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Matemática

Financeira
Atualização Monetária
Unidade 3
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
RAFAELA RODRIGUES OLIVEIRA AMARO
AUTORIA
Rafaela Rodrigues Oliveira Amaro
Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia
do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas
do ensino fundamental, médio e superior. Sou apaixonada pelo que
faço, pela matemática e adoro lecionar e transmitir sobre essa disciplina
fascinante. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Kátia Giselle Alberto Bastos


Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia
do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas
do ensino fundamental e médio. Além deste trabalho, tenho experiência
como docente de cursos de formação de professores em Educação
Matemática.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Índices de Atualização e Inflação......................................................... 12
Índices de Atualização.................................................................................................................. 12

Índices de Inflação.......................................................................................................................... 13

Variações de Índices................................................................................... 22
Correção Monetária........................................................................................................................ 22

Taxas de Juros: Nominal, Efetiva, Real e Aparente........................29


Taxa de Juros.......................................................................................................................................29

Taxa de Juros Nominal Versus Taxa de Juros Efetiva........................................... 30

Taxa de Juros Aparente Versus Taxa de Juros Real................................................ 31

Taxa de Desvalorização da Moeda.......................................................40


Taxa de Desvalorização da Moeda.................................................................................... 40
Matemática Financeira 9

03
UNIDADE
10 Matemática Financeira

INTRODUÇÃO
Nas unidades antecedentes a esta, nos familiarizamos com diversos
e fundamentais conceitos de Matemática Financeira, sem considerar
o contexto da inflação, ou seja, a moeda adotada em nosso país foi
considerada estável ao longo do período estabelecido. Não considerar
estes efeitos, em um cenário econômico, modifica muito o resultado de
uma operação financeira. Com certeza você já ouviu ou leu nos noticiários
algo que se refere direto ou indiretamente a inflação. Atualmente, a
inflação está teoricamente estável, mas já passamos por períodos de
hiperinflação, quando os preços subiam diariamente exponencialmente.
Nos anos de 1980 e início da década de 1990, esse era o contexto no
qual estávamos inseridos. Nesse período, o valor do dinheiro se alterava
rapidamente devido aos efeitos da inflação. Mas, afinal, o que é inflação?
O que são os índices de atualização? Taxa aparente e real? Taxa de
desvalorização da moeda? Respostas a estas indagações serão o roteiro
que nos guiará no desenvolvimento desta nossa terceira unidade. Prontos
para mais uma imersão na matemática financeira?
Vamos lá!
Matemática Financeira 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o
findar desta etapa de estudos:

1. Identificar os índices de atualização e inflação.

2. Definir e aplicar técnicas de variações de índices.

3. Reconhecer e identificar as taxas de juros: nominal e real.

4. Definir a taxa de desvalorização da moeda.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Toda longa caminhada se inicia pelo primeiro passo!
Vamos lá? Ao trabalho!
12 Matemática Financeira

Índices de Atualização e Inflação


OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como


funciona os índices de atualização e inflação que estão
disponíveis em nosso mercado financeiro, assim como
alcançará habilidades que possibilitarão suas respectivas
distinções. E então? Motivado para desenvolver esta inédita
competência? Vamos lá. Avante!

Índices de Atualização
Caro(a) aluno(a), como é bom retornar com você nossos estudos!
Desta vez, com uma temática que interfere no nosso cotidiano. Os índices
de atualização consistem em valores determinados que possibilitam a
atualização de um valor, que oportuniza a correção monetária.

Castanheira e Macedo (2013) elucidam que correção monetária:

DEFINIÇÃO:

É a revisão estipulada pelas partes de um contrato, ou


definida por lei, que tem como referência a desvalorização
da moeda.

De modo mais simples, é viável descrever correção monetária


como o ato de realizar ajustes contábeis e financeiros, realizados para
demonstrar os preços de compra da moeda que está em circulação no
país atualmente, em nosso caso, desde 1994, o Real, comparado ao valor
das moedas de outros países, denominado ajuste cambial, índices de
inflação ou cotação do mercado financeiro.

Bem, mas como esta definição interfere em minha vida? Esta é uma
dúvida comum, não é mesmo? Bem, um bom exemplo da incidência desta
correção monetária acontece quando você efetua uma compra em euros
no cartão de crédito e na data de fechamento de sua fatura, o valor do
euro, apresenta diferença, estando mais caro ou mais barato em relação
Matemática Financeira 13

ao valor que estava na data da compra. Essa diferença é denominada


correção, isto é, ocorre o ajuste do valor da moeda, da data da compra
até o valor da moeda na data atual.

Com certeza quem já realizou essas operações cambiais já se


atentou a este detalhe durante a compra, se não, se assustou; pois quem
tem o hábito de adquirir alguma moeda estrangeira com o cartão de
crédito, necessita de um cuidado adicional para não gerar uma fatura com
valor muito mais alto do que havia planejado, devido a essa variação.

É importante ressaltar que este é um conceito muito intercalado a


área de economia; uma vez que se refere ao ajuste periódico de alguns
valores econômicos, tendo como base o índice de inflação de um período
pré-determinado, dispondo como meta a compensação da perda de valor
da moeda corrente.

VOCÊ SABIA?

Em 1994, o Brasil passou pela pior crise de inflação,


denominada hiperinflação. Nessa época, os balanços no
Brasil eram demonstrados com alguns ajustes chamados
de Correção Monetária de Balanços, conforme a Lei
n. 6.404/1976. Com o fim da hiperinflação, os ajustes
originários dessas atualizações são feitos em razão das
altas taxas de juros utilizadas pelas instituições financeiras;
e também, em decorrência do câmbio flutuante; este
oportuniza grandes oscilações na cotação do dólar
americano em relação ao Real.

