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1 APENAS UMA NOITE (Trilogia Homens Evenfort) - Alba Luccas
1 APENAS UMA NOITE (Trilogia Homens Evenfort) - Alba Luccas
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Epílogo
Outras obras
O CEO bilionário esperava sua acompanhante de luxo.
A moça tímida e desastrada foi encontrar com seu novo chefe, mas
estava no endereço errado.
Não há espaço para romance ou amor em sua vida, após ser traído em
sua própria cama pela mulher por quem era perdidamente apaixonado, na
véspera do casamento.
lhe interessava.
A regra do bilionário Evenfort: apenas uma noite com uma mulher.
emprego por não ter experiência nenhuma na área. Assim ela dividia seu
tempo entre servir mesas de patins à tarde em um emprego e lavar pratos à
noite em um restaurante depois de passar a manhã entregando currículos e se
submetendo a entrevistas que nunca davam em nada. Até receber uma
indicação de uma professora da universidade para trabalhar na Evenfort
Books Inc, a mais conceituada editora do país, o que seria a realização de seu
maior sonho.
Mas Erin foi alertada que seu futuro chefe era um homem de "hábitos
noturnos e incomuns" e ela teria que se adequar à rotina dele.
Tudo seria perfeito se ela não tivesse recebido o endereço errado, mas
dessa vez não foi culpa da moça que vivia com a cabeça nas nuvens.
sua frente era a sua acompanhante de luxo daquela noite. Ele só não contava
que a moça inocente e virgem que foi parar no endereço errado, encontraria o
Mocinha virgem.
Bilionário que não acredita no amor.
Um endereço errado.
Um bebê inesperado.
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"Ninguém vai te salvar, então saia dessa torre, pule a janela, mate o dragão,
acorde sem o beijo, e avise ao lobo mau que quem manda é você."
Autor desconhecido
SIGA A AUTORA ALBA DE LUCCAS
Aprendi da pior forma possível que, na maioria das vezes, é melhor ter
causa do trabalho.
Trabalho sempre foi importante e uma das minhas prioridades, mas
não a principal, pelo menos desde que ela entrou em minha vida.
Emily era como um dia ensolarado, trazia alegria e vigor para qualquer
um bilhão de volts e meu coração bateu mais forte do que em qualquer outra
ocasião.
Gostava de rememorar como nos conhecemos, afinal a forma com que
ela surgiu não foi nada esquecível, em uma simples tentativa de sair do
estacionamento da universidade.
Sebastian e eu estávamos no processo de concluir nossa especialização
em Finanças, mas nossa vida já era bastante corrida.
Odiava pessoas que não tinham senso e cometiam aquele tipo de delito.
Sem acreditar no que estava acontecendo me apoiei na carroceria da
Land Rover e pensei que poderia simplesmente passar por cima daquela
coisa.
olhos.
— Eu não teria notado se você não dissesse — respondi com sarcasmo
— O cara que comprou essa moto deve ser uma pessoa muito foda e
com certeza vai chutar a sua bunda se...
terminasse a frase.
Quando me virei e me deparei com ela foi como se o mundo tivesse
vida. Ela se impôs de uma maneira tão forte que nem consegui pensar em
uma resposta, afinal estava sem reação.
— Espero que você não queira me expulsar por estar no lugar errado
— ela falou com ironia e só pude rir daquilo.
Em outras festas e eventos nos vimos novamente e conversávamos
quando havia oportunidade, mas o mais intenso foi quando finalmente
ficamos a sós e ela mostrou ser mais do que uma garota rebelde que pilotava
uma Harley-Davidson e ameaçava chutar a bunda de caras em
estacionamentos.
para sempre. Até minha família aprovava a relação e minha mãe, apesar de
preferir que encontrasse uma “boa moça escocesa”, como sempre dizia
durante toda minha adolescência, ficou feliz em ver como eu estava bem.
— É claro que poderia ser um pouquinho melhor, mas tudo bem, é
uma boa menina — ela falou com seu “r” enrolado, que, afinal, era um
charme. — Os meus netinhos vão ser tão lindos! — Deu uma piscadela e não
qualquer forma... Acho melhor assim, até porque você sempre será a única
mulher escocesa na minha vida. — Dei um sorriso que ela correspondeu com
uma de suas risadas estrondosas, pois mamãe nunca soube rir discretamente.
A única pessoa que parecia até mais animada do que eu e minha mãe,
era meu primo, Sebastian Evenfort, que além de ter o meu sangue também
tinha a minha confiança.
Ele era meu melhor amigo desde que me entendia por gente.
século.
Era um orgulho, para mim, continuar com o legado da família ao lado
de Sebastian.
Todo meu tempo livre era dedicado à minha namorada, a número um
em toda e qualquer lista que pudesse fazer.
Emily era a única coisa que enxergava como mais importante do que o
meu trabalho como CEO da Evenfort Books Inc.
será que você não está mergulhando muito fundo, Zack? Você não pode
basear todos os seus planos de vida em uma pessoa — Seb falou com um
com a personagem principal dos meus sonhos e tudo que conseguia sentir era
ansiedade em estar com ela mais uma vez.
Sorri para o meu primo e dei um beijo em sua testa, então ele parou de
falar e apenas me abraçou.
— Você tem certeza que é isso que quer fazer? É cafona demais até pra
mim. — Ele fez uma careta e cruzou os braços.
— Não é cafona, ela disse que adora esse tipo de coisa — rebati com
confiança, afinal estava orgulhoso do meu trabalho.
vai! Uma mentirinha não mata! — falei em tom de brincadeira e ela cobriu o
rosto com as mãos, chacoalhando a cabeça.
— Vamos lá, qual é a surpresa? — ela questionou inquisitiva quando
saíamos da estrada e seguíamos por um caminho de terra.
Eu já estava dirigindo há mais de quarenta minutos, mas valeria a pena.
— Se é surpresa não posso dizer, dã! — Rolei os olhos.
— Meu Deus, mas tá demorando muito! — ela reclamou enquanto
beliscava a ponta redondinha do seu nariz, que ainda sorria, apesar de parecer
ansiosa.
Era daquela garota que eu gostava e era por ela que havia me
apaixonado.
Aquele era o jeito dela, sorria e chorava com a mesma facilidade. Era
uma explosão de sentimentos que adorava observar.
— Então quer dizer que você gostou da surpresa? — Sorri enquanto
acariciava a pele macia da sua bochecha.
— Eu adorei! A gente vai mesmo voar em um desses?! — Ela ainda
parecia descrente e acenei com a cabeça de forma positiva. — A não ser que
você fique com medo! — provoquei e ela deu um tapinha de leve na minha
testa.
— De jeito nenhum! — ela falou enquanto pegava o celular e me
entregava.
Eu já sabia o que aquilo queria dizer, uma sessão de fotos.
Mas não me importava, adorava tirar fotos de Emily que era linda,
embora, às vezes, mostrava ser insegura com a aparência.
me pedisse.
Quando subimos foi estranho.
— Nem acredito que você lembrou disso. Faz tanto tempo... Às vezes,
acho que você nem existe, Zack — ela falou se referindo à conversa que
tivemos pouco depois de nos conhecermos, quando ela me contou que um
dos seus sonhos de infância era voar em um balão enorme e colorido.
— É claro que existo e estou bem aqui, onde quero estar pelo resto da
vida...
— No balão? — ela perguntou de um jeito bobo, o que nos levou a rir.
certificar.
— Eu amei! — ela pontuou e uniu nossos lábios por um breve
Ali tão perto das nuvens tive a sensação de que apenas nós dois
existíamos no mundo e que, a partir dali, poderíamos construir nossa história
juntos.
— Emily, queria te perguntar uma coisa, mas não quero que você se
momento, havia perdido as palavras, estava tão nervoso com a ideia de fazer
tudo perfeitamente que nem sabia como continuar. — Você se casaria
cobras serpenteando.
— Ok, isso já tá ficando esquisito — murmurei baixinho e ela pulou
em mim, o que desestabilizou levemente nosso meio de transporte, mas nada
grave.
— Sim, Zack, sim, sim, sim e sim! — ela falou com empolgação e,
enfim, pude respirar aliviado e feliz, pois iríamos nos casar.
Estava literalmente no céu, mas ainda não sabia que a queda,
Não passávamos mais tanto tempo juntos, mas sabia que o amor era o
mesmo.
Em um dos últimos jantares que tivemos em família, antes do dia em
que tudo mudou, senti que havia uma aura de constrangimento nos rodeando.
Era o aniversário de casamento dos meus pais e uma oportunidade para que
eles conhecessem meus sogros. O pai de Emily era a única pessoa que
parecia estar contente, afinal ela estava seguindo os passos dele no ramo, algo
conseguia enxergar.
Emily passou o jantar inteiro respondendo mensagens no telefone e em
diversas vezes ela se levantou para atender ligações. Quando ela finalmente
resolveu desligar o celular todos já haviam terminado de comer.
Meu pai tinha uma expressão dura no rosto, pois para ele aquele era o
pior tipo de falta de educação, interromper um jantar por causa do telefone.
tona.
— É uma boa pergunta.
Acredito que foi a primeira e última vez em que ouvi meu pai
concordar com minha mãe de maneira tão veemente.
O senhor Evenfort e sua pose tão austera fazia com que qualquer
ocasião parecesse uma reunião de negócios, embora ele tivesse lá seu tipo de
humor de vez em quando.
— Mãe, pai, nem estamos pensando nisso agora. A Emily precisa focar
na carreira dela que só está no início, não é, meu amor?
Acho que depois de muito pensar naquela situação imaginei que fosse
culpa.
vocês estiverem sem tempo, porque isso tenho de sobra e... — minha mãe
falou, mas não deixamos o assunto se estender.
havia trazido.
— Claro, querido — ela respondeu e depois disso a conversa seguiu
diziam que Emily parecia estar estranha, mas, para mim, aquilo não
importava. Sabia que quando tudo se estabilizasse voltaríamos a ser aquele
pequena crise.
Acredito que se quando é jovem, quando se permite que as emoções
preço a se pagar pode ser caro demais. Que se recuperar exigirá mais do que
apenas jogar na lata de lixo qualquer outra tentativa de confiar seu coração a
outra pessoa, que toda sua fé no amor estará arruinada irremediavelmente, no
meu caso, pelo menos.
Durante aquela viagem de negócios especificamente, decidi que
quando retornasse me tornaria um parceiro melhor, que buscaria formas de
fazer com que o meu relacionamento com Emily recuperasse o brilho.
Comprei diversos presentes para ela e enviei para sua casa, entre eles
estavam algumas joias, lingeries e perfumes. Queria que ela soubesse que me
lembrava dela.
No final das contas, decidi voltar mais cedo, pois queria ver minha
noiva logo. Tinha pressa em contar tudo que se passava na minha cabeça, que
não deveríamos mais adiar o casamento e começar a planejar tudo o quanto
antes.
Quando cheguei, por algum motivo, decidi ir até o nosso apartamento.
Eu queria olhar para ele e lembrar como havíamos chegado até aquele
momento, queria rememorar o dia em que colocamos os pés ali pela primeira
destruição.
Abri a porta com delicadeza e respirei fundo, pois mais tarde iria
propor a Emily que fôssemos até ali juntos, que poderíamos continuar de
onde paramos.
Mas quando entrei me deparei com algo que não esperava.
Havia dois móveis em todo apartamento, Emily e eu escolhemos uma
cama king size para o nosso quarto, por motivos óbvios e um amplo sofá para
sala.
A sala estava praticamente vazia, havia o sofá vinho e roupas
Não era a mesma lingerie e ela havia esquecido aquelas peças ali na
última vez que visitamos o lugar, era a explicação mais provável.
bem.
Após alguns movimentos, Emily percebendo a expressão do sujeito,
que olhou diretamente para mim, virou a cabeça em minha direção e nossos
olhos se cruzaram.
comportamento?
Ela estava fodendo com um jogador de tênis qualquer, conhecido meu
por sinal.
Seu olhar foi se transformando, oscilando de prazer para terror em
questão de segundos.
Um rosto desfigurado pela descoberta, pelo flagrante.
fazendo sexo com outra pessoa, mas pelo fato de que ela havia me beijado e
dito que sentiria minha falta quando viajei. Pelo fato de que conversávamos
todos os dias pelo telefone e ela dizia que me amava, que queria que eu
voltasse logo.
Como a minha vida e todos os planos que tracei nos últimos três anos
para um futuro ao lado da única mulher que amei poderiam desmoronar em
poucos segundos?
Estava tão arrasado que nem sabia o que fazer com todas aquelas
emoções. Estava tão devastado e confuso, afinal nunca havia me sentido tão
humilhado e enganado.
anos, sempre desviando das investidas das mulheres que queriam conhecer
um dos “homens mais gostosos do ano”, pelo menos, para os tabloides
sensacionalistas.
Sebastian e eu havíamos rido tanto daquele título quando promoveram
uma votação online e ficamos empatados em primeiro lugar na enquete entre
as leitoras britânicas.
Mas, naquele momento, não via motivo algum para rir.
Pude ouvir a voz de Emily atrás de mim, gritando, pedindo por uma
conversa, enquanto alguns segundos atrás ela estava transando com um cara
qualquer mulher.
O desespero tomou conta de mim e não sabia o que fazer, queria ligar
para Seb, mas não estava pronto para lidar com seu gênio espirituoso que
sempre tentava ser otimista e enxergar o copo meio cheio.
Ainda não estava pronto pra falar com ninguém porque não queria ser
consolado e, muito menos, precisava de olhares piedosos sendo direcionados
a mim.
“Não seja um idiota, Zack, o Sebastian vai zombar tanto de você por
causa desse par de chifres”, dizia a mim mesmo tentando achar algum humor
em meio às lágrimas.
Queria ter filhos com ela, adotar um cachorro, comprar uma casa,
viajar pelo mundo, fazer todas as coisas boas que poderiam ser imaginadas,
chamado. Estava de luto pela vida que nunca viveria, desacreditado, como se
uma parte muito importante minha tivesse sido arrancada.
Tia Harriet, mãe de Sebastian, foi traída pelo pai dele e quando
descobriu apenas terminou o casamento, o que foi de grande sabedoria, afinal
não seria justo continuar casada apenas porque meu primo tinha quatro anos
na época. Todos sentiram que, depois daquilo, ela se fechou e se tornou uma
pessoa mais discreta ainda. Era para a casa dela que estava indo e fui
recebido por uma expressão confusa em seu rosto já marcado pelo tempo.
— Olá, tia. — Ofereci o melhor sorriso que pude.
Certamente, ela leu em mim, o desgosto e a decepção, afinal,
simplesmente, me puxou pela mão e me ajudou a entrar, sem perguntar nada.
Tia Harriet era uma pessoa muito tranquila e gostava de coisas simples.
Ela morava em uma casa muito confortável, mas afastada do centro da
— A senhora deve estar achando esquisito que tenha vindo até aqui de
surpresa. Na verdade, peço desculpas por isso. Não é de bom tom e sei como
senhora seria a única pessoa que me entenderia sem me julgar, afinal todos os
outros tentaram me alertar quanto a isso em algum momento e ignorei
chorando por uma traição, mas sabia que não era sua intenção.
— Emily — falei o nome e a cena voltou a minha mente, então
uma surpresa, mas a surpresa foi minha. — Dei um pequeno riso amargo. —
Decidi passar no apartamento que compramos e estávamos mobiliando, mas a
encontrei lá com outro homem. — Finalmente consegui dizer as palavras,
mas o ódio dominava meu peito.
Era muito difícil.
— Meu Deus, isso é um horror! Eu sinto muito, Zack! — ela falou
consternada, enquanto acariciava meu ombro de maneira afetuosa.
Ela realmente sabia, mas seguiu em frente e queria saber como faria
aquilo também.
nossos maiores medos para amadurecer, Zack. Acho que viemos para esse
mundo a fim de aprender alguma coisa. Sei que nesse momento é difícil
enxergar isso, mas agora você vai descobrir sua força, vai descobrir que
consegue fazer tudo sozinho.
Eu não conseguia imaginar tia Harriet com medo ou sendo uma pessoa
frágil e confesso que era interessante ouvi-la falar sobre seu outro lado, o que
a isso, mas você não escutou. Você precisava enxergar com seus olhos a
situação — ela explicou de forma calma, como uma mãe bondosa.
— E como a senhora... Bom, como a senhora descobriu isso? Que
conseguia continuar por conta e que não precisava de ninguém? — perguntei
como um calouro que tirava dúvida com um instrutor.
— Bom, preciso de muitas pessoas. Preciso do meu filho, preciso de
você, preciso até da chata da sua mãe — ela falou de forma que me arrancou
um pequeno riso. — Mas agora sei quem são as pessoas certas e sei que
quando as pessoas nos machucam não precisamos mais ficar perto delas.
Você acha que não fui criticada? Muitos disseram que estava sendo infantil
de me divorciar por um pequeno deslize, diziam para que criasse o filho que
ele teve fora do casamento, acredita? — ela falou com certa irritação na voz e
não era para menos.
Sabia que aquele caso havia resultado em um filho e que, por isso,
após se divorciar de tia Harriet, Gordon havia casado com a outra mulher.
Mas não sabia que minha tia teve que lidar com comentários tão
desagradáveis.
meu filho ficaria sem pai. Pois bem, meu filho ainda tem pai, um grande filho
da puta, mas tem — ela falou usando seu linguajar nada ortodoxo, fazendo
casa em que tive meus anos mais felizes, ou era o que acreditava, até
descobrir que estava dormindo com o inimigo. Várias vezes pensei em ceder
e voltar àquela vida, pois sentia falta de Gordon, mas felizmente resisti.
Encontrei uma paz tão grande que não quis pensar mais em me unir com
ninguém.
— Acho que o Seb iria gostar de ter um padrasto — falei de um jeito
pequena, com meus poucos funcionários, com as minhas plantas, com meu
clube do livro e com minhas missas dominicais, que nem posso sequer
insistentemente, até o ponto de ter que mudar meu número. Também lotou
minha caixa de e-mails e assediou todos os meus amigos e familiares em
impiedoso. Sem nem perceber uma das mãos rastejou até o celular ao lado da
cama e derrubou tudo que estava sobre a mesa de cabeceira, então, o barulho
dos livros, canetas, embalagens usadas, batons e papéis caindo foi o
suficiente para me fazer despertar.
cambaleante.
Samantha estava desmaiada na cama ao lado da minha, tanto que sua
despertando.
— Sam, você precisa acordar e se levantar também — falei enquanto a
sacudia de leve e retirava alguns fios dos seus cabelos negros do rosto.
Minha melhor amiga apenas balbuciou algo ininteligível e escondeu a
cabeça debaixo do travesseiro.
Caso perdido!
Ela voltou para o mundo dos sonhos.
Rolei os olhos e desisti, indo direto para o banheiro, caso tivesse sorte
não haveria fila e...
— Seríssimo — concordei.
Geralmente, colocava o despertador um pouco mais cedo apenas para
evitar todo o drama do banheiro, afinal não era fácil ter que compartilhar o
espaço com mais cinco pessoas, mas como sempre estava muito cansada
acabava me perdendo na função soneca em vez de me levantar da cama logo.
— Boa sorte para você então, querida. — Amanda direcionou os
braços para a entrada, como um gesto de gentileza e só pude fazer uma careta
enquanto prendia a respiração.
Aquele seria um dia bom, estava sentindo.
funcionavam como uma espécie de motivação, afinal nada era tão difícil a
ponto de ser impossível.
poucas horas livres antes do trabalho para distribuir currículos por todos os
lugares possíveis, o que nem sempre era uma tarefa fácil, afinal, em certos
lugares, não era sequer recebida, mas ainda assim ia embora com um sorriso,
em busca de outras oportunidades.
Óbvio que no começo não foi nada fácil, afinal, como meu pai sempre
falou, parecia ter dois pés esquerdos e o método de serviço do restaurante que
me contratou não facilitava muitas coisas para a minha coordenação motora
precária.
No dia em que a senhora Romanov me entrevistou fiquei morrendo de
medo quando ela me encarou com seus olhos de pedra e um corpo mais firme
do que um caminhão. Ela parecia ver até mesmo a minha alma e não sorriu
nenhuma vez.
Apesar da minha péssima atuação naquele dia não desisti.
cultura pop dos anos sessenta, mas esperava que pudesse trabalhar parada,
como caixa ou na cozinha, e não servindo pessoas em um estacionamento,
Mentir sempre foi difícil para mim, e acho que meu cérebro me punia por
aquilo.
forma efetiva era mais complicado, o que me gerou umas boas dezenas de
arranhões e hematomas.
— Você vai ter que esconder isso, garota — minha amiga falou
enquanto deslizava os olhos, cheios de julgamento, sobre mim.
estendia a mão e sentia meu rosto quente, quase tão quente quanto o joelho
que ralei de novo.
ruivos e sardentos que faziam piadas com qualquer bobagem, eles eram
pessoas com corações enormes e me ajudaram a resolver o problema.
tempo.
Era óbvio que tive que provocar a Samantha com aquilo e dizer que ela
não era uma boa professora, mas o máximo que ela fez foi me mostrar o dedo
do meio e colocar os fones de ouvido estourando, o som estava tão alto que
poderia se ouvir de longe.
Eu adorava aquela garota.
A senhora Romanov também se tornou menos assustadora com a
convivência, na realidade, ela era um doce de pessoa, apenas escondia muito
bem de todo mundo aquilo. Depois fiquei sabendo que vez ou outra ela pedia
para que os gêmeos me ajudassem, por mais que, às vezes, ainda me desse
algumas pequenas broncas.
Claro que nem tudo eram flores, porque sempre havia uma maçã podre
em um cesto. Naquele caso, Sergei Romanov, irmão do meu chefe, era a
e, simplesmente, me virei.
A raiva estava estampada no meu rosto com toda certeza.
exposta, mas antes que começasse a gritar ou chorar de raiva, ouvi uma voz
conhecida, era Igor, e me senti grata por seu jeito explosivo naquele dia.
e, antes que continuasse, foi contido por pessoas que estavam ali perto.
No final das contas, acabamos todos sentados lado a lado no escritório
Mas a senhora Romanov era justa e a única pessoa que precisou ouvir
foi Sergei.
Isso não é a postura de um homem. — Ela foi mais enfática ainda. — Peça
perdão para a moça, ou seu pai vai saber disso agora mesmo. Como você
de Sergei, ele fará todo seu trabalho de hoje e você terá uma tarde livre.
— Mas... — Ele tentou dizer, mas tudo que recebeu foi um tapa forte
na testa.
Naquele momento, Igor que não conseguiu deixar de rir, recebendo um
nojentas de Sergei.
Apesar de ter me adaptado bem ao trabalho, ainda era difícil conseguir
me sustentar e ajudar meu pai, que ficou em Bourton o the Water, mesmo que
ele não me pedisse nada e dissesse que seu salário como maquinista era o
suficiente.
Sempre tive uma forte amizade com meu pai, nos entendemos desde
sempre e nos conectamos mais ainda quando minha mãe ficou doente e
faleceu às vésperas da minha mudança para Oxford.
Aqueles foram tempos difíceis e até minha alegria de ter conseguido
uma bolsa integral para a universidade dos sonhos foi um pouco apagada pela
partida da minha mãe, uma mulher incrível e cheia de sonhos.
quando ela contava a história de amor dela e do meu pai, que era digna de um
filme.
imparável.
Ela conheceu meu pai quando ele viajou pela bela Santorini, cidade
mas os meus avós não gostaram nada daquilo, afinal meu pai era um
forasteiro. Ele poderia apenas tirar a honra da minha mãe e depois abandoná-
la, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário e o amor deles prosperou
na diversidade.
A jovem Papadopoulos, mais conhecida como “mamãe”, foi enfiada
em um convento pelos pais conservadores.
Em momento algum ela se rendeu e passou toda aquela temporada
falando sobre Callum, o inglês dos olhos azuis com quem ela iria se casar.
Sem contar que ela tinha uma boca muito suja para uma moça, como as
entregar cartas ao meu pai. Ela costurou três coletes e ofereceu ao garoto
espinhento, como ela gostava de dizer, assim o contato entre ela e o amor da
sua vida se manteve, até que ela pôde fugir de uma vez.
Depois disso eles nunca mais se separaram e os admirava pela forma
afinal assistia a eles todos os dias e fiquei surpresa quando descobri que na
“vida real” as coisas não eram bem daquela forma.
presenteava com livros, até porque não havia muito que fazer em nossa
pacata cidade.
