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IAM COM SUPRA DE ST E ÁREA ELETRICAMENTE INATIVA

Beatriz Mangabeira- T81

IAM COM SUPRA DE ST o Horas: o supra persiste por várias


horas, mas se não ocorrer a
 Relembrando que a doença
revascularização do paciente, a
coronariana pode ser assintomática,
área que está isquêmica vai
angina estável ou síndrome
morrer/necrosar, gerando uma
coronariana aguda
perda irreparável do tecido. Isso
o Dentro da síndrome coronariana
resulta no aparecimento de uma
aguda temos sem supra de ST (IAM
onda Q patológica
sem supra de ST ou angina instável)
 Então, onda Q patológica é a
e com supra de ST
evolução de um IAM com supra
 Características da angina
quando há uma necrose
instável: angina nova (começou
significativa. Antes disso está
do nada), progressão rápida, dor
ocorrendo uma isquemia
em repouso
extensa, mas o músculo ainda é
 No IAM com supra ocorre a oclusão
viável
total do lúmen arterial

Fisiopatologia

 A placa rompe e quando forma um


trombo totalmente oclusivo causa
uma isquemia transmural (do
endocárdio ao epicárdio) e
consequentemente um infarto com
supra de ST
Em ordem: minutos iniciais -> minutos a
ECG no IAM com supra horas -> > horas
 Situação: o paciente começou a  OBS: o paciente chegou com dor,
infartar agora por uma oclusão ainda tem supra e ainda está dentro
completa da descendente anterior, de 12 horas que começou os
ocasionando um infarto com supra da sintomas, é necessário revascularizar o
parede anterior. Se fosse feito um paciente. Se tiver entre 12 e 24 horas e
eletro seriado no paciente veríamos: o paciente ainda tem dor (é
o Minutos iniciais: onda T apiculada necessário que o paciente tenha dor),
(onda T hiperaguda). A morfologia com supra no eletro, ainda tem que
é parecida com a onda T de revascularizar o paciente. Passou de
hipercalemia (onda T de alta 24 horas do início dos sintomas ou
amplitude, apiculada e em várias mais de 12 horas e o paciente não
derivações, geralmente derivações sente mais dor, não há muito o que
anteriores). A diferenciação de fazer além de manejar a
onda T apiculada em hipercalemia complicação de um infarto que não
e IAM com supra se dá pelo foi revascularizado
contexto clínico do paciente o A reperfusão pode ser atingida
 Essa onda some. Com isso é através de angioplastia primária ou
infrequente pegar a onda T uso de trombolítico. A angioplastia
hiperaguda primária é preferível, desde que
o Minutos a horas: a onda T esteja disponível em tempo hábil.
apiculada some e surge o supra de
ST
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 1ª alteração: o 2ª: paciente evoluir para uma


o Onda T hiperaguda (esse nome de necrose por não conseguir
hiperaguda é reservado reperfundir a tempo  no eletro
exclusivamente para o caso de IAM gera a onda Q patológica que
com supra nos minutos iniciais) persiste para o resto da vida do
o Ocorre nos minutos iniciais apenas paciente
 aproximadamente até 20  O supra pode persistir por
minutos do início do infarto algumas semanas, mas depois
o Geralmente aparece em desaparece
derivações precordiais o 3ª: formação do aneurisma -> o
músculo saudável contrai e o
músculo que tá sem perfusão vai
para fora por não ter músculo
viável. É uma situação mais grave
onde não ocorreu nenhuma
 2ª alteração (supra de ST):
reperfusão e foi uma área mais
o O supra precisa estar em 2 ou mais
extensa  esses pacientes a longo
derivações contíguas
prazo terão supra de ST persistente
o Precisa ter uma amplitude maior
e onda Q patológica
ou igual a 1mm, exceto em V2 e V3
 Aneurisma da parede
 Em V2 e V3 a amplitude mínima
ventricular: expansão em sístole
precisa ser maior ou igual a
e retração em diástole
1,5mm nas mulheres; maior ou
 OBS: nas semanas iniciais pós-infarto a
igual a 2mm nos homens acima
onda T pode tá invertida. Inclusive o
de 40 anos e maior ou igual a
paciente pode ficar com a onda T
2,5mm nos homens abaixo de 40
invertida pro resto da vida. Assim, se
anos
identifico uma onda Q patológica e
o Relembrando que a o IAM com
na mesma derivação tem uma onda T
supra pode ter morfologia tanto
invertida, ela não será específica de
côncava como convexa. Porém, se
isquemia.
o supra for convexo é muito
provável ser um IAM com supra. Localização do infarto
Quando é côncavo pode ser IAM
com supra, mas também pode ser  Relembrando que no plano frontal só
outros tais como pericardite, existe esquerda, direita, cranial e
repolarização precoce caudal, não existe anterior e posterior
o No plano frontal o VE só tem duas
paredes: lateral (D1 e aVL – são
derivações contíguas) e inferior (D2,
D3 e aVF -são derivações
contíguas)
 Nas derivações precordiais:
o V1 e V2 são derivações únicas pois
olham tanto o VD e o septo
interventricular
 Um paciente com IAM com supra tem  Assim, posso ter um infarto de
3 possibilidades: parede anterior e septal que
o 1ª: perfundir o miocárdio de acomete de V1 até V5, pois V1
imediato  eletro normaliza
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olha o septo, V2 olha o septo e  V1, V2 e V3: são derivações contíguas