Índices de Inflação
Caro(a) aluno(a), é viável afirmar que todo processo inflacionário
possibilita consequências positivas e negativas para investidores e
credores; deste modo, avaliar a inflação como boa ou ruim é considerada
com uma questão de ponto de vista. Conforme Mathias e Gomes (2007),
o Brasil tem uma cultura inflacionária que tende a acomodar os conflitos
distributivos e as transferências de renda por meio da própria inflação.
Castanheira e Macedo (2013) definem inflação como:
14 Matemática Financeira

DEFINIÇÃO:

Inflação é a deterioração do poder aquisitivo da moeda.

Bem, com o passar do tempo, o capital vai perdendo poder aquisitivo,


não é mesmo? Um carro que compramos hoje por determinado valor, ao
ser revendido, daqui a um...dois...três anos não terá o mesmo preço que
hoje é comercializado.
Figura 1 - Inflação

Fonte: Pixabay.

É comum apenas considerarmos a inflação, quando os valores se


elevam gradativamente em determinado período. Porém, as elevações
de preços sazonais, isto é, a variação de demanda sobre determinado
produto e/ou serviço de acordo com a época ou período do ano, como
acontece com os preços dos produtos agrícolas que dependem das
safras (queda) e na entressafra (alta), não são consideradas inflacionárias.
Matemática Financeira 15

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Clique aqui e assista ao


vídeo O que é inflação?, elaborado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).

Em contra partida, também Castanheira e Macedo (2013) afirmam


que deflação pode ser descrito como:

DEFINIÇÃO:

É o oposto da inflação, ou seja, é um processo de queda nos


preços das mercadorias durante um intervalo de tempo.

Para nós pode parecer surreal essa definição, mas a verdade é que
a deflação acontece praticamente com a mesma frequência da inflação.
Um exemplo prático dessa aplicação consiste no lançamento de um
modelo novo de celular, esse evento, acarreta uma deflação no preço
do modelo que o antecede, uma vez que este é considerado antigo e/
ou defasado. Basicamente, assim como a inflação, a deflação implica em
consequências para a economia como um todo.

A deflação considerada boa é consequência do aumento da


produção de vários segmentos; uma vez que com mais peças no mercado,
a demanda consequentemente também aumenta, pois é mais fácil
encontrar determinados itens e, com uma gama maior de possibilidades,
assim os preços tendem a cair.
16 Matemática Financeira

SAIBA MAIS:

Em 1993, a inflação no país alcançou uma taxa de 2.700%


e, após a implantação da nova moeda, o valor da inflação
média dos governos seguintes manteve-se constante
em 12,6% na presidência de Fernando Henrique Cardoso
e 6,3% no mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Estudos
apontam que, analisando o Índice Geral de Preços (IGP), foi
a partir de 1958 que o aumento descontrolado da inflação
iniciou no Brasil, com índices anuais superiores a 30%. O
auge aconteceu em 1964, quando a inflação atingiu 86%
(MORAES, 2018).

Caro(a) aluno(a), como vimos os conceitos de inflação e deflação


são opostos em sua concepção, enquanto um eleva o poder de compra o
outro o diminui; tais distinções são sinalizadas na figura 2 a seguir:
Figura 2 - Inflação versus Deflação.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

VOCÊ SABIA?

A inflação de demanda ocorre quando a demanda


ultrapassa a produção disponível de algum produto; este
fato é comum quando acontece o aumento de produção
próximo do emprego de recursos; para ser eliminada, é
necessário que a política econômica lance mão de recursos
quem estimulem a redução da procura agregada.
Matemática Financeira 17

O IBGE produz dois dos mais importantes índices de preços: o


Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o
oficial pelo governo federal, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC). Sobre estes conheceremos melhor a seguir. Vamos lá?

Ambos os índices, o IPCA e o INPC, possuem como propósito a


medição da variação de preços de uma cesta de produtos e serviços
consumida pela população. O resultado apresenta se os preços
aumentaram ou diminuíram, tendo como referência o período de um
mês, considerando não apenas a variação de preço de cada item, mas o
peso que ele exerce no orçamento familiar. O Quadro 1 apresenta o valor
direcionado a estes índices no mês de janeiro de 2020.
Quadro 1 - IPCA e INPC registrados em janeiro de 2020

Local IPCA (Jan./2020) INPC (Jan./2020)


Brasil 0,21% 0,19%
Aracaju (SE) 0,39% 0,31%
Belém (PA) 0,39% 0,55%
Belo Horizonte (MG) 0,20% 0,27%
Brasília (DF) -0,12% -0,04%
Campo Grande (MS) 0,13% 0,16%
Curitiba (PR) 0,05% -0,01%
Fortaleza (CE) 0,28% 0,30%
Goiânia (GO) 0,10% 0,06%
Vitoria (ES) 0,29% 0,25%
Porto Alegre (RS) 0,17% 0,25%
Recife (PE) 0,30% 0,25%
Rio Branco (AC) -0,21% -0,165
Rio de Janeiro (RJ) 0,05% -0,17%
Salvador (BA) 0,34% 0,31%
São Luís (MA) -0,19% -0,28%
São Paulo (SP) 0,33% 0,25%
Fonte: IBGE (2020).
18 Matemática Financeira

