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Índice
Introdução........................................................................................................................................3

Ética Social Seu Estatuto de Ciência...............................................................................................4

Facto Ético.......................................................................................................................................6

Relação entre o Direito e a Ética Social..........................................................................................7

Um Episódio de Moralidade............................................................................................................8

Um Episódio de Imoralidade...........................................................................................................9

Conclusão......................................................................................................................................10

Referencias Bibliográficas.............................................................................................................11
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Introdução
O presente trabalho aborda temáticas como: o estatuto de ciência à Ética Social; o facto ético; um
episódio de moralidade; outro episódio de imoralidade; e a relação entre o Direito e a Ética.

No estatuto de ciência à Ética Social, nos referimos do contexto em que esta jovem ciência surge,
o seu objecto de estudo e não só, as polemicas a volta das concepções cépticas de alguns críticos.
Quanto a facto ético, demonstramos com exemplos concretos a sua ocorrência no dia-a-dia.

Destacamos factos que retratam a moralidade e imoralidade da acção humana, sem contudo
deixar de considerar a interdisciplinaridade entre a Ética e o Direito enquanto áreas preocupadas
com a igualdade, bem comum e justiça social entre os homens.

Este trabalho è de aporte teórico, na modalidade qualitativa, e visão reflectir o lugar da Ética
Social no mundo das ciências, a problemática da moralidade e a relação entre o ético e o jurídico.
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Ética Social Seu Estatuto de Ciência


A cientificidade da Ética è uma questão que remete a discussões acesas, que passam pela sua
definição, identificação do seu objecto de estudo, o métodos dos seus estudos e a universalização
dos seus resultados, a julgar que a visão positivista demanda o respeito desses aspecto para
qualquer disciplina que reivindique o seu estatuto de ciência.

De acordo com Ngoenha e Chambisse (2003), as questões como: Que posso saber? Que devo
fazer? Que me é permitido esperar? O que é o homem? São atípicas da Filosofia, e constituem
inquietações fundamentais da existência do homem.

O homem sendo uma figura de destaque na Filosofia, a questão: Que devo fazer? Remete-nos a
questão da Ética, através de uma atmosfera social anuviada, caracterizada pela desorientação em
relação aos valores morais de convivência humana, dificuldade de resposta em relação aos
problemas do dia-a-dia e no desespero diante das questões de existência humana (Nguenha &
Chambisse, 2003).

É neste contexto que surge a Ética, ou seja, quando o hábito perde a naturalidade, as normas
transmitidas de geração em geração perdem validade e a possibilidade de esclarecimento, a fim
de submeter essas normas sobre a acção do homem, as concepções sobre valores e as instituições
sociopolíticas à revisão que culmina com a legitimação ou mesmo ao reajusto face as rejeições

A Ética é a visão especulativa das acções de um individuo inserido numa comunidade onde se
partilham os mesmos princípios fundamentais dessas acções, ou seja, enquanto uma teoria, a
Ética tem na moral o seu objecto de estudo.

Esta disciplina filosófica, a Ética tem como objecto de estudo, a moral (os hábitos e costumes de
um certo indivíduo que convivem em certa sociedade). E a Moral ao contrário, sendo esse
conjunto de hábitos e costumes aceites pelos indivíduos de certa comunidade, a sua existência é
anterior as reflexões do seu significado, sua importância e sua necessidade, isto é, a Ética é
posterior à Moral e de natureza teórica. Sendo neste caso, o objectivo desta disciplina avaliar a
maldade e a bondade de tais hábitos e costumes, não por si só, mas como pertence a um grupo de
indivíduos.
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A moral por seu torno é o “conjunto de normas, aceites livre e conscientemente, que regulam o
comportamento individual e social dos homens” (Vázquez, 2008, p. 63 citado em Fontes, 2012).
Este objecto justifica-se pelo facto de tratar-se de algo concreto passível de ser observado,
avaliado ou até mesmo modificado no contexto da Ética transcendental.