Senti que sua felicidade era verdadeira no dia em que contei a ela, mas
em seu rosto vi também uma pequena tristeza, como se depois daquilo ela
minha frente. — Enquanto você estiver lendo nossos livros sempre vamos
estar juntas.
real.
Meu pai nunca deixou de escrever uma semana sequer, apesar de nos
falarmos pelo telefone sempre, pois era um hábito que cultivamos para nunca
esquecer como ele e minha mãe se mantiveram unidos nos momentos mais
difíceis.
As palavras eram importantes para nós e as valorizávamos.
Sempre contava ao meu pai sobre tudo que acontecia e também sobre o
que aprendia a respeito da cultura da minha mãe, pois fazia questão de me
louco me conquistou, afinal ela lembrava muito minha mãe, fez com que o
progresso não fosse tão complicado.
“E fui.”
Após mais um dia cansativo, quando cheguei ao apartamento com as
número de jeito nenhum e pediu para que você ligue rapidamente! — Minha
amiga parecia estar exasperada segurando meus ombros para dar mais ênfase
ao recado.
— Eu vou ligar para ela agora! — falei pegando o celular e
constatando que ele descarregou porque era tão velho que a bateria estava
viciada. Bufei de raiva e mostrei o aparelho para Samantha. — Bom, acho
que é tarde demais, posso ligar amanhã.
— Não! Olha só, ela pediu que você retornasse assim que chegasse,
não importava o horário. Toma, pega o meu. — Sam me ofereceu seu celular
caríssimo que recebeu de presente da sua avó e aceitado, porque era uma das
poucas pessoas com quem ela ainda falava na família.
Depois de tanto tempo sem uma boa notícia, de me deparar com tantas
portas e semblantes fechados minha intuição estava gritando de forma
positiva e ainda nem sabia como aquela ligação mudaria minha vida
definitivamente.
O excesso de trabalho nunca foi tão bem-vindo em minha vida quanto
nos anos que se seguiram. Estar engajado em minhas atividades foi o motor
apenas uma maneira de ganhar dinheiro e riqueza, mas como nossa família se
impunha no mundo, a maneira como viveríamos, mesmo quando não
paixão que tanto precisava dentro do meu trabalho, todos os dias, e não sentia
falta de um relacionamento romântico, afinal havia coisas muito mais
ele preferia se casar com mulheres, por mais que nem sempre funcionasse
bem.
pois era o tipo de coisa que fazia com que meus olhos brilhassem. — Uma
coisa maravilhosa! Você precisa ver...
— Você precisa ver a sua cara, Zack — Sebastian falou com a feição
engraçada.
negócios milionários, Seb aparecia com umas tiradas filosóficas, como se ali,
do nada, surgisse uma análise muito apurada de nossas vidas.
— Não me olhe assim, você sabe do que estou falando. Pensa bem...
Se me caso tantas vezes é porque não acredito mais em casamento. No fundo,
Eu não estava buscando por amor, mas por intensidade, por qualquer
coisa que pudesse me distrair enquanto não estava focado na minha vida
profissional.
Não era difícil conseguir o que desejava e, assim, pude descobrir o
significativo.
Aquela era a verdadeira satisfação.
Óbvio que era uma ótima oportunidade de relaxar e até ter conversas
interessantes, nada além disso.
Apenas um encontro, era a minha regra, depois disso nunca mais.
Algumas me agradavam mais do que outras, mas nenhuma delas nunca
despertou o desejo de mudar meu pequeno código, por isso era até fácil
manter aquele estilo de vida e nunca teria um relacionamento que
atrapalhasse meu progresso profissional.
definidas, seu quadril largo, seios medianos, pescoço longo, rosto esculpido...
Precisei respirar fundo quando a vi e me levantei imediatamente para
assim que meus amigos me chamam. — Com uma piscadela ela me estendeu
a mão para um cumprimento um tanto formal, o que era um jogo divertido
deixar de concordar.
Contra a parede...
Meu corpo pressionava o corpo de Daisy contra a parede, com nossos
que uma mulher se sinta desejada é a fórmula perfeita para que ela faça seu
parceiro gozar.
Mas, naquele dia, o ambiente não fez tanta diferença, na verdade,
Daisy pareceu aprovar e aquilo se mostrava pela forma com que ela
jogava sua cabeça para trás, em seguida pegando uma das minhas mãos e
que já estava.
Mas aquele era só o começo e precisava me controlar um pouco.
quanto possível.
Permiti que meu corpo se movesse rápido, fazendo com que meu rosto
estivesse entre suas pernas, para então mordiscar uma de suas coxas.
Podia sentir o cheiro da sua excitação, enquanto sua lascívia começava
entrar em ebulição. Gostava de olhar para ela e vê-la se movendo, aos poucos
perdendo completamente o controle sobre si mesma, deixando que seus
instintos mais primitivos domassem suas ações, fodendo como se fosse a
última coisa em sua vida.
Permiti que a língua a saboreasse sem pressa, enquanto ela se retorcia,
se contorcendo de maneira irrefreável.
Sabia o que vinha em seguida, um orgasmo poderoso que faria com
enfraqueciam. Agarrei suas coxas, tomando todo o seu mel sem pensar duas
vezes.
Era por essa razão que sempre pedia exames, exigindo que minhas
acompanhantes fossem completamente saudáveis, porque gostava de me
que nada é melhor do que um orgasmo, para atingir mais orgasmos ainda.
Tomo seu corpo entre os braços e carrego a dama até a cama, onde ela
corpo.
A iniciativa que me fez quase explodir de tesão.
posição, me colocando sobre seu corpo. Ela puxou uma das minhas mãos,
chupando meu dedo médio de forma sensual, sem pudor algum.
Seus olhos fechados enquanto fazia o ato foi o que me tirou do sério.
Logo penetrei sua doce boceta de forma cuidadosa, finalmente,
movendo os fios dos seus cabelos longos para o lado, deslizando a boca por
sua nuca, o que lhe arrancou alguns suspiros.
Ela não demorou em se colocar de quatro e não pude evitar em
espalmar sua bunda de maneira bruta, fazendo com que ela gemesse mais alto
ainda, esfregando seu corpo em mim.
Finalmente, me livrei da última peça que usava, deixando meu membro
livre para roçar naquele traseiro macio. Logo peguei um preservativo,
harmoniosa.
Não me contive mais enquanto agarrava os fios longos daquela
maravilha de mulher.
Estávamos suados, sem fôlego algum, nos movendo cada vez mais
nada depois.
Queria me punir por ser tão apático com as mulheres.
emoções.
Entre às nove da noite e às sete da manhã seguinte meu nome estava na
Quando saí senti certo alívio em saber que aquela seria a primeira e
última vez que veria aquela mulher.
foi terrível.
Foi como se ela se tornasse a figura adulta que me confortava naquele
ambiente tão selvagem, então quando a via chegar com seu um metro e
sessenta de altura e sua pasta marrom, já me sentia menos sozinha no mundo.
No instante em que Sam me contou sobre a ligação pressenti que seria
algo importante, algo positivo, pois, havia pessoas que só entravam em
contato para trazerem coisas boas e aquele era o caso.
em conversar com ela, afinal já fazia um bom tempo que não nos falávamos.
— Boa noite, querida Erin, como você está?
correndo.
— Sem problema algum. Você sabe que estou sempre disponível para
você ajudando cada pessoa perdida naquele auditório. Não é todo dia que os
novatos dão essa sorte, enfim, vou parar de tagarelar e ir direto ao ponto.
Naquele instante, minha respiração ficou suspensa, era estranho, mas
tinha uma sensação esquisita sobre aquela conversa. Não uma sensação
desagradável, mas algo que era capaz de acalmar meu peito e me fazer me
sentir mais tranquila, enquanto meu coração batia ligeiramente mais forte.
— Bom, soube de uma vaga...
Tive que me conter para não gritar e sair pulando pela sala.
Meus companheiros de apartamento me olhavam com interesse e
Sabia que algo vindo da senhorita Morris não poderia ser negativo.
— Se trata de uma oportunidade como revisora de textos, o que acha?
— Erin, você ainda tá aí? — Ela pareceu estar apreensiva com minha
mudez.
semanas que pedia para que ela arrumasse toda aquela bagunça incontrolável!
— Prontinho — concluí, me sentando na beirada da cama, preparada para
ouvir atentamente.
— Estou te indicando para trabalhar diretamente com os peixes
grandes da empresa Evenfort Books Inc. Bom, para começar posso dizer que
o Evenfort é um homem meio excêntrico.
A senhorita Elena Morris jamais seria indelicada, mas percebi que ela
queria dizer que meu futuro chefe era um doido de pedra.
— Não precisa levar cada coisa que digo ao pé da letra, apenas tenha
em mente que ele tem algumas manias que podem parecer serem esquisitas,
como trocar o dia pela noite. Mas não se deixe desanimar com isso, apenas
seja observadora e mantenha seus ouvidos funcionando.
“Aprenda tudo o que puder com ele, pois com certeza isso vai
transformar sua percepção e alavancar sua carreira, pode ter certeza!
“Ah, claro!
“Não encha o homem de perguntas, seja discreta, mas sei que nem
“Quem sabe você não acabe em uma vaga de editora assistente quando
o período terminar?
— Claro! Tenho tido alguns problemas técnicos com meu celular, mas
a Sam pode me passar qualquer recado, caso não estejamos perto uma da
Morris havia ficado extremamente preocupada com minha situação. Ela não
queria que me desdobrasse em dois empregos que nada tinham a ver com a
minha área. No fim daquela conversa anterior, ela prometeu que, se soubesse
de algo, seria a primeira pessoa a quem ela indicaria e ela cumpriu sua
palavra.
Eu não poderia estar mais feliz quando nos despedimos.
Não tinha ideia de como iria contar para a senhora Romanov e para os
gêmeos que iria embora. Sentiria falta dos meus amigos e até do jeito
rabugento dela, mas ficaria contente em não ter mais que usar aquele
uniforme e me arriscar em cima daqueles patins perigosos.
Fiquei tentada a contar a novidade ao meu pai por carta, pois podia
imaginar o quanto ele ficaria emocionado em ler aquelas palavras no papel.
Eu quase podia ver o rosto dele perplexo, enquanto, aos poucos, as lágrimas
encheriam seus olhos e a emoção deixaria seu coração quentinho. Só que, de
forma alguma, teria paciência, então tive que ligar para ele imediatamente,
mesmo que soubesse que o estaria acordando.
— Alô — ele falou, assim que atendeu, um pouquinho sonolento,
porque tinha o costume de dormir bem cedo, ao contrário da minha mãe.
— Papai, eu consegui um emprego! — exclamei e recebi um pequeno
silêncio em resposta.
Podia imaginar a expressão dele, como se ele estivesse bem ali na
minha frente.
— Erin, nem acredito! Um emprego?
Sua voz expressava toda sua alegria e aquilo me fez sorrir sem parar,
tanto que meu rosto começava a ficar desconfortável de tanto sustentar aquele
semblante.
— Eu sabia, minha filha! Eu sabia que seria logo! — ele exclamou de
um jeito satisfeito.
— Estou nas nuvens... — falei com suavidade, já me imaginando com
— Por favor, conte para minha tia, ela vai surtar! — falei com um
sorriso enorme.
Estava mais alegre ainda porque sabia que, se recebesse um salário
justo, poderia fazer a festa de aniversário que tanto queria para o meu pai. Ele
iria fazer seus sessenta anos e aquilo era algo a se comemorar. Odiava a ideia
de depender da ajuda dele, queria, na verdade, fazer algo por ele.
Naquela noite, mal pude pregar os olhos, estava muito ansiosa e foi
tanto inquieta. Ela me lançou um olhar bastante afetado e não entendi nada.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei com estranheza e ela se
— ela falou com seriedade. — Ah, liga para a sua chefe e diz que amanhã vai
estar com dor de barriga. Ou melhor, por que não pede logo demissão?
— Sam, você sabe que não posso mentir! Como vou pedir demissão?
Ainda nem fui contratada.
insatisfeita.
No dia seguinte, simplesmente, me obrigou a deixar que ela ligasse
aquilo, mas acabei me dando por vencida ao pensar que precisava mesmo me
preparar para aquela entrevista.
Nunca gastei muito com roupas, afinal tinha coisas mais importantes,
como o aluguel.
fiz uma careta. — Sem ofensas. — Ela emendou. — Só tem uma solução pra
isso... — falou com um semblante reflexivo.
recorrer ao...
— Cartão da Vovó — completei a frase e ela aquiesceu com um gesto
problema era a origem de todo aquele dinheiro, que tinha a fama de estar bem
manchado de sangue relacionado à máfia. A única pessoa com quem ela
ainda mantinha contato era com sua avó paterna, que era como uma mãe para
ela e também era a única pessoa de quem ela aceitava presentes e dinheiro,
mas só em caso de última necessidade.
Durante a faculdade, houve boatos onde diziam que Samantha tinha
um cartão ilimitado, dado por sua avó, com o qual promovia enormes festas e
— Erin, você é linda, mas não é só sobre isso. Se você quer entrar
nesse mundo vai ter que me escutar.
algo que atendesse às exigências da minha amiga, era como se ela tivesse
algo muito específico em mente.
sofá sinuoso e marrom que ficava perto da entrada para o conforto dos
clientes.
verdade?
A mulher mostrava em seu timbre arrogância e tudo que pude notar foi
minha ingenuidade, achei que seria de bom tom comprar refrigerante para
minha colega de quarto e eu. Imaginei que seríamos melhores amigas e que
iríamos nos dar muito bem, mas não foi bem o que aconteceu.
Meu jeito desastrado fez com que, na realidade, tudo que pudesse
Megan ficou furiosa enquanto seu rímel escorria por suas bochechas.
Jamais pensei que alguém seria capaz de proferir tantas ofensas para
— A única coisa ridícula nesse lugar é você! Ela só tentou ser gentil!
— Foda-se! Eu não preciso da gentileza de nenhuma jeca cafona!
vez.
Foi o que Samantha fez, simplesmente identificou quais eram as
minhas malas e saiu carregando para seu quarto, enquanto eu mal conseguia
computar tantos acontecimentos.
Nunca mais nos separamos depois daquele dia fatídico e ganhei uma
melhor amiga mais próxima do que uma irmã. Ela era facilmente irritável,
encarava.
— Sam, vamos só continuar nossas compras — falei baixinho, mas ela
ainda encarava a mulher de forma colérica.
— Olha aqui... Valery. — Minha melhor amiga parou apenas para ler o
nome da mulher em seu crachá e depois lhe ofereceu um sorriso que mais
parecia uma careta. — Estou dentro dessa loja de propósito. Sei muito bem
onde fica a B&B e você deve saber também. — Seu olhar era irônico. —
Agora pode, por favor, ajudar minha amiga aqui a encontrar algo adequado,
feminino e profissional? — Apesar de ainda estar metralhando a vendedora
mesma maneira.
Respirei com calma, sabendo que aquele seria um longo dia, mas, no
final, valeria a pena.
Pelo menos era o que esperava.
— A companhia da sua família é líder no mercado editorial na Europa.
diferente de mim. No fim, era como se fôssemos duas faces de uma mesma
moeda e nos completávamos de uma maneira singular.
— Como isso tudo surgiu? Pode contar um pouco sobre a história dos
Evenfort? — o entrevistador, um homem jovem, questionava meu primo, que
do seu tempo. Imagine só, uma mulher empreendedora no século XIX. É algo
curioso de se observar e uma história importante para nosso trabalho hoje.
conhecido. Nada foi fácil e cada etapa teve que ser vivida, então com bases
tão fortes, sinto que é mais fácil vencer os momentos de crise.
instrumento. Acredito que a vida das pessoas se tornou muito mais corrida e é
um privilégio ter tempo para uma leitura calma. É preocupante, mas, ao
o outro com maletas, mas pelo que você percebeu, Robert, não trouxe
nenhuma maleta.
Mais uma vez meu primo usou uma sacada inteligente para fazer graça,
como aquele veículo de comunicação permitia e até pedia.
conversa.
— Outra estratégia que se torna importante nos dias de hoje é o
termo?
— Com toda certeza. Crossmedia nada mais é quando utilizamos mais
de uma plataforma para o mesmo produto. No nosso caso, não é porque
produzimos livros físicos que deixaremos de ofertar o mesmo produto de
forma digital. Isso faz com que nosso público tenha facilidade no acesso ao
item desejado.
— Isso faz todo sentido, ainda mais quando tratamos de tecnologia.
positiva.
Sebastian muitas vezes me impressionava com sua lábia. Ele sabia para
que público estava se dirigindo e que se aproximar dele era a maneira mais
eficaz de atrair essas pessoas. Atrair público também atraía patrocínio, o
nós?
— Bom, nem todas as editoras funcionam da mesma maneira, mas, no
nosso caso, há uma enorme preocupação com a seleção das nossas obras, o
que fazemos no máximo duas vezes ao ano, embora, o volume de
gracejo leve.
A expressão do meu primo era brilhante, porque ele realmente amava o
que fazia, assim como eu, mas meu trabalho não era tão interessante para a
maioria do público, afinal ninguém gostaria de escutar sobre como os
de fazer coisas comuns como caminhadas, leituras... — ele falou com ênfase.
— Ouvir música, tomar chá, coisas simples, mas que em uma rotina tão
Vi meu primo respirar fundo após ouvir aquelas palavras. Aquele era o
ranking que nomeava as maiores companhias editoriais do mundo e ficamos
muito felizes quando vimos nosso nome entre as cinco primeiras colocações.
— É emocionante ver nosso trabalho sendo reconhecido. É como
perceber que um filho cresceu o suficiente para se virar sozinho e viajar por
aí. Acho que é mais ou menos isso. Não é como se nos sentássemos e
tomar café da manhã, dispensei meu assistente, que voltaria logo para nosso
escritório, enquanto meu primo e eu poderíamos perder um tempinho falando
sobre a vida.
— Acho que estamos em um time perfeito para o brunch — falei com
Não demorou muito para que chegássemos até nossa cafeteria favorita.
Era um lugar despretensioso, mas com o melhor cardápio do Reino Unido e
— Você acha que fui bem? Acha que depois disso os preços das nossas
ações vão disparar? — Sebastian perguntou com um sorriso bobo e não pude
deixar de rir também.
— Você sempre vai bem, Seb. Na verdade, fico me questionando como
você consegue. Eu ficaria travado se alguém me perguntasse qualquer coisa
que não estivesse esperando — falei com honestidade e ele deu de ombros.
— São muitos anos de prática, né?
Seu tom era meio debochado, meio altivo, cem por cento Sebastian
Evenfort.
velho de oitenta.
— Não, obrigado. É pra isso que te pago — falei entrando na
brincadeira.
— Pois então quero um aumento — ele pontuou e nós dois rimos.
Ele sorriu.
— Eu não sei você, mas acho que o ócio é muito importante dentro do
processo criativo e sou a porra de um artista, Zackary! — Sebastian falou
com uma expressão séria, mas não pude deixar de rir.
Era tão bom estar longe do trabalho por alguns minutos e me dar ao
luxo de ouvir aquelas besteiras de maneira descompromissada.
— O problema é que a gente não encontra espaço pra isso. Às vezes,
— Aliás, quando vai tirar essa aliança? Acho que ela já superou. —
Apontei mais uma vez para a joia no dedo dele.
— Qual é o problema? Foi caro, então vou usar. Quer saber? — ele
falou em um tom de voz baixo e, com um gesto de mão, me chamou mais
ao metrô, sei lá, passear no parque, esbarrar com uma linda moça, conversar
com ela, rir de bobagens e tudo mais... Não isso... Essa coisa que você faz é
mentais. — É bem específico. Isso tudo que você disse posso fazer sem a
menor intenção de encontrar uma pessoa, na realidade, acho uma perda de
final de tarde. — Acenei antes de deixá-lo ali sozinho e seguir para o meu
próximo compromisso.
Samantha claramente sabia o que estava fazendo quando me tirou de
Ela teve uma criação diferente da minha, sabia como se portar e como
se vestir de forma elegante.
O senso estético da minha melhor amiga sempre foi de dar inveja.
naquele enorme espelho e era observada pela vendedora esnobe, que para seu
azar teve que aturar os olhares e indiretas de Sam por várias horas, enquanto
Era difícil, pois sabia que no momento em que tentasse dar um passo,
com aqueles saltos, seria quase minha sentença de morte. Era ótimo ficar
parada sobre eles, me fazia sentir bonita e confiante, mas caminhar com eles
me assustava.
— Vamos lá, uma hora você vai ter que tentar... — Sam pediu com
certa delicadeza, talvez por observar o medo em meu rosto. — Se você
conseguiu andar de patins radicalmente durante vários meses, isso vai ser
moleza. — Ela me incentivou, mas sabia que não era nenhuma moleza.
— Ah, Sam! Vamos tentar algo mais baixo? Por favor! — implorei,
mas ela era impassível e segurou meu braço.
vez só, como se o impulso fosse necessário. Sorri com minha nova
habilidade, embora meus calcanhares fraquejassem de vez em quando. —
conta de mim, como aquela que sentimos antes dos nossos aniversários
quando somos crianças, como se tudo fosse, de repente, se transformasse, por
olhar do seu chefe quando ele estiver falando, mas sem ficar encarando de
um jeito esquisito, apenas... Apenas tenha senso.
começava a fraquejar, embora soubesse que não poderia me dar aquele luxo.
— É claro que consegue! — Samantha falou com tanta certeza em sua
levemente nos pés e derruba tudo de uma prateleira, ou como você arranja
briga com alguma patricinha escrota por derrubar refrigerante nela...
Bom, não era bem sobre isso que queria falar, mas, enfim... — Ela se
interrompeu e nós duas rimos mais ainda. — Seja você mesma, mas
confiante.
— Eu vou fazer o meu melhor, pode deixar. — Balancei a cabeça
O dia seguinte chegou com seus novos problemas. Levei tanto tempo
me arrumando, preocupada em estar apresentável, que acabei em cima da
hora.
Saí sem checar se o celular tinha carga suficiente, o que ele jamais
tinha e logo...
Estava perdida e era tudo culpa de Samantha e seus garranchos
horríveis!
Na rua bufava de raiva enquanto tentava encontrar o tal endereço, sem
perceber que aquele lugar não existia, pelo menos não naquele bairro.
Mafor Street n.º 9011, era o que dizia no papel que ela havia deixado
colado na geladeira embaixo do ímã dos Backstreet Boys.
Estranhamente, ela era louca por aquela banda, que foi um fenômeno
quando ela era praticamente bebê, mas não a julgava, pois, eu era fã de
autoras de séculos passados.
Implicávamos uma com a outra por causa daquelas coisas, mas a
paixão dela também tinha origem em sua família. Além da sua avó, também
tinha uma tia com que ela tinha contato de vez em quando. Essa tia de
Samantha era como ela, quase que renegada por todos por não concordar com
as coisas problemáticas do clã.
algodão, para ler melhor o papel e mesmo de óculos pareceu ter alguma
dificuldade.
— Tem certeza que não está procurando por Major Street? — o senhor
questionou, como se me chamasse de estúpida com o olhar. — Você deveria
fundo antes de falar qualquer coisa, pois precisava me concentrar e ter foco.
— Boa tarde, tenho um encontro com o senhor Evenfort — falei
Isso soou muito mal. Você deveria ter usado a palavra entrevista.
Entrevista.”
erro.
Jamais imaginei que o tal senhor Evenfort fosse um homem feio ou
pouco atraente, apenas imaginei que ele seria um tipo de “espécime” mais
madura, na altura dos seus cinquenta e tantos, já com cabelos e barbas
Tentei não demonstrar espanto, não olhar como uma idiota, mas já
estava fazendo aquilo e quase tropecei na cadeira sem motivo algum, quando
meu olhar tocou o dele.
— Boa tarde, senhor Evenfort, sua companhia chegou.
A voz da recepcionista parecia estar distante, como se fosse parte de
outra realidade, um universo paralelo, porque tudo que conseguia enxergar
estava bem ali na frente.
uma régua, seus lábios eram finos e rosados, enquanto seus olhos eram
indecifráveis e quase divertidos enquanto me observava tão atrapalhada.
para apenas uma pessoa, logo a pessoa que estava a minha frente.
Estava razoavelmente segura quando saí de casa com aquelas roupas e
Ah, ele era Apolo em carne e osso. Um Apolo em todo seu esplendor,
coberto por sobretudo cinza, blusa de algodão e calças confortáveis.
Todas as minhas certezas caíram por terra e nem podia piscar, pois,
estava hipnotizada por algum tipo de mágica.
mim, dizendo um “boa tarde” tão baixo que só eu poderia escutar. Sua voz
era rouca e máscula, mas, ao mesmo tempo, era gentil.