O IPCA engloba uma grande parcela da população, uma vez que


aponta a variação do custo de vida médio de famílias que possuem renda
mensal de um a quarenta salários mínimos.
Figura 3 - Variação do IPCA de julho de 1994 a dezembro de 2020
8

-2
Julho 1...
Fevereiro 1995
Setembro 1995
Abril 1996
Novembro 1996
Junho 1997
Janeiro 1998
Março 1999
Outubro 1999
Maio 2000
Dezembro 2000
Julho 2001
Fevereiro 2002
Setembro 2002
Abril 2003
Novembro 2003
Junho 2004
Janeiro 2005
Agosto 2005
Março 2006
Outubro 2006
Maio 2007
Dezembro 2007
Julho 2008
Fevereiro 2009
Setembro 2009
Abril 2010
Novembro 2010
Junho 2011
Janeiro 2012
Agosto 2012
Março 2013
Outubro 2013
Maio 2014
Dezembro 2014
Julho 2015
Fevereiro 2016
Setembro 2016
Abril 2017
Novembro 2017
Junho 2018
Janeiro 2019
Agosto 2019
Fonte: IBGE (2020).

VOCÊ SABIA?

O IBGE produz e divulga o IPCA desde 1980. Entre 1980


e 1994, ano de implantação do Plano Real, o índice
acumulado foi de 13.342.346.717.671,70%! A maior variação
mensal do IPCA foi em março de 1990 (82,39%), enquanto a
menor variação, em agosto de 1998 (-0,51%).

Já o INPC identifica a variação do custo de vida médio apenas de


famílias que possuem renda mensal de um a cinco salários mínimos. Mas
por que é limitada essa quantidade de renda mensal? Bem, a resposta
é porque esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois
os estudos apontam que estes tendem a gastar todo o seu rendimento
mensal em itens básicos para a sobrevivência, tais como: alimentação,
medicamentos, transporte etc.
Matemática Financeira 19

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Clique aqui para assistir ao


vídeo O que é INPC e IPCA?, criado pelo IBGE.
Outros índices também são importantes no contexto
econômico, observe na Figura 3 4 quem são eles.

Figura 4 – Índices de inflação

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

Já fomos apresentados aos conceitos referentes aos importantes


índices de atualização: o INPC e ao IPCA, agora conheceremos um pouco
mais sobre os outros índices de inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial


(IPCA-E) é calculado pelo IBGE e divulgado ao final de cada trimestre,
sendo formado pelas taxas do IPCA-15 de cada mês. Possui como objetivo
realizar um balanço trimestral da inflação.
20 Matemática Financeira

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), também


medido pelo IBGE, foi constituído com a meta de oferecer a variação dos
preços no mercado varejista, mostrando, assim, o incremento do custo de
vida da população.

Castanheira e Macedo (2011) discorrem sobre outros índices


inflacionários costumeiramente utilizados na economia, como:

•• O Índice Geral de Preços (IGP), medido pela Fundação Getúlio


Vargas (FGV), apresenta a inflação de preços desde matérias-
primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. Este índice
é composto pela média de três índices que refletem a economia:
Índice de Preços por Atacado (IPA); Índice de Preços ao Consumidor
(IPC); e Índice Nacional de Custos da Construção (INCC).

•• O Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) é uma das categorias do IGP.


Mensurado pela FGV, ele identifica a inflação de preços desde
matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.
Esse índice abrange toda a população, independente de renda,
e é muito utilizado nos reajustes de tarifas públicas, contratos de
aluguéis e planos de saúde.

•• O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) é também uma


versão IGP. Identificado pela FGV, ele registra a inflação de preços
desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços
finais. É usado como referência para os reajustes de preços dos
serviços essenciais à população, como o preço de energia elétrica.

•• O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) é


também uma versão do IGP. Mensurado pela FGV, ele registra a
inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais
até bens e serviços finais. Esse índice abrange toda a população,
independente de renda, e é muito utilizado nos reajustes de tarifas
públicas, contratos de aluguéis e planos de saúde; além de ser
empregado diretamente no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB)
e contas nacionais em geral.

•• O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) calcula a


variação de preços de produtos e serviços em sete capitais
Matemática Financeira 21

especificas específicas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,


Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Brasília). É medido pela FGV.

•• O Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de


Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) é medido pela Fipe e mensura,
especificadamente, a inflação na cidade de São Paulo.

•• O Índice de Preços ao Consumidor - São Paulo (IPC-SP) calcula a


variação de preços de produtos e serviços da cidade de São Paulo
e é medido pela FGV.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a inflação é o nome dado ao aumento dos preços de
produtos e serviços diversos; esse valor é calculado pelos
índices de preços, que costumeiramente recebem o nome
de índices de inflação; os mais utilizados na medição da
inflação em nosso país são o INPC e o IPCA; ambos possuem
a capacidade de medir a variação de preços de uma cesta
de produtos e serviços consumida pela população e o
resultado apresenta o aumento ou diminuição dos preços
de um mês para o outro. O INPC aponta a variação do
custo de vida médio de famílias com renda mensal entre
um e quarenta salários mínimos, enquanto o INPC verifica
a variação do custo de vida médio apenas de famílias
com renda mensal de um a cinco salários mínimos, que
representa a grande parcela de toda a população. Também
conhecemos sobre outros índices que possibilitam a
mensuração da inflação sob diferentes aspectos.
22 Matemática Financeira

Variações de Índices
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como


calculamos na prática a correção monetária, conforme
determinados índices; através destes resultados, será
possível estabelecer contratos levando-se em conta a
inflação ou a deflação. E então? Motivado para desenvolver
esta nova competência? Vamos lá. Avante!

