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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA

DE LONDRINA – ESTADO DO PARANÁ.

Processo: 0065931-81.2023.8.16.0014

MÁRCIA ADELINA ZAMPA FAJARDO, brasileira, casada, diretora geral, inscrita no CPF
sob n. 025.091.829-35, residente e domiciliada na Rua 06, do Condomínio Recanto do
Salto, S/N, Quadra 39, Lote 11, Londrina/PR, CEP 86.055-701, e-mail
fama.fajardo@gmail.com, por seus advogados ao final subscritos, instrumento de
procuração em anexo, com escritório profissional no endereço, rodapé, onde recebem
avisos e intimações, respeitosamente, apresentar a presente:
CONTESTAÇÃO A AÇÃO DE COBRANÇA
com base no art. 335 do Código de Processo Civil – CPC, em face da AÇÃO DE
COBRANÇA, em trâmite nesse Juízo, Proposta por SISPRIME DO BRASIL –
COOPERATIVA DE CRÉDITO (anteriormente denominada de UNIPRIME DO BRASIL-
COOPERATIVA DE CRÉDITO e anteriormente UNIPRIME NORTE DO PARANÁ -
COOPERATIVA DE CRÉDITO LTDA), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob n. 02.398.976/0001-90, com sede na Av. Rio de Janeiro, 1.758, Centro,
CEP 86.010-150, Londrina/PR, pelos reais fatos e motivos de direito expostos a seguir.

1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Antes de adentrar no mérito da demanda, a Contestante desde logo pede, apoiada no


artigo 5º, LXXIV, e art. 98 do CPC, os benefícios da Gratuidade de justiça, por não
possuir renda e condições suficientes para arcar com as custas e honorários do
advogado sem prejuízo do seu sustento e também de sua família, declarando
expressamente essa condição nos termos da declaração de hipossuficiência anexa,
acompanhada de comprovante de renda de aproximadamente 02 (dois) salários
mínimos e Carteira de Trabalho (CTPS), provando sua condição.
Por tais motivos, pleiteia os benefícios da Gratuidade de Justiça, assegurados a todos
aqueles que necessitam, especialmente para o efetivo acesso à justiça e ampla defesa,
o que se pede deferimento desde já.
2. DA REALIDADE DOS FATOS E DO DIREITO
Discordando de todo o argumento jurídico trazido pelo Banco Autor, há de se lembrar
que as partes devem agir com extrema lisura e boa-fé, não podendo promover
demandas temerárias ou mesmo absurdas, como, por exemplo, cobrar dívida já paga,
sob pena de multa processual e outras consequências materiais impostas por lei.
A contestante foi cobrada com desconto indevido em sua conta onde o banco
UNIPRIME, efetuou a cobrança no valor de R$ 16.000,00, (dezesseis mil reais), de
especial a aqui novamente cobrada, no valor de R$ 44.564,68, (quarenta e quatro mil
quinhentos e sessenta e quatro reais e sessenta e oito centavos), conforme se extratos em
anexo, bem antes do protocolo da presente demanda.
A contestante entrou em contato com a gerencia, conforme extratos em anexo, onde
expos seus problemas, e argumentos, mas ouve q o desconto era devido, e que não
poderiam fazer nada.
Assim, houve diversas cobranças conforme extratos em anexo, devoluções de cheques,
gerando um enorme problema a contestante, e ao perceber q sua idoneidade ficaria
exposta, e que não era sua culpa, ficou extremamente abalada, passando a extrapolar
o mero aborrecimento.
Eivado de má-fé, infringindo normas previstas no art. 80 do CPC, o Banco alega
descumprimento da obrigação de pagar, mas não se desincumbe do ônus de provar ou
demonstrar esse inadimplemento, exatamente pelo fato de não existir. Apesar do
direito de cobrar que o Banco tem, esse mecanismo jurídico não pode servir de abuso
por quem quer que seja, em especial um Banco com tamanho prestígio e importância
no mercado financeiro.
A Carta Magna, no seu artigo 3º, inciso I, estabelece como objetivo fundamental da
República construir uma sociedade livre, justa e solidária, onde se pode cogitar, por
extensão, o equilíbrio das relações contratuais, prestigiando-se, assim, o princípio da
cooperação e, consequentemente, o princípio da boa-fé processual.
O fato da contestante há tempos ter quitado seu débito, parcial, (mínimo), derruba por
terra toda a ação de cobrança, devendo desde logo ser julgada totalmente
improcedente, condenando o Autor nas custas, honorários e demais despesas
processuais, sendo o que se espera.
Quanto ao direito da Ré, ele está protegido pelo Código de Defesa do
Consumidor – CDC, onde em seu art. 42 veda a cobrança abusiva, inclusive trazendo
como consequência em seu parágrafo único a possibilidade da repetição do indébito,
por valor igual ao dobro, caso o consumidor tenha pagado indevidamente.
Além disso, o art. 39, V, do CDC, veda a prática abusiva de exigir do consumidor
vantagem manifestamente excessiva, estando aqui inclusa a cobrança indevida de
débitos, semelhante ao caso em baila. Para reforçar esse argumento, é trazido o
julgado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios – TJDF, tratando de caso
semelhante onde houve sanção à cobrança indevida:
DIREITO CIVIL. CONSUMIDOR. COBRANÇA DE DÍVIDA PAGA.
PENALIDADE. ART. 42 CDC E 940, DO CÓDIGO CIVIL.