A moral constituída de forma espontânea sem uma lógica filosófica, pode se transformar em
referências práticas vazias, que podem até propiciar intenções subjectivas e obscuras por parte
daqueles que gozam de posições privilegiadas dentro de uma comunidade moral.

A este respeito Fontes (2012), adiante que embora não haja fronteiras nítidas entre os problemas
morais e éticos, sendo que os primeiros relacionam-se concretamente a a aceitabilidade ou não
das acções na perspectiva individual, e os segundos embora partam dos primeiros, transcendem
tentando explica-los, generalizando o conceito do bom na perspectiva geral, a questão da
liberdade, responsabilidade e a interpretação das dinâmicas no mundo da moral (a racionalidade
dos actos morais).

O exotismo, o descritivismo e a relatividade de hábitos de sociedade para sociedade, constituem


entraves para muitos críticos, para quem esta disciplina, não se revê como ciência, onde a
utilização da linguagem é o que avalia o comportamento analítico, levando a não cientificidade
universal das suas reflexões (Salvador, 2015).

Assim enquanto o mundo continua sendo uma multiplicidade de valores relativos, em constantes
mutações, e o homem como seu epicentro, a Ética trava uma luta constante, que se vê mais como
tentativa, de percurso da complexidade da acção humana. Diante dessa transversalidade do agir
humano, a Ética tem-se desdobrado, a medida dessa extensão, passando da Ética Individual,
Social, Medicinal, Ambiental entre outras esferas.

A visão de oposição em relação a cientificidade da Ética muitas vezes é justificada pela delegada
pertença desta a disciplina Filosófica, incapaz de elaborar proposições objectivamente validas,
mas sim juízos de valor ou normas que não podem legitimar tais princípios (Vazquez, 2008
citado em Fontes, 2012).

Se partimos do pressuposto de que todo fenómeno físico ou social é passível de estudo científico,
buscando compreender origens, ocorrência, implicações entre outros aspectos, então se a Ética
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assim pretende e o faz, não deve de algum modo sonegar dentro dela a Filosofia e o seu
pensamento ao logo da História, abrindo-se a Psicologia, Sociologia, Antropologia, História e
Pedagogia na sua cientificidade.

Facto Ético
Vamos antes de mais, nos socorre do entendimento de Salvador (2015), acerca do facto ético,
como sendo o fundamento da existência da Ética, na medida em que avalia a bondade e a
maldade das experiencias de vida no seio de uma comunidade moral.

Numa altura em que o colectivismo socialista, dá lugar ao individualismo capitalista, há valores


que ficam para a história, como é o caso do predomino das liberdades em detrimento das
responsabilidades.

Por exemplo, os actos de misericórdia e de amor ao próximo no seio dos moçambicanos, tem
passado por momentos de corrosão dando espaço a guerra de Hobbes (todos contra todos); os
relacionamentos conjugais, tem sido vistos nos dias de hoje como conveniência, e não
necessariamente conjura de amor fraterno do até que a morte nos separa.

A sexualidade nos adolescentes e jovens, tem assistido uma degradação assustadora, na medida
em que a vida sexual, é agora partilhada aos 12 ou 13 anos de idade, consubstanciando, numa
geração onde crianças cuidam crianças. É ainda nesta sociedade onde a sensualidade tem dado
lugar a vulgaridade, com as novas tendências eróticas da moda feminina, legitimadas com o olhar
impávido das famílias, das instituições filantrópicas e das autoridades.

Uma sociedade é normalmente guiada por figuras de referencia, o líder comunitário, o líder
religioso, a autoridade judicial, o professor, entre outros, mas na medida em que no lugar destas
entidades exercerem o poder que lhes é confiando, fazem um espectáculo de escândalos, é o mais
natural que as massas se tornem duas vezes mais depravadas.