Correção Monetária
A correção monetária teve origem no Brasil em 16 de julho de 1964,
pela Lei no. 4.357 intermediada pela origem da Obrigação Reajustável
do Tesouro Nacional (ORTN), cujo valor seria reajustado por mês em
virtude das oscilações de preços de determinados bens e serviços,
evidenciados pelos índices que são calculados pela Fundação Getúlio
Vargas (CASTANHEIRA; MACEDO, 2013).

É importante ressaltar que a correção monetária associada aos juros


pode ser aplicada em diversas situações, bastando que exista alguma
decisão judicial instituída que precisará da devida atualização dos valores
financeiros.

A correção monetária, quanto aos tributos, passou a ser:

•• Obrigatória sua incidência sobre o valor original dos bens do ativo


imobilizado das pessoas jurídicas.

•• Permitida sobre o custo de aquisição do imóvel, na venda por


pessoa física.

•• Obrigatória sobre débitos fiscais decorrentes do não recolhimento


na data de vencimento.
Matemática Financeira 23

VOCÊ SABIA?

Existem tabelas de atualizações monetárias judiciais que


possuem como objetivo preservar o poder aquisitivo da
moeda, mediante determinados critérios utilizados pelas
diferentes esferas da Justiça, seja pela aplicação da Lei
e da doutrina, ou ocorre pela aplicação do entendimento
jurisprudencial dos Tribunais Superiores. Há também
as tabelas extrajudiciais, que podem ser usadas um só
indexador ou vários encadeados, permitindo também
a atualização de obrigações contratuais em geral, não
contratuais, como tabelas do INPC, da TR, do IGP-M etc.

Conforme Castanheira e Serenato (2011), dois são os procedimentos


usados para a aplicação da correção monetária aos planos de pagamentos
no Brasil:

a. Prefixada – determina-se uma taxa de juro contratual,


independentemente do comportamento futuro da inflação; neste
contexto, a taxa de juro real de cada período e a taxa de inflação
deve ser agregada em uma única taxa, que denominamos de taxa
prefixada. Como exemplo de aplicação do modelo prefixado no
mercado financeiro, temos os papéis de renda fixa e crédito direto
ao consumidor.

b. Pós-fixada – neste modelo, a correção monetária tem seu valor


conhecido com o passar do tempo, à medida que os índices
oficiais do governo são divulgados; assim, os saldos devedores,
as parcelas de juros e a amortização são corrigidas conforme a
inflação. Como exemplo desta modalidade pós-fixado, é possível
citar os contratos com correção pelo IGPM e os contratos em
moeda estrangeira.
24 Matemática Financeira

NOTA:

Hoje, a correção monetária é determinada pelo Conselho


Federal de Contabilidade e trata-se de um Princípio
Fundamental da Contabilidade. Antes de ser controlada
pelo Conselho Federal, a determinação dos valores
acontecia pelo Governo Federal e era chamada de Correção
Monetária de Balanço.

Em 1994, como medida para conter a inflação que na época era


muito elevada, houve a mudança de quem deveria estabelecer os valores
associados aos índices.

A correção monetária, que será indicada por CM em um determinado


período, é encontrado por meio da variação percentual entre o índice no
final do período previamente indicado e o índice encontrado no final do
período anterior, matematicamente, a relação que possibilita tal cálculo é
fornecida por:

Fórmula:

No entanto, quando os índices de correção monetária se referem


a vários períodos, o cálculo da correção monetária é determinado pela
seguinte fórmula:

Fórmula: CMm=(1+CMt )1⁄n-1

Onde:

•• CMm= Correção monetária média.

•• CMt= Correção monetária do período.

•• n= Período.

Vamos resolver juntos um exemplo para compreendermos na


prática a utilização destas relações.

Exemplo: Determine a correção monetária referente ao primeiro


semestre de 2019 e a média mensal de inflação; admita os dados do IPC
da Fipe, conforme o Quadro 2, apresentado no Quadro 2:
Matemática Financeira 25

Quadro 2 - IPC de dez./2018 a jun./2019

Período Mensal (%) Índice

Dezembro/2018 - 100

Janeiro/2019 0,58 100,58

Fevereiro/2019 0,54 101,12

Março/2019 0,51 101,63

Abril/2019 0,29 101,92

Maio/2019 -0,02 101,90

Junho/2019 0,15 102,05

Fonte: elaborado pelas autoras (2020).

Inicialmente, devemos retirar os dados do enunciado, que neste


caso estão disponibilizados na tabela:

Logo:
26 Matemática Financeira

Logo, a correção monetária referente ao semestre analisado foi de


2,5%.

Já a média mensal da inflação é obtida por:

Assim, a correção monetária média referente ao semestre foi de


0,41%.

Exemplo: Calcule a correção monetária e a média mensal referente


ao período de abril/2019 a dezembro/2019, considerando os dados do
INPC do IBGE, conforme a tabela apresentada no Quadro3:
Quadro 3 - INPC de abr./2018 a dez./2019

Período Mensal (%) Índice

abril/2019 - 100

maio/2019 0,15 100,15

junho/2019 0,01 100,16

julho/2019 0,10 100,26

agosto/2019 0,12 100,38

setembro/2019 -0,05 100,33

outubro/2019 0,04 100,37

Novembro/2019 0,54 100,91

Dezembro/2019 1,22 102,13


Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).
Matemática Financeira 27

Identificando os dados disponibilizados na tabela:

Logo:

Assim, a correção monetária referente ao semestre analisado foi de


2,13%.

