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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLITICAS

EXTENSÃO DE GURUÉ

CURSO: GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL

Teodósio Fermino Américo

2º Ano, Pós – Laboral-2023

Edição: 2022

TEMA
O Gestor educacional.

TITULO

O papel de um Gestor educacional para melhoria qualidade de ensino na actualidade.

Teodósio Fermino Américo


Gurué, Julho 2023

Colocar logotipo da UCM (VER O MANUAL DE INVESTIGAÇÃO DA UCM)

Teodósio Fermino Américo

TEMA
O Gestor educacional.

TITULO

O papel de um Gestor educacional para melhoria qualidade de ensino na actualidade.

O presente Projecto de pesquisa será apresentado à


Faculdade de Ciências Sociais e Politicas- Extensão de
Gurué como cumprimento parcial dos requisitos
necessários para obtenção de grau de Mestrado do
curso de Gestão e Administração Educacional, sob
orientação do supervisor PhD. Alba Paulo Mate.

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Gurué, Julho 2023

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4
Índice
Resumo................................................................................................................................................................i
Abstract...............................................................................................................................................................ii
CAPITULO I: INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3
1. Introdução.......................................................................................................................................................3
1.1. Delimitação do tema....................................................................................................................................4
1.2. Justificativa..................................................................................................................................................4
1.3. Problema......................................................................................................................................................5
1.4. Perguntas de pesquisa..................................................................................................................................6
1.5. Objectivos....................................................................................................................................................6
1.5.1. Geral.........................................................................................................................................................6
1.5.2. Específicos................................................................................................................................................6
1.6. Hipóteses......................................................................................................................................................6
CAPITULO II: MARCOS TEÓRICOS..............................................................................................................7
2.1. Gestão nas escolas........................................................................................................................................7
2.3. Os membros da direção e suas respectivas funções....................................................................................10
2.4. A qualidade da nossa escola.......................................................................................................................13
CAPITULO III: METODOLOGIA...................................................................................................................15
3.1.1 Classificação quanto aos objetivos da pesquisa........................................................................................15
3.1.1.1. Pesquisa exploratória............................................................................................................................16
3.1.1.2 Pesquisa descritiva................................................................................................................................17
3.1.2 Classificações quanto à natureza da pesquisa...........................................................................................18
3.1.2.1 Pesquisa qualitativa...............................................................................................................................18
3.1.3 Classificações quanto à escolha do objeto de estudo................................................................................19
3.1.3.1 Estudo de caso único.............................................................................................................................20
3.1.4 Classificação quanto à técnica de coleta de dados....................................................................................21
3.1.4.1 Entrevista..............................................................................................................................................21
3.1.4.2 Questionário..........................................................................................................................................23
3.1.4.5 Pesquisa bibliográfica...........................................................................................................................23
3.1.5 Classificação quanto a técnicas de análise de dados.................................................................................24
Referências Bibliográficas................................................................................................................................25

i
Resumo

O presente projecto de pesquisa, tem como objectivo principal demonstrar o papel de um gestor educacional
para a melhoria de ensino no País na actualidade. O gestor educacional tem assim, uma árdua tarefa de buscar
o equilíbrio entre os aspectos pedagógicos e administrativos, com a percepção que o primeiro constitui-se
como essencial e deve privilegiar a qualidade, por interferir diretamente no resultado da formação dos alunos e
o segundo deve dar condições necessárias para o desenvolvimento pedagógico cabe ao gestor educacional
coordenar, organizar e gerenciar todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais componentes de sua
equipe de trabalho. Ele também é responsável pela visão de conjunto na unidade escolar e por articular e
integrar os vários setores da escola. Qualidade é um conceito dinâmico, reconstruído constantemente. O gestor
tem autonomia para refletir, propor e agir na busca da qualidade da educação. Os Indicadores da Qualidade na
Educação foram criados para ajudar a comunidade escolar na avaliação e na melhoria da qualidade da escola.
Palavra-chave: Papel, Gestor, Educacional, Melhoria, Ensino.

ii
Abstract

This research project has as main objective to demonstrate the role of an educational manager for the
improvement of education in the country today. The educational manager thus has an arduous task of seeking
a balance between the pedagogical and administrative aspects, with the perception that the first is essential and
must prioritize quality, as it directly interferes with the result of the students' training and the second must to
provide the necessary conditions for pedagogical development, it is up to the educational manager to
coordinate, organize and manage all school activities, assisted by the other components of his work team. He
is also responsible for the overall vision of the school unit and for articulating and integrating the various
sectors of the school. Quality is a dynamic concept, constantly reconstructed. The manager has autonomy to
reflect, propose and act in the pursuit of quality in education. The Quality in Education Indicators were created
to help the school community in evaluating and improving the quality of the school.

Keywords: Role, Manager, Educational, Improvement, Teaching.

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CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução
O presente projecto de pesquisa tem como tema, o papel de um Gestor educacional para melhoria
qualidade de ensino na actualidade. Portanto, no nosso país actualmente se verifica muitas mudanças
de currículos, fraca gerências do meios didáticos, dos reconhecimentos do próprio ensino em sim. Por
outro lado, nas escolas públicas (do governo), apresentas muitas vezes mas gestão dos recursos
educacionais, levando assim muitas dificuldades na exerção das actividades por partes dos
professores das escolas.

A educação é um fenômeno social de responsabilidade não só da escola como também de outras


instituições que existem na sociedade. Mas, é importante ressaltar que a educação em geral , tem uma
responsabilidade maior no que diz respeito à formação social dos sujeitos e ao desenvolvimento de
conhecimentos e habilidades que lhes capacitarão para a vida social.

Como um processo social de formação humana, a educação se assenta sobre


fundamentos, princípios e diretrizes para norteá-los e dar unidade e
consistência às ações educacionais promovidas pelas escolas, na promoção
da formação e aprendizagem das crianças, jovens e adultos que frequentam
o estabelecimento de ensino. (LÜCK, 2009, p.19)

Dentre os princípios e diretrizes da educação, a gestão do ensino é um aspecto fundamental, pois tem
a função de coordenar as várias formas de trabalho da equipe escolar para que a educação oferecida
seja de qualidade e alcance satisfatoriamente suas metas e desafios.