parede anterior, V3 e V4 olham a pois envolvem a parede ânterosseptal
parede anterior e V5 também  V3, V4, V5: são derivações contíguas
pode olhar a parede anterior da parede anterior
o V2, V3 e V4 são derivações de  V6, D1 e aVL: derivações contíguas
parede anterior, portanto são que envolvem a parede lateral
contíguas
Onda Q patológica e Área eletricamente
 OBS: V5 pode ser de parede
inativa
anterior ou parede lateral
o V5 e V6 são derivações da parede  A onda Q patológica representa uma
lateral necrose miocárdica no ECG
 Então V5 e V6 olham a parede lateral o Onda Q, relembrando, é a primeira
no plano precordial e D1 a aVL olham onda negativa do QRS
a parede lateral no plano frontal.  Critérios:
Essas 4 derivações são contíguas o Duas ou mais derivações contíguas
 Infarto da parede anterosseptal: não o Precisa durar 40ms (1 quadrado
existe infarto só da parede septal, mas pequeno) ou mais
sim anterosseptal. Assim, o infarto da o Precisa ter 0,1mV (1 quadrado
parede anterosseptal vai acometer pequeno) ou mais
desde V1 até alguma derivação de  Essa onda Q patológica ocorre
parede anterior (V3, V4, podendo ir porque como a área está necrosada,
até V5) ela não tem atividade elétrica,
 Infarto da parede anterolateral: Inclui consequentemente não há vetores de
V5 e V6 (precisa incluir V6 para ser despolarização do ventrículo indo
anterolateral). Além dessas, pode para aquela região, apenas vetores
pegar V2, V3 e V4 que são derivações se afastando (por isso é a onda Q, já
de parede anterior. Assim precisa que é negativa)
pegar alguma derivação de parede  OBS: a onda Q patológica pode
anterior + V5 e V6. Pode incluir coexistir com o supra de ST
também D1 e aVL pois são parede  OBS: onda Q patológica é o nome da
lateral morfologia, área/zona eletricamente
 Infarto de parede anterior extensa: é inativa é o nome do diagnóstico
um infarto que envolve a parede  OBS: onda Q patológica não da ideia
anterior, o septo e a parede lateral de tempo, o paciente pode ter tido o
infarto há 1 mês, 1 semana, 2 anos...
Parede V1, V3, V3
 A morfologia da onda Q patológica
anterosseptal
Parede anterior V1, V2, V3, V4 pode ser tanto QS (apenas a onda
Parede V4-V6, D1 e aVL negativa) ou Qr (onda negativa
anterolateral grande e uma onda positiva
Parede anterior V1-V6, D1, aVL pequena). Atenção, a onda Q não
extensa precisa ser maior do que a onda R, ela
Parede lateral D1, aVL, V5 e V6 precisa ter mais de 1mm de amplitude
Parede inferior D2,D3, aVF e duração
o Observe que uma morfologia RS
(onda positiva e depois onda
 OBS: aVR não é contíguo com
negativa) não é onda Q
ninguém
patológica
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Evolução IAM com supra