Já a média mensal da inflação é obtida por:

Assim, a correção monetária média referente ao semestre foi de


0,23%.
28 Matemática Financeira

VOCÊ SABIA?

O aplicativo Calculadora do Cidadão, do Banco Central


do Brasil, possibilita a simulação das operações de suas
finanças, com base nas informações disponibilizadas pelo
próprio usuário.

As simulações de cálculos de serviços financeiros são realizadas


com base nas informações fornecidas. Com esse recurso, é possível
fazer correções monetárias, com emprego de séries históricas de taxas e
indicadores financeiros armazenados no Banco Central do Brasil; além de
poder comparar o custo de pagar parte da fatura de seu cartão (crédito
rotativo) com outros tipos de crédito.

Para usufruir desta facilidade, clique aqui.

RESUMINDO:

Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a correção
ou atualização monetária é a revisão estipulada pelas
partes de um contrato previamente estabelecido, ou
definida por lei, que tem como referência a desvalorização
da moeda. A correção monetária pode ser calculada
por uma relação específica, que considera a variação
percentual entre o índice no final do período previamente
indicado e o índice encontrado no final do período
anterior, assim como a correção monetária média também
é determinada por uma fórmula específica que leva em
conta correção monetária média, a correção monetária do
período e o período em questão.
Matemática Financeira 29

Taxas de Juros: Nominal, Efetiva, Real e


Aparente
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você será capaz de compreender


a definição de taxa de juros nominal e real, assim como
aprender a resolver diferentes exercícios relacionados a
estes conceitos. E então? Motivado para desenvolver esta
inédita competência? Vamos lá. Avante!

Taxa de Juros
Estimado (a) aluno (a), você provavelmente já ouviu falar ou leu em
algum lugar algo relacionado à taxa de juros, não é mesmo? Embora seja
um termo popular, nem todos sabem exatamente o que são taxas de
juros. E afinal, como calculá-las? Qual a finalidade delas?

Matematicamente, taxa de juros consiste na razão entre os juros


pagos ou recebidos no fim de um determinado período, e o capital
inicialmente emprestado; sendo representado por um valor numérico,
obtido pelo quociente entre os capitais, e tempo considerado.
Basicamente, a taxa de juros está diretamente relacionada à diferença
entre o valor emprestado e o valor devolvido.

NOTA:

Na resolução de problemas com o uso das fórmulas, a taxa


de juros deve estar na forma unitária. Quando utilizamos a
calculadora financeira HP 12C, a taxa deve ser inserida na
forma percentual, já no Excel são aceitos os dois formatos.

Na especulação de operações financeiras, utilizamos dois tipos


de taxas que são úteis para a comparação de índices; essa subdivisão é
descrita pela Figura 5:
30 Matemática Financeira

Figura 5 - Categorias de taxas de juros

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

A taxa bruta é gerada tomando como referência os valores presente


e futuro do capital utilizado, desconsiderando o desconto do imposto
devido; já a taxa líquida é encontrada baseada nos valores presente e
futuro, admitindo o desconto do imposto devido.

Taxa de Juros Nominal Versus Taxa de


Juros Efetiva
É comum questionarmos sobre a taxa anexada a determinada
operação financeira e a resposta costuma diferenciar quanto ao período
de capitalização; não entendeu? Leia a seguir algumas afirmações para
chegarmos juntos a uma mesma conclusão.

I. 140% ao semestre com capitalização mensal.

II. 16% ao mês com capitalização mensal.

III. 300% ao ano com capitalização trimestral.

IV. 1.250% ao ano com capitalização bimestral.

V. 50% ao semestre com capitalização semestral.

O que estas informações têm em comum? E de incomum? Bem,


observe que nos discursos apresentados em I, III e IV, o período de
formação e a incorporação dos juros são diferentes, ora, na asserção I o
juro é semestral com capitalização mensal; na asserção III, o juro é anual
com capitalização trimestral e por fim, na asserção IV, o juro é anual com
capitalização bimestral. Para todos esses contextos que apresentam essa
relação, denominamos de taxa efetiva, que de acordo com Castanheira e
Macedo (2013), pode ser descrita como:
Matemática Financeira 31

DEFINIÇÃO:

A taxa nominal é quando o período de formação e


incorporação dos juros ao l capital não coincide com aquele
a que a taxa está referida.

Em contra partida, quando avaliamos as afirmações restantes, isto


é, as II e V, o período de formação e a incorporação dos juros são iguais;
observe que na asserção II o juro é mensal com capitalização mensal e
na asserção V o juro é semestral com capitalização semestral; para esta
condição é destinado o nome de taxa efetiva, que Castanheira e Macedo
definem por:

DEFINIÇÃO:

A taxa efetiva é quando o período de formação e


incorporação dos juros ao capital coincide com aquele a
que a taxa está referida.

A taxa nominal é muito utilizada em diversas transações do mercado


financeiro e se caracteriza por não utilizar o regime de capitalização
composta em seu cálculo; já a taxa de juros efetiva é muito popular
entre nós, brasileiros, pois é comum ver esse termo incorporado em
diversas transações do mercado financeiro, principalmente em títulos de
capitalização.