O presente trabalho de pesquisa, tem como objectivos principal, demonstrar como o papel de umo
gestor educacional, como pode melhorar a qualidade do ensino na actualidade, por ser ele o principal
articulador na construção de um ambiente de diálogo e de participação propício para um melhor
desenvolvimento do trabalho dos profissionais e, consequentemente, para o sucesso do processo
educativo pedagógico.

Ao se pensar em uma gestão educacional eficaz existem vários fatores que devem ser levados em
consideração, tanto no que diz respeito ao gestor, quanto ao ambiente escolar. Quanto ao papel do
gestor, podemos reunir algumas características imprescindíveis como a sua formação e a sua

3
qualificação para exercer essa função e o conjunto de competências e habilidades que este precisa ter,
faz-se necessário deixarmos claro que definimos aqui competências como um conjunto de padrões
mínimos para o bom desempenho das responsabilidades de uma atividade profissional.

O gestor educacional deve ter a capacidade de integrar todas as áreas de atuação presente na rotina
escolar e de se dedicar a melhorar o desempenho da escola em todos os aspectos, deve ter disposição
e criatividade para propiciar a sua equipe um ambiente de trabalho positivo e participativo. Deve o
gestor se preocupar com o tipo de gestão desenvolvida e como se dá a participação, tanto de
professores quanto de funcionários, nas decisões e objetivos a serem alcançados pela escola de
melhorar o ensino dos alunos.

1.1. Delimitação do tema


O presente estudo será realizado na direcção provincial da educação, na Escola Secundaria Geral 25
de setembro na província da Zambézia, porém localiza-se no distrito de Quelimane frente da empresa
de Fundos de Investimento de Abastecimento de Agua (FIPAG) e mercado central. Portanto, este
estudo terá duração de 30 dias, equivalente a um mês.

1.2. Justificativa
A constituição da Republica de Moçambique consagra a educação como um direito e um dever de
cada cidadão. Desde a independência Nacional, a escolarização universal das crianças e adultos, pela
via formal e não- formal, tem sido equacionada como uma meta a atingir.

A melhoria de qualidade da educação implica agir sobre inputs necessário para o êxito do processo
de ensino – aprendizagem, as condições em que se realiza esse processo e avaliar o desempenho dos
produtos do ensino, em função dos objectivos previamente estabelecidos.

Neste sentido, a Acão do Governo vai concentrar-se sobre a construção, reabilitação e manutenção
dos edifícios escolares o aprovisionamento em mobiliários escolar, a reforma curricular, a formação
inicial e em serviços de docentes, a busca de incentivos para uma maior motivação dos professores, a
produção e distribuição dos livros escolares para os alunos e professores e outros meios de ensino
bem como a adopção de mecanismos mais eficazes de gestão das escolas e consentâneas com o
momento actual.

Também de acordo com Sistema Nacional da Educação, diz que a melhoria da qualidade e relevância
da educação será alcançada através de medidas que atuem sobre os denominantes da eficácias
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escolar, nomeadamente a reforma curricular a melhoria da qualificação do corpo docente
favorecendo as ações de formação inicial e continua, apoio pedagógico, modernização dos métodos
de ensino e provisão de material escolar, reabilitação e apetrechamento das escolas.

Mas quando formos a analisar o que foi dito acima, sobre o ensino como seria planeado, actualmente
não se vem todos esses elementos ou seja a educação esta cada vez mais afundando. O ensino em
Moçambique esta sendo um assunto de reclamação dia pós dia.

Por isso motivou ao pesquisador em estudar esse tema, com objectivo em perceber como é feito a
gestão nas escolas e ministérios da educação, qual é o papel do gestor educacional. Será que os
gestores que são col ocados têm formação e qualidades para exercer essa função?

Porque, se formos a notar a boa gestão numa instituição, os trabalhos apresentaram um resultado
satisfatório e também todas saíram satisfeitos, dizendo valeu a pena.

O presente estudo trará uma grande contribuição, no seu da educação, principalmente aos gestores da
educação em Moçambique, de modo a ter conhecimento acerca do grande papel que os mesmos tem
na melhoria do ensino na atualidade e no futuro.

1.3. Problema
Ultimamente, o ensino no nosso País está cada vez mais pior, apresentando uma tendência de
decrescimento, situações que acontecem inexplicáveis. Deixando sempre em questionamento, dos
porque ou seja quais são as razões que levam isso a acontecer atualmente. Atendendo que, com as
estruturas do ministério, a partir da direcção ministerial até nas escolas, existem gestores e
administradores que são responsável para a gerência e administrar as despesas da educação no País.

Atualmente, no nosso País se nota pouca vontade por parte dos gestores educacionais, no que se
refere a melhoria do ensino. Não só, cada vez mais aparecem problemas graves, como no caso de
falta de materiais didáticos, pagamentos de salários aos docentes, construção de edifícios escolares de
qualidades, falhas nos manuais escolares, falha no pagamento de corrente eléctrica em algumas
escolas e muita outras situações que deixa cada vez mais o ensino do nosso País, cada vez mais em
baixo.

Portanto, isso deixa a desejar para que o ensino no País seja de qualidade, e formemos melhores
futuros técnicos, doutores, engenheiros e outros, ou seja homens capazes de construir esse País, e não

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deixar cair. Portanto, uma educação só irá crescer se existir um bom gestor e administrador atencioso,
que tem espírito de trabalho e quer o melhor para o País. Porque, é da educação que um País cresce e
é reconhecido além fronteira.

De acordo com o problema desenrolada acima, chega-se a levantar a seguinte questão:

 Qual é o papel de um gestor na melhoria do ensino em Moçambique na actualidade?

1.4. Perguntas de pesquisa


 Quais são funções de um gestor educacional?
 Como um gestor educacional, pode melhorar o ensino na actualidade?
 O que é gestor educacional?
 Que papel importante, um gestor educacional pode ter na melhoria do ensino na actualidade
no nosso País?
 Quais são formações e qualificação que os gestores educacional do nosso País podem ter?

1.5. Objectivos

1.5.1. Geral
O presente trabalho de pesquisa, tem como objectivos principal, demonstrar o papel de um gestor
educacional, como pode melhorar a qualidade do ensino na actualidade.

