplasias malignas e síndrome do
intestino curto
- Erros inatos raros do metabolismo, em
que existe um defeito na síntese de
riboflavina
- Uso prolongado de fenobarbital e
outros barbitúricos, os quais podem
levar à oxidação da riboflavina,
comprometendo a sua função.
Vitamina B6 - Determinação do estado da - Hipofosfatasia - Alcoolismo
(Piridoxina) vitamina B6 - Asma
- Investigação nos casos de - Síndrome do túnel do carpo
Valores de referência suspeita de má absorção ou - Diabetes gestacional
5 a 50μg/ℓ desnutrição - Lactação
- Determinação do sucesso - Má absorção
global de um programa de - Desnutrição
suplementação de vitamina B6 - Convulsões neonatais
- Diagnóstico e avaliação da - Gravidez normal
hipofosfatasia - Exposição ocupacional a compostos de
hidrazina
- Pelagra
- Edema pré-eclâmpsia
- Diálise renal
- Uremia
Vitamina C - nefrolitíase (oxalato de cálcio) - Alcoolismo
(ácido ascórbico) - uricosúria - Anemia
- Aumento da absorção de ferro - Câncer
Valores de referência - Hemodiálise
0,4 a 2,0 mg/dℓ - Hipertireoidismo
- Má absorção
- Gravidez
- Doença reumatoide
- Escorbuto
Vitamina D - Investigar alguns pacientes - Sarcoidose - Insuficiência renal
(1,25-di-hidroxi) com evidências clínicas de - Linfoma não Hodgkin - Hiperfosfatemia
deficiência de vitamina D - Raquitismo dependente de vitamina D,
Valores de referência (raquitismo dependente de tipos 1 e 2
15 a 75 pg/mℓ vitamina D, devido à deficiência - Hipercalcemia humoral de neoplasias
hereditária da 1alfa hidroxilase malignas.
renal ou resistência do órgão
alvo à 1,25dihidroxivitamina D)
- Diagnóstico diferencial da
hipercalcemia.
- Investigar a suspeita de
distúrbios metabólicos ou de má
absorção
- Investigar a suspeita de
escorbuto
Vitamina D - Diagnóstico de deficiência de - Intoxicação por vitamina D - Má absorção
(25-hidroxi) vitamina D - Exposição excessiva à luz solar - Esteatorreia
- Diagnóstico diferencial das - Osteomalacia nutricional, osteoma-
Valores de referência causas de raquitismo e lacia por anticonvulsivantes
30 a 100 ng/mℓ osteomalacia - Cirrose biliar e porta

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- Monitoramento da terapia de - Tireotoxicose


reposição com vitamina D - Insuficiência pancreática
- Diagnóstico de hipervitami- - Doença celíaca
nose D - Doença intestinal inflamatória
- Raquitismo
- Doença de Alzheimer
Vitamina E - Avaliar distúrbios neuromus- - Doença hepática obstrutiva - Abetalipoproteinemia
(alfatocoferol) culares em recém nascidos - Hiperlipidemia - Distúrbios de má absorção, como
prematuros e adultos - Intoxicação por vitamina E atresia biliar, cirrose, pancreatite
Valores de referência - Avaliar pacientes com distúr- - Anemias macrocíticas crônica, carcinoma pancreático e
bios de má absorção - Síndromes mielodisplásicas colestase crônica
0 a 17 anos - Avaliar casos de suspeita de - Alcoolismo - Anemias ferroprivas
3,8 a 18,4 mg/ℓ anemia hemolítica em recém - Doenças hepáticas - Talassemias
nascidos prematuros e adultos - Hipotireoidismo - Anemia sideroblástica hereditária
>18 anos - Monitorar pacientes submeti- - Hemólise com contagem ele- - Intoxicação por chumbo
5,5 a 17,0 mg/ℓ dos a nutrição parenteral vada de reticulócitos
prolongada
- Avaliação de indivíduos com
neuropatias motoras e sensoriais
- Monitoramento do estado da
vitamina E de recém nascidos
prematuros que necessitam de
oxigenação.
Adaptado de Calixto-Lima, L., Reis, N. T., 2012; Williamson, A. M., 2016).