o Esse paciente infartou previamente


a parede anterosseptal (V1, V2, V3
e V4 negativos) e inferior (observe
o Existe onda Q patológica pois em
que em D2 , D3 e aVF) que são de
V1 tem a morfologia do QRS é QR,
paredes inferiores há onda Q
em V2 e V3 QS. Ou seja, todos os
patológica. Além disso observe que
QRS começaram negativo (onda
o eixo tá desviado para esquerda
Q) e essa onda Q preenche os
pois D1 + e D2 -).
critérios para onda Q patológica
(acima de 1mm de duração e
intensidade em duas ou mais
derivações contíguas). Além disso
há um supra em V1, V2 e V3. Com
isso, uma das possibilidades de ter
onda Q patológica e supra é um
infarto em evolução (agudo). Outra
possibilidade é o paciente ter um
aneurisma, pois ele causa um supra
persistente. O que irá diferenciar
um do outro é a clínica do
o Infarto prévio de parede inferior paciente: é uma dor aguda em
pois temos onda Q patológica em evolução? O paciente tá em um
D2, D3 e aVF (1mm de duração e ambulatório com insuficiência
mais de1mm de intensidade)  cardíaca porque infartou há x
Laudo do eletro área eletricamente anos?
inativa de parede inferior
Onda T de De Winter

 Existem algumas possibilidades de o


paciente chegar com IAM com supra
mas não ter supra no eletro: onda T
hiperaguda (nos minutos iniciais) e
onda T de De Winter (presente em 3-
5% dos eletros)
 Onda T de De Winter:
o Infradesnivelamento do ponto J +
onda T apiculada em derivações
precordiais (V1-V6)
 Ponto J é o final do QRS
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 Onda T de De Winter localiza o infarto  OBS: o infarto com supra é


na artéria descendente anterior supremo/soberano. Ou seja, se tem
infarto com supra não há isquemia
 O espelho aparece nas derivações
laterais (D1 e aVL) e inferiores (D2, D3
e aVF) no plano frontal; no plano
precordial o espelho se dá entre V1 e
V2 e entre V7, V8 e V9

Diagnóstico diferencial

 Outras causas de supra de ST:


o Pericardite
o Repolarização precoce
Alterações em espelho ou alterações o Bloqueio de Ramo Esquerdo
recíprocas o Síndrome de Brugada
o Síndrome de Takotsubo etc..
 Quando há um IAM com supra, as  Alterações em espelho ou alterações
derivações opostas ao supra recíprocas:
apresentam um infra o Quando há um IAM com supra, as
derivações opostas ao supra
apresentam um infra
 Pericardite
o É a inflamação do pericárdio
o Também da dor torácica, por isso a
importância de diferenciar
pericardite e infarto com supra no
eletro, porque o manejo desses
pacientes é totalmente diferente
o A pericardite evolui em estágios no
o Há um IAM com supra de parede eletro, em torno de semanas
inferior (supra côncavo presente (diferente do infarto com supra que
em D2, D3 e avF) é minutos e horas)
o Observe que em D1 e aVL há um o Alterações no eletro da pericardite
infra de ST  esse supra surge pela na fase aguda:
alteração em espelho. Como D2,  Supra difuso de ST em todos os
D3 e aVF possuem um supra, as grupos de derivações
derivações opostas são as  Diferente do infarto com supra
derivações laterais, e nessas que é bem mais localizado
derivações laterais pode aparecer  Supra côncavo de ST (de
como um infra maneira geral)
 O espelho só acontece em infarto  Um supra convexo é muito
com supra, não acontece em mais provável ser um infarto
pericardite ou repolarização precoce. com supra
Assim, se identifico no eletro uma  Infra do segmento PR
alteração em espelho estamos (representado na foto abaixo
falando de infarto com supra como seta azul) -> é um achado de
diagnóstico baixa sensibilidade
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aguda e pode estar presente em