Taxa de Juros Aparente Versus Taxa de


Juros Real
Será que seria correto afirmar que as aparências enganam, quando
trabalhamos com juros? Bem, a resposta é sim! Costumeiramente, somos
enganados ao acreditar que certa quantia de dinheiro, quando aplicados
em uma poupança, em um único mês, rendeu 1,5% ao mês.

Mas, por que esta afirmação é uma ilusão? Bem, dentro deste
percentual está incluída a inflação do período considerado; assim retirado
essa diferença, o rendimento, na verdade, é bem inferior ao afirmado.
32 Matemática Financeira

Assim, considerando a dinâmica do mercado em que estamos


inseridos, no qual vimos que a inflação é um componente a ser
considerado, vamos conhecer juntos sobre dois conceitos fundamentais
na matemática financeira: a taxa de juros aparente e a taxa de juros real.
Vamos lá?

A definição de taxa aparente é elaborada por Castanheira e Macedo


(2013) como:

DEFINIÇÃO:

É a taxa que não contabiliza a inflação do período.

Essa taxa é a que é contratada ou declarada em uma operação


financeira. Por exemplo, se um banco lhe oferece um fundo de investimento
que remunera 23% ao ano, esta é a taxa nominal.

A taxa nominal de juros é usada para demonstrar os efeitos da


inflação no período analisado, tendo por base os fundos financeiros
(empréstimos). É a taxa efetiva corrigida pela taxa inflacionária do período
da operação, podendo ser inclusive negativa.

No outro extremo, a taxa real é descrita por Castanheira e Macedo


(2013) como:

DEFINIÇÃO:

É a taxa que utiliza a inflação do período.

A taxa real de juros, em contra partida, é a taxa que realmente


gera lucro ao investidor, pois é a taxa que remunera acima da inflação.
É importante ressaltar que a taxa real pode ser positiva ou negativa, no
caso de a correção realizada sobre o capital tenha sido inferior a inflação
inserida no período (ASSAF NETO, 2012).
Matemática Financeira 33

Figura 6 - Composição da taxa real

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

EXPLICANDO MELHOR:

Os rendimentos financeiros são os responsáveis pela


correção de capitais investidos mediante uma determinada
taxa de juros. As taxas de juros, assim, são corrigidas pelo
governo conforme os índices inflacionários referentes a um
período. Todo esse processo ocorre, no intuito de corrigir
a desvalorização dos capitais aplicados durante uma
crescente alta da inflação.

As taxas real e aparente relacionam-se mediante a seguinte


demonstração matemática, baseada inicialmente em um período em que
não houve inflação (1) e em outro, em que o capital no qual foi acrescido
da taxa real (i) e da taxa de inflação(1)(2), logo:

(1) M=C∙(1+ia)

(2) M=C∙(1+i)∙(1+I)

Igualando as expressões (1) e (2)

C∙(1+ia )=C∙(1+i)∙(1+I)

(1+ia )=(1+i)∙(1+I)
34 Matemática Financeira

Que pode ser reescrito, de maneira mais fácil da seguinte fórmula:

REFLITA:

Observe que se a taxa de inflação for nula, ou seja, igual a


zero, as taxas de juros nominal e real serão coincidentes,
isto é, terão o mesmo índice percentual.

Mas e na prática, como essa relação é trabalhada em situações


cotidianas? Vamos lá?! Juntos desvendaremos mais este conceito.

Exemplo: Em uma aplicação financeira em que a taxa aparente foi


de 32% ao ano, durante um ano em que a taxa de inflação ficou definida
em 10,75%, qual foi a taxa real de juros?

Identificando as informações do enunciado:

•• Taxa real= ?

•• Taxa de inflação=10,75%=0,1075

•• Taxa aparente=32%=0,32

Agora, substituindo os dados na relação entre as taxas, obtemos:

Taxa real= 1,1918-1=0,1918= 19,18%

Assim, é possível afirmar que a taxa real de juros neste período foi
de 19,18%.
Matemática Financeira 35

REFLITA:

No cálculo manual da taxa real é sempre necessário subtrair


do resultado um, fato este relacionado à equivalência de
100% ou seja, .

Cálculo pela calculadora HP–12C

ENTER 0,32 +

STO 1

ENTER 0,1075 +

STO 2

RCL 1 ENTER

RCL 2

ENTER 1

ENTER 100

Exemplo: Encontre a taxa de rendimento real de determinada


aplicação, cuja taxa aparente ficou definida em 5,25% mensal em um mês
em que a taxa de inflação fixou em 8,1%.

Identificando as informações do enunciado:

•• Taxa real= ?

•• Taxa de inflação=8,1%=0,081

•• Taxa aparente=5,25%=0,0525
36 Matemática Financeira

Agora, substituindo os dados na relação entre as taxas, obtemos:

Observe que o resultado da taxa real foi negativo; tal informação


indica que houve prejuízo para o aplicador neste período.

Logo, é possível afirmar que no período determinado a taxa real foi


de 2,64%.

Cálculo pela calculadora HP–12C

1 ENTER 0,0525 +

STO 1

1 ENTER 0,081 +

STO 2

RCL 1 ENTER

RCL 2

ENTER 1

ENTER 100

NOTA:

Observe que no cálculo da taxa real e /ou taxa aparente


devem sempre estar na mesma unidade de tempo,
ou seja, se a taxa aparente for anual a taxa de inflação
correspondente também deve ser anual; se a taxa
aparente for semestral, a taxa de inflação também deve ser
contabilizada semestralmente
Matemática Financeira 37

Exemplo: Um investidor adquiriu um título de renda fixa por RS


10.000,00 e o resgatou pela quantia de R$ 15.130,00, após um período
de seis meses. Determine a taxa de retorno real desse investimento
considerando uma taxa de inflação para o período de 25% a.s.?