3. Dosagem de Minerais

Dessa forma, apontamos de forma resumida em tabela, as vitaminas, indicações


para solicitação dos exames, anormalidades com valores excessivos e nas deficiências.

Tabela 2: Dosagem de minerais, indicações e anormalidades

Exame Indicações para Anormalidades com valores Anormalidades nas deficiências


laboratorial solicitação excessivos
Cálcio sérico - Diagnóstico de disfunção da - Endocrinopatias: hipertireoidismo, - Acidose tubular renal
(total e iônico) glândula paratireoide síndrome de Cushing, insuficiência - Atividade ineficaz da vitamina D
- Investigação de litíase urinária suprarrenal, feocromocitoma, - Hipomagnesemia
- Manifestações Neuromus- acromegalia, neoplasia endócrina - Hipoparatireoidismo
Valores de culares múltipla. - Ingestão insuficiente cálcio,
Referência: - Monitoramento da síndrome de - Hiperparatireoidismo primário e vitamina D e/ou fósforo
lise tumoral secundário - Insuficiência renal crônica com
Cálcio total: 8,8 a - Monitoramento em pacientes - Insuficiência renal aguda (fase uremia e retenção de fósforo
10,2 mg/dℓ com insuficiência renal poliúrica) e crônica - Má absorção de cálcio vitamina
- Osteopenia e osteoporose - Metástases ósseas D: pancreatite aguda, doenças
Cálcio iônico: 4 a - Pancreatite aguda - Tumores com atividade osteoclástica: gastrintestinais, icterícia obstrutiva,
5,6 md/dℓ - Pós-operatório de mieloma múltiplo, linfoma de Burkitt disfunção hepatocelular
tireoidectomia - Tumores malignos: mama, pulmão, rim - Pseudohipoparatireoidismo
- Suspeita de hiperpotassemia - Síndrome de Fanconi
associada a doença maligna
Cobre sérico - Suspeita de doença de Wilson -Anemias (perniciosa, megaloblástica, - Deficiência nutricional do cobre
- Avaliação da deficiência de ferropênica, aplásica) - Doença de Wilson
Valores de cobre com a dosagem de - Cirrose biliar - Nefrose
Referência: ceruloplasmina - Doenças do tecido conjuntivo: lúpus - Nutrição parenteral sem reposição
Homens: 70 a eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, de cobre