5% dos casos de IAM com supra
 Consiste no aclive descendente
do final da onda T até o início da
onda P (segmento TP)

o Ex: de ECG com pericardite

o Na pericardite é comum um
infra de ST e supra do segmento PR
na derivação aVR
 Derrame pericárdico
o Relacionado com a
pericardite (não tem nada a ver
com supra)  A pericardite pode
causar derrame pericárdico
o O eletro na maioria das
vezes é normal
o Achados mais frequentes:
baixa voltagem e alternância
 Tem supra em várias derivações elétrica (na mesma derivação a
V5, V6 e D1 (parede lateral), D2, amplitude do QRS sobe e desce)
D3 e aVF (parede inferior), V3 e  A causa é que o coração fica se
V4 (parede anterior)  supra movendo no derrame volumoso,
côncavo e difuso por isso a cada batimento há
o Pericardite ou IAM com supra? uma voltagem diferente do QRS
 Repolarização precoce
o É outra causa de supra de ST
o Não tem nenhuma relação com
dor torácica
o É uma variação fisiológica que
ocorrem em adultos jovens
o Supra pequeno e côncavo de 1 a
2mm no máximo
o Pode ser um supra difuso ou
localizado, mas normalmente o
supra é localizado principalmente
na parede anterior (V1-V4) e inferior
 Resposta: IAM com supra pois o (D2, D3 e aVF).
supra é localizado o Elevação e entalhe do ponto J
(ânterosseptal- V1 a V5 tem
supra-) e porque tem o espelho
(supra leve em D1 e aVL e infra
em D2, aVF)
o Sinal de Spoidck: Presente em 30-
80% dos casos de pericardite
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jovem com mortes súbitas


abortadas
o É uma das causas de morte súbita
em pacientes jovens sem
alterações estruturais cardíacas
como infarto prévio, sobrecarga de
VE, cardiomiopatia hipertrófica etc.
 O paciente apresenta eco
normal, função ventricular
normal
o Não possui relação nenhuma com
dor torácica
 OBS: olhando apenas para o
o É um supra arqueado em V1, V2, V3
eletro ele pode ser tanto de
(não precisa ser nas 3 derivações).
repolarização precoce como
Não há supra em D2, aVL..
infarto com supra. O que irá
o Elevação do ponto J
diferenciar é a clínica, idade do
paciente...

 Apontado em azul temos o


ponto J
 Se o paciente desse eletro é
tabagista, 70 anos e com dor
 Nesse eletro não pode ser torácica, esse eletro é de infarto
repolarização precoce porque o com supra
supra é grande e há espelho em
D2, D3 e aVF devido ao supra IAM e BRE
em aVL e D1. O diagnóstico  Relembrando que em BRE não preciso
desse eletro é IAM com supra de ter QRS positivo em TODAS as
ST derivações laterais (D1, aVL, V5 e V6)
o Espelho não aparece na
repolarização precoce
 Síndrome de Brugada
o É uma mutação nos genes dos
canais de sódio
o É uma cardiopatia arritmogênica
que causa morte súbita, síncope,
taquiarritmias ventriculares
 Irei pensar em Brugada em
pacientes com histórico familiar
de morte súbita e síncope (já
que é genético), paciente jovem
o Nesse eletro há um BRE (QRS
que tem síncopes, paciente
alargado), negativo em V1, positivo
em V6, D1 e aVL
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o Observe que tem um supra em V1, cima também, ou seja, o QRS


V2 e V3  O BLOQUEIO DE RAMO precisa estar para baixo para
ESQUERDO TAMBÉM CAUSA UM ocorrer o supra (sentidos opostos).
SUPRA QUE É UMA ALTERAÇÃO Portanto, esse supra concordante
SECUNDÁRIA (QRS positivo e supra de ST) é de
o D1 e aVL tem um infra que é uma um IAM
alteração 2ª da repolarização  Em resumo o 1º critério é o supra
ventricular concordante em qualquer
 Entra como diagnóstico diferencial de derivação (só uma basta)
Q patológica (onda Q com amplitude o 2ª: Infra nas derivações V1, V2 e V3
e duração maior que 1mm). Então se  quando há um BRE, essas
tenho um BRE não existe diagnóstico derivações ficam com o QRS para
de área eletricamente inativa baixo, portanto, não poderia ter um
o O próprio BRE causa Q patológica infra (não posso ter infra no mesmo
 Relembrando a anatomia: sentido do QRS). Assim se tenho um
o O feixe de His se bifurca em ramo infra dessas derivações na
esquerdo (bem mais amplo) e ramo presença de BRE, não é uma
direito (mais fino) alteração secundária e também
 Pelo ramo esquerdo ser mais não é isquemia, é um IAM com
grosso é mais difícil ter um BRE supra de ST
 O BRE pode causar um supra de ST  Em resumo o 2º critério é o infra
(sem IAM)  Nas derivações onde o concordante em V1, V2 e V3
QRS tá para baixo (V1, V2 e V2) (não precisa estar nas 3)
 Também posso ter um IAM extenso o 3º: Supra do segmento ST
que causa BRE  quando é DA discordante e excessivo. Ou seja,
proximal  paciente gravíssimo com QRS para baixo e supra excessivo
choque cardiogênico, hipotenso para cima
 Se chega um paciente com dor o OBS: não precisa ter os 3 critérios, só
torácica aguda e ele tem um BRE, há um já basta
3 possibilidades:
o 1º: o IAM causar um BRE
o 2º: IAM em paciente com BRE
prévio
o 3º: BRE sem IAM (o paciente sente
uma dor torácica porém é
Em ordem: supra concordante -> infra
musculoesquelética,
concordante (QRS para baixo + infra) ->
gastrointestinal...)
supra discordante e excessivo
 Critérios de Sgarbossa:
o Esses critérios só valem se já foi  Critérios de Sgarbossa modificados:
diagnosticado o BRE no eletro o Criados para melhorar a
o Serve para analisar se o supra é sensibilidade do exame
uma alteração secundária por o 1°: supra concordante (não mudou
causa do bloqueio de ramo ou se é para o citado acima)
de fato um IAM com supra na o 2º: infra concordante em V1, V2 e
presença de bloqueio de ramo V3 (não mudou para o citado
esquerdo acima)
o 1º: se o QRS tá para cima, em um o 3º: supra do segmento ST
BRE, não posso ter um supra para discordante e excessivo. A
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amplitude do supra precisa ser mais alterações abdominais como dor