1.5.2. Específicos
 Perceber a formação profissional e qualificação dos gestores do ministério da educação e das
escolas; Descrever o perfil profissional de um gestor educacional nos diferentes níveis de
gestão educacional;
 Perceber por parte de gestores do ministério da educação e das escolas sobre o ponto de vista
do desenvolvimento do ensino no País na actualidade; Descrever o desenvolvimento do
ensino no país a partir das percepções dos gestores educacionais
 Perceber também o que eles têm feito de modo a melhorar o ensino na actualidade no País;
Discutir os indicadores de qualidade de ensino no ensino primário em Moçambique
 Compreender como um gestor educacional, pode ter um papel importante na melhoria do
ensino na actualidade no nosso País.

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1.6. Hipóteses
 O gestor educacional é o responsável da baixa qualidade de ensino na actualidade em
Moçambique;
 O gestor educacional não é o responsável da baixa qualidade de ensino na actualidade em
Moçambique;

CAPITULO II: MARCOS TEÓRICOS

2.1. Gestão nas escolas


A escola necessita seguir as mudanças da sociedade e assumir outras funções sociais, principalmente
promovendo a democratização das relações e do ensino. Para tal, a equipe gestora deve gerir de
forma democrática.

É mister salientar que o termo gestão significa gerenciamento. Compreende o aperfeiçoamento dos
procedimentos por meio da tomada de decisões que visam auxiliar o crescimento e aprazimento dos
interesses e necessidades.

O Libâneo (2004, p.101) afirma (2004, p.101) que: “a gestão é a atividade pela qual são mobilizados
meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os
aspectos gerenciais e técnico-administrativos”.

O autor supracitado comenta que gestão é a ação de determinar soluções para questões que surgem e
fazer que estas sejam cumpridas.

Na escola a gestão visa organizar, estimular e unir os recursos materiais e humanos úteis no avanço
dos processos sociais e educacionais. Esse direcionamento tem por finalidade a aprendizagem pelos
educandos, tornando-os aptos a enfrentar os desafios da sociedade.

A gestão, no ambiente escolar, classifica-se em três áreas que devem atuar unidas a fim de garantir a
organização do processo educativo. São elas: gestão pedagógica, gestão de recursos humanos e
gestão administrativa.

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A gestão escolar deve ser democrática, portanto, uma prática onde gestor e demais representantes da
comunidade escolar compartilhem decisões sobre os aspectos político-pedagógicos e administrativos
da escola, modificando assim as relações de poder, transformando-as num processo vivo e dinâmico.
Ela se faz necessária quando o estabelecimento de ensino contribui para o exercício da democracia
participativa e da democratização da sociedade.

Para Saviani (1996, p. 208),a escola é uma instituição de natureza educativa. Ao diretor cabe, então,
o papel de garantir o cumprimento da função educativa que é a razão de ser escola. Nesse sentido é,
preciso dizer que o diretor da escola é antes de tudo, um educador; antes de ser administrador ele é
educador

Estão envolvidos no processo educativo o corpo docente, os agentes educacionais, os órgãos


colegiados e também o diretor que, além das atribuições administrativas, forma com os demais, um
grupo único em prol da realização do objetivo de educar e ensinar à sociedade que se deseja ver
transformada.

2.2. A formação e qualificação do gestor escolar

Para que a escola cumpra seus objetivos de oferecer uma educação de qualidade é preciso que seus
profissionais tenham a competência de oferecer aos seus alunos e à sociedade, experiências
educacionais formativas capazes de promover o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades
que lhes ajudarão a enfrentar os desafios da sociedade a qual pertencem.

Para Lück (2009, p.12),citado por SILVA, Caroline; etal nenhuma escola pode ser melhor que os
profissionais que nela atuam nem o ensino pode ser democrático, isto é, de qualidade para todos, caso
não se assente sobre padrões de qualidade e competências básica que sustentam essa qualidade

Desse modo, para que a escola funcione de maneira adequada existe um grupo de pessoas que são
responsáveis pelas várias atividades desenvolvidas e cabe ao gestor, como líder desse grupo,
propiciar um ambiente de trabalho favorável à realização dessas atividades e administrar de maneira
competente todo o trabalho escolar e os seus liderados em suas respectivas funções. É importante
ressaltar que o gestor não deve configurarse como um “ditador” de ordens, mas como alguém que
possui a responsabilidade de fazer a escola funcionar, contando com a participação de todos os
envolvidos nesse processo.

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Na escola, o diretor é o profissional aquém compete a liderança e organização do trabalho de todos
que nela atuam, de modo a orientá-los no desenvolvimento de um ambiente educacional capaz de
promover aprendizagens e formação de alunos, no nível mais elevado possível, de modo que estejam
capacitados a enfrentar o novos desafios apresentados. (LÜCK, 2009, p.17)

Como responsável pelo desenvolvimento da escola em seus vários aspectos é de extrema importância
que o gestor tenha uma formação que lhe permita desenvolver suas funções com competência e
responsabilidade. Por isso cabe a este além da graduação ter uma qualificação específica na área da
gestão escolar que lhe proporcione conhecimento e desenvolvimento de competências e habilidades
que o ajudarão a desempenhar um trabalho de qualidade. E para garantir essa formação/qualificação a

LDB 9394, em seu Art. 64 afirma que:

A formação de profissionais de educação para administração,


planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em
nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida,
nesta formação, a base comum nacional.

Entendemos dessa maneira que não basta a graduação, é necessário que o gestor tenha uma
qualificação específica na área da gestão escolar para que esteja verdadeiramente apto a assumir
todas as funções cabíveis ao diretor de uma escola. É de grande importância que o gestor se preocupe
com a sua formação contínua, permanente principalmente em uma época em que as mudanças sociais
e educacionais acontecem tão rapidamente.

Uma formação permanente, que se prolongue por toda a vida, torna-se crucial numa profissão que
lida [...] com a formação humana, numa época em que se renovam os currículos, introduzem-se
novas tecnologias, acentuam-se os problemas sociais e econômicos, modificam-se os modos de viver
e aprender, reconhece-se a diversidade social e cultural dos alunos. (LIBÂNEO, 2004, p. 227-228)

Além da graduação em pedagogia e da pós-graduação que pode ser feita na área da gestão escolar
oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior, existem também outros cursos de qualificação.
Podemos citar como exemplo o PROGESTÃO que é um curso de capacitação à distância para
lideranças escolares oferecido pelas Secretarias de Educação, que tem como objetivo oferecer uma
formação continuada a gestores da rede pública de ensino. E também o programa Escola de Gestores
sob a responsabilidade dos Institutos de Educação, que é um curso de pós-graduação lato senso

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voltado para a formação continuada e pós-graduada de dirigentes da educação básica, sobretudo
gestores de escolas públicas, a realizar-se por meio de educação à distância.