Sua colônia...
Meu Deus, sua colônia era tão suave e se misturava com um leve
aroma de nicotina.
Seu cheiro estava impregnado em mim, impregnado sem minha
permissão.
Sem querer, mesmo que por breves segundos, fechei os olhos, pois foi
Tudo aconteceu tão rápido, tanto que a recepcionista nem sequer havia
saído dali.
Sem pensar muito, afinal pensar nunca foi meu forte em situações
como aquela, tentei recolher os cacos, mas antes que adquirisse um enorme
— Cuidado.
A voz dele era simples, gentil e divertida, tudo ao mesmo tempo.
Provavelmente, já havia me tornado uma ótima atração naquele lugar junto
com meu jeito atrapalhado.
Ele me tocou e aquilo foi como um choque, depois era como se aquele
pequeno momento tivesse ficado grudado em minha pele, como se o toque
dele estivesse irrevogavelmente colado em minha derme.
Eu não sabia explicar, mas meu corpo estava gritando com aquele
simples sorriso, onde havia alguma malícia e diversão.
Ele era jovem para ser o gestor de algo tão grande, tanto que por um
segundo me questionei como seria ter tamanha responsabilidade com aquela
idade.
Era estranho e minhas mãos estavam frias.
minha cara toda a dúvida que me dominava, enquanto meus olhos desejavam
avidamente percorrer cada detalhe do homem parado à minha frente, apenas
quanto o caminho foi custoso até chegar naquele momento tão simplório.
— Espero não ter me atrasado ou tê-lo assustado com minha falta de
através dos meus pensamentos, enquanto rezava para que aquilo fosse só
mais uma das minhas paranoias.
Engoli em seco com a pergunta que ele me fez a seguir, algo que me
desestruturou sem ao menos estar ali por mais de dez minutos. Talvez fosse
uma das perguntas mais difíceis que já tinha ouvido em toda minha vida e
não esperava ouvir em uma entrevista de emprego.
chegado, jamais imaginei o que me esperava. Não havia visto uma foto
seria a pessoa que vinha ao meu encontro. Demorei algum tempo para
perceber, mas, realmente, ela estava sendo encaminhada para a minha mesa.
displicentemente planejado e nos seus olhos tão azuis como um céu luminoso
de outono.
um diálogo, senti uma aura leve partir da sua expressão, porque seu sorriso
era gentil e despretensioso, como se ela não desejasse chegar a lugar algum
com aquilo.
Mas, por que diabos era tão tentador?
saber como usar todos aqueles atributos de forma efetiva, pois se portava
como se nem compreendesse o tamanho da sua beleza e charme, quase como
sexual.
Estava definitivamente confuso e encantado.
uma forma simples fazia com que ouvisse com atenção, até com certa
fascinação.
que me transmitiu a paixão pelos livros e de um pai, que, apesar de não ter
estudado muito, compartilhava do mesmo.
Não pude deixar de observar, curioso, a maneira com que ela falava
sobre aquele assunto, porque a maioria das minhas companhias evitava trazer
meu trabalho para a mesa, mas a forma natural com que ela falava aquilo não
parecia soar como um truque para tentar conquistar minha graça e sim,
apenas algo que ela diria normalmente.
Aquilo me desestabilizou.
— Acho que se pudesse resumir, diria que sou a pessoa apaixonada por
histórias reais e fictícias, a pessoa que adora analisar narrativas e que se perde
em mundos imaginários. — Ela olhou diretamente em meus olhos, como se
sua confiança ficasse revigorada ao falar sobre aquele assunto tão caro.
Era perceptível todo o ardor que a consumia ao tratar daquilo.
sempre dizia, se algo não capta sua atenção nos primeiros trinta segundos,
dificilmente irá conseguir depois.
desejava.
Na verdade, faria qualquer coisa para deixar aquela mulher
confortável, para que ela se sentisse bem em me contar tudo sobre ela e me
revelar alguns segredos também.
Mas lá estava aquela figura tão resplandecente, tão inquieta, tão
silenciosa, esperando, como se precisasse aguardar minha próxima pergunta,
como se não pudesse simplesmente seguir com aquele diálogo por conta e
como ela falava, estava preocupado em não saber o que viria depois,
precisava manter tudo sob controle sempre, por isso gostava tanto de
medo de acabar morrendo acidentalmente. Você viu o que fiz com aquela
taça? — Ela sorriu e me fez rir também.
Gostava da forma com que ela não calculava tanto as palavras, a forma
com que ela parecia tímida, mas, ao mesmo tempo, cheia de verdade.
— Sim, é por isso que domino o idioma grego, minha mãe me ensinou.
É claro que não é tão bom quanto o de uma pessoa que pratica sempre, afinal
nunca conheci muitas pessoas que falassem o idioma, mas acabei fazendo
alguns amigos gregos e...
quando.
— Essa é a reação da maioria das pessoas quando ouvem isso. Sim, eu
falo. Na verdade, não é tão difícil assim, não era como se eu tivesse muito
que fazer na minha cidade natal. — Ela deu de ombros de forma autêntica,
não era como se precisasse fingir que suas origens eram mais interessantes ou
coisa do tipo. — Minha mãe, às vezes, passava o dia inteiro falando somente
em grego comigo, era complicado, mas tive que aprender pra entender tudo.
— Mas que educação a minha... Você gostaria de pedir algo? Sei que é
um horário incomum para refeições... Tarde para o chá, talvez cedo para o
jantar...
— Agradeço, mas não estou com fome — ela respondeu de forma
desprendida.
— Eu aceitaria, vamos ver... — Ela observou o cardápio com seus
e mais uma vez me arrependi, mas precisava começar a aceitar meus erros,
mesmo que fosse devagar.
Meu nome naqueles lábios corados soava muito bem e imaginei que
gostaria de ouvir em outro tipo de situação.
Chegava a ser doloroso pensar que seria apenas uma vez e que, como
uma estrela cadente, aquele encontro seria único.
havia me afligido.
Sacudi os pensamentos, pois sabia que havia uma razão para aquela
apaixonante demais para ser levada direto para um quarto de hotel. Queria
fazer algo diferente com ela, que aquelas horas se estendessem um pouco
mais, respirar ao menos um pouco mais do mesmo ar que ela. Então, decidi
mudar um pouco o script.
Lembrando que você não é obrigada e que isso não muda nada no nosso...
Trato.
decidisse que aquilo não era para ela e que preferiria voltar para casa.
Mas a resposta dela me surpreendeu por ser tão simples e direta.
— S-sim. — Havia uma hesitação em seu tom de voz, mas não havia
dúvida na forma com que ela me olhava.
Ela estava sendo honesta e não estava fazendo aquilo apenas por ser
contratada.
— Admito que é inesperado, mas confesso que achei uma boa ideia. —
Ela desviou seu olhar do meu e vi seu rosto corar adoravelmente. — Sim —
Erin repetiu, como se assinasse embaixo da sua declaração e seu rosto era
radiante.
•••
As luzes amareladas que enfeitavam aquela noite tornavam tudo ainda
mais mágico, enquanto debruçados sobre o parapeito da ponte observávamos
o brilho refletir sobre a água. Aquela era, de fato, uma cena pitoresca e se
alguém tivesse me dito mais cedo que estaria ali, naquele instante, teria dito
que a pessoa estava louca.
Era um pensamento bobo, mas decidi compartilhar.
magnetismo entre nossos corpos nos aproximou. Passaria um bom tempo ali,
mergulhado naquele azul, mas foi ela quem se aproximou, tocando nossos
lábios de forma tão superficial e delicada que mal pude acreditar. Com a
mesma rapidez que aquilo aconteceu ela se afastou com os olhos arregalados.
nossos lábios se tocaram pela primeira vez. Havia calma, não voracidade,
mas, ao mesmo tempo, era intenso e cheio de desejo. A conexão foi imediata
e ansiei provar cada pedacinho daquele corpo. Era como uma necessidade,
não simples lascívia.
jamais citar essa noite algum dia. — Ela não gaguejou ou hesitou, apenas
parecia ser sincera.
Ela era pecaminosamente bonita, poderia ter saído das páginas de uma
revista ou de um sonho cheio de luxúria. Parecia errado chegar muito perto,
Parecia uma verdade difícil de admitir, mas não tornava a coisa menos
excitante.
Por que havia decidido trabalhar naquele tipo de coisa sem experiência
alguma?
— Tudo bem. — Minha voz saiu grave e toquei seu rosto com
delicadeza, puxando seu queixo para encarar mais uma vez seus olhos azuis.
Um pequeno sorriso dançou em seus lábios.
Erin era agradável de se observar, assim como tocar.
Naquele instante, tive a certeza que se me fosse dada a escolha,
— Achei que você tinha morrido! — ela esbravejava e tudo que podia
fazer era rir, mas era um riso nervoso de quem nem acreditava no que havia
feito. — Onde você estava até agora? — ela exigiu saber e rolei os olhos,
afinal ela estava mesmo parecendo com a minha mãe.
— Por favor, não conta para ninguém — falei baixo enquanto trancava
a porta do nosso quarto.
Minha amiga parecia estar ofendida com aquilo e não me deixava explicar
que eu nem sequer sabia que teria um encontro.
tivesse morrido no meio da tarde. — Suspirei. — Olha, não fala nada antes de
me explicar, por favor.
fazer foi esconder meu rosto entre as mãos e deixar que a frase saísse
abafada.
— Eu dormi com meu chefe!
— O quê?! — Ela quase gritou e levantei o rosto, cobrindo sua boca
com uma das mãos.
— Shhi! Você vai acordar todo mundo — reclamei, mas ela
permanecia com os olhos bem abertos, como se tivesse visto a morte.
— Erin, o que diabos foi isso?! — ela falou em uma espécie de “grito”
sussurrado quando libertei seus lábios.
— Conversamos tanto, Sam! Ele era tão gentil e quando quebrei a taça
ele me ajudou imediatamente... — falei enquanto me atropelava com as
— Então você dormiu com seu chefe? Eu nem acredito nisso. — Ela
riu para mim. — Essa é a coisa mais estúpida que já vi uma pessoa fazer, mas
ainda assim tô orgulhosa. Era disso que estava falando quando falei que tinha
seus truques... Eu sabia! — falou de maneira convencida e eu apenas sacudi a
então ele me fez a proposta de passarmos a noite juntos e eu aceitei, disse que
isso não afetaria nossa relação profissional. Ele me fez prometer que seria
coisa de uma noite só, o que achei ótimo. — Dei de ombros, tentando parecer
natural enquanto contava toda aquela situação, mas a realidade era que estava
morta de vergonha de verbalizar o ocorrido.
— Erin, quem é esse homem tão maravilhoso que te fez desistir do
celibato? — ela perguntou em um tom que oscilava entre debochado e
deslumbrado.
— Bom, não posso negar que ele é mesmo maravilhoso... — Não pude
Ele era perfeito demais para existir e a forma como foi cuidadoso
durante todo o tempo me deixou ainda mais desestabilizada.
última coisa que esperaria ouvir de você aqui hoje, Erin. Fiquei a noite inteira
imaginando que você foi assaltada e precisou dormir em um posto de
gasolina, ou que perdeu sua bolsa e não teve como voltar... Qualquer coisa
menos isso!
— Não, não foi horrível. Foi um pouco incômodo no começo, mas ele
foi tão gentil e me fez relaxar, que passou rápido — expliquei enquanto
relembrava aquelas pequenas coisas que faziam com que a minha pele se
arrepiasse.
culpa.
Não acreditava no que havia feito e estava sorrindo sob a água quente
pontos de ardência que antes nem sabia que existiam, o cheiro dele estava
impregnado em mim, suave e amadeirado.
O cheiro de nicotina e colônia me envolviam enquanto os olhos se
fechavam.
Permiti que meus braços envolvessem meu corpo, criando uma linha
de proteção sobre minha cintura, causando arrepios intensos. Estava pisando
em nuvens, sem encontrar uma explicação racional para tudo, pensando que
quando saí de casa jamais imaginaria que algo como aquilo aconteceria.
Quando me deitei na cama finalmente pude relaxar, mas minha cabeça
minha vida, mas não pude evitar, porque me sentia hipnotizada, como se não
tivesse escolha, senão me aproximar.
O lugar para onde ele me levou depois era diferente de todos em que já
havia estado, era um hotel de luxo, sendo que o melhor em que já havia
estado na vida era de três estrelas. Contive minha respiração enquanto ele
fazia o check-in, pois estava nervosa e meu estômago se dobrava em nós.
corpo implorasse para que fôssemos rapidamente, para que não tivesse mais
como me arrepender.
era enorme e parecia ser macia, mas todas aquelas observações formavam
apenas uma maneira de tentar me distrair do que estava prestes a acontecer.
Não demorou para que a porta fosse fechada e que lábios habilidosos
se colassem aos meus mais uma vez.
Sua barba roçava em meu rosto e seu cheiro me envolvia. O fôlego me
faltava enquanto tentava acompanhar tudo aquilo.
Eram muitas novidades para apenas um dia.
Ele ainda parecia ser dócil e gentil, como se estivesse me dando espaço
para desistir, embora, eu não quisesse aquilo.
alguém.
Mas também sabia que não poderia disfarçar que não era uma exímia
e chupando meu lábio inferior. Nossos corpos lutavam para se dividir entre
tantas ações e logo ele estava arrancando o casaco, enquanto eu apenas
barba macia tocava meu rosto, enquanto suas mãos começavam a puxar a
camisa que vestia, tirando de dentro da saia e invadindo por baixo. Ele tocava
pescoço com seus lábios, mordendo e beijando a região até que ela ficasse
sensível. Aquilo somado ao aperto gostoso na minha cintura estava me
tirando de órbita e me deixando completamente desalinhada.
Tudo em que podia me concentrar era naquela mistura de toques,
arrepios e murmúrios, enquanto, delicadamente, ele soltava meus cabelos,
antes presos em um penteado simples.
— Venha comigo.
ele fez com que me deitasse naquela superfície mais suave do que plumas,
para em seguida brincar com os botões da sua camisa. Ele desabotoava a peça
finos e a definição bem-marcada dos seus músculos. Seu corpo era bonito,
perfeitamente desenhado, mas nada era mais bonito do que o olhar que ele
corroborava com minha ideia de que tudo aquilo poderia ser fruto da minha
imaginação fértil.
temer não ser tratada com respeito e apesar de nos conhecermos havia apenas
algumas horas era perfeitamente perceptível que ele estava interessado no
ímpeto de tentar me cobrir com as mãos, permitindo que ele me visse sob a
luz fraca e amarelada de uma única luminária, que era muito mais útil para
com cuidado, arrancando um gemido alto, enquanto ele endurecia sob sua
língua.
Zackary puxou uma das minhas mãos, colocando-a sobre seus cabelos,
me incentivando a participar, o que fiz sem pensar muito, puxando seu corpo
Sua língua rodeava meu clitóris vez após vez, de forma incansável. Ele
estava me saboreando e eu podia perceber. Finalmente, entendi o motivo de
e quente.
Quanto mais ele investia de forma dedicada naquele ponto, mais sentia
como se meus membros fossem derreter. Demorou tão pouco, mas tão pouco
para que um formigamento terrível começasse a se espalhar por toda a
superfície que me sentia envergonhada. Era diferente de qualquer outra coisa
que já tivesse conhecido, como uma onda vinda do fundo da minha coluna, se
derramando por todo o resto, enquanto tentava me agarrar a qualquer vestígio
de sanidade.
A região entre minhas pernas estava cada vez mais uma úmida e uma
Sem ter a menor consciência do que fazia agarrava seus cabelos curtos,
enquanto seu rosto permanecia afundado entre minhas coxas naquela dança
luxuriosa.
Quando finalmente meu corpo se permitiu levar por aquele
Mas ele não me deu trégua e quando notei sua boca estava sobre a
minha.
deliciosamente afável.
— Devagar, querida. — Ele mordiscou meu queixo e o seu perfume
amedrontador e novo.
Ele me libertou, mas não sem antes me provocar mais um pouco com
beijos em meus mamilos e nas partes laterais do meu corpo, sempre fazendo
com que me contorcesse com a tensão.
Assim que dei por mim, percebi que ele estava totalmente nu.
Era a primeira vez em toda minha vida que um homem se despia na
minha frente e nunca havia me interessado por aquilo, pelo menos não até
aquele instante. Ele tinha músculos tonificados, mas, ao mesmo tempo, suas
Aquele homem, aquela tensão, tudo criava a situação perfeita para que
minha pele se inflamasse progressivamente.
Eu o puxei para mim e ele me beijou com doçura, diferente dos outros
beijos tão ardentes que trocamos, embora, a intensidade ainda estivesse ali.
Era como se ele tivesse levado bem a sério a parte em que falei que não
possuía muita experiência e quisesse tornar tudo agradável.
Uma das suas mãos mantinha minha cintura bem presa, enquanto a
outra começava a se aventurar entre minhas pernas, acariciando minhas
coxas, desenhando padrões, aquecendo meu interior, fazendo com que meu
quadril se projetasse para frente. Um dedo seu me penetrava devagar,
sentindo.
Eu só conseguia emitir gemidos fortes e altos.
— Você também quer?
Havia um convite impresso naquela pergunta, era provocador, lascivo,
além de um pedido de permissão.
— S-sim... Por favor... — Foi tudo que pude murmurar
miseravelmente, mas foi o suficiente para a ação dele.
minha vida, afinal nunca havia me entregado daquela forma. Tentei apenas
seguir seu conselho e relaxar minha pélvis e pernas enquanto ele se
ensaiados.
Devagar, começava a gostar daquilo, embora soubesse que ele não
estava me dando nem metade da sua potência, exatamente por ser muito
cauteloso e aquilo, de alguma forma, só me excitava mais.
Ele puxou uma das minhas mãos, sussurrando para que me tocasse, o
que obedeci imediatamente naquela confusão de peles e gemidos.
importava nada.
Foi assim que cheguei ao segundo orgasmo da noite, forte e potente.
seu redor.
Com um som gutural ele se esvaziou em mim, me deixando
completamente vulnerável.
Seu corpo estava sobre o meu enquanto ele se apoiava em um
cotovelo, mas deixava que seu rosto repousava em minha barriga.
Sexo era mesmo uma coisa impressionante, ou talvez aquele homem
fosse.
tenham deixado meu rosto mais corado do que já estava depois de todo
aquele exercício.
agarrava meus seios e mordia meus lábios, meus ombros enquanto estava
embriagada e imersa em todas aquelas sensações.
tocávamos, até que estivéssemos excitados mais uma vez, como se não
quiséssemos que aquilo acabasse, porque sabíamos que não haveria uma
repetição daquela noite.
Nossa sincronia era impressionante e na terceira vez Zackary me
agarrou pelos quadris, me prensando sobre uma das paredes daquele enorme
quarto. Seus braços eram fortes e ele me mantinha segura sobre eles,
enquanto se movia rápido e forte, incansável.
esgotados.
Quando nos separamos devagar, ele me ajudou a ficar de pé com
demais para refletir enquanto ele me puxava com seus braços fortes e me
ajeitava sobre seu peito.
Meus olhos se fecharam vagarosamente, mesmo contra minha vontade
e adormeci.
•••
Quando abri os olhos, um pouco assustada, o quarto ainda estava
escuro, mas podia ver através das minúsculas brechas das cortinas um pouco
quando abri fiquei em choque, pois havia uma quantia absurda de dinheiro
que me recusei a contar.
Eu não sabia nem que horas eram, pois, meu celular já havia morrido
desde o dia anterior.
A única realidade era que estava ferrada, afinal ele ainda seria meu
chefe, isso se fosse contratada.
Aquela noite foi diferente de tudo que já havia experimentado durante
Eu não disse nada na hora, pois não queria transformar aquela noite em
um momento tenso, deixando para falar sobre o assunto na manhã seguinte.
só depois que a deixasse dormir bem, afinal seu rosto era sereno e tranquilo
quando ela se deitou em meu peito, fazendo com que eu relaxasse também.
com o dinheiro que havia deixado sobre a mesa de cabeceira, estava intocado.
Ela saiu da mesma forma misteriosa que chegou, me deixando cheio de
sabia ser.
— Por que isso tudo, Seb? — questionei de forma descontraída, logo
sempre assim.
— Diz o que posso fazer pra melhorar esse seu humor do cão — falei
— Diga para minha assistente ligar para a moça que eu iria entrevistar
ontem e perguntar se ela tem disponibilidade para vir hoje. Agora foda-se a
entrevista, realmente, precisamos de mais gente falando grego nessa equipe,
porra! Eu não posso ser o único, né, maninho? Afinal todo mundo não
consegue compreender absolutamente nada do que falo!
Sebastian estava definitivamente em um dia ruim e decidi não
provocar, apenas acatando as ordens sem questionar.
parecer louco, mas aquele era um problema que não poderia ser resolvido de
imediato.
muito tolerante com erros, até pior do que Sebastian, que era dócil na mesma
proporção em que era alucinado. O jeito dela era bom e ruim, e me assustava
como se alguma coisa tivesse sido desarmada dentro das minhas estruturas.
Desde que havia me decepcionado no amor, minha vida havia mudado
uma vez.
Mas naquela noite tudo foi diferente e o rosto daquela mulher não saía
da minha mente.
Relembrei diversas vezes a forma como me senti quando nossas mãos
se tocaram em um gesto tão simples e inocente, mas que tirou meu fôlego.
Talvez, até mais do que todas as noites de sexo, porque ali me vi em um
momento de exposição, como se tivesse sido flagrado por mim mesmo,
Crescemos conhecendo também o que era uma vida longe dos centros
urbanos, diferente de muitas crianças.
com sua voz um pouco debilitada, pois sua saúde já estava bem frágil.
O potrinho era belíssimo e seu pelo castanho-avermelhado reluzia.
Mas meu pai manteve sua postura séria, porque ele era assim, tinha a
carapaça mais dura do que aço e um coração mais doce do que açúcar.
O olhar do meu pai era distante e pensativo, poderia dizer até que
emocionado.
minha mãe haviam me educado. Meu pai, por mais sério que fosse, sempre
esteve por perto, sempre queria ouvir minhas opiniões, sempre cuidava de
mim. Então, deveria cuidar daquele pequeno animal do mesmo jeito, assim
teríamos um laço inquebrável.
Não que ele não gostasse de piadas, ou não soubesse se divertir, ele só
era bastante específico com aquelas coisas.
Sorrimos juntos, mas nem me lembrava que um dia fui uma criança,
apenas me preocupava com o homem que me tornei e nas responsabilidades
que carregava.
Então, cuidei de Eros desde quando era apenas um pequeno potro
adorável. Com ele, aprendi o que era confiança e como era entrar em
comunhão com outros seres.
foi ele quem me trouxe conforto e fez com que me sentisse conectado ao
homem que tanto admirava e sentia falta.
Era como se aqueles pequenos desvios de rota cometidos na noite
passada me trouxessem mais uma vez o vislumbre do que era a liberdade que
sentia enquanto cavalgava na fazenda dos meus pais, sentindo o vento
ricochetear contra mim, sem me preocupar com um destino certo, apenas
seguindo meus instintos.
Não tinha tempo para todos aqueles devaneios, mas era bom não estar
com o coração congelado pelo menos uma vez, embora, estivesse um tanto
daquela bebida aconchegante fez com que me sentisse pronto para deixar de
lado meus devaneios e cuidar das tarefas profissionais.
•••
Quando o horário do almoço chegou, decidi checar meu primo para
Percebi que aquilo era só uma pequena provocação e que ele não
estava mais com raiva.
— Por quanto tempo vou ter que ouvir isso? — perguntei enquanto me
aproximava e jogava um braço sobre os ombros dele de maneira fraterna.
— Pelo menos durante mais duas encarnações, mas pelo menos você
não ficou enrolando para sair pro almoço, estou morrendo de fome.
Era maravilhoso comentar com meu primo sobre a incrível equipe que
estávamos montando.
Ele falou que ficou chateado por ter desmarcado com a moça que seria
nossa tradutora, uma jovem fluente em grego, mas que tinha um bom
cumprimentar as pessoas, mas quando estava na minha sala recebi mais uma
visita dele.
— Você não quer conhecer a equipe? — Seb se voltou para mim e fiz
uma careta.
Eu não era do tipo que recebia as pessoas, por mais que gostasse de
conversar, além de ter inúmeros compromissos, mas ainda assim aceitei o
— Eu nem sei descrever como estou, mas, sei lá, sinto taquicardia —
Sebastian falou com um sorriso largo.