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140 μg/dℓ - Avaliação da toxidade por febre reumática aguda, glomerulonefrite, - Remissão de leucemia aguda
Mulheres: 85 a cobre hipotireoidismo, hipertireoidismo
155 μg/dℓ - Gestação
- Hemocromatose
- Infecções agudas
- Leucemia aguda ou crônica
- Linfoma
Ferro sérico - Diagnóstico de hemo- - Dano hepático agudo - Anemia ferropênica
cromatose e hemos-siderose - Maior destruição de hemácias (anemias - Anemias normocrômicas das
Valores de - Diagnóstico diferencial de hemolíticas) infecções e doenças crônicas
Referência: anemias - Menor formação de hemácias: - Glomerulopatias (por perda
30 a 160 μg/dℓ talassemia, anemia por deficiência de urinária de proteínas ligadoras do
piridoxina, anemia perniciosa em recidiva ferro)
- Hemocromatose idiopática - Menstruação
- Hemossiderose por sobrecarga de
ferro: repetidas transfusões, terapia com
ferro, vitaminas contendo ferro
Fósforo sérico - Monitoramento dos níveis - Excreção renal de fósforo - Baixa reabsorção tubular renal de
séricos de fósforo em pacientes prejudicada: hipoparatireoidismo, fósforo
Valores de com doenças renais, distúrbios pseudohipoparatireoidismo,
Referência: gastrintestinais ou em uso de hipertireoidismo, acromegalia,
Crianças: fármacos que elevam o fósforo insuficiência suprarrenal, terapia com
3,8 a 6,1 mg/dℓ - Diagnóstico e monitoramento bifosfonados, atividade de hormônio de
da síndrome de lise tumoral crescimento, uso de heparina
Adultos: - Aumento da liberação celular de
2,7 a 4,5 mg/dℓ fósforo: estados catabólicos, lise celular
- Doenças ósseas: doença de Paget,
fraturas, mieloma múltiplo, tumor
metastático osteolítico
- Redistribuição interna de fósforo:
acidose metabólica ou respiratória
Sódio sérico - Diagnóstico e tratamento de - Diabetes insípido - Acidose tubular renal proximal
desidratação e hiper-hidratação - Diabetes insípido nefrogênico - Cetoacidose diabética
Valores de - Dialíse hipertônica - Diarreia
Referência: - Diurese osmótica - Diurese osmótica
135 a 145 mEq/ℓ - Hiperaldoteronismo - Drenagem gástrica
- Perdas primárias extrarrenais - Grandes queimados
insensíveis: exercícios, febre, fístulas - Hiperlipidemia
gastrintestinais, grande queimado, - Hiperproteinemia
taquipneia, rabdomiólise - Hipopotassemia
- Síndrome de Cushing - Hipotireoidismo
- Insuficiência suprarrenal
- Insuficiência renal
- Intoxicação hídrica
- Nefropatia perdedora sal, perda de
líquidos para terceiro espaço
- Traumatismo grave
- Vômitos
Cloreto - Avaliação do equilíbrio - Acidose metabólica associada a diarreia - Vômitos prolongados ou aspiração
eletrolítico, acidobásico e prolongada, com perda de bicarbonato de (perda de ácido clorídrico)
Valores de hídrico sódio - Acidose metabólica com acúmulo
Referência: - Doenças tubulares renais com excreção de ânions orgânicos
97 a 110 mmol/ℓ diminuída de íons hidrogênio e - Acidose respiratória crônica
reabsorção diminuída de bicarbonato - Doenças renais perdedoras de sal
(“acidose metabólica hiperclorêmica”) - Insuficiência adrenocortical
- Alcalose respiratória (p. ex., - Aldosteronismo primário
hiperventilação, lesão grave do SNC) - Expansão do líquido extracelular
- Administração excessiva de certos (p. ex., SIHAD, hiponatremia,
fármacos (p. ex., cloreto de amônio, intoxicação hídrica, ICC)
- Queimaduras

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solução salina IV, intoxicação por - Fármacos