Reconhecendo as informações do enunciado:

•• Taxa real= ?

•• Taxa de inflação=25%=0,25

•• Taxa aparente= ?

•• PV=10.000

•• FV=15.130

•• n=6 meses=1 semestre

Observe que o solicitado é a determinação da taxa real, no entanto,


é preciso encontrar a taxa aparente para substituir na relação existente;
para tal cálculo recorremos à fórmula de juros compostos que já fomos
apresentados na unidade inicial. Logo:
38 Matemática Financeira

De posse dessa informação, basta substituir os dados na relação


entre as taxas aparente e real, encontramos:

Logo, a taxa real incidida nessa transação financeira, sob as


condições estabelecidas equivale a 21,04%.

Cálculo pela calculadora HP–12C

15130 CHS FV

10000 PV

ENTER 100

ENTER 1 +

STO 1

1 ENTER 0,25 +

STO 2

RCL 1 ENTER

RCL 2

ENTER 1

ENTER 100
Matemática Financeira 39

RESUMINDO:

Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre os
conceitos de taxa aparente e taxa real, assuntos recorrentes
no mundo das finanças e dos investimentos. A taxa real
positiva é a que possibilita a um investidor aumentar seu
capital. Como taxa aparente, consideramos aquela que
está inserida nas operações correntes. Já a taxa real é o
rendimento ou custo de uma operação, seja de aplicação
ou de captação calculadas, depois de extraídos os efeitos
inflacionários. No caso da taxa real de juros, o efeito
inflacionário não existe, por isso, ela tende a ser menor que
a taxa aparente; este fato ocorre porque ela é formada pela
correção da taxa efetiva pela taxa de inflação do período
da operação.
40 Matemática Financeira

Taxa de Desvalorização da Moeda


OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você será capaz de compreender


a definição formal de taxa de desvalorização da moeda,
assim como conhecerá e exercitará a fórmula matemática
que possibilita seu cálculo. E então? Pronto? Motivado para
desenvolver esta nova competência? Vamos lá. Avante!

Taxa de Desvalorização da Moeda


A taxa de desvalorização da moeda possui como fator impactante
a inflação, sendo essa a engrenagem que movimenta a determinação
desse parâmetro, observe a Figura 7 com essa representação.
Figura 7 - Composição da taxa de desvalorização da moeda

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).


Matemática Financeira 41

A relação matemática que possibilita a determinação da taxa de


desvalorização da moeda é dada por:

Fórmula:

Onde:

• TDM= Taxa de desvalorização da moeda.

• INF= Taxa de inflação.

É importante ressaltar que, quanto maior for a taxa de inflação,


consequentemente, maior será a taxa de desvalorização da moeda, isto é,
quanto maior for a taxa de desvalorização da moeda, menor será o poder
de compra do cidadão. Por isso, identificamos que ao se ter um aumento
geral nos preços de bens e serviços, nosso poder aquisitivo diminui cada
vez, o que ocasiona diminuição do nosso poder de compra.

VOCÊ SABIA?

O Banco Central é uma autarquia que exerce suas funções


com autonomia, sem subordinação a outro órgão do poder
público.

Foi instituído em 1964 e é a instituição responsável por garantir a


estabilidade econômica do país, por meio da manutenção do poder de
compra da moeda e da regulação do sistema financeiro brasileiro.

Exemplo: Considerando 12,11% a inflação em determinado período,


determine a taxa de desvalorização da moeda que determinou este
resultado negativo no poder de compra da moeda.

Dados do exercício:

•• TDM=?

•• INF=12,11%=0,1211
42 Matemática Financeira

Agora, substituindo as informações, encontramos:

Assim, é possível afirmar que com uma inflação de 12,11% há uma


redução do poder de compra da moeda igual a 10,8%, isto é, com este
percentual de evolução dos preços as pessoas adquirem 10,8% a menos
de bens e serviços que costumam consumir.

Exemplo: A taxa de inflação de determinado país ficou definida


em 4,25% em 2019; considerando esse contexto, qual foi a taxa de
desvalorização da moeda (TDM) neste período?

Dados do exercício:

•• TDM=?
•• INF=4,25%=0,0425

Agora, substituindo as informações, encontramos:


Matemática Financeira 43

Logo, com uma inflação de 4,25% há uma redução do poder de


compra da moeda igual a 4,08%, isto é, com este percentual de evolução
dos preços as pessoas adquirem 4,08% a menos de bens e serviços que
costumam consumir.

Exemplo: A moeda nacional de determinado país fechou o ano de


2019 com uma taxa de desvalorização da moeda de 8,3%. Considerando
a relação existente entre a taxa de desvalorização da moeda e a inflação,
determine a respectiva taxa de inflação para o mesmo período.

Informações do exercício:

•• TDM=8,3%=0,083

•• INF=?

Agora, substituindo as informações, encontramos:


44 Matemática Financeira

Assim, é possível afirmar que uma redução do poder de compra da


moeda igual a 8,3%, foi ocasionada por uma inflação igual a 9,05%.

Exemplo: Para a moeda nacional de certo país, ficou fixado como


taxa de desvalorização da moeda o valor de 10,4%. Considerando a relação
existente entre a taxa de desvalorização da moeda e a inflação, determine
a taxa de inflação para o respectivo período.