Aquele projeto era a realização de um sonho para nós e era o momento
de mergulhar de cabeça, finalmente.
Senti, naquele instante, que poderia me dedicar ao trabalho,
esquecendo meus anseios pessoais e, até mesmo, deixando de lado qualquer
frustração ou pensamentos que me afligisse.
olhos.
Seus olhos eram azuis como o oceano e a expressão que encontrei
neles foi de enorme pavor e confusão. Quis sorrir e não pude evitar que o
canto dos meus lábios se recurvassem discretamente. Meu coração batia forte
passada era fluente em grego e foi se encontrar com um senhor Evenfort, mas
por alguma piada do universo aquele era o senhor Evenfort errado.
Aquilo era errado de tantas maneiras, que nem queria pensar a respeito.
O rosto de Erin mudou de cor algumas vezes e me questionei se
Mesmo estando encantada por aquela noite, tanto é que repassava cada
tentei seguir com a vida de maneira normal, pelo menos até saber que não
perdi minha oportunidade.
contratempo. Aguardamos você hoje mesmo se for possível — falou uma voz
feminina, desprovida de alguma emoção específica, apenas calma e com uma
por mais que a ideia de ter dormido com meu chefe antes mesmo de ser
contratada soasse horrível. Precisava respirar fundo e fingir que aquilo jamais
Felizmente, meu radar estava bem ligado, apesar de não ter dormido
quase nada.
encabeçando agora.
Não podia conter minha animação em ouvir aquelas palavras e ouvia
com interesse tudo que ela falava, por um momento esquecendo as coisas que
me preocupavam.
— Helena Deméter é grega e o grande nome atual da literatura. Espero
que a nossa equipe consiga fazer jus ao trabalho dela através de uma tradução
e adaptação impecável. Muito mais importante do que traduzir palavras,
nosso trabalho maior será traduzir ideias e sentimentos. Isso é algo que
sempre digo para os novos membros da equipe, nosso trabalho é traduzir
ideias! — ela reforçou e senti um frio na barriga por saber que faria parte de
algo tão importante. — Como você deve ter percebido, vou ter que tirar
semanas ainda. Ah, veja só! O nosso querido chefe, carismático e alérgico a
camarões. — Ela caminhou até um homem que se aproximava.
O homem era muito bonito. Seu rosto era bem desenhado e sua barba
curta era propositalmente desalinhada.
A primeira coisa que ele fez ao nos ver foi sorrir e imaginava que ele
fosse uma pessoa importante.
por tudo que está relacionado com a imagem da editora, além de ser um
Evenfort, claramente. — Ela sorriu com simpatia e tudo que pude fazer foi
me desesperar.
Uma sensação esquisita subiu até meu estômago e, simplesmente, não
sabia como reagir. Estendi a mão para cumprimentá-lo, mas estava tremendo
demais e os dois perceberam.
— Tudo bem com você, Erin? — Sebastian Evenfort perguntou com
preocupação, enquanto eu olhava para todos os lados, até ver uma placa de
banheiro.
empresa.
Levei um tempo praticamente abraçada ao vaso sanitário enquanto
Primeiro, achava que havia dormido com meu chefe, mas o homem
com quem estive na noite passada definitivamente não era aquele. Segundo,
momento, mas não estava. Ver aquele homem foi quase como ser atropelada
por um ônibus de dois andares e tudo que queria era sair correndo, ou
empolgado e eu...
Bem, eu não sabia o que sentir ou como agir, então apenas me
ficou dormente.
Minha mente estava me levando para lugares que não poderia ir
adiar mais essa reunião. Daqui a pouco essa criança vai nascer e não vou
conseguir treinar essa equipe — ela falou e rimos. — Eu não quero que meu
que estava ao lado do primo. Ele parecia ser impassível e na luz natural do
dia seu rosto era ainda mais bonito.
e canetas.
— Perfeito, fica aqui em frente e tem meu nome nela. — Seu sorriso
antes de mim e quando levantei os olhos o vi. Zackary estava ali, parado a
minha frente, me olhando de maneira intensa, como se pudesse entrar em
meus pensamentos e meu coração parecia estar sendo esmagado por punhos
impiedosos. O constrangimento era palpável de ambas as partes, mas estava
tentando continuar de pé, apesar do tremor nas pernas.
— Posso falar com você primeiro?
Minha respiração ficou suspensa, enquanto tentava simplesmente
pronunciar uma frase, mas havia esquecido como dizer qualquer coisa.
— É c-claro — falei finalmente.
Eu, definitivamente, cometi um erro e aquilo foi de uma imprudência
analisar os acontecimentos da rua pela ampla janela. Nosso prédio era antigo
e possuía poucos andares, o que criava a impressão de um lugar mais
intimista.
Eu tinha a convidado para visitar meu escritório brevemente.
— Eu quero pedir desculpas — falei com simplicidade e então ela
desviou o olhar para mim.
Era estranho observar aquela jovem sob a luz do dia, era tão diferente e
tão formal.
— Bom, especificamente pedir desculpas por ter fingido que não nos
conhecíamos — pontuei.
Ela moveu a cabeça em concordância e seu rosto era compreensivo.
— Não era algo que não esperasse. — Ela mordeu o lábio inferior e
sua postura ainda era de inquietude. — Acho que talvez seja mesmo melhor
assim.
Seu rosto, de repente, estava corado, o que era adorável.
foram tão agradáveis que gostaria de sempre poder revisitar, apenas para me
sentir bem de novo e de novo.
— Gostaria de dizer mais uma vez que sou profissional e que nunca
comentaria sobre a noite de ontem com ninguém. — Ela parecia estar
interrompi gentilmente.
— Não precisa me chamar de senhor, acho esse tipo de título
Ela olhou para o objeto, depois para mim, antes de guardar na bolsa.
— Está bem. — Sua resposta foi comedida e logo foi embora.
Era como se aquela sala tivesse ficado mais fria com a ausência de
Erin, como se, nos poucos segundos em que ela esteve ali tudo tivesse ficado
mais iluminado e acolhedor.
Suspirei pensando que aquilo não iria acabar bem de jeito nenhum. Ela
mal foi embora e eu já estava pensando em como seria quando ela estivesse
de volta.
Não aquilo não iria dar certo.
•••
A minha cabeça não me deixava em paz e Carter, meu assistente, havia
chamado minha atenção algumas vezes, coisa que não era comum, afinal
sempre fui um tanto rígido com meu trabalho.
controle.
Minha mãe estava ligando, me chamando para um almoço no final de
— Seb, nem sei o que dizer, foi involuntário. Ela é muito bonita. —
Tentei disfarçar, dando de ombros.
— Sério, me fala a verdade antes que tenha que arrancar de você — ele
ameaçou e sacudi a cabeça em desaprovação.
no restaurante ali perto, mas acabou chegando ao lugar errado e como nós
dois somos Evenfort a situação estava criada. — Tentei simplificar ao
máximo.
— Puta merda, faz todo sentido! — Ele continuava rindo, como se
ofendido.
— Você enlouqueceu, Seb? Eu não te pediria uma bobagem dessas. Às
vezes parece que você nem me conhece — bufei irritado e ele tentou
amenizar a situação.
— Bom, assumo que talvez tenha tentado evitar esse pensamento, mas
acabei enredado na conversa e, quando percebi, já estava preso na situação.
— Prometo que tudo foi um acidente e que não vou deixar a situação
atrapalhar nosso progresso. — Tentei soar o mais sério possível em minha
declaração, mas ele não parecia estar convencido ainda.
— Certo... Um pobre inocente esse meu primo. Agora, se você me der
licença, preciso trabalhar — ele falou dando um tapinha afetuoso no meu
ombro. — Você, por favor, não faça merda.
Sebastian me olhou nos olhos mais uma vez e assenti, mesmo que
impaciente.
— Relaxa, ok? — pedi de novo.
só, ela ter seu coração partido e não conseguir cumprir suas obrigações!
— Sebastian, não diga idiotices, por favor! — Eu já estava quase
vista?
Naquele momento, sabia que ele só estava me zoando e minha
ter passado anos trabalhando para o meu pai que era quase tão sério quanto
ela. Quando era apenas um adolescente tinha muito medo dela, afinal acho
•••
Agradeci aos céus quando o dia de trabalho terminou e pude arrumar
documentos.
Bati à porta do escritório do meu primo para saber se ele iria embora,
ou se iria continuar, assim podia me despedir, então ele me pediu para entrar
e, ao lado dele, estava Erin. Senti minha respiração falhar levemente e me
assustar a Erin com um turno noturno logo no primeiro dia, então vamos
seguir o modelo tradicional hoje, não é mesmo? — Ele sorriu para ela que
concordou.
Sabia que aquilo não ia durar muito, porque sempre quando estávamos
no fervor do trabalho Sebastian começava a trocar os dias pelas noites, afinal
sempre se sentiu mais produtivo assim, apesar de eu nunca compreender
aquilo.
— Você pode nos dar uma carona, Zack? — meu primo pediu e não
sabia aonde ele queria chegar com aquilo.
para o mesmo lado que a gente e podemos ir todos juntos hoje. — O sorriso
dele era descarado, mas a moça não parecia estar confortável.
trabalho, eu mesmo havia dito que teria um encontro, mesmo assim ele
decidiu me testar e eu, para não ser rude, concordei.
Já acomodados no carro, me sentia esquisito, pois era a segunda vez
que levava Erin para algum lugar e era estranho não nos sentirmos à vontade
para conversar, quando na noite passada tudo parecia ter sido tão simples.
Aquilo era tudo culpa de Sebastian, afinal ele nunca daria ponto sem
nó e sabia exatamente o que estava fazendo quando insistiu em nos colocar
em um carro juntos.
— Erin, quase não tivemos tempo pra conversar sobre você, mas agora
aquele.
— Não brinca! É uma das cidadezinhas mais gostosas que já conheci
— ele respondeu e não pude evitar um olhar de surpresa ao perceber que ele
realmente conhecia aquele lugar que eu jamais ouvi falar até a noite anterior,
maneira afável.
Sua admiração era perceptível.
— Sim, meu tio, pai dele... — Sebastian apontou para mim. — Tinha
uma fazenda, onde passávamos o dia inteiro rolando na lama e era muito
ingênuo, assim como meu primo, com seus dois casamentos fracassados.
Eu não queria me deixar levar por aquelas ideias irracionais.
porque, diferente do que ele havia dito, a casa dela não ficava na mesma
direção que os nossos apartamentos.
restava esperar para saber como as coisas iriam fluir dali para frente.
Tudo o que menos queria era passar aquela noite sozinho, afinal não
estava com a cabeça em perfeito estado, mas ainda assim desisti de qualquer
programa depois de ter perdido o horário para o encontro. Eu poderia ligar e
adequada, pelo menos na maior parte do tempo. Ele foi gentil e me assegurou
que tudo estava bem, que nada daquela confusão iria me prejudicar e senti
veracidade em suas palavras, por mais que ainda estivesse um pouco
assustada.
Focar no meu trabalho foi o que me ajudou a manter a mente no lugar
— Infelizmente não. — Fui honesta, afinal mentir não era algo que
poderia fazer nem se quisesse. — Por causa do excesso de trabalho nos
últimos meses, confesso que não tive muito tempo para me inteirar sobre o
mercado literário da Grécia, por mais que seja uma área de grande interesse.
— Ah, sim, você também fez cursos extracurriculares sobre a cultura
grega. De onde veio toda essa paixão? — ela perguntou impressionada.
Sorri, afinal aquela era minha história de vida e ficava sempre alegre
falava sobre o lugar onde nasceu. Minha mãe era muito apaixonada e foi lá
que ela e meu pai, que é inglês, se conheceram — contei com um brilho no
olhar.
Meu coração sempre parecia se aquecer quando falava sobre aquelas
coisas.
— Acabei me apaixonando também. É como se pudesse me conectar
com ela, ainda mais depois que ela faleceu — expliquei com clareza,
trazendo um olhar de pesar para Beverly.
saudade. Ela sempre falava sobre como os gregos encaravam a morte, como
para eles eram uma espécie de passagem, por isso havia tantos rituais para
sua mãe. — Ela estava mesmo interessada. — Isso com certeza vai nos ajudar
nesse projeto, afinal precisamos entender Helena, não só traduzi-la.
objetivos.
“Apesar de tudo isso, ela era a mulher mais doce e cuidadosa que
conheci, sempre fazendo com que eu e meu pai nos sentíssemos amados.”
— Acho que isso definitivamente vai ajudar, afinal todo o material de
Helena é sobre isso, entende? Mulheres fortes que são capazes de mudar o
seu destino. São muitos livros e esse é o fio que prende todas as histórias.
Nossas heroínas, dentro das suas fraquezas, são poderosas.
Suas palavras me encantaram, afinal era o tipo de pessoa com quem
sempre me identifiquei. Sempre conheci mulheres que eram subestimadas,
mas que, quando tinham oportunidade, mostravam o quanto eram grandiosas.
Era como eu gostaria de ser, assim como foi minha mãe.
fluente em grego, muito menos o Sebastian, por isso vou precisar que você,
Milo e Violet nos guiem durante esse percurso. Eles também têm vivências
relacionadas à cultura grega, mas só você realmente viveu com uma pessoa
grega e, ainda melhor, uma mulher grega! A sua percepção será essencial
isso, você não tem ideia — comentei de maneira espontânea e ela pareceu
compreender perfeitamente.
Queria ter tido a oportunidade de trocar umas palavrinhas com ela. — Ele
suspirou ainda sorrindo.
— Bom... Acredito que a Bev pediu que você fizesse uma leitura das
obras de uma maneira geral, para depois começarmos as traduções de
apresse, certo? Aliás, você prefere ler em papel ou arquivo digital? — ele
questionou, curioso.
conta como home office e você vai ser remunerada. — Ele sorriu e fiquei
extremamente contente com aquilo.
Meu coração disparou ao vê-lo por perto, mas tentei agir naturalmente.
Por algum motivo estranho, Sebastian Evenfort pediu para que o primo
nos levasse em casa, o que, para mim, não fazia muito sentido e tentei
recusar, afinal achei que ele teria como me levar, já que havia oferecido.
papel crepom.
Sempre falava com Samantha o quanto achava bonitas as rosas brancas
e o lugar estava cheio delas, o que era muito fofo, mas também cômico, afinal
eram rosas de mentirinha.
Aquilo era tudo tão doce e atencioso da parte deles, que me senti
emocionada. Outra característica sobre mim, sempre foi essa, sou uma
— Você se esforçou tanto por isso, então achei que merecia uma
comemoração — ela falava enquanto se aproximava para me dar um daqueles
Quando fui morar fora do campus fiquei muito preocupada sobre como
seria minha vida tendo que me virar como uma adulta, mas a companhia
— E aí? Como foi com o seu chefe? Foi muito constrangedor? — Ela
fechou a porta atrás de si e começou a perguntar, quase sussurrando as
palavras.
— Foi tranquilo, mas também foi constrangedor. Eu sobrevivi. — Dei
de ombros.
— Eu quero detalhes — ela insistiu, mas estava tão cansada que era até
frente do bonitão?
— Certo. A verdade é que o homem que conheci não era o homem
gesto de silêncio.
— Eu perdi a entrevista, mas o outro senhor Evenfort também não
pôde ir...
— Eu não tô entendendo mais nada. — Ela realmente parecia não
sua irritação.
Tomei um banho quente e relaxante, para então me dedicar à leitura
grego era um pouco mais cansativo do que ler no meu idioma nativo.
Aquele seria um trabalho complexo, mas muito satisfatório.
dormindo. Decidi me arrumar mais cedo e dar uma caminhada pelo pequeno
parque ali perto, embora, não fosse o lugar mais seguro de todos os tempos,
era nada estranho. Talvez, estivesse relacionado com o fato dela ser grega,
mas não podia ser apenas aquilo.
começassem a girar.
Meu pai estava tão orgulhoso de mim e ele sempre teve confiança de
que eu realizaria qualquer sonho que fosse capaz de sonhar.
Sabia que ele estava certo, ele sempre estava, e a intuição dele era a
melhor do mundo. Ele era capaz de compreender meus sentimentos e de me
apoiar em tudo que decidia fazer, nunca me julgando.
Eu também sabia que minha mãe estaria satisfeita, onde quer que
estivesse.
Aquele era um sonho que sonhamos juntas e realizaria por nós duas.
quisesse provar meu valor, mas estava disposta e o mais importante de tudo,
estava imensamente feliz.
Diferente...
era o que me motivava, mas, naquele instante, outra força estava me puxando
e sabia daquilo. Precisei admitir para mim mesmo que estava ansioso para
Sabia que nos daríamos bem trabalhando juntos, apesar de nossas áreas
serem tão distintas e queria saber mais sobre ela, sobre sua vida.
as duas coisas, percebi que não havia semelhança alguma, afinal a paixão que
senti por minha ex-noiva foi avassaladora, como se estivesse cego.
Mas com um pouco de reflexão, muito tempo depois, notei que havia
me apaixonado não por quem ela era, mas por uma ideia enganosa que eu
mesmo criei.
Não, eu não estava “apaixonado”, como Sebastian havia acusado,
estava tendo contato com uma pessoa verdadeira depois de muito tempo
mantendo uma distância segura de qualquer ser humano no universo. Erin
quebrou uma barreira muito forte que me mantinha afastado de tudo, que
fazia com que meu coração não pudesse mais ser partido. Ela fez com que,
pela primeira vez em muito tempo, estivesse interessado em conhecer
alguém.
Queria e podia me aproximar, não havia pecado algum, afinal éramos
adultos.
Decidi ser simpático e pedir para que minha secretária trouxesse dois
pedido.
Eu iria até à sala da equipe de redação, iria perguntar como as coisas
estavam indo, se nossa nova revisora temporária se sentiu bem recebida, mas
quando cheguei lá me deparei com o vazio.
— Bom dia! — Mais uma vez soou a frase mais repetida em todas as
manhãs, era quase como um mantra.
nova funcionária a fim de puxar assunto, mas tudo foi por água a baixo.
— Você parece desapontado. — Ela constatou de forma bem-
humorada.
— Porque estou. Já estava me acostumando com a versão diurna do
meu primo, mas agora sou eu que vou ter que dar um jeito de me comunicar
com ele. Estava bom demais para ser verdade! — falei uma última vez, antes
Decidi marcar um encontro para aquela noite, porque não queria cair
na tentação de ficar até tarde no trabalho por motivos que nem gostaria de
admitir para mim mesmo.
Durante o dia resolvi que precisava manter o foco no trabalho e foi o
que manteve minha mente no lugar.
Depois de algumas horas, era como se tudo estivesse normal de novo,
como se nunca tivesse desviado da minha rota, pelo menos até lembrar de
vívida.
A mulher que veio ao meu encontro naquele dia era tão bonita quanto
qualquer uma com quem já tivesse me deparado. Seus cabelos eram tão bem
cuidados quanto sua pele que era tão resplandecente e seu sorriso perfeito,
mas, ao mesmo tempo, não sabia muito bem como agir, como se tivesse
esquecido alguma parte importante do meu manual.
Os olhos dela pareciam tão vazios e suas risadas desproporcionais tão
cujo rosto nunca mais veria após aquela noite, percebi que estava o tempo
inteiro fugindo de mim mesmo.
— Eu queria agradecer muito por ter vindo, mas esqueci que tinha
outro compromisso nesse mesmo horário — falei depois de uma longa pausa
o teatro que montei para tornar minha vida suportável, então decidi aceitar o
convite para o almoço no final de semana.
assuntos do coração, o que era bom também. Pelo menos até o encontro de
família, para o qual nos dirigimos juntos.
que o mercado editorial vai sugar a alma deles — Seb concluiu com uma boa
risada que acompanhei.
— Não é para tanto. Você sabe que ama o que faz, mas até eu tenho
tido mais senso nos últimos tempos, afinal nenhum dos dois está precisando
com ele.
Desde que meu pai faleceu minha mãe praticamente foi morar na
coisa.
Passaria o dia inteiro com meu alazão, mas tinha uma mãe que também
precisava da minha atenção, por isso não podia gastar todo o meu dia com
ele, deveria deixar aquilo para outro momento, no futuro.
Chegando na cozinha tive que parar para observar a paisagem que era
emoldurada pela ampla janela de madeira.
me ajudar aqui?
Uma das maiores felicidades da minha mãe era cozinhar para os
almoços em família. Ela e tia Harriet sempre se dedicavam muito, por mais
que brigassem na maior parte do tempo.
porque realmente está com raiva. Não precisa me ofender, mãe! — Sebastian
falou, em tom de brincadeira, se dirigindo a mim.
Aquele era um fato conhecido de todos, quando tia Harriet falava que
qualquer pessoa tinha semelhança com o tio Gordon, que raramente
participou de algum dos nossos Natais em família, era porque queria que a
pessoa se sentisse mal.
Era quase no meio da tarde que o almoço ficava pronto, mas pelo
menos a conversa era colocada em dia.
O dia estava agradável, nem quente demais, nem frio demais, uma
temperatura amena que fazia com que qualquer cenário se tornasse mais
agradável, enquanto estávamos ali bem colocados dentro daquele espaço
bucólico, sereno.
O som dos pássaros e o farfalhar das folhas nas árvores compunham a
natureza.
— Olha que loucura, nós quatro aqui. Uma viúva, dois divorciados e
um solteirão.
Sebastian cortou meus pensamentos sobre um futuro pacífico com
corrigiu.
— Verdade! E nem me venha com essa conversa de viuvez, porque
cabelos de fogo e anda como uma corça, tão elegante, esbelta. Ah, e os avós
dela são escoceses! — minha mãe falou, me ignorando completamente,
covarde.
“Pecado é não viver”.
Ela estava certa em não se fechar para o mundo apenas porque tinha
passado por algum sofrimento, afinal todos temos dificuldades em menor ou
maior grau.
Talvez, devesse ser mais espontâneo, talvez, devesse me reencontrar.
de expansão para dividir com meu primo e, então, com uma boa desculpa
para oferecer um café para a equipe que trabalhava tarde da noite, apareci no
acabaria.
Poucos dias se passaram da mesma forma que as folhas ressecavam,
luminosa.
A vida nunca me pareceu tão boa e estava encantada com tudo que
estava aprendendo.
Era bem verdade que meu chefe tinha costumes curiosos e que ele
queria mergulhar naquelas histórias, porque só assim conseguiria criar a
assim.
Seu rosto era cheio de alegria desde que consegui o trabalho e sabia o
enviou a cópia de uma foto antiga de nossa família. Coloquei aquele pequeno
objeto no meu nicho na sala da equipe de redação, ao lado da folha com a
está fazendo um tremendo frio por aqui. Acho estranho esse clima fora
de época e isso atrapalha bastante o despertar pela manhã, mal posso
“Preciso dizer novamente que estou muito feliz pela sua nova
conquista. Eu tinha certeza que não iria demorar até que você conseguisse se
aproximar das coisas que almeja. Sabemos que será uma longa caminhada,
mas conte comigo para acompanhá-la durante o percurso.
Estava mexendo numas coisas velhas e empoeiradas, e encontrei uma
resma de fotos bem antigas.
Essa era uma das mais bonitas, por isso fiz uma cópia, e espero que
sabe, não acontece muita coisa por aqui. Caso me lembre de algo, entrarei
em contato por aquele aparelho moderno, o telefone.”
“Com amor,
Papai.”
turnos opostos. Aquele fato me trazia um grande alívio e, aos poucos, podia
deixar de lado aquela imprudência que cometi, pelo menos achei que poderia.
Já passava das dez da noite e já estava com sono, porque estava
acostumada a dormir cedo, como uma criança. A expressão de Sebastian se
acendeu de alegria ao ver o primo, porque talvez eles também não estivessem
tendo tanto contato quanto gostariam.
— O que o meu irmão faz aqui? — Sebastian se levantou para dar um
por alguns segundos. — Não sei do que vocês gostam, mas acho que um
pouquinho de chá é sempre uma boa pedida — ele falou com gentileza.
— É óbvio que eu preferia café, mas não vou reclamar, afinal você está
sendo legal comigo. — Sebastian deu um soco de brincadeira no braço de
Zackary, que ainda parecia meio distante. — Acho que isso significa uma
pausa, não é mesmo?
forma.
— Senhor Evenfort, vou me retirar por um segundo então. — Eu me
dirigi a ele, temendo lançar o olhar sobre Zackary, como se aquele pequeno
contato pudesse provocar uma reação elétrica em meu corpo, o que sabia que
era a maior possibilidade.