de 25% da amplitude da onda S epigástrica, náuseas, vômitos...)
(onda negativa) o Septal
o OBS: no BRE é difícil diferenciar o  Relembrando que da raiz da aorta
segmento ST da onda T porque saem as duas coronárias: coronária
estão meio fundidos. Nesses casos, direita e o tronco da coronária
posso medir o supra no ponto J esquerda
(final do QRS)

o Em azul: VD; em amarelo: VE; em


rosa: tronco pulmonar; em verde: a.
descendente anterior; em laranja:
 OBS: em caso de dúvida posso fazer
a. circunflexa; em vermelho: ramo
um eco no paciente e irei ver que a
septal
parede infartada não contrai
 Tronco da coronária esquerda se
(acinética)
bifurca em: artéria descendente
anterior e circunflexa
 A artéria descendente anterior (DA)
desce entre o VD e o VE no sulco
interventricular anterior
o À medida que ela desce, vai
irrigando a parede anterior
o A DA emite o ramo septal que vai
irrigar a parede septal
o Então sempre que tiver a parede
anterior e septal envolvida sempre
vai ser a DA
o Então, sempre que tiver um infarto
de uma região ântero alguma
LOCALIZAÇÃO DO INFARTO E ARTÉRIA coisa (anterolateral, anteroinferior,
anterosseptal ou anterior) a artéria
 Do ponto de vista do ECG, o coração que está ocluída é a DA
tem 4 paredes:  Algumas vezes a DA é tão longa
o Anterior que ela chega na ponta do
o Lateral ventrículo e dá a volta na parte
o Inferior (fica apoiada em cima do de trás (não é comum). Por isso
diafragma, por isso infarto da posso ter um infarto da parede
parede inferior dá muitas
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anteroinferior que ocorreu por


uma DA longa

o Nessa foto os átrios foram tirados e


estamos vendo a artéria tronco
pulmonar (mais anterior, apontado
em azul) e a aorta (apontada em
verde), bem como a valva
tricúspide e mitral. Relembrando
o Em azul: DA; em amarelo VD; em que da aorta saem a coronária
verde VE; em rosa parede lateral; direita e o tronco da coronária
em preto um ramo que foi para esquerda (em rosa) que logo se
parede lateral a partir da bifurca em a. circunflexa e DA (em
descendente anterior (ramo amarelo)
diagonal)  Observe nessa foto que a a. coronária
 A parede lateral (D1, aVL, V5 e V6) direita e a a. circunflexa fazem uma
pode ser irrigada tanto pela volta no sulco atrioventricular: a
descendente anterior como pela coronária direita pela direita e a
circunflexa circunflexa pela esquerda.
o A parede lateral pode ser irrigada o Quando a circunflexa tá fazendo a
tanto por ramos diagonais (que volta no sulco atrioventricular pela
vem da DA) como por marginais esquerda ela pode emitir ramos
obtusas (que vem da a. circunflexa) para a parede lateral (chamados
o Relembrando que se for um infarto de marginais obtusos)
da parede anterolateral é DA (pois
tem o envolvimento da parede
anterior); se for parede lateral
isolada geralmente é a circunflexa,
mas pode ser a DA, porque é
incomum um infarto de uma
diagonal isolada
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mesmo sulco, na parede inferior,