Informações do exercício:

•• TDM=10,4%=0,104

•• INF=?

Agora, substituindo as informações, encontramos:

Logo, é viável afirmar que uma redução do poder de compra da


moeda igual a 10,4%, foi ocasionada por uma inflação igual a 11,61%.
Matemática Financeira 45

VOCÊ SABIA?

Âncora cambial é o nome destinado a um instrumento de


política econômica que visa atrelar a moeda nacional a uma
moeda estrangeira forte (geralmente o dólar americano),
buscando, com isso, a estabilização da moeda nacional.

Neste contexto de valorização/desvalorização da moeda nacional,


é importante conceituarmos a taxa de câmbio, que consiste na relação
entre as moedas correntes de dois ou mais países, além disso, ela
disponibiliza informações sobre as transações comerciais e relações de
troca entre as nações. Essa taxa é expressa por um preço, um valor que
se distingue na hora da compra e da venda. A Figura 8 apresenta o gráfico
da variação da taxa de câmbio no ano de 2018. Observe:
Figura 8 - Taxa de câmbio Real/Dólar

Fonte: SINFACRS (2018).

A taxa de câmbio pode ser classificada em três categorias, como


apresentado na Figura 9:
46 Matemática Financeira

Figura 9 - Categorias das taxas de câmbio

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

Ainda conforme Assaf Neto (2012), cada subdivisão desta taxa de


câmbio pode ser descrita como:

•• Taxa de câmbio fixa – o Banco Central estabelece um preço fixo


de uma moeda estrangeira em moeda nacional. A conversão de
moeda nacional em moeda estrangeira, e vice-versa, é garantida
pelo Banco Central àquele preço. Essa modalidade de taxa é
utilizada com o intuito de estabilizar o valor de uma moeda ao fixá-
lo diretamente sob uma taxa pré-determinada em relação à moeda
âncora, que é mais estável e predominante internacionalmente.

•• Taxa de câmbio flutuante – as taxas mudam livremente ou sob a


lei da oferta e demanda do mercado. O governo não interfere no
mercado cambial, uma vez que o objetivo consiste em valorizar
ou desvalorizar a taxa de câmbio. A única interferência do Banco
Central consiste em evitar variações muito grandes nas cotações,
ou mesmo influenciar na taxa de câmbio.

•• Taxa de câmbio atrelada – o regime de câmbio atrelado, consiste


em um misto entre o câmbio flutuante e o câmbio fixo. Nesse
regime a taxa de câmbio se altera todos os dias dentro de bandas
fixadas pelo governo. O Banco Central intervém no mercado para
Matemática Financeira 47

manter o preço da moeda no contexto das bandas determinadas.


Ressalta-se que para que esse regime funcione corretamente,
é necessário que o Banco Central tenha reservas internacionais
suficientes para estabelecer as operações de compra e venda de
moeda, mesmo em períodos de crises.

VOCÊ SABIA?

O coeficiente de Pass-Through está relacionado ao câmbio,


à inflação, aos juros e, portanto, ao crescimento econômico.

Basicamente, ele fornece o tamanho do repasse das variações


cambiais para os preços, indicando o quanto um aumento ou declínio
na taxa de câmbio faz a inflação crescer ou decrescer. É uma estimativa
precária, nem sempre muito confiável, mas que tem uma função crucial
para a tomada de decisões pelo Banco Central.

Baseado neste coeficiente que o Banco Central projeta a inflação


futura, por consequência, esse parâmetro permite que o Banco Central
aumente ou diminua as taxas de juros.

RESUMINDO:

Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a taxa de
desvalorização da moeda avalia o quanto o nosso dinheiro
se desvalorizou perante o tempo, indicando um acréscimo
ou decréscimo em nosso poder de compra; descobrimos
também que essa taxa depende unicamente do valor
associado à inflação do período analisado. Ainda neste
contexto econômico, aprendemos mais sobre a taxa de
câmbio que se caracteriza por apresentar a relação entre as
moedas correntes de dois ou mais países, além disso, ela
disponibiliza informação sobre as transações comerciais
e relações de troca entre as nações; essa taxa pode
ser classificada em taxa de câmbio fixa, taxa de câmbio
flutuante e taxa de câmbio atrelada.
48 Matemática Financeira

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas aplicações. 12 ed.
São Paulo: Atlas, 2012.

BAUER, U. R. Matemática Financeira Fundamental. São Paulo:


Atlas, 2003.

CASTANHEIRA, N. P.; MACEDO, L. R. D. Matemática Financeira


Aplicada. Curitiba: InterSaberes, 2013.

CASTANHEIRA, N. P.; SERENATO, V. S. Matemática Financeira e


análise financeira para todos os níveis: soluções algébricas e soluções
na HP-12C. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2011.

FARIA, R. G. Matemática Comercial e Financeira: com exercícios e


cálculos em Excel e HP-12C. São Paulo: Ática, 2007.

LAPPONI, J. C. Matemática Financeira: uma abordagem moderna.


2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994.

MATHIAS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática Financeira. São Paulo:


Atlas, 2007.

MORAES, M. F. Plano Real, 20 anos - Moeda trouxe novo ciclo


de desenvolvimento econômico. Vestibular UOL, 2018. Disponível em:
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/
plano-real-20-anos-moeda-trouxe-novo-ciclo-de-desenvolvimento-
economico.htm. Acesso em: 4 jul. 2022.

PUCCINI, A. L. Matemática Financeira: objetiva e aplicada. 9 ed.


São Paulo: Elsevier, 2011.

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