salicilatos, terapia com acetazolamida) - Alcalose (p. ex., bicarbonatos,
- Elevação falsa (metodológica) devido a aldosterona, corticosteroides)
brometos ou outros halogênios - Efeito diurético (p. ex., ácido
- Retenção de sal e de água (p. ex., etacrínico, furosemida, tiazídicos)
corticosteroides, guanetidina, - Outras perdas (p. ex., abuso
fenilbutazona) crônico de laxativos).
- Alguns casos de hiperparatiroidismo
- Diabetes insípido, desidratação
- Perda de sódio > perda de cloreto (p. ex.,
diarreia, fístulas intestinais)
- Ureterossigmoidostomia
Cobalto - Avaliação de exposição - Pacientes renais em uso de agentes à - Sem significado clínico
ocupacional e ambiental ao base de eritropoetina
Valores de cobalto - Pacientes com DRT submetidos a
referência: - Detecção de toxicidade do hemodiálise
menos de 1μg/ℓ cobalto - Indivíduos que consomem grandes
- Monitoramento de uso de quantidades de cerveja contendo aditivo
implantes metálicos de cobalto
- Indivíduos com deterioração de
implantes metálicos
Magnésio - Diagnóstico e monitoramento - Diuréticos - Má absorção
da hipomagnesemia e - Antiácidos ou enemas contendo Mg - Perda anormal de líquidos GI
Valores de hipermagnesemia, especial- - Uso abusivo de laxativos e catárticos - Pielonefrite crônica
referência: mente na insuficiência renal ou - Nutrição parenteral - Acidose tubular renal
1,6 a 2,4 mg/dℓ quando houver distúrbios GI - Mg para eclâmpsia ou trabalho de parto - Fase diurética da necrose tubular
- Monitoramento de pacientes prematuro aguda
com pré-eclâmpsia - Intoxicação por carbonato de lítio - Diurese pós obstrutiva
tratadas com sulfato de - Insuficiência renal - Lesão por fármacos, Diuréticos,
magnésio - Desidratação com coma diabético antes Antibióticos, Fármacos digitálicos,
do tratamento Agentes antineoplásicos e
- Hipotireoidismo Ciclosporina
- Doença de Addison e após - Administração de líquido
suprarrenalectomia parenteral prolongada sem Mg
- DM controlado em pacientes idosos - Alcoolismo e cirrose alcoólica
- Ingestão acidental de grande quantidade agudos e crônicos
de água do mar - Inanição com acidose metabólica
- Kwashiorkor, desnutrição
proteicocalórica
- Hipertireoidismo, Hiperpara-
tireoidismo
- Aldosteronismo (primário e
secundário)
- DM
- Lactação excessiva
- Toxemia da gravidez ou eclâmpsia
- Tumores líticos do osso
- Doença de Paget do osso ativa
- Pancreatite aguda
- Transfusão de sangue citratado
- Queimaduras graves
- Sudorese
- Sepse
- Hipotermia
Potássio - Avaliação do equilíbrio - Retenção de potássio (oliguria, - Excreção renal excessiva (diurese
eletrolítico, arritmias cardíacas, insuficiência renal, fármacos, toxicidade osmótica da hiperglicemia,
Valores de fraqueza muscular, encefalopatia renal, doença de Addison, produção nefropatias, distúrbios endócrinos,
referência: hepática e insuficiência renal diminuída de aldosterona fármacos, leucemia mielógena,
- Diagnóstico e monitoramento - Inibição da secreção tubular de potássio monomieloblástica ou linfoblástica
0 a 4 meses da hiperpotassemia e da aguda)

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4,0 a6,2 mmol/ℓ hipopotassemia em diversas Síndromes resistentes a - Sintomas gastrointestinais


condições (p. ex., mineralocorticoides (vômitos diarreia, laxativos, escarro
4 meses a 1 ano tratamento do coma diabético, - Paralisia periódica hiperpotassêmica excessivo)
3,7 a 5,6 mmol/ℓ insuficiência renal, perda familiar - Neoplasias
hidreletrolítica grave, efeito de - Acidose aguda - Sudorese excessiva
>1 ano certos fármacos) - Desvio urinário - Queimaduras extensas
3,5 a 5,3 mmol/ℓ - Diagnóstico de paralisia - Alcalose respiratória
periódica hiperpotassêmica - Transtornos alimentares graves
familiar e paralisia - Deficiência nutricional
hipopotassêmica. - Diuréticos
- Aldosteronismo primário e
secundário
- Síndrome de Cushing
- Hipertensão maligna
- Acidose tubular renal
Zinco - Detecção de deficiência de - Anemia - Acrodermatite enteropática
zinco - Arteriosclerose - AIDS
Valores de - Auxílio na confirmação da - Coronariopatia - Infecções agudas
referência: acrodermatite enteropática - Osteossarcoma primário do osso - Estresse agudo, queimaduras
Até 6 meses - Avaliação de deficiência - Cirrose
26 a 141 µg/dℓ nutricional - Condições que causam diminuição
- Avaliação de possível da albumina
6 a 11 meses toxicidade - Diabetes melito
29 a 131 µg/dℓ - Monitoramento da terapia de - Nutrição parenteral total prolon-
reposição em indivíduos com gada
1 a 4 anos deficiências identificadas - Má absorção
31 a 115 µg/dℓ - Monitoramento da terapia de - Infarto do miocárdio
indivíduos com doença de - Síndrome nefrótica
4 a 5 anos Wilson - Deficiência nutricional
18 a 119 µg/dℓ - Gravidez
- TB pulmonar
6 a 9 anos - Colite ulcerativa, doença de Crohn
48 a 129 µg/dℓ - Enterite regional, espru, bypass
intestinal, doença neoplásica
10 a 13 anos - Aumento do catabolismo induzido
25 a 148 µg/dℓ por esteroides anabolizantes.