temos a artéria descendente
posterior (em rosa). Assim a DA e a
DP são paralelas
 A artéria descendente posterior irriga
a parede inferior (D2, D3 e aVF)
o A artéria descendente posterior
vem da coronária direita em 85%
das pessoas e em 10% ela vem da
artéria circunflexa; 5% das pessoas
têm duas descendentes posteriores
o Em azul átrio esquerdo, em amarelo (uma originada na coronária direita
VE, em verde a. circunflexa (no e outra originada na a. circunflexa)
sulco atrioventricular), em rosa  isso que define a dominância
ramos para a parede lateral direita ou esquerda
(marginais obtusos) o A artéria descendente posterior
segue o mesmo curso da DA só que
na parte de trás do coração
 Então, quando o paciente está
infartando a parede inferior, a artéria
VE que tá sendo acometida é a
descendente posterior, porém só não
VD
sabemos se ela vem da coronária
direita ou da circunflexa. Irei saber
disso a partir da companhia:
o Nessa figura temos um corte o Se tiver um supra de VD associado
transversal ao nível dos ventrículos. se trata da coronária direita,
Em amarelo temos a parede septal; porque a coronária direita irriga o
oposta a parede septal temos a VD
parede lateral (em laranja), em azul o Se for parede inferior+ parede
o diafragma, logo em verde lateral alta (D1 e aVL) é a artéria
parede inferior, oposta a parede circunflexa dominante
inferior está a parede anterior (em o OBS: se tiver um infarto apenas da
rosa) parede inferior na maioria das
vezes vai ser a coronária direita
porque 85% das pessoas têm a
coronária direita dominante

 Infarto de ventrículo direito


o Mesma foto para não ficar muito o A maior parte dos pacientes com
poluída. Em amarelo temos a DA, infarto com supra estão
localizada entre o VD e o VE no hemodinamicamente estáveis:
sulco interventricular anterior. No
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pouco taquicárdico, tá com dor, (não tem sangue indo para o


mas a pressão tá boa, perfundido pulmão nem para o VE). Além
normalmente, paciente tá disso é um paciente que
conversando com você, talvez responde a expansão volêmica,
esteja com um pouco de dispneia, porque preciso encher o
mas não está hipoxêmico paciente de pré-carga (volume)
o 5-10% dos pacientes com infarto para encher o VE. Outrossim, irei
com supra vão estar com choque: evitar qualquer droga que
hipotensos, parados, edema agudo diminua a pré-carga como
de pulmão...  morfina e nitrato
hemodinamicamente instável o Então, o paciente com infarto de
 A principal causa de choque VD tem um manejo clínico
cardiogênico no paciente com diferenciado: evitar hipotensão,
IAM com supra é o infarto expansão volêmica para aumentar
extenso a pré-carga para o VE
 O infarto extenso ocorre na o Quando irei fazer o diagnóstico do
parede anterior. Vai ser uma infarto de VD? Nem todo mundo
descendente anterior que chega com infarto eu irei
infartando na região proximal, pensar em infarto de VD. Irei pensar
porque aí acomete além da em infarto de VD apenas nos
DA, os ramos septais, que vão pacientes que apresentam um
para parede septal, e os infarto de parede inferior,
ramos diagonais, que vão principalmente se o paciente
para parede lateral. Com isso estiver instável
é um infarto extenso de hemodinamicamente, sobretudo
parede anterior, septal e hipotenso. Isso porque o paciente
lateral) infarta o VD quando infarta a
 É um paciente que tem coronária direita proximal, que
edema agudo de pulmão. Se quando é dominante também
der volume para ele, irei irriga a parede inferior
matar o paciente
 A segunda causa de choque
cardiogênico é um infarto de VD
(se houver um infarto de
coronária direita vai ocorrer um
infarto de VD e parede inferior, o
que configura um quadro grave.
Se tivesse infartado só a parede
inferior, o paciente estaria
hemodinamicamente estável)
 A fisiopatologia do choque
cardiogênico é que o VD não
funciona, então não chega
sangue no VE. Por isso é um  Infarto de VD- como identificar:
choque parecido com o 1º identifico o infarto de parede
hipovolêmico. O paciente inferior com supra de ST em D2, D3
apresenta o pulmão limpo, não e aVF
tem edema agudo de pulmão
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o 2º: identificado o infarto de parede que não passa) e o eletro está