— Fique à vontade, Erin. — Ele sorriu simpático e me dirigi para a
saída. — Essa menina trabalha muito.
quando voltasse para a sala. Lavei o rosto de maneira delicada, deixando que
a água fria me ajudasse a voltar para o meu lugar, mas, ao mesmo tempo, não
chefes, ou talvez fosse pelo fato de que a beleza dele era intimidadora.
O homem já havia superado aquele deslize, mas ainda não conseguia
sempre dizia que a melhor solução nas situações difíceis, era se concentrar no
primordial, deixar que o ar entrasse, fazendo seu trabalho, e depois fosse
embora, levando as ansiedades junto com ele.
Minha mão tocou a maçaneta com hesitação e saí sem pensar muito,
ajeitando a blusa social branca e alinhando a saia azul, mas quando ergui o
rosto tive a visão que perturbou cada pedacinho do meu cérebro.
Eu não havia sequer tido coragem de olhar com atenção quando ele
chegou até a sala, mas naquele momento era impossível não ver. Ele usava
um casaco pesado cinza e sobre ele uma camiseta preta. Sua calça era de
seu rosto era real. Olhei para trás de maneira instintiva, como se esperasse
que ele não estivesse se dirigindo a mim, mas ele continuou me encarando de
maneira despreocupada.
Aquela não era a primeira vez em minha vida que desejava sair
arremedo de si mesma.
— Como estão sendo as coisas com meu primo? Espero que ele não
esteja te fazendo trabalhar mais do que é sua obrigação — ele falou com
simpatia, de um jeito natural, enquanto eu ficava me perguntando como faria
para continuar com aquela conversa, mesmo que meu corpo se recusasse a
reagir de uma forma socialmente aceitável.
— Não, de maneira alguma. — Fiz o melhor que pude, mas não
consegui pensar em nada muito interessante para responder.
Ele ficou algum tempo em silêncio, olhou para o chão por alguns
segundos, até que finalmente começou a falar, por mais que tivesse muita
dificuldade em compreender qualquer coisa que deixasse seus lábios.
Eu não esperava.
— Eu não acho que possa, preciso continuar com o trecho que
estávamos analisando, porque vai fazer parte das peças publicitárias e... —
Comecei a falar desenfreadamente, mas ele me interrompeu muito
delicadamente.
— Prometo que não vamos demorar nadinha, só queria te mostrar algo
O prédio não era muito alto, mas era alto o suficiente para que estar ali
se tornasse uma experiência deslumbrante.
meus ombros e quando finalmente tive coragem de olhar para ele foi como
mergulhar em um universo que só nós dois conhecíamos.
Era aquele tipo de cenário que queria encontrar nos livros, tão
profundo e tão etéreo, absorvendo os protagonistas em panorama atraente e
arrebatador.
A forma com que os olhos de Zackary me esquadrinhavam não
chegava a ser desagradável ou constrangedora, era como se ele estivesse
prestando atenção em mim, como se quisesse realmente me ouvir e aquilo era
raro.
— Sobre nada. Sobre tudo. — Ele deu de ombros e seu rosto parecia
estar reflexivo.
— Okay, talvez o seu pensamento esteja certo... Mas, para mim, você é
especialmente interessante, doce e tem essa forma afetuosa de lidar com tudo
ao seu redor.
— Bom, não sei o que dizer... — falei baixinho enquanto sentia todo
parecia estar muito mais vivo, cheio de motivação e até a forma com que seus
olhos faiscavam era diferente.
“Aquele homem.”
— Sua regra é bem clara — citei sem me envergonhar e ele mais uma
em algum momento.
Sem querer fui transportada por aquela noite que dividimos, não fazia
muito tempo e ainda estava bem viva na minha memória, como uma
lembrança especial, uma lembrança repleta de sons, cheiros e cores.
fazendo com que arrepios percorressem todo meu corpo, até ele depositar um
último beijo em meus lábios, tão rápido, superficial, carinhoso...
Eu não queria que acabasse daquela forma, por mais que fosse contra
todos os meus princípios. A culpa me atingia de certa forma, mas a presença
incontrolável havia me levado até ali e não tinha a intenção de voltar atrás.
Havia uma tempestade acontecendo nos meus pensamentos desde o
retorno da fazenda no dia anterior. Sabia que precisava fazer algo e não foi
tão simples assim adquirir coragem, porque aquilo era diferente de tudo que
instante, estava repensando tudo e imaginei que poderia pelo menos tentar
conhecer uma pessoa. Estava totalmente perdido naquelas ponderações,
se pela primeira vez, em muitos anos, pudesse ser eu mesmo. Eu não quero
que se sinta pressionada de jeito nenhum, só queria dizer que talvez a gente
muito importante pra mim. Eu nem sei o que faria se perdesse essa
oportunidade. Eu sinto muito. — Seu olhar era quase desesperado, assim
como eu também começava a sentir certa aflição. — Aquela noite foi
realmente especial. — Suas bochechas adquiriram certo tom avermelhado,
enquanto um sorriso perdido decorava suas faces. — Mas preciso dizer que,
na verdade, algumas regras precisam ser mantidas, para nossa proteção. —
Ela suspirou cansada.
estranhos impulsos, que fazia com que questionasse tudo em que acreditava.
— Você tem namorado ou alguma coisa do tipo? — perguntei embora
tivesse me arrependido depois, porque aquilo poderia soar ofensivo para ela.
— É claro que não, eu só... O senhor é um homem gentil, mas não
poderia arriscar tanto, por mais que seja difícil. — Ela sorriu mais uma vez,
um sorriso quase imperceptível, enquanto desviava o olhar para seus pés mais
uma vez.
— Você não precisa me chamar de senhor, Erin. — Tentei, mas ela
balançou a cabeça levemente.
— Eu acho mesmo, que é melhor assim. — Seu rosto denunciava certo
pesar, mas claramente ela estava decidida, tão decidida que em momento
algum pareceu hesitar. — Boa noite, senhor Evenfort, preciso voltar para a
sala — ela concluiu em um tom institucional e se retirou tão rápido quanto
Sorri, sem humor algum para mim mesmo, com aquela novidade.
“Patético, Zackary!”
sofrer por causa da decepção, que já nem sabia mais me portar quando
precisava encarar pessoas de verdade, pessoas que não estavam por perto só
Nem sequer recordava o quanto aquela coisa era complicada, mas não
permitiria que aquilo tirasse a minha motivação, porque a forma com que me
sentia era tão diferente que sabia que poderia valer a pena.
Resolvi continuar visitando Sebastian no turno da noite de vez em
quando, enquanto dava algumas desculpas, afinal não queria parecer algum
tipo de stalker. Vez ou outra esbarrava com Erin, que parecia ficar mais
bonita a cada dia que passava, mas ela continuava na defensiva, sempre
agindo de maneira bastante formal na maioria das vezes.
Enquanto meu trabalho estava muito adiantado, a equipe que apoiava
Sebastian no projeto precisava trabalhar cada dia mais pesado, quanto mais a
data de lançamento programada se aproximava.
manhã, que era o horário em que ele ia embora na maioria das vezes, porque
quando eu chegava, ele estava indo para casa.
muito ruim não ter com quem conversar sobre aquele assunto, por mais que
pudesse parecer bobagem.
impaciente.
Bocejei longamente e cobri o rosto com as mãos.
Estava exausto.
Meu pequeno plano não estava funcionando muito bem.
— Como a sua equipe? Aquela que você obriga a ficar aqui até tarde
da noite? — falei ainda sonolento.
suas divagações.
Não demoramos muito para chegar até a “nossa” cafeteria e sermos
porque ela não gosta tanto assim de você. Eu nunca precisei fazer isso,
porque elas caem matando em cima de mim.
Precisei rir com aquela revelação fenomenal, pois sabia que ele falava
aquelas coisas para melhorar meu humor.
— Não seja ridículo — falei ainda rindo.
— É sério! Meu charme é infalível.
— Claro que é — concordei com uma pontada de ironia. — Agora, por
muito. Acho que é importante mostrar que essa possível aproximação vai ser
mais benéfica do que prejudicial. Você precisa mostrar que é um adendo na
corpo. — Como alguém tão sensato pode escolher tão mal? — falei com o
objetivo de provocá-lo.
Mas Sebastian não ligava, sempre falou que o coração era seu ponto
fraco.
uma maquiagem. Uma merda! — Ele suspirou, porque entendia bem daquilo.
Eu também entendia aquele tipo de frustração e cegueira, mas era
estranho pensar que estava tão imerso nas minhas questões atuais que sequer
havia pensado sobre meus medos, o motivo de ter me fechado para os
relacionamentos. Era esquisito, mas só, naquele exato segundo, percebi que
não pensava mais em Emily.
Depois de tantos anos, não sentia mais nada por ela, nem raiva. Era
como se todos aqueles sentimentos que um dia foram tão intensos tivessem
evaporado, como se nunca tivessem existido.
Tentei me lembrar como era estar apaixonado por ela e nada. Tentei
lembrar também como era doloroso pensar sobre ela depois do que
Esquisito.
Aquela era uma dor que me afetou de uma maneira profunda e era
parar de fazer sentido. Talvez, já não fizesse sentido havia muito tempo,
embora só começasse a perceber ali, vendo Sebastian devorar seus croissants.
— Como posso mostrar isso já que essa pessoa não quer que me
aproxime? Ou melhor, o que você faria se a suposta pessoa não quisesse
Pensando bem, ele estava certo. Cada vez que cruzava com Erin, a
sensação era de que as coisas estavam estranhas. Ela me lançava um olhar
agir como gostaria. Meu irmão, isso não é bom, sabe? Eu sei que não tenho
as melhores experiências do mundo. — Ele ergueu as mãos, como num breve
gesto de rendição, o que me fez sorrir. — Mas, apesar de todos os meus erros,
pelo menos sei que não deixei de fazer o que sentia. Eu não precisei ficar me
todos os dias e começar a jogar com a sorte. Talvez, pudesse ser surpreendido
de uma forma positiva pela primeira vez e se, no final, tudo desse errado,
gostaria.
•••
Claro que Sebastian me ajudou com aquilo e me senti bem mais leve depois
de compartilhar meu pequeno “segredo” com alguém.
falei um pouco hesitante e o sorriso que brotou em seu rosto dela foi
impagável.
Completamente profissional.
— Imaginei que um café da manhã grego iria ajudar a entrar ainda
pouco saudável para minha saúde mental. — Vai ser perfeito, porque você
está terminando seu turno e vou ter tempo de voltar para o meu. O que acha?
— Procurei soar convincente e ela pareceu se render, pelo menos um pouco.
— Tudo bem, mas não posso demorar muito — ela pontuou e não pude
evitar uma expressão de vitória e empolgação, o que a deixou de bom humor
também.
Aquela coisa de “mudar o roteiro”, às vezes, parecia ser como uma
roleta russa.
O restaurante não era tão longe e me senti levemente tenso durante a
— Minha nossa, eles têm loukoumades! Minha mãe sempre fazia para
o café. — Seus olhos brilhavam.
canela ou gergelim no final, coisa simples, mas uma delícia... Ah, café grego!
Quanto tempo... — Ela falou, ainda admirada, e tudo que podia fazer era
satisfatório apenas estar na companhia daquela garota tão doce, tão única. Ela
comentava sobre o quanto o café era importante para a cultura grega e que
adoraria que alguém fizesse a leitura do seu café, o que me deixou surpreso,
porque não era algo que conhecia.
— Percebo que você tem um futuro brilhante e que... A sua vida está
prestes a mudar — completei de maneira cômica e a fiz rir com minha
Ainda não sabia muito bem o que era, mas algo estava acontecendo e
estava contente com aquilo.
Sabia exatamente o que ele estava tentando fazer e aquilo me deixava
aproximado daquela forma e Zackary estava deixando claro com suas atitudes
que estava empenhado em fazer aquilo.
O café na mesa, as conversas bobas e cheias de sorrisos, a forma com
que ele me olhava por um bom tempo, de um jeito profundo, mas que, ao
mesmo tempo, não era desconfortável. Gostava da maneira com que me
sentia ao estar perto dele, como se a vida fosse simples e as coisas pequenas
fossem incríveis.
levavam, contra minha vontade, para lugares obscuros, onde seu apetite voraz
também se destacava.
Sacudi a cabeça, como se tentasse apagar aquele pensamento, que fazia
com que minha pele se arrepiasse.
— É estranho pagar para consumir esse tipo de comida, porque minha
mãe sempre fazia em casa — falei de maneira despretensiosa, ainda
admirando aquele lugar e tudo ao nosso redor.
exército vivesse ali, porque meus pais sempre preenchiam cada espacinho
com suas personalidades cativantes. Meu pai saía para pescar e voltava feliz
com seus peixes, nós três cozinhávamos juntos ou algo parecido, porque o
que eu fazia na maior parte do tempo era experimentar tudo e perguntar se
comentou.
— É perceptível que era muito apegada a ela — respondi com timidez.
Não queria ser o tipo de pessoa que falava sempre do mesmo assunto,
mas era difícil não comentar sobre aquelas coisas, porque era assim que
mantinha a lembrança dela viva, através dos pequenos momentos em que ela
se fazia presente a cada dia.
— Eu gosto de ouvir sobre sua vida, me parece... — Ele pausou a
infância naquele lugar, então sempre que volto é como se pudesse rever meu
pai, apesar dele ter partido há muitos anos — ele falou com tranquilidade e,
um dia de cada vez, não é verdade? — Foi o que falei, recebendo um sorriso
singelo da parte dele.
aquele elogio.
Tudo parecia ser mais leve enquanto passávamos aquele tempo juntos,
•••
Samantha entrou em um surto completo quando contei o que havia
acontecido. Como sempre ela parecia até mais animada do que eu com as
coisas que aconteciam em minha vida.
em te conquistar.
— Não foi um fora e ele não quer me conquistar. Pode ter algo a ver
— Sim, temos muito que fazer ainda, por mais que tudo esteja
correndo muito bem. É complicado lidar com pessoas perfeccionistas — falei
falou com certo rancor, apesar de nem sequer conhecê-lo e apenas ri com
aquilo.
quando for lançado... Eu vou ficar tão orgulhosa — completei com um olhar
sonhador.
conectávamos tão facilmente, por mais que quase nunca nos víssemos.
Era quase assustador lembrar do beijo, daquela noite fria, o café da
manhã tão agradável e o quanto conversamos. Ele esteve tão perto de mim e
era como se sua marca estivesse impressa na minha pele para nunca mais sair.
•••
Depois daquele dia extremamente agradável, descobri que possuía um
admirador secreto, nem tão secreto assim. Todos os dias, alguma coisa era
deixada sobre minha mesa, geralmente uma flor que parecia ter sido
daquilo.
De qualquer maneira, quando fui pegar minha bolsa, vi que, apesar de
não haver flor alguma, havia um envelope com um novo convite. Aquele
convite era para um jantar naquela noite e meu coração disparou ao
compreender o conteúdo.
Eu não sabia o que fazer, porque estava preocupada com meu
aquilo. Não deveria aceitar convites nem flores, deveria apenas estabelecer
limites rígidos que me impedissem de errar.
Precisei respirar fundo algumas vezes antes de criar coragem. Estava
vivendo meu sonho e não poderia deixar que aquela paixonite, ou o que
fosse, me atrapalhasse ou colocasse tudo em risco. Com as mãos trêmulas,
peguei minhas coisas e me dirigi até o elevador.
Dentro daquele invólucro prateado me senti desprotegida e assustada,
superfície rígida.
O prédio estava quase vazio, pois era cedo demais.
Pensei sobre o fato de que ele vinha antes do horário apenas para me
fazer pequenos agrados e aquilo fez meu peito afundar mais uma vez, fez
com que tivesse mais certeza ainda de que estaria certa em me afastar.
Ele permitiu que eu entrasse e o fiz.
— Bom dia, Erin, que bom te ver. — Seu sorriso era bonito,
resplandecente.
Ele se levantou e se aproximou já que parei no meio do caminho entre
a porta e sua mesa.
— Espero que tenha gostado do convite.
Zackary parecia estar esperançoso por mim e aquilo era demais para
lidar, ainda mais com a proximidade entre nós dois.
debateu.
— Por favor, não me chame mais assim — ele insistiu e movi a cabeça
em concordância.
— Tudo bem. — Sorri. — É só que não posso ir jantar com você,
também não posso aceitar flores e bilhetes. Não posso fazer isso.
Não estava me fazendo de difícil, nem queria parecer inalcançável para
Era quase doloroso ter que dizer não, era ir completamente contra tudo
que mais desejava, mas precisava.
Seus olhos eram convidativos, mas com minha negativa, ele pareceu
um pouco frustrado, embora não tenha insistido.
Querendo apenas que a vida fosse mais simples, querendo ser mais
desprendida e audaciosa.
Não precisei dizer ou justificar minhas palavras, pois ele estava ali,
completamente imerso na nossa atmosfera e tinha quase certeza que poderia
Estávamos mais perto ainda depois que o chamei. Ele esperava que
falasse algo, mas, simplesmente não sabia o que falar, porque tudo que havia
entre nós dois era aquela aura flamejante, cheia de tensão e apreensão.
Nossos corpos tinham uma sintonia que não poderia ser captada por
alguém de fora, mas que nós dois, com certeza, sentíamos com toda clareza.
Estávamos vibrando na mesma frequência.
— Sim, Erin.
Sua voz era grave, de veludo. Seu rosto era um enigma, seus lábios
estavam tensos e seu maxilar rígido.
Eu não sabia como reagir, como me mover, porque seu perfume estava
me envolvendo mais uma vez. Não pude evitar enquanto meus olhos se
para si, fazer com que meu corpo, simplesmente, se movesse, mesmo contra
minha vontade e assim foi.
cintura.
Aquela experiência era completamente diferente de tudo que já havia
vivido em toda minha vida, porque, pela primeira vez, deixei que meu corpo
tomasse conta das minhas ações, por mais que minha cabeça me mandasse
Apesar de todo o nervosismo, beijar Zackary mais uma vez era como
me reencontrar, de alguma maneira, com uma parte diferente de mim, uma
parte que não tinha medo de seguir o coração e aquilo também me confortava
de alguma forma.
Estava paralisada, mas aos poucos ele estava fazendo com que me
sentisse bem.
Ansiava por mais e sabia que não conseguiria fugir, apesar de tudo,
apesar de ter tentado.
Quando me vi já não estava com vergonha, estava totalmente entregue
àquelas sensações e nossos lábios conectados, aos poucos, nos levavam a nos
aproximar ainda mais em uma massa de calor humano, onde nossos corpos se
cuidadosa.
Quando estávamos ofegantes, ele se afastou e me olhou nos olhos.
bom humor.
A porta era sólida atrás de nós e a pressão do meu corpo sobre o dela
era irresistível. O ambiente estava tão insuportavelmente quente e meus
órgãos se retorciam, como se pudessem explodir dentro do meu torso. Queria
tocá-la em todos os lugares possíveis, mas, ao mesmo tempo, não queria que
ela se assustasse e acabasse se afastando mais uma vez, então permiti que, de
alguma forma, ela ditasse o ritmo, mostrando até onde eu poderia ir.
Segurei sua cintura com firmeza, enquanto com a outra mão tocava seu
rosto, mantendo seus lábios ao meu alcance, invadindo-os com a língua para
acariciar a dela de maneira intensa, mas calculada.
Apenas para sentir com fervor sua textura de veludo e sua umidade
convidativa.
Seu hálito era tão doce e seu perfume invadia meus sentidos, fazendo
com que estivesse completamente dentro da situação, completamente
podia sentir a forma como ela prendia uma das minhas pernas entre suas
coxas, por mais que aquilo fosse dificultado pela saia que ela usava.
com meus dedos frios e sentir sua pele tão delicada e sensível. Com aquele
gesto pude senti-la arfar em meus lábios, sem interromper o beijo.
Permiti que minhas digitais se arrastassem pela extensão da cintura da
mulher mais instigante com quem já tive o prazer de me encontrar.
Um arrepio percorria nossos corpos e era perceptível a energia
viajando por nosso entorno, indo e voltando de um para o outro, cada vez
mais forte, mais incontrolável.
O mais delicioso de tudo era notar que ela realmente queria mais e
que poderia prosseguir com aqueles toques de forma mais livre.
mais assertivo, então permiti que uma das minhas mãos, a que antes segurava
seu rosto, acariciasse sua perna, subindo lentamente por sua coxa. Um baixo
resmungo, parecido com um gemido, fugiu por seus lábios e tudo que fiz foi
intensificar aquele beijo, ao mesmo tempo, que ainda a tocava levemente.
Sem muito vigor, ela afastou minha mão daquela região, mas só um
pouco, como se lutasse contra si mesma. Por mais que ela tivesse afastado
meu toque, ainda assim sua expressão corporal era contraditória e ela ainda se
pressionava contra mim, causando choques em minha espinha dorsal, fazendo
com que minha respiração se tornasse ofegante.
Queria muito mais do que aquilo, mas, naquele instante, me
contentaria com o choque dos nossos corpos, com os movimentos nada
delicados das nossas bocas dançando daquela maneira tão erótica e sensual.
Todo meu corpo estava despertando, todos os meus sentidos nunca estiveram
tão aguçados.
Era como se estivesse vivo de verdade.
uma vez.
— Zackary, eu... — Ela até tentou se afastar um pouco e dizer algo,
mas não levou mais que dois segundos para voltarmos ao mesmo beijo cheio
de ímpeto que iniciamos antes.
Tentei mais uma vez tocá-la, agarrando uma de suas coxas e, naquele
instante, não recebi nenhum tipo de resistência. Nossas caixas torácicas se
moviam para cima e para baixo em uma fúria incontida. Minha mão estava
entre suas pernas e podia sentir a umidade daquela região sob a roupa íntima.
Pelo visto nossa situação não era tão diferente em níveis de excitação.
Aquela constatação me deixava enlouquecido, como se pudesse
explodir só de estar tão perto dela.
Sem pensar muito fiz com que suas pernas se levantassem na altura dos
meus quadris, segurando-a com firmeza, com mais força, enquanto ela se
aquilo tudo era muito instável e que ainda não tínhamos completa
compreensão do que estávamos sentindo, mas ainda assim queria
experimentar.
Não queria deixar que a oportunidade passasse.
Mais uma vez fiz o caminho tortuoso pela coxa daquela mulher
irresistível, o suor começava a porejar em nossos rostos, enquanto seus
Minha mão ainda fazia um trabalho discreto entre suas belas pernas
podia ouvir sua respiração se alterar, ficando ainda menos espaçada. Não
sabia de onde havia surgido, mas a ansiedade por tê-la ali me consumia de
uma maneira praticamente incontrolável.
Com gentileza penetrei sua umidade com um dos meus dedos, não
podendo evitar um baixo gemido ao sentir seu aperto tão abrasador. Tudo
nela me atraia, desde seus baixos suspiros até a forma com que ela afundava
suas mãos em meus cabelos apaixonadamente. Devagar comecei a me
movimentar e logo pude perceber que ela estava pronta.
Tive que me esticar um pouco para alcançar a gaveta da minha mesa,
não que tivesse o costume de transar no trabalho, mas sempre deixava algum
preservativo ali só por garantia.
Mais uma vez devorei os lábios de Erin, aproveitando a doçura do seu
a sensação me derretesse, mas logo sendo tomado pela fúria luxuriosa que
nos acometia.
tornava cada vez mais difícil manter o silêncio dentro daquela sala vazia.
Cobri os lábios da minha bela dama com uma das mãos e ela rolou os olhos
seu perfume suave. Logo ela estava comprimindo meu sexo com o aperto da
região entre suas pernas, me deixando totalmente desnorteado enquanto
possuísse mais ossos. Precisei me segurar nas bordas da mesa para me manter
de pé, ao mesmo tempo, em que afundávamos nossos rostos nos ombros um
do outro.
“Puta merda!”
não pude evitar. — Sorri mordendo o lábio ao notar a sua expressão ainda
acanhada e sua pele rubra.
Estávamos ali, mas tudo que conseguia pensar era no futuro, nas coisas
que poderíamos fazer juntos e nas coisas que gostaria de mostrar para ela.
Consegui me aproximar dela naqueles poucos minutos, mas não era o
suficiente; queria que ela aceitasse mais do que aquilo.
Ajeitamos nossas posturas, tentando desamassar nossas roupas e ficar
decentes. Nossos olhares ainda se cruzavam com cumplicidade e não poderia
me sentir melhor.