14 a 17 anos
46 a 130 µg/dℓ

Adulto
70 a 120 µg/dℓ
Selênio - Funçãoi antioxidante das - Dieta parenteral sem adição desse
mebmrabas plasmáticas contra a elemento
Valores de açõa toxica dos peróxidos - Infecção pelo HIV
referência: lipidicos - Doenças graves
20 a 190 ug/l - Desnutrição severa
- Doença inflamatória intestinal
- Deficiência nutricional de selênio
- Necrose, posteriormente fibrose e
calcificação dos músculos
esqueléticos e cardíaco
Adaptado de Calixto-Lima, L., Reis, N. T., 2012; Williamson, A. M., 2016.

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4. Novos marcadores bioquímicos

Os biomarcadores do estado do estresse oxidativo e inflamação têm se associado a


muitas condições crônicas e fatores de risco. O envelhecimento e muitas doenças,
incluindo artrite reumatoide, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença
cardiovascular e câncer, são iniciados, em parte, por estresse oxidativo devido a presença
da oxidação de espécies reativas de oxigênio dos lipídeos, ácidos nucleicos ou proteínas.
Uma via indireta de avaliação da concentração de estresse oxidativo é medir as
concentrações de compostos antioxidantes presentes nos líquidos corporais (Mahan, L.
K., 2018). E por isso o estresse oxidativo relaciona-se com as concentrações dos
seguintes:

• Vitaminas antioxidantes (tocoferóis e ácido ascórbico)


• Fitoquímicos dietéticos com propriedades antioxidantes (p. ex., carotenoides)
• Minerais com papéis antioxidantes (p. ex., selênio)
• Compostos antioxidantes endógenos e enzimas (p. ex., superóxido dismutase,
glutationa)

Porém a concentração desses compostos é devido ao equilíbrio da ingestão, produção e


uso durante a inibição de compostos de radical livre produzidos pelo estresse oxidativo.

Tabela 3: Vantagens e Desvantagens de Vários Biomarcadores do Estresse Oxidativo

Biomarcador Vantagens Desvantagens Comentários


IsoPs (isoprostanos) Podem ser detectados em várias amostras Os métodos atuais de Nenhuma evidência
(soro, urina) e têm se mostrado elevados quantificação não são práticos para vinculando este biomarcador
na presença de uma rastreamento em larga escala com resultados clínicos ainda.
variedade de fatores de risco CV F2-IsoPs mostra mais
potencial.
MDA Tecnicamente fácil para quantificar O ensaio de TBARS é não Mostra-se promissor como
(malondialdeído) espectrofotometricamente com os kits do específico (pode detectar aldeídos Biomarcador clínico;
ELISA de ensaio TBARS para detectar que não MDA) e a entretanto, não tem um
MDA também têm bom desempenho. Os preparação da amostra pode impacto funcional na
estudos mostram que MDA pode predizer influenciar os resultados. fisiopatologia de DCV
progressão de DAC e aterosclerose
carotídea em 3 anos
Nitrotirosina Os estudos em humanos têm demonstrado As concentrações circulantes não A formaçao de nitrotirosina em
associação com DAC independente de são equivalentes às concentrações proteínas cardiovasculares
fatores de risco tradicionais teciduais. Os métodos atuais de particulares tem efeito direito
detecção são caros e não na função
práticos.
S-glutationilação A S-glutationilação de SERCA, eNOS e Detecção de Sglutationilação Hemoglobina modificada
da bomba de Na+- K+ demonstrou ser propensa a artefato metodológico atualmente sendo investigada
biomarcadora bem como ter um papel na Acesso ao tecido como biomarcador
patogênese