Este é o contexto em que a nossa sociedade está sendo guiada, a polícia que mata o indefeso, o
clero que se abusa dos fiéis, o político que abusa do poder, o pai que pratica incesto, entre outros
horrores.
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Para uma geração que se chama de tecnológica, as pessoas se preocupam mais com o espectáculo
das tragédias, e não na compaixão delas, num passado não muito distante, assistimos os bárbaros
assassinatos do constitucionalista Giles Sistac e do jornalista Paulo Machava, mas a primeira
preocupação das testemunhas foi simplesmente a busca pelo retrato das imagens para alimentar
os círculos de entretenimento (o facebook, whatsapp, stagram, tweeter entre outros), e não a
prestação dos primeiros socorros.

Um outro factor de interferência no acto ético é a tal propalada aldeia global, onde os ventos da
dominação cultural ocidental já ganham espaço nas nossas comunidades.

A busca pelo exótico e pela uniformização cultural, tem deixado sequelas nos relacionamentos
familiares (a consideração dos estatutos saídos dos pais são menos acatados em relação as tão
aplaudidas novelas).

Relação entre o Direito e a Ética Social


De acordo com Melo (2005), o Direito é a imposição de um quadro normativo da iniciativa do
Estado, visando a salvaguarda das relações interpessoais, visando em seu fim regulação de
conflitos de interesses e de vontades, permitindo a convivência entre pessoas e destas com aquela
autoridade local vigente.

Assim a força coactora do Estado e o positivismo jurídico não são por si só suficientes para impor
a harmonia social diante dos constantes conflitos que se assistem no dia-a-dia de sociedade. Se
não Dwokin (1999) citado em Melo (2005), não diria que o Imperio do Direito não se constrói
com território, poder ou processo, mas sim com pela atitude construtiva que coloque o principio
acima da pratica, mostrando o caminho do futuro.

A visão construtivista manifesta pela atitude interpretativa futuristas, expressa o humanismo nas
normas jurídicas, ressaltando a correcção dos defeitos humanos em última analise, e
consequentemente na aceitação e obediência espontânea de toda a sociedade. É neste contexto
que se estabelece o encontro entre a objectividade e racionalidade da acção moral (Ética) e o
ideal de justiça reflectido nas normas jurídicas (Direito).

Numa situação prática de vida real, a jurisprudência da transposição dos limites das liberdades
individuais consubstancia no julgamento e quando provada a culapa, a condenação do individuo.
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Esta condenação, tem em seu fim último a reabilitação do individuo, fundamentada na ética da
justiça ou do direito.

Um outro exemplo da Ética no Direito, tem que ver com o tratamento universalizado dos
indivíduos dentro de uma circunscrição territorial, ou seja, não importa o estatuto social, etnia,
religião ou cor da pele, todos estão sujeitos ao tratamento igual diante das leis.

De acordo com Melo (2005), nem sempre o domínio normativo da Ética coincide com domínio
normativo do Direito, na medida em que o segundo possui uma complexidade pragmática e
organizacional que do ponto de vista axiológico seriam neutras, contudo a finalidade do
judiciário é o interesse geral salvaguardando a justiça social.

Um Episódio de Moralidade
Na presente época chuvosa parte da zona centro e toda zona sul, tem sido assoladas pelo
fenómeno da seca e estiagem (falta de chuvas), o que na visão dos investigadores este fenómeno
é apelidado de El Nino. Na visão dos especialistas este fenómeno dura em média 2 a 5 anos.

Nestas zonas é visível o cenário da fome, falta de água e morte do gado (particularmente na zona
sul), foi esta situação que moveu voluntários, o governo e a diplomacia italiana a doarem material
escolar, produtos alimentares não perecíveis, valores monetários, amparo em zonas seguras,
providência de insumos agrícolas, e ração para o gado. Ora, por mais que tenham havido muitos
segmentos envolvidos neste acto de solidariedade, e por conseguinte com múltiplos interesses
quanto a opinião pública, o mais essencial é o gesto e o impacto humanitário para com os
necessitados.