Erin estava tímida e corada, como na maior parte das vezes em que nos
aproximávamos um pouco mais.
pensar naquilo, não podia ficar excitado mais uma vez naquela manhã.
— Por favor — insisti com brandura e ela sorriu de volta, suspirando
depois.
— Zackary, não sei se um jantar é uma boa ideia — a doce mulher
souberem sobre isso? O que vão pensar? — Ela estava cheia de inseguranças
e tudo que queria era convencê-la de que aquilo não era um problema.
— Por favor — repeti e ela ainda parecia pensativa. — Prometo que
ninguém vai saber sobre isso. É só uma oportunidade de conversamos mais à
vontade.
— Não é que não queira... — Ela admitiu por fim, arrancando um
sorriso satisfeito dos meus lábios.
— Vamos lá, não pode ser tão difícil — falei com bom humor e o
sorriso iluminado que ela exibiu foi o suficiente. — Apenas diga a palavra...
incentivo.
Nossos olhares ainda se chocavam e, por um momento, achei que
poderia me frustrar de novo, mas sua voz soou mais uma vez.
— Sim — finalmente, falou e comemorei brevemente, o que a fez rir.
Cada sorriso que arrancava dela me deixava mais leve, como se fosse a
coisa mais bonita do mundo.
Ainda me sentia confuso com tudo aquilo, como se fosse uma enorme
novidade. Eu tinha a impressão de que precisava aprender tudo de novo,
coisas que havia passado quando era apenas um garoto, pois já não sabia
como era me envolver daquela maneira.
Não de uma forma tão entregue e tão desinteressada.
Minha cabeça estava nas nuvens e todo meu interior estava uma
bagunça, mas precisava admitir, gostava daquela garota.
Um sorriso ainda estava no meu rosto e nossos olhos não sabiam como
se separar.
— Desculpa, eu... — falei, mas nem sequer sabia o que pretendia dizer,
pois, só me perdi mais uma vez naquele mar profundo.
vaso sanitário e colocava para fora todo e qualquer alimento que tivesse
Sam me lançou olhos preocupados, mas não queria que ela ficasse
daquele jeito.
algo que comi não me fez bem, sabe? — falei tentando amenizar a situação,
mas me perguntava o que realmente acontecia, já que não era a primeira vez
que me sentia daquela forma nas últimas semanas.
— Nada disso, vamos ao médico — ela insistiu, mas fiz que não,
apenas balançando a cabeça.
— Amiga, obrigada, mas não! — falei com firmeza, mas ela já estava
me arrastando através da porta do banheiro.
— Erin, isso não foi uma pergunta, foi uma afirmação. Você vai trocar
de roupa ou vai assim mesmo?
Minha amiga sabia como ser teimosa quando queria e era quase
impossível lidar com ela.
Bufei um pouco irritada, porque sabia que logo ficaria bem e que não
era para tanto, mas ela não conseguia compreender aquilo. Eu só queria me
mente.
Tudo que queria era ficar ali com as minhas memórias.
para o elevador. Felizmente ainda estava cedo, então não havia muita gente
para me flagrar naquele momento constrangedor.
Mas dentro da minha cabeça era como se cada pessoa que direcionasse
um olhar para mim, soubesse de todos os meus pecados.
outra opção que não fosse me levantar e ir, porque ela não desistiria.
Estar em um consultório médico era uma sensação completamente
mãe. Era sempre doloroso observar tantas pessoas doentes, muitas vezes tão
jovens, além do fato de sempre acabar voltando para casa com notícias
negativas.
Suspirei pesado ao pensar em tudo aquilo.
Era complicado imaginar que, alguns anos atrás, seria minha mãe que
estaria me arrastando para o médico e não a Samantha.
Sentia tanta falta da minha mãe que chegava a doer.
O homem que nos atendeu era idoso e tinha os cabelos grisalhos, além
de uma barba rala. Ele parecia ser simpático e nos recebeu com um sorriso,
logo perguntando o que me levava até ali. Tentei ser específica e me lembrar
do que estava sentindo nas últimas semanas, por mais que não prestasse
Era assim que Sam agia quando eu ficava nervosa, o que não era tão
comum, afinal ela era a estressada da relação.
na sua pergunta.
— É claro que usamos — pontuei com clareza. — Todas as vezes —
— Eu sei lá, mas estou meio irritada. — Respirei fundo. — Deve ser o
trabalho e essa coisa toda de doença. Eu não quero ficar doente.
Por mais que não me permitisse pensar naquele tipo de coisa, não
podia esquecer, bem lá, no fundo, que minha mãe morreu por causa de um
câncer e que aquele tipo de doença era genético. Infelizmente, meu pai estava
sempre preocupado comigo e eu também me preocupava quando tinha
qualquer sintoma, por mais que tentasse fingir que não me importava e que
minha saúde era de ferro.
— Você não vai ficar, doente, chuchu — ela falou com serenidade e
fiz uma careta. — Olha, te perguntei essa coisa sobre a camisinha, porque o
as mãos.
Aquele foi um dia terrível e passei o tempo inteiro deitada, mas não
passou. Sam cuidou de mim, o tempo inteiro e, quando Amanda chegou, ela
também tentou me ajudar, mas não havia muito o que ser feito.
enjoo piorava.
A parte difícil de tudo foi ter que ligar para Zackary e dizer que não
poderia ir ao jantar. Havia evitado muito me render aos seus encantos, mas,
no final das contas, sabia que não iria resistir àquela aproximação, porque era
inegável a conexão que existia entre nós dois.
Fiquei com medo de que ele achasse que aquilo tudo era apenas uma
desculpa por causa do meu medo de ser demitida, sendo que já havia aceitado
que iria pelo menos dar uma chance ao que fosse lá o que estava acontecendo
entre nós.
Minhas mãos, que já estavam frias pelo meu estado atual de saúde,
também ficaram trêmulas quando digitei o número. Possuía um papel que
— Não brinca! Meu Deus! Então quer dizer que você desistiu de se
fazer de difícil? — ela falou com malícia.
Eu sabia que precisava falar com ele, mas não sabia como fazer aquilo,
então apenas contei até três e...
— Sem problema algum, é só que preciso dar uma notícia meio chata
— falei sem graça e ele continuou em silêncio. — É que estou me sentindo
— Como assim, você está doente? O que você tem? — Ele parecia
sinceramente preocupado.
naquele dia, mas com certeza não vou lembrar direito como chegar — ele
falou de uma vez só.
eixo.
— C-como assim? — gaguejei confusa.
viesse.
— Eu realmente não estou me sentindo bem, não ficaria confortável
em receber você desse jeito. — Tentei explicar, mas ele estava obstinado.
— Entendo perfeitamente, mas isso é muito importante.
Estava bem e aquilo não podia ser apenas por causa da minha virose.
— Ainda assim, acredito que não esteja em condições de receber você,
não levantei o dia inteiro, desde que voltei da editora, mas acredito que
amanhã estarei melhor e... — Se ele era insistente, precisava ser mais ainda,
mas fui interrompida.
— Erin, sei o quanto estou sendo inconveniente agora e talvez até
irritante, mas, por favor, preciso mesmo falar algo com você e não pode ser
por telefone.
Não tive argumento, afinal também precisava saber o que era tão
•••
O olhar zangado de Sam sobre Zackary estava me deixando
constrangida, talvez, até um pouco mais do que o fato de que ele naquele
momento conhecia o lugar simples e entulhado de coisas que dividia com
meia dúzia de comentários ácidos ao homem ali parado. Ele parecia querer
conversar comigo com pressa, mas ela não estava permitindo a aproximação.
emprego, por mais que soubesse que aquela irracionalidade era fruto de sua
preocupação por mim.
de si.
Era cômico e completamente estranho observar a forma como o senhor
que aquelas paredes não pareciam caras o suficiente para que ele estivesse
entre elas.
conter.
— Na terceira vez... — ele prosseguiu. — Houve um acidente com o
preservativo e ele se rompeu.
Suas palavras entraram em meu cérebro, mas não conseguia atribuir
significado a elas, estava dormente e meu corpo formigava.
— Eu não disse imediatamente, porque não queria te preocupar
naquela hora, então conversaria com você sobre isso no café da manhã, mas,
infelizmente, você foi embora. Apesar de ter ficado preocupado com isso
acabei esquecendo ao te ver na editora no dia seguinte. — Zackary tentava
O homem com quem transei pela primeira vez em toda minha vida não
poderia ter vindo até meu simples apartamento para sugerir que talvez
estivesse grávida.
Algumas semanas atrás, jamais cogitaria a ideia de fazer sexo casual
vida e me sentia mais corajosa, entretanto, não significava que estava pronta
para a ameaça de uma gravidez.
Quando Samantha disse que o médico pediu aquele exame jamais
considerei aquela possibilidade de maneira real, mas ali estava uma
evidência de que poderia ser sim.
Não queria estar doente, mas também não queria estar grávida!
Nunca pensei em ter filho, pelo menos não até estar com minha
carreira consolidada.
Minhas mãos começaram a tremer e sentia que ia surtar a qualquer
momento.
Tinha tantas coisas para fazer e...
Meu Deus!
O que meu pai iria pensar de mim?
acontecendo.
Aquilo era tudo culpa dele e estava furiosa!
que nem sabia o que estava fazendo. Na realidade, desde que desconfiei da
possibilidade da gravidez de Erin entrei em estado de choque, onde não
apenas um alarme falso, até o ponto em que poderia ser pai e que me tornaria
responsável por outro ser humano, o que não me parecia ser a coisa mais fácil
do mundo.
As palavras de tia Harriet me aguilhoavam e não poderia discordar
dela, afinal, realmente mal cuidava de mim mesmo. Havia passado anos da
minha vida embotado, fugindo de emoções complexas, tentando me afogar
em trabalho apenas para esquecer minhas frustrações.
Definitivamente, ainda estava tentando construir melhor minha
maturidade emocional.
O tempo que Erin levou para buscar o envelope com o resultado dos
exames foi bem curto, mas ela não o abriu imediatamente, talvez, ela também
— Vou deixar vocês dois sozinhos, acho que precisam conversar. Vou
dar uma volta e venho te buscar. — Abraçou a doce mulher, que, naquele
protegê-la.
A noite em que a conheci e a primeira vez que nossos olhos se
cruzaram, tomaram conta da minha mente. Sabia que ela era diferente de tudo
que já havia visto, sabia que ela não era só mais uma pessoa, com quem teria
— Imaginei que você fosse inexperiente, mas não havia cogitado ter
sido o primeiro — falei de forma branda, tentando não criar qualquer tipo de
— Agradeço por ter confiado em mim... Aquela noite foi muito especial. —
Eu nem entendia o motivo de estar dizendo aquilo tudo, mas imaginei que
precisava ser honesto, que precisava que ela soubesse, pelo menos um pouco,
o quanto me fazia bem.
Mais uma vez ela me ofereceu um daqueles seus sorrisos tão inocentes
e era assim que gostava de vê-la, não com um olhar assustado ou temendo
por qualquer coisa.
— Sinto muito que isso esteja acontecendo... — De repente, ela
desabou, escondendo o rosto com as mãos e o esfregando, para logo em
Era como se nós dois ainda não estivéssemos preparados para enfrentar
o resultado, por isso aquela demora era bem-vinda, mas, de qualquer forma,
vinha dele, mas estava tão confuso, afinal éramos completamente diferentes.
Eu não tinha a força dele, não tinha aquela capacidade de agir como se
Ela chegou e virou minha vida de cabeça para baixo, mas estava
gostando, estava amando a forma como ela me bagunçou e torcia para que
nunca mais as coisas voltassem a ser como antes, porque era bom.
Respirei mais uma vez e me convenci de que faria tudo certo, não
em nosso futuro.
— Erin? — perguntei preocupado e ela me olhou com aqueles olhos
azulados em seu rosto brilhando com lágrimas que logo ela secou com o
lenço que ofereci.
me confirmasse.
— Positivo, como eu temia. E-eu preciso falar com meu pai. — Ela
e não iria desampará-la, assim como meu pai jamais me desamparou. Assim
como ele nunca desamparou minha mãe, apesar de toda e qualquer diferença
de opinião.
— Shh... Calma, você vai falar com ele, ok? Eu te levo até a casa dele,
se você quiser — sussurrei com meu rosto entre seus cabelos com o perfume
doce dos seus fios dourados invadindo meu olfato e me deixando mais
sereno.
— É muito longe, não poderia chegar assim. — Ela suspirou e queria
apenas fazer qualquer coisa que trouxesse conforto a ela.
Eu só precisava que ela soubesse que estava ali para ela, apesar de
qualquer coisa.
desculpas.
— Mesmo que seja complicado, mesmo que... Não estou preparada
para ser mãe, mas vou fazer o possível... — Ela ainda parecia estar muito
frágil.
— Erin, você não precisa se preocupar, vou cuidar desse bebê, vou
tomar conta de tudo. Você não vai precisar se preocupar com nada, eu juro!
Mesmo se ela escolhesse não ser mãe, estava disposto a ficar com o
bebê e jamais a julgaria por aquilo.
— Zackary, vou seguir adiante. Estou com medo, mas sei que vou
conseguir, só preciso de um tempo para digerir a nova informação. Eu sei que
bolsa e olhava frustrada para o celular. — Ele morreu, a bateria está meio
ruim. — Ela pareceu estar chateada, mas deu de ombros. — Você pode
anotar em um papel?
— Sem problemas — falei, mas por dentro estava voltando a me sentir
desesperado com a ideia de que ela não tivesse como falar comigo em uma
situação de emergência.
salvar mais tarde. Logo ela me pediu para que ligasse para sua amiga, assim
elas iriam embora juntas.
Claro que ofereci uma carona, mas elas não aceitaram, então tudo que
pude fazer foi pagar um táxi e assistir enquanto Erin ia embora, mas minha
Sabia o que ele ia perguntar, mas estava certo de que aquela criança era
minha, a dúvida nunca ocorreu na minha cabeça, fosse porque Erin me
— Eu não sei, Seb. O lugar onde ela vive fica tão longe da Evenfort
Books, ela não tem conforto nenhum naquele lugar. Não quero parecer o tipo
decisões.
— Preciso de um bom seguro médico para o pré-natal, preciso saber
que tipo de parto ela prefere, preciso saber se ela se sente confortável
trabalhando, afinal ela estava passando mal, talvez seja melhor...
Espera a Erin te contatar, aí vocês pensam sobre isso tudo. Não começa a
exagerar para não assustar a moça — ele aconselhou com a sabedoria que
Erin é uma pessoa diurna, essa mudança brusca nos horários dela não está
fazendo bem para a saúde.
pessoas, mal tinha espaço para transitar, afinal o lugar era muito pequeno. Ela
passou mal o dia inteiro no sábado e me senti extremamente culpado pela
Passei um bom tempo refletindo sobre tudo, sobre o que meu pai faria
em uma situação como aquela e sabia que ele faria absolutamente tudo que
estivesse ao seu alcance para que as coisas ficassem bem, para que a mulher
que carregasse seu filho ficasse segura, eu tinha certeza.
presente, para que pudéssemos nos contatar de maneira mais efetiva, por mais
que tivesse quase certeza de que ela ficaria um pouco ofendida.
Era a primeira vez que ia até lá com qualquer pessoa diferente e aquilo era
muito íntimo, mas não me importava, porque realmente queria que ela
permanecesse na minha vida, queria que nos conhecêssemos de verdade,
ainda mais no momento em que havíamos gerado uma vida em conjunto.
— Eu não quero ser um babaca completo te pressionando ou tentando
te obrigar a fazer algo, mas não conseguiria dormir em paz se pelo menos não
fizesse essa proposta a você. Tudo que peço é que você me escute antes de
compreendesse.
— Nas vezes em que fui até sua casa, percebi que o apartamento fica
Meu apartamento é bem grande para uma pessoa só e tenho dois quartos
extras. Pensei muito sobre isso, muito mesmo, e quero que você saiba que
isso não é uma desculpa para controlar sua vida ou qualquer coisa do tipo. Eu
só gostaria que você tivesse o máximo de conforto possível, pelo menos
durante sua gestação, então ficaria muito feliz se... Bom, se você aceitasse
morar comigo. — Fiz a proposta e observei seus lábios se entreabrirem em
Também me senti receosa ao pensar que teria que contar aquilo ao meu
pai e tive medo da sua reação, apesar dele sempre ter sido a pessoa mais
compreensiva do mundo. Não achava que ele iria brigar comigo ou qualquer
coisa do tipo, mas tinha medo de que ele ficasse decepcionado.
Claro que era uma proposta tentadora, afinal a vida não era a coisa
mais simples do mundo, morando longe do trabalho e dividindo um banheiro
mais preocupada ainda. Não queria nada dele, pois não queria parecer algum
tipo de aproveitadora, por mais que ele tivesse insistido que aquilo era só
para ajudar na comunicação, já que iríamos ter que resolver muitas coisas em
conjunto.
mais contras.
Era complicado quando alguém pegava a comida que havia preparado
enjoos em uma casa cheia, onde nem sempre o vaso sanitário estava
disponível era bem complicado.
Samantha não gostou nada da ideia e falou até que pegaria suas
economias para alugar um apartamento só para nós duas, mas jamais aceitaria
aquilo, afinal ela ganhava muito mal no seu trabalho como assistente de palco
e jamais atrapalharia sua vida por um problema que era só meu.
tivesse caído, enquanto, ao mesmo tempo, estava ansiosa para ver a pessoa
mais importante da minha vida.
aconteceu.
— Bom dia, Erin. — Seu sorriso começava a se tornar familiar e
— Perfeitamente, fazia tempo que não tinha uma noite de sono tão boa,
ou melhor, uma noite de sono — falei com bastante ênfase na palavra
“noite”.
Ele assentiu, compreendendo bem o que estava falando.
— Ótimo — ele pontuou satisfeito, sem me cobrar qualquer coisa. —
Quando você quiser conversar vou estar na minha sala, ou naquele número,
ok?
Aquelas coisas tão simples me faziam sorrir e desisti de pedir para que
ele parasse, afinal que mal poderia ter?
Se era difícil para mim, imaginei o quanto era difícil para o meu pai,
vivendo todos os dias na mesma cidade, na mesma casa em que moramos
pensamentos para a parte positiva de tudo aquilo, para os momentos bons que
tivemos juntos.
Era a primeira vez que Samantha ia até Bourton e queria que ela visse
o quanto aquela cidade era adorável, apesar de não ter muitos pontos
turísticos ou grandes centros comerciais. Fiquei com medo de que ficasse
entediada logo no começo, mas ela estava amando tudo e encantada com a
beleza bucólica do lugar.
Aquele era mesmo um pedacinho do paraíso na Terra.
Demos uma voltinha antes de finalmente encontrar minha verdadeira
casa, talvez, porque ainda não estivesse preparada para encontrar meu pai,
por medo de desabar, mas logo a ansiedade para dar um abraço nele tomou
cinzenta. Nada mudou, era como se tudo ali tivesse parado no tempo, exceto
pela cor das folhas nas árvores, que mudaram por causa da estação.
Respirei fundo antes de tocar a campainha e sorri com o que estava por
vir.
em conjunto com minha tia, irmã dele, que também morava na cidade.
Tudo já estava preparado, pois, enviei o dinheiro para ela e
Ali não havia dor ou medo, só existia nossa pequena família feliz.
— Papai, senti tanto sua falta — falei enxugando as lágrimas, porque
Ela estendeu a mão para ele, mas era óbvio que ele a abraçou em vez
de apenas cumprimentar formalmente.
Meu pai era daquela maneira, caloroso, a pessoa mais doce que
conhecia.
enorme, com seus olhos idênticos aos do meu pai. — Pensei que você fosse
demorar muito, mas ainda bem que você veio logo. Seu pai já estava me
jeito bobo.
Não importava a idade, eles ainda eram irmãos implicantes e aquilo me
fazia rir.
Eu já havia desejado um feliz aniversário para o meu pai, mas a nossa
meu pai não ouviria nossa conversa mesmo estando no cômodo do lado, pois
aquelas paredes eram mesmo espessas.
— Amanhã, depois da festa. — Suspirei e ela assentiu com a cabeça.
— Dá para ver que seu pai te ama mais que tudo, ele não vai ficar com
raiva nem nada — ela ainda falava baixo, mas em um volume mais normal.
— Eu sei disso, só não quero ser uma decepção. — Meus pensamentos
estavam vagos e perdidos.
Minha vida iria mudar e queria que fosse de forma positiva, não queria
tornar aquilo em um evento traumático.
Sabia que minha mãe estaria me apoiando, onde quer que estivesse.
Quando voltei para o quarto, encontrando Samantha desmaiada como
sempre, enfim consegui dormir, sonhando com minha mãe, meu pai, Zackary
e uma criança.
•••
De manhã, minha tia havia levado meu pai para a feira e enquanto eles
cheia.
Ele quase chorou enquanto todos cantavam a canção de aniversário.
não podia estar mais satisfeita em fazê-lo tão alegre naquela ocasião.
— Esse é o dia mais importante da minha vida — falei para ele, dando
Depois que os convidados se foram, pedi para falar com meu pai antes
de irmos dormir, pois, tinha algo importante para dizer a ele.
“reuniões familiares”.
— Papai, tenho uma coisa difícil para contar. — Respirei fundo.
— Meu amor, você sabe que pode falar tudo, absolutamente tudo, pra
mim — ele incentivou, apertando minha mão entre seus dedos de maneira
gentil.
Sorri levemente, apesar de uma lágrima já estar escorrendo pela minha
bochecha. Precisava ser rápida, porque não aguentaria um segundo mais
daquela tensão.
— Pai... Estou grávida — falei de uma vez só e encarei sua expressão
para saber como ele reagiria, por mais que estivesse preocupada.
— Uau! Isso é uma notícia e tanto! — Ele tocou a testa com a palma
da mão e parecia estar um pouco atordoado, mas sorriu levemente, até que
ficou sério mais uma vez. — Esse homem... Ele não se aproveitou de você?
embora, aquilo fosse normal, não estava preparada para aquele tipo de
assunto com minha família, talvez nunca estivesse.
Ele ainda parecia estar atordoado, mas pelo menos voltou a sorrir e
aquilo me deixava mais tranquila.
novo trabalho e o pai... Bom, ele tem dinheiro. — Não quis entrar em
detalhes, porque ainda não tinha coragem, mas, no futuro, meu pai conheceria
mais conforto até o final da gestação, mas não sei se isso seria apropriado,
por mais que seja bem mais perto do trabalho.
vida.
Faria o possível para que tudo funcionasse perfeitamente.
“Eu pensei, a resposta é sim.”
Erin apareceria para dizer que meus planos eram péssimos, mas ela me
surpreendeu com uma mensagem de texto tarde da noite daquele domingo.
Fiquei muito animado com a ideia de dividir um teto com ela, por mais
que não quisesse admitir minhas motivações. Imaginei que nos daríamos
bem, que passaríamos muito tempo conversando e que ela seria uma ótima
companhia.
enquanto olhava, sorrindo mais do que percebi, para a minha taça de vinho.
Estava, realmente, contente e não conseguia disfarçar aquele
entusiasmo.
— Sou eu quem agradeço por se preocupar. — Ela ainda parecia estar
levemente receosa.
Mas aos poucos as coisas iriam melhorar, tinha certeza.
Faria de tudo o possível para que ela se sentisse segura ao meu lado.
— Como não me preocuparia? — perguntei com honestidade, vendo
bom humor.
— Não fique, você merece muito mais do que isso — concluí,
deixando que um pequeno silêncio agradável tomasse conta dos dois para
uma troca de olhares mais intensa e que era capaz de exprimir os sentimentos
que ainda não sabíamos como externar da forma correta.
Não foi fácil, mas acabei por convencer aquela bela dama a me
acompanhar até meu apartamento depois dos nossos turnos, porque gostaria
que ela conhecesse o lugar antes de se mudar.
Claro que passei o dia me sentindo ansioso, mas quando chegou o
horário de sairmos me senti como uma criança que vai até o parque de
diversões com a garota que gosta na escola.
Erin parecia estar tímida, mas aos poucos estava deixando aquele
desconforto de lado.
— Esse é o seu quarto, mas temos mais um, que podemos arrumar para
o bebê. — Queria impedir que aquele sorriso estúpido continuasse no meu
rosto, mas era praticamente impossível. — Bom, esse apartamento não é tão
grande, porque moro sozinho, mas se você achar melhor posso alugar um
que isso — ela falou de maneira solene e tentei apenas me manter neutro, o
que não estava sendo fácil naquele momento.
que decoração não era uma delas, então aquilo fez com que me calasse por
alguns momentos, me sentindo culpado pela minha futilidade, mas, ao
falei segurando suas mãos, tentando aquecer seus dedos com os meus,
chocando nossos olhares de forma carinhosa.