inferior, procuro o infarto de VD normal, deve-se suspeitar de um
olhando V1 e/ou V2: se V1 e V2 infarto da parede posterior
estiverem suprados, junto com a o Como identifica? Através das
parede anterior é um infarto derivações especiais V7, V8 e V9.
anterosseptal por infarto da DA. Para gerar essas derivações, tiro os
Mas se V1 e V2 estiverem junto com eletrodos de V4, V5 e V6 do tórax
a parede inferior, com supra de ST, do paciente e migro eles para mais
será um infarto da parede inferior e distal  V7 na linha axilar posterior,
VD, pois V1 e V2 estão em cima do V8 na região infra-escapular (na
VD ponta da escápula) e V9 para-
 Em resumo: no eletro olho se há vertebral à esquerda. Depois,
IAM de parede inferior junto com procura o supra de ST nessas
supra de ST em V1 e/ou V2 derivações
o 3º: se não encontro supra em V1 ou  OBS: o eletro vai imprimir essas
V2, tenho que procurar em outras novas regiões como se fosse V4,
derivações: V3R e V4R (são V5 e V6. Portanto, devo riscar
derivações na mesma posição de essas derivações e substituir por
V3 e V4 só que do lado direito) V7, V8 e V9
 Infarto de parede “posterior”
o Se refere a um território anatômico
específico entre a parede inferior e
a parede lateral (em outros exames
como eco, ressonância e
tomografia é chamada de parede
ínfero-lateral)
o A parede ínfero-lateral pode ser
irrigada pela circunflexa e seus
ramos marginais obtusos ou por o Outra forma de identificar o infarto
uma coronária direita longa que de parede posterior (através da
continua após emitir a DP alteração em espelho): quando há
(descendente posterior) um supra em V7, V8 e V9, ele pode
o OBS: não existe de fato uma se manifestar como um infra nas
parede posterior no coração, derivações opostas (V1 e V2)
apenas no eletro que se refere a  Quando irei desconfiar de infarto
um infarto na parede ínfero-lateral da parede posterior? Quando o
o Essa parede posterior no eletro paciente estiver com dor
representa uma cilada no eletro, torácica importante e um infra
pois chega um paciente em V1 e V2. É diferente de um
infartando, porém o eletro está infra de isquemia porque este
normal. Isso ocorre porque o IAM envolveria várias derivações de
de parede ínfero-lateral pode ser parede anterior.
eletricamente silencioso, pois é
uma área que não é muito bem
representada no eletro de 12
derivações
o Ao desconfiar de um infarto
(paciente com dor torácica forte
Beatriz Mangabeira- T81

aguda e ECG normal. Pode ser um


IAM com supra “oculto” no ECG de 12
derivações

Resumo  artéria culpada no IAM com


supra

 Tem infarto de parede anterior? A


artéria culpada é a descendente
anterior (DA)
o Parede anterosseptal, parede
anterolateral, parede anteroinferior
 Parede inferior isolada? Infarto da
artéria dominante (coronária direita -
85%- ou circunflexa -15%-)
o Para diferenciar:
o Parede inferior + VD  coronária
direita proximal
o Parede inferior + parede lateral alta
(D1 e aVL)  circunflexa
 Parede lateral isolada? Geralmente a.
circunflexa é a culpada através das
marginais obtusas afetadas. O infarto
de parede lateral por acometimento
de diagonais geralmente é
acompanhado de supra em parede
anterior também por infarto da
descendente anterior
 Parede inferior + posterior? Pode ser
uma artéria circunflexa dominante,
que causa acometimento de parede
posterior e parede inferior
(descendente posterior); mas também
pode ser uma coronária direita longa
que continua no sulco atrioventricular
posterior, seguindo para a parede
posterior depois de emitir a
descendente posterior
 Lembrar de procurar infarto de
parede posterior (V7-V9) no paciente
com clínica de síndrome coronariana

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