2.3. Os membros da direção e suas respectivas funções


A gestão escolar é formada por uma equipe de profissionais qualificados onde cada membro dessa
equipe desempenha suas funções de maneira organizada e responsável, com o objetivo de manter a
escola funcionando adequadamente e cumprindo seus objetivos e metas educacionais.

Os gestores escolares, constituídos em uma equipe de gestão, são os profissionais responsáveis pela
organização e orientação administrativa e pedagógica da escola, da qual resulta a formação da cultura
e ambiente escolar, que devem ser mobilizadores e estimuladores do desenvolvimento, da construção
do conhecimento e da aprendizagem orientada para a cidadania competente. Para tanto, cabe-lhes
promover a abertura da escola e de seus profissionais para os bens culturais da sociedade e para a sua
comunidade. Sobretudo devem zelar pela constituição de uma cultura escolar proactiva e
empreendedora capaz de assumir com autonomia a resolução e o encaminhamento adequado de suas
problemáticas cotidianas, utilizando-as como circunstâncias de aprendizagem e desenvolvimento
profissional. (LÜCK, 2009, p. 22)

Compreendemos então, que para que a equipe de gestão funcione de forma eficaz e eficiente é
necessário que cada membro dessa equipe esteja apto a cumprir suas atividades e contribuir para o
bom funcionamento da gestão escolar. Se a equipe da gestão escolar estiver bem entrosada e
comprometida com o trabalho a ser desenvolvido com certeza o sucesso da gestão e da escola
acontecerá como consequência de um bom trabalho.

São vários os autores que identificam a composição da equipe gestora da escola e suas formas de
organização. De uma maneira geral a equipe gestora pode ser composta pelo diretor, vice-diretor ou
assistente de direção e coordenador pedagógico; sendo que os primeiros fazem referência à área
administrativa da escola e o coordenador à área pedagógica. É importante salientar que mesmo com
funções específicas em ares diferentes, cabe ao diretor administrar e organizar as mais diversas áreas
junto a sua equipe de trabalho.

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Para assumir o cargo de direção é necessário que o gestor tenha competências de liderança,
pedagógicas e administrativas que facilitarão o desenvolvimento de suas atribuições e funções no
ambiente escolar. As competências de liderança envolvem capacidades de liderar a equipe para o
trabalho em conjunto e estimular o envolvimento de todos pelos resultados da escola.

As competências pedagógicas são as habilidades para acompanhar os processos de


ensino/aprendizagem a fim de estabelecer metas e estratégias para melhoria desse processo e
implementar propostas educacionais que assegurem o sucesso escolar dos alunos. E as competências
administrativas asseguram a realização de uma administração eficiente, desde a aplicação de recursos
financeiros até o funcionamento adequado das instalações da escola de moda a tornar o ambiente de
trabalho mais seguro e eficaz.

Desse modo, Silva (2009, p. 70) afirma que:

O gestor educacional tem assim, uma árdua tarefa de buscar o equilíbrio entre os aspectos
pedagógicos e administrativos, com a percepção que o primeiro constitui-se como essencial e deve
privilegiar a qualidade, por interferir diretamente no resultado da formação dos alunos e o segundo
deve dar condições necessárias para o desenvolvimento pedagógico.

Segundo Libâneo (2004) cabe ao gestor educacional coordenar, organizar e gerenciar todas as
atividades da escola, auxiliado pelos demais componentes de sua equipe de trabalho. Ele também é
responsável pela visão de conjunto na unidade escolar e por articular e integrar os vários setores da
escola.

Portanto cabe ao diretor: supervisionar e responder por todas as atividades da escola; assegurar
condições materiais para alcançar os objetivos educacionais; promover a integração entre a
comunidade e a escola; coordenar e organizar as atividades de planejamento junto à coordenação
pedagógica; conhecer a legislação educacional e de ensino; garantir a aplicação das diretrizes de
funcionamento da escola; conferir e assinar documentos escolares; supervisionar a avaliação da
produtividade da escola e supervisionar e responsabilizar-se pela organização financeira e controle
das despesas escolares. Na ausência do diretor o assistente de direção ou vice-diretor o representa e
pode desempenhar as mesmas funções.

O coordenador pedagógico responde pela integração e viabilização do trabalho pedagógico-didático e


tem uma ligação direta com os professores em função da qualidade do ensino oferecido. Deve o

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coordenador pedagógico prestar assistência aos professores para melhorar a qualidade do ensino,
auxiliando-os a construir situações aprendizagens adequadas às necessidades educacionais dos
alunos.

Para Libâneo (2004) cabe ao coordenador pedagógico: responder pelas atividades pedagógico-
didáticas da escola e pelo acompanhamento em sala de aula; supervisionar a elaboração de
diagnósticos e projetos; propor a discussão do projeto curricular aos professores; orientar a
organização e desenvolvimento curricular; prestar assistência pedagógicodidática aos professores;
propor e coordenar atividades de formação continuada; elaborar e executar atividades com os pais e
comunidade; acompanhar o processo de avaliação da aprendizagem; acompanhar e avaliar o
desenvolvimento do plano pedagógico curricular e dos planos de ensino. Este autor ainda afirma que:

As funções de coordenação pedagógica podem ser sintetizadas nesta formulação: planejar, coordenar,
gerir e acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares da escola e da
sala de aula, visando atingir níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens
dos alunos. (LIBÂNEO, 2004, P. 221)

É importante enfatizar que tanto a área administrativa quanto a área pedagógica deve caminhar de
mãos dadas para que a escola se desenvolva e seus alunos tenham uma aprendizagem satisfatória.
Embora seja o diretor o principal responsável pela escola, deve haver entre ele e sua equipe uma
relação democrática que contribua para o desenvolvimento de uma escola de boa qualidade em todos
os seus aspectos.