Seu rosto me trazia paz e poderia olhar para aquela expressão doce por
horas sem me cansar.
— Ok, se você vai se sentir melhor assim, não vou insistir — falei
dando de ombros, caminhando pelo quarto, acenando para que ela me
humor, cobrindo o rosto para rir um pouco, mas não pude impedir meu
coração de errar algumas batidas ao ouvi-la me chamar pelo apelido que só
— Então quer dizer que não vai mais fugir de mim? — perguntei, de
repente, sem pensar muito no que estava dizendo e ela me encarou com uma
expressão de incerteza.
— Eu fugi alguma vez? — ela questionou e tudo que pude fazer foi me
perder nos seus olhos, tão profundos quanto o universo, tão luminosos quanto
mil galáxias.
minha pergunta.
A quietude naquele cômodo era quase opressiva, ao mesmo tempo, em
Por mais que tentasse me conter por mais tempo, não pude,
simplesmente beijei seus lábios rosados, sentindo a doçura da sua boca.
Era exatamente como me lembrava.
Senti falta da quentura da sua pele, da maciez do corpo contra o meu, a
forma afável com que nos completávamos.
Eu nem sequer podia pensar nas dezenas de corpos que estiveram em
meus braços nos últimos anos, porque Erin roubava todos os meus
precisão.
Estava mesmo louco por ela e não queria mais negar aquela sensação a
mim mesmo.
Não demorou muito para que minhas mãos segurassem firmemente
todos os tempos, porque, para mim, naquele momento, era a palavra com
mais significado em qualquer vocabulário.
livrar da sua peça íntima. Pude ouvir um arfar profundo que escapou da sua
garganta, quando apenas me posicionei entre suas pernas.
Seu rosto era uma pintura de prazer, seus lábios cor-de-rosa entreabertos,
enquanto ela jogava a cabeça para trás.
desbravasse seu sexo, ao mesmo tempo, em que ela agarrava meus cabelos
com avidez.
Seu sabor era maravilhoso e tudo que podia fazer era me entregar ao
seu gosto, que já conhecia e que me tornou dependente.
Minha língua se movia com delicadeza, arrancando suspiros da minha
dama, ao mesmo tempo, em que ela se abria mais para mim, demonstrando o
quanto estava gostando daquilo, me deixando a ponto de explodir de
excitação.
Sua intimidade era tão úmida e quente que não conseguia parar de
apenas explorar aquela região. Seus gemidos cada vez mais altos apenas me
instigavam mais, enquanto a degustava incansavelmente.
Tomei seu clitóris entre meus lábios, fazendo com que aquela pequena
parte do seu corpo ficasse ainda mais sensível, arrancando um gemido alto de
sua garganta.
— Oh, Zack... — Era tudo o que dizia.
Precisei abrir os olhos mais uma vez apenas para assistir aquela
expressão de prazer que se desenhava no rosto mais lindo que conheci.
desfazia, tomando todo seu sabor em minha língua, como se fosse a melhor
vitamina existente.
rosto molhado pelo excesso de fluidos e agarrei a cintura daquela mulher tão
corada.
Ela parecia estar ainda mais bonita com seus cabelos desalinhados e
sua expressão ofegante.
incorporada.
Não poderia resistir àquela expressão nem se me esforçasse muito. O
desejo que exalava daquela mulher era a vibração mais hipnotizante que já
havia experimentado em toda minha vida.
abaixar a peça até meus joelhos. Minha roupa íntima ficou exposta e era
possível ver perfeitamente o quanto estava excitado.
Erin parou por alguns segundos, apenas olhando para o volume entre
minhas pernas e aquilo me deixava completamente alucinado.
Tudo que podia fazer era ser expectador daquelas ações tão bem
executadas por aquela mulher tão perfeita. Ela fez com que minha boxer
deslizasse pelas pernas, fazendo com que um gemido de alívio fugisse pela
Era possível perceber que ela não era experiente naquela ação, mas, ao
mesmo tempo, ela era rápida em aprender com as reações do meu corpo,
abertos, porque precisava olhar para ela, afinal aquele simples ato tornava
tudo mil vezes melhor.
tensão.
Poucos segundos depois, estava sentindo toda minha pele formigar,
Ela disse que não possuía muitas coisas e que não demoraria em se
organizar, o que era verdade, pois em três dias Erin estava se mudando para o
meu apartamento.
Não poderia estar mais contente do que no primeiro dia em que ela
dormiu sob o meu teto. Era como se fosse o início de uma coisa enorme, algo
mais importante até do que qualquer conquista profissional que adquiri
comigo.
•••
escritório. Havia tomado café da manhã com a mulher que tanto adorava e
que seria a mãe do meu filho.
Mas ela ficou no apartamento, pois iria um pouco mais tarde, então,
cheguei sozinho, bem a tempo de assistir à cena que acabou com o meu dia.
Não tinha nada a ver com os sentimentos que um dia nutri por Emily,
mas pelo retorno da sensação de impotência que experimentei quando aquilo
acostumada com sua companhia todos os dias. No final das contas, tinha
muito com que familiarizar ainda, por mais que Zack fizesse de tudo para me
— Bom, essa que chegou agora, você viu? Com o cabelão cacheado e
cara de metida?
Eu havia reparado naquela mulher e ela parecia mesmo ter uma postura
muito confiante, embora, não tenha pensado que ela fosse “metida” por causa
daquilo.
— O que tem ela? — questionei sem entender o que poderia ter de tão
interessante na chegada dela.
— Ela é a noiva infiel do senhor Zackary Evenfort! — ela exclamou
com propriedade e meu coração quase saiu do peito.
atordoada.
— Não! Isso é coisa antiga, já faz um tempão, mas parece que depois
entrar em desespero.
Estava morando com Zackary, mas aquilo não significava
absolutamente nada, afinal ele só fez o convite por causa da minha gravidez.
— Mas me conta essa história direito, por favor — pedi, me sentindo
de engenharia. O pai dela também é rico. Pelo que soube, ela e o Evenfort se
conheceram na universidade. Ele logo pediu a mão dela em casamento e fazia
juras de amor, mas, no final, só ganhou um par de chifres bem grande. Até
virou notícia em alguns tabloides na época, mas em nenhum jornal de
relevância, então o caso foi abafado — Violet contava como uma repórter
dando uma notícia desimportante, mas o estado da minha cabeça já era
caótico.
— Meu Deus... — murmurei sem saber muito bem como me sentir.
Aquela mulher não era qualquer pessoa.
— Pois é... Não sei como ninguém tinha contado isso ainda a você, é a
informação mais recorrente pelos corredores...
Sabia que nunca havia ouvido aquilo porque gastava meu tempo
trabalhando, não comentando sobre a vida das outras pessoas, mas não seria
Emily MacConnel?
Como pude ter me iludido tanto?
O resto do dia foi bem complicado e aquilo tudo não saía da minha
cabeça. Estava enlouquecendo e a situação apenas piorou quando o horário
do almoço se aproximou.
Nos últimos dias Zackary sempre me mandava mensagens combinando
de nos encontrarmos, assim sempre comíamos juntos e acreditava que estava
se tornando costume, pelo menos até aquele dia fatídico.
Sebastian libertou a equipe para o intervalo de almoço mais cedo,
porque, segundo ele, teria um almoço importantíssimo com a equipe de
engenharia e arquitetura.
tive quase certeza que ele estaria no mesmo almoço que Sebastian.
Fiquei muito tempo me punindo mentalmente, porque sabia que não
Apenas era a mulher que estava gerando um filho dele, que era o que
importava de verdade para aquele homem.
Não deveria ter me iludido com a ideia de que ele gostava de mim,
além das necessidades físicas.
Por mais que tenha ficado muito insegura, me contive e, depois de
almoçar com Violet e Milo, voltei para o trabalho normalmente, muito mais
estável do que antes.
Não iria me deixar abater por aquela situação.
Se ele planejava voltar com a ex seria um problema único e
embora.
Deixei que as memórias de nossas manhãs em conjunto me
magoassem, afinal ele era tão doce e preparava o café da manhã todos os
dias. Ele se preocupava com a minha saúde, era carinhoso e me dava flores.
Ele não poderia ser um ator tão bom e estar fingindo sentir algo por
mim.
Mas não me deixaria levar por aquilo mais uma vez, não sem antes
saber o que estava acontecendo ali de verdade.
beijo ele era capaz de me tirar de órbita, me fazer esquecer meu nome?
Não sabia como lutar contra aquelas sensações, por isso me entreguei
por um momento àquelas carícias.
Ele parecia necessitado enquanto me tocava, como se precisasse
daquela proximidade tanto quanto eu. Se no começo queria me opor àqueles
movimentos, naquele instante, já estava totalmente perdida em seus braços,
totalmente entregue ao que ele pudesse me oferecer.
excitação palpável.
Era impossível lutar contra todo aquele desejo, contra toda aquela
fome que sentíamos um do outro, pelo menos até meu cérebro trazer aquela
imagem de volta.
assistente, logo atrás três homens, que pareciam responder a ela, também a
seguiam.
Seu rosto corado pela nossa recente “colisão” o deixando mais bonito
do que o normal.
— E-eu... Infelizmente, não vai dar. Tenho muita coisa pra fazer ainda
hoje — falei, tentando não soar como se fosse apenas uma desculpa.
— Não, eu... Foi ótimo! Queria mesmo ver você! — Sorri amarelo.
— Erin, tá tudo bem com você? — Seu olhar era preocupado.
— S-sim, claro, tudo ótimo — falei sem nem mesmo acreditar no que
dizia.
— Por favor, você sabe que pode falar sobre qualquer coisa comigo,
não sabe?
estivesse convencido.
— Hoje te levo pra casa? — Seu olhar quase implorava por uma
Ela já está morrendo de saudade. — Tive que me concentrar muito para não
liberar um soluço enquanto expelia aquela pequena mentirinha, porque,
mesmo que não tivesse combinado com minha amiga, era lá mesmo que eu
iria dormir.
com muito entusiasmo e compramos até uma pizza para jantarmos juntos.
Amanda contava sobre sua semana atarefada, enquanto Damian e Tommy
Zackary, mas ainda assim aquela cama velha fazia com que me sentisse mais
segura.
— Ainda bem que você veio, porque precisava te entregar isso. — Sam
me estendeu a mão com uma sacola de papel e me lembrei do presente do
meu pai.
Ele me entregou aquele álbum de fotografias com as cópias das fotos
casamento dos meus pais. Eles não tinham câmera fotográfica e o dinheiro
faltava naquele tempo, então só havia duas fotografias e estava contente que
que nenhum problema era grande demais, comparado com tudo que já
havíamos passado.
totalmente.
Algumas fotos estavam borradas e outras bem nítidas. Havia registro
até dos avós da minha mãe, meus bisavós.
Meu pai fez questão de transcrever na parte de trás das cópias todas as
anotações das fotos originais.
No final do álbum, havia a foto de um casal com um bebê e aqueles
traços não me eram nada estranhos. A mulher tinha os mesmos olhos escuros
da minha mãe e sabia que não era a primeira vez que encontrava aquele rosto.
Atrás da fotografia, especificamente, havia uma anotação mais longa.
“Essa foi a única foto que encontrei da sua mãe com seus avós, porque
quando nos mudamos para a Inglaterra ela fez questão de se desfazer de
todas, pois estava com muita raiva. Nem sei como essa sobreviveu. Sua mãe
era terrível!”
Aquele pequeno recadinho do meu pai me fez rir bastante. Minha mãe
era mesmo uma pessoa rancorosa, embora, não a culpasse por aquilo, afinal
apenas um bebê.
Sabia que havia muito mais por trás daquela simples foto, apenas não
sabia o quê.
Dormi pensando em seus rostos, desejando fortemente que pudesse
sonhar com eles.
Sonhei com Helena Deméter em vez disso e acordei mais confusa do
que antes.
Mesmo que o despertador ainda nem tivesse tocado, não pude voltar a
dormir.
preocupada com as aparências, assim como meu avô, que parecia detestar a
tudo e todos.
Minha mãe tinha muito rancor dos acontecimentos entre ela e sua
família, o que fazia com que evitasse falar muito sobre tudo aquilo comigo,
como se fosse uma mágoa tão grande que não pudesse suportar.
Eu até perguntava, mas era difícil arrancar algo daquela mulher tão
teimosa.
“Ah, mamãe!”
implorei para que Sebastian me ajudasse a me manter longe dela, mas não
parecia ser possível e o destino não queria colaborar.
Em um daqueles dias meu primo caiu doente, embora, soubesse que
passar isso para as outras pessoas. — Sua frase foi fechada com um espirro
agressivo do outro lado da linha, que me fez expor uma careta sem nem
perceber.
— É, eu concordo — falei mal-humorado. — Espero que depois disso
você passe a se cuidar melhor, afinal os livros não vão ficar perfeitos como
você quer, se estiver passando mal — ameacei e ele ficou em silêncio,
finalmente, engolindo sua teimosia.
— Eu sei, eu sei... — ele concordou com a voz fanha e decidi que não
iria mais torturá-lo com minhas broncas.
— Por favor, descansa, ok? — pedi com minha melhor entonação de
irmão mais velho.
estava apavorado com a ideia de que precisaria tratar com Emily em algum
momento, já que ele não estava ali para dar a autorização final sobre os
projetos do setor dela, algo que havia delegado para ele, já que não queria vê-
la.
poderia mais me manter daquela forma, que precisava enfrentar aquilo tudo
de uma vez.
imaginaria, pois, não tinha nada a ver com a forma com que meu coração foi
partido na época, mas com a minha falta de capacidade de encarar meus
medos.
Para piorar a situação, Erin me tratou de uma forma estranha no dia
anterior e continuava me evitando.
Claro que alguém já deveria ter ido correndo contar para ela sobre
quem aquela mulher, supostamente nova, era.
Precisava conversar com ela também, mas não estava em condições
psicológicas, pois tinha medo de acabar colocando a perder todas as
que eu assinasse os papéis e era tudo que faria, pois, não desejava me
estender.
com aquela mulher na vida, mas, antes de tudo, precisava ser profissional.
— Ela está atrasada — falei mal-humorado. — Mas mande entrar.
Ver Emily tão perto foi como dar de cara com minha vida pregressa,
mas a parte interessante era que não doía mais, só era absurdamente
constrangedor, como se expusesse todas as vezes que fui ingênuo demais.
Emily parou no tempo, pois seu rosto arredondado e cachos castanhos
bem-definidos continuavam ali.
Não poderia negar que ela era uma pessoa instigante, mas diferente da
forma que imaginei, aquilo não mais me afetava.
— Boa tarde, Zackary. Era esquisito ouvir sua voz, porque não me
lembrava, mas quando se tornou algo real foi como se as memórias
voltassem.
Muito estranho.
Era como se ela fosse qualquer outra pessoa no mundo, quase uma
estranha, por mais que tivesse tantas informações sobre ela.
Assinei tudo sem questionar, pois, só queria que aquele episódio de
constrangimento acabasse, que não precisássemos mais trocar uma palavra
sequer pelo restante das nossas existências.
— Não foi fácil criar coragem para vir até aqui e sabia que estava
jogando com a sorte, mas precisava, ainda mais depois de tudo... — Ela
— Depois de tudo que fiz. Eu não consegui ficar em paz nos últimos
anos, pensando no quanto te magoei, em como joguei tudo fora por puro ego.
Passei um bom tempo acreditando que Emily era uma pessoa horrível e
sem caráter, então era doloroso perceber que ela era só um ser humano como
precisava de uma oportunidade para estar cara a cara com você, de falar com
você e não sabia que demoraria tantos anos, mas tive que aproveitar. — Ela
se calou, deixando que o corpo caísse pesado na poltrona que ficava perto da
minha mesa.
ofereci um copo d’água, mas ela aceitou prontamente com suas mãos
trêmulas.
saber que existia uma parte boa em tudo que vivemos sem me torturar por
aquilo, sem achar que nunca mais seria feliz só porque ela me machucou.
para esse ciclo. — Eu me permiti sorrir, mesmo que sem humor algum, pela
primeira vez durante aquela conversa. — Nós dois erramos, não somos
maior parte do tempo e sei que o que fiz estragou tudo, mas quero
compensar...
Eu... Me desculpe. — Mais uma vez ela falou e eu sorri, como se quisesse
mostrar que tudo estava bem. — Eu só quero que você saiba que me
— Se você precisava ouvir de mim, que está tudo bem, então saiba que
está, porque encontrei uma forma de ser feliz de novo e espero que você
aquela fase para trás e que podia mergulhar de cabeça na minha nova vida.
Depois de algum tempo, recebi mais um chamado da minha secretária,
mas a pessoa que pediu para falar comigo não era quem eu estava esperando,
por mais que tenha ficado muito feliz com aquela visita. Logo ela estava ali,
não queria correr o risco de perder a coisa que mais trazia felicidade para
minha vida nos últimos tempos, que no caso era ela. Pensei em começar a
falar e explicar que as coisas não eram bem assim, mas entenderia se ela
estivesse chateada e insegura.
— Me desculpe, juro que não sabia que ela seria contratada pela
Evenfort. Acho que ela fez de propósito, porque queria ter uma chance de
falar comigo. Eu não falei com você antes, porque fiquei com medo. —
Suspirei, desistindo de qualquer explicação.
Erin era sensata e sabia que deixaria que contasse minha versão da
história quando fosse o momento certo.
— Eu imaginei. — A doce mulher, parada em minha frente, me
fosse ser capaz de amar alguém e do nada você simplesmente chutou a porta
do meu coração.
morrer sozinho e que aquilo seria ótimo, mas ali me encontrava plenamente
disposto a dividir a caminhada com outra pessoa, abandonando todos os meus
Erin estava desconfiada, mas me seguiu quando tomei sua mão pelos
corredores da Evenfort Books Inc.
— Vai me dizer que quer esperar até chegar em casa ou ir pra qualquer
outro lugar? — falei de maneira provocante e ela rolou os olhos.
camisa social branca era completamente amassada e a saia que ela usava
escorregava para cima dos seus quadris.
Ela me olhou com certa indignação, mas sabia que não iria desistir da
nossa pequena façanha.
Tomei seu queixo em minhas mãos para colar seus lábios nos meus de
novo, tornando aquele beijo mais urgente, enquanto pedia passagem com a
língua, acariciando a dela com pressa, como se o mundo estivesse prestes a
acabar.
Aquele beijo se transformava em uma bomba-relógio que explodia em
roupas e ela pôde me tocar com liberdade, deixando que sua mão fosse e
voltasse na extensão do meu membro, me deixando cada vez mais rígido,
com que eu agisse sem parar para pensar muito sobre o que fazia.
Eu apenas retirei a peça íntima que ela usava e segurei seu quadril,
para que pudesse ficar entre suas pernas, ainda contra a superfície sólida da
porta daquele pequeno cômodo.
Aquilo era muito para nós dois, a escuridão da saleta, os nossos cheiros
misturados, nossos corpos imprensados contra aquela porta, enquanto
Aquilo foi totalmente insano e estava destruído, sem impedir que meu
corpo caísse pesado contra o dela por alguns segundos.
afinal tudo o que fazia com Erin funcionava mil vezes melhor do que seria
com qualquer outra pessoa.
aliviada, sabendo que ele não tinha intenção alguma de voltar com sua ex-
breve afastamento para se tratar de um resfriado, pois ele sempre tinha bons
conselhos para oferecer, além de ser a pessoa que tinha maior contato com
Helena Deméter.
Quando entreguei a fotografia a ele, depois que todos saíram para o
almoço, ficando apenas nós dois, ele examinou com cautela, mas não
demorou nem trinta segundos para tomar uma conclusão.
— Essa é uma foto de Helena Deméter quando era jovem, é claro —
ele falou como se fosse simples e meu rosto se contorceu.
A escritora que, para mim, era tão misteriosa e que só vi em fotos, e
minha avó eram a mesma pessoa?
Aquilo era impossível e talvez, fossem apenas pessoas parecidas.
— Isso é impossível, porque essa é a foto dos meus avós com minha
mãe quando era apenas um bebê.
Claro que aquilo não podia significar o que meus pensamentos estavam
sugerindo.
Por uns bons segundos, ficamos nos encarando, mas não sabia o que
fazer ou pensar.
pais. Lembra quando te falei que ela foi parar em um convento por se
apaixonar pelo meu pai? Acho que ela nunca se recuperou totalmente daquele
trauma.
Sim, ele também sabia da minha história, pois contei a ele em uma de
comparação dos sobrenomes de vocês. Por exemplo, seu nome completo é...?
— Bom, talvez faça algum sentido... — murmurei. — Erin Deméter
deveria estar perdendo seu tempo do almoço com minhas conspirações, mas
ele se manifestou antes.
encontro com ela, até mesmo virtual, mas sei com quem posso falar.
Seu semblante parecia estar esperançoso.
Ficaria feliz em encontrar a pessoa que tanto magoou minha mãe, caso
realmente fosse ela?
A aflição me atingiu mais uma vez e sabia que aquela era uma situação
complicada.
Quase pedi para que meu chefe deixasse tudo aquilo de lado, pois era
apenas bobagem da minha cabeça.
Acariciei a barriga, pensando que eram muitas mudanças para uma pessoa só,
mas, de qualquer forma, minha vida nunca foi tranquila mesmo.
•••
Naquela noite, dormi nos braços de Zackary pela primeira vez. Era um
contato calmo e singelo, nada que remetesse a qualquer investida maliciosa.
Estávamos esgotados e parecia que a simples ação de adormecer um ao lado
do outro ajudaria a recarregar nossas baterias. Aquela proximidade me
depois que a situação estivesse consumada. Pedi até mesmo para que
Sebastian não comentasse sobre aquilo com ninguém.
Antes, naquele mesmo dia, liguei para o meu pai e descobri através
dele que o sobrenome de minha avó era Papadopoulos, assim como da minha
mãe e ele nunca ouviu nenhuma menção ao sobrenome Floros. Mesmo assim,
sabendo que Helena mudou de sobrenome em algum momento da vida, não
O contato do chão frio contra meus pés nus causou um arrepio quando
decidi me levantar e ir até à cozinha.
Zack já havia saído, mas não sem deixar um recado e um vaso com
flores frescas no balcão.
“Você estava dormindo como um anjo e não tive coragem de
acordá-la. Descanse!”
Rolei os olhos, porque estava mesmo atrasada. Eu já havia dito que
não queria ser tratada com privilégios só por causa do nosso relacionamento.
De qualquer forma, não estava com raiva, apenas sabia que precisaríamos
eufórico. Ele estava mesmo animado com aquela história e fiquei mais
otimista só de visualizar sua expressão.
Eu quis vomitar mais uma vez e não sabia se era por causa da gravidez,
ou apenas por causa do nervosismo.
Sebastian percebendo minha situação, ofereceu um copo d’água e,
depois de respirar um pouco, consegui voltar a ser produtiva, tentando manter
a cabeça afastada daquele final de semana.
Zack também me ajudou com certa distração, me convencendo a dar
uma de nossas escapadas pelas saletas daquele prédio, o que foi
espécie de final feliz para uma história tão cheia de nuances, afinal a vida real
não era assim, por mais que meus pais tenham me feito acreditar em relações
sinceridade.
— Nunca perderia a oportunidade de conversar com a neta de Helena.
Ela é uma das pessoas mais importantes na minha vida, não só profissional,
mas pessoal, afinal somos grandes amigas — a mulher concluiu e só pude me
buscasse delinear algo sobre minha aparência em sua mente, mas não me
detive aquilo, pois tinha certeza que ela também estava curiosa sobre mim.
corpo todo. Precisava ser racional e descobrir quais eram as coisas “difíceis”
que ela tinha a me dizer.
— Então quer dizer que... — Comecei a falar, mas tive que me conter,
pois, nem sabia como continuar a frase.
lado dela, apesar de saber que deve ser muito doloroso para você.
— Então, ela sempre soube de nós? — perguntei enquanto sentia uma
Não era como se esperasse encontrar minha avó algum dia, então, por
que a possibilidade perdida doía?
aquele tipo de notícia para a neta da escritora que ela agenciava, mas não era
culpa dela.
— Insisti tanto para que ela viesse hoje, para que vocês se
conhecessem... Mas ela está irredutível. — A mulher olhava nervosamente
para as mãos.
Entendia o seu lado, afinal aquele não era o tipo de notícia que alguém
gostaria de dar.