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(miocárdio, vasculatura), onde


ocorre modificação apresenta um
obstáculo clínico
Mieloperoxidase Ensaios comerciais disponíveis. Uma Influenciada pelo armazenamento MPO é um biomarcador
(MPO) enzima abundante em grânulos nas da amostra e tempo de análise promissor para predição de
células inflamatórias. Evidência forte risco de DCV
de que MPO se correlaciona com risco de
DCV.
Colesterol LDL Forma-se e ocorre nas paredes vasculares A redução em OxLDL por ELISA para detecção de
oxidizado como células espumosas e estimula a farmacoterapia antioxidante não OxLDL para predição do risco
produção de citocinas próinflamatórias tem sido pareada por redução na de DCV
pelas células endoteliais. Elevado gravidade da DCV.
naDAC, aumentando OxLDL se
correlaciona com gravidade clínica que
aumenta. Também é preditor de futura
DAC em população saudável. Boa
reprodutibilidade a partir de amostras
congeladas.
Mudanças induzi- A expressão de vários genes envolvidos A tecnologia de micro-ordenação Não está claro se os perfis de
das por ROS para na regulação do estresse oxidativo pode pode ser cara tanto manualmente expressão de células em
expressão de gene ser medida simultaneamente usando-se quanto em computador Amostras biológicas refletem
tecnologia de micro-ordenação, esse fato nos tecidos
potencialmente aumentando a força deste cardiovasculares
marcador
Capacidade de A atividade das enzimas antioxidantes A atividade antioxidante no soro A relevância clínica da
antioxidante sérica como glutationa peroxidase 1 (GPX-1) e pode não refletir quais células são quantificação de antioxidante
superóxido dismutase (SOD) é importantes para a patogênese de para o risco de
demonstrada como sendo inversamente DCV DCV precisa de investigação
proporcional a DAC. Kits comerciais adicional
disponíveis para medir capacidade
antioxidante. Reprodutibilidade
quantificada apesar do armazenamento de
amostras congeladas
Adaptado de Mahan, L. K., 2018.

Apesar dessa falta de correlação ou especificidade dos ensaios de estresse


oxidativo, três ensaios parecem promissores. Um é o imunoensaio mieloperoxidase usado
em conjunto com PCR para predizer o risco de mortalidade de CVD. O segundo ensaio é
a medida dos compostos F2 isoprostanos no plasma ou na urina. Esse exame mede a
presença de um composto de espécies reativas de oxigênio formadas continuamente que
é produzido por oxidação de radical livre de ácidos graxos poli-insaturados específicos.
Os isoprostanos são compostos semelhantes a prostaglandina que são produzidos por
radical livre mediado por peroxidação de lipoproteínas. Concentrações elevadas de
isoprostano associam-se a estresse oxidativo e a situações clínicas de estresse oxidativo
como síndrome hepatorrenal, artrite reumatoide, aterosclerose e carcinogênese. O terceiro
exame é desoxiguanosina urinária de 8-hidróxi-2’ (8-OH-d-g), em que concentrações
elevadas se associam a ingestão inadequada de carotenoides e alimentos ricos em
antioxidante (Mahan, L. Kathleen, 2018).

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APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

5. Referência

1. Brasil. Lei No 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de


Nutricionista e determina outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1991.
2. C.F.N. Resolução CFN No 306/2003. Dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais
na área de nutrição clínica, revoga a Resolução CFN no 236, de 2000, e dá outras
providências.
3. Mussoi, Thiago Durand. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao
envelhecimento / Thiago Durand Mussoi. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.
4. Costa, Maria José de Carvalho. Interpretação de exames bioquímicos para o nutricionista
/ Maria José de Carvalho Costa. -- 2. ed. -- São Paulo: Editora Atheneu, 2015.
5. Calixto-Lima, L., Reis, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição
clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.
6. Williamson, A. Mary. Wallach: interpretação de exames laboratoriais / Mary A.
Williamson e L. Michael Snyder; tradução Maria de Fátima Azevedo, Patricia Lydie
Voeux. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
7. Mahan, L. Kathleen. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia / L. Kathleen Mahan,
Janice L. Raymond ; [tradução Verônica Mannarino, Andréa Favano]. - 14. ed. - Rio de
Janeiro : Elsevier, 2018.

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