Outro aspecto importante da equipe gestora diz respeito à formação dos seus profissionais. Como
neste trabalho já foi discutido a formação do gestor, vamos agora enfatizar a formação do
coordenador pedagógico. Para que este profissional desenvolva suas funções com habilidade e
competência faz-se ecessário uma formação que o qualifique e por isso ele deve se preocupar em
estar preparado para que seu trabalho contribua para o desenvolvimento da escola e dos seus alunos.

Desse modo, Libâneo (2004, p. 224) afirma que tanto o diretor da escola quanto o coordenador
pedagógico desempenham, cada um, funções específicas, que requerem formação profissional
também específica [...].

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Ao refletirmos sobre a ação da equipe gestora na escola observada percebemos que esta, não está de
acordo com os critérios estabelecidos pelos autores citados principalmente no que diz respeito a
formação da equipe.

A equipe gestora da escola possui somente a diretora e o vice-diretor e a estes compete desempenhar
tanto as funções administrativas quanto as pedagógicas. Diante desse quadro, por mais esforço que a
diretora faça para cumprir as atividades do coordenador pedagógico, ela não poderá fazê-lo com
excelência por ter que dar conta de todas as suas responsabilidades como gestora.

2.4. A qualidade da nossa escola


É muito comum a gente ouvir dizer que o ensino público é de má qualidade. Mas o que é qualidade?
Será que uma escola considerada de qualidade há cem anos ainda hoje seria vista assim? Será que
uma escola boa para uma população que vive no interior da floresta também é boa para quem mora
num centro urbano? Como todos vivemos num mesmo país, num mesmo tempo histórico, é provável
que compartilhemos muitas noções gerais sobre o que é uma escola de qualidade. (Unicef, PNUD,
Inep-MEC (coordenadores),, 2004. Pág. 5)

A maioria das pessoas certamente concorda com o fato de que uma escola boa é aquela em que os
alunos aprendem coisas essenciais para sua vida, como ler e escrever, resolver problemas
matemáticos, conviver com os colegas, respeitar regras, trabalhar em grupo. Mas quem pode definir
bem e dar vida às orientações gerais sobre qualidade na escola, de acordo com os contextos
socioculturais locais é a própria comunidade escolar. Não existe um padrão ou uma receita única para
uma escola de qualidade.

Qualidade é um conceito dinâmico, reconstruído constantemente. Cada escola tem autonomia para
refletir, propor e agir na busca da qualidade da educação.

Os Indicadores da Qualidade na Educação foram criados para ajudar a comunidade escolar na


avaliação e na melhoria da qualidade da escola. Este é seu objetivo principal. Compreendendo seus
pontos fortes e fracos, a escola tem condições de intervir para melhorar sua qualidade de acordo com
seus próprios critérios e prioridades. Para tanto, identificamos sete elementos fundamentais – aqui
nomeados de dimensões – que devem ser considerados pela escola na reflexão sobre sua qualidade.
Para avaliar essas dimensões, foram criados alguns sinalizadores de qualidade de importantes

13
aspectos da realidade escolar: os indicadores. (Unicef, PNUD, Inep-MEC (coordenadores),, 2004.
Pág. 5)

O que são indicadores?

Indicadores são sinais que revelam aspectos de determinada realidade e que podem qualificar algo.
Por exemplo, para saber se uma pessoa está doente, usamos vários indicadores: febre, dor, desânimo.
Para saber se a economia do país vai bem, utilizamos como indicadores a inflação e a taxa de juros. A
variação dos indicadores nos possibilita constatar mudanças (a febre que baixou significa que a
pessoa está melhor; a inflação mais baixa no último ano indica que a economia está melhorando).

Aqui, os indicadores apresentam a qualidade da escola em relação a importantes elementos de sua


realidade: as dimensões. (Unicef, PNUD, Inep-MEC (coordenadores), 2004. Pág. 5)

Com um bom conjunto de indicadores tem-se, de forma simples e acessível, um quadro de sinais que
possibilita identificar o que vai bem e o que vai mal na escola, de forma que todos tomem
conhecimento e tenham condições de discutir e decidir as prioridades de ação para melhorá-lo.

Vale lembrar que esta luta é de responsabilidade de toda a comunidade: pais, mães, professores,
diretores, alunos, funcionários, conselheiros tutelares, de educação, dos direitos da criança, ONGs,
órgãos públicos, universidades, enfim, toda pessoa ou instituição que se relaciona com a escola e se
mobiliza por sua qualidade. Educação é um assunto de interesse público. Por isso, pretendemos que a
aplicação deste instrumental envolva todos esses atores, inclusive as crianças das séries iniciais do
ensino fundamental.

Indicadores da Qualidade na Educação é resultado da parceria de várias organizações governamentais


e não-governamentais: Ação Educativa, Unicef, PNUD, Inep, Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, Cenpec, CNTE, Consed, Fundação Abrinq, Fund escola-MEC, SeifMEC, Seesp-MEC,
Caise-MEC, IBGE, Instituto Pólis, Ipea, Undime e Uncme1 . Graças a essa ampla parceria, espera-se
que este documento chegue a todas as escolas públicas de ensino fundamental e médio do país (e, em
escolas de educação infantil, sugerimos uma adequação dos indicadores e das perguntas conforme as
necessidades das crianças pequenas), num amplo movimento de mobilização da comunidade escolar
para refletir, discutir e agir pela melhoria da qualidade da escola. (Unicef, PNUD, Inep-MEC
(coordenadores), 2004. Pág. 5).

14
CAPITULO III: METODOLOGIA
A palavra técnica vem do grego tékhne e significa arte. Se o método pode ser entendido como o
caminho, a técnica pode ser considerada o modo de caminhar.

Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método


segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um
mesmo método pode comportar mais de uma técnica. A diferença semântica entre método e técnica
pode ser comparada à existente entre gênero e espécie (KOTAIT, 1981).

Com relação às escolhas metodológicas, podem ser utilizadas as seguintes categorias: classificação
quanto ao objetivo da pesquisa, classificação quanto à natureza da pesquisa, e classificação quanto à
escolha do objeto de estudo. Já no que se refere às técnicas de pesquisa os estudos podem utilizar as
categorias a seguir: classificação quanto à técnica de coleta de dados e classificação quanto à técnica
de análise de dados.