— Entendo e sinto muito por ter feito você vir até aqui... — Tentei
dizer enquanto sentia aquela espécie de luto atravessar meu peito.
Eu iria me recuperar rápido, afinal vivi minha vida inteira sem ela e
não iria me matar naquele momento.
radical.
— Tudo bem, estou escutando. — Eu já estava lá mesmo.
— Seu avô era uma pessoa cruel, ele violentou sua avó de todas as
maneiras possíveis e ela viveu um inferno nas mãos dele.
“Durante aquele período, ela fez de tudo para manter sua mãe
protegida das ações horríveis daquele homem.
“Por mais que ela não quisesse mandar Gaia para o convento, ela
achou melhor, pois seria mais fácil que a menina ficasse longe das situações
reerguer sozinhas, assim como ela fez, quando finalmente se separou do seu
avô.
culpasse sua mãe por ter fugido, por tê-la abandonado nos momentos mais
difíceis. Não parece ter muito sentido para pessoas que nunca passaram por
Tinha uma avó que não queria ter contato comigo e jamais a forçaria a
fazer aquilo.
Fiquei contente em saber que ela estava vivendo uma vida boa, por
mais que aquela vida tivesse chegado com atraso.
Sorri, mais para mim mesma, pensando que aquele era o nosso final
feliz, por mais que talvez nunca nos reuníssemos como família.
— Eu agradeço muito, Kelly. O que você fez por mim, hoje foi muito
importante. Agora sei mais sobre as minhas origens. Isso tudo me deixa
muito pensativa sobre nossas heranças, afinal minha avó também é amante da
literatura. Essa é uma paixão de família e sei que isso sempre vai nos manter
palavras.
Aquela mulher parecia ser uma boa pessoa e estava satisfeita em saber
que ela estaria ao lado da minha avó, por mais que eu não pudesse estar.
— Eu poderia pedir um último favor? — Mais uma vez sorri
singelamente e ela assentiu de forma silenciosa.
Peguei o objeto leve e já meio amassado em minha bolsa. Dentro do
envelope havia uma cópia da foto em que ela segurava minha mãe, ainda
bebê.
Sim, escrevi uma carta para minha avó, como fazia com meu pai,
Deméter. Talvez, a ajudasse a enxergar com mais clareza sobre toda aquela
situação, talvez, aquilo tirasse a expressão triste do rosto da mulher da minha
vida.
demonstrar.
Sabia que as coisas não ficariam daquela forma para sempre e que,
eventualmente, ela superaria, mas, ainda assim, era doloroso olhar para
aquela expressão abatida em seu rosto, sem poder fazer algo para ajudar.
abordou mais para falar sobre nosso antigo relacionamento, depois que contei
sobre Erin.
então, um certo dia, depois de uma reunião geral exaustiva, decidi que era o
momento de dizer o que tanto desejava.
Quando voltamos e ela foi até o quarto para pegar peças de roupa para
se trocar, deu de cara com aquele objeto de grande valor sentimental.
porta, apenas para observar sua reação com o livro no colo. Ela cobria a boca
com uma das mãos e já deveria ter lido as únicas frases escritas na primeira e
segunda página.
Αυτή είναι η αρχή της ιστορίας μας
estavam cintilando sob a luz fraca do quarto. Precisei tirar uma foto, pois
mostraria para nossa filha quando fosse mais velha o dia em que pedi a mãe
dela em casamento.
A expressão de Erin se modificou ao me ver registrar a imagem e sorri,
pois, estava feliz.
— Onde assino para aceitar? — ela questionou com doçura.
— Não precisa assinar, apenas pegue isso — falei enquanto caminhava
Erin passou um tempo olhando para mim, depois para o anel com uma
discreta pedra de diamante.
Sabia que ela não aceitaria usar nada que fosse mais chamativo do que
aquilo, então fui comedido em minha escolha.
— Você tem certeza do que está fazendo? Pensei que não quisesse se
casar, depois que...
Claro que contei a ela o que aconteceu entre Emily e eu, o que,
felizmente, só nos aproximou mais.
— Erin, nada me faria mais feliz do que passar o resto da minha vida
com você, não que precisássemos de um casamento para isso, sinceramente, a
Conhecer Bourton on the Water foi como fazer uma viagem pela vida
de Erin. Era como se fosse uma nostalgia de algo que nem sequer fazia parte
das minhas lembranças, mas das dela. Aquele lugar parecia ter sido tirado de
um livro de contos de fadas e, finalmente, entendi o porquê da minha noiva
como minha noiva também se apaixonou pelas duas e pela fazenda, claro.
Cozinhei para minha noiva, junto com tia Harriet e minha mãe, no dia
completa.
Eu já havia contado tudo sobre Erin para as mulheres da minha vida,
mas minha mãe fazia questão de repetir cada detalhe para tia Harriet e
pontuar as partes que eram mais interessantes para ela.
— Sim, tia, a senhora repetiu isso umas três vezes. — Sebastian sorriu
com simpatia, mas levou um beliscão da minha mãe e rimos dele.
— Não é uma moça escocesa, mas é até mais bonita do que algumas
que conheço.
— Mamãe, por favor, apenas não — implorei, embora soubesse que
ela não iria parar tão cedo. — Me perdoa, amor! — sussurrei ao pé do ouvido
de Erin, que riu baixinho. — Você acha que seu pai vai sobreviver o
deixarmos aqui com essa doida? — cochichei para ela, de bom-humor.
— Claro que vai, ele já passou por coisas piores — ela cochichou de
volta.
— Queridos, vou apresentar a cavalariça para a Erin, pois chegou um
— Pois vou com vocês. Não pensem que vocês vão sair por aí
namorando, sozinhos — ele reclamou, já se levantando.
de mim para erguer os olhos e encontrar uma Erin risonha, sentada sob uma
árvore.
Anda! Vamos nos levantar, preciso apresentar Eros para a minha noiva.
— Preciso apresentar meu potrinho para minha noiva. — Ele fez uma
•••
Passei longos anos de minha vida pensando que era mais simples viver
enganado.
Olhar para toda aquela decoração com ornamentos trançados de
que também deixou Erin satisfeita, pois ela estava absorta demais no projeto
de tradução da obra de Helena Deméter para conseguir pensar sobre a
padrinhos, não se deram muito bem, causando alguns atritos que precisamos
intervir algumas vezes.
Mas, no final das contas, eles até que ficaram bem um do lado do
outro, o que ajudou na composição visual do evento mais importante de
nossas vidas.
Em homenagem ao meu pai e a mãe de Erin, posicionamos quadros
memória.
Havia poucos convidados, mas todas as pessoas que eram importantes
para nós dois estavam presentes. Tínhamos mais em comum do que poderia
parecer e concordávamos com a maioria das ideias um do outro, embora, de
vez em quando, tivéssemos alguns desentendimentos, mas nada que não fosse
facilmente contornado.
Quando a orquestra começou a tocar a música escolhida para a entrada
da noiva, sabia que era o momento da minha vida. Sabia que tudo seria
diferente, porque aquele seria o início das nossas vidas como um casal,
oficialmente juntos.
Minha mãe se debulhava em lágrimas, enquanto tia Harriet fingia
enquanto meu coração batia mais forte do que em qualquer outra ocasião em
minha vida.
Logo, pude vislumbrar o anjo que surgiu em minha vida havia tão
pouco tempo, mas que mudou absolutamente tudo sobre minha forma de ver
as coisas.
O vestido dela tinha um modelo romântico e simples, com mangas
longas de renda e solto na parte da barriga, deixando sua forma bem evidente.
O rosto de Erin nunca esteve mais radiante e podia ver em seu olhar as
Assim que o pai dela me entregou sua mão, foi quando a ficha caiu de
que estávamos mesmo fazendo aquilo e que não havia nenhum tipo de
arrependimento.
— Quando olhei em seus olhos pela primeira vez, soube que aquele
não era um encontro comum e não estava errado. — Fui o primeiro a
declamar os votos e estava muito nervoso, apesar de ter ensaiado
exaustivamente. — Erin, amo você e amo quem me torno quando estou ao
seu lado. Eu não quero apenas sonhar, quero dividir cada sonho com você,
para o resto das nossas vidas. Quero passar todos os dias ao seu lado, assim
por me deixar ajudar a revelar essa parte tão doce do seu coração. Obrigada
por me amar e por me deixar amar você.
Aquela era uma das poucas frases que entendia em grego, porque
significava “eu te amo”.
esperada por todos nós. Minha mãe não poderia estar mais radiante, afinal
seu filho era um homem casado e logo teria um bebê.
mãe pulou, como se sua vida dependesse daquilo, para pegá-lo. Até aquele
instante, não tinha noção do quanto ela queria se casar, mas não pude deixar
de rir.
Infelizmente, apesar de todo seu esforço, minha querida mãe não
conseguiu pegar o buquê, na realidade, não passou nem perto, porque ele foi
parar do lado oposto do espaço, afinal Erin nunca teve uma coordenação
motora das melhores.
O pequeno arranjo de flores delicadas acabou batendo na cabeça de
Sebastian que estava escondido em um dos cantos daquele lugar.
— EU NÃO ACREDITO NISSO! — ele gritou sacudindo as flores e
todos riram. — Depois vocês me criticam, mas isso me persegue! — Meu
outro.
Depois daquele momento, nos poucos instantes em que consegui
pensar em algo, fiquei refletindo sobre tudo que nos levou até ali e me
perguntei se mudaria algo, mas não havia qualquer coisa que pudesse ser
alterada, porque era nossa história.
Aquele definitivamente era nosso “felizes para sempre” e não
conseguiria desejar nada mais.
Estava plenamente feliz e era grata por cada pequena coisa que
alcancei.
os que eram mais estressantes, porque, no final, ainda tinha as pessoas que
amava e sabia que sempre teria, até mesmo as que já havia partido, como
minha mãe.
Nada seria capaz de me entristecer, nada tiraria meu foco das coisas
boas.
Mas, por mais que estivesse plenamente satisfeita, a vida ainda podia
como Gaia, minha mãe. Ela era diferente do que imaginei, mas todas as
marcas que o tempo deixou em sua pele não diminuíam em nada sua beleza.
— Sim, sou eu, sua avó, Helena. — Seu sorriso era vivo e meu peito se
agitava com sua presença. — Eu li sua carta — ela pontuou com alegria.
que minha nunca avó soube sobre ele e aquilo fez com que uma sensação de
perplexidade me atingisse.
quando eu morresse, por isso uma nova herdeira não seria de interesse para o
egoísmo dela. — O olhar da minha avó era triste, mas, ao mesmo tempo, ela
bisneta.
— Então você soube? Como descobriu? — perguntei acariciando a
barriga, que estava escondida atrás da mesa, mas, pelo visto, a informação já
chegou até ela.
estava sentindo daquela mulher que acreditei ser uma boa pessoa.
— Eu agradeço muito por ter vindo... Sinto muito por não ter insistido
mais, mas Kelly Talbot foi extremamente convincente. Ela também mentiu
pra mim, dizendo que a senhora sabia sobre minha existência e que encontrou
minha mãe mesmo antes dela falecer, mas não quis falar conosco —
lamentei.
O rosto da minha avó era de pura dor com minhas palavras, mas
quando nossos olhos se tocaram mais uma vez, quando enxergamos uma
nosso parentesco?
Seu olhar era curioso e enigmático, inclusive parecia bastante com o da
minha mãe.
— Bom, quando vi sua foto na internet pela primeira vez tive a
sensação de que já conhecia seu rosto, como se fosse familiar, mas não dei
atenção para aquela sensação e, simplesmente, segui com a minha vida.
Tantas coisas aconteceram que nem tive tempo de refletir sobre o assunto,
pelo menos até o aniversário do meu pai. Viajei para minha cidade natal a fim
de me encontrar com meu pai e fazer uma festa, então, ele me entregou
algumas fotos que minha mãe guardava e entre elas estava essa que lhe dei.
— Sorri de forma serena com o pensamento.
mãe, Erin, mas recebi a notícia de que ela faleceu. Kelly me enganou de uma
maneira terrível, apenas por interesses monetários. Eu já entrei com um
processo contra ela, porque é o mínimo que poderia fazer. Eu queria tanto ter
estado ao lado de Gaia nesses momentos tão difíceis e isso doeu tanto...
me acossava, pois, poderia ter me reunido com minha avó havia muito mais
tempo, se não fosse pela ganância de Kelly Talbot.
— Isso é algo que marcou muito, pois Gaia não esqueceu — minha
avó falou com um olhar nostálgico, fitando as mãos enrugadas.
era a da deusa Deméter... Alguma vez ela falou com você sobre isso?
Seu rosto era esperançoso e ela pareceu ficar muito alegre quando
assenti com serenidade.
— Sim, minha mãe já me contou algumas vezes, mas admito que não
parecia ser fácil para ela falar sobre isso — falei com honestidade, mesmo
sabendo que aquilo traria uma espécie de tristeza para minha avó, pois
precisava que ela soubesse a verdade, ainda mais depois de tanta
ser a deusa da agricultura, o que, no final das contas, a tornava quase como a
deusa da fertilidade e da vida.
maneira.
— Quando sua mãe fugiu confesso que não aceitei bem e achei que ela
submundo, foi atingido por uma flecha de Eros e se apaixonou pela bela
Perséfone, então, ele a raptou.
O rapto da filha fez com que Deméter ficasse completamente desolada
e deixasse seu trabalho de lado, causando ruína e fome para o povo.
A situação era tão terrível que Zeus decidiu intervir e exigiu que Hades
devolvesse Perséfone, mas nem tudo era tão simples, pois o deus do
submundo havia feito com que ela comesse um grão de romã, o que impedia
seu retorno.
No final das contas, foi feito um trato entre a deusa da agricultura e o
muito tempo. A parte triste era que não havia como fazer um acordo com
Hades para passar um dia a mais que fosse com minha mãe e aquilo destruía
meu coração.
— Eu sinto muito mesmo que você não pôde se despedir... — falei em
Um dia, perdi o sono, estava deitada e, de repente, abri os olhos sem motivo.
Depois daquele clique não consegui mais descansar, então peguei um bloco
mas não soube o que fazer, então apenas sentei no sofá e observei, frustrada
por não poder ajudar o bichinho.”
“Acredita que ele não saiu enquanto não voltei para o lado de fora?
“Imagina só um pássaro fazendo meus cabelos de poleiro!”
seria derramada.
— Obrigada por me contar isso, yayá. — As palavras saíram
chamando de vovó.
— Sou eu quem agradeço por você escutar.
•••
A venda das versões traduzidas para inglês da primeira trilogia escrita
por minha avó, Helena Deméter, foi um enorme sucesso e nosso trabalho de
tradução foi ostensivamente elogiado.
Era maravilhoso sentir o quanto meu papel foi importante para aquela
conquista.
Aquela sessão de autógrafos era especial, pois minha avó decidiu
anunciar o novo livro que sairia para a próxima estação. O livro seria
inspirado na nossa história e teria nossa família como referência.
Eu não podia estar mais feliz, não poderia nem sequer pensar em
alguma coisa que pudesse melhorar em minha vida, pois tinha absolutamente
tudo.
— Há algo sobre todas as minhas heroínas, que é um laço que também
existe entre todas as mulheres que conheci no mundo, nenhuma delas começa
a história pronta. É isso mesmo. — O sorriso dela era doce e confiante. —
Todas precisam passar por percursos difíceis antes de aprender as lições mais
importantes.
guiado até minha neta, que hoje está aqui comigo e, talvez, eu também não
teria a oportunidade de conhecer minha bisneta que logo nascerá.”
— Eu mal posso esperar para levar essa pequena para cavalgar no Eros
— ele falou baixinho e fiz uma careta.
presunção e fiz uma careta de desdém. — Olha só, vai começar a sessão de
autógrafos. — Ele apontou para onde minha avó estava.
suficiente para mostrar tudo que sentíamos, todo o amor que ficou guardado
durante aqueles anos e não pudemos demonstrar antes.
um abraço caloroso.
— S'agapó — minha avó falou enquanto ainda estava em seus braços.
mais do que nunca, que tudo que ela viveu não foi em vão. Graças a ela,
minha vida era maravilhosa, estava realizando cada um dos sonhos que
sonhamos juntas e aquele era apenas o começo do meu final feliz.
SIGA A AUTORA ALBA DE LUCCAS
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"Eu vou matar o meu chefe! Isso mesmo, irei matá-lo, mas antes,
preciso salvá-lo."
MEREDITH BYRNE convive diariamente com um homem lindo,
inteligente, sedutor e...Que a deixa maluca: seu chefe, NOAH O
moça de vinte e nove anos jamais teria aceitado aquele emprego, se não fosse
um pedido feito pelo CEO da Petrolífera O' Donnel, um amigo muito
querido.
Mas ela foi alertada que nenhuma assistente durou mais do que algumas
semanas trabalhando com Noah, porque ou elas acabavam se demitindo ou na
cama dele.
Uma coisa que Meredith não pode negar é que o miserável do seu chefe
é lindo e gostoso de morrer. Uma verdadeira tentação de quase um metro e
noventa de músculos e charme.
conquista como se troca de camisa, ele esconde uma grande dor. Noah foi
traído pela mulher que mais amou na vida e mascara as cicatrizes dessa
intrometida que parece dedicar cada minuto de sua existência para agir
como sua babá. E o pior é que ele não pode demiti-la.
para Noah vê-la todas as manhãs, reclamando de algo que ele fez ou que
deveria ter feito e não fez.
seus planos e sonhos de ter uma família grande. Ser pai era o que ele mais
desejava. Ele se tornou um homem recluso após sofrer um acidente que
mutilou seu corpo terrivelmente ao tentar salvar a vida mulher que amava.
Ele foi abandonado pela esposa e viu seu mundo desmoronar. Sua vida
perfeita ruiu. Alec Donovan havia ficado impotente e os médicos disseram
que ele, muito provavelmente, não poderia mais ser pai e que nunca mais
teria uma ereção. E foi assim por cinco longos anos, ele nunca mais sentiu
desejo ou pôde dar prazer a uma mulher. Até o CEO conhecer Lila.
LILA HARRISON não teve uma vida fácil.Fugiu para bem longe de
um padrasto abusivo e de uma mãe que nunca demonstrou amor para estudar
e ter um futuro diferente do que diziam que ela teria. Foi assim que ela se
tornou a melhor amiga da sobrinha de Alec Donovan, além de ser estagiária
em sua empresa, mas o CEO não sabia disso quando se envolveu em uma
briga na noite em que se conheceram. Ele só queria protegê-la daqueles
homens.
Lila era virgem, mas não era boba. Sabia que nunca tinha
experimentado antes o desejo que sentia pelo tio de sua melhor amiga Mas,
quando o CEO bilionário Alec Donovan revela seu segredo, ele também lhe
nova que aceita a proposta dele de apenas receber prazer oral e nada mais.
maior sonho de sua vida. O CEO, que não podia ser pai, engravida a jovem
que o fez acreditar que poderia ter a chance de amar e ser feliz outra vez.
UM BILIONÁRIO APAIXONADO POR MIM
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Ela conheceu primeiro o irmão mais novo, mas foi o CEO Connor
Sou a Mary Ann ou ANNIE como prefiro que me chamem. Gosto das
coisas simples e crescer sem meus pais me ensinou desde muito cedo a cuidar
de mim mesma, assim como lutar pelo que é importante para mim. Estar no
Só que para minha surpresa, quem me esperava não era uma garota.
Posso afirmar que quando conheci o lindo e presunçoso Aiden o inferno na
ridiculamente bonito, mas o fato dele não ter o menor senso de pudor com o
próprio corpo, enquanto andava pelado na minha frente, isso é demais para
qualquer um.
Admito que dividir o quarto com esse estranho promíscuo e que
adorava me provocar foi uma verdadeira provação.
Mas não foi Aiden quem virou meu mundo de cabeça para baixo.
Ele tem um irmão mais velho e foi quando o conheci que soube que minha
vida nunca mais seria a mesma.
Quando meu colega de quarto libertino ficou gravemente doente
de fadas e para provar minha teoria, ele me tratou como um lixo por não ter
pedido ajuda antes da situação do irmão se agravar.
LIVRO ÚNICO
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INSUPORTÁVEL...
EGOCÊNTRICO...
ARROGANTE.
Descrições perfeitas do CEO ROBERTO RODRIGUEZ MENDER.
Para ele só existe um jeito das coisas serem feitas, o jeito dele.
Um homem que fundamentou sua vida em sua inteligência e tino comercial, e
foi muito bem-sucedido em sua empreitada. Ele cultua seu patrimônio e vive
do seu primo e melhor e único amigo desde a infância, após a morte dele e da
sua esposa.
ELLEN SOUZA é uma jovem camareira que ama surfar e vive cada
dia em sua plenitude.
de poucos meses, ele tem a chance de reavaliar sua existência vazia e sem
propósito, ainda mais com a ajuda da nova babá que mostra a ele que se
tornar pai da noite para o dia foi a melhor coisa que poderia acontecer em
toda sua vida.
LIVRO ÚNICO
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+18
Quem está casado há algum tempo já pensou pelo menos uma vez na
vida em como seria voltar a ser solteiro e poder fazer tudo que dá na telha
Depois de ser abandonada pelo noivo, que se casou com sua irmã, ela
vida.
Julie fez com que o pai prometesse, mas o plano de Bruce era apenas
Série Irmãos Mackenzie - Livro 1. Cada livro da série pode ser lido
separadamente, mas pode conter spoilers do anterior.. O próximo livro será
de Matthew Mackenzie.
UM MAFIOSO APAIXONADO POR MIM
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Uma jovem de 19 anos que vive trancada. Maya só podia sair de casa
para ir à missa. Ela nunca esteve a sós com um homem, mas quando
descobriu que a obrigariam a se casar com um mafioso, um completo
estranho, Maya fugiu para bem longe de sua gaiola de ouro. Petrus é um
ele.
Um homem de poucas palavras, preocupado em fazer o bem na pequena
a máfia italiana que comanda Nova Iorque, manipula a política e até mesmo o
mercado de ações. Ele evita qualquer conexão com a vida criminosa que é
Ele sempre soube o que significa ser filho do Capo Santori. E, por isso,
lutou para conseguir uma saída. Mas a que preço?
Petrus não espera perdão pelo que fez, porque sabe que não o merece.
MAYA FANTINI é filha bastarda do maior traficante de armas do
Leste Europeu. Sua mãe morreu dias após seu nascimento e ela cresceu sob a
tutela do pai, mas sem o amor da família que a viu crescer. A menina cresceu
isolada do mundo sem ter permissão para sair da mansão, exceto para ir à
todo investimento feito nela. Maya recebeu aulas com tutores em casa, foi
criada para ser uma esposa obediente e servil um dia. Falava fluentemente
que escolheram para ela. Maya seria obrigada a se casar com um homem que
nunca viu. Um criminoso, como seu pai.
não deveria e vai parar em um porão onde se encontram moças que serão
vendidas ou iniciadas na prostituição.
Maya vê Petrus Margrave pela primeira vez quando ele a salva do seu
pior pesadelo. Em um primeiro instante, ela tem medo, pois não sabe em
quem confiar.
E se ele fizer parte de tudo aquilo?
Mas quando aquele desconhecido a carrega em seus braços e faz de
tudo para garantir o seu bem-estar, Maya entende que Petrus jamais fará
mal algum a ela.
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Ele não sabia que era pai.
Oliver Giordano não fazia ideia que sua falecida esposa arranjou
Ela não poderia contar ao marido que não concordaria com algo assim.
Nunca.
Jamais mesmo.
Ela contratou sem que Oliver soubesse uma barriga de aluguel para dar
a ele o que ela não poderia mais dar. Não apenas um herdeiro para o império
que o sobrenome Giordano traz, mas um filho a quem amar.
Oliver Giordano não entendeu quando uma moça com um bebê recém-
nascido no colo chegou em sua empresa com uma carta detalhada de sua
esposa lhe contando o que ela planejou para o futuro dele.
Primeiro ele não acreditou depois ficou em choque, mas ao ver o bebê
tudo mudou. O sofrimento diário de Oliver, de se levantar todos os dias para
uma vida vazia, muda de repente.
Algo que ele nunca imaginou ser possível acontece, Oliver teria uma
família novamente.
Mas a criança precisa de uma mãe e até nisso, Melissa pensou.
Agora Oliver Giordano está de casamento “quase” marcado com a futura mãe
de seu bebê e ela nem sabe disso.
Tudo que Oliver sabe é que seu filho e Ísis trouxeram luz e amor para
vida solitária e vazia.