O amor, o responsabilidade e a humanidade são virtudes que podem mover os homens para
grandes feitos, independentemente da sua situação financeira, visto que não esta em causa o
quanto se poder dar, a força de vontade de ajudar. As vezes um lápis ofertado com sinceridade,
vale mais que um milhão de lápis ofertados para impressionar o publico.
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Um Episódio de Imoralidade
No ano 2015, na província de Tete no distrito de Sangano, sucedeu que decorriam cerimónias
fúnebres, de preferências nestas ocasiões, tem havido muito de comer e de beber, naturalmente ao
gosto dos populares a bebida caseira é a mais prestigiada e a que tem tido maior atenção.

E numa altura em que o ritual tradicional e religioso, havia sido concluídos, não mais restava se
não fazer o gosto da boca com a apetecível bebida tradicional, os participantes empolgados de
ânimo, partilhavam do pote comum a bebida. Foi que um homem com motivações
desconhecidas, movido de liberdade, pisando a moralidade sem escrúpulo, envenenou o pote de
bebida. O mal já estava espalhado pelas aldeias, na medida em que as pessoas continuavam
bebendo sem se aperceberem da fatalidade da apetecível bebida.

Horas mais tarde, os resultados eram visíveis, o pânico foi estalado, 75 pessoas surtam e
desfalecem num piscar de olho, o luto nacional é declarado, as investigações levam a detenção do
suposto culpado, que teve que pagar pelos seus actos (…)

Por quão ofendido esteja o sujeito, as suas liberdades tem limites, na medida em que ninguém
tem direito de tirar a vida de outrem, visto que uma vida não se deve pagar pela outra, e é para
isso que existe a sanção nos códigos da moralidade.

O ódio, a indiferença, o fanatismo e o fundamentalismo são qualidades que nalgum momento


precipitam vezes sem conta, as mentes de indivíduos em qualquer sociedade, no cometimento
actos depravados e de iniquidade.

Ora, a responsabilização não é uma escolha apetecível para a Ética, mas sim a convivência sã e
fraternal entre os membros de uma comunidade moral.
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Conclusão

Muitas podem ser as perguntas de natureza existencial, mas Que devo fazer? Remete-nos a uma
questão de moralidade, por conseguinte da Ética Social. Apesar do exotismo e o descritivismo
que para os cépticos, faz desta área de saber incompleta para se tornar ciência.

Ora por mais que hajam cépticos quanto esta realidade, o facto é que a Ética Social tem o seu
objecto de estudo (a moral) e tem os seus princípios de interpretação, sendo que o seu objectivo é
avaliar a bondade e a maldade dos hábitos e costumes dentro de uma comunidade.

O fato ético é o fundamento da existência da Ética enquanto ciência, na medida em que avalia a
bondade e a maldade dos actos humanos numa determinada sociedade. A famosa aldeia global
tem trazido em grande medida, desorientações sociais, como o individualismo, a falta de
misericórdia para com próximo, os escândalos morais entre outras aberrações. O amor, a
solidariedade e a humanidade são fundamentais para a prática de actos de moralidade, ao
contrário do ódio, do fundamentalismo, do fanatismo e da irresponsabilidade que fazem perdurar
a imoralidade.

Por mais que em algum momento se note algum desalinhamento entre os domínios ético e
jurídico, o primeiro fundamenta o segundo em seu fim último.
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Referencias Bibliográficas
1. Fontes, A. P. (2012). A cientificidade da ética e a historicidade da moral. V
Fórum regional de Pedagogia, Prnaiba-PI/Brasil. Recuperado em
http//:editorarealize.com.br › revistas › fiped ›
2. Melo, O. F (2005). Ética e direito: filosofia do direito. Recuperado em
http//:ead.ifap.edu.br›netsys›public›ivroseticaelegislação.
3. Nguenha, S. & Chambisse, E. D. (2003). A Emergência do Filosofar, 11ª e 12ª
Classes. Editora Moçambique.
4. Salvador, M (2015). Armando. Ética Social. Beira.

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