Então, nessa fase irei detalhar como será realizado o presente estudo de pesquisa.

3.1.1 Classificação quanto aos objetivos da pesquisa


Segundo Malhotra (2001), as pesquisas podem ser classificadas, em termos amplos, como
exploratórias ou conclusivas. E as pesquisas conclusivas podem ser divididas em descritivas e
causais.

Já para Castro (1976), genericamente, as pesquisas científicas podem ser classificadas em três tipos:
exploratória, descritiva e explicativa. Cada uma trata o problema de maneira diferente.

Adotando classificações semelhante à de Castro (1976), Lakatos & Marconi (2001) consideram que
existem, basicamente, três tipos de pesquisa cujos objetivos são diferentes: pesquisa exploratória,
descritiva e experimental.

Enfim, apesar de os autores usarem nomes diferentes para os três tipos básicos de pesquisa, elas
retratam os mesmos objetivos. Sendo assim, um dos tipos é a exploratória, o outro é a descritiva e um
terceiro é a explicativa, que também pode ser denominada de causal ou experimental.

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Para o presente trabalho de pesquisa, o autor ira optar em aplicar a pesquisa quanto ao objectivo,
exploratória, descritiva e explicativa

3.1.1.1. Pesquisa exploratória


Segundo Selltiz et al. (1965), enquadram-se na categoria dos estudos exploratórios todos aqueles que
buscam descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o fenômeno
pesquisado. Nem sempre há a necessidade de formulação de hipóteses nesses estudos. Eles
possibilitam aumentar o conhecimento do pesquisador sobre os fatos, permitindo a formulação mais
precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas pesquisas mais estruturadas. Nesta
situação, o planejamento da pesquisa necessita ser flexível o bastante para permitir a análise dos
vários aspectos relacionados com o fenômeno.

De forma semelhante, Gil (1999) considera que a pesquisa exploratória tem como objetivo principal
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Segundo o autor, estes tipos de
pesquisas são os que apresentam menor rigidez no planejamento, pois são planejadas com o objetivo
de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato.

Segundo Malhotra (2001), a pesquisa exploratória é usada em casos nos quais é necessário definir o
problema com maior precisão. O seu objetivo é prover critérios e compreensão. Tem as seguintes
características: informações definidas ao acaso e o processo de pesquisa flexível e não-estruturado. A
amostra é pequena e não-representativa e a análise dos dados é qualitativa. As constatações são
experimentais e o resultado, geralmente, seguido por outras pesquisas exploratórias ou conclusivas.

Para Aaker, Kumar & Day (2004), a pesquisa exploratória costuma envolver uma abordagem
qualitativa, tal como o uso de grupos de discussão; geralmente, caracteriza-se pela ausência de
hipóteses, ou hipóteses pouco definidas.

Segundo Mattar (2001), os métodos utilizados pela pesquisa exploratória são amplos e versáteis. Os
métodos empregados compreendem: levantamentos em fontes secundárias, levantamentos de
experiências, estudos de casos selecionados e observação informal.

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Para Zikmund (2000), os estudos exploratórios, geralmente, são úteis para diagnosticar situações,
explorar alternativas ou descobrir novas ideias. Esses trabalhos são conduzidos durante o estágio
inicial de um processo de pesquisa mais amplo, em que se procura esclarecer e definir a natureza de
um problema e gerar mais informações que possam ser adquiridas para a realização de futuras
pesquisas conclusivas. Dessa forma, mesmo quando já existem conhecimentos do pesquisador sobre
o assunto, a pesquisa exploratória também é útil, pois, normalmente, para um mesmo fato
organizacional, pode haver inúmeras explicações alternativas, e sua utilização permitirá ao
pesquisador tomar conhecimento, se não de todas, pelo menos de algumas delas.

3.1.1.2 Pesquisa descritiva


Segundo Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das
características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas
características mais significativas aparece na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.

Esse tipo de pesquisa, segundo Selltiz et al. (1965), busca descrever um fenômeno ou situação em
detalhe, especialmente o que está ocorrendo, permitindo abranger, com exatidão, as características de
um indivíduo, uma situação, ou um grupo, bem como desvendar a relação entre os eventos.

Vergara (2000, p. 47) argumenta que a pesquisa descritiva expõe as características de determinada
população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza. "Não têm o
compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação". Cita
como exemplo a pesquisa de opinião.

Diferentemente dos autores anteriormente citados, Castro (1976) considera que a pesquisa descritiva
apenas captura e mostra o cenário de uma situação, expressa em números e que a natureza da relação
entre variáveis é feita na pesquisa explicativa.

“Quando se diz que uma pesquisa é descritiva, se está querendo dizer que se limita a uma descrição
pura e simples de cada uma das variáveis, isoladamente, sem que sua associação ou interação com as
demais sejam examinadas” (CASTRO, 1976, p. 66).

De acordo com Aaker, Kumar & Day (2004), a pesquisa descritiva, normalmente, usa dados dos
levantamentos e caracteriza-se por hipóteses especulativas que não especificam relações de
causalidade.

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A elaboração das questões de pesquisa exige um profundo conhecimento do problema a ser
pesquisado. “O pesquisador precisa saber exatamente o que pretende com a pesquisa, ou seja, quem
(ou o que) deseja medir, quando e onde o fará, como o fará e por que deverá fazê-lo” (MATTAR,
2001, p. 23).

Para Triviños (1987, p. 110), “o estudo descritivo pretende descrever “com exatidão” os fatos e
fenômenos de determinada realidade”, de modo que o estudo descritivo é utilizado quando a intenção
do pesquisador é conhecer determinada comunidade, suas características, valores e problemas
relacionados à cultura.

3.1.2 Classificações quanto à natureza da pesquisa


As pesquisas científicas podem ser classificadas, quanto à natureza, em dois tipos básicos: qualitativa
e quantitativa e um misto dos dois tipos.

3.1.2.1 Pesquisa qualitativa


A pesquisa qualitativa é entendida, por alguns autores, como uma “expressão genérica”. Isso
significa, por um lado, que ela compreende atividades ou investigação que podem ser denominadas
específicas.

Segundo Triviños (1987), a abordagem de cunho qualitativo trabalha os dados buscando seu
significado, tendo como base a percepção do fenômeno dentro do seu contexto. O uso da descrição
qualitativa procura captar não só a aparência do fenômeno como também suas essências, procurando
explicar sua origem, relações e mudanças, e tentando intuir as consequências.

Ainda de acordo com esse autor, é desejável que a pesquisa qualitativa tenha como característica a
busca por:

“[...] uma espécie de representatividade do grupo maior dos sujeitos que participarão no estudo.
Porém, não é, em geral, a preocupação dela a quantificação da amostragem. E, ao invés da
aleatoriedade, decide intencionalmente, considerando uma série de condições (sujeitos que sejam
essenciais, segundo o ponto de vista do investigador, para o esclarecimento do assunto em foco;
facilidade para se encontrar com as pessoas; tempo do indivíduo para as entrevistas, etc.)”
(TRIVIÑOS, 1987, p.132).

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Para Gil (1999), o uso dessa abordagem propicia o aprofundamento da investigação das questões
relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas relações, mediante a máxima valorização do contato
direto com a situação estudada, buscando-se o que era comum, mas permanecendo, entretanto, aberta
para perceber a individualidade e os significados múltiplos.

De acordo com Bogdan & Biklen (2003), o conceito de pesquisa qualitativa envolve cinco
características básicas que configuram este tipo de estudo: ambiente natural, dados descritivos,
preocupação com o processo, preocupação com o significado e processo de análise indutivo.

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu
principal instrumento. Segundo os autores, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado
do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada via de regra, por meio do
trabalho intensivo de campo.

Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessas pesquisas é rico em
descrições de pessoas, situações, acontecimentos, fotografias, desenhos, documentos, etc. Todos os
dados da realidade são importantes.

A preocupação com o processo é muito maior que com o produto. O interesse do pesquisador ao
estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos
procedimentos e nas interações cotidianas.

O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida é foco de atenção especial pelo pesquisador.
Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a “perspectiva dos participantes”, isto é,
examinam-se como os informantes encaram as questões que estão sendo focalizadas.

A análise dos dados tende a seguir esse processo indutivo. Os pesquisadores não se preocupam em
buscar evidências que comprovem as hipóteses definidas antes do início dos estudos. As abstrações
se formam ou se consolidam, basicamente, a partir da inspeção dos dados em processo de baixo para
cima.

Assim, a pesquisa qualitativa ou naturalista, segundo Bogdan & Biklen (2003), envolve a obtenção
de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais
o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. Entre as várias
formas que pode assumir uma pesquisa qualitativa, destacam-se a pesquisa do tipo etnográfico e o
estudo de caso.
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3.1.3 Classificações quanto à escolha do objeto de estudo
Quanto à escolha do objeto de estudo, as pesquisa podem ser classificadas em: estudo de caso único,
estudo de casos múltiplos, estudos censitários ou estudos por amostragem. As amostragens se
dividem em dois tipos: probabilística e não probabilística.

3.1.3.1 Estudo de caso único


Segundo Yin (2001), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo dos fatos
objetos de investigação, permitindo um amplo e pormenorizado conhecimento da realidade e dos
fenômenos pesquisados.

“Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro
do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos” (YIN, 2001 p. 33).

Para Triviños (1987), o estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se
analisa profundamente. Nesse sentido, Schramn, apud Yin (2001, p. 31), complementa afirmando
que essa estratégia “[...] tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual
foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados”.

Yin (2001, p.28) considera o estudo de caso como uma estratégia de pesquisa que possui uma
vantagem específica quando: “faz-se uma questão tipo ‘como’ ou ‘por que’ sobre um conjunto
contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle”.

“A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito
mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de
evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado,
beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de
dados” (YIN, 2001 p. 33-34).

A pesquisa de estudo de caso é freqüentemente encarada, segundo Yin (2001), como uma forma
menos desejável de investigação do que levantamentos ou experimentos devido a, por exemplo,
fornecer pouca base para generalização científica, ao que contra-argumenta o autor: os estudos de
caso são, sim, generalizáveis a proposições teóricas (generalização analítica), embora não a
populações ou universos (generalização estatística).

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Laville e Dionne (1999) também apontam as conclusões dificilmente generalizáveis como a principal
censura feita ao método de estudo de caso, porém, defendem a ideia de que:

“A vantagem mais marcante dessa estratégia de pesquisa repousa, é claro, na


possibilidade de aprofundamento que oferece, pois os recursos se veem
concentrados no caso visado, não estando o estudo submetido às restrições
ligadas à comparação do caso com outros casos” (LAVILLE & DIONNE,
1999, p. 156).

O ponto forte dos estudos de casos, segundo Hartley (1994) apud Roesch (1999, p.197), “[...] reside
em sua capacidade de explorar processos sociais à medida que eles se desenrolam nas organizações”,
permitindo uma análise processual, contextual e longitudinal das várias ações e significados que se
manifestam e são construídas dentro delas.

3.1.4 Classificação quanto à técnica de coleta de dados


As técnicas de coleta de dados são um conjunto de regras ou processos utilizados por uma ciência, ou
seja, corresponde à parte prática da coleta de dados (LAKATOS & MARCONI, 2001).

Durante a coleta de dados, diferentes técnicas podem ser empregadas, sendo mais utilizados: a
entrevista, o questionário, a observação e a pesquisa documental.

3.1.4.1 Entrevista
Segundo Cervo & Bervian (2002), a entrevista é uma das principais técnicas de coletas de dados e
pode ser definida como conversa realizada face a face pelo pesquisador junto ao entrevistado,
seguindo um método para se obter informações sobre determinado assunto.

De acordo com Gil (1999), a entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizadas nas
pesquisas sociais. Esta técnica de coleta de dados é bastante adequada para a obtenção de
informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam e desejam, assim como suas razões
para cada resposta.

O autor apresenta ainda algumas vantagens na utilização da técnica de entrevista, tais como maior
abrangência, eficiência na obtenção dos dados, classificação e quantificação. Além disso, se
comparada com os questionários, a pesquisa não restringe aspectos culturais do entrevistado, possui

21
maior número de respostas, oferece maior flexibilidade e possibilita que o entrevistador capte outros
tipos de comunicação não-verbal.

O autor apresenta, todavia, algumas desvantagens da entrevista que devem ser consideradas na fase
de coleta dos dados, como a falta de motivação e de compreensão do entrevistado, a apresentação de
respostas falsas, a incapacidade ou, mesmo, a inabilidade de responder às perguntas, a influência do
entrevistador no entrevistado, a influência das opiniões pessoais do entrevistador, além do custo com
treinamento de pessoal para aplicação das entrevistas.

Estas limitações podem ser trabalhadas para que a qualidade da entrevista não seja prejudicada. Para
tanto, o responsável pela entrevista deverá dedicar especial atenção ao planejamento da pesquisa,
considerando a preparação do entrevistador para contornar os problemas apresentados (GIL, 1999).

As entrevistas podem ser classificadas em três tipos principais: entrevistas estruturadas ou


padronizadas, não estruturadas ou de padronizadas, semiestruturadas ou semipadronizadas. O tipo
mais usual de entrevista é a semiestruturada, por meio de um roteiro de entrevista (LAVILLE &
DIONNE, 1999).

As entrevistas estruturadas são aquelas nas quais as questões e a ordem em que elas comparecem são
exatamente as mesmas para todos os respondentes.

Todas as questões devem ser comparáveis, de forma que, quando aparecem variações entre as
respostas, elas devem ser atribuídas a diferenças reais entre os respondentes. Geralmente, abrangem
um número maior de entrevistados, para o que a própria padronização das perguntas auxilie na
tabulação das respostas (MARCONI & LAKATOS, 1996).

As entrevistas não estruturadas são radicalmente opostas às entrevistas estruturadas. O entrevistador


não possui um conjunto especificado de questões e nem as questões são perguntadas numa ordem
específica. O entrevistador possui grande liberdade de ação e pode incursionar por vários assuntos e
testar várias hipóteses durante o curso da entrevista. A principal desvantagem das entrevistas não
padronizadas é sua incapacidade de permitir comparações diretas entre os entrevistados (GIL, 1999).

As entrevistas semi-estruturadas podem ser definidas como uma lista das informações que se deseja
de cada entrevistado, mas a forma de perguntar (a estrutura da pergunta) e a ordem em que as
questões são feitas irão variar de acordo com as características de cada entrevistado. Geralmente, as
entrevistas semi-estruturadas baseiam-se em um roteiro constituído de “[...] uma série de perguntas
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abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista” (LAVILLE & DIONNE, 1999, p.188), apoiadas
no quadro teórico, nos objetivos e nas hipóteses da pesquisa. Durante a realização da entrevista é
importante seguir algumas recomendações, tais como fazer boas perguntas e interpretar as respostas;
ser um bom ouvinte, não deixando se enganar por ideologias e preconceitos, no sentido de buscar a
“objetivação” (LAVILLE & DIONNE, 1999).

Segundo Triviños (1987), a entrevista semi-estruturada parte de questionamentos básicos, suportados


em teorias que interessam à pesquisa, podendo surgir hipóteses novas conforme as respostas dos
entrevistados.

3.1.4.2 Questionário
Segundo Cervo & Bervian (2002, p. 48), o questionário “[...] refere-se a um meio de obter respostas
às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche”. Ele pode conter perguntas abertas
e/ou fechadas. As abertas possibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maior facilidade
na tabulação e análise dos dados.

De forma idêntica, Marconi & Lakatos (1996, p. 88) definem o questionário estruturado como uma
“[...] série ordenada de perguntas, respondidas por escrito sem a presença do pesquisador”. Dentre as
vantagens do questionário, destacam-se as seguintes: ele permite alcançar um maior número de
pessoas; é mais econômico; a padronização das questões possibilita uma interpretação mais uniforme
dos respondentes, o que facilita a compilação e comparação das respostas escolhidas, além de
assegurar o anonimato ao interrogado.

Contudo, o questionário também possui alguns inconvenientes, dentre os quais podem ser citados: o
anonimato não assegura a sinceridade das respostas obtidas; ele envolve aspectos como qualidade dos
interrogados, sua competência, franqueza e boa vontade; os interrogados podem interpretar as
perguntas da sua maneira; alguns temas podem deixar as pessoas incomodadas; há uma imposição
das respostas que são predeterminadas, além de poder ocorrer um baixo retorno de respostas
(LAVILLE & DIONNE, 1999; MALHOTRA, 2001).

3.1.4.5 Pesquisa bibliográfica


A pesquisa bibliográfica, considerada uma fonte de coleta de dados secundária, pode ser definida
como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um determinado assunto,

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tema ou problema que possa ser estudado (LAKATOS & MARCONI, 2001; CERVO & BERVIAN,
2002).

Para Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica, “[...] abrange toda bibliografia já
tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,
livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto
[...]”.

Em suma, todo trabalho científico, toda pesquisa, deve ter o apoio e o embasamento na pesquisa
bibliográfica, para que não se desperdice tempo com um problema que já foi solucionado e possa
chegar a conclusões inovadoras (LAKATOS & MARCONI 2001).

Segundo Vergara (2000), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,


constituído, principalmente, de livros e artigos científicos e é importante para o levantamento de
informações básicas sobre os aspectos direta e indiretamente ligados à nossa temática. A principal
vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de fornecer ao investigador um instrumental
analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma.

3.1.5 Classificação quanto a técnicas de análise de dados


A análise dos dados é uma das fases mais importantes da pesquisa, pois, a partir dela, é que serão
apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa, conclusão essa que poderá ser final ou apenas
parcial, deixando margem para pesquisas posteriores (MARCONI & LAKATOS, 1996).

Há diversas técnicas de análise de dados que podem ser utilizadas em pesquisas de natureza
qualitativa ou quantitativa.

De acordo com Trivinõs (1987, p. 137) “[...] é possível concluir que todos os meios que se usam na
investigação quantitativa podem ser empregados também no enfoque qualitativo”. Sendo assim, o
que varia é o enfoque: “[...] atenção especial ao informante, ao mesmo observador e às anotações de
campo”, o que não ocorre na pesquisa quantitativa.

Enfim, existem várias técnicas de análise de dados, mas as principais são a análise de conteúdo, a
estatística descritiva univariada e a estatística multivariada.

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