1. O CONSUMIDOR FAZ JUS À DOBRA PREVISTA NO


ART. 42 DO CDC, QUANDO: A) A DÍVIDA COBRADA
EXTRAJUDICIALMENTE É ORIUNDA DE UMA RELAÇÃO DE
CONSUMO; B) HOUVER O EFETIVO PAGAMENTO DO VALOR
COBRADO INDEVIDAMENTE; E C) NÃO DEMONSTRADA A
OCORRÊNCIA DE ENGANO JUSTIFICÁVEL DO FORNECEDOR,
QUE RESTA CARACTERIZADO QUANDO COMPROVADO QUE
O FORNECEDOR TOMOU TODAS AS CAUTELAS POSSÍVEIS
PARA EVITAR A COBRANÇA INDEVIDA E ESTA OCORREU POR
CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS AO SEU CONTROLE.

2. APLICA-SE IGUAL SANÇÃO, COM FULCRO NO ART. 940 DO


CÓDIGO CIVIL, SE A JUIZADA DEMANDA JUDICIAL PARA
COBRANÇA DE DÍVIDA JÁ PAGA, NO TODO OU EM P ARTE,
SEM RESSALVA DAS QUANTIAS RECEBIDAS, CASO EM QUE
INDISPENSÁVEL A COMPROVAÇÃO DA MÁ-FÉ. (APL
XXXXX20038070001 DF XXXXX-40.2003.807.0001. Orgão
Julgador2ª Turma Cível. Publicação01/12/2009, DJ-e Pág.
72. Julgamento 04 de Novembro de 2009. Relator:
DEMETRIUS GOMES CAVALCANTI).

Sendo assim, latente está a abusividade da presente ação de cobrança promovida pelo
Banco UNIPRIME, podendo ser considerada até mesmo como de má-fé, isso porque a
demanda judicial exige o cumprimento de obrigação já paga, (parcial), e cobrada
novamente que é indevido.

3. DA CONCLUSÃO

Por derradeiro, por todos os fatos trazidos e provados em defesa da ré, outro caminho
não há senão a
a. TOTAL IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO DE COBRANÇA, devendo também ser
analisada a má-fé da cobrança, conforme previsto no art. 80 do CPC, devendo o
Banco Autor arcar com a multa processual baseado no valor da causa, bem
como as consequências impostas pelo CDC nos casos de cobrança indevida,
apontadas no art. 42 do CDC, sem prejuízo das custas, despesas e honorários
advocatícios decorrentes da sucumbência.
b. Ainda, sejam concedidos os BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA à Ré,
nos termos solicitados acima, bem como comprovado pela declaração e
documentos anexos que demonstram a hipossuficiência da Contestante.
c. Não menos importante, por se tratar de relação de consumo, A INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA, no valor de 90.000,00, (noventa mil reais), ressaltando a
possibilidade de produção de todas as demais provas em juízo permitidas, em
especial a apresentação de documentos suplementares, depoimento pessoal e
prova testemunhal, se necessárias.
d. Condenação da autora em 50.000,00, (cinquenta mil reais), por danos morais a
ação de cobrança proposta pelo Banco UNIPRIME.

e. Requer provar o alegado por todos os meios em Direito admitidos,


especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e
inspeção judicial, especialmente depoimento pessoal do representante legal da
demandados, sob pena de confissão, se não comparecer ou, comparecendo, se
negar a depor, (CPC, art. 343, §§ 1º e 2º).

Cumpridas as necessárias formalidades legais, deve a presente ser recebida e


juntada aos autos.

Termos em que,
Aguarda deferimento.

